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Cartografia do desejo QUEER : dispositivos micropolíticos dos corpos travestis

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Academic year: 2017

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GLÓRIA MARIA SANTIAGO PEREIRA

CARTOGRAFIA DO DESEJO QUEER: DISPOSITIVOS MICROPOLÍTICOS DOS

CORPOS TRAVESTIS

Dissertação ao Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Psicologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Psicologia.

Orientador: Profa. Dra. Ondina Pena Pereira

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Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB P436c Pereira, Glória Maria Santiago

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Para as multidões queer que tornaram possível a existência deste trabalho. Em

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Resumo

Os debates contemporâneos sobre gênero e sexualidade que outrora estavam eclipsados por discursos generalistas sobre cultura, indivíduo e política, direcionam para discussões que tocam questões de ordem social e política em meio às tensões entre o global e o local em tempos de globalização. Nesse sentido, a dissertação insere discussões que dialogam com teorias que emergem das lutas sociais de sujeitos que estavam silenciados por discursos que subjugam a importância do direito à singularidade. Contudo, o trabalho corrobora com a inserção de novos espaços reflexivos. Incluir a psicologia em discussões atuais sobre temas que versam sobre desejo, erotismo, gênero, corpo e subjetividade. É um movimento que rompe com o silêncio empedernido pela lógica colonial e androcêntrica, que insiste em permanecer nos diferentes espaços de produção do conhecimento e torna invisíveis identidades e corpos que se formam no interstício das relações sociais/subjetivas. A partir do olhar cartográfico de alguns artigos jornalísticos sobre a imagem da travesti na mídia impressa e o mapeamento de bibliografias que corroboram com os objetivos da dissertação, foi possível incluir tanto a teoria queer

como as discussões descolonizadoras que emergem dos espaços marginalizados que apontam para a necessidade de preencher lacunas invisíveis aos olhos dos tratados de personalidade e normatização do espaço íntimo e social. Ademais, o uso do método cartográfico inclui o meu posicionamento político, que interfere na produção da pesquisa e à possibilidade desse trabalho influenciar no processo de subjetivação de sujeitos diversos. Portanto, o trabalho mostra através da exclusão que as travestis sofrem por não se enquadrarem ao discurso heteronormativo à necessidade de trazer esse debate para a formação dos futuros psicólogos e também para aquel@s que não tiveram a oportunidade de produzir essas reflexões em sua formação profissional, mas encontraram em sua prática de trabalho dilemas e conflitos que permeiam a discussão proposta na dissertação.

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Abstract

The contemporary debates about gender and sexuality that were once eclipsed by talks about general culture, individual and political, for direct discussions that touch issues of social and political order amid the tensions between global and local in times of globalization. Accordingly, the Master Thesis discussions that dialogue with theories that emerge from the social struggles of individuals who were silenced by discourses that overwhelm the importance of the right uniqueness. However, the work confirms the insertion of new spaces for thinking, to include psychology in current discussions on topics that deal with desire, eroticism, gender, body and subjectivity. It's a move that breaks with stony silence and androcentric colonial logic, which insists on staying in different spaces of knowledge production and invisible identities and bodies that form in the interstices of social / subjective. From the cartographic perspective of some newspaper articles about the image of the transvestite in print and mapping bibliographies that corroborate the purposes of this dissertation, it was possible to include both queer theory and decolonizing the discussions that emerge from marginalized places that point to the need fill gaps that are invisible to the treaties of personality and norms of social and intimate space. Furthermore, the use of the mapping method includes my political position, which interferes with the production of research and also that this work may influence the subjective process of various individuals. Therefore, the study shows that by excluding transvestites suffer not fit the heteronormative discourse, the need to bring this debate to the training of future psychologists and for those who either have not had the opportunity to produce these reflections on their professional training but are in their professional dilemmas and conflicts that pervade the discussion of the dissertation.

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Lista de ilustrações

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Sumário

1. Introdução ... 10

2. Ponto zero : escolha do conteúdo... 15

2.1 Expedição mídia impressa. Devorando a análise de discurso ... 21

3. Mapas teóricos ... 26

3.1 Moderno/Contemporâneo - Alguns apontamentos teóricos sobre a identidade travesti 26 3.2 GLS, LGBT, LGBTT, LGBTI....Identidade Coletiva e Mídia Impressa ... 41

3.3 Na trama dos fait divers. Subjetividades impressas e destituídas na virtualidade do texto midiático ... 49

3.4 Eixo sul: Alteridade, subalternidade e teoria queer ... 60

4. Discussão ... 63

4.1 Corpos abjetos no texto midiático ... 63

4.2 Entre confissões e julgamentos: o caráter normatizador da mídia impressa ... 82

5. Algumas Considerações ... 94

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1. Introdução

A mídia ocupa um espaço privilegiado entre as diversas sociedades e culturas no mundo contemporâneo. Adquirindo inúmeras configurações de expressão: internet, televisão, mídia impressa e outros. No Brasil, essas formas de veiculação da informação apresentam-se de maneiras distintas, atingindo sujeitos pertencentes as diferentes camadas sociais do país. A mídia1 atua como uma vigorosa ferramenta na construção da opinião, criando ramificações nas esferas sociais, políticas e subjetivas que atingem o corpo da sociedade, designado como um complexo campo de estudo interdisciplinar.

Contudo, a proposta desta dissertação além de trabalhar com a construção do corpo2 travesti na mídia impressa, priorizou a necessidade de uma mudança paradigmática, incluindo teorias que rompem com o eurocentrismo patriarcal que existe no campo das ciências. Deste modo, ao escolher a mídia impressa como fonte de pesquisa serve de parâmetro para entendermos que tipo e forma de opinião o discurso midiático ecoa na sociedade.

A linguagem jornalística utiliza-se de recursos que influenciam o imaginário dos indivíduos em relação a diferentes temáticas, abarcando o espaço privado e o espaço público, de forma concomitante. Ao respaldar o lugar da travesti no discurso midiático, instila reflexões que emergem do processo de exclusão social que estes vivenciam, pelo fato de não se inserir na construção de uma identidade padrão, requerida pela sociedade.

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de feminino ou masculino. Lógico que devemos levar em consideração o espaço social, cultural e histórico que as travestis estão inseridas. Priorizei a produção midiática da identidade travesti no contexto brasileiro.

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de higienização4 social que se seguiu em algumas ações políticas de saúde no Brasil depauperada pela lógica biodeterminista (COSTA, 2007;FERLA, 2009).

