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Estimação de estados e análise de erros grosseiros aplicadas a sistemas de monitoramento de ampacidade em tempo real

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ESTIMAC¸ ˜AO DE ESTADOS E AN ´ALISE DE ERROS GROSSEIROS APLICADAS A SISTEMAS DE MONITORAMENTO DE AMPACIDADE EM TEMPO

REAL

Disserta¸c˜ao submetida ao Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Engenharia El´ e-trica para a obten¸c˜ao do Grau de Mes-tre em Sistemas de Energia.

Orientador: Prof. Mauro Augusto da Rosa, PhD.

Florian´opolis 2018

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Fernandes, Samir Walker

Estimação de estados e análise de erros

grosseiros aplicadas a sistemas de monitoramento de ampacidade em tempo real / Samir Walker Fernandes ; orientador, Mauro Augusto da Rosa, 2018.

136 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica, Florianópolis, 2018. Inclui referências.

1. Engenharia Elétrica. 2. Engenharia Elétrica. 3. Ampacidade em tempo real. 4. Estimação de estados. 5. Sistemas de transmissão. I. da Rosa, Mauro Augusto. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica. III. Título.

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Inicialmente gostaria de agradecer aos meus pais Ademir e ˆAngela por terem compartilhado mais esse sonho comigo, tamb´em pelo apoio e amor incondicionais durante toda a vida. Estendo tais agradecimentos a minha irm˜a, Samira, por mesmo longe se fazer presente durante essa caminhada.

Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos aos meus orientadores Mauro Augusto da Rosa e Diego Issicaba pela oportuni-dade oferecida, confian¸ca depositada e pelos valiosos conselhos e con-tribui¸c˜oes na execu¸c˜ao deste trabalho.

Aos professores do Departamento de Engenharia El´etrica pela contribui¸c˜ao em minha forma¸c˜ao. Em especial aos professores Mauro Augusto da Rosa, Erlon Cristian Finardi, Antˆonio Jos´e Alves Sim˜oes da Costa, Roberto de Souza Salgado e Ildemar Cassana Decker.

Aos amigos que fazem do LabPlan um ´otimo ambiente de traba-lho e estudos. Ao Gilseu, Guilherme Fredo e Jos´e Oct´avio, os amigos com os quais compartilhei momentos memor´aveis durante este tempo em Florian´opolis.

A todos integrantes do projeto TECCON II pelo trabalho desen-volvido e conhecimento compartilhado.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient´ıfico e Tecnol´ ogi-co (CNPq) e ao INESC P&D Brasil pelo apoio financeiro fornecido durante a execu¸c˜ao deste trabalho. E a todos que, direta ou indireta-mente, contribu´ıram para a execu¸c˜ao deste trabalho.

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happiness which come only to the man who has found the work that he likes best. (Napoleon Hill)

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Sistemas de monitoramento de ampacidade em tempo real vˆem sendo aplicados para a obten¸c˜ao de informa¸c˜oes acerca da real condi¸c˜ao de opera¸c˜ao de linhas de transmiss˜ao. Tais sistemas baseiam-se na medi¸c˜ao das condi¸c˜oes ambientais, tra¸c˜ao mecˆanica, temperatura do condutor, flecha, campo eletromagn´etico, dentre outras grandezas. Sabe-se que informa¸c˜oes provenientes de sensores s˜ao suscet´ıveis a erros devido a pr´opria sensibilidade e precis˜ao destes e a erros grosseiros causados por sensores defeituosos, problemas de calibra¸c˜ao e at´e mesmo adultera¸c˜oes maliciosas. Desse modo, torna-se necess´ario o desenvolvimento de uma metodologia capaz de identificar tais inconsistˆencias no conjunto de me-didas considerado. Neste contexto, este trabalho apresenta um modelo proposto para aumentar a confiabilidade e seguran¸ca de sistemas de mo-nitoramento da ampacidade em tempo real atrav´es da implementa¸c˜ao de um estimador de estados com capacidade de an´alise de erros grossei-ros. O processo de estima¸c˜ao de estados ´e realizado por meio do m´etodo da matriz aumentada de Hachtel, enquanto que multiplicadores de La-grange normalizados e testes de colinearidade s˜ao utilizados na etapa de an´alise de erros grosseiros. O modelo pode ser aplicado a sistemas base-ados em medi¸c˜ao de tra¸c˜ao mecˆanica, corrente el´etrica, temperatura do condutor, temperatura ambiente, velocidade e dire¸c˜ao de vento, como o sistema do projeto TECCON II. Nesse projeto foi desenvolvido, a n´ıvel de cabe¸ca de s´erie, um isolador polim´erico com classe de isolamento de 230 kV instrumentalizado com sensores de fibra ´optica para a medi¸c˜ao de tra¸c˜ao mecˆanica, corrente el´etrica e temperatura do condutor, a ser utilizado juntamente com uma esta¸c˜ao meteorol´ogica. Simula¸c˜oes de dados a serem adquiridos via sistema TECCON II ressaltam a efetivi-dade do modelo proposto bem como o impacto de erros grosseiros na avalia¸c˜ao da ampacidade de uma linha de transmiss˜ao real, tanto para as condi¸c˜oes de regime permanente t´ermico quanto dinˆamico.

Palavras-chave: Ampacidade em tempo real. Estima¸c˜ao de estados. Sistemas de transmiss˜ao.

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Dynamic line rating monitoring systems have been applied to gather in-formation about the real condition of transmission lines. These systems perform real-time rating assessments based on information related to weather, mechanical tensile force, conductor temperature, sag, electro-magnetic field and other quantities. It is well-known that measurements are susceptible to errors due to sensor accuracy and sensitivity as well as gross errors caused by defective sensors, calibration problems or even malicious tampering. Therefore, the development of a methodology capable of detecting and identifying such bad data in the mentioned measurement set is of interest. In this context, this work introduces a model to increase reliability and safety of dynamic line rating monito-ring systems through the use of state estimator and bad data analysis algorithms. The state estimation process is carried out by Hachtel’s method, while bad data analysis is performed by normalized Lagrange multipliers and collinearity tests. The proposed model can be applied on weather and tension-based systems, such as the system from TEC-CON II project. In this project, a polymeric insulator with 230 kV insulation class has been developed as a prototype to be utilized with a meteorological station. The insulator is instrumented with optical sen-sors to measure mechanical tensile force, conductor temperature and electrical current. The proposed model has been tested with TECCON II simulated data, such that result analysis highlights the effectiveness of the approach as well as the impact of bad data on a real transmission line ampacity evaluation, both for steady and dynamic thermal state conditions.

Keywords: Real-time ampacity. State estimation. Transmission sys-tems.

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Figura 1 Sistema TECCON II. . . 32

Figura 2 Sensor Sonar XPS-40. . . 42

Figura 3 Lindsey TLM. . . 42

Figura 4 Sagometer. . . 43

Figura 5 Instala¸c˜ao do Ampacimon em linha-viva. . . 44

Figura 6 Sistema Power Donut. . . 45

Figura 7 Sistema CAT-1. . . 46

Figura 8 V˜ao Isolado . . . 51

Figura 9 Press˜ao do vento sobre os condutores . . . 56

Figura 10 Balan¸co t´ermico no condutor . . . 59

Figura 11 DLR . . . 76

Figura 12 Modelo de tra¸c˜ao mecˆanica . . . 79

Figura 13 Fluxograma para o c´alculo da corrente em regime per-manente . . . 80

Figura 14 Fluxograma para o c´alculo da temperatura do condutor em regime permanente . . . 81

Figura 15 Modelo t´ermico . . . 81

Figura 16 Evolu¸c˜ao da temperatura do condutor no tempo . . . 103

Figura 17 Temperatura ambiente e corrente el´etrica no per´ıodo de an´alise. . . 103

Figura 18 Dados de vento no per´ıodo de an´alise. . . 104

Figura 19 Temperatura do condutor no per´ıodo de an´alise. . . 105

Figura 20 DLRs obtidos atrav´es dos modelos na ausˆencia de EG. . 107

Figura 21 DLRs na presen¸ca de EG em T02. . . 110

Figura 22 DLRs na presen¸ca de EG em Ta. . . 113

Figura 23 DLRs na presen¸ca de EG em V . . . 114

Figura 24 DLRs na presen¸ca de EG em wdir. . . 115

Figura 25 DLRs na presen¸ca de EG em I. . . 117

Figura 26 DLRs na presen¸ca de EGs em T02 e V . . . 118

Figura 27 DLRs na presen¸ca de EG em Ta e I. . . 119

Figura 28 DLRs na presen¸ca de EGs em T02, V e I. . . 121

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Tabela 1 Temperatura de opera¸c˜ao de linhas . . . 36

Tabela 2 Cargas m´aximas recomendadas para cabos na condi¸c˜ao de trabalho de maior dura¸c˜ao sem dispositivos contra vibra¸c˜ao . . . 49

Tabela 3 Valores para Albedo . . . 62

Tabela 4 Coeficientes para c´alculo da convec¸c˜ao for¸cada em con-dutores encordoados . . . 65

Tabela 5 Coeficientes para c´alculo da convec¸c˜ao natural . . . 66

Tabela 6 Parˆametros de projeto - TECCON II . . . 98

Tabela 7 Tra¸c˜ao no condutor . . . 99

Tabela 8 Parˆametros de linha - Modelo CIGR ´E . . . 100

Tabela 9 Dados e condi¸c˜oes ambientais utilizados nos modelos em regime permanente . . . 100

Tabela 10 Resultados do c´alculo da ampacidade e balan¸co t´ermico em regime permanente . . . 101

Tabela 11 Resultados do c´alculo da temperatura do condutor e ba-lan¸co t´ermico em regime permanente . . . 101

Tabela 12 Medidas processadas . . . 101

Tabela 13 Resultados do monitoramento da temperatura do con-dutor e balan¸co t´ermico em regime transit´orio . . . 102

