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AVALIAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NATIVA, NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, DO ALTO CURSO DO RIO DOURADOS EM PATROCÍNIO MG

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Academic year: 2022

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AVALIAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NATIVA, NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, DO ALTO CURSO DO RIO DOURADOS

EM PATROCÍNIO – MG

Renato Emanuel Silva¹ & Silvio Carlos Rodrigues²

Resumo

As áreas de preservação permanente (APP’s) são elementos fundamentais para que, nas bacias hidrográficas, sejam resguardas nascentes e canais fluviais de impactos como a compactação do solo, concentração do fluxo superficial, dos processos e formas erosivas. Contudo muitos canais apresentam as áreas de preservação permanente fragmentadas. É objetivo deste trabalho avaliar a cobertura vegetal nativa do alto curso do rio Dourados a partir da legislação vigente para as áreas de preservação permanente. Foram realizados trabalhos de campo conjugados com análises de satélite Landsat e Rapideye. Da área total, prevista para preservação junto aos cursos fluviais, 21% foram ocupados principalmente por pastagens e lavouras temporárias. É evidente que a ocupação antiga responde por estas alterações demandando ações de recuperação destas áreas.

Palavras-chave: Áreas de preservação permanentes, proteção de canais fluviais, legislação ambiental.

STUDY OF NATIVE VEGETATION, IN PERMANENT PRESERVATION AREAS, OF THE UPPER COURSE OF THE DOURADOS RIVER IN

PATROCÍNIO- MG

Abstract

The Permanent Preservation Areas (APP) are important for the watershed, the sources and rivers are protected from soil compaction, the concentration of runoff and erosion. But many channels have fragmented areas of permanent preservation. It is objective of this paper to evaluate the native vegetation of the upper course of the Dourados river from the current legislation in the areas of permanent preservation. Field work was carried out in conjunction with Landsat satellite analysis and RapidEye. Of the total area, scheduled for preservation along the streams, 21% were mostly occupied by pastures and temporary crops. The occupation, responsible for the changes, creates a need of recovery actions in these areas.

Keywords: Permanent Preservation Areas, protection of drainage channels, environmental legislation.

1 Universidade Federal do Uberlândia– IG/PPGEO/LAGES/CAPES - renato.logan@gmail.com 2 Universidade Federal do Uberlândia– IG/PPGEO/LAGES/ Cnpq - silgeo@gmail.com

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Introdução

As bacias hidrográficas são unidades importantes para o planejamento e gestão ambiental.

Constituem espaços privilegiados para a investigação de problemas, apontamento de fragilidades e aplicação de medidas mitigadoras (Santos 2004). Deste modo são planejadas ações, baseadas na legislação vigente e em pesquisas cientificas, direcionadas à conservação dos recursos hídricos.

No Brasil a Lei de 9.433 tem orientado as atividades referentes aos recursos hídricos (desde a definição dos perfis de usuários até a conservação de bacias hidrográficas). Já a proteção dos canais fluviais e suas nascentes, por faixas de preservação permanente, são previstos na lei 12.651.

Segundo este preceito todos os canais fluviais perenes devem apresentar faixas marginais de proteção. No caso de canais fluviais de pequeno porte (largura até 10 metros) a faixa de proteção de cada margem será 30 metros (para cada margem), já as nascentes serão protegidas por um raio de 50 metros.

As faixas marginais são fundamentais para a manutenção dos sistemas hidrológicos na fase relativa a bacia hidrográfica. As margens protegidas reduzem a intensidade com que o escoamento superficial alcança o canal fluvial. A amenização da intensidade deste fluxo leva a menores índices de assoreamento e de transporte de sedimentos, controlando também os picos de cheia o que ameniza os riscos de inundações (Tucci e Mendes, 2006).

Contudo diversas bacias podem não atender as exigências legais, uma vez que muitas áreas foram alteradas em períodos onde não havia qualquer regulamentação. Sendo válido o exemplo dos cursos fluviais formadores do rio Dourados (Patrocínio/MG) onde uma ocupação de cerca de 200 anos vem alterando a paisagem e mantendo danos aos cursos fluviais ao longo de décadas (Silva e Allan Silva 2012). É objetivo deste trabalho avaliar a cobertura vegetal nativa do alto curso do rio Dourados a partir da legislação vigente para as áreas de preservação permanente.

Materiais e Métodos

A pesquisa foi realizada com tratamento de imagens de satélite, em ambiente SIG, tendo como ponto de avaliação a observância da lei Lei nº 12.651, de 2012. As atividades de campo foram úteis na identificação de áreas degradas e que poderiam não terem sido classificadas na análise das imagens de satélite. As campanhas ocorreram entre março de 2013 e fevereiro de 2015, sendo realizadas marcações por GPS dos pontos averiguados, além de registros fotográficos.

