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Planejamento energético municipal: o caso de Campina Grande.

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PAULO CKSAR MARQUES DE CARVALHO

PLANEJAMENTO KNKRÍJKTJCO MUNICIPAL: O CASO DE CAMPINA GRANDE

Dissertação apresentada à Coordenação dos cursos de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, em cumprimento das exigências para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica.

ARKA DK CONCENTRAÇÃO: PiflOCKSSAMENTO DA ENERGIA

0R1ENTAIX)R:

ANTONIO PRAÍON FERREIRA LEITE

CAMPINA GRANDE - PARAÍBA FEVEREIRO DE 1992

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DEDICATÓRIA

A todos que dedicam seus conhecimentos para o fim de todas as formas de violência contra a vida; em especial a

Luciana Pedro Victor Luiz Henrique

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AGRADECIMENTOS P r o f . Anttnous Carvalho P r o f . Antonio P r a l o n P r o f . Harbans A r o r a P r o f . Juan C e b a l l o s P r o f . J ú l i o Goldfarb P r o f . Manuel G o l l e r P r o f . Sandoval F a r i a s P r o f . Telmo A r a ú j o Dr. C a r l o s C a b r a l Dr. Edson D i n i z Dr. E l i p h a s Almeida Dr. Mansueto B e z e r r a Dra. Maria das G r a ç a s Cruz

Dr. Roberto Coelho Dr. Severiano J ú n i o r

Dr. William Braz

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Joad Coelho de Carvalho Valdofflira Marques de Carvalho MagiIce Maria Nogueira D i n i z

J o ã o Marques de Carvalho L a u r a Hecker de Carvalho Regina Coe l i Marques de Carvalho Maria de Fátima Marques de Carvalho

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SUMARIO

Introdução G e r a l 01 I . E n e r g i a e Sociedade 02

1.1 Introdução 02 1.2 Evolução dos Usos Energéticos 02

1.3 A Q u e s t ã o E n e r g é t i c a no B r a s i l 04

1.4 C o n c l u s ã o 08 I I . Energia e Desenvolvimento 10

11.1 I n t r o d u ç ã o 10 11.2 Planejamento Energético e (Sub)Desenvolvimento 10

11.3 Planejamento Energético e Pressupostos para o

Desenvolvimento 12 11.4 Planejamento Energético Municipal 13

11.5 A E x p e r i ê n c i a dos M u n i c í p i o s do Rio Grande do S u l 15

11.6 C o n c l u s ã o 17 I I I . Balanço E n e r g é t i c o do M u n i c í p i o de Campina Grande (1990)

18 I I I . 1 I n t r o d u ç ã o 18 I I I . 2 E n e r g i a E l é t r i c a 19 I I 1.3 Derivados de Petróleo e Á l c o o l 30 I I 1.4 Biomassa 32 I I 1 . 5 B a l a n ç o E n e r g é t i c o 34 I I 1.6 C o n c l u s ã o 37 I V . A l t e r n a t i v a s E n e r g é t i c a s para o M u n i c í p i o de Campina Grande

, 38 I V . 1 I n t r o d u ç ã o 38 IV.2 G á s N a t u r a l 38 IV.2.1 C o n c e i t u a ç ã o 39 IV.2.2 P r o d u ç ã o , Consumo e Reservas de G á s N a t u r a l 40

IV.2.3 Vantagens do Uso do G á s Natural 44 IV. 2.4 O b s t á c u l o s para Uso do G á s N a t u r a l 49 IV.2.5 P o t e n c i a l de Utilização de Gás N a t u r a l no M u n i c í p i o de

Campina Grande 50

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IV.3.1 Conceituação 53 IV.3.2 SÍ8temas de Conversão da Energia da Biomassa 53

IV.3.3 Biomassa no Mundo 57 IV.3.4 Biomassa no B r a s i l 59 IV.3.5 P o t e n c i a l para Conversão da Energia da Biomassa no

Município de Campina Grande 59

IV.4 Energia Eólica 62 IV.4.1 Conceituação 62 IV.4.2 Sistemas de Conversão de E n e r g i a Eólica (SCEE) 63

IV.4.3 Energia Eólica no Mundo 67 IV.4.4 Energia Eólica no B r a s i l 69 IV.4.5 P o t e n c i a l para Instalaçfi de SCEE no M u n i c í p i o de

Campina Grande 70 IV.5 Energia S o l a r 77 IV.5.1 Fundamentos 77 IV.5.2 Conversão da Energia S o l a r 80

IV.5.3 Energia S o l a r no Mundo 86 IV.5.4 Energia S o l a r no B r a s i l 87 IV.5.5 P o t e n c i a l para Utilização de E n e r g i a S o l a r no M u n i c í p i o

de Campina Grande 87

IV.6 Conclusão 96 V. Conclusão G e r a l 98 B i b l i o g r a f i a 100

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INDICK DE FIGURAS, TABELAS, GRÁFICOS E MAPAS

FIGURA IV.1 - B i o d i g e s t o r modelo indiano 58 FIGURA IV.2 - Biodigeator modelo chinês 58 FIGURA IV.3 - Cálculo da saída de energia de um sistema e ó l i c o

através da d i s t r i b u i ç ã o de frequência de velocidade de um regime

de vento 65 FIGURA IV.4 - Escoamento de a r a t r a v é s da seção t r a n s v e r s a l de um

tubo de c o r r e n t e 65 FIGURA IV.5 - Tipos de t u r b i n a s e l i c a 3 e r e s p e c t i v o s desempenhos

FIGURA IV.6 - V a l o r e s de radiação s o l a r t o t a l no Mundo - m é d i a s

diárias em j a n e i r o 81 FIGURA IV.7 - V a l o r e s de radiação s o l a r t o t a l no Mundo - m é d i a s

diárias em j u l h o 81

TABELA 1.1 - E s t r u t u r a do consumo de e n e r g i a no B r a s i l (%) (1941

- 1989) 07 TABELA I I I . 1 - Consumo mensal de energia e l é t r i c a do 3 e t o r

r e s i d e n c i a l de Campina Grande (1985 - 1990) 21 TABELA I I 1 . 2 - Consumo mensal de energia e l é t r i c a do s e t o r

i n d u s t r i a l de Campina Grande (1985 - 1990) 22 TABELA I I 1 . 3 - Consumo mensal de energia e l é t r i c a do s e t o r

comercial de Campina Grande (1985 - 1990) 24 TABELA I I 1 . 4 - Consumo mensal de energia e l é t r i c a do s e t o r

público de Campina Grande (1985 - 1990) 25 TABELA I I 1 . 5 - Consumo mensal de e n e r g i a e l é t r i c a do s e t o r

r u r a l de Campina Grande (1985 - 1990) 27 TABELA I I I . 6 - Consumo de g á s l i q u e f e i t o de p e t r ó l e o em Campina

Grande (1987 - 1990) 31 TABELA I I 1 . 7 - Consumo e n e r g é t i c o do m u n i c í p i o de Campina Grande

(1990) 35 TABELA IV.1 - Tipos de g á s n a t u r a l no Mundo: c o m p o s i ç ã o % molar

(volumétrica) 40 TABELA IV.2 - Produção e consumo de g á s n a t u r a l no B r a s i l . . . . 41

(10)

TABELA IV.4 - Características f í s i c o - q u í m i c a s do g á s n a t u r a l do

Rio Grande do Norte 42 TABELA IV.5 - R e d u ç ã o na emissão de poluentes na região

metropolitana de São Paulo coro o uso de g á s n a t u r a l 46 TABELA IV.6 - N í v e l de emissões dos motores a g á s n a t u r a l e o

l i m i t e e s t a b e l e c i d o pelo PROCONVE para motores d i e s e l 48 TABELA IV.7 - Desempenho dos ô n i b u s movidos a g á s n a t u r a l 49 TABELA IV.8 - Consumo energético mensal de c a l d e i r a s e fornos do

setor i n d u s t r i a l de Campina Grande 51 TABELA I V . 9 - Consumo p o t e n c i a l mensal de g á s n a t u r a l em

substituição a c o m b u s t í v e i s u t i l i z a d o s no m u n i c í p i o de Campina

Grande 51 TABELA IV.10 - Produção de b i o g á s a p a r t i r de e s t e r c o animal . 55

TABELA IV.11 - Produção de biogás a p a r t i r de r e s í d u o s a g r í c o l a s

e f l o r e s t a i s 56 3

TABELA IV. 12 - E q u i v a l ê n c i a energética de 1 m de b i o g á s 56

TABELA IV.13 - Consumo m é d i o de b i o g á s 56 TABELA I V . 14 - Produção agrícola - m u n i c í p i o de Campina Grande

(1988) 60 TABELA IV.15 - P r o d u ç ã o pecuária - m u n i c í p i o de Campina Grande

