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GOVERNANÇA CORPORATIVA E CRIAÇÃO DE VALOR NO SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL NO PERÍODO DE 2010 A 2013

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(1)

DENIS SECURATO

GOVERNANÇA CORPORATIVA E CRIAÇÃO DE VALOR NO

SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL NO PERÍODO DE 2010 A 2013

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

(2)

DENIS SECURATO

GOVERNANÇA CORPORATIVA E CRIAÇÃO DE VALOR NO

SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL NO PERÍODO DE 2010 A 2013

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Ciências Contábeis e Atuariais, sob a orientação da Profa. Doutora Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos.

MESTRADO EM CIENCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

(3)

FICHA CATALOGRÁFICA EM ELABORAÇÃO

(4)

BANCA EXAMINADORA

Professora Doutora Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Professora Doutora Rosana Tavares

Universidade de São Paulo

Professor Doutor Rubens Famá

(5)

indireta de muitas pessoas. Manifesto minha gratidão a todas elas e de forma

particular:

À Deus que em sua infinita bondade e misericórdia é responsável por todos os

louros da minha vida.

À minha mãe, Celise de F. Oliveira Ribeiro, aos meus irmãos, Katy Securato e

Sergio Securato, ao meu pai, Antônio Sergio Securato, que mesmo na adversidade

nunca deixaram de estar ao meu lado, amparando, cuidado e dando toda força

necessária para eu continuar a perseguir meus sonhos.

A minha orientadora, Professora Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos

Santos, pelo privilégio de poder receber seus ensinamentos, tanto aqueles obtidos em

sala de aula, bem como na leitura de suas obras e, por fim, ao longo destes

enriquecedores meses de orientação. Serei eternamente grato pela valiosa

contribuição nesse trabalho e na minha carreira.

Por fim, ao Professor e tio José Roberto Securato pelo incentivo no ingresso e

na realização deste mestrado e por me apresentar a paixão pelo exercício de ensinar.

(6)

“Corporate governance is, to a large extent, a set of mechanisms through which outside investors protect themselves against expropriation by the insiders.”

(7)

do setor de Construção com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo –

BM&F BOVESPA, no período de 2010 à 2013. Verifica-se se as empresas que

aderiram aos níveis diferenciados de governança corporativa da Bovespa atingiram

maiores níveis de criação de valor para o acionista, ou seja, se os investidores estão

dispostos a pagar mais pelas ações destas empresas em função de resultados atingidos

e consequentemente esperados para o futuro. Segundo Silveira (2002: 02) “o senso

comum indica que empresas com uma estrutura de governança corporativa mais

adequada às práticas recomendadas pelos agentes de mercado obtenham melhores

resultados e também sejam melhor avaliadas pelo mercado no preço de suas ações do

que empresas com uma estrutura de governança não tão adequada, ceteris paribus”.

Já para Ross (2002: 46) complementa sobre índices financeiros: “as demonstrações

financeiras não são capazes de dar respostas para (...) áreas de desempenho (...).

Entretanto, a administração precisa avaliar continuamente o desempenho da empresa,

e as demonstrações financeiras fornecem informações úteis”. As demonstrações

financeiras e os índices foram retirados do sistema economática já calculados, com

exceção do índice Q de Tobin que foi calculado pelo autor. Utiliza-se o método

estatístico da regressão logística para verificar se as variáveis (índices de criação de

valor) podem discriminar as empresas listadas no segmento especial de governança

corporativa – Novo Mercado. Ou seja, se as empresas listadas no segmento especial

de governança corporativa – Novo Mercado, podem agregar maior valor para seus

acionistas. Como resultado temos que pode-se discriminar as empresas que estão no

Novo Mercado pelas variáveis significativas P/L, P/VP, P/Vendas e P/EBITDA. Onde

quanto menor o P/L e o P/VP, maior é a chance de uma empresa se encontrar no novo

Mercado ao nível de 95% de confiança e quanto maior o P/Vendas e o P/EBITDA

maior é a chance de uma empresa do setor imobiliário estar no novo Mercado com

95% de confiança. Conclui-se neste estudo que, para as empresas que aderiram a

níveis diferenciados de práticas de governança corporativa e que por isso estão

classificadas no Novo Mercado, houve maior criação de valor quando se relaciona o

preço da ação com EBITDA e o preço da ação com as vendas. Portanto existem

evidências de que os investidores concentraram sua atenção para criação de valor em

indicadores operacionais como EBITDA e Vendas.

(8)

market value ratios of non-financial companies in the Construction industry, which

are listed in the stock market of São Paulo – BM&F BOVESPA, within the period of

2010 and 2013. It verifies whether or not companies that adopted differentiated level

of Corporate Governance of Bovespa standards have reached higher levels of value

creation to the shareholder, in other words, if the shareholders are willing to pay more

for the shares of these companies based on the outcomes reached and consequently

expected in the future. According to Silveira (2002: 02) “the common sense indicates

that companies with adequate structure of Corporate Governance practices

recommended by Market agents have obtained better results and evaluation in the

market for their share prices than companies with inadequate Corporate Governance

structure, ceteris paribus”. To Ross (2002: 46) adding to financial indexes: “the

financial statements are not capable to bring an answer to (…) performance areas

(…). However, the business administration must continuing assesses the company’s

performance and the financial statements provide useful information”. The financial

statements and indexes were removed from the already calculated Economatica

system, with exception of Tobin’s Q Index, which was calculated by the author. It

uses the statistic method of logic regression to verify if the variables (value creation

indexes) can distinguish the companies listed in the special layer of Corporate

Governance – New Market. Hence, if the companies are listed in the special layer of

Corporate Governance – New Market, can add more value to the shareholders. As a

result we can distinguish the companies in the New Market by significant variables

P/E, P/B, P/Sales and P/EBITDA. Where the lower the P/E and P/B are, the higher is

the chance for a company to meet the New Market level of 95% of trustworthiness

rate, additionally the higher the P/Sales and P/EBITDA are, higher is the chance of a

company in real estate industry been in the New Market layer of 95% of

trustworthiness rate. It is concluded from this study that, for the companies that joined

the differentiated levels of corporate governance practices and therefore are classified

in the New Market, there was a higher value creation as it relates to the share price

with EBITDA and the share price with sales. So there is evidence that investors

focused their attention to value creation in operational indicators such as EBITDA

and Sales.