Tabela 14 Precis˜oes dos sensores . . . 104

Tabela 15 Resultados para a condi¸c˜ao em regime permanente . . . . 106

Tabela 16 Resultados para a condi¸c˜ao em regime permanente . . . . 109

Tabela 17 Resultados da an´alise de um EG em Tc. . . 111

Tabela 18 Resultados da an´alise de um EG em Ta. . . 112

Tabela 19 Resultados da an´alise de um EG em V . . . 113

Tabela 20 Resultados da an´alise de um EG em wdir. . . 115

Tabela 21 Resultados da an´alise de um EG em I . . . 116

Tabela 22 Resultados da an´alise de EGs em V e T02. . . 117

Tabela 23 Resultados da an´alise de EGs em Ta e I . . . 119

Tabela 24 Resultados da an´alise de EGs em T02, V e I . . . 120

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SEE Sistemas de Energia El´etrica LT Linha de Transmiss˜ao

TBE Transmissora Brasileira de Energia OPGW Optical Ground Wire

SCADA Supervisory Control and Data Acquisition SLR Static line rating

AAR Ambient-adjusted rating DLR Dynamic line rating EG Erros grosseiros

MVAP M´ınimos Valores Absolutos Ponderados MQP M´ınimos Quadrados Ponderados

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α0 Angulo entre as tra¸ˆ c˜oes tangente e horizontal α1 Coeficiente de dilata¸c˜ao t´ermica linear do condutor

αS Ganho de calor por efeito Corona

¯

x Vetor de informa¸c˜oes a priori sobre os estados β20 Coeficiente t´ermico do condutor `a 20◦C

cos δ Cosseno do ˆangulo entre R1/2λ e R1/2W S

∆Tc Incremento de temperatura do condutor

δS Declina¸c˜ao do ˆangulo do sol

S Emissividade da superf´ıcie do condutor

S Erros nas medidas e restri¸c˜oes

η Angulo do feixe solar em rela¸ˆ c˜ao ao eixo do condutor ηe Vetor de erros de medi¸c˜ao

γ Densidade do ar

γ0 Angulo do plano da caten´ˆ aria γC Azimute do condutor

γS Azimute do sol

ˆ

u Vari´avel u estimada ˆ

x Vetor de estados estimados ˆ

xd Vetor de estados para a condi¸ao em regime dinˆamico

ˆ

xs Vetor de estados para a condi¸c˜ao em regime permanente λ Vetor de multiplicadores de Lagrange

λt Limiar para detec¸c˜ao de medidas suspeitas

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µf Viscosidade dinˆamica do ar

ρ Massa espec´ıfica do ar σ Desvio padr˜ao

σB Constate de Stefan-Boltzmann

θ Temperatura coincidente

θ1 Temperatura do condutor no estado inicial

θ2 Temperatura do condutor no estado final

ϕ Latitude

A Comprimento do v˜ao ai Comprimento do v˜ao i

aj Comprimento do v˜ao j

Ar Comprimento do v˜ao regulador

Anat Constate de Nusselt para convec¸c˜ao natural

B Constate de Nusselt para convec¸c˜ao for¸cada `a 90◦ C Constante da equa¸c˜ao da caten´aria

c Capacidade t´ermica espec´ıfica do condutor C1 Constante da equa¸c˜ao da caten´aria

ca Capacidade t´ermica do espec´ıfica do alum´ınio

cs Capacidade t´ermica espec´ıfica do a¸co

c20 Capacidade t´ermica espec´ıfica do condutor `a 20◦C

CXC Fator de corre¸c˜ao para o c´alculo da press˜ao nos cabos

d Diˆametro do condutor

d Diˆametro do fio da camada externa do condutor ds Trecho infinitesimal do condutor

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F Radia¸c˜ao solar refletida pelo solo ou albedo f Flecha do condutor

f0 Flecha do condutor sob a a¸c˜ao de ventos fi Flecha do condutor no v˜ao i

fj Flecha do condutor no v˜ao j

fv Press˜ao do vento uniformemente distribu´ıda ao longo do

con-dutor

Fc−g Fra¸c˜ao da energia irradiada pelo condutor que atinge o solo e

arredores

Fsky Fra¸c˜ao da energia do condutor que vai para a atmosfera

GC Fator de corre¸c˜ao para o c´alculo da press˜ao nos cabos

GL Fator de corre¸c˜ao para o c´alculo da press˜ao nos cabos

Gr N´umero de Grashof

h Vetor de fun¸c˜oes relacionando medi¸c˜oes e estados

h(ˆx)d Vetor com as fun¸c˜oes relacionando as medidas aos estados para a condi¸c˜ao em regime dinˆamico

h(ˆx)s Vetor com as fun¸oes relacionando as medidas aos estados para

a condi¸c˜ao em regime permanente HT Matriz Jacobiana de ˆx

HS Altitude solar

hs Distˆancia de seguran¸ca

H(ˆxi)d Matriz Jacobiana para a condi¸c˜ao em regime dinˆamico H(ˆxi)s Matriz Jacobiana para a condi¸ao em regime dinˆamico

I Corrente el´etrica

IB Intensidade de radia¸c˜ao solar direta

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J Soma ponderada dos res´ıduos de medi¸c˜ao ksk Fator de corre¸c˜ao devido ao efeito pelicular

L Comprimento desenvolvido da curva do condutor L1 Comprimento do condutor no estado inicial

L2 Comprimento do condutor no estado final

m Constate de Nusselt para convec¸c˜ao natural m Massa do condutor por unidade de comprimento ma Massa do alum´ınio por unidade de comprimento

ms Massa do a¸co por unidade de comprimento

n Constate de Nusselt para convec¸c˜ao for¸cada `a 90◦ N∗ N´umero do dia do ano

NS N´ıvel de clareza da atmosfera

Nu N´umero de Nusselt

N e N´umeros de estados a serem estimados N m N´umero de medidas processadas

N u0 Constate de Nusselt na ausˆencia de inclina¸c˜ao do condutor

N u90 N´umero de Nusselt para convec¸c˜ao for¸cada `a 90◦

N uβ N´umero de Nusselt para condutores inclinados

N unat N´umero de Nusselt para convec¸c˜ao natural

N uwdir N´umero de Nusselt para convec¸c˜ao for¸cada com mudan¸ca na dire¸c˜ao de vento

P Matriz de covariˆancia das informa¸c˜oes a priori p Peso do condutor

Pc Perda de calor por convec¸c˜ao

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Pi Ganho de calor por efeito Corona

PJ Ganho de calor por efeito Joule

PM Ganho de calor por efeito Mang´etico

Pr Perda de calor por radia¸c˜ao

pr Peso resultante do condutor sob a a¸c˜ao de ventos

PS Ganho de calor por radia¸c˜ao solar

Pw Perda de calor por precipita¸c˜ao

Pcabos Press˜ao nos cabos

Pcore Aquecimento no n´ucleo do condutor

Predis Aquecimento nas camadas do condutor devido a redistribui¸c˜ao

da densidade de corrente P r N´umero de Prandtl

q0 Press˜ao dinˆamica no condutor

R Matriz de covariˆancia dos erros de medi¸c˜ao r Vetor de res´ıduos de medi¸c˜ao

Rs Rugosidade da superf´ıcie do condutor

RAC Resistˆencia em corrente alternada

Rdc Resistˆencia em corrente cont´ınua

Re N´umero de Reynolds S Conjunto suspeito

S Area de se¸´ c˜ao transversal do condutor s Comprimento do condutor

T Conjunto confi´avel

T Tra¸c˜ao tangente `a curva do condutor Ta Temperatura ambiente

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Tc Temperatura m´axima do condutor

Tf Temperatura da pel´ıcula de ar em contato com a superf´ıcie do

condutor

Tg Temperatura do solo abaixo do condutor

T01 Tra¸c˜ao horizontal `a curva do condutor no estado inicial

T02 Tra¸c˜ao horizontal `a curva do condutor no estado final

T0 Tra¸c˜ao horizontal `a curva do condutor

Tavg Temperatura m´edia do condutor

Tsky Temperatura da superf´ıcie acima do condutor

V Velocidade de vento

vf Viscosidade cinem´atica do ar

Vp Vento de projeto

W Matriz de covariˆancia dos multiplicadores de Lagrange norma-lizados

WS Informa¸c˜oes suspeitas em W

WT Informa¸c˜oes confi´aveis em W

wdir Dire¸c˜ao de vento

x Comprimento entre o v´ertice e um ponto de abscissa na curva do condutor

x Vetor de estados y Altitude

Z Angulo da hora do solˆ z Vetor de medi¸c˜ao

zd Vetor de medidas para a condi¸ao em regime dinˆamico

zs Vetor de medidas para a condi¸c˜ao em regime permanente Zm Tangente das tra¸c˜oes no condutor

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1 INTRODUC¸ ˜AO . . . 29 1.1 OBJETIVOS . . . 32 1.1.1 Objetivo geral . . . 32 1.1.2 Objetivos espec´ıficos . . . 33 1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAC¸ ˜AO . . . 33 2 REVIS ˜AO DO ESTADO DA ARTE . . . 35 2.1 MONITORAMENTO DA AMPACIDADE EM TEMPO

REAL . . . 35 2.1.1 Ampacidade em tempo real . . . 37 2.1.2 Sistemas DLR . . . 40 2.2 COMPORTAMENTO MEC ˆANICO DO CONDUTOR . . . 47 2.2.1 Equacionamento da flecha do condutor . . . 50 2.2.2 Equacionamento da mudan¸ca de estado . . . 53 2.3 COMPORTAMENTO T ´ERMICO DO CONDUTOR . . . . 57 2.3.1 Equacionamento dos ganhos de calor no condutor . 61 2.3.2 Equacionamento das perdas de calor no condutor . 64 2.4 ESTIMAC¸ ˜AO DE ESTADOS . . . 67 2.4.1 M´etodo da matriz aumentada de Hachtel . . . 70 2.4.2 An´alise de erros grosseiros . . . 72 2.5 S´INTESE DO CAP´ITULO . . . 74 3 ABORDAGEM PROPOSTA . . . 75 3.1 AMPACIDADE EM TEMPO REAL . . . 75 3.1.1 Modelo de Tra¸c˜ao Mecˆanica . . . 77 3.1.2 Modelo T´ermico . . . 79 3.2 ESTIMADOR DE ESTADOS DEDICADO . . . 81 3.2.1 Formula¸c˜ao dos Estimadores de Estados . . . 82 3.2.2 An´alise de Erros Grosseiros . . . 93 3.3 S´INTESE DO CAP´ITULO . . . 94 4 SIMULAC¸ ˜OES E RESULTADOS . . . 97 4.1 VALIDAC¸ ˜AO DA MODELAGEM . . . 97 4.1.1 Modelo de Tra¸c˜ao Mecˆanica . . . 97 4.1.2 Modelo T´ermico . . . 99 4.2 DESCRIC¸ ˜AO DO ESTUDO DE CASO . . . 102 4.3 SIMULAC¸ ˜AO DA OPERAC¸ ˜AO DA LT NA AUS ˆENCIA