Em ambiente SIG a rede de drenagem foi estabelecida por meio da digitalização da Carta Topográfica IBGE – Patos de Minas (SE. 23 – Y –A –VI), conhecimento adquirido em campo e na análise da imagens de satélite dos Sensores Rapideye e Landsat. Também imagens do Software Google Earth foram utilizadas na representação das áreas. No software ArcMap 10.1 foram definidos os meios de análise do uso e ocupação da bacia bem como das áreas que ainda possuem a vegetação natural.

Posteriormente realizou-se, por meio da ferramenta Buffer (arctollbox> analysis tools> proximity>

buffer) no ArcMap, a definição da área de preservação permanente em cada curso fluvial. Para tanto

delimitou-se um espaçamento de 30 metros para cada margem e 50 metros para o raio das nascentes. Uma vez estabelecidas estas condições o cruzamento com o mapa de uso e ocupação, revelou a invasão das faixas de preservação permanente. Obtendo-se a relação entre o tamanho das áreas preservadas com as áreas ocupadas indevidamente, considerando os tipos de uso invasores e seu potencial de produção de sedimentos, conforme a literatura especializada.

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Resultados e Discussões.

Na bacia de estudo foram identificadas 11 classes de uso e ocupação da terra (tabela 1). Entre estes perfis de ocupação a vegetação nativa responde por 33,3 % da área, incluso as áreas de preservação permanente e reservas legais. A diferença entre estes ambientes se dá nas condições previstas pelo Código Florestal Brasileiro. Assim as reservas legais são áreas localizadas nas propriedades rurais voltadas ao uso sustentável de recursos naturais, ali são passivos de serem realizados planos de conservação e reabilitação ecológicos. Já as Áreas de Preservação Permanente (APP’s) não podem abrigar atividades econômicas, tendo por principal objetivo a proteção dos recursos hídricos, da paisagem, a estabilidade geológica e pedológica, a biodiversidade e o bem- estar das populações humanas. Os outros usos, tanto agrícolas quanto urbanos, expressão o alto grau de ocupação da bacia e consequente pressão sobre os recursos naturais, de modo especial os hídricos.

Tabela 1: Classes de uso e ocupação com suas áreas.

Classe Área (Km²) Porcentagem

Cult. Tempoária 8 9,3

Cafeicultura 22,3 25,9

Pastagem 19 22,1

Cascalheira 0,38 0,4

Fruticultura 0,16 0,2

Horticultura 0,8 0,9

Silvicultura 0,75 0,9

Solo exposto 0,8 0,9

Urbano 5 5,8

Vegetação 28,6 33,3

Viveiro 0,21 0,2

Total 86 100,0

Fonte: Autores (2015)

Estas tipologias de uso do solo acabam por conflitar com setores (faixas marginais) que deveriam proteger os cursos d’água. O mapa 1 apresenta justamente as APP’s que estão pressionadas por usos inadequados do solo para aqueles setores. Foram identificados 4 tipos de usos nesta situação: área urbana, cafeicultura, culturas temporárias e pastagens. Entre as culturas temporárias estão o milho e o feijão que apresentam, segundo Silva et Al (2007), grandes potenciais para as perdas de solos. Nas pastagens o problema do movimento dos animais de grande porte, que causam a compactação do solo, permite a concentração do fluxo da água precipitada. Na área em estudo o gado alcança alguns canais fluviais causando desmoronamento de margens (figura 1). Para o avanço da mancha urbana, a concentração do fluxo de água, proveniente das construções e das ruas asfaltadas, atinge os cursos fluviais com grande intensidade provocando erosões nas margens e adjacências.

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Mapa 1: Relação de uso e ocupação do solo indevida em áreas de preservação permanente, na bacia do alto curso do rio Dourados.

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Figura 1: Margem desprotegida com caminho criado por gado. Fonte: Silva (2014)

A Tabela 2 relaciona as APP’s, para cada canal fluvial, com a respectiva porcentagem de seus espaços degradados. A análise de cada canal permite identificar aquelas que sofreram maiores impactos e quais os tipos de uso são os mais comuns nestes cenários. O córrego da Lavrinha apresenta 12% de sua Área de Preservação Permanente comprometida por atividades rurais, principalmente a criação de gado que acarreta problemas com a formação de caminhos preferenciais para o fluxo superficial. O córrego Preto possui 14,2% ou 0,074 km² de ocupação indevida. A principal forma de intervenção são as pastagens, mas também são encontrados alguns pontos com interferência de cultura temporária. Em campo foi possível registrar um sistema de criação de porcos soltos, os animais transitam dentro do canal, causando danos a este e as margens.

Tabela 2: Degradação nas Faixas Marginais de preservação dos cursos fluviais.