(1988) 61 TABELA IV.16 - P o t e n c i a l de geração de b i o g á s - m u n i c í p i o de

Campina Grande 61 TABELA IV.17 - E q u i v a l ê n c i a e n e r g é t i c a da p r o d u ç ã o d i á r i a de

biogás - m u n i c í p i o de Campina Grande 61 TABELA IV.18 - V a l o r e s de potência e ó l i c a - m u n i c í p i o de Campina

Grande 71 TABELA IV.19 - ' V a l o r e s de velocidade do vento - m u n i c í p i o de

Campina Grande 75 TABELA IV.20 - Probabilidade de c a l m a r i a para c i n c o cidades do

estado da P a r a í b a : S ã o G o n ç a l o , Patos, Monteiro, Campina Grande e

João Pessoa 78 TABELA IV.21 - R e l a ç ã o entre a área de um c o l e t o r plano e a

temperatura de u t i l i z a ç ã o (To) de 1 ton de á g u a i n i c i a l m e n t e a

2 5 ° C 84 TABELA IV.22 - V a l o r e s de radjeção g l o b a l d i á r i a - m u n i c í p i o de

(11)

TABELA IV.23 - V a l o r e s de r a d i a ç ã o d i f u s a - m u n i c í p i o de Campina

Grande 90 TABELA IV.24 - P a r t i c i p a ç ã o da componente d i f u s a em relação à

radiação global (%) - m u n i c í p i o de Campina Grande 89 TABELA IV.25 - V a l o r e s de insolação e f e t i v a diária - m u n i c í p i o de

Campina Grande 93 TABELA IV.26 - V a l o r e s de insolação d i f u s a diária - município de

Campina Grande 94

GRAFICO I I I . l - Consumo mensal de e n e r g i a elétrica do s e t o r

r e s i d e n c i a l de Campina Grande (1985 - 1990) 21 GRAFICO I I I . 2 - Consumo mensal de e n e r g i a elétrica do s e t o r

i n d u s t r i a l de Campina Grande (1985 - 1990) 22 GRAFICO I I I . 3 - Consumo mensal de e n e r g i a elétrica do s e t o r

comercial de Campina Grande (1985 - 1990) 24 GRAFICO I I 1 . 4 - Consumo mensal de e n e r g i a e l é t r i c a do s e t o r

público de Campina Grande (1985 - 1990) 25 GRAFICO I I I . 5 - Consumo mensal de e n e r g i a elétrica do s e t o r

r u r a l de Campina Grande (1985 - 1990) 27 GRAFICO I I I . 6 - Consumo mensal de e n e r g i a e l é t r i c a dos d i v e r s o s

s e t o r e s de Campina Grande (1985 - 1990) 28 GRAFICO I I I . 7 - P a r t i c i p a ç ã o no consumo t o t a l de e n e r g i a e l é t r i c a

dos d i v e r s o s s e t o r e s de Campina Grande em 1985 29 GRAFICO I I I . 8 - P a r t i c i p a ç ã o no consumo t o t a l de e n e r g i a e l é t r i c a

dos d i v e r s o s s e t o r e s de Campina Grande em 1990 29 GRAFICO I I I . 9 - Consumo de g á s l i q u e f e i t o de p e t r ó l e o em Campina

Grande (1987 - 1990) 31 GRAFICO I I I . 1 0 - P a r t i c i p a ç ã o no consumo t o t a l de energia de

d i v e r s a s fontes em Campina Grande (1990) 36

MAPA I V . 1 - Gasoduto proposto para Campipa Grande 52 MAPA IV.2 - M é d i a anual dos v a l o r e s de p o t ê n c i a eólica para a

região Nordeste do B r a s i l 74 MAPA IV.3 - I s o l i n h a s de v e l o c i d a d e m é d i a para a r e g i ã o Nordeste

do B r a s i l 76 MAPA IV.4 - Probabilidade de c a l m a r i a anual para a região

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MAPA IV.5 - R a d i a ç ã o s o l a r global média para a regiSo Nordeste do

B r a s i l 91 MAPA IV.6 - Insolação m é d i a diária para a região Nordeste do

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RESUMO

E s t e t r a b a l h o apresenta uma contribuição para o planejamento energético do m u n i c í p i o de Campina Grande. A proposta de um planejamento a nível municipal se i n s e r e numa estratégia mais ampla que, juntamente com ações inovadoras em outros campos, busca o caminho de um desenvolvimento autocentrado.

0 p r i m e i r o passo para o planejamento energético de Campina Grande ê o levantamento do seu b a l a n ç o e n e r g é t i c o . E s t a matriz é constituída p e l a e l e t r i c i d a d e , derivados de p e t r ó l e o , etan 1, lenha e carvão v e g e t a l . Um dos aspectos apresentados que desperta cuidados é a s i g n i f i c a t i v a p a r t i c i p a ç ã o da lenha e do carvão v e g e t a i , c u j a u t i l i z a ç ã o i n t e n s i v a tem acelerado a desertificação de v a s t a s á r e a s , especialmente no Nordeste.

São apresentadas a l t e r n a t i v a s e n e r g é t i c a s para o m u n i c í p i o , visando c o n t r i b u i r para a melhoria da qualidade de vida da população campinense. Busca-se uma integração e n t r e sistemas c e n t r a l i z a d o s e d e s c e n t r a l i z a d o s de e n e r g i a .

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ABSTRACT

T h i s work shows a c o n t r i b u t i o n f o r the m u n i c i p a l i t y energy planning of Campina Grande. The proposal of a m u n i c i p a l i t y energy planning i s a part of a wider s t r a t e g y looking f o r the way of a a u t o c e n t r a l i z e d development, b e s i d e s new a c t i o n s i n other f i e l d s .

The f i r s t s t e p f o r the energy planning of Campina Grande i s the r a i s i n g of i t s energy b a l a n c e . T h i s matrix i s composed by e l e c t r i c i t y , petroleum d e r i v a t i v e s , ethanol, firewood and c h a r c o a l . T i e worrying aspect i s r e l a t e d with the s i g n i f i c a n t p a r t i c i p a t i o n of firewood and c h a r c o a l , whose i n t e n s i v e u t i l i z a t i o n has led to l a r g e - s c a l e d e s e r t i f i c a t i o n , s p e c i a l l y i n the Northeast of B r a z i l .

Energy a l t e r n a t i v e s for the m u n i c i p a l i t y a r e introduced, aiming to c o n t r i b u t e f o r a b e t t e r l i f e q u a l i t y of i t s p o p u l a t i o n . An i n t e g r a t i o n of c e n t r a l i z e d energy systems with d e c e n t r a l i z e d ones i s proposed.

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Perguntas de um O p e r á r i o que L ê

Quem c o n s t r u i u a Tebas das s e t e p o r t a s ? Nos l i v r o s constam os nomes dos r e i s . Os r e i s a r r a s t a r a m os b l o c o s de pedra? E a B a b i l ô n i a t a n t a s v e z e s d e s t r u í d a Quem a ergueu o u t r a s t a n t a s ?

Em que c a s a s de Lima r a d i a n t e de ouro Moravam os c o n s t r u t o r e s ?

Para onde foram os p e d r e i r o s

Na n o i t e em que f i c o u pronta a Muralha da China? A grande Roma e s t á c h e i a de a r c o s de t r i u n f o . Quem os levantou?

Sobre quem t r i u n f a r a m os césares? A decantada B i z â n c i o s ó t i n h a p a l á c i o s Para seus h a b i t a n t e s ?

Mesmo na l e g e n d á r i a A t l â n t i d a , Na noite em que o mar a e n g o l i u ,

Os que s e afogavam gritavam pelos seus e s c r a v o s . 0 jovem Alexandre conquistou a í n d i a .

Ele sozinho?

César bateu os g a u l e s e s .

Não t i n h a pelo menos um c o z i n h e i r o consigo?

Felipe de Espanha chorou quando sua Armada naufragou. Ninguém mais chorou?

Frederico I I venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem venceu, a l é m d e l e ?

Uma vitória em cada p á g i n a .

Quem cozinhava os banquetes da v i t ó r i a ? Um grande homem a cada dez anos.

Quem pagava suas despesas?

Tantos r e l a t o s . Tantas perguntas.

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INTRODUÇÃO GERAL

O presente trabalho busca c o n t r i b u i r na elaboração de um planejamento e n e r g é t i c o para o m u n i c í p i o de Campina Grande.

No c a p í t u l o I a n a l i s a - s e a relação e n t r e a u t i l i z a ç ã o da energia, em suas d i v e r s a s f o r n a s , e o desenvolvimento da sociedade humana. Busca-se com i s t o uma melhor c o m p r e e n s ã o de influência dos s e t o r e s e c o n ô m i c o , s o c i a l e tecnológico sobre o setor e n e r g é t i c o .