DE EG . . . 105 4.4 SIMULAC¸ ˜AO DETALHADA DA OPERAC¸ ˜AO DA LT

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4.6 AN ´ALISE DA OPERAC¸ ˜AO DA LT NA PRESENC¸ A DE EGS EM REGIME DIN ˆAMICO . . . 121 4.7 S´INTESE DO CAP´ITULO . . . 124 5 CONSIDERAC¸ ˜OES FINAIS . . . 127 5.1 CONCLUS ˜OES . . . 127 5.2 SUGEST ˜OES DE TRABALHOS FUTUROS . . . 130 REFER ˆENCIAS . . . 131

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1 INTRODUC¸ ˜AO

A necessidade de reduzir as emiss˜oes de gases de efeito estufa aliada `a crescente demanda de energia el´etrica da sociedade atual co-locam uma press˜ao cada vez maior nos respons´aveis pelo planejamento e opera¸c˜ao dos Sistemas de Energia El´etrica (SEE), os quais devem oferecer seguran¸ca e confiabilidade no atendimento da demanda e per-mitir, sempre que poss´ıvel, a integra¸c˜ao das fontes renov´aveis de energia em larga escala. A expans˜ao na utiliza¸c˜ao das fontes renov´aveis e sua inser¸c˜ao em larga escala devem desempenhar um papel fundamental na moderniza¸c˜ao dos SEE e na composi¸c˜ao das matrizes energ´eticas futuras.

Sistemas de transmiss˜ao seguros, confi´aveis, facilmente reconfi-gur´aveis e adapt´aveis a novas situa¸c˜oes ser˜ao necess´arios a fim de possi-bilitar a alta penetra¸c˜ao de fontes alternativas nos SEE. A transmiss˜ao de energia ´e um dos pilares das economias industrializadas, sendo o fomento de investimento em sua infraestrutura uma das prioridades de uma na¸c˜ao, pois possibilita a utiliza¸c˜ao de novos recursos de gera¸c˜ao alternativa, redu¸c˜ao de custos de energia, melhorias nos ´ındices de confi-abilidade, seguran¸ca e disponibilidade, al´em de gerar empregos e outros benef´ıcios.

As redes de transmiss˜ao s˜ao projetadas para operar sob condi¸c˜oes normais e de emergˆencia, sendo limitadas, geralmente, pela ampacidade de suas linhas de transmiss˜ao (LT). O termo ampacidade corresponde `a m´axima corrente que pode fluir pela LT, sob determinada temperatura m´axima de opera¸c˜ao do condutor, sem que ocorram danos a este ou vi-ola¸c˜oes de crit´erios de seguran¸ca estabelecidos em normas t´ecnicas. Os cabos condutores de uma LT a´erea est˜ao sujeitos a influˆencia de fato-res ambientais, tais como varia¸c˜oes de temperatura ambiente, radia¸c˜ao solar e a¸c˜ao de ventos atmosf´ericos (velocidade e dire¸c˜ao), que junta-mente com os fatores el´etricos e mecˆanicos influenciam a ampacidade de uma LT (CHECA, 1988;FUCHS; ALMEIDA, 1992;ANJOS, 2013).

Como apresentado por Wang e Pinter (2014), a ampacidade pode ser especificada segundo trˆes metodologias: static, ambient-adjusted ou dynamic, sendo sua diferen¸ca relacionada a hip´oteses de condi¸c˜oes am-bientais de temperatura ambiente, radia¸c˜ao solar, bem como velocidade e dire¸c˜ao de vento. Quando determinada utilizando-se condi¸c˜oes am-bientais fixas, static, a ampacidade ´e estabelecida sob uma perspectiva conservadora na qual considera-se uma velocidade de vento reduzida e elevados valores de temperatura e radia¸c˜ao solar, o que nem sempre

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condiz com a real condi¸c˜ao de opera¸c˜ao de uma LT.

A utiliza¸c˜ao das metodologias ambient-adjusted e dynamic para o c´alculo da ampacidade possibilita uma explora¸c˜ao mais realista da ca-pacidade operativa da LT. A primeira permite o ajuste dos limites ope-racionais de acordo com intervalos de tempo determinados (esta¸c˜oes, por exemplo), enquanto a segunda propicia a utiliza¸c˜ao de dados em tempo real, habilitando o operador a utilizar capacidade adicional, quando poss´ıvel. Sistemas de monitoramento em tempo real de LTs em-pregam a metodologia dynamic com o objetivo de estabelecer a m´axima corrente admiss´ıvel para um determinado tempo `a frente (20 minutos, por exemplo).

Desenvolvimentos de sistemas de monitoramento e controle da rede vˆem sendo utilizados para antecipar, detectar e solucionar proble-mas rapidamente, de modo a minimizar as interrup¸c˜oes de energia e tornar a rede mais segura e confi´avel. De acordo com Sakagami (2010), desde o in´ıcio da d´ecada de 1980 avan¸cos tecnol´ogicos em instrumen-tos de medi¸c˜ao e telecomunica¸c˜ao tˆem contribu´ıdo para o monitora-mento em tempo real das LTs. Instrumonitora-mentos e metodologias utilizadas para medi¸c˜ao da ampacidade vˆem sendo introduzidos no mercado nas ´

ultimas d´ecadas. Esses sistemas, na maioria das vezes, estabelecem a ampacidade em tempo real baseados no monitoramento das condi¸c˜oes ambientais, da distˆancia condutor-solo (clearance, em inglˆes) e da tem-peratura do condutor, que pode ser obtida de forma direta ou indireta. A utiliza¸c˜ao de sistemas de monitoramento da ampacidade apre-senta vantagens para a opera¸c˜ao em tempo real, pois al´em de ratificar a condi¸c˜ao de opera¸c˜ao da LT, tamb´em possibilita aumentos em seu n´ıvel de carregamento, quando poss´ıvel, sem decr´escimo da confiabilidade operacional, como apresentado em (WANG; PINTER, 2014; DOUGLASS et al., 2016).

Todavia, sabe-se que medidas obtidas por meio de sensores s˜ao suscet´ıveis a erros devido a pr´opria sensibilidade e precis˜ao destes e a erros grosseiros causados por sensores defeituosos, problemas de ca-libra¸c˜ao e at´e mesmo adultera¸c˜oes maliciosas, o que pode acarretar em informa¸c˜oes errˆoneas por parte dos sistemas de monitoramento e at´e mesmo blackouts devido a desconex˜ao desnecess´aria de uma LT estrat´egica para um SEE.

Dessa forma, nesta disserta¸c˜ao vislumbrou-se a possibilidade de monitoramento de vari´aveis correspondentes a condi¸c˜oes operativas de LTs atrav´es do processamento de medidas in loco. Neste contexto, foi proposto o desenvolvimento de uma metodologia composta de um estimador de estados, com an´alise de erros grosseiros, capaz de

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relaci-onar as condi¸c˜oes mecˆanicas, el´etricas e t´erminas `as quais as LTs s˜ao submetidas. A metodologia proposta torna o processo de estima¸c˜ao da ampacidade em tempo real mais robusto, seguro e confi´avel, visto que a presen¸ca de erros grosseiros no conjunto de medidas ´e detectada e a me-dida esp´uria ´e identificada. Finalmente, ressalta-se que tal metodologia ser´a empregada em um m´odulo de monitoramento em tempo real de LTs no ˆambito de um projeto de pesquisa e desenvolvimento chamado TECCON II, Tecnologia de sensores em fibra ´otica para supervis˜ao, controle e prote¸c˜ao de sistemas de energia el´etrica.

De modo a desenvolver solu¸c˜oes para a ´area de engenharia de controle e monitoramento de LTs, criou-se o projeto TECCON II, um projeto de pesquisa executado pelo INESC P&D Brasil em colabora¸c˜ao com oito universidades brasileiras, e enquadrado no programa de Pes-quisa e Desenvolvimento da Transmissora Brasileira de Energia (TBE), no qual visa-se aumentar a eficiˆencia, confiabilidade e seguran¸ca de LTs utilizando sistemas sensores baseados em fibra ´optica. No projeto TEC-CON II foi realizado o desenvolvimento, a n´ıvel de cabe¸ca de s´erie, de um isolador polim´erico com classe de isolamento de 230 kV instrumen-talizado com sensores em fibra ´optica para medi¸c˜ao de tra¸c˜ao, corrente e temperatura de condutor, juntamente com um sistema supervis´orio com interface web.

A Figura 1 ilustra a estrutura da solu¸c˜ao desenvolvida no pro-jeto TECCON II, sendo esta composta por: sensor ´optico de tra¸c˜ao mecˆanica instalado no isolador de ancoragem, transformador ´optico de corrente e sensor ´optico de temperatura montados no isolador de sus-pens˜ao, pain´eis solares, esta¸c˜ao meteorol´ogica e terminal de aquisi¸c˜ao de dados instalados em torre, e servidor instalado em uma subesta¸c˜ao pr´oxima. Os dados obtidos in loco s˜ao enviados via cabo OPGW (Optical Ground Wire) ao servidor respons´avel por realizar as devidas an´alises e disponibilizar informa¸c˜oes relevantes a um sistema SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition).

A aplica¸c˜ao da metodologia proposta neste trabalho ao projeto TECCON II ´e de grande valia para o monitoramento em tempo real de LTs a´ereas, visto que, a partir das informa¸c˜oes obtidas pelo sistema torna-se poss´ıvel a verifica¸c˜ao das condi¸c˜oes reais de opera¸c˜ao da LT. Al´em disso, atrav´es dos processos de estima¸c˜ao de estados e an´alise de erros grosseiros pode-se determinar se h´a ou n˜ao inconsistˆencias nas medidas adquiridas, sendo que, em caso afirmativo as medidas errˆoneas s˜ao expurgadas e substitu´ıdas por valores estimados. Finalmente, a partir do conjunto de medidas estimadas pode-se, com maior seguran¸ca e confiabilidade, aplicar m´etodos para a determina¸c˜ao da ampacidade

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Figura 1: Sistema TECCON II.