(9)

LISTA DE TABELAS ... 12

LISTA DE QUADROS ... 13

LISTA DE FIGURAS ... 14

1. INTRODUÇÃO ... 15

1.1 Contextualização ... 15

1.2 Situação Problema ... 16

1.3 Objetivo do Trabalho ... 19

1.4 Relevância e Contribuições ... 20

1.5 Metodologia da Dissertação ... 21

1.6 Descrição dos Capítulos ... 24

2. CONCEITOS E PRINCIPAIS ELEMENTOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA ... 26

2.1 Histórico da Governança Corporativa ... 29

2.2 O Conceito de Governança Corporativa ... 34

2.3 A Ética e a Governança Corporativa ... 36

2.4 Códigos de Melhores Práticas de Governança Corporativa ... 37

2.4.1 O Relatório Cadbury ... 38

2.4.2 O Relatório Hampel ... 39

2.4.3 O Código Brasileiro de Governança Corporativa ... 40

2.5 Principais Fatores Indicativos da Governança ... 40

2.6 O Conselho de Administração ... 41

2.7 Segmentos de Listagem de Governança Corporativa da Bovespa ... 44

2.7.1 Companhia Nível 1 ... 45

2.7.2 Companhia Nível 2 ... 47

2.7.3 Novo Mercado ... 48

2.7.4 Bovespa Mais ... 51

2.8 Comparativo entre os Segmentos de Listagem ... 53

3. ÍNDICES FINANCEIROS ... 54

3.1 Tipos de Comparação de índices ... 56

3.2 Grupos de Índices Financeiros ... 57

3.2.1 Índice de Liquidez ... 57

3.2.2 Índices de Atividade ... 59

3.2.3 Índices de Endividamento ... 60

3.2.4 Índices de Lucratividade ... 62

3.2.5 Índices de Avaliação de Ações ou Valor de Mercado ... 63

3.2.6 Índices de Valor de Mercado utilizados neste estudo ... 65

4. SETOR DE CONSTRUÇÃO NO BRASIL ... 68

4.1 Histórico do Setor ... 68

4.2 Importância do Setor na Economia Brasileira ... 71

(10)

5.2 Coleta de Dados ... 91

5.3 Procedimentos e técnicas estatísticas para análise dos dados ... 92

5.4 Análise dos dados e resultados ... 97

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 100

REFERÊNCIAS ... 103

(11)

BNB: Banco do Nordeste do Brasil

BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CBIC: Câmara Brasileira da Indústria da Construção

CEO: Chief Executive Officer

CFO: Chief Financial Officer

COO: Chief Operating Officer

CVM: Comissão de Valores Mobiliários

EBITDA: Earnings before interest, tax, depreciation and amortization

FGTS: Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FIDC: Fundo de Investimento em Direitos Creditórios

FMI: International Monetary Fund

IBGC: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBCA: Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados

LAJIDA: Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. LPA: Lucro líquido por ação

MTE: Ministério do Trabalho e Emprego

NACD: National Association of Corporate Directors

NASDAQ: National Association of Securities Dealers Automated Quotations

OCDE: The Organization for Economic Co-operation and Development

OGU: Orçamento Geral da União

P/B: Price to book

P/E: Price to earnings

P/L: Preço da ação sobre lucro liquido por ação PAC: Programa de Aceleração do Crescimento PIB: Produto Interno Bruto

PLANHAB: Plano Nacional de Habitação PMCMV: Programa Minha Casa, Minha Vida RAIS: Relação Anual de Informações Sociais

ROA: Return on Asset

ROE: Return on Equity

(12)
(13)

Quadro 2 – Classificação das Empresas por Setor/Subsetor/Segmento ... 87

Quadro 3 – Definição da População do Estudo ... 88

Quadro 4 – Empresas que pertencem ao subsetor da Construção e Engenharia ... 89

Quadro 5 – Empresas que foram excluídas da Amostra ... 90

(14)
(15)

1. INTRODUÇÃO

Com a forte globalização dos mercado e a consequente internacionalização das

empresas, a criação de grandes conglomerados empresariais e o avanço em alta velocidade

dos meios de comunicação surge a necessidade da criação de mecanismos onde os acionistas

investidores possam assegurar-se ou, ao menos reduzir o risco de desvio de conduta, que seus

interesses estejam sendo perseguidos.

1.1 Contextualização

O conceito e as práticas de governança corporativa estão sendo cada vez mais

praticados nas empresas tanto pela maior utilização de recursos de terceiros em forma de

dívida (emissão de debêntures, commercial papers, Fundos de Investimento em Direitos

Creditórios – FIDC, etc) quanto em forma de venda de parte do controle da companhia no

mercado de ações. Além disso, com a globalização dos mercados surge a necessidade de se

adequar as regras do mercado internacional, onde os princípios da nova ordem que vão reger

o mundo dos negócios, equidade, prestação de contas e transparência, já são utilizados há

muito tempo.

Todos esses princípios foram criados e estão, com o passar do tempo, se

tornando uma exigência de grandes investidores devido aos graves acontecimentos no mundo

corporativo, como por exemplo, escândalos contábeis, alterações de balanços, empresas de

auditoria coniventes com falsas práticas contábeis e principalmente com relação ao conflito de

(16)

1.2 Situação Problema

Jensen e Meckling (1976) definem uma relação de agência como sendo um

contrato onde uma ou mais pessoas (principal) emprega outra pessoa (o agente) para realizar

algum serviço ou trabalho em seu favor, envolvendo a delegação de alguma autoridade de

decisão para o agente. Diz ainda que, se ambas as partes são maximizadoras de utilidade,

existe uma boa razão para acreditar que o agente não irá atuar conforme os interesses do

principal.

O conflito de agência surge da separação entre a propriedade e a gestão

empresarial. Ou seja, o titular da propriedade delega o poder de decisão sobre essa

propriedade ao agente. Contudo, os interesses daquele que administra a propriedade nem

sempre são compatíveis e perfeitamente coerentes com os do titular da propriedade. Assim,

diante desse conflito de interesses há a grande preocupação de criar mecanismos eficientes

para garantir que as ações dos executivos sejam alinhadas e compatíveis com o interesse dos

acionistas. O conjunto de mecanismos eficientes para resolver o conflito de agência chama-se

governança corporativa.

Para Berle e Means (1932: 396), definem governança corporativa “como o

conjunto de mecanismos internos e externos que visam harmonizar a relação entre gestores e

acionistas, dada a separação entre controle e propriedade”. Jensen e Meckling (1976)

contribuíram para a própria definição do termo “governança corporativa”, que passou

gradativamente a ser visto como “um conjunto de mecanismos internos e externos, de

incentivo e controle, que visam a minimizar os custos decorrentes do problema de agência”.

Na definição de Silveira (2002: 02) “o senso comum indica que empresas com

uma estrutura de governança corporativa mais adequada às práticas recomendadas pelos

(17)

mercado no preço de suas ações do que empresas com uma estrutura de governança não tão

adequada, ceteris paribus”.

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2013) define o conceito de

governança corporativa como: “Governança Corporativa é o sistema pelo qual as

organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre

proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de

governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando

interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu

acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade.”

Em um mercado cada vez mais competitivo, globalizado e empresas em busca

de fontes de recursos (investidores e/ou credores) o conflito de agência estará presente e

consequentemente existe a necessidade de se implantar processos para minimizar estes

conflitos. Desta forma, busca-se ter conhecimento se a adesão aos processos para minimizar

os conflitos de agência podem influenciar na criação de valor.

Já para Silva (2011) em seu estudo que partiu de uma amostra de 42 empresas

listadas nos níveis de Governança Corporativa da Bovespa, sendo que a variável independente

é a data de adesão a estes níveis, e as variáveis dependentes são ROA e ROE, que foram

divididos entre 12 trimestres antes e 12 trimestres depois da data de adesão, para medir o

desempenho financeiro. Nos testes estatísticos incluindo a regressão linear não foi possível

encontrar nenhuma evidência de que houve melhora no desempenho financeiro das empresas

da amostra selecionada. Em sua conclusão final Silva explica que não foi possível comprovar

que o fato de as empresas ingressarem nos níveis diferenciados de Governança Corporativa da

Bovespa teve algum impacto favorável no desempenho financeiro.