0 c a p í t u l o I I aborda a importância do planejamento e n e r g é t i c o como um elemento indispensável para uma política de desenvolvimento. Dentro deste contexto, é aprofundada a análise do papel a s e r exercido por um planejamento energético a nível municipal.

No c a p í t u l o I I I é r e a l i z a d o o b a l a n ç o energético de Campina Grande em 1990. Ü levantamento de^ta m a t r i z c o n s t i t u i o primeiro passo para a e l a b o r a ç ã o do plane,iamento do setor de energia do município.

0 capítulo IV propõe a l t e r n a t i v a s energéticas para o município de Campina Grande. As a l t e r n a t i v a s se d ã o tanto no campo dos s i s t e m a s c e n t r a l i z a d o s de e n e r g i a (utilização do g á s natural gerado no estado do Rio Grande do Norte) quanto no campo dos sistemas d e s c e n t r a l i z a d o s ( p r o j e t o s de pequeno e m é d i o porte envolvendo o p o t e n c i a l da biomassa, eólico e s o l a r ) .

(17)

CAPITULO I

ENERGIA E SOCIEDADE

1.1 - INTRODUÇÃO

No presente c a p í t u l o é f e i t o um r e l a t o s u c i n t o da e v o l u ç ã o dos usos e n e r g é t i c o s p e l a humanidade, desde o d o m í n i o do fogo a t é a a t u a l c o n j u n t u r a . Busca-se traçar uma ligação e n t r e e s t a evolução e os processos s o c i a i s , econômicos e t é c n i c o s o c o r r i d o s ao longo da h i s t ó r i a .

Dentro deste contexto, aborda-se em detalhe o processo desenvolvido no B r a s i l . Para e s t a a v a l i a ç ã o , a q u e s t ã o energética é considerada desde o século XVI a t é os nossos d i a s , onde se procura e x p l i c i t a r os d e s a f i o s do p r e s e n t e .

1.2 - EVOLUÇÃO DOS USOS E N E R G É T I C O S

0 homem p r i m i t i v o consumia apenas a e n e r g i a armazenada nos alimentos. A p r i m e i r a grande r e v o l u ç ã o e n e r g é t i c a , o c o r r i d a por v o l t a de 600.000 a . C , f o i o d o m í n i o do fogo. Com e l e o homem passou a a s s a r os a l i m e n t o s , economizando e n e r g i a de s e u organismo para o u t r a s a t i v i d a d e s . A lenha tornou-se o p r i n c i p a l c o m b u s t í v e l , sendo r e t i r a d a das matas com o uso dos p r i m e i r o s machados de pedra. 0 consumo energético por pessoa n e s t e s tempos p r i m i t i v o s é estimado em d o i s m i l h õ e s de c a l o r i a s por d i a ( 2 M c a l / d i a ) .

A G r é c i a c l á s s i c a incorporou a energia e ó l i c a (navegação a v e l a ) e h i d r á u l i c a (moinhos d ' á g u a ) a sua m a t r i z e n e r g é t i c a ; no entanto, a a b u n d â n c i a de e s c r a v o s , f r u t o das frequentes guerras r e a l i z a d a s , desestimulou o progresso e a d i f u s ã o d e s t a s novas t e c n o l o g i a s . 0 império Romano n ã o trouxe grandes a l t e r a ç õ e s à e s t a c o n j u n t u r a , v i s t o que também baseava s u a e s t r u t u r a de poder no trabalho e s c r a v o . 0 consumo energético per c a p i t a nesta é p o c a somava c e r c a de 16 M c a l / d i a .

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As novas relações s o c i a i s surgidas no feudalismo, com o fim da e s c r a v i d ã o , evidenciaram a necessidade de se desenvolverem técnicas e n e r g é t i c a s com rendimentos mais e l e v a d o s . Houve o melhoramento e a maior difusão de rodas d'ádíua, moinhos de vento e de sistemas baseados na tração animal. A lenha continuou sendo o p r i n c i p a l combustível para produção de c a l o r . "0 deslocamento da força humana p e l a s energias n a t u r a i s f o i um longo processo que teve i n i c i o na Idade M é d i a e culminou na R e v o l u ç ã o I n d u s t r i a l "

( O l i v e i r a , 1987). 0 consumo humano de e n e r g i a e r a em torno de 26 Mcal/dia.

0 desenvolvimento das manufaturas no s é c u l o XVI l a n ç o u a s bases do c a p i t a l i s m o c o m e r c i a l . E s t a r e v o l u ç ã o na economia n e c e s s i t o u de quantidades de energia cada v e z maiores para sua s u s t e n t a ç ã o , que n ã o podia mais s e r baseada nas fontes energéticas que serviram ao modelo f e u d a l . A I n g l a t e r r a i n i c i o u este processo de s u b s t i t u i ç ã o , deixando de produzir c a r v ã o vegetal das poucas f l o r e s t a s que ainda restavam e passando a explorar a s grandes r e s e r v a s de c a r v ã o m i n e r a l e x i s t e n t e s em seu subsolo. "0 carvão mineral teve papel c e n t r a l na R e v o l u ç ã o I n d u s t r i a l . P e r m i t i u a produção m a c i ç a de f e r r o e l i b e r t o u a sociedade i n d u s t r i a l das variações do f l u x o das á g u a s e do vento, assim como do c i c l o n a t u r a l de r e p r o d u ç ã o dos c a v a l o s e das f l o r e s t a s " ( O l i v e i r a , 1987).

A d i f u s ã o a c e l e r a d a da m á q u i n a a vapor g a r a n t i u a hegemonia do modo de produção c a p i t a l i s t a por todo o Mundo. No f i n a l do século XIX, o consumo per c a p i t a de todas a s formas de e n e r g i a é estimado em 77 Mcal/dia.

A ampla u t i l i z a ç ã o da m á q u i n a a vapor pelo Mundo f e z com que ficassem evidenciadas a s limitações t é c n i c a s d e s t a c o n q u i s t a da Revolução I n d u s t r i a l . Os maiores empecilhos estavam r e l a c i o n a d o s ao seu grande volume, a l t o custo de i n s t a l a ç ã o , baixo rendimento e m a n u t e n ç ã o d i f í c i l . Dois acontecimentos, a i n d a no s é c u l o X I X , ofereceram novas p e r s p e c t i v a s à t r a j e t ó r i a e n e r g é t i c a da humanidade: em 1859, a perfuração do p r i m e i r o p o ç o de p e t r ó l e o nos Estados Unidos da América e o p o s t e r i o r desenvolvimento, na Alemanha, dos motores a combustão i n t e r n a , Otto e D i e s e l , que u t i l i z a m como combustível os derivados de p e t r ó l e o .

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Outro f a t o marcante f o i a u t i l i z a ç ã o em l a r g a e s c a l a da energia e l é t r i c a , que i n i c i a l m e n t e e r a gerada em sua quase totalidade através de c e n t r a i s t é r m i c a s . G r a ç a s a e l a , tornou-se possível a geração de quantidades elevadas de e n e r g i a , seu transporte a longas d i s t â n c i a s , sua d i s t r i b u i ç ã o e por fim sua conversão em força motriz de uma forma inovadora.

Os derivados de p e t r ó l e o e a e n e r g i a elétrica t ê m influenciado de maneira s i g n i f i c a t i v a a e s t r u t u r a socioeconómica da sociedade do século XX. "Do início do s é c u l o a t é a c r i s e de 1973, o co- sumo de petróleo c r e s c e u a uma t a x a m é d i a anual de 7%. Em 1968, os hidrocarbonetos (petróleo e g á s n a t u r a l ) j á representavam mais de 61,1% do consumo energético mundial" ( O l i v e i r a , 1987). 0 consumo p e r c a p i t a de e n e r g i a é estimado em 230 Mcal/dia.

No início da década de 1970, a súbita e l e v a ç ã o do p r e ç o do b a r r i l de petróleo no mercado i n t e r n a c i o n a l colocou em e v i d ê n c i a as d e b i l i d a d e s do sistema e n e r g é t i c o a t é então adotado (Contreras, 1988). A economia dos p a í s e s subdesenvolvidos importadores de petróleo entrou em c r i s e e os p a í s e s i n d u s t r i a l i z a d o s colocaram as e s p e r a n ç a s em um novo c o m b u s t í v e l : a energia n u c l e a r . Com e s t a v i s ã o , grandes empresas e n e r g é t i c a s i n i c i a r a m a implantação de c e n t r a i s n u c l e a r e s por todo o Mundo.

0 sonho da energia n u c l e a r se transformou no pesadelo n u c l e a r com os acidentes o c o r r i d o s nas u s i n a s de Three Mile I s l a n d (EUA) e Chernobyl (URSS). Paralelamente, vem crescendo em todo o Mundo uma consciência a m b i e n t a l i s t a a f a v o r de f o n t e s de e n e r g i a n ã o poluentes.