Ferramenta Computacional Dedicada Estimação de Estados & Análise de Erros Grosseiros Estimação de Estados & Análise de Erros Grosseiros Ampacidade em tempo real IEC 61850 Aquisição de dados Painel Solar Temp Amb Vel. Vento Dir. Vento Tração Corrente Temp. cond Sensor de corrente e temperatura IEC 61850 Aquisição de dados Painel Solar Temp Amb Vel. Vento Dir. Vento Tração Corrente Temp. cond Sensor de corrente e temperatura Torre Subestação S C A D A Sensor de tração OPGW em tempo real. ´

E v´alido ressaltar que a proposta de concep¸c˜ao de um estima-dor de estados com an´alise de erros grosseiros capaz de relacionar as condi¸c˜oes el´etricas, t´ermicas e mecˆanicas `as quais uma LT est´a sub-metida ´e nova na literatura, o que representa uma oportunidade de contribui¸c˜ao para o meio acadˆemico, sem mencionar a possibilidade de sua efetiva utiliza¸c˜ao no setor el´etrico como uma interface entre siste-mas de monitoramento de LT e softwares em centros de opera¸c˜ao. Por fim, o desenvolvimento de uma metodologia para monitoramento da ampacidade em tempo real que utiliza dados mais confi´aveis torna tal monitoramento mais robusto e seguro.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O principal objetivo deste trabalho ´e desenvolver uma metodo-logia a ser aplicada em sistemas de monitoramento da ampacidade em tempo real que coletam informa¸c˜oes sobre as condi¸c˜oes t´ermicas, el´etrica e mecˆanica de LTs. A proposta inclui o desenvolvimento de um estimador de estados, com capacidade de an´alise de erros grossei-ros, capaz de processar medidas em tempo real de tra¸c˜ao, corrente, temperatura do condutor e dados ambientais obtidos in loco.

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1.1.2 Objetivos espec´ıficos

Dentre os objetivos espec´ıficos, destacam-se:

• Levantamento dos diversos tipos de sistemas de monitoramento da ampacidade em tempo real atualmente dispon´ıveis e seus fun-damentos de aplica¸c˜ao;

• Desenvolvimento de uma metodologia para estimar os estados de LTs a ser aplicada em sistemas de monitoramento da ampacidade em tempo real baseados na medi¸c˜ao das condi¸c˜oes ambientais, el´etrica e mecˆanica;

• Implementa¸c˜ao de uma rotina para detec¸c˜ao e identifica¸c˜ao de erros grosseiros em conjunto de medidas processadas por um sis-tema de monitoramento;

• An´alise de casos de simula¸c˜ao da metodologia proposta para uma LT real.

1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAC¸ ˜AO

Al´em deste cap´ıtulo de introdu¸c˜ao, a presente disserta¸c˜ao est´a organizada da seguinte maneira:

No Cap´ıtulo 2 apresenta-se a revis˜ao do estado da arte do pro-blema abordado, que inclui o monitoramento da ampacidade em tempo real, os estudos dos comportamentos mecˆanico e t´ermico dos conduto-res e fundamentos de estima¸c˜ao de estados. Tal cap´ıtulo tem como foco principal apresentar a fundamenta¸c˜ao te´orica utilizada neste trabalho. No Cap´ıtulo 3 descreve-se a metodologia para c´alculo da ampa-cidade em tempo real utilizada. Al´em disso, exp˜oe-se os modelos de tra¸c˜ao mecˆanica e t´ermico. Por fim, apresenta-se o modelo proposto que combina os modelos anteriores na concep¸c˜ao do estimador de esta-dos com capacidade de an´alise de erros grosseiros. Tal cap´ıtulo tem por objetivo a jun¸c˜ao dos t´opicos descritos no Cap´ıtulo 2 para a realiza¸c˜ao da formula¸c˜ao e modelagem do problema.

No Cap´ıtulo 4 exibe-se os resultados obtidos com a aplica¸c˜ao das modelagens descritas no Cap´ıtulo 3. Inicialmente, apresenta-se a valida¸c˜ao dos modelos de tra¸c˜ao e t´ermico. Em seguida, descreve-se um estudo de caso relacionado `as condi¸c˜oes do projeto TECCON II. Ademais, demonstra-se o processo de solu¸c˜ao no qual considera-se

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as medidas perfeitas, ou seja, na ausˆencia de erros grosseiros, seguido de um caso detalhado na formula¸c˜ao em regime permanente t´ermico, para um erro grosseiro simples. Por fim, apresentam-se os resultados obtidos para as formula¸c˜oes em regime permanente t´ermico e dinˆamico para diferentes erros grosseiros no conjunto de medidas. Este cap´ıtulo tem o intuito de exibir as solu¸c˜oes obtidas atrav´es da implementa¸c˜ao dos modelos descritos anteriormente.

Finalmente, no Cap´ıtulo 5 apresentam-se as considera¸c˜oes finais do presente trabalho, incluindo conclus˜oes sobre os resultados obtidos e sugest˜oes para trabalhos futuros.

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2 REVIS ˜AO DO ESTADO DA ARTE

O presente cap´ıtulo tem como objetivo a apresenta¸c˜ao da fun-damenta¸c˜ao te´orica deste trabalho. Haja vista que a proposta desta disserta¸c˜ao envolve o desenvolvimento de uma metodologia composta por um estimador de estados, com capacidade de an´alise de erros gros-seiros, que relaciona as caracter´ısticas mecˆanicas, t´ermicas e el´etricas de LTs para aplica¸c˜ao em sistemas de monitoramento da ampacidade, torna-se necess´aria a abordagem dos seguintes t´opicos: monitoramento da ampacidade em tempo real, comportamento mecˆanico e t´ermico do condutor e estima¸c˜ao de estados.

Inicialmente s˜ao apresentadas considera¸c˜oes acerca do monitora-mento da ampacidade em tempo real bem como aplica¸c˜oes e exemplos de tais sistemas. Em seguida, ´e apresentado o estudo do comporta-mento mecˆanico do condutor e os equacionamentos necess´arios para a obten¸c˜ao da equa¸c˜ao de mudan¸ca de estado. Al´em disso, o estudo do comportamento t´ermico do condutor e considera¸c˜oes sobre os modelos s˜ao abordados. Por fim, s˜ao apresentados os temas de estima¸c˜ao de estados e an´alise de erros grosseiros, seguidos da s´ıntese do cap´ıtulo.

2.1 MONITORAMENTO DA AMPACIDADE EM TEMPO REAL

As LTs s˜ao caracterizadas pelos seguintes parˆametros: resistˆencia s´erie, que representa as perdas por efeito Joule provocadas pela cor-rente que percorre o condutor; indutˆancia s´erie, que representa o campo magn´etico criado pela corrente que flui pela linha; condutˆancia em de-riva¸c˜ao, a qual representa as perdas por efeito Joule devido a diferen¸ca de potencial no meio que circunda os condutores; e capacitˆancia em deriva¸c˜ao, que representa o campo el´etrico resultante da diferen¸ca de potencial entre os condutores. Ademais, as linhas podem ser classifica-das segundo seus comprimentos, sendo essas curtas (at´e 80 km), m´edias (80 - 240 km) e longas (acima de 240 km) (SAADAT, 1999).

A capacidade de uma linha longa em extra-alta-tens˜ao, por exem-plo, ´e determinada por sua potˆencia natural (SIL, Surge Impedance Loa-ding), limites de queda de tens˜ao ou por limite de estabilidade. Por sua vez, linhas curtas em alta tens˜ao tˆem suas capacidades estabelecidas, normalmente, por limites t´ermicos (SAADAT, 1999).

Como mencionado anteriormente, altera¸c˜oes nas condi¸c˜oes am-bientais e corrente influenciam a temperatura de opera¸c˜ao do condutor

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e consequentemente a ampacidade da linha. Eleva¸c˜oes na temperatura de opera¸c˜ao do condutor provocam aumento na magnitude da flecha do condutor, o que diminui a distˆancia de seguran¸ca, que por sua vez tamb´em ´e fator limitante no c´alculo da ampacidade (WANG; PINTER, 2014).

A Tabela 1 apresenta as temperaturas de opera¸c˜ao, para as condi¸c˜oes em regime permanente e em emergˆencia, de LTs utilizadas por algumas empresas do setor el´etrico brasileiro. Tais temperaturas s˜ao normalmente definidas segundo estudos econˆomicos e baseadas na experiˆencia das empresas (MORAES, 2013).

Tabela 1: Temperatura de opera¸c˜ao de linhas

Empresas Temperatura de projeto (◦C) Temperatura de emergˆencia (◦C) CEMIG 60 75 LIGHT 55 100 ELETRONORTE 70a 90 COPEL 55 75 ELETROSUL 70b 90 CESP 60c 90 FURNAS 60 90 CEEE 50 60 Fonte: Camargo (2009) aUsa tamb´em 60

C e 80◦C para temperatura de projeto e 100◦C para emergˆencia;

bUsa tamb´em 65◦ C; c

Usa tamb´em 70◦C.

A ampacidade de uma LT ´e definida por meio de modelos que consideram o balan¸co t´ermico do condutor e depende da forma que as condi¸c˜oes ambientais (temperatura ambiente, radia¸c˜ao solar, veloci-dade e dire¸c˜ao de vento) s˜ao levadas em considera¸c˜ao. H´a trˆes tipos de limites distintos utilizados na determina¸c˜ao da ampacidade: static line rating (SLR), para condi¸c˜oes ambientais especificadas, ambient-adjus-ted rating (AAR), para varia¸c˜oes de condi¸c˜oes por per´ıodos espec´ıficos e dynamic line rating (DLR), para varia¸c˜oes em tempo real (WANG; PINTER, 2014).

A ampacidade de uma LT dada por SLR ´e definida considerando-se as condi¸c˜oes ambientais como constantes. De acordo com Douglass (1988), Wang e Pinter (2014), as hip´oteses utilizadas em sua deter-mina¸c˜ao s˜ao conservadoras e baseadas no pior caso de opera¸c˜ao (baixa

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velocidade dos ventos, alta radia¸c˜ao solar e alta temperatura ambi-ente). Al´em disso, sup˜oe-se que tais condi¸c˜oes ocorrem simultanea-mente. Tendo em vista que o SLR n˜ao ´e atualizado com frequˆencia, a ampacidade real da LT pode ser maior, salvas as exce¸c˜oes, que a estabelecida via metodologia SLR.