Ainda em relação aos objetivos da pesquisa, a corporalidade é um campo de investigação que também foi privilegiado no trabalho, não existe travesti sem corpo. Na psicologia o corpo segue por um percurso de contrastes, entre o corpo biológico-mecanicista e psicossomático. O corpo produz singularidade no espaço pré-discursivo, que é reificado nas práticas e no discurso psi, que nega o

posicionamento da experiência corporificada e vice-versa.

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Nesse sentido, nos capítulos três e quatro desenvolvi uma discussão sobre corpo e identidade travesti, assim como na revisão bibliográfica incluí algumas teorias corporais nas ciências humanas com um enfoque interdisciplinar para a construção da minha argumentação. No capítulo quatro apresentei alguns dados que encontrei na minha pesquisa sobre o material jornalístico e acrescentei um tópico sobre corporalidade.

2. Ponto zero : escolha do conteúdo

Através de uma perspectiva interdisciplinar para análise do material jornalístico impresso, empreguei o método cartográfico proposto pela pesquisadora Suely Rolnik que mantém um profícuo diálogo com a filosofia de Gilles Deleuze e Félix Guattari, além da escrita criativa e feroz do escritor Oswald de Andrade5.

A cartografia consiste na exploração de fatos Sociais e culturais de um ponto

de vista micro macro. Ao cartógrafo interessa a zona de tensão que subsiste entre o singular e o social, de ordem humana e não-humana, as setas interligadas entre si, informam ao cartógrafo que na tensão entre espaço social e subjetivo não existe dicotomia ou homogeneidade. A tensão é desejo.

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isso não é falta, o desejo é movimento não-segmentarizado por um início, meio e fim. Para Deleuze o desejo

Não é carência, nem a privação que cria o desejo: só há carência relativamente a um agenciamento de que se está excluído, mas só há desejo em função de um agenciamento em que se está incluído (mesmo que se trate de uma associação de ladrões, ou para uma revolta). (DELEUZE, 1977, p. 31-32).

Desde os gregos, a paixão, afetos e desejos são considerados causa e motivo da corrupção e da volúpia humana. Entretanto, apontar que o desejo é força positiva, que impulsiona as ações humanas em termos de conatus7 espinosiano, é

uma ruptura epistemológica que destrói com políticas racionalistas, normatizadoras e dualistas que subjugam a experiência humana. Segundo a pensadora Chauí (1990):

Definir o desejo como causa eficiente acarreta a desmontagem, pela primeira vez desde Grécia, do imaginário finalista que o aprisionara nos fins postos pela razão para educá-lo, persuadi-lo e governá-lo, dando a retórica o papel pedagógico, à moral o poder normativo e a reta razão força para imperar sobre a paixão. (CHAUÍ, p.61, 1990).

Neste caso, o desejo não advém de uma natureza cósmica, distinta ao devir8 humano. O desejo movimenta a natureza humana, em todas as suas ações e forma de existência. Por isso, o desejo ocupa posição central no trabalho do cartógrafo, contribuindo para um entendimento abrangente e singular sobre os fenômenos macropolítico e micropolítico.

afectos em um contexto micropolítico e macropolítico. A produção micropolítica ocorre no nível subjetivo e macropolitíco são eventos Sociais, históricos e culturais, onde o micropolitíco está contido no macropolitíco e vice-versa.

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Conatus é força positiva e afirmativa para a manutenção da vida. A experiência seja ativa ou passiva, possui em sua essência conatus ( SPINOZA ,1677)

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2.1 Expedição mídia impressa. Devorando a análise de discurso

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impressas pesquisadas. Contudo, foi realizado levantamento sobre os elementos estéticos/discursivos que compõem a construção da imagem da travesti na mídia impressa.

2.2

Como foi dito anteriormente a análise de discurso assessorou a cartógrafa para compreensão da produção semiótica que atravessa a textualidade midiática, a análise de discurso desvela as estruturas e as estratégias discursivas que legitimam práticas excludentes (ORLANDI, 2007).

Entretanto, a cartografia não tem interesse em revelar nada, não existe uma realidade por trás da máscara, o real é desejo. Para Rolnik (2007;2008), o desejo desdobra-se no movimento contraditório dos afetos, a força dos afetos inconscientes toma forma e se materializa em algum espaço geográfico, em um processo de territorialização e desterritorialização subjetivas, onde o desejo pode se concretizar. Neste caso, a mídia de massa se utiliza da intensidade nômade do desejo, subjetividades ávidas por territórios para se expressar. Os meios de comunicação colocam-se como a própria expressão subjetiva, que exclui o processo criativo do desejo nômade. A mídia produz identidades na mesma intensidade qualitativa do capitalismo, vazia de sentido. Da mesma forma, Rolnik (1997, p.19-20) afirma que:

A globalização da economia e os avanços tecnológicos, especialmente a mídia eletrônica, aproximam universos de toda espécie, em vários pontos do planeta. [...] a mesma globalização que intensifica as misturas e pulveriza as identidades implica também na produção de kits de perfis-padrão de acordo com cada órbita do mercado, para serem consumidos pelas subjetividades, independentemente de contexto geográfico, nacional, cultural etc. Identidades flexíveis, que mudam ao sabor dos movimentos do mercado e com igual velocidade.

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Estudar identidades deslocadas e excluídas, tomando como base de pesquisa os códigos midiáticos, é algo que deve sobrepujar as técnicas tradicionais de investigação entre emissor e receptor das mensagens textuais e imagéticas. Existe uma complexidade que está para além de uma relação linear de emissão, transcrição da mensagem e recepção. As distintas formas de enunciar essas mensagens devem ser levadas em conta (HALL, 2003).

A localização macropolítica em que os meios de comunicação de massa estão inseridos e para quem é produzido é uma questão que Hall (2003) aponta como algo que quase sempre é olvidado em pesquisas sobre comunicações de massa em conseqüência do método.

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da análise de discurso, o emissor, que seria o jornalista possui uma posição ideológica em relação às travestis, que aparece na construção jornalística e ainda existe o posicionamento da agência em que ele trabalha que interfere na produção textual e também o local de circulação da publicação. Todos esses fatores são levados em consideração na análise de discurso.

Talvez esse seja o ponto de diálogo entre o cartógrafo e a análise de discurso que direciona suas reflexões para o que não está em evidência, que são as estruturas que mesclam o enunciado e impedem o pronunciamento do sujeito (ORLANDI, 2007; BAUER & GASKELL,2008). Neste caso, o cartógrafo exclui o sujeito travesti e persiste no devir-travesti.

A base de discussão de ambos são os eventos que ocorrem no âmbito social e as diferentes produções subjetivas e intersubjetivas que influenciam a produção do discurso, seja textual, imagético, entrevistas ou falas mediadas em um processo psicoterapêutico. Todos esses elementos convergem em um ponto: a influência de fatos sóciohistóricos na construção da fala, do enunciar-se a si mesmo e a existência de fatores que fogem à análise descritiva.