Já para Erick (2011), em seu estudo que relaciona governança corporativa,

(18)

desempenho financeiro das empresas selecionadas. Neste estudo foi utilizado para representar

a qualidade das práticas de governança corporativa um índice amplo que avalia os

mecanismos de divulgação e conteúdo de informações, estrutura do conselho de

administração e estrutura de propriedade e controle das companhias da amostra. Além do

índice, considerou-se que a listagem no Nível 2 ou Novo Mercado da Bovespa e a emissão de

ADRs também seriam indicadores de boas práticas de governança corporativa. Utilizando

regressões multivariadas do tipo seção transversal, estimadas por MQO, verificou-se que o

índice de governança corporativa apresentou relação positiva significativa com o desempenho

financeiro das empresas da amostra, principalmente com os indicadores ROA e QTOBIN.

Porém, não foi verificada relação significativa consistente entre o índice de governança e os

demais indicadores de desempenho testados, EBITDA e ROE. Os resultados desta pesquisa

também indicaram fortemente que, em média, a adoção de boas práticas de governança

corporativa relaciona-se negativamente com a volatilidade das ações, diminuindo o risco da

empresa do ponto de vista de um investidor não diversificado. Por fim, a listagem no Nível 2

ou Novo Mercado da Bovespa e a emissão de ADRs não apresentaram relações consistentes

com as variáveis de desempenho e risco testadas. Este mesmo estudo ainda apresenta que a

adoção de boas práticas de governança corporativa relaciona-se negativamente com a

volatilidade das ações, reduzindo o risco das ações.

Estuda-se neste trabalho se, as empresas atuantes no mercado brasileiro que se

utilizam das boas práticas de governança corporativa, possuem, segundo avaliação de

indicadores de valor de mercado, melhores desempenhos do que as empresas que não adotam

essas práticas. Em resumo, busca-se comparar os indicadores de valor de mercado de

empresas que dizem adotar práticas do mais alto nível de governança corporativa, e que, por

isso, são classificadas como nível Novo Mercado pela Bovespa (Bolsa de Valores de São

(19)

são listadas no mercado Tradicional da Bovespa, Nível I e Nível II de governança corporativa.

Assim, a questão central de pesquisa que esta dissertação procura responder é: Pode-se

verificar diferença no desempenho dos indicadores de valor de mercado de empresas que

adotam as boas práticas de governança corporativa em comparação com as empresas que não

adotam tais práticas?

1.3 Objetivos do Trabalho

O objetivo principal deste trabalho é avaliar o reflexo das práticas de

Governança Corporativa sobre os indicadores de valor de mercado das empresas não

financeiras do setor de Construção com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo –

BM&F BOVESPA. Verifica-se se as empresas que aderiram aos níveis diferenciados de

governança corporativa da Bovespa atingiram maiores níveis de criação de valor para o

acionista, ou seja, se os investidores estão dispostos a pagar mais pelas ações destas empresas

em função de resultados atingidos e consequentemente esperados para o futuro.

Essa avaliação será feita através da comparação de indicadores de dois grupos

de empresas do setor de Construção, tradicional e de forte relevância para a economia

brasileira: o primeiro grupo que adota reconhecidas práticas de Governança Corporativa, e

esta atuando no Novo Mercado, e o segundo grupo que não adota tais práticas e está atuando

nos segmentos nível I, nível II e no mercado Tradicional.

Como objetivos específicos, têm-se:

Verificar a existência de evidências sobre o melhor resultado dos indicadores

de valor de mercado entre as companhias que adotam práticas de governança

(20)

Analisar os resultados obtidos com os indicadores de valor de mercado entre

empresas que adotam práticas de governança corporativa e outras que não adotam as mesmas.

1.4 Relevância e Contribuições

O tema governança corporativa e criação de valor ganhou maior relevância

tanto no mercado corporativo quanto no meio acadêmico no final da década de oitenta. Com a

internacionalização dos mercados e os investidores em busca de novas oportunidades em

mercados ainda não maduros surge a preocupação com o conflito de agência e com a

maximização dos resultados para os acionistas. Segundo Rappaport (1998, p.1), “avaliar a

empresa com o intuito de gerenciá-la com base na evolução de seu valor é preocupação atual

de praticamente todos os principais executivos, fazendo com que nos próximos anos a criação

de valor para o acionista provavelmente se torne o padrão global para mensuração do

desempenho do negócio”.

No Brasil existem os trabalhos sobre o tema de governança corporativa e

criação de valor ainda não são conclusivos, desta forma existe um grande espaço para novas

pesquisas sobre o tema.

A criação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em 1995,

a BM&FBOVESPA em 2000 criou os diferentes segmentos de listagens das ações baseados

na adesão aos níveis de governança corporativa (Novo Mercado, Nível I e Nível II), em 2002

a criação da Cartilha de Recomendações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Lei

6.404/76 que fixa competências para o conselho de administração, Lei 9.457/97 que mantém

as atribuições do Conselho e aumenta o poder da CVM para fiscalizar, portanto pode-se

observar, através dos tópicos mencionados anteriormente, o quão importante e atual é o

(21)

O tópico deste trabalho busca confirmar se as intenções descritas acima estão

alcançando o resultado esperado e consequentemente motivando a criação de valor.

1.5 Metodologia da Dissertação

A elaboração deste trabalho utiliza-se do método indutivo, pois se analisa o

setor de construção para verificar a possibilidade de generalizar-se os resultados para todo o

mercado e descreve-se a complexidade do problema e sua interação com certas variáveis.

Trata-se de uma pesquisa descritiva e quantitativa, onde descreve-se os

principais conceitos de governança corporativa, o conceito de regressão logística, alguns dos

principais índices de ações e rentabilidade, a criação do Novo Mercado da BM&F Bovespa e

verifica-se a existência ou não da criação de valor em função da adoção das práticas de

governança corporativa.

O estudo desenvolvido será comparativo com base em dados extraídos junto às

demonstrações contábeis, com o objetivo de avaliar, medir ou produzir indícios de que as

empresas que utilizam práticas de governança corporativa realmente obtêm maior criação de

valor perante o mercado do que as empresa que não utilizam.

Esta pesquisa pretende comparar companhias que adotam melhores práticas de

governança corporativa com outras empresas com práticas menos restritivas, o primeiro passo

será admitirmos que as empresas listadas no segmento especial da BM&F BOVESPA no

Novo Mercado são empresas que adotam melhores práticas de governança corporativa, em

virtude de seu reconhecimento pela BM&F BOVESPA e consequente aprovação para a

listagem no segmento especial de negociação.

Serão consideradas para este estudo, empresas que não adotam práticas de

(22)

que são listadas no segmento Tradicional de negociação da BM&F BOVESPA, Nível 1 de

governança corporativa e Nível 2 de governança corporativa.

Devido à existência de muitas empresas de diferentes setores da economia que

são listadas na Bolsa, procura-se comparar grupos de empresas que atuam no mesmo setor de

atividades, com o objetivo de validar os resultados obtidos com os indicadores financeiros.