Como descrito por Wang e Pinter (2014) em um estudo condu-zido nos Estados Unidos, tˆem-se condi¸c˜oes em per´ıodos de carga pesada, no final da tarde, por exemplo, em que o sistema pode aparentar estar operando no limite ou pr´oximo a este. No entanto, como nesse hor´ario h´a ventos em velocidades superiores ao resto do dia, ´e poss´ıvel que a real ampacidade da LT esteja acima do limite estabelecido pelo SLR. Todavia, tamb´em h´a condi¸c˜oes de opera¸c˜ao nas quais os ventos podem estar com velocidades inferiores `as adotadas para os c´alculos do SLR (geralmente entre 0,6 - 1,0 m/s), portanto a ampacidade pode estar abaixo do valor estabelecido por SLR.

Em casos onde h´a diferen¸cas significativas na temperatura am-biente os limites operacionais podem ser ajustados atrav´es do uso da metodologia AAR a cada dia, hora ou at´e com maior frequˆencia. Em Nova Iorque, por exemplo, durante o ver˜ao a temperatura ambiente m´axima utilizada para c´alculos da ampacidade ´e de 35◦C, por´em caso a previs˜ao para o dia seguinte seja de 25◦C os AARs podem ser ajus-tados e a ampacidade aumentada em at´e 10%. Contudo, esse ajuste pode n˜ao ser condizente com a real condi¸c˜ao de opera¸c˜ao, pois admite varia¸c˜oes apenas na temperatura ambiente, desconsiderando altera¸c˜oes de velocidade do vento e de radia¸c˜ao solar (WANG; PINTER, 2014).

2.1.1 Ampacidade em tempo real

A inser¸c˜ao de novas fontes de gera¸c˜ao juntamente com o aumento de cargas faz com que o sistema de transmiss˜ao opere com maior incer-teza na demanda, o que pode levar ao sobrecarregamento de suas LTs. Essas sobrecargas podem ser gerenciadas pelos operadores do sistema por meio do pre¸co marginal, implicando assim ao pagamento de taxa devido a sua ocorrˆencia. Por conseguinte, tal fato levanta preocupa¸c˜oes em rela¸c˜ao a confiabilidade e a seguran¸ca, pois altera as margens ope-racionais da LT (WANG; PINTER, 2014).

Tendo em vista quest˜oes t´ecnicas e ambientais envolvendo a cons-tru¸c˜ao de novos corredores para LTs a´ereas e a necessidade de atender a demanda crescente de energia el´etrica, empresas de transmiss˜ao de energia tˆem buscado novas tecnologias e m´etodos para melhorar a

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uti-liza¸c˜ao de seus ativos, como por exemplo, a an´alise da ampacidade em tempo real.

Segundo Wang e Pinter (2014) e Douglass et al. (2016), sistemas para monitoramento da ampacidade em tempo real podem ser aplicados para mitigar ou at´e evitar problemas de sobrecarregamento de LTs. Tais sistemas s˜ao normalmente descrito na literatura como Dynamic Line Rating System, Dynamic Thermal Rating System ou Real Time Thermal Rating System. Para fins de defini¸c˜ao, nesta disserta¸c˜ao os termos “sistemas DLR” ser˜ao utilizados para se referir a sistemas de monitoramento da ampacidade em tempo real. Por meio da aplica¸c˜ao de sistemas DLR torna-se poss´ıvel a utiliza¸c˜ao de dados reais, o que permite ao operador otimizar a utiliza¸c˜ao da rede de transmiss˜ao sob condi¸c˜oes reais de opera¸c˜ao (MICHIORRI et al., 2015)

Sistemas DLR utilizam dados clim´aticos ou esta¸c˜oes meteorol´ ogi-cas para medi¸c˜ao das condi¸c˜oes ambientais (velocidade e dire¸c˜ao de vento, radia¸c˜ao solar e temperatura ambiente). Al´em disso, podem englobar as seguintes medi¸c˜oes ou combina¸c˜oes destas: da flecha do condutor, de temperatura do condutor, dos esfor¸cos de tra¸c˜ao, vibra¸c˜ao, dentre outras. Como na maioria das vezes esses dados s˜ao obtidos in loco, sistemas de comunica¸c˜ao tornam-se necess´arios para envi´a-los at´e o operador de modo a serem utilizados nos sistemas SCADA/EMS, Energy Managment System.

A utiliza¸c˜ao de dados meteorol´ogicos, bem como sua medi¸c˜ao, deve ser realizada com cautela devido `a grande varia¸c˜ao que sofrem ao longo do tra¸cado da LT (especialmente de velocidade e dire¸c˜ao de vento). Abordagens probabil´ısticas podem ser utilizadas para ajustar os dados coletados em determinado local visando aplic´a-los `a LT como um todo.

Tecnologias para monitoramento da ampacidade em tempo real vˆem sendo utilizadas desde os anos 80 e tˆem mostrado grande poten-cial, principalmente `a medida que a rede se moderniza. Segundo Jones (2017), tais tecnologias s˜ao uma maneira segura, r´apida e econˆomica para a transi¸c˜ao dos SEE em dire¸c˜ao `a integra¸c˜ao das energias re-nov´aveis devido a sua dependˆencia com as condi¸c˜oes ambientais. Estu-dos realizaEstu-dos em diversas partes do mundo tˆem mostrado vantagens e desafios na aplica¸c˜ao desses sistemas.

Em Cheung e Wu (2016) ´e realizado um estudo de caso da uti-liza¸c˜ao de sistema DLR no despacho em tempo real na opera¸c˜ao de mer-cados. Tal estudo ´e aplicado em um dos maiores sistemas da Am´erica do Norte, com mais de 48 mil LTs. No trabalho, a abordagem proposta possibilitou uma maior economia no despacho com menores problemas

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de congestionamento de LTs e de escassez da reserva, e como um todo, apresentou aumento na eficiˆencia do sistema e do mercado sem com-prometer a confiabilidade.

Gubeljak et al. (2016) apresentam um sistema DLR, que al´em da an´alise da ampacidade em tempo real tamb´em aborda o monitora-mento de gelo nos condutores e disp˜oe de algoritmos para c´alculo da corrente necess´aria para a elimina¸c˜ao da camada de gelo, e de alarmes em seu sistema de supervis˜ao para indicar essa situa¸c˜ao ao operador, prevenindo assim o rompimento do condutor por excesso de gelo, como j´a ocorrido anteriormente.

Cong et al. (2016) relatam a utiliza¸c˜ao de DLR em esquemas de prote¸c˜ao da integridade do sistema no monitoramento de grandes ´areas, especialmente em esquemas de desconex˜ao de geradores. A utiliza¸c˜ao de DLR em tais sistemas mostrou-se vantajosa em termos econˆomicos, pois o aumento na capacidade possibilita uma redu¸c˜ao nas desconex˜oes desnecess´arias da gera¸c˜ao. Al´em disso tamb´em melhora a seguran¸ca do sistema devido a limita¸c˜ao da propaga¸c˜ao dos dist´urbios decorrentes `a desconex˜ao, que podem levar a ocorrˆencia de eventos em cascata e at´e blackouts.

Em Mahmoudian e Yousefi (2012) ´e apresentada uma proposta para estima¸c˜ao das perdas e c´alculo da capacidade de transferˆencia de potˆencia dispon´ıvel, que ´e basicamente o excedente no sistema de transmiss˜ao para atividade comercial futura, considerando-se a an´alise da ampacidade em tempo real nos sistemas testes IEEE 6 e 30 bar-ras. Nesse estudo os autores mostram que a ampacidade em tempo real, quando levada em considera¸c˜ao, torna os c´alculos mais pr´oximos `

a condi¸c˜ao real de opera¸c˜ao.

Khaki et al. (2010) desenvolveram um m´etodo de otimiza¸c˜ao ba-seado no uso de DLR e em programa¸c˜ao linear para minimiza¸c˜ao dos custos de gera¸c˜ao e perdas de transmiss˜ao. Tal m´etodo ´e aplicado em um sistema teste simplificado contendo dois geradores (termel´etrico e hidrel´etrico) e uma carga, sendo o sistema termel´etrico localizado pr´oximo `a carga. De acordo com os resultados apresentados foi poss´ıvel uma maior utiliza¸c˜ao do sistema hidrel´etrico, apesar da distˆancia deste `

a carga, pois fora considerada a real capacidade da LT, implicando as-sim a uma menor utiliza¸c˜ao do sistema termel´etrico e consequentemente redu¸c˜oes de custos e polui¸c˜ao.

Nota-se que a aplica¸c˜ao de sistemas de monitoramento da am-pacidade em tempo real possibilita uma melhor utiliza¸c˜ao dos ativos de transmiss˜ao, pois na maioria dos casos eleva-se a capacidade do sistema, tendo impacto em condi¸c˜oes de sobrecarregamento de LTs,

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contingˆencias, despacho, perdas, prote¸c˜ao, confiabilidade e seguran¸ca. Segundo Douglass et al. (2016), o emprego de sistemas DLR para aumento da ampacidade depende das premissas utilizadas na deter-mina¸c˜ao dessa por SLR. Com a utiliza¸c˜ao de sistemas DLR observa-se ganhos de 5 - 20% na capacidade da LT. Aumentos mais expressivos po-dem ser obtidos por meio da repotencializa¸c˜ao dessas, todavia tal pro-cedimento requer maior investimento e tempo de execu¸c˜ao, enquanto sistemas DLR podem ser port´ateis e flex´ıveis. Dessa forma, tornam-se alternativas vi´aveis a curto prazo para aumento da ampacidade das LTs.

A aplica¸c˜ao de tecnologias de monitoramento da ampacidade em tempo real tamb´em apresenta desafios relevantes como na previs˜ao dos limites em tempo real e na intera¸c˜ao do operador com os sistemas. H´a uma dependˆencia entre a ampacidade em tempo real e as condi¸c˜oes de vento que, por sua vez, podem sofrer altera¸c˜oes r´apidas, o que di-ficulta a previs˜ao para per´ıodos maiores que uma a quatro horas em avan¸co. Tamb´em h´a dificuldade em incorporar, de maneira efetiva, as informa¸c˜oes referentes aos sistemas DLR `as j´a difundidas ferramentas computacionais utilizadas pelos operadores (DOUGLASS et al., 2016).