3. Mapas teóricos

3.1 Moderno/Contemporâneo - Alguns apontamentos teóricos sobre

a identidade travesti

Eu sabia que era homossexual, mas eu não me via como um gay...saindo com um homem..Eu me via como sentido uma mulher diferente..Mas também não era totalmente mulher. Eu me sentia mulher...Lógico que eu não sabia dessa diferença, mais com o tempo eu fui aprendendo a conviver com essa diferença...

Indianara

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Deputado Manoel Ferreira sobre a união cível entre pessoas do mesmo sexo

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negam a existência de ferramentas naturais como meio para a construção destes signos. E também não existe comportamentos totalmente submetidos a agência social, como se fossemos marionetes de um maquinário ideológico (BAKHTIN, 1981).

Para Bakhtin (1986), a construção de uma palavra ou conceito é algo que não ocorre em uma consciência individual, como ele mesmo coloca,

A consciência não pode derivar diretamente da consciência, como tentaram e ainda tentam mostrar o materialismo ingênuo e a psicologia contemporânea (sob suas diferentes formas: biológica, behaviorista, etc.). (...) A consciência adquire forma e existência nos signos criados por um grupo organizado no curso de suas relações Sociais. Os signos são o alimento da consciência individual, a matéria de seu desenvolvimento, e ela reflete sua lógica e suas leis. A lógica da consciência é a lógica da comunicação ideológica, da interação semiótica de um grupo social (p.35).

A colcha de retalhos que envolve a produção de um conceito impede o estabelecimento de uma ordem lingüística arbitrária sobre a produção dos signos. Por isso, mesmo que um sujeito se considere parte de uma identidade coletiva, isso não o coloca em uma condição passiva e homogênea com outros atores Sociais que compartilham de uma mesma ideologia.

Ao mesmo tempo em que ele é construído pelo discurso coletivo, este se apropria dos signos que envolvem essa identidade e reconfiguram novas possibilidades de discurso, influenciando o outro em sua produção identitária. Entretanto, o sujeito detém algum nível de poder que subverte representações identitárias padrão (FOUCAULT, 1984).

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nas palavras de Hall (2005,p.13), é a forma encontrada para excluir as alteridades e contradições existentes no seio das sociedades.

A tentativa de estabelecer uma constância do eu, é uma forma de legitimar

discursos que geram uma relativa sensação de igualdade irreal. Até mesmo sujeitos que não estão em situação de deslocamentos compulsórios ou espaços nômades de identidades ininteligíveis para o outro que o segrega, não apresentam uma constância em suas ações cotidianas. Hall ratifica que:

Esse processo produz o sujeito pós-moderno, conceptualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. [...] Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas (HALL, 2005,P.12-13).

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espaço privado e do ambiente público vão ficando borradas, como os pincéis que não tocam a tela de Jackson Pollock.

Esse distanciamento entre o espaço público e privado, ou melhor, a diluição do espaço público favorecendo o espaço privado, não significa a supremacia do sujeito sobre o soberano feudal que regia sua vida. Ao contrário, o ser humano passa a ser escravo de uma pseudo autoconsciência moderna e iluminista. Ondina Pena (2004) introduz que o racionalismo moderno oferece as bases para a atual cultura narcisista. A negação do outro é

[...] o espaço público é invadido pela esfera privada, colocando em risco o processo de interação na diversidade, na pluralidade, que é condição de toda ação e principal garantia de liberdade. (Pena, 2004, p.124).

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heterossexual e afirmando estereótipos e exautorando identidades que não se inserem em um binarismo masculino e feminino. Identidades subversivas, inscritas em fronteiras nômades (LOURO, 2004).

Essas interpretações científicas ajudam a pensar e problematizar demandas sobre identidades de gênero e principalmente aquelas que são consideradas ininteligíveis, como é o caso das travestis. Michel Foucault (1988), em seu ensaio sobre a história da sexualidade, aponta que o paradigma da scientia sexualis,

através do discurso higienista de mensuração e diagnóstico, aprisionou os corpos em prol de um discurso moralista do desejo, excluindo a experiência subjetiva e afetiva que influenciam a produção das identidades sexuais.

O olhar biologicista que se implantou sobre o sexo, estabelecendo limitações corpóreas através da distinção anatômica dos órgãos, criou pedagogias sobre as formas de agir para o sexo feminino e masculino. Não obstante, qualquer situação que saísse da normatização vitoriana dos corpos era considerada aberração. Com isso, pessoas que não se enquadravam no mesmo espaço e tempo da heterossexualidade eram banidas de forma perversa da sociedade (Foucault, 2003).

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corpos, estava no plano da metafísica e ratificado na cosmovisão de mundo daquela época. Como sugere Laqueur:

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Contudo, produções científicas e o imaginário social produziram de maneira vertiginosa formas de normatizar e encobrir o que não era considerado normal. Testes psicométricos, asilos, prisões e injúrias se tornaram o refúgio compulsório para aqueles que não se enquadravam na arbitrariedade dos sexos.

Portanto, inviabilizando o direito que as pessoas possuem de vivenciar sua opção sexual, que não está diretamente ligada a causalidade biológica de feminino e masculino. Existem fatores subjetivos e Sociais que deslocam essas identidades.

O aumento pelo desejo de conhecer só multiplicou o aparecimento de novas

formas de padronização e a vigilância sobre a sexualidade também. Ao mesmo tempo em que novas identidades começam a sair da obscuridade, como é o caso dos homossexuais, lésbicas, travestis, transgêneros e outras identidades que continuam surgindo, como forma de (des)territorializar os gêneros (LOURO, 2004;BUTLER, 2003).

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Em uma obra anterior, Gender Trouble, Butler amplia o conceito de gênero,

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que torna vazia a diferenciação entre sexo e gênero, porque sexo já é uma interpretação política e cultural do corpo, ou seja, sexo é gênero.

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paródico que desestabiliza a lógica naturalizante dos gêneros, pênis e vagina se tornam secundários na produção da identidade travesti.

O padrão corporal existente e legitimado pela sociedade é o feminino e o masculino, essa binariedade imposta pela cultura, como forma de regular e normatizar hábitos e costumes (incluindo a pedagogia sexual dos corpos), são desconstruídas e renegociadas por outros desejos e imaginários. Todavia, os discursos de gênero considerados abjetos estão incrustados de elementos preestabelecidos pela cultura binária dos corpos. Ainda sim, não são identidades que se colocam em um plano discursivo essencialista, como se fosse um projeto distinto de gênero que não finaliza, subverte qualquer tipo de sistema estruturalista de fixação das identidades (BATISTA, 2007).