1.3 - A Q U E S T Ã O E N E R G É T I C A NO BRASIL

Os povos que habitavam o B r a s i l quando da chegada das primeiras expedições portuguesas p o s s u í a m o d o m í n i o do fogo e faziam uso da lenha como c o m b u s t í v e l , visando preparação de

alimentos, aquecimento, iluminação e, em algumas c u l t u r a s mais avançadas, para cozimento de o b j e t o s f e i t o s de a r g i l a . Por outro lado, a sociedade portuguesa na «':oca apresentava um grau de desenvolvimento bastante s u p e r i o r . Faziam uso da l e n h a , u t i l i z a v a m a força de c a v a l o s e b o i s para t r a n s p o r t e de cargas e

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i n d i v i d u a l , conheciam o p o t e n c i a l de óleos c o m b u s t í v e i s animais ( b a l e i a ) para i l u m i n a ç ã o . Todavia, f o i no aprimoramento do uso da energia e ó l i c a , a t r a v é s da c o n s t r u ç ã o de c a r a v e l a s , que Portugal se firmou no século XVI como uma das maiores p o t ê n c i a s do Mundo.

Visando g a r a n t i r a posse do território b r a s i l e i r o e i n s t a l a r uma i n f r a e s t r u t u r a que g a r a n t i s s e o processo de a c u m u l a ç ã o de c a p i t a l , f o i implantada pelos portugueses a a g r o i n d ú s t r i a da cana de a ç ú c a r . A instalação dos p r i m e i r o s engenhos representou um enorme s a l t o na e v o l u ç ã o e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a (Barbalho, 1987). Ao lado do aumento s i g n i f i c a t i v o do consumo de l e n h a , f o i difundida a u t i l i z a ç ã o de animais ( b o i s , c a v a l o s e muares) e de uma nova fonte e n e r g é t i c a , a h i d r á u l i c a , a t r a v é s das rodas d'água. No entanto, todo e s t e processo produtivo t i n h a como fonte primária de e n e r g i a , antes de mais nada, a e n e r g i a muscular humana a t r a v é s da e s c r a v i d ã o de povos a f r i c a n o s . A entrada de escravos no B r a s i l , do século XVI ao século X V I I I , é estimada em 2.000.000 de a f r i c a n o s ( A l e n c a r , 1985).

Outras f o n t e s de e n e r g i a e c o m b u s t í v e i s foram u t i l i z a d o s nestes p r i m e i r o s tempos. A e n e r g i a dos ventos e r a empregada na navegação m a r í t i m a . Para r e s o l v e r o problema de i l u m i n a ç ã o , f o i difundido o emprego de ó l e o s de origem animal ( p e i x e - b o i e b a l e i a ) . A e n e r g i a s o l a r se f e z presente na secagem a c é u aberto de grãos e produtos de e x t r a ç ã o v e g e t a l e na p r e p a r a ç ã o de couros e c a r n e s . E s t a conjuntura e n e r g é t i c a permaneceu sem grandes alterações durante aproximadamente t r ê s séculos (séculos XVI a X V I I I ) . 0 c a r á t e r do Estado p o r t u g u ê s se empenhou n e s t e s e n t i d o ; prova maior d i s t o f o i o decreto de 1785 que ordenava a p r o i b i ç ã o de f á b r i c a s , manufaturas e t e a r e s no t e r r i t ó r i o b r a s i l e i r o .

Em meados do século XIX, a entrada em cena da locomotiva a vapor e da iluminação p ú b l i c a com o uso do g á s de c a r v ã o levaram à introdução do c a r v ã o m i n e r a l na matriz e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a . Vale s a l i e n t a r que todo o c a r v ã o consumido e r a importado da

I n g l a t e r r a , p o i s nada se e x p l o r a v a do p o t e n c i a l b r a s i l e i r o . Outra novidade deste p e r í o d o f o i a u t i l i z a ç ã o cada v e z maior nos engenhos do b a g a ç o de c a n a , s u b s t i t u i n d o a lenha que c o m e ç a v a a e s c a s s e a r devido à d e v a s t a ç ã o das matas.

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1870, da e n e r g i a e l é t r i c a , que i n i c i a l m e n t e f i c o u mais r e s t r i t a ao s e t o r de iluminação em substituição ao g á s ; como fontes primárias para geração de e l e t r i c i d a d e foram u t i l i z a d a s a energia hidráulica e o carvão m i n e r a l .

Com o desenvolvimento dos motores Otto e D i e s e l no f i n a l do século na Alemanha, ocorreu uma nova revolução nos t r a n s p o r t e s no B r a s i l com a importação dos primeiros v e í c u l o s automotores.

Em 1941, a matriz energética b r a s i l e i r a e r a marcada pelo domínio dos combustíveis de origem v e g e t a l (biomassa) representados p e l a lenha, carvão v e g e t a l , b a g a ç o de cana e etanol ( c e r c a de 77% do consumo t o t a l de e n e r g i a ) . Em segundo l u g a r , vinham os c o m b u s t í v e i s de origem f ó s s i l , que são os derivados de petróleo e o carvão mineral ( c e r c a de 16% do t o t a l ) . Por ú l t i m o , a energia elétrica de origem h í d r i c a com uma p a r t i c i p a ç ã o em torno de 7%.

As p r i m e i r a s perfurações de poços de p e t r ó l e o ocorreram na Bahia na d é c a d a de 1930. Apesar do pequeno p o t e n c i a l r e v e l a d o , o país cedeu às pressões i n t e r n a c i o n a i s e passou a consumir quantidades cada vez maiores de derivados de p e t r ó l e o . E s t a tendência f o i consolidada na d é c a d a de 1950 com a introdução no B r a s i l da indústria a u t o m o b i l í s t i c a .

Outra alteração s i g n i f i c a t i v a na matriz e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a tem s i d o a participação c r e s c e n t e da e n e r g i a e l é t r i c a de origem h í d r i c a , gerada em u s i n a s de grande porte a p a r t i r da d é c a d a de

1950 (Branco, 1975).

"Sem p a s s a r p e l a civilização do c a r v ã o , f r u t o da Revolução I n d u s t r i a l do século X V I I I , o B r a s i l p r e c i p i t o u - s e , j á na segunda metade do século XX, na c i v i l i z a ç ã o do p e t r ó l e o e da e l e t r i c i d a d e , cujo b e r ç o , por sua v e z , é a Segunda R e v o l u ç ã o I n d u s t r i a l o c o r r i d a nos EUA e Alemanha em f i n s do s é c u l o XIX. Respondendo às exigências de uma industrialização r e t a r d a t á r i a , e f e t i v a d a sob a égide de grandes empresas m u l t i n a c i o n a i s e desprovida de autonomia t e c n o l ó g i c a , o s e t o r e n e r g é t i c o h a v e r i a igualmente de p e r c o r r e r um caminho próprio..." ( C a l a b i e t a l l i , 1983).

A súbita elevação do p r e ç o do b a r r i l do p e t r ó l e o em 1973 colocou em c r i s e o modelo energético b r a s i l e i r o . Para e n f r e n t a r

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e s t a c o n j u n t u r a , f o i lançado o PROALCOOL, visando a p r o d u ç ã o de álcool da cana de açúcar para substituição da g a s o l i n a .

A e s t r u t u r a do consumo de e n e r g i a no B r a s i l , no p e r í o d o de 1941 a 1989, é apresentada na t a b e l a 1.1:

T a b e l a I.1 - E s t r u t u r a do Consumo de Energia no

(1941 - 1989) B r a s i l (%) c o m b u s t í v e i s fósseis biomassa h i d r e l é t r i c a e n e r g i a 1941 16,2 76,8 7,0 1946 20,9 71,2 7,9 1952 34,1 54,7 11,2 1957 39,9 45,3 14,8 1962 42,7 43,2 14,1 1967 38,0 45,5 16,5 1973 47,1 31,0 21,9 1979 45,9 28,2 25,2 1984 39,6 30,0 29,5 1989 39,3 26,7 33,0 FONTE: C a l a b i e t a l l i , 1983 MINFRA, 1990

A a t u a l r e a l i d a d e energética do B r a s i l se c a r a c t e r i z a por uma série de d e s a f i o s :

a) o Programa Nuclear, i n i c i a d o na década de 1980 com a u s i n a Angra I , encontra-se p a r a l i s a d o em função de d i f i c u l d a d e s técnicas e f i n a n c e i r a s . Somado à i s t o . pressões a m b i e n t a l i s t a s cada vez mais f o r t e s por parte da sociedade condenam e s t e t i p o de e n e r g i a ;

b) a e n e r g i a h i d r á u l i c a (33% do consumo t o t a l de e n e r g i a em 1989) se encontra com o p o t e n c i a l das grandes b a c i a s h i d r o g r á f i c a s das regiões Nordeste, Sudeste e S u l quase que totalmente explorado. Para superar e s t a limitação, segundo o "PLANO 2010" da ELETROBRAS, e s t á p r e v i s t a a construção de grandes h i d r e l é t r i c a s na região A m a z ô n i c a . A concretização deste plano se torna d i f í c i l , na medida em que os organismos i n t e r n a c i o n a i s de financiamento não destinam verbas para obras que tragam danos