Al´em dos desafios supracitados, Michiorri et al. (2015) tamb´em aponta limita¸c˜oes nas aplica¸c˜oes envolvendo DLR, tais como: dificul-dade em explorar a capacidificul-dade da rede como um todo, pois diferentes circuitos experimentam diferentes aumentos em suas capacidades ao mesmo tempo; demais limita¸c˜oes da rede, como condi¸c˜oes de falta, va-ria¸c˜oes nos limites de tens˜ao e at´e estabilidade do sistema em alguns casos; impacto nos esquemas de prote¸c˜ao por sobrecorrente, devido `as varia¸c˜oes nas correntes, podendo ser necess´ario o ajuste e/ou inclus˜ao de novos dispositivos. Tamb´em h´a desafios em rela¸c˜ao aos crit´erios e procedimentos utilizados para defini¸c˜ao da linha e do v˜ao cr´ıtico para instala¸c˜ao do sistema DLR, al´em da necessidade em especializar as equipes envolvidas na utiliza¸c˜ao de tais sistemas devido `a falta de ex-periˆencia em operar redes com limites vari´aveis (MICHIORRI et al., 2015).

2.1.2 Sistemas DLR

Estudos acerca da aplica¸c˜ao de sistemas DLR no monitoramento de LTs vˆem sendo desenvolvidos por diversos grupos de pesquisadores, principalmente dos Estados Unidos. H´a dispon´ıveis no mercado di-versos sistemas DLR, cada qual com suas caracter´ısticas, vantagens, aplica¸c˜oes e limita¸c˜oes. Tais sistemas devem atender aos requisitos

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t´ecnicos contidos em (CIGR ´E, 2006) no que diz respeito `a exatid˜ao, sensibilidade e calibra¸c˜ao para medi¸c˜oes de temperatura ambiente, ra-dia¸c˜ao solar, velocidade e dire¸c˜ao do vento.

Na implementa¸c˜ao de sistemas DLR, al´em da preocupa¸c˜ao em rela¸c˜ao `a fidelidade das medi¸c˜oes das condi¸c˜oes ambientais, deve-se dar importˆancia `as especifica¸c˜oes dos parˆametros do condutor e demais particularidades do local em que o sistema ser´a instalado, pois tais dados s˜ao essenciais ao modelo que, por sua vez, deve ser confi´avel e retratar a real condi¸c˜ao de opera¸c˜ao.

Segundo Black e Chisholm (2015), uma importante distin¸c˜ao en-tre os sistemas DLR est´a na forma que suas medidas representam os estados mecˆanico e el´etrico de uma LT, seja para v´arios v˜aos ou para um v˜ao espec´ıfico. Al´em dos dados clim´aticos, esses sistemas podem utilizar medidas de temperatura do condutor diretas ou indiretas, sendo estas obtidas a partir de modelos que consideram medi¸c˜oes de tra¸c˜ao mecˆanica em isoladores de ancoragem, flecha do condutor, distˆancia condutor-solo, campo magn´etico e frequˆencia de vibra¸c˜ao do condutor, por exemplo.

Alguns exemplos de sistemas DLR empregados s˜ao: o Sonar e o TLM (Transmission Line Monitoring ), que avaliam a distˆancia condutor-solo; o Medidor de Caten´aria (Sagometer) e o Ampacimon, que monitoram a flecha do condutor; o Power Donut, que monitora o ˆ

angulo de inclina¸c˜ao do condutor; e o CAT-1, que monitora a tra¸c˜ao no isolador de ancoragem.

O sistema Sonar mede diretamente a distˆancia condutor-solo atrav´es de ondas sonoras. Esse sistema ´e largamente utilizado para o monitoramento de n´ıvel, mas tamb´em pode ser aplicado para deter-mina¸c˜ao da distˆancia condutor-solo. Al´em disso, possui um sensor de temperatura para eventuais ajustes nas medi¸c˜oes devido `as mudan¸cas na velocidade do som (BLACK; CHISHOLM, 2015). A Figura 2 apresenta o sensor SONAR XPS-40 instalado em uma LT da CEMIG.

Nascimento et al. (2001) relatam boa precis˜ao na utiliza¸c˜ao do sistema Sonar no monitoramento da distˆancia condutor-solo de uma LT da CEMIG. Esse sistema, instalado no solo e alimentado por ba-terias recarreg´aveis por placas solares, realiza as medi¸c˜oes, armazena os dados e utiliza um sistema de comunica¸c˜ao via telefonia m´ovel para acesso ao banco de dados em tempo real, que ´e gerenciado pelo sistema computacional desenvolvido para o projeto em quest˜ao. Em Chisholm e Barrett (1989) o Sonar tamb´em ´e utilizado na avalia¸c˜ao da distˆancia condutor-solo.

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Figura 2: Sensor Sonar XPS-40.

Fonte: (NASCIMENTO et al., 2001)

O sistema TLM determina diretamente a distˆancia condutor-solo com alta precis˜ao (+ 0, 3% em 36 m) atrav´es do uso de sensores LiDAR (Light Detection And Ranging) de detec¸c˜ao e localiza¸c˜ao por laser. Al´em disso, tamb´em monitora as vibra¸c˜oes, corrente e tempera-tura do condutor. Esse sistema ´e instalado diretamente no condutor e alimentado por este (para corrente superior a 100 A) (LINDSEY, 2017b). A Figura 3 apresenta o TLM instalado em uma LT.

Figura 3: Lindsey TLM.

Fonte: (LINDSEY, 2017b)

O TLM apresenta grande vantagem quando instalado em v˜aos cr´ıticos devido a sua precis˜ao ao determinar a distˆancia condutor-solo, todavia, pode ser instalado em qualquer v˜ao. Esse sistema utiliza co-munica¸c˜ao via sat´elite e seus dados podem ser enviados diretamente ao servidor Lindsey SMARTLINE na nuvem ou ao servidor f´ısico. Segundo

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o fabricante, o programa computacional SMARTLINE-TCF (Transmis-sion Capacity Forecast ), utilizado em conjunto com o TLM, possibilita previs˜oes da ampacidade para per´ıodos de at´e 48 horas em avan¸co. Tal feito se d´a devido ao uso dos dados obtidos pelo TLM, modelos de aprendizagem do comportamento t´ermico do condutor e t´ecnicas de previs˜ao (LINDSEY, 2017a).

O Sagometer realiza medi¸c˜oes de varia¸c˜oes horizontais e verticais da caten´aria do condutor por meio de uma cˆamera instalada na torre e apontada em dire¸c˜ao a um pequeno alvo reflexivo montado no v˜ao da linha (EPRI, 2001). A Figura 4 apresenta a cˆamera e o alvo instalado em uma LT.

A ´ultima evolu¸c˜ao do Sagometer ´e o Span Sentry, que al´em da cˆamera e do alvo tamb´em possui um sensor de corrente instalado no condutor, uma esta¸c˜ao meteorol´ogica para medi¸c˜oes de temperatura ambiente, radia¸c˜ao solar, velocidade e dire¸c˜ao do vento, e sistema de comunica¸c˜ao, que realiza o envio da ampacidade obtida pelo sistema DLR ao SCADA ou celular em tempo real (EDM INTERNATIONAL INC., 2014).

Figura 4: Sagometer.

(a) Cˆamera. (b) Alvo montado na linha.

Fonte: (EDM INTERNATIONAL INC., 2014)

O Ampacimon ´e instalado no condutor e mede diretamente sua flecha baseando-se no espectro de frequˆencias das vibra¸c˜oes desse. Os dados adquiridos pelos sensores do sistema s˜ao enviados via GSM/G-PRS ao seu servidor, onde s˜ao realizados os c´alculos da flecha e da ampacidade em tempo real segundo os modelos IEEE e CIGR ´E. Os resultados obtidos pelo sistema podem ser disponibilizados ao

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SCA-DA/EMS e/ou `a interface dedicada na internet.

A Figura 5 apresenta o Ampacimon sendo instalado em uma LT. Nota-se que sua instala¸c˜ao n˜ao demanda a desenergiza¸c˜ao da LT e, segundo o fabricante, pode ser realizada em menos de uma hora (AMPACIMON, 2015b). A an´alise da frequˆencia de vibra¸c˜ao permite o monitoramento da flecha de qualquer v˜ao cr´ıtico sem a necessidade de calibra¸c˜ao e entrada de demais parˆametros. Al´em disso, o Am-pacimon ´e alimentado pelo condutor (para corrente superior a 80 A). Em Schell et al. (2012), Cloet e Lilien (2011), AMPACIMON (2015a) s˜ao apresentados estudos envolvendo a aplica¸c˜ao desse sistema DLR no monitoramento de LTs.

Figura 5: Instala¸c˜ao do Ampacimon em linha-viva.

Fonte: (AMPACIMON, 2015a)

O Power Donut ´e instalado diretamente no condutor, onde mede valores RMS de corrente e tens˜ao, potˆencias ativa e reativa, tempera-tura, vibra¸c˜ao e ˆangulo da flecha do condutor. Al´em disso, o sistema realiza a aquisi¸c˜ao das formas de onda de corrente e tens˜ao, possui um receptor GPS para sincroniza¸c˜ao dos sinais, capacidade de

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armazena-mento e transmite dados a sua plataforma computacional via r´adio ou telefonia m´ovel em 2G/3G/4G. Pode ser alimentado por uma bateria recarreg´avel de ´ıon l´ıtio, por at´e quatro horas, ou pelo campo magn´etico do condutor (para corrente superior a 80 A) (USI, 2017).

Al´em das medidas supracitadas o sistema tamb´em possui uma esta¸c˜ao meteorol´ogica, alimentada por energia solar e bateria, que rea-liza medi¸c˜oes de temperatura ambiente, radia¸c˜ao solar, umidade, pre-cipita¸c˜ao, velocidade e dire¸c˜ao do vento. Tais medidas s˜ao direta-mente enviadas `a ferramenta computacional, sendo esta respons´avel pelos c´alculos da ampacidade em tempo real baseados no modelo IEEE e em modelos pr´oprios. Estudos relatando a utiliza¸c˜ao do Power Do-nut em sistemas de monitoramento de LTs podem ser encontrados em (NASCIMENTO et al., 2004;ENGELHARDT; BASU, 1996;YIP et al., 2010). A Figura 6 apresenta o Power Donut instalado em uma LT.