Por isso, as teorias pós-estruturalistas e pós-coloniais surgem como um campo fértil para o desenvolvimento de debates e produção de teorias críticas sobre identidade. Pensadores como Butler, Derrida, Foucault, Deleuze, Hall e outr@s, questionaram o estruturalismo lingüístico que se inseriu no campo das identidades, excluindo o movimento relevante e imanente que a cultura e o social ocupam na produção das identidades (SILVA, 2000).

Ao definir um sistema classificatório de identidades, estamos afirmando a diferença. O problema é a hierarquia e os jogos de poder que se instalam através do recurso gramatical identitário. Ao invés de entender as diferenças identitárias como ato de criação positiva, como espaço de enunciação do sujeito, essas diferenças são

colocadas no plano da negação do outro. Como salienta Silva (2000):

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Ao afirmar: eu sou travesti, é o mesmo que dizer não pode. Está impedido de

transitar por paisagens de domínio heterossexual, é inaudito. Situações corriqueiras, como por exemplo, ir à igreja, pode ser uma situação humilhante para as travestis. Os signos que geram o discurso habitual civilizatório da sociedade, incluindo a religião14, família, mídia e escola, como principais formas de mediação e implantação do discurso heteronormativo, auferem a voz daqueles que reivindicam outras formas de subjetivação no espaço público.

O caso das travestis segue por esse caminho, Ao mesmo tempo em que não se enquadram no binarismo heterossexual, negociam sua performance de gênero

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passam por outros simbolismos que não pertencem ao campo da medicina estética ocidental.

O investimento subjetivo, econômico e temporal que as travestis inserem para a produção de um corpo inteligível para seu entendimento de gênero, envolve dor, sofrimento e alegrias. Segundo Benedetti (2005), em seu trabalho sobre a produção da identidade das travestis na cidade de Porto Alegre acompanhou por muito tempo o processo de modificação do corpo das travestis. A utilização de hormônio feminino, silicone líquido, depilação, roupas e sapatos plataformas, fazem parte do cotidiano das travestis.

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uma norma hegemônica de um grupo, outras regras passam a coexistir para a formação dessa nova identidade que é compartilhada pelo outro que é semelhante.

Por sua vez, a identidade é dupla captura e negação, o que impede a unversalização do sujeito. Para Derrida a identidade se constitui no jogo discursivo da différance, que não é diferença. Na lógica da différance não existe oposição e sim

movimento de afirmação e negação da identidade, ou seja, não existe uma diferença ontológica (ser). Para Derrida (2004) a univocidade identitária é um projeto narcísico obsoleto, a différance se opõe a qualquer movimento universalista:

A différance não é uma distinção, uma essência ou uma oposição, mas um movimento de espaçamento, um devir-espaço do tempo, um devir-tempo do espaço, uma referência à alteridade, a uma heterogeneidade que não é primordialmente oposicional. Daí uma certa inscrição do mesmo que não é o idêntico, como différance. Economia e aneconomia ao mesmo tempo (DERRIDA, 2004, p. 34)

Rearticulando com o trabalho, apesar de Derrida (2004) não desenvolver uma análise sobre as políticas de identidade LGBTI, ele aponta algumas implicações que podem ocorrer no estabelecimento de uma identidade fixa para as minorias. Nesse sentido, a oposição binária é negada às minorias, no caso da heteronormatividade a compulsoriedade das categorias sexuais homem/mulher não existe, a différance

ocorre entre homem/não-homem.

Entretanto, a teoria queer questiona as políticas de identidade que

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negros, mulheres e homossexuais que sofriam de todo tipo violência e eram esquecidos e abandonados pela sociedade.

No período da ditadura militar começaram a surgir grupos que não aceitavam a imposição de normas e costumes que excluíram a homossexualidade. A ideologia militar de privar as minorias dos seus direitos era algo que se alinhava com o desejo de boa parte da sociedade daquela época. Ficou nítida a emergência de proferir visibilidade para a minoria gay no Brasil (LIMA, S/D).

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Os jornais radicalizam sua competência discursiva ao destacar a força da dimensão didática de seus títulos. Além disso, inserem a AIDS mais profundamente no território que ultrapassa limites geográficos e institucionais. Reportam-se ao enraizamento da AIDS ao mundo da vida, nos indivíduos e particularmente, como afeta pessoas que não são lembradas difusamente, mas pelos seus nomes que, neste caso, funcionam como operadores de localização (FAUSTO NETO, 1999, p.56).

Nesse sentido, identidades coletivas que começam a se formar em torno dos movimentos Sociais de homossexuais no Brasil, se incomodam com a exposição grotesca que a mídia incita sobre os sujeitos que optam por performances que não

encontram alento na lógica heteronormativa.

Regina Facchini (2005) sintetiza em três períodos a entrada dos movimentos sociais contra a idéia de peste gay que foi constantemente explorada pela mídia(s).

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A mídia impressa não consegue acompanhar (ou não deseja) as novas configurações de narrativas de gênero que florescem nos discursos políticos de emancipação dos movimentos Sociais GLS. Trevisan (2000) cita um caso que ocorreu na década de 90, onde um dos editores do Folha de São Paulo foi repreendido por utilizar o vocábulo lésbico em sua coluna. Ele teve que substituir pelo termo feminista e foi repelido pelo público de lésbicas que liam a coluna deste

editor.

O descaso de narrativa que a mídia impressa desempenha em relação a questões significativas e delicadas que envolvem a construção das identidades coletivas se torna constante na grafia de jornais e revistas de grande circulação nas grandes metrópoles brasileiras (LIMA, S/D). Anteriormente, foi falado sobre alguns periódicos de resistência que surgiram no período da ditadura. O Lampião da Esquina é um exemplo de como a mídia poderia ser produtiva no processo de

subjetivação e na construção de identidade das minorias sexuais, especificas do contexto brasileiro. Não havia uma preocupação mercantil, o jornal não era visto como um produto comercial e sim como espaço de militância e reflexão política.

Mesmo quando utilizava o recurso da paródia, com caricaturas e piadas sobre imagens diversas, havia sentido no discurso da mídia impressa. Lipovetsky (2005) chama atenção para o esvaziamento de significados que corrói os meios de comunicação na atualidade. No caso do jornalismo impresso, houve um aumento da exploração de imagens/rótulos e a supressão do texto. Com o aumento de tecnologias, a inclusão da internet e a televisão, a mídia impressa teve que se remanejar para não ser totalmente excluída dos meios de comunicação.