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de barragens de grande porte na região t r a z inevitavelmente a inundação de imensas á r e a s . 0 exemplo mais concreto deste fato f o i a t r a g é d i a e c o l ó g i c a o c o r r i d a na h i d r e l é t r i c a de Balbina ( F e a r n s i d e , 1990);

c ) apesar da p a r t i c i p a ç ã o da lenha no consumo energético t e r d i m i n u í d a de 32,6% em 1974 para 17,2% em 1989, a mesma ainda ocupa papel de destaque no p a í s , p r i n c i p a l m e n t e no Nordeste. Apesar d i s t o , n ã o h á uma p o l í t i c a de r e f l o r e s t a m e n t o em v i g o r e toda a lenha consumida é r e t i r a d a de matas n a t i v a s . E s t a conjuntura t r a z como c o n s e q u ê n c i a a a c e l e r a ç ã o de processos e r o s i v o s que levam à d e s e r t i f i c a ç ã o de grandes á r e a s , tornando-as

improdutivas para a a g r i c u l t u r a ;

d) a p r o d u ç ã o de á l c o o l da cana de a ç ú c a r , r e f l e t i n d o o quadro de c o n c e n t r a ç ã o da t e r r a no p a í s , s e b a s e i a em grandes d e s t i l a r i a s

l o c a l i z a d a s em l a t i f ú n d i o s . E s t e quadro incrementa o processo do êxodo r u r a l , além de r e d u z i r a s áreas a g r í c o l a s para produção de alimentos;

e ) apesar da PETROBRAS e s t a r prevendo para e s t a década a auto-8 u f i c i ê n c i a em p e t r ó l e o , grande p a r t e das r e s e r v a s b r a s i l e i r a s 3 e l o c a l i z a abaixo do mar, em profundidades que chegam a 1.500 metros. Para a e x p l o r a ç ã o deste p o t e n c i a l , s ã o necessários grandes investimentos f i n a n c e i r o s ( B r e i t i n g e r , 1991).

1.4 - C O N C L U S Ã O

Neste capítulo f o i apresentada, de forma s u c i n t a , a evolução dos usos energéticos p e l a humanidade. Buscou-se um maior aprofundamento no processo desenvolvido no B r a s i l .

A p r i n c i p a l c o n c l u s ã o é que a s d i f e r e n t e s formas de u t i l i z a ç ã o da e n e r g i a pelo homem sempre tiveram uma e s t r e i t a r e l a ç ã o com o n í v e l de desenvolvimento e c o n ô m i c o , s o c i a l e tecnológico da humanidade. Apesar do consumo m é d i o per c a p i t a de e n e r g i a no presente s e r estimado em 230 Mcal/dia, e x i s t e uma grande d i f e r e n ç a entre os v a l o r e s encontrados nos países r i c o s e os v e r i f i c a d o s no chamado T e r c e i r o Mundo.

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humanidade u t i l i z o u fontes renováveis de e n e r g i a , baseadas na lenha, vento e á g u a . A p a r t i r da R e v o l u ç ã o I n d u s t r i a l até os nossos d i a s , a m a t r i z energética mundial tem s i d o hegemonizada pelas fontes não r e n o v á v e i s de e n e r g i a (carvão m i n e r a l , p e t r ó l e o , gás n a t u r a l e c o m b u s t í v e i s n u c l e a r e s ) .

Na a t u a l c o n j u n t u r a , a inundação de grandes á r e a s por h i d r e l é t r i c a s , a contaminação r a d i o a t i v a e a poluição a t m o s f é r i c a tem f e i t o c r e s c e r as pressões da sociedade em busca de fontes energéticas que reduzam ao m í n i m o os danos ao meio ambiente. Entre e s t a s , a difusão e o a p e r f e i ç o a m e n t o do uso da e n e r g i a s o l a r , e ó l i c a , da biomassa e do h i d r o g ê n i o tem sido a l v o de pesquisa da comunidade científica mundial.

No caso b r a s i l e i r o , a a t u a l matriz energética é hegemonizada por sistemas c e n t r a l i z a d o s , representados por p r o j e t o s de grande porte e de a l t o s c u s t o s de instalação e o p e r a ç ã o (grandes u s i n a s h i d r e l é t r i c a s , derivados de p e t r ó l e o , p r o d u ç ã o de á l c o o l em

grandes d e s t i l a r i a s ) . Com i s t o , f o i secundarizada a importância dos sistemas d e s c e n t r a l i z a d o s de e n e r g i a , através de p r o j e t o s de pequeno e m é d i o porte com c e n t r a i s h i d r e l é t r i c a s , biomassa, energia s o l a r e e ó l i c a . F i c a constatado, portanto, a necessidade do desenvolvimento de metodologias de planejamento e n e r g é t i c o que busquem a integração dos sistemas c e n t r a l i z a d o s de e n e r g i a aos d e s c e n t r a l i z a d o s . E s t a pesquisa deve desenvolver os aspectos p o s i t i v o s que ambos os sistemas apresentam, ao mesmo tempo que procure r e d u z i r suas c a r a c t e r í s t i c a s danosas.

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CAPITULO I I

ENERGIA E DESENVOLVIMENTO

11.1 - INTRODUÇÃO

Neste capítulo é a n a l i s a d a a necessidade e a importância do planejamento e n e r g é t i c o . Partindo d e s t a v i s ã o , são d e s c r i t a s a s relações entre o s e t o r energético e a s c a r a c t e r í s t i c a s do subdesenvolvimento que a f p t a no presente p a r c e l a s s i g n i f i c a t i v a s da humanidade.

São apresentadas e s t r a t é g i a s de ação como presupostos b á s i c o s para o desenvolvimento. Entre e s t a s , merecem destaque os estudos de c a s o . No contexto destes estudos, é a n a l i s a d o o planejaaento energético m u n i c i p a l .

A experiência p i o n e i r a no B r a s i l de planejamento energético m u n i c i p a l , r e a l i z a d a no estado do R i o Grande do S u l , é r e l a t a d a em seus aspectos mais s i g n i f i c a t i v o s .

11.2 - PLANEJAMENTO ENERGÉTICO E (SUB)DESENVOLVIMENTO

0 Planejamento Energético se j u s t i f i c a na medida em que a e n e r g i a ê i n g r e d i e n t e fundamental para todas a s a t i v i d a d e s humanas e para s u a p r ó p r i a s o b r e v i v ê n c i a . A e n e r g i a é , portanto, um meio para se s a t i s f a z e r e m n e c e s s i d a d e s , nunca um f i m .

0 tratamento dispensado à questão e n e r g é t i c a na maioria dos países subdesenvolvidos, e em p a r t i c u l a r no B r a s i l , p o s s u i a característica de, na maior p a r t e dos c a s o s , t e r s i d o uma mera transposição m e c â n i c a de processos desenvolvidos nos p a í s e s desenvolvidos. Foram postos em segundo plano (ou mesmo esquecidos) os t r a ç o s específicos de nossa r e a l i d a d e , determinados por f a t o r e s g e o g r á f i c o s , h i s t ó r i c o s , c u l t u r a i s , e t c . . .

0 ponto de p a r t i d a f o i a premissa e r r ô n e a de que se determinadas etapas levaram alguns p a í s e s ao desenvolvimento, a

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implementação d e s t a s mesmas etapas no r e s t a n t e dos p a í s e s do Mundo os l e v a r i a também ao desenvolvimento. A h i s t ó r i a mostrou que a o b e d i ê n c i a a e s t e f a l s o pressuposto, na r e a l i d a d e , apenas aprofundou o estado de miséria de c o n s i d e r á v e l p a r c e l a da humanidade.