Figura 6: Sistema Power Donut.

Fonte: (USI, 2017)

O sistema CAT-1 monitora a tra¸c˜ao mecˆanica no isolador de ancoragem da LT e relaciona esta `a temperatura do condutor que, por sua vez, ´e utilizada nos c´alculos de ampacidade em tempo real realizados na ferramenta computacional do sistema. O CAT-1 precisa ser calibrado para estabelecer a rela¸c˜ao entre tra¸c˜ao e temperatura do condutor. Esse sistema vˆem sendo utilizado desde os anos 90, encontra-se em sua quarta gera¸c˜ao e conta com mais de 500 instala¸c˜oes em todo o mundo totalizando em um tempo de uso superior a 2000 anos (BLACK;

(46)

CHISHOLM, 2015;USI, 2016).

Al´em do monitoramento da tra¸c˜ao, o sistema realiza medi¸c˜oes indiretas dos dados clim´aticos atrav´es de NRS (Net Radiation Sensors), que determinam a temperatura do condutor na ausˆencia de corrente. Os NRS s˜ao instalados na torre pr´oximos ao condutor, e como possuem aproximadamente a mesma emissividade, absor¸c˜ao, massa t´ermica e constante de tempo do condutor s˜ao expostos `as mesmas condi¸c˜oes ambientais (USI, 2016). A Figura 7 apresenta as c´elulas de carga e os NRS do sistema CAT-1 .

Em aplica¸c˜oes de tempo real, os dados obtidos pelo CAT-1 s˜ao enviados ao servidor local, CATMaster, localizado em uma subesta¸c˜ao pr´oxima, que disponibiliza esses dados ao sistema SCADA. Ademais, a ampacidade em tempo real ´e calculada pela plataforma computacional do sistema a partir dos dados deste e de informa¸c˜oes do carregamento advindas da opera¸c˜ao (USI, 2016). Raniga e Rayudu (2000), Nasci-mento et al. (2001), Oncor Electric Delivery Company LLC (2013) re-latam a utiliza¸c˜ao do sistema CAT-1 no monitoramento da ampacidade em tempo real.

Figura 7: Sistema CAT-1.

(a) C´elulas de carga. (b) Net Radiation Sensors.

Fonte: (USI, 2016)

Tamb´em s˜ao exemplos de sistemas DLR: sistema OTLM (Over-head Transmission Line Monitoring), que ´e similar e monitora as mes-mas grandezas que o Power Donut (OTLM., 2014); Ritherm que mo-nitora a temperatura do condutor baseando-se em medi¸c˜oes de ondas ac´usticas na superf´ıcie deste (RIBE GROUP, 2007); LineVision (antigo Promethean), que monitora o campo magn´etico do condutor e

(47)

dispo-nibiliza informa¸c˜oes acerca da distˆancia condutor-solo, temperatura do condutor, corrente el´etrica e ampacidade em tempo real (GENSCAPE, 2017).

Por fim, ´e v´alido ressaltar que no sistema proposto no projeto TECCON II monitora-se a tra¸c˜ao mecˆanica, temperatura do condu-tor e condi¸c˜oes ambientais, como em sistemas supracitados. Todavia, apresenta como diferencial a aplica¸c˜ao do estimador de estados para a an´alise de inconsistˆencias no conjunto de medidas adquiridas.

2.2 COMPORTAMENTO MEC ˆANICO DO CONDUTOR

As LTs devem ser constru´ıdas para prover um servi¸co de padr˜ao ´

otimo e ao mesmo tempo a um custo m´ınimo do kWh. O projeto mecˆanico de uma LT consiste, basicamente, na determina¸c˜ao de todos os esfor¸cos atuantes sobre os elementos que a comp˜oem. Altera¸c˜oes nas condi¸c˜oes ambientais exercem influˆencia sob as for¸cas axiais `as quais os condutores das LTs s˜ao submetidos. Redu¸c˜oes de tempera-tura, por exemplo, provocam aumentos nas tra¸c˜oes, que tamb´em s˜ao influenciadas pela a¸c˜ao dos ventos sobre os condutores. A incidˆencia de vento provoca uma press˜ao observada pelo aumento nas tra¸c˜oes. Caso a tra¸c˜ao resultante exceda valores superiores `a resistˆencia dos condutores `

a ruptura, esta poder´a acontecer (FUCHS; ALMEIDA, 1992).

Al´em de ocasionar varia¸c˜oes nas tra¸c˜oes, o vento tamb´em induz nos condutores vibra¸c˜oes de frequˆencias elevadas que podem causar sua ruptura por fadiga junto aos seus pontos de fixa¸c˜ao aos isoladores. Enfatiza-se que, quanto maior a taxa de trabalho `a tra¸c˜ao dos condu-tores, maiores ser˜ao os problemas devido `as vibra¸c˜oes. Quanto menor a tra¸c˜ao, maior ser´a a flecha resultante, exigindo ent˜ao estruturas mais altas ou em maior n´umero (FUCHS; ALMEIDA, 1992).

As cargas de ruptura podem ser definidas como grandezas es-tat´ısticas por seu valor m´edio e desvio padr˜ao ou variˆancia. Dessa forma, pode-se associar um risco de falha a cada valor de esfor¸co atuante sobre um elemento estrutural. Esse risco ser´a tanto menor quanto maior for a rela¸c˜ao carga de ruptura/carga m´axima atuante. Tal rela¸c˜ao de-termina o fator de seguran¸ca que, por sua vez, est´a associado ao custo, pois quanto maior o fator de seguran¸ca maiores ser˜ao as dimens˜oes dos elementos estruturais (FUCHS; ALMEIDA, 1992).

Como mencionado anteriormente, as solicita¸c˜oes mecˆanicas dos condutores das LTs, de suas estruturas e funda¸c˜oes dependem das condi¸c˜oes atmosf´ericas nas regi˜oes do percurso da LT. Dessa forma,

(48)

informa¸c˜oes acerca da rugosidade do terreno atravessado e dados me-teorol´ogicos da regi˜ao s˜ao essenciais para o desenvolvimento do projeto (FUCHS; ALMEIDA, 1992).

Haja vista que a natureza dos dados meteorol´ogicos ´e aleat´oria, necessita-se de uma grande quantidade de registros realizados durante v´arios anos, pois sabe-se que o processamento destes dados deve ser realizado por processos estat´ısticos e probabil´ısticos. As seguintes in-forma¸c˜oes meteorol´ogicas s˜ao necess´arias para o estabelecimento das hip´oteses de c´alculo: valores das m´aximas e m´ınimas temperaturas anuais, temperaturas m´edias anuais obtidas por taxa hor´aria de amos-tragem e velocidades m´aximas anuais de ventos (ABNT, 1985; FUCHS; ALMEIDA, 1992).

Caso n˜ao seja poss´ıvel a obten¸c˜ao dos dados meteorol´ogicos ne-cess´arios ao projeto na regi˜ao em que este ser´a executado, a NBR 5422 recomenda a utiliza¸c˜ao, com prudˆencia, das cartas meteorol´ogicas con-tidas em seu Anexo A (ABNT, 1985).

Como disposto em Fuchs e Almeida (1992), o projeto mecˆanico de LTs deve partir das hip´oteses de c´alculo, nas quais se estabelecem as hip´oteses de carga que, por sua vez, determinam os valores das soli-cita¸c˜oes mecˆanicas normais e anormais nas estruturas ao longo de sua vida ´util. Por fim, a partir do conhecimento do comportamento dos ma-teriais empregados e dos tipos de solicita¸c˜ao a que ser˜ao submetidos, determina-se as taxas de trabalho adequadas.

No Brasil, pelo menos trˆes hip´oteses de carga s˜ao comumente utilizadas nos projetos de linha: hip´otese de carga de vento m´aximo, que considera a a¸c˜ao dos ventos de m´axima intensidade com a tempera-tura coincidente1; hip´otese de carga de maior dura¸ao, condi¸ao a uma

temperatura do ar a seu valor m´edio e sem o efeito de ventos; hip´otese de carga de flecha m´ınima, na qual considera-se a menor temperatura que pode ocorrer, sem o efeito de ventos, normalmente com um per´ıodo de retorno2 de 50 anos (FUCHS; ALMEIDA, 1992).

Para os cabos condutores e para raios a NBR 5422 estabelece que:

Na hip´otese de velocidade m´axima de vento, o esfor¸co de tra¸c˜ao axial nos cabos n˜ao pode ser superior a 50% da carga nominal de ruptura dos mesmos.

1Temperatura coincidente ´e dada pela m´edia das temperaturas m´ınimas di´arias

coincidentes com a ocorrˆencia da velocidade do vento de projeto.

2Per´ıodo de retorno ´e definido como o intervalo m´edio entre ocorrˆencias

(49)

Na condi¸c˜ao de temperatura m´ınima, recomenda-se que o es-for¸co de tra¸c˜ao axial nos cabos n˜ao ultrapasse 33% da carga de ruptura dos mesmos.

Na condi¸c˜ao de trabalho de maior dura¸c˜ao, caso n˜ao tenham sido adotadas medidas contra os efeitos de vibra¸c˜ao, recomenda-se limitar o esfor¸co nos cabos aos valores m´aximos indicados na Tabela 2 (ABNT, 1985, p. 10).

Tabela 2: Cargas m´aximas recomendadas para cabos na condi¸c˜ao de trabalho de maior dura¸c˜ao sem dispositivos contra vibra¸c˜ao

Cabos % da carga de ruptura

A¸co AR 16 A¸co EAR 14 A¸co-cobre 14 A¸co-alum´ınio 14 CA 21 CAA 20 CAL 18 CALA 16 CAA-EF 16 Fonte: ABNT (1985)

Nos projetos de LTs, a distribui¸c˜ao das estruturas ao longo do tra¸cado da linha ´e realizada de acordo com dados da topografia do ter-reno, das alturas de seguran¸ca estabelecidas pela NBR 5422, das alturas das pr´oprias estruturas e da curva dos cabos sob sua flecha m´axima. O valor desta depende do comprimento desenvolvido do cabo suspenso, o qual sofre influˆencia da temperatura e tamb´em altera-se devido ao alongamento permanente que ir´a sofrer com o passar do tempo.