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publicitário e de merchandising. Nas palavras de Lipovetsky (2005), os jornais e

revistas:

[...] mais sérios, se deixam mais ou menos levar pela tendência do momento: basta ler as manchetes, os títulos e subtítulos dos jornais ou das revistas semanais, e até mesmo os dois artigos científicos ou filosóficos. O tom acadêmico cede espaço para um estilo mais tônico feito de piscadelas de olho e jogos de palavra (LIPOVETSKY, 2005, P.111).

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ratificar distorções sobre a experiência e singularidade destes sujeitos, que encontram no devir performático uma forma de existir.

O discurso pós-colonial e pós-moderno rendeu alguns frutos, existem pesquisas no campo dos estudos culturais sobre as produções midiáticas na contemporaneidade e como elas tem explorado o mundo LGBTT em suas produções. Até mesmo o fato de não se inserir nesse vasto universo das identidades coletivas de gênero em produções comerciais, pode ser um tema para discussão no espaço acadêmico (BRUSCHI, 2003).

Não houve a apresentação de forma esmiuçada de todos os desdobramentos que acontecem nos diversos movimentos Sociais que continuam se formando pelo Brasil. Vale ressaltar que a região Sul se tornou referência nesse sentido e também no plano das publicações acadêmicas da Universidade Federal do Rio Grande Sul.

A minha proposta para este tópico é apresentar e situar os possíveis paradoxos que envolvem a construção de identidades coletivas na mídia de massa, especificamente os jornais e revistas que atingem um determinado grupo de leitores e que pode gerar opiniões controversas em termos de receptividade.

3.3 Na trama dos fait divers. Subjetividades impressas e destituídas

na virtualidade do texto midiático

O jargão jornalístico Fait divers é utilizado para definir as reportagens

genéricas, que não ocupam um lugar específico no corpus do jornal. Os

personagens, o conteúdo textual e a formatação gráfica empregada na composição estética têm conteúdo apelativo e fantasmagórico. Para Angrimani, o termo francês

fait divers:

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constituem a principal fonte de alimentação do noticiário sensacionalista (ANGRIMANI, 1995, P.11).

O sensacionalismo trabalha com questões que surgem na esfera pública e que interage com espaço privado. Temas que envolvem violência conjugal, prostituição, drogas, pessoas com deficiências físicas raras, homossexualidade e traição matrimonial são os preferidos nesse tipo de mídia (AGRIMANI, 1995; MEYER, 1996; PAIVA & SODRÉ, 2002). Ao assinar um título fait divers, preocupa-se

em prender a atenção do público para o jornal, é uma forma de markenting comum

nos meios de comunicação de massa no contexto atual.

Não existe preocupação ética e nenhuma argumentação sólida na construção do texto e das imagens inseridas como informação para o leitor. O jornalismo sensacionalista se ancora no imaginário social para legitimar o que foi dito e fotografado na passividade coerciva das páginas dos jornais (AGRIMANI, 1995; GUARESCHI, 2000).

Segundo Barthes (1964), a estrutura que envolve um Fait Divers não ocorre

de maneira isolada, existem fatores que envolvem o contexto da notícia: a efemeridade e o uso de grafia que gere algum efeito, com frases de rápida assimilação para o receptor, que consiga acessar experiências com alto teor dramático ou paródico. Para Barthes, a linguagem Fait Divers:

[...] é uma informação completa e imanente em poucas palavras, todos conhecem o seu conteúdo; as informações não precisam ser verídicas para se tornar uma notícia Fait Divers. Explicitamente, ou seu conteúdo não estranho ao mundo: mortes bizarras, histórias pessoais fantasmas e etc (BARTHES, 1964, P.189)15.

Os signos construídos sob a égide da sociedade evidenciam o lugar do preconceito e da discriminação sobre situações e pessoas que vivem a margem, que não se enquadram na assepsia moralista que se implantou nas relações humanas

15

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na modernidade. Existe uma construção ideológica que sustenta a informação que é passada nas estórias que são contadas pelo Fait Divers (ANGRIMANI,

1995;BARTHES, 1964, FAUSTO NETO, 1999).

O tempo das narrativas, incluindo o espaço que a informação irá ocupar em uma página do jornal, é uma interleitura, porque existe a subjetividade de quem escreve e lê o mundo de uma determinada forma e o leitor que compra ou folheia a publicação, isto é, a leitura é feita pelo receptor da mensagem e pelo escritor. De alguma forma os detalhes que compõem a notícia são pensados para marcar subjetivamente o interleitor (GUARESCHI, 2000; SPINK, 2006).

A interleitura é um processo que ocorre na construção da informação, envolvendo diversos atores Sociais e não se liga diretamente aos sujeitos da notícia. Até porque, estas são caricaturas e a sombra daqueles que o sistematizam. A lógica do indivíduo e do consumo está atrelada às palavras e a estética do sensacionalismo grotesco (PAIVA & SODRÉ, 2002).

O grotesco em termos de estética pode ser entendido como gosto pela desarmonia. Segundo Paiva & Sodré (2002), para definir o desejo- no sentido deleuziano, como potência do ser - pelo grotesco, não se deve entender como algo positivo ou negativo. Depende da relação dialógica que a pessoa mantém no mundo e forma sua concepção de belo. Para Paiva & Sodré a identificação do grotesco é definida como:

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Assim, a admiração de uma imagem ou texto que cause aversão e antipatia, não ocorre porque é algo feio, é algo que talvez não devesse ser dito, porque é desejado. O grotesco causa risos e constrangimento, mas não é extinto, persiste, principalmente, através da mídia sensacionalista (PAIVA & SODRÉ, 2002).

No caso da mídia impressa de massa, o grotesco encontra uma forma negativa em sua redação e forma. São imagens estratificadas e essencialistas, que não conferem com a realidade da experiência. Meyer (1996), o conteúdo é inerte, são sempre as mesmas estórias e imagens, com um alto teor de acontecimentos particulares, mas, que seguem uma constância que gera tédio e fascinação.

Em publicações de grande circulação, o universalismo e essencialismo sobre determinadas temáticas é algo comum. Em uma pesquisa desenvolvida por um grupo de psicólogos sobre a construção discursiva de gênero em revistas com tiragem nacional e que eram lidas por estudantes de psicologia e alunos do sexto ano do ensino fundamental, apontou que nessas revistas não existe uma construção epistemológica de gênero. A definição binária homem/mulher é predominante. Outro ponto são as definições médicas sobre as diferenças que existem entre os sexos, sempre com um olhar biodeterminista, sem contextualizar e problematizar as questões de gênero envolvidas e o contexto sociocultural que transita nas relações de gênero (BEIRAS; SOUZA; KASZUBOWSKI ET AL., 2008).