Assim, serão selecionadas empresas do setor de Construção, tradicional e bastante

consolidado na economia brasileira, que possui razoável número de empresas tanto na

listagem comum como na listagem especial. Portanto, segundo a divisão da própria BM&F

BOVESPA, selecionamos o setor de Construção e Transporte, subsetor Construção e

Engenharia que atualmente contém 23 empresas classificadas no segmento especial da BM&F

BOVESPA (Novo Mercado) e 15 empresas na listagem comum (Nível 1, Nível 2 e

Tradicional) .

Após a seleção das empresas deste estudo o próximo passo será selecionar os

indicadores que serão utilizados. Dentre as categorias de indicadores financeiros, utilizaremos

a categoria dos indicadores de valor de mercado. Os indicadores selecionados foram: i) índice

preço da ação sobre lucro por ação; ii) índice valor de mercado da ação sobre valor contábil

por ação; iii) índice preço da ação sobre vendas liquidas operacionais; iv) índice preço da ação

sobre EBITDA; v) índice preço da ação sobre fluxo de caixa livre; vi) índice Q de Tobin.

Portanto para o cálculo dos índices de valor de mercado foram utilizadas as

demonstrações financeiras de fechamento dos anos de 2010 a 2013 e as cotações de

fechamento do último dia útil de cada ano das ações das empresas foco deste estudo. Deve-se

ressaltar que foram utilizadas as cotações das ações ON (ordinárias).

(23)

Índice Valor de mercado sobre Valor contábil = Valor de mercado por ação /

valor contábil por ação, sendo valor de mercado da ação ON do último dia útil do ano

dividido pelo patrimônio líquido por ação ON emitida do fechamento do mesmo ano;

Índice Preço sobre Vendas = Preço por ação / Vendas por ação, sendo preço da

ação ON do último dia útil do ano dividido pela receita liquida operacional por ação ON

emitida do fechamento do mesmo ano;

Índice Preço da ação sobre EBITDA por ação, sendo preço da ação ON do

último dia útil do ano dividido pelo EBITDA por ação ON emitida do fechamento do mesmo

ano. O cálculo do EBITDA disponibilizado pelo sistema Economática é o lucro antes dos juros

e imposto de renda (EBIT) mais depreciação e amortização;

Índice Preço da ação sobre fluxo de caixa livre por ação, sendo preço da ação

ON do último dia útil do ano dividido pelo fluxo de caixa livre por ação ON emitida do

fechamento do mesmo ano. A fórmula de cálculo do fluxo de caixa livre disponibilizado pelo

sistema Economática é caixa gerado por operação menos o resultado da aplicação no ativo

permanente menos as vendas de ativos fixos.

Já para o Q de Tobin utilizou-se a seguinte fórmula:

Q de Tobin = VMAO + VMAP + DIVT

AT

Onde:

VMAO – valor de mercado das ações ordinárias;

VMAP – valor de mercado das ações preferenciais;

DIVT – valor contábil das dívidas de curto prazo somando ao valor contábil das dívidas de

longo prazo menos o ativo circulante;

(24)

Deve-se ressaltar que as demonstrações financeiras, as cotações das ações e a

quantidade de ações emitidas em cada ano foram retiradas do sistema Economática e

planilhadas no sistema Excel. O único índice calculado foi o índice Q de Tobin, cujos os

dados para cálculo foram retirados do sistema Economática. Os demais índices foram

retirados do sistema Economática já calculados.

Após os cálculos, chega-se a uma planilha que contém todas as empresas deste

estudo com todos os índices calculados para o período de 2010 a 2013 (vide Apêndice II). A

próxima etapa foi efetuar a classificação das empresas em 0, empresas classificadas no

segmento Nível 1 e Nível 2 e Tradicional da BM&FBOVESPA, e 1, empresas classificadas

no segmento especial Novo Mercado (vide Apêndice II).

Com os índices calculados e as empresas devidamente classificadas nos

segmentos de listagem aplica-se o teste estatístico da regressão logística e em seguida

analisa-se a existência de evidências de melhores resultados dos índices entre as companhias que

adotam reconhecidas práticas de governança corporativa.

1.6 Descrição dos Capítulos

O primeiro capítulo introduz os trabalhos e expõem a problemática envolvida

no tema e na pesquisa específica, a justificativa da escolha do tema e dos trabalhos de

pesquisa, o objetivo do estudo (dissertação) que se pretende seguir e finaliza com a presente

descrição de capítulos.

No segundo capítulo, teremos a fundamentação teórica da governança

corporativa, histórico, conceitos, principais códigos, os princípios da governança, conselho de

(25)

Para completar o estágio da fundamentação teórica, o terceiro capítulo trata do

referencial teórico dos índices financeiros, tipos de comparação de índices, grupos de índices

financeiros, como são calculados os índices utilizados neste trabalho.

O quarto capítulo deste estudo, terá como finalidade apresentar o setor de

construção, seu histórico, a importância do setor na economia brasileira, programas do

governo federal para investimento em infraestrutura e descreve sobre a Pesquisa Anual da

Indústria da Construção – PAIC

O capítulo quinto, descreve a metodologia do trabalho, método de pesquisa,

pesquisas realizadas no estudo e a metodologia estatística. Ainda neste capítulo apresenta-se

os testes e a análise dos resultados e as limitações da pesquisa.

Finalmente, o capítulo sexto, serão apresentadas as considerações finais sobre

(26)

2.CONCEITOSEPRINCIPAISELEMENTOSDEGOVERNANÇACORPORATIVA.

Dentre os acontecimentos do progresso da área no Brasil e no exterior, que

fortaleceram a “crença de que as práticas da boa governança são de suma importância para

gerar valor para as organizações e fortalecer o mercado de capitais” (IBGC: 2005, p. 59) cabe

destacar os seguintes marcos:

O Relatório Cadbury: código pioneiro da área divulgado em 1992. Surgiu

como resposta aos escândalos registrados no mercado corporativo e financeiro da Inglaterra

no final dos anos de 1980;

Em 1995, a criação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC.

O IBGC é uma entidade sem fins lucrativos, reconhecida como o primeiro órgão criado no

Brasil com foco específico sobre o tema. É considerado nacional e internacionalmente como

um dos principais responsáveis pela introdução do conceito no país, pelo reconhecimento e

disseminação da importância das boas práticas e pelo crescente interesse das empresas

brasileiras em se fortalecer através da adoção das mesmas;

Em dezembro de 2000, houve a criação do Novo Mercado da Bovespa que é

um segmento destinado à negociação de ações emitidas por empresas que se comprometem

com a adoção de boas práticas de governança corporativa, além do que a legislação exige.

A criação, em 2002, da Cartilha de Recomendações da Comissão de Valores

Mobiliários (CVM). Documento faz referência à sua definição e importância para investidores

e companhias que lidam com o tema;

A Lei Sarbanes-Oxley: aprovada em julho de 2002 pelo congresso

norte-americano como reação aos diversos escândalos e conflitos corporativos em grandes empresas

americanas. Prega os princípios de conformidade legal (compliance), prestação responsável

(27)

O Código da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE) criado em 1998 tem como objetivo orientar governos em seus esforços para avaliar e

aperfeiçoar os marcos legais, institucionais e normativos (IBGC);

Destaca-se também como um fator relevante, o ativismo dos fundos de pensão:

nos Estados Unidos a partir da década de 1980, os fundos “perceberam o alcance (...) que

poderiam exercer na condição de investidores institucionais, sobretudo como futuros

proprietários das grandes corporações” (IBGC: 2005, p. 69). Por consequência os fundos

passam a exigir cada vez mais que as empresas adotem práticas de governança corporativa. E

as empresas, para atrair a atenção dos fundos, iniciam uma corrida para se adequar as novas

regras do mercado.