Quais s ã o a s c a r a c t e r í s t i c a s deste subdesenvolvimento e quais as ligações com o s e t o r energético? Os t r a ç o s g e r a i s são ( E n e r g i a e Desenvolvimento, 1986):

a ) D e p e n d ê n c i a

"No i n t e r i o r do sistema e c o n ô m i c o mundial, o subdesenvolvimento de uns está ligado ao desenvolvimento de outros por um processo h i s t ó r i c o , que conduz h o j e a um conjunto de relações e c o n ô m i c a s , c o m e r c i a i s , p o l í t i c a s , f i n a n c e i r a s e c u l t u r a i s . 0 c o n t r á r i o da dependência n ã o é a autonomia, mas a recuperação p r o g r e s s i v a , pelos p a í s e s , das p o s s i b i l i d a d e s de tomar decisões a u t ô n o m a s , as quais se encontram h o j e , em n ú m e r o r e l e v a n t e , no e x t e r i o r " .

b) D e s a r t i c u l a ç ã o i n t e r n a

"... e n t r e os d i v e r s o s s e t o r e s ( a g r i c u l t u r a , i n d ú s t r i a , energia) e, dentro de cada um d e l e s , e n t r e a s d i v e r s a s unidades que t ê m modos de p r o d u ç ã o , t e c n o l o g i a s e, em c o n s e q u ê n c i a , produtividades d i f e r e n t e s . Frequentemente, a d e s a r t i c u l a ç ã o n ã o se reduz com o c r e s c i m e n t o , ao c o n t r á r i o , e l a s e aprofunda".

c ) Desigualdades e n t r e grupos s o c i a i s e r e g i õ e s g e o g r á f i c a s

Na maior p a r t e dos países subdesenvolvidos existem r e g i õ e s que sofrem a s c o n s e q u ê n c i a s de uma dupla d e p e n d ê n c i a : e x t e r n a e de outras r e g i õ e s mais desenvolvidas dentro do p r ó p r i o p a í s . Somado a i s t o , enquanto uma p a r c e l a diminuta da p o p u l a ç ã o possui níveis elevados de consumo e n e r g é t i c o , a grande m a i o r i a apresenta baixas taxas e o uso de combustíveis t r a d i c i o n a i s com rendimento

i n s a t i s f a t ó r i o .

d) M á a d m i n i s t r a ç ã o dos ecossistemas

"... a m e a ç a os r e c u r s o s n a t u r a i s ( á g u a , f l o r e s t a s , s o l o s ) , chegando mesmo a p ô r em perigo a s p o s s i b i l i d a d e s de s o b r e v i v ê n c i a das p o p u l a ç õ e s . . . . a tensão advinda de requerimentos c r e s c e n t e s , tanto urbanos quanto r u r a i s , conduziu a uma v e r d a d e i r a ' c r i s e da lenha', c r i s e que muitos observadores julgam muito mais grave

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para os p a í s e s afetados que a c r i s e do p e t r ó l e o " .

Uma das p r i m e i r a s d i f i c u l d a d e s encontradas pelo planejador nesta á r e a , p o r t a n t o , é a d e f i n i ç ã o de instrumentos de conhecimento e de ação voltados para a sua r e a l i d a d e ( s e j a a nível l o c a l , r e g i o n a l ou n a c i o n a l ) . E s t a d e f i n i ç ã o certamente n ã o é t a r e f a s i m p l e s . A complexidade dos problemas energéticos é função da importância que a e n e r g i a tem na v i d a dos homens.

Ao observarmos a trajetória de alguns p a í s e s que alcançaram a posição de desenvolvidos no mundo de h o j e , veremos que, entre outros f a t o r e s , i s t o se deveu em grande p a r t e à construção de um modelo que buscava a p r o v e i t a r ao m á x i m o os r e c u r s o s energéticos próprios que cada um destes países p o s s u í a . Exemplos d i to s ã o a I n g l a t e r r a e os Estados Unidos. Enquanto o primeiro i n i c i o u a chamada R e v o l u ç ã o I n d u s t r i a l à base de suas j a z i d a s de carvão mineral, o segundo c o n s t r u i u seu crescimento sustentado p e l a s suas r e s e r v a s de p e t r ó l e o .

F i c a constatado, portanto, a i m p o r t â n c i a do levantamento e utilização do p o t e n c i a l energético intrínseco a cada p a í s . E s t a p e r s p e c t i v a se amplia quando tratamos com a r e a l i d a d e dos países subdesenvolvidos, p o i s nestes p a í s e s os sistemas energéticos que venham a s e r adotados terão influência d e c i s i v a sobre o caminho que p o s s i b i l i t e o desenvolvimento.

Este procedimento conduz, e n t r e outras c o n s e q u ê n c i a s , à derrubada de c o n c e i t o s como a d i v i s ã o do mundo em "países r i c o s " e "países pobres". Na r e a l i d a d e , o que e x i s t e s ã o países que, entre outros f a t o r e s , souberam a p r o v e i t a r seus próprios recursos e de outro lado p a í s e s que, e n t r e o u t r a s c a r a c t e r í s t i c a s , basearam s e u modelo de (sub)desenvolvimento em combustíveis

importados, deixando à margem grandes p o t e n c i a i s i n t e r n o s . I s t o f i c o u evidente na década de 1970 com a chamada c r i s e do p e t r ó l e o , quando o quadro de dependência e x t e r n a deste energético levou a economia de d i v e r s o s países ao c o l a p s o .

I I . 3 - PLANEJAMENTO E N E R G É T I C O E PRESSUPOSTOS PARA 0 DESENVOLVIMENTO

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a discussão de um planejamento e n e r g é t i c o que c o n t r i b u a , juntamente com a s alterações em outros s e t o r e s ( e c o n ô m i c o , s o c i a l e p o l i t i c o ) , para o desenvolvimento de r e g i õ e s do Planeta que hoje abrigam a maior p a r c e l a da humanidade.

Alguns passos i s o l a d o s foram dados em alguns d e s t e s p a í s e s . A valorização de recursos p r ó p r i o s f o i v e r i f i c a d a na China (carvão e biomassa), índia (carvão e biomassa) e B r a s i l ( h i d r e l e t r i c i d a d e e biomassa). Algumas estratégias fundamentais ainda carecem de implementação ou de a p e r f e i ç o a m e n t o :

a) c r i a r a s condições para um desenvolvimento autocentrado, endógeno, autodeterminado;

b) estuda" a questão e n e r g é t i c a como p a r t e integrante dos subsistemas econômico e s o c i a l ;

c ) i n t e g r a r os s e t o r e s r u r a l - u r b a n o , a g r i c u l t u r a - i n d ú s t r i a , tradicional-moderno e outros que necessitem de um trabalho mais harmonizado;

d) superar os l i m i t e s impostos pelo uso de t e c n o l o g i a s predominantes, na maior p a r t e dos c a s o s , devido à s pressões de grandes grupos econômicos e o t i m i z a r f o n t e s de energia t r a d i c i o n a i s e/ou u t i l i z a r novas f o n t e s ;

e) e x p l i c i t a r as relações e x i s t e n t e s e n t r e a s d i v e r s a s fontes de e n e r g i a , estabelecendo p o s s i b i l i d a d e s de substituição e de transformação das mesmas;

f ) promover os estudos de c a s o , e com i s s o :

- destacar c e r t a s r e l a ç õ e s e n t r e os aspectos e n e r g é t i c o s , e c o n ô m i c o s , s o c i a i s e c u l t u r a i s que ficam em plano secundário quando da realização das a n á l i s e s m a c r o e c o n ô m i c a s ;

- a v a l i a r melhor a importância dos subsistemas c e n t r a l i z a d o s e d e s c e n t r a l i z a d o s de e n e r g i a .

I I . 4 - PLANEJAMENTO E N E R G É T I C O MUNICIPAL

Dentro da ótica dos estudos de caso é que encontraremos a importância e necessidade do planejamento e n e r g é t i c o m u n i c i p a l . Um planejamento que tenha como o b j e t i v o t r a ç a r um b a l a n ç o energético do município e ao mesmo tempo e l a b o r a r uma política de valorização de r e c u r s o s e n e r g é t i c o s p r ó p r i o s , muitas vezes

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desprezados ou mesmo ignorados por suas comunidades. E s t e s recursos energéticos seriam a base da c o n s t r u ç ã o de uma i n f r a e s t r u t u r a a nível municipal, gerando empregos e melhores condições de v i d a , permitindo ao homem s e f i x a r em sua p r ó p r i a comunidade. Um dos maiores problemas da a t u a l conjuntura b r a s i l e i r a , que é o êxodo r u r a l , poderia desta forma s e r minimizado. E s t a questão tem mostrado sua f a c e em e s p e c i a l nas grandes cidades do nosso P a i s , onde m i l h a r e s de pessoas vivem em f a v e l a s sem a s m í n i m a s condições de h a b i t a ç ã o , contribuindo de forma d e c i s i v a para a escalada da v i o l ê n c i a urbana. Se torna urgente, portanto, c o n c r e t i z a r ações que busquem r e d u z i r O B malefícios de um quadro de dupla Jependência ( i n t e r n a e e x t e r n a )

a que estão submetidos a quase t o t a l i d a d e dos m u n i c í p i o s b r a s i l e i r o s , procurando um desenvolvimento autocentrado. 0 planejamento e n e r g é t i c o c o n s t i t u i apenas um dos elementos a serem considerados, devendo e s t a s ações inovadoras serem r e a l i z a d a s também nos campos p o l í t i c o , e c o n ô m i c o , s o c i a l , e c o l ó g i c o , e t c A integração de todas e s t a s ações deve t e r como o b j e t i v o f i n a l o s e r humano, que através de sua c o n s c i e n t i z a ç ã o p o d e r á traçar novos caminhos para a humanidade.