Os alongamentos permanentes dos condutores dependem de suas caracter´ısticas el´asticas, sendo essencial para seus c´alculos o conheci-mento das dimens˜oes f´ısicas de se¸c˜ao, diˆametro, peso unit´ario e tamb´em de sua carga de ruptura, coeficiente de expans˜ao t´ermica e m´odulo de elasticidade. Tais grandezas s˜ao geralmente disponibilizadas nos cat´alogos dos fabricantes.

Quando um cabo ´e tracionado pela primeira vez h´a uma mu-dan¸ca em seu m´odulo de elasticidade devido ao fenˆomeno de “encrua-mento”, ou seja, de tˆempera por trabalho a frio, acompanhado de um aumento em seu comprimento que depende da natureza do material e

(50)

do valor m´aximo da tra¸c˜ao a qual foi submetido. Al´em disso, alon-gamentos adicionais n˜ao s˜ao linearmente dependentes do tempo. Tal fenˆomeno ´e chamado de metalurgia por fluˆencia ou creep, que consti-tui a deforma¸c˜ao pl´astica do material ap´os deforma¸c˜ao inicial (FUCHS; ALMEIDA, 1992).

Ap´os a cria¸c˜ao e utiliza¸c˜ao de sistemas de transmiss˜ao em extra-alta-tens˜ao o fenˆomeno da fluˆencia passou a preocupar mais os proje-tistas devido ao uso de condutores m´ultiplos por fase. Diversos estudos e trabalhos experimentais foram conduzidos ao longo dos anos de modo a formular leis emp´ıricas que relacionem todos os fatores que afetam a fluˆencia, com destaque para Wood (1972). Por meio das experiˆencias notou-se que a fluˆencia total nas linhas a longo prazo tende a ser igual aos valores calculados para a condi¸c˜ao de temperatura m´edia anual sem vento (FUCHS; ALMEIDA, 1992).

Ser˜ao apresentados nas pr´oximas subse¸c˜oes os equacionamentos da flecha e da mudan¸ca de estado do condutor. Tais equacionamentos, nomenclatura e figuras foram baseados em Fuchs e Almeida (1992).

2.2.1 Equacionamento da flecha do condutor

A Figura 8 ilustra um condutor apoiado sobre dois pontos r´ıgidos nivelados PA e PB. Considerando-se que estes est˜ao razoavelmente

afastados entre si e que o condutor ´e suficientemente flex´ıvel a curva descrita por este, quando suspenso, assemelha-se `a caten´aria (FUCHS; ALMEIDA, 1992).

(51)

Figura 8: V˜ao Isolado ps T X Y α’ PA PB hS f H F O M A

Fonte: Adaptado de (FUCHS; ALMEIDA, 1992).

Os apoios PA e PB, ilustrados na Figura 8, s˜ao separados pela

distˆancia A que ´e comumente descrita como v˜ao. Tendo em vista que PA e PB est˜ao a uma mesma altura, a curva descrita pelo condutor ´e

sim´etrica. Dessa forma, o v´ertice O est´a situado na origem do sistema de coordenadas OX - OY equidistante dos apoios. Ademais, a distˆancia OF = f , denominada de flecha do condutor, ´e de suma importˆancia no projeto mecˆanico de LTs pois relaciona-se `a distˆancia de seguran¸ca condutor-solo ou condutor-objeto, hs, que por sua vez ´e estabelecida em fun¸c˜ao da classe de tens˜ao da linha, do tipo de terreno atravessado, dentre outros fatores dispostos na norma NBR 5422 (ABNT, 1985).

Para o caso apresentado na Figura 8 pode-se relacionar a equa¸c˜ao de equil´ıbrio para um ponto M da curva, sendo este limitado pelo comprimento do condutor OM = s. Tal seguimento encontra-se em equil´ıbrio sob a a¸c˜ao do peso do condutor ps (kgf) e de for¸cas de tra¸c˜ao T e T0 (kgf), tangente `a curva em M e horizontal, respectivamente,

fazendo com a horizontal um ˆangulo α0.

Para um trecho infinitesimal de condutor, ds, a tangente de α0 ´

e dada pela Equa¸c˜ao (2.1), cuja derivada resulta nas Equa¸c˜oes (2.2). Integrando-a surge a Equa¸c˜ao (2.3), cuja constante de integra¸c˜ao ´e nula pois para x = 0, tem-se que Zm= 0, sendo suas solu¸c˜oes apresentadas

nas Equa¸c˜oes (2.4) e (2.5).

Zm= tan α0= dy dx = ps T0 (2.1)

(52)

dZm= p T0 ds = p T0 p dx2+ dy2 dZm p1 + Z2 m = p T0 dx (2.2) ln(±Zm+ p 1 + Z2 m) = ± p T0 x (2.3) +Zm+ p 1 + Z2 m= e (p/T0)x (2.4) −Zm+ p 1 + Z2 m= e−(p/T0)x (2.5)

Subtraindo a Equa¸c˜ao (2.5) de (2.4), obt´em-se a Equa¸c˜ao (2.6). Zm= e(p/T0)x− e−(p/T0)x 2 = sinh  x T0/p  (2.6) Como Zm= dy/dx, por integra¸c˜ao surge a Equa¸c˜ao (2.7), onde

C = −TO/p, pois para x = 0, tem-se y = 0. Realizando a devida

substitui¸c˜ao obt´em-se a Equa¸c˜ao (2.8) que ´e a equa¸c˜ao da caten´aria. y = T0 p cosh  x T0/p  + C (2.7) y =T0 p  cosh  x T0/p  − 1  (2.8) Designando C1= T0/p a equa¸c˜ao da caten´aria torna-se

equiva-lente `a Equa¸c˜ao (2.9), cujo termo cosh (x/C1) pode ser desenvolvido

em s´erie como apresentado na Equa¸c˜ao (2.10). y = C1  cosh x C1  − 1  (2.9) cosh x C1 = 1 + x 2 2C2 1 + x 4 4!C4 1 + x 6 6!C6 1 + ... + x n n!Cn 1 (2.10) Em condi¸c˜oes reais o valor de C1´e muito grande, de ordem

supe-rior a 1000, o que faz com que essa s´erie seja rapidamente convergente sendo geralmente truncada em seu segundo termo de forma a se obter a Equa¸c˜ao (2.11) que ´e a equa¸c˜ao de uma par´abola.

(53)

y = x 2 2C1 = px 2 2T0 (2.11) A partir das Equa¸c˜oes (2.9) e (2.11), sendo x = A/2 e y = f , pode-se calcular as flechas para a caten´aria e para a par´abola, repre-sentadas nas Equa¸c˜oes (2.12) e (2.13), respectivamente.

f = C1  cosh  A 2C1  − 1  (2.12) f = pA 2 8T0 (2.13) Como apresentado por Fuchs e Almeida (1992), a equa¸c˜ao da pa-rab´ola apresenta boa precis˜ao em rela¸c˜ao ao c´alculo exato pela equa¸c˜ao da caten´aria para c´alculo da flecha. Para efeito de compara¸c˜ao, em um v˜ao de 1000 m h´a uma diferen¸ca de 0, 53%, ou seja, um erro perfeita-mente aceit´avel em problemas pr´aticos.

2.2.2 Equacionamento da mudan¸ca de estado

Para fins de c´alculo mecˆanico, entende-se por “estado”uma condi-¸

c˜ao conhecida de tra¸c˜ao T01 dos condutores a determinada

tempera-tura ambiente. A partir desse estado conhecido pode-se determinar uma tra¸c˜ao T02 a essa mesma temperatura, ou temperaturas

diferen-tes, na presen¸ca de vento com velocidade especificada. De modo geral, determina-se o novo estado a partir das informa¸c˜oes de um estado co-nhecido sendo este de tra¸c˜ao dos condutores da LT com ou sem vento e em diferentes temperaturas.

O comprimento desenvolvido de uma curva pode ser calculado atrav´es da Equa¸c˜ao (2.14), sendo o termo dy/dx proveniente da Equa¸c˜ao (2.6). Ap´os realizadas as devidas substitui¸c˜oes e simplifica¸c˜oes, obt´ em-se a Equa¸c˜ao (2.15). L = Z x2 x1 " 1 + dy dx 2#1/2 dx (2.14) L = Z x2 x1 cosh x C1  (2.15) O comprimento entre o v´ertice e um ponto de abscissa x, sendo

(54)

x = A/2, pode ser obtido por meio da integra¸c˜ao da Equa¸c˜ao (2.15), cujo resultado ´e apresentado na Equa¸c˜ao (2.16). J´a o comprimento inteiro da caten´aria no v˜ao A pode ser obtido pela Equa¸c˜ao (2.17). Esta, por sua vez, pode ser desenvolvida em s´erie como disposto na Equa¸c˜ao (2.18). Tal s´erie converge rapidamente e pode ser truncada em seu segundo termo, dessa forma obt´em-se a Equa¸c˜ao (2.19) que ´e a equa¸c˜ao do comprimento de uma par´abola.

L = C1sinh  x C1  (2.16) L = 2C1sinh  A 2C1  (2.17) L = 2C1 " A 2C1 + 1 3!  A 2C1 3 + 1 5!  A 2C1 5 + ... + 1 n!  A 2C1 n# (2.18) L = A + A 3 24C2 1 = A +A 3p2 24T2 0 (2.19) De modo a expressar o comprimento da par´abola em fun¸c˜ao de sua flecha, pode-se realizar a substitui¸c˜ao da Equa¸c˜ao (2.13) na Equa¸c˜ao (2.19) resultando assim em:

L ≈ A + 8f

2

3A (2.20)

A flecha de um LT a´erea ´e resultado de sua expans˜ao termal. Dessa forma, sua magnitude est´a diretamente relacionada `a tempera-tura do condutor. Visto que n˜ao h´a uma rela¸c˜ao puramente baseada em matem´atica e nas leis da f´ısica para expressar o relacionamento entre a temperatura do condutor e sua flecha ser´a apresentada aqui a equa¸c˜ao de mudan¸ca de estado.

Considerando ainda o sistema da Figura 8, no qual L1representa

o comprimento do condutor a uma temperatura θ1 (◦C), tem-se que,

caso a temperatura assuma um valor θ2 (◦C) o comprimento ir´a variar

conforme disposto na Equa¸c˜ao (2.21), onde α1 (1/◦C) ´e o coeficiente

de dilata¸c˜ao t´ermica linear do condutor.

L2= L1+ L1α1(θ2− θ1) (2.21)

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