Segundo o IBGC — Instituto Brasileiro de Governança Corporativa —, “a

governança corporativa surge para procurar superar o chamado "conflito de agência", presente

a partir do fenômeno da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. O "principal",

titular da propriedade, delega ao "agente" o poder de decisão sobre essa propriedade. A partir

daí surgem os chamados conflitos de agência, pois os interesses daquele que administra a

propriedade nem sempre estão alinhados com os de seu titular. Sob a perspectiva da teoria da

agência, a preocupação maior é criar mecanismos eficientes (sistemas de monitoramento e

incentivos) para garantir que o comportamento dos executivos esteja alinhado com o interesse

dos acionistas.”.

Silveira (2010) explica que “o conjunto de mecanismos necessários para

harmonizar a relação entre gestores e acionistas decorre da tentativa de resolução do problema

de agência”.

A boa governança corporativa “proporciona, portanto, aos proprietários

(acionistas ou cotistas) a gestão estratégica de sua empresa e a efetiva monitoração da direção

(28)

como o Conselho de Administração, a Auditoria Independente, o Conselho Fiscal, entre

outras” (IBGC: 2012).

Os princípios da governança corporativa são a transparência (de gestão, atos,

controles etc.), prestação de contas e a equidade de tratamento entre os acionistas. Segundo o

IBGC (2012):

Para que essa tríade esteja presente em suas diretrizes de governo, é necessário que o Conselho de Administração, representante dos proprietários do capital (acionistas ou cotistas), exerça seu papel na organização, que consiste especialmente em estabelecer estratégias para a empresa, eleger a Diretoria, fiscalizar e avaliar o desempenho da gestão e escolher a auditoria independente. No entanto, nem sempre as empresas contam com conselheiros qualificados para o cargo e que exerçam, de fato, sua função legal. Essa deficiência tem sido a raiz de grande parte dos problemas e fracassos nas empresas, na maioria das vezes decorrentes de abusos de poder (do acionista controlador sobre minoritários, da Diretoria sobre o acionista e dos administradores sobre terceiros), erros estratégicos (decorrentes de muito poder concentrado numa só pessoa, normalmente o executivo principal), ou fraudes (uso de informação privilegiada em benefício próprio, atuação em conflito de interesses).

Os investidores, buscando uma solução, mudaram a forma de pensar e ao invés de

aceitar a concentração de informações somente nos gestores da empresa ou nos acionistas

controladores passaram a exigir a divulgação. Com isso o movimento de governança

corporativa ganhou força nos últimos quinze anos, originalmente, nos Estados Unidos e na

Inglaterra e, posteriormente em outros países.

Para o IBGC (2012) “Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações

são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários,

conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança

corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a

finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e

(29)

Segundo o IBGC (2012), “no Brasil os conselheiros profissionais e independentes

começaram a surgir basicamente em resposta à necessidade de atrair capitais e fontes de

financiamento para a atividade empresarial, o que foi acelerado pelo processo de globalização

e pelas privatizações de empresas estatais no país”.

Nesse período, criaram-se Códigos de Melhores Práticas de Governança

Corporativa nos países anglo-saxônicos, onde se originou. Segundo Lodi (2000: 10), “se nos

Estados Unidos da América, 73% dos conselhos de 1.750 empresas ainda não têm a

independência satisfatória para os investidores, no resto do mundo o progresso é ainda mais

lento; sendo que asiáticos e japoneses estão apenas acordando para a necessidade da

Governança Corporativa. Os europeus, por outro lado, caminham mais rápidos para o padrão

de conduta inglês e norte-americano”.

2.1 Histórico da Governança Corporativa

No Brasil, os temas e ações ligados a Governança Corporativa existem muito

antes de se dar um nome específico para isso. Desde a década de 1960, com o início da

implantação de Conselhos de Administração, até a ampliação e discussão sobre o tema na

década de 1970.

Lodi (2000: 26-27) descreve bem a evolução desses 50 anos de Governança

Corporativa. Nas décadas de 1950 e 1960, caracterizada pela presença forte do acionista

controlador familiar, os conselhos são utilizados como instrumentos de lobby, os Conselheiros

não conhecem o negócio do acionista gestor, além de serem inoperantes.

Na década de 1970 surgem grandes conselhos brasileiros em empresas como

Alpargatas, Monteiro Aranha, Docas, Mappin, entre outras, o que sinaliza o início da

(30)

Anônimas, a Lei n° 6.404, fixando competências do Conselho de Administração. Na década

de 1980 iniciam-se os processos de abertura de capital, dos fundos de pensões, dos fundos de

investimento e da participação de bancos, como o Bradesco, por exemplo. Inicia-se o

processo de valorização do acionista. Nesse período, o Brasil é marcado pelo pequeno

mercado de capitais, o qual envolvia apenas 80 empresas com liquidez.

Na década de 1990, há a ampliação de poderes para o Conselho. Por outro

lado, grandes escândalos envolvendo pareceres de auditoria externa nos bancos ajudam a

esclarecer o papel dos auditores: Nacional, Econômico, Bamerindus, Noroeste, Bandeirantes.

Por fim, privatizações, fusões e aquisições aumentam a importância dos conselhos de

administração.

Foi a década de 1990 também que, segundo Lorsch (2001: 32), marcou a época

em que o poder chegou aos conselhos de administração, ou seja, “os conselheiros externos

passam a dispor de recursos e de autonomia para monitorar o desempenho da alta gerência e

da empresa como um todo; para induzir a alta gerência a alterar a trajetória estratégica da

empresa, caso seu desempenho não corresponda às expectativas do conselho de

administração; e, em situações extremas, para mudar a própria liderança da empresa”.

Especificamente nos anos de 1992 e 1993 o termo Governança Corporativa se

torna mais popular, período em que ocorre a troca de famosos presidentes por pressão do

Conselho de Administração, como na General Motors, American Express, IBM, Kodak,

Sears, Time Warner, Compaq, entre outras companhias. Ainda em 1992, nasceu o Cadbury

Report — código de melhores práticas de Governança Corporativa elaborado em Londres por

uma comissão criada pelo Banco da Inglaterra — e em 1994 a General Motors Corporate

Governance Guidelines. Em 1996 surge o NACD Report e em 1997 o The Hempel Report.

Finalmente, ainda em 1997, a Lei das Sociedades Anônimas, de n° 9.457, mantém as

(31)

Posto esse cenário, com o passar do tempo foram aparecendo os Códigos das

Melhores Práticas de Governança Corporativa. Lodi (2000: 27) considera como suas causas

ou fatores motivadores as crises por que passaram as grandes corporações mundiais e a

pressão dos fundos de pensão e dos fundos de investimentos para obter maior transferência e

prestação de contas.

Cronologicamente, os códigos mais importantes são:

1908: Fundado na Inglaterra o Institute of Directors;

1916: Fundado o Conference Board;

1977: Fundada nos EUA a NACD (National Association of Corporate

Directors);

1992: The Cadbury Report — o primeiro de todos os códigos;

1997: The Hampel Report.