A necessidade do planejamento e n e r g é t i c o a n í v e l municipal s e torna evidente quando tratamos com a r e a l i d a d e de um país como o B r a s i l . Chamado acertadamente por muitos como "país c o n t i n e n t a l " , o B r a s i l possui v á r i o s "países" em s e u i n t e r i o r , que s e diferenciam em suas características g e o g r á f i c a s , h i s t ó r i c a s , c u l t u r a i s e s o c i a i s , além do grau de desenvolvimento e c o n ô m i c o . Dentro destes "países" ( e s t a d o s ) , a d i f e r e n c i a ç ã o s e c o n f i g u r a na r e a l i d a d e das m i c r o r e g i õ e s (municípios) e x i s t e n t e s .

0 conhecimento do quadro e n e r g é t i c o d e s t a s m ú l t i p l a s microregiões é , portanto, de extrema i m p o r t â n c i a , s e j a a n í v e l n a c i o n a l (fornecendo dados não revelados nos b a l a n ç o s c l á s s i c o s , em e s p e c i a l no que s e r e f e r e aos usos e n e r g é t i c o s da biomassa), s e j a a nível l o c a l . " . . . os estudos de caso podem s e r diretamente u t i l i z a d o s para e s c l a r e c e r as decisões concernentes aos pequenos p r o j e t o s l o c a i s e para e s t i m u l a r e e l u c i d a r a ação das comunidades l o c a i s em favor de s e u p r ó p r i o desenvolvimento"

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visão da matriz e n e r g é t i c a b r a s i l e i r a , formada por elementos d i v e r s o s que exigem instrumentos de análise e s p e c í f i c o s para cada situação em p a r t i c u l a r ("pensar globalmente para a g i r localmente").

I I . 5 - A EXPERIÊNCIA DOS M U N I C Í P I O S DO RIO GRANDE DO SUL

Dentro d e s t a nova v i s ã o de planejamento e n e r g é t i c o a n í v e l municipal, o pioneirismo no B r a s i l (e até agora a ú n i c a experiência divulgada) cabe ao Rio Grande do S u l . Os f a t o r e s que motivaram e s t e t i p o de empreendimento se fundamentam basicamente nos campos político e e c o n ô m i c o . No campo p o l í t i c o , dada a maior responsabilidade que hoje cabe aos m u n i c í p i o s em c o n s e q u ê n c i a da descentralização g a r a n t i d a p e l a nova C o n s t i t u i ç ã o F e d e r a l . No campo e c o n ô m i c o , devido a necessidade de a l t e r n a t i v a s e n e r g é t i c a s de médio e baixo custo com tempo de retorno do investimento menor e l o c a l i z a d a s a nível da p r ó p r i a comunidade a s e r b e n e f i c i a d a . Em outras p a l a v r a s , se busca o desenvolvimento autocentrado.

0 i n i c i o deste processo se deu no ano de 1987, quando f o i proposta a criação das C o m i s s õ e s Municipais de E n e r g i a e Proteção Ambiental ( B r i s t o t i e Adams, 1990). A p r i n c i p a l função d e s t a s Comissões tem sido a r t i c u l a r os sistemas e c o n ô m i c o , s o c i a l , ecológico e energético do m u n i c í p i o , visando o desenvolvimento harmônico e a d e s c e n t r a l i z a ç ã o , a e n e r g i z a ç ã o e a

industrialização de v i l a s , d i s t r i t o s e do meio r u r a l em g e r a l , preservando os ecossistemas e evitando o êxodo r u r a l .

A necessidade de implantação d e s t a s C o m i s s õ e s f o i v e r i f i c a d a quando da realização do seminário "RGS - E n e r g i a para o ano 2000" que f o i reproduzido nos p r i n c i p a i s m u n i c í p i o s do Estado e n t r e outubro de 1987 e junho de 1988. 0 seminário abordou os aspectos técnicos e econômicos das p r i n c i p a i s fontes e n e r g é t i c a s e suas implicações nos s e t o r e s urbano e r u r a l , assim como os seus e f e i t o s sobre o meio ambiente.

Devido ao grande número de m u n i c í p i o s i n t e r e s s a d o s no planejamento energético como parte do planejamento m u n i c i p a l , f o i proposto um programa de treinamento que numa p r i m e i r a f a s e se m a t e r i a l i z o u através de um "curso de e s p e c i a l i z a ç ã o em

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planejamento energético a n í v e l m u n i c i p a l , visando ao mesmo tempo desenvolver um programa de treinamento de t é c n i c o s a n í v e l de pós-graduação e r e a l i z a r de forma prática e a s s i s t i d a um planejamento nos m u n i c í p i o s envolvidos no programa" ( B r i s t o t i e Adams, 1990).

Um dos pontos deste programa l i d o u com a c o n s t r u ç ã o de c e n á r i o s . Uma das p e r s p e c t i v a s trabalhou com um crescimento econômico de 5% ao ano, apontando para a i m p o r t â n c i a da energia a l t e r n a t i v a no consumo g l o b a l no ano 2000 para o Estado do Rio Grande do S u l . Pretende-se a l c a n ç a r as seguintes metas:

- e n e r g i a e l é t r i c a : de uma p o t ê n c i a i n s t a l a d a no Estado de 1600 MW (importando em torno de 5 0 % ) , pretende-se chegar a ima potência i n s t a l a d a de 4000 MW no ano 2000 (importando c e r c a de 45%);

- derivados de p e t r ó l e o : r e d u ç ã o s i g n i f i c a t i v a do consumo baseada em um aumento c o n s i d e r á v e l da produção l o c a l de á l c o o l , através de pequenas d e s t i l a r i a s ( B r i s t o t i e Adams, 1987);

- lenha: embora mantendo o mesmo p e r c e n t u a l , sua p r o d u ç ã o deverá aumentar aproximadamente 2,5 v e z e s ; i s t o e x i g i r á a ç õ e s concretas visando o r e f l o r e s t a m e n t o , p o i s na a t u a l conjuntura no Estado são u t i l i z a d o s 100 m i l ha/ano de f l o r e s t a s e h á a r e p o s i ç ã o de apenas 50 m i l ha/ano. Nos m u n i c í p i o s do i n t e r i o r , dependendo de sua l o c a l i z a ç ã o , chega-se a t e r uma participação da lenha no consumo t o t a l de e n e r g i a variando entre 40 e 60% ( B r i s t o t i e S i l v e i r a , 1990);

- carvão f ó s s i l : o aumento de sua p a r t i c i p a ç ã o se deverá à importante c o n t r i b u i ç ã o que r e c e b e r á do carvão v a p o r , subproduto do carvão m e t a l ú r g i c o ;

- outras f o n t e s : incremento na u t i l i z a ç ã o de a l t e r n a t i v a s energéticas t a i s como pequenas c e n t r a i s h i d r e l é t r i c a s , e n e r g i a e ó l i c a , e n e r g i a s o l a r d i r e t a , a l é m da c o n s e r v a ç ã o e do viso de g á s n a t u r a l proveniente da Argentina;

Visando a s s e g u r a r a continuidade de todo e s t e t r a b a l h o , um passo s i g n i f i c a t i v o f o i dado a t r a v é s da a s s i n a t u r a de protocolos

integrando os p r i n c i p a i s grupos de i n s t i t u i ç õ e s :

a) protocolo firmado e n t r e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul e os M u n i c í p i o s , segundo o qual o Governo do Estado d e s t i n a r á

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recursos provenientes do tesouro e s t a d u a l , de forma p a r i t á r i a com os investimentos e f e t i v a d o s pelo s e t o r p ú b l i c o municipal em projetos envolvendo fontes a l t e r n a t i v a s de e n e r g i a . Uma c o m i s s ã o será responsável por a v a l i a r e promover a alocação dos r e c u r s o s . b) protocolo entre as A s s o c i a ç õ e s de M u n i c í p i o s r e g i o n a i s , as Instituições de Ensino Superior do i n t e r i o r do Estado e a i n i c i a t i v a p r i v a d a , com o o b j e t i v o de desenvolver f o n t e s a l t e r n a t i v a s de e n e r g i a , suas t r a n s f o r m a ç õ e s e u s o s , conjugado à r e s p e c t i v a proteção ambiental;

c ) protocolo e n t r e o Governo do E s t a d o , a t r a v é s de suas d i v e r s a s s e c r e t a r i a s l i g a d a s d i r e t a ou indiretamente com a q u e s t ã o energética, a Universidade F e d e r a l do Rio Grande do Sul e todas as IES do Estado que desejarem p a r t i c i p a r , visando a c r i a ç ã o de uma Rede E s t a d u a l de Pesquisa e E x t e n s ã o em E n e r g i a e P r o t e ç ã o Ambiental.