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Nos estudos que foram desenvolvidos sobre a inclusão da AIDS como a peste

gay no cenário nacional por volta dos anos 80 e 90, situa-se a mídia como a grande

fomentadora de um olhar pejorativo e prejudicial para a comunidade de homossexuais, travestis, lésbicas e outros em alguns pontos do Brasil (FACCHINI, 2005;FAUSTO NETO, 1996;TREVISAN, 2002).

Para destacar um trabalho específico, envolvendo a relação entre notícias do tipo fait divers e a AIDS, cito o trabalho de Fausto Neto (1996), que encontrou

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praticantes de bruxaria. As punições eram a morte em fogueiras públicas ou o exorcismo.

Na modernidade, a própria sociedade se encarrega de punir e definir o tipo de personalidade ou perfil dos sujeitos que se identificam como homossexuais. Para Foucault, a sociedade criou mecanismos de confissão.

A obtenção da confissão e seus efeitos são recodificados na forma de operações terapêuticas. O que significa, inicialmente, que o domínio do sexo não será mais colocado, exclusivamente, sob o registro da culpa e do pecado, do excesso ou da transgressão e sim no regime do normal e do patológico. [...] A verdade cura quando dita a tempo, quando dita a quem é devido e por quem é, ao mesmo tempo, seu detentor e responsável (FOUCAULT, 1988, p. 66).

De alguma forma, a estética midiática das reportagens do tipo fait divers está

fundamentada nesse ideal higienista familiar que ainda perdura nas relações Sociais no Brasil. Diferente de outros países industrializados, como os Estados Unidos e laicidade européia, o Brasil ainda possui uma tradição moderna que influência de maneira singular as gerações populacionais na contemporaneidade.

No caso do jornalismo sensacionalista, existe uma subjetividade compartilhada sobre determinados temas que são tabus. Para Bourdieu (1997), ao analisar as matérias que são proferidas no jornalismo televisivo de massa, os profissionais dessa área trocam informações entre si. Uma determinada notícia, ao ser editada por um jornal na noite anterior, se torna assunto de outro jornal no dia seguinte.

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um mundo globalizado, que exige produção e pouco tempo para reprodução, na lógica liberal tempo é dinheiro.

Nessa perspectiva, as diversas expressões midiáticas emergem com generalizações e buscam atender um público que precisa aperfeiçoar o tempo em termos de produção. Como é caso das revistas especializadas em temas como saúde, auto-ajuda e com fórmulas terapêuticas diversas. Os jornais surgem com colunas específicas de atendimento clínico. Os leitores enviam cartas com dúvidas e confissões, buscam respostas de profissionais de áreas que gozam de um poder preestabelecido na esfera pública (advogados, psicólogos, médicos e psiquiatras) (BOURDIEU, 1997; SOUZA, 1997).

Esse aspecto confessional corrobora com a discussão sobre o aparecimento da scientia sexuale que surgiu para normatizar a sociedade e individualizar a

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por pessoas do mesmo sexo e que também desejam vivenciar outras formas de sexualidade, como o swing, sexo em grupo ou com travestis, encontram nas cartas

endereçadas ao movimento Somos, o lugar da enunciação, entre o público e o

privado. Nas palavras de Souza, as cartas:

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envolvida em um simulacro, fechado em sim mesmo e que se dilui no espetáculo das cores e do glamour televisivo.

Pouco importa à era dos simulacros a veracidade dos fatos e suas singularidades. A realidade é criada e destruída sem deixar assinaturas, são narrativas efêmeras que se formam no vazio do anonimato e do fetiche. A simulação exprime a falsa idéia de totalidade do mundo. Assim, Baudrillard infere :

Estamos além do panóptico, da visibilidade como fonte de poder e controle. Não se trata mais de tornar as coisas visíveis a um olho externo, e sim de torná-las transparentes a si mesmas, pela perfusão do controle de massa, e apagando em seguida os traços da operação (BAUDRILLARD, 2004, p.22).

As argumentações supraditas no decorrer deste tópico focalizam em questões sensíveis à temática deste trabalho. Existem dois pontos antagônicos que permeiam o discurso midiático e a exclusão de subjetividades em relação ao material que será utilizado no trabalho. Existe um conteúdo que é considerado sensacionalista, os fait divers, que inventam narrativas que se aproximam da teoria dos simulacros de

Baudrillard (1991;2004).

A existência das colunas, seção carta dos leitores, indica que buscam

respostas rápidas, que não podem ser ditas em público, mas, precisam de confissão. Existe uma fronteira entre a confissão e sensacionalismo.

Existe um ponto que ambas as questões tocam, que é a invisibilidade de seus personagens. Contudo, subjetividades estão circulando nesse cenário das narrativas descartáveis e excluídas, impressas e unificadas pelo discurso do consumo. Rolnik (2009) afirma que a mídia produz subjetividades lixo. Ensina como devemos nos vestir, andar e amar. Vende-se formas de agir, como um kit de primeiros-socorros,

que perdura até a próxima edição da revista ou jornal.

O fast-food de subjetividades impressas e destituídas do espaço social

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como eles estão recebendo essas informações, o nível de crítica que teriam em relação às reportagens. Outros se sentem humilhados na reificação das identidades escritas em letras garrafais, com rostos e corpos estampados nas páginas policiais ou como motivo de riso e repúdio no silêncio dos leitores.

3.4 Eixo sul: Alteridade, subalternidade e teoria queer

O processo de naturalização binária que a mídia suscita sobre as identidades que se colocam no fluxo da desterritorialização, exprime como ainda vivemos em tempos modernos. Não é um moderno totalmente isolado, os efeitos da globalização atingem a estabilidade de sociedades estagnadas pelo patriarcalismo, como é o caso do Brasil.

As identidades queer renovam paradigmas essencialistas, mas não dialogam

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experiência imanente dos corpos e do contexto cultural, como é caso das travestis (LOPES, 2004).

Apesar dos processos de modificações corporais e a própria afirmação identitária que se forma no relativismo lingüístico de um gênero travesti, ainda existe questões que se expressam em um determinado contexto e na singularidade do sujeito. Benedetti (2005) aponta que existem os domínios do gênero travesti. Os

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sobre uma teoria queer menos ocidentalizada, dialogar com as teorias psi que

estejam no rumo de um discurso pós-colonial.

As distintas escolas de pensamento na psicologia espelham-se em teorias ocidentalizadas, que em muitas situações não compreendem ou não alcançam as questões que circundam as subjetividades contemporâneas. No caso do Brasil, as pessoas ainda vivenciam conflitos entre o moderno e o pós-moderno. O Estado ainda ditas algumas normas, existem conflitos religiosos que influenciam decisões do espaço político e a família nuclear ainda é predominante no país (GUARESCHI, 2009).