Em vista aos Comitês Cadbury, Greenbury e Hampel criando Códigos de

Melhores Práticas, Lodi (2000: 10) explica que a primeira e fundamental questão é se a

empresa existe para atender aos seus acionistas ou para atender a seus steakholders

(empregados, fornecedores, clientes etc).

Segundo Carlsson (2001: 307), uma série de escândalos nos mercados

corporativo e financeiro no final dos anos oitenta levou o governo do Partido Conservador

Inglês a deixar claro que medidas legislativas iriam ser tomadas caso o próprio mercado não

se estruturasse de forma a prevenir a ocorrência de novos escândalos. Como consequência,

criou-se um comitê destinado a revisar os aspectos de governança corporativa, denominado

Comitê Cadbury. Há grande menção a história da Governança Corporativa, a partir da criação

da Company Law Steering Group em 1999, por outro lado, a qual diversos ângulos da

(32)

vistos como apoiadores da “maximização do ganho do acionista”, enquanto a Alemanha é tida

como a defensora do princípio do Stakeholder, ou seja, dos interesses sociais; 2) Na

Alemanha, as grandes empresas precisam ter conselhos em dois níveis, sendo que no

Conselho Superior os sindicatos são representados por um “Conselheiro do Trabalho”, o qual

gera conflitos em situações de demissão em massa, fechamento de uma fábrica ou fusão de

duas fábricas, por exemplo. 3) Do debate entre acionistas e stakeholder surge o princípio do

“conselheiro esclarecido”, ou seja: é dever da empresa maximizar os ganhos do acionista,

porém fazendo isso de forma responsável, levando em conta o longo prazo. Assim, o

conselheiro tem obrigações de longo prazo e de confiança para com empregados,

fornecedores e clientes, mas deve assegurar o sucesso da empresa e o seu dever fiduciário

para com o acionista.

Na Itália, Lodi (2000: 11-12) explica que o aparecimento da Governança

Corporativa está ligado à batalha da compra de Telecom Itália pela Olivetti e ao Comitê

Draghi, o qual fez a Itália migrar para o modelo anglo-saxão de Governança. Na França o

grande passo da Governança Corporativa foi a publicação em 1995 do Relatório VIENOT, o

qual recomenda transparência pública para a remuneração dos diretores e conselheiros, a

limitação de até cinco conselhos onde um conselheiro pode exercer o cargo, a maximização

do ganho dos acionistas, a criação de comitês — especialmente os de auditoria e

remuneração. “Mesmo com a demora para a aceitação da França dessas recomendações, até o

ano de 2000, cerca de 87% das empresas listadas da Bolsa de Paris seguiam as

recomendações”. A Alemanha sempre viu com cautela o modelo anglo-saxão, que ela

considerou oportunista e de curto prazo. As grandes empresas alemãs até 1997 cultivavam o

sigilo, a não transparência e a desconfiança. A transparência tornou-se marcante com a nova

Bolsa de Frankfurt, com empresas listadas no estilo norte-americano da NASDAQ (National

(33)

Schering, Metro, Allianz, Deutsche Telekom, Dresner Bank, Deutsche Bank e Hoeschst estão

listadas na Bolsa de Nova Iorque e, portanto, abrindo-se às melhores Práticas de Governança

Corporativa do mundo anglo-saxão.

Para Carlsson (2001: 308), então, o sistema de governança corporativa alemão

possui três características distintas: a) equilíbrio dos interesses dos stakeholders como

objetivo preferencial frente à maximização da riqueza; b) limitação do mercado de capitais no

fornecimento de capital de risco; e, c) gestão coletiva da empresa.

Parte do avanço da Governança Corporativa em vários países do mundo

justifica-se, segundo Lodi (2000: 14), pelo aumento de investimentos de empresas no exterior.

No ano de 1998, os investidores norte-americanos têm ativos seis vezes maiores do que os

ingleses e quatro vezes maiores do que os japoneses fora de seus países. Dá-se, portanto,

apoio para que as melhores práticas norte-americanas de transparência, respeito à lei e

valorização do acionista consigam impor-se sobre o conservadorismo e atraso dos países de

mercado aberto.

No Japão, a governança corporativa decorre da cultura coletivista da sociedade

japonesa, com a busca do equilíbrio dos interesses dos stakeholders e a garantia de emprego

vitalício para seus funcionários. Assim, segundo Carlsson (2001: 310), “uma consequência da

política de emprego vitalício é a priorização, por parte das empresas, de metas de crescimento

absoluto e de participação no mercado ao invés da maximização dos lucros”.

Para Lodi (2000: 16) os investidores institucionais dos países de economias

avançadas, como os Estados Unidos, querem investir cada vez mais fora de seu mercado

doméstico devido à saturação desses mercados de capitais. Mas os países emergentes que

desejam atrair esses investimentos concorrendo com outras nações precisam adotar práticas

para seduzir e proteger os investidores. A crise que afetou os tigres asiáticos, Rússia e Brasil

(34)

dos Códigos de Melhores Práticas de Governança Corporativa. Posto isso, o termo

Governança Corporativa passou a ser o título de inúmeros seminários, cursos universitários e

publicações em todo o mundo, especialmente nos Estados Unidos e Inglaterra. O assunto

passou a ser prioridade para a Comunidade Europeia, Banco Mundial, FMI e outras

instituições privadas que editam os seus Códigos de Melhores Práticas e exigem o seu

cumprimento pelos recebedores de seu dinheiro.

No Brasil, o IBGC lançou o primeiro código brasileiro, em conjunto com a

BM&F BOVESPA (Bolsa de Valores, Mercadorias & Futuros de São Paulo), em maio de

1999. No conteúdo desses códigos traçam-se recomendações para os Conselhos de

Administração e para o uso de auditorias externas independentes. Os investidores externos

veem na adoção desses códigos pelos países que recebem investimentos internacionais um

início de garantia de probidade, transparência e respeito às leis, para valorizar o retorno do

investimento dos acionistas.

2.2 O Conceito de Governança Corporativa

Muitas entidades definiram o conceito de Governança Corporativa. Assim,

pode-se elencar alguns desses conceitos:

O IBGC (2012) — Instituto Brasileiro de Governança Corporativa — define o

conceito de governança corporativa como “as práticas e os relacionamentos entre os

Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e

Conselho Fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho da empresa e facilitar o acesso

ao capital”. A expressão, segundo o IBGC, é designada para “abranger os assuntos relativos

ao poder de controle e direção de uma empresa, bem como as diferentes formas e esferas de

(35)

sociedades comerciais”. Por isso, Governança corporativa é valor, apesar de, por si só, não

criá-lo. Somente isso ocorre quando ao lado de uma boa governança temos também um

negócio de qualidade, lucrativo e bem administrado. Nesse caso, a boa governança permitirá

uma administração ainda melhor, em benefício de todos os acionistas e daqueles que lidam

com a empresa;

Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em sua cartilha de

recomendações sobre Governança Corporativa, define a Governança Corporativa como “o

conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao

proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores,

facilitando o acesso ao capital. A análise das práticas de Governança Corporativa aplicada ao

mercado de capitais envolve, principalmente: transparência, equidade de tratamento dos

acionistas e prestação de contas”;

Para Lodi (2000: 13-19) chama-se Governança Corporativa o “sistema de

relacionamento entre os acionistas, os auditores independentes, os executivos da empresa e os

conselheiros de Administração, liderados por estes últimos”. Ou “o papel que os Conselhos de

Administração passaram a exercer para melhorar o ganho dos acionistas, auditores externos,

minoritários, conselhos fiscais (no Brasil) e os stakeholders, ou seja, empregados, credores e

clientes”; ou, ainda “Governança Corporativa é um novo nome para o sistema de

relacionamento entre acionistas, auditores independentes e executivos da empresa, liderado

pelo Conselho de Administração”. Finalmente, Governança Corporativa “é o nome dado ao

sistema de gestão das relações entre os acionistas, majoritários e minoritários, o Conselho de

Administração, os auditores externos independentes e a diretoria da empresa”.