Curso fluvial Comprimento dos canais (km)

Tamanho previsto para a Faixa marginal

(km²)

Área degradada (km²)

Área degradada

(%)

Estiva 14,06 0,844 0,131 15,5

Tamanduá 1,41 0,085 0,012 14,5

Taquara 13,6 0,816 0,253 31

Cava 6,12 0,367 0,122 33,3

Ponte alta 4,64 0,278 0,049 17,6

Lavrinha 3,2 0,192 0,023 12

Preto 8,7 0,522 0,074 14,2

Total 51,73 3,104 0,664 21,4

Fonte: Autores (2015)

Já córrego Tamanduá tem 14,5% de sua APP comprometida por atividade irregular, neste caso o avanço da mancha urbana é o principal problema. Outro problema é a condição da vegetação natural, incêndios constantes diminuem a capacidade de manter a proteção das margens. Para Tucci (2006) áreas de avanço urbano são problemáticas do ponto de vista da produção de sedimentos:

Durante o desenvolvimento urbano, o aumento dos sedimentos produzidos pela bacia hidrográfica é significativo, devido às construção de ruas, avenidas e rodovias entre outras

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seguintes: (a) assoreamento das seções da drenagem, com redução da capacidade de escoamento de condutos, rios e lagos urbanos.... (TUCCI;MENDES, 2006, p.26)

O córrego da Estiva apresenta uma extensão de cerca de 14 quilômetros. Dos 0,844 km² de faixa marginal, 0,131 km² foram ocupados principalmente por pastagens. Por meio de trabalho de campo realizou-se correções no mapa final, pois em alguns setores o canal esta fora dos resquícios de vegetação nativa, estando oculto, por branquearia, para a modalidade de avaliação em imagens de satélite.

Por sua vez o córrego Ponte Alta apresenta 17,6% da faixa de preservação alterada, sendo as lavouras temporárias a principal atividade invasora. Também são problemáticas as vertentes íngremes na região de sua nascente, com setores desprotegidos, que ficam a mercê do escoamento superficial. O córrego da Taquara possui 31% de suas faixas de preservação comprometidas por pastagem, lavouras temporárias ou cafeicultura, também resquícios de silvicultura são identificados.

Deste modo os 0,253 km² de área não preservada constituem o maior setor com degradação de margens. Não por acaso o córrego Taquara apresenta o maior quantidade de margens deterioradas e problemas com erosão e assoreamento.

Já o córrego da Cava tem cerca de 6,12 quilômetros de extensão e 0,367 km² de faixas de preservação, onde cerca de 0,122 km² ou 33,3% estão comprometidos por ocupações impróprias.

São principalmente problemas com pastagem e lavouras temporárias que repetem a mesma configuração encontrada no córrego da Taquara, com margens expostas e animais com acesso ao curso fluvial.

As áreas irregulares nesta bacia são resultado de atividades antigas, como aponta Silva (2014), o esfacelamento de propriedades grandes em pequenos sítios dificulta ainda mais a organização do espaço e a correção das áreas que, muitas vezes em desacordo com a lei, apresentam trechos de canais fluviais sem qualquer proteção.

A proteção das margens de canais pequenos é essencial, como sugere Silva et al (2007), a vegetação contribui para a redução da velocidade do escoamento superficial que pode causar danos as margens do canal, ela também reduz a concentração deste fluxo podendo gerar ainda dispersão do mesmo. Assim os picos de cheia em canais fluviais seriam menores e problemas como solapamento das margens e arraste de materiais grosseiros seriam menores. Contudo, como observado na figura 2, os problemas persistem.

Figura 2: Confluência dos córregos Lavrinha e Taquara, marcada pela falta de proteção das margens com presença de formas erosivas.

Fonte: Silva (2014)

Na bacia de estudo em alguns pontos já ocorreram o cercamento, para impedir o acesso animais as áreas de preservação, mas o ideal seria a realização de trabalhos de reflorestamento

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conforme a realidade da flora da área em questão. Tais atividades passam pela ação de órgãos públicos e ambientais ligados a região.

Considerações Finais

Nota-se que as margens degradadas contribuem para uma série de problemas para os canais naturais. Elas facilitam o acesso de animais, de grande porte, aos corpos hídricos causando danos as margens. Também o escoamento superficial, concentrado pelos caminhos destes animais, ou os manejos agrícolas, potencializa o transporte de sedimentos ate os córregos. A falta da vegetação diminui o efeito de retenção dos sedimentos que acabam por atingir os canais fluviais em grandes proporções. O conjunto de problemas, relativos a dinâmica hidrossedimentológica destes canais, compromete a qualidade e disponibilidade da água como recurso hídrico para comunidades humanas e o atendimento de demandas ecossistêmicas. A bacia demanda projetos de recuperação e constante acompanhamento das atividades econômicas ali desenvolvidas para um reestabelecimento das faixas marginais e uma melhor conservação dos recursos hídricos.

Agradecimento

O primeiro autor agradece a CAPES pela concessão de bolsa de Doutorado junto ao PPGEO/IG – UFU.

Referencias

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______________ Lei Nº 12.651, DE 25 DE MAIO DE 2012.Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm Acesso em: 15 set, 2013

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Referências

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