A psicologia brasileira (se for possível afirmar a existência de uma), ainda engatinha quando falamos em quebra de paradigmas. Guareschi (2009), introduz que as publicações acadêmicas no Brasil, no campo das psicologias, ainda trilham os caminhos do velho mundo, em termos de construção metodológica e na sistematização do pensamento.

Para Guareschi (2009), precisamos introduzir uma produção analética no campo científico brasileiro. Aqui, o autor resgata um conceito que foi desenvolvido pelo filósofo Enrinque Dussel16, que entende a alteridade como distinção que não possui uma identidade totalizadora, como é o caso da dialética que prevê uma identificação prévia e unificada, existe o outro, substancializado.

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justiça, propõe a paz e protesta contra nossa pretensão totalizante de abraçá-lo (GUARESCHI, 2009, p.215).

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O discurso e a experiência corporal travesti possuem vicissitudes que envolvem o plano discursivo e a experiência da carne. Ao afirmar que os constructos

que envolvem a produção do corpo travesti não se enquadram a uma identidade pré-dicursiva, recuso o essencialismo do ente travesti, ao mesmo tempo ratifico o

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para novas experiências sensoriais e subjetivas que se entrelaçam no mesmo espaço. Contudo, os atuais recursos tecnológicos e a linguagem midiática de massa direcionam um olhar unidimensional sobre a corporalidade, fixa o corpo em um tempo-espaço imóvel e subjugado ao olhar do outro (BAVCAR, 2003).

A díade do espaço fotojornalístico entre leitor e texto, é uma relação entre objetos, sob a aparente égide do clic que substancializa os corpos, inflige realidades

instântaneas e ao mesmo tempo esvazia o olhar do Outro. Para o pensador Virilio(1993) a videoperformance atropela os sentidos e silencia o espaço dialógico

intersubjetivo.

O desequilíbrio entre informação direta de nossos sentidos e a informação mediatizada das tecnologias avançadas é hoje tão grande que terminamos por transferir nossos julgamentos de valor, nossa medida das coisas, do objeto para sua figura, da forma para sua imagem, assim como dos episódios de nossa história para sua tendência estatística, de onde o grande risco tecnológico de um delírio generalizado de interpretação (VIRILIO, 1993, p. 40).

Nesse sentido, é comum encontrar no espaço midiático, imagens e textos sobre o corpo travesti, investidos em rotulações que não condiz com o universo de possibilidades e subjetivações que a experiência travesti apresenta ao mundo, que não se enquadra na fixidez caricatural de feminino/masculino, bom/mal, sujo/limpo. Entre outros adjetivos possíveis que tem por finalidade enquadrar a identidade travesti no lugar de corpo-objeto.

Vejamos às imagens que se segue:

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Fig.4

As duas imagens têm por objetivo a divulgação de produtos distintos, a estréia de uma novela em um canal aberto (fig.3) e a divulgação de uma campanha de lingerie (fig.4). As duas propagandas utilizam a imagem travesti como mote para impelir o desejo consumidor de seus leitores.

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mesmo tempo que está identificado com todos os outros que se identificam com a mesma imagem. Ele é ao mesmo tempo um indivíduo nomeado como único e, sob o apelo genérico que o torna substituível por qualquer outro consumidor, não é ninguém (KEHL, 2000, p.239).

A subjetividade é mercadoria na sociedade espetacular, consumidor e propaganda ocupam a mesma temporalidade como objetos. Ao estabelecer um diálogo com a pesquisa, a questão que envolve sujeito/objeto/consumo merece um

escrutínio mais demorado. A utilização da imagem travesti no circuito midiático, pode suscitar sensações de repulsa, curiosidade ou fascinação. Acredito que seja o problema da mídia sensacionalista, definir identidades, formar estereótipos. Ao mesmo tempo explora e dissolve a imagem travesti em espaços delimitados por jornais, revistas e também a mídia televisiva.

Subjetividades e corpos são diluídos pela incorporação de signos que se formam em textos e imagens produzidas pelo discurso homofóbico que se infiltrou nos diversos espaços midiáticos. Todas as imagens que foram mostradas até o momento, atribuem uma superfeminização ou uma supermasculinização do corpo travesti. Segundo Pelúcio (2010), apesar da montagem do corpo travesti apresentar

nuances que lembram o corpo feminino, não existe identificação entre as travestis que ela entrevistou com o sexo feminino ou masculino, a produção de si como

pessoa travesti é recorrente no grupo.

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O corpo travesti apesar de tomar como parâmetro um certo discurso estético padrão de corporalidade feminina, se distancia do corpo modelo veiculado no espaço midiático, é uma identidade de fronteira que se forma entre o ininteligível ao campo da linguagem e inteligível a partir da experiência corporal.

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se ao sentido figurado dos fatos, tentativa de interpretação da realidade sobre pessoas e modos de vida, como se houvesse uma moral ou verdade superior a experiência, cujo lugar da intelecção se volta para a razão.

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surgem de intervenções tecnológicas do corpo, como é o caso das travestis que se utilizam das bombadeiras para aplicação de silicone, os hormônios femininos e outras possibilidades de intervenção, é o escopo para a formação do que ela chama de sexopolítica.

Sexopolítica é a forma pela qual os corpos queer excluídos pelo binarismo do

sexo morfológico e das performances heteronormativas encontram espaço de fala. Através de suas modificações corporais, confrontando a nossa percepção e conhecimento a priori sobre natureza, religião, ciências, cultura, identidades e etc.

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As sexopolíticas invocam a tangibilidade (materialidade) do corpo, em oposição ao binarismo, é o corpo político e cultural não-dogmático. Incluo na discussão as modificações corporais da travesti, não como um processo de produção individual, pois a montagem do corpo travesti subverte os signos do

mundo é uma ação coletiva do corpo-sujeito.

As travas (como os travestis se autodenominam) abandonaram a ilusão de um solo da natureza e, ao acaso de um remoinho barroco, construíram um corpo pop-arte. A erotização de detalhes funciona como escudo contra a banalidade. Volumes, cavidades e plissados fazem um convite ao maior bem de todos: a pulsação da inquietude (DENIZART, 1997, p.08).

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em um recorte sociocultural. Sâo fragmentos de estórias sobre amor, sexo e poder que organizam a percepção de seus agenciadores (SHAW, 2003).

Contudo, os corpos escolhidos para servir como mediador entre desejo e consumo são sujeitos excluídos historicamente, mulheres, gays, travestis, drag kings, anões, entre outr@s. A estética corporal idealizada pela mídia não é apenas um apelo para o marketing de vendas, sujeitos que não se enquadram em um conceito de beleza universal, são tidas como corpos abjetos, como é o caso das

imagens furtivas de apreensão da identidade travesti.