O Cadbury Report (1992) - código de melhores práticas de Governança

Corporativa elaborado em Londres por uma comissão criada pelo Banco da Inglaterra -

(36)

controladas”. Assim, essa definição coloca os conselheiros no centro de qualquer discussão de

Governança Corporativa, pois o objetivo individual mais importante é a preservação e a

valorização maior possível, no devido tempo, do investimento de seus acionistas. Os

conselheiros são responsáveis pelas relações com os stakeholders (credores, fornecedores,

empregados, cidadãos), mas são responsáveis pela prestação de contas aos acionistas.

2.3 A Ética e a Governança Corporativa

Empresas que se preocupam com sua reputação estão dando maior importância

às questões éticas. As grandes companhias abertas, particularmente, estão sob pressão de seus

conselheiros para serem e parecerem empresas guiadas por princípios éticos. O que se deve

perceber é que a ética deixou de se subordinar ao departamento jurídico e à ação de

advogados para se tornar uma questão a parte. A ética, então, tornou-se uma atividade

corporativa voltada para a reputação da companhia.

Lodi (2000: 133) ressalta que “a maioria das empresas ainda não distingue

ética do mero cumprimento da lei (compliance), da ação preventiva do departamento jurídico,

da auditoria interna, da área de recursos humanos, ou de relações públicas”.

Ética preocupa a todos, a começar pelos acionistas e, por isso, o Conselho de

Administração tomou a si essa questão como parte da Governança Corporativa. Há uma

convergência entre o movimento ético e a Governança Corporativa. O Conselho de

Administração precisa assegurar que as diversas áreas ajam baseadas em princípios de

conduta, fazendo essa pressão chegar aos advogados, auditores, gerentes de recursos humanos

e de relações institucionais. O Conselho deve, portanto, estimular a cultura ética na empresa.

No Brasil, o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) considera,

(37)

do país, toda empresa deve ter um código de ética que comprometa toda a sua administração e

seus funcionários, elaborado pela diretoria e aprovado pelo Conselho de Administração. A

código de ética deve abranger o relacionamento entre funcionários, fornecedores e associados.

Deve cobrir, assim, assuntos, como: propina, pagamentos impróprios, conflito de interesses,

informações privilegiadas, recebimento de presentes, discriminação de oportunidades,

doações, meio ambiente, assédio sexual, segurança no trabalho, atividades políticas, relações

com a comunidade, uso de álcool e drogas, confidencialidade pessoal, direito à privacidade,

nepotismo e trabalho infantil.

Existe um conflito de interesses “quando alguém não é independente em

relação à matéria em pauta e a pessoa em questão pode influenciar ou tomar decisões

correspondentes. Algumas definições de independência têm sido dadas para conselheiros de

administração e para auditores independentes. Critérios similares valem para diretores ou

qualquer empregado ou representante da empresa. Preferivelmente a pessoa em questão deve

manifestar seu conflito de interesse. Se isso não acontecer, qualquer outra pessoa pode

fazê-lo” (Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, item 6.03).

2.4 Códigos de Melhores Práticas de Governança Corporativa

Os investimentos externos, as fusões, as aquisições, as privatizações, a

globalização, criaram um novo cenário complexo e exigente. Se a empresa no passado recente

era ainda dominada por uma só família em que o gestor se confundia com o controlador, hoje

a composição societária mais complexa requer novas técnicas de relacionamento. As

Melhores Práticas de Governança Corporativa são um nome para essas regras de conduta.

A partir de 1992 os Códigos das melhores práticas de Governança Corporativa

(38)

primeiro deles foi elaborado pela Comissão Cadbury, na Inglaterra, seguido pela National

Association of Corporate Directors (NACD), pelo código do Calpers (maior fundo de pensão

do mundo), pelo Código da General Motors e muitos outros.

O poderoso fundo Calpers, de funcionários públicos do Estado

norte-americano da Califórnia, trouxe progressos à Governança Corporativa ao aumentar o diálogo,

a transparência e a preocupação pelo valor do investidor.

No Brasil, Bengt Halqvist e João Bosco Lodi reuniram um grupo de amigos

em 1995 criando o Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração — o IBCA — (atual

Instituto Brasileiro de Governança Corporativa — IBGC), o qual elaborou o primeiro código

brasileiro.

2.4.1 O Relatório Cadbury

Em 1991 o Banco da Inglaterra criou uma comissão para elaborar um Código

das Melhores Práticas de Governança Corporativa, onde designou Sir Adrian Cadbury, então

Chairman do Comitê de Assuntos Financeiros do Conselho de Administração. A comissão era

um trabalho conjunto da Bolsa de Valores de Londres, da entidade dos Controladores da

Inglaterra e do Conselho de Relatórios Financeiros (Financial Reporting Council). O

Relatório Cadbury inspirou-se na prática do mercado de capitais norte-americano, no qual

existem grandes blocos de ações detidos por fundos de pensão e fundos de investimento,

minoritários muito ativos, investidores institucionais, escritórios de advocacia muito

agressivos, conselhos exigentes e a natureza geralmente litigiosa da sociedade.

Na Inglaterra, até o final da década de 1980, imperava o sistema dos Old Boys

Network, ou Clube de Conselheiros, que participavam de conselhos de companhias uns dos

(39)

outsiders em geral. Posto isso, a Comissão Cadbury tratou de “práticas” e não “regras” ou

“normas”, como é próprio do espírito de liberdade britânica. O nome, portanto, adotado foi

“Código de Melhores Práticas”.

O Código abrange temas principais de preocupação dos acionistas, da diretoria

corporativa e dos membros dos conselhos. Seus principais temas são as responsabilidades do

conselho, os membros do conselho, a importância de membros independentes no conselho e a

necessidade de comitês do conselho, especificamente um comitê de auditoria, um comitê de

remuneração. Além disso, o Código destaca diretamente que o conselho deveria manter um

controle total e efetivo sobre a companhia, no qual um indivíduo dispõe de plenos poderes de

decisão.

2.4.2 O Relatório Hampel

Foi designado como seu chairman Sir Ronald Hampel, presidente do Conselho

da ICI (Imperial Chemical Industries) e, por isso, ficou conhecido como a Comissão e o

Relatório Hampel.