A visibilidade e a materialidade desses sujeitos parecem significativas por evidenciarem, mais do que outros, o caráter inventado, cultural e instável de todas as identidades. São significativas, ainda, por sugerirem concreta e simbolicamente possibilidades de proliferação e multiplicação das formas de gênero e de sexualidade (LOURO, 2004,p.23).

O nível de hiperrealismo das imagens/textos midiáticos analisados reiteram a

representação social de sexo-gênero-desejo e renega o caráter amórfico da identidade travesti. Os corpos abjetos são vistos como não-humanos, cujo processo

de tornar-se pessoa não condiz com a materialização de gênero habitual. Butler(2002) entende que somos humanizados quando ao nascer somos marcados com uma identidade de gênero pré-estabelecida pela ordem social institucionalizada. Entretanto, ao incluir no debate das identidades queer a importância da

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que definam sexo, desejos, sabores, cores e cheiros. A experiência sensorial é fluída, não se consegue captar totalmente a experiência dos sentidos. Ao mesmo tempo, não precisamos negar o caráter concreto dessas experiências.

A sensação, tal como a experiência a entrega a nós, não é mais uma matéria indiferente e um momento abstrato, mas uma de nossas superfícies de contato com o ser, uma estrutura de consciência, e, em lugar de um espaço único, condição universal de todas as qualidades, nós temos com cada uma delas uma maneira particular de ser no espaço e, de alguma maneira, de fazer espaço. Não é e nem contraditório nem impossível que cada sentido constitua um pequeno mundo no interior do grande, e é até mesmo em razão de sua particularidade que ele é necessário ao todo e se abre a este (MERLEAU-PONTY, 1945, p.299).

A ambiguidade do corpo proporciona um outro olhar sobre o que entendemos que seja subjetividade, cultura e até mesmo sobre as identidades de gênero. A intencionalidade do corpo é cultural, social e subjetiva, aberta a novas possibilidades de desafios a conhecimentos estagnados pela ignorância coercitiva das categorias que hierarquizam corpos e inviabilizam vidas que não se encaixam em uma única forma de existência.

O corpo é encarnado por um sujeito, o que difere de algumas discussões psi

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4.2 Entre confissões e julgamentos: o caráter normatizador da

mídia impressa

fíg.5

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com o beco que recende a urina e ao perfume barato. Cheiros que vivificam que o cliente está em outro lugar de classe (PELÚCIO,2009b, p.73).

Na entrevista acima, é possível perceber essa demarcação intersubjetiva entre o espaço puro e impuro que limita a relação entre cliente/travesti. O poder concedido à travesti envolve as práticas eróticas e as regras para que o ato aconteça. Contudo, o cliente ocupa o espaço de liminaridade18, este sai às ruas em

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rompem com a sexualidade patriarcal. Poderíamos dizer que o corpo travesti possui signos cambiáveis com elementos agenciadores do gênero feminino e masculino que produzem o desejo subversivo de atração e repulsa por esse corpo.

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identitários, reifica conceitos e teorias naturalizantes que generalizam corpos e retiram das travestis qualquer direito de enunciação.

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A sujeição criminal também se territorializa, ganha contornos espaciais e amplifica-se nos sujeitos locais. Como tal, não pode ser compreendida exclusivamente apenas no plano da interação contextual e do desempenho de papéis sociais, pois se mostra ancorada num plano macro de acumulação social da violência em tipos sociais constituídos e representados por sujeitos criminais, produzidos em contextos sóciohistóricos determinados. A sujeição criminal poderia ser entendida, ao mesmo tempo como um processo de subjetivação e o resultado desse processo para o ponto de vista da sociedade mais abrangente que o representa como um mundo à parte.[...] No limite da sujeição criminal, o sujeito criminoso é aquele que pode ser morto (MISSE, 2010, p. 30).

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Para Paiva e Sodré (2002), a mídia capitalista cooptou assuntos que antes

pertenciam ao núcleo familiar privado e os adaptou para o show-bussines. A questão

é que a indústria cultural de massa influencia na formação da opinião pública, emite textos e imagens de valoração moral sobre o Outro.

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Fig.08

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sonega o direito a singularidade. Vou descrever duas situações em que foram solicitadas pelo Folha de São Paulo a atenção do profissional psi.

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Ao mesmo tempo em que algumas falas defendem o entendimento da sexualidade com um enfoque subjetivo, também acionaram argumentos de ordem biológica. Argumentos que se radicalizam em direção ao arbítrio absoluto do sujeito individual, o da auto-afirmação de uma opção sexual. Segundo Preciado (2009), o lugar de enunciação das multidões queer não corrobora com o discurso biopolítico

heterocentrado da diferença.

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Por isso, a luta não se restringe mais ao plano de uma economia política, mas, também, ao de uma economia subjetiva. A análise micropolítica é a de como reproduzimos os modos de subjetividade dominante e ao mesmo tempo, quais os vetores de expressão criativa que a delineiam.

5. Algumas Considerações

O filósofo e antropólogo antilhano Édouard Glissant em sua proposta para uma estética da relação, disse a propósito das políticas de identidade:

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A mídia impressa, inserida no processo atual dos meios de comunicação, implica uma estreita relação com as normas sociais existente. Em uma sociedade como a nossa, perpassada por conflitos de ordem religiosa, econômica, racial, gênero e divisão de classes sociais em constante confronto para a manutenção e defesa de interesses paritários. Não existe nenhuma informação completamente neutra, objetificada por uma verdade moral, como consequência, a comunicação e a informação que se recebem são expressões desta relação de poder.

Todo o material que foi pesquisado até o momento apresenta uma linha do tempo cronológica de uma década. Entretanto, não houve grandes mudanças no que se refere ao conteúdo do material a veiculação de evidências que relacionam o corpo travesti como parte da marginalização da sociedade é visualizada com o mesmo caráter especulativo entre os anos de 1998 e 2008.

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Portanto, a homofobia midiática é efeito de ações que são produzidas por saberes e práticas estratificados pelos discursos de opressão do ser. Lógico, não

podemos negar o caráter agenciador tecnocrático que a semiótica de imagens e textos veiculados pela mídia produzem nas relações sociais. Mas, devemos perceber que existem as micropolíticas do cotidiano que interferem na forma como cada sujeito se projeta para o mundo, que está para além dos discursos ideológicos de massa e das políticas de identidade.

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conhecimento colonizador que foi produzido através da opressão de corpos marcados pela superficialidade do biologicismo eurocêntrico.

Essas questões me levam de encontro com as reflexões de Judith Butler ao indagar a possibilidade de pensar uma política sem sujeitos e que tipo de política seria essa.

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Referências

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