A filosofia do relatório está na importância da Governança Corporativa na

contribuição para a prosperidade dos negócios e prestação de contas e seus constituintes. As

empresas abertas são as organizações mais transparentes da sociedade, porque são obrigadas a

abrir as suas informações e decisões, naquilo que em inglês se chama de accontability a

responsabilidade de prestação de contas. A boa Governança Corporativa pode dar uma

(40)

2.4.3 O Código Brasileiro de Governança Corporativa

Há diversos códigos de melhores práticas de Governança Corporativa, como o

Código da Petrobrás de melhores práticas, mas o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa) foi quem desenvolveu o primeiro deles. Elaborado com total independência, o

IBGC ouviu entidades governamentais, entidades de mercado, associações de classe,

associações profissionais e indivíduos de reconhecida competência na matéria.

O Códigos de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC enfatiza

os três princípios fundamentais da Governança Corporativa: a transparência, a prestação de

contas (accountability) e equidade de tratamento dos acionistas. Além disso, o Código

dividi-se em dividi-seis partes: propriedade (acionista, quotista e sócios), Condividi-selho de Administração,

Gestão (executivo principal e diretoria), Auditoria, Fiscalização (Conselho Fiscal) e Ética

(Conflito de Interesses).

2.5 Principais Fatores Indicativos da Governança Corporativa

Lodi (2000: 13), enumera os quatro princípios de Governança Corporativa

identificados na primeira reunião do Conselho Consultivo Global de Governança Corporativa.

São eles: a) Conselho precisa ser responsável para com os acionistas; b) O conselho precisa

ser independente dos gestores; c) Os papéis de presidente do conselho e presidente da

empresa não podem ser exercidos pela mesma pessoa; d) As empresas precisam preencher

certos padrões internacionais para se qualificarem a serem listados em uma Bolsa de Valores.

Para Koontz (1967: 115) a definição de membro independente de um Conselho

de Administração é lastreada em cinco premissas:

Não ocupação de cargo executivo nos últimos cinco anos na companhia em

(41)

Não ser contratado, se consultor pessoalmente ou através de firma onde

trabalha de maneira contínua e regular;

Não seja um cliente de porte ou fornecedor da companhia, pessoalmente ou

através de seu empregados;

Não tenha sido nomeado como resultado de um relacionamento pessoal com

qualquer membro do conselho;

Deve ser escolhido por processo formal e com a participação de todos os

membros.

Em recente relatório da OCDE (Organização de Cooperação e

Desenvolvimento Econômico) diante do processo de concentração na Europa, afirma-se a

necessidade de reforçar o papel dos Conselhos. Assim, concluiu-se as quatros palavras que

clarificam com precisão a missão do Conselho: 1) Fairness: traduzida por senso de justiça e

de que equidade para com os acionistas minoritários contra transgressões de majoritários e

gestores; 2) Disclosure: usualmente chamada de transparência, com dados acurados, registros

contábeis fora de dúvida e relatório entregues nos prazos combinados; 3) Accountability: ou

responsabilidade pela prestação de contas por parte dos que tomam as decisões de negócios;

4) Compliance: ou obediência e cumprimento das leis do país.

2.6 O Conselho de Administração

A Lei 6404/76 permite que as sociedades anônimas possuam dois órgãos

administrativos: Conselho de Administração e a Diretoria.

Segundo Requião (1988:165) o sistema brasileiro inspira-se no moderno

sistema germânico, que aponta a melhor estruturação da empresa como vantagem dessa

(42)

administração das companhias, em que se constata uma separação entre o controle e o poder

de gestão da sociedade. Desta forma lei brasileira procurou atribuir as sociedades anônimas de

órgãos capazes de atender às necessidades de grandes companhias, facultando-se que a

administração se subdivida em Conselho de Administração e Diretoria.

De acordo com o art. 138 da Lei 6.404/76, a administração da companhia

competirá ao conselho de administração e à diretoria, ou exclusivamente à diretoria, de acordo

com a disposição estatutária, salvo para as sociedades de capital autorizado e as abertas, nas

quais a existência dos dois órgãos é obrigatória. Ainda sobre o art. 138 da Lei 6.404/76 o

Conselho de Administração é um órgão de deliberação colegiada, de caráter deliberativo e

fiscalizador, sendo a representação da companhia privativa dos acionistas e/ou diretores.

A Lei impõe caráter obrigatório à existência do Conselho de Administração

somente para as sociedades de capital autorizado e as abertas8, e facultativo nas demais

sociedades anônimas, cabendo ao estatuto dispor a respeito da criação desse órgão.

A obrigatoriedade da existência de Conselho de Administração nas

companhias abertas existe em função de que tais companhias efetuam negociação de ações no

mercado de capitais. Tal obrigatoriedade vem de encontro a buscar que os interesses de

terceiros que investem na sociedade, e que portanto tornam-se acionistas, tenham maior

garantia com a existência de um Conselho.

Ainda em busca de um Conselho de Administração independente e que busque

atingir os objetivos determinados pelos acionistas a Lei 6.404/76 em seu art. 143 no parágrafo

primeiro define que no máximo um terço do conselho pode ser composto por diretores da

companhia. Ou seja, trata-se de uma determinação legal que os conselhos brasileiros devam

(43)

Para Coelho (2002: 214) o conselho de administração “é órgão deliberativo de

número ímpar e plural (isto é, de no mínimo três membros), eleito pela assembleia geral”. O

conselho tem sua natureza fundada em certas decisões que, por sua importância, devem ser

analisadas e adotadas por quem tem participação no capital social. A diretoria, a qual pode ser

composta por não acionistas, nem sempre é o órgão da sociedade mais indicado para assumir

a responsabilidade pelas deliberações de maior envergadura e repercussão. Por outro lado,

ressalta Coelho, nem sempre representa a solução mais adequada a apreciação dessas matérias

pela assembleia geral, porque esse órgão está sujeito a formalidades e dinâmicas próprias, as

quais podem retardar o processo decisório, prejudicando os interesses da companhia.

Em termos gerais, o conselho de administração pode deliberar sobre qualquer

matéria do interesse da companhia, exceto as que se inserem na esfera da competência

privativa da assembleia geral (Lei n.10.303/01, art. 122), como reformar o estatuto social,

eleger ou destituir administradores e fiscais da companhia, tomar as contas dos

administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras, autorizar a emissão de

debêntures, suspender o exercício dos direitos do acionista, deliberar sobre a avaliação de

bens que possam concorrer para a formação do capital social, deliberar sobre transformação,

fusão, incorporação e cisão da companhia, sua dissolução e liquidação, autorizar a confessar

falência e concordata, entre outras.

Assim, como órgão destinado a agilizar o processo decisório interno da

sociedade, o conselho de administração é, em regra, facultativo.

Segundo o Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança

Corporativa, elaborado pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), a

formação de um Conselho de Administração é recomendável independente da forma

societária da empresa (sociedade de responsabilidade limitada ou sociedade anônima, se

Imagem

Figura 1: Comparativo entre os Segmentos de Listagem
Figura 2: Evolução da Taxa de Variação do PIB da Construção Civil e do PIB Nacional  Fonte: IBGE - Sistema de Contas Nacionais Brasil
Figura 3: Evolução Financeira do PAC 2007-2010 OGU Fiscal e Seguridade, Estatal e Privado   (R$ Bilhões)
Figura 4: Participação Percentual das Atividades da Construção no Total da Receita Bruta – Brasil   Fonte:  IBGE,  Diretoria  de  Pesquisas,  Coordenação  de  Indústria,  Pesquisa  Anual  da  Indústria  da  Construção 2007/2011
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