Outro passo importante f o i dado a t r a v é s da ação conjunta da CENERGS com o Núcleo de Energia da UFRGS, no que d i z r e s p e i t o à elaboração de l e i s orgânicas m u n i c i p a i s no s e t o r energético e seus desdobramentos em e s p e c i a l no campo e c o l ó g i c o .

I I . 6 - C O N C L U S Ã O

A c o n c e p ç ã o errônea da e x i s t ê n c i a de um modelo ú n i c o de desenvolvimento para todos os p a í s e s tem condenado p a r c e l a s s i g n i f i c a t i v a s da humanidade à m i s é r i a . Um dos d e s a f i o s do presente c o n s t i t u i , portanto, a d e f i n i ç ã o de instrumentos de conhecimento e de ação que busquem a v a l o r i z a ç ã o dos r e c u r s o s energéticos p r ó p r i o s dos países subdesenvolvidos. Seguindo e s t e raciocínio, c o n c l u i - s e que a c r i s e e n e r g é t i c a e x i s t e porque h á uma c r i s e no paradigma de ( s u b d e s e n v o l v i m e n t o adotado, e não o contrário.

A implementação de um planejamento e n e r g é t i c o a n í v e l municipal pode c o n t r i b u i r na c o n s t r u ç ã o de um modelo de desenvolvimento autodeterminado.

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CAPITULO I I I

B A L A N Ç O E N E R G É T I C O DO M U N I C Í P I O DE CAMPINA GRANDE (1990)

I I I . 1 - INTRODUÇÃO

No presente c a p i t u l o é r e a l i z a d o o b a l a n ç o e n e r g é t i c o do município de Campina Grande para o ano de 1990. 0 conhecimento desta matriz c o n s t i t u i o primeiro passo para a e f e t i v a ç ã o do planejamento e n e r g é t i c o m u n i c i p a l .

São abordadas as s e g u i n t e s fontes de e n e r g i a : e n e r g i a e l é t r i c a , derivados de p e t r ó l e o , e t a n o l , lenha e c a r v ã o v e g e t a l .

Os v a l o r e s de massa específica e poder c a l o r í f i c o p a r a as d i v e r s a s fontes foram obtidas do Balanço Energético Nacional (1990). Para a massa e s p e c í f i c a : 3 gás l i q u e f e i t o de p e t r ó l e o 554 kg/m óleo d i e s e l 852 óleo c o m b u s t í v e l 997 á l c o o l e t í l i c o hidratado 809 g a s o l i n a automotiva 744 lenha comercial 390 c a r v ã o v e g e t a l 250 Os v a l o r e s do poder c a l o r í f i c o s ã o : e l e t r i c i d a d e 3.132 k c a l A W h g á s l i q u e f e i t o de p e t r ó l e o 11.730 k c a l / k g ó l e o d i e s e l 10.810 óleo c o m b u s t í v e l 10.090 á l c o o l e t í l i c o hidratado 6.650 g a s o l i n a automotiva 11.200 lenha comercial 3.300 c a r v ã o v e g e t a l 6.800 0 v a l o r de 1 tonelada e q u i v a l e n t e de petróleo é i g u a l a 10.800 Meai. Os v a l o r e s do poder calorífico acima c i t a d o s representam o p o t e n c i a l e n e r g é t i c o m á x i m o contido em cada c o m b u s t í v e l . Em uma s i t u a ç ã o p r á t i c a , deve-se l e v a r em consideração os rendimentos i n e r e n t e s à t e c n o l o g i a de

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transformação empregada.

I I I . 2 - ENERGIA ELÉTRICA

0 primeiro componente a s e r analisado da matriz energética do município de Campina Grande é a e n e r g i a e l é t r i c a . Numa p e r s p e c t i v a h i s t ó r i c a a e n e r g i a elétrica em Campina Grande teve a seguinte e v o l u ç ã o :

1920 - chegada da e n e r g i a elétrica ao M u n i c í p i o , com a iluminação pública das p r i n c i p a i s ruas gerada por meio de motores a d i e s e l ; 1940 - a administração pública municipal assume o c o n t r o l e da prestação do s e r v i ç o , c o n s t i t u i n d o o SEM - Serviços Elétricos Municipais;

1956 - Campina Grande passa a r e c t o e r e n e r g i a da Companhia H i d r o e l é t r i c a do São F r a n c i s c o - CHESF;

1966 - C r i a ç ã o da Companhia de E l e t r i c i d a d e da Borborema - CELB, empresa de economia mista m u n i c i p a l .

Além do m u n i c í p i o de Campina Grande, a CELB atende também os municípios de Massaranduba, Queimadas, Lagoa Seca e Fagundes. Tomando como referência o ano de 1990, Campina Grande r e p r e s e n t a em média 94% do consumo da energia elétrica d i s t r i b u í d a p e l a CELB. A capacidade i n s t a l a d a de transformação 13.800/380/220 para Campina Grande é de 80.000 KVA estando d i v i d i d a em t r ê s subestações:

Campina Grande 01 35.000 KVA Campina Grande 02 25.000 KVA B e l a V i s t a 20.000 KVA

Considerando o período de 1985 - 1990, o M u n i c í p i o de Campina Grande apresentou o seguinte histórico em seu consumo de e n e r g i a e l é t r i c a , com um crescimento m é d i o neste p e r í o d o de 23%:

1985 148.017 MWh 1986 158.327 1987 142.104 1988 155.756 1989 169.370 1990 181.713 Visando f a c i l i t a r e s t a a n á l i s e , o consumo de e n e r g i a e l é t r i c a f o i d i v i d i d o em s e t o r e s com base na sua d e s t i n a ç ã o f i n a l . Com o o b j e t i v o de se t e r uma avaliação de t e n d ê n c i a s de comportamento

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ao longo destes d i v e r s o s s e t o r e s , o periodo temporal estendeu-se de 1985 a 1990 com os v a l o r e s d e consumo fornecidos mês a m ê s (Companhia de E l e t r i c i d a d e da Borborema, 1 9 9 1 ) .

a ) s e t o r r e s i d e n c i a l

Os v a l o r e s do consumo mensal de e n e r g i a e l é t r i c a para o setor r e s i d e n c i a l no período 1985-1990 são f o r n e c i d o s no gráfico I I I . l e na t a b e l a I I I . l .

De um modo g e r a l , a c u r v a de consumo apresenta uma característica ascendente, com uma queda t e m p o r á r i a r e g i s t r a d a no ano de 1987, sendo depois retomado o c r e s c i m e n t o . A taxa m é d i a de crescimento no período é de 53%, sendo portanto bastante s u p e r i o r ao crescimento m é d i o do consumo t o t a l de e n e r g i a elétrica do Município que é de 23%. E s t a e v o l u ç ã o se deve a f a t o r e s d i v e r s o s , além do simples crescimento n a t u r a l da p o p u l a ç ã o . Campina Grande se c o n s t i t u i um dos mais importantes c e n t r o s urbanos da Região Nordeste, com a t i v i d a d e s de destaque no campo educacional/científico, i n d u s t r i a l e c o m e r c i a l . E s t a i n f l u ê n c i a u l t r a p a s s a as f r o n t e i r a s do estado da P a r a í b a . Dentro d e s t a conjuntura, a cidade a t r a i anualmente m i l h a r e s de pessoas que buscam emprego e melhores c o n d i ç õ e s de v i d a . Sem c o n d i ç õ e s de responder a e s t e processo de "inchamento", a cidade se v ê pontilhada de f a v e l a s e com aumento da v i o l ê n c i a urbana e de um setor d a economia chamado economia i n f o r m a l , composto por b i s c a t e i r o B , camelôs e vendedores ambulantes. Agravando ainda mais e s t e quadro, d a d o s r e l a t i v o s à e s t r u t u r a fundiária revelam um processo d e concentração da t e r r a tanto a nível municipal quanto a nível e s t a d u a l (IBGE, 1985). No m u n i c í p i o d e Campina Grande, 3.602 estabelecimentos m i r a i s (85,14% do t o t a l ) possuem uma área média de 2 ha e representam ao todo 8,65% da área t o t a l .

Por outro lado, 14 propriedades (0,33% do t o t a l ) possuem área superior a 1.000 ha e somam no t o t a l 24.737 ha (29,74% de toda a á r e a ) .

b) s e t o r i n d u s t r i a l

A evolução do consumo d e s t e s e t o r é mostrada a t r a v é s do gráfico I I 1.2 e da t a b e l a I I 1.2. E s t a e v o l u ç ã o pode s e r d i v i d i d a em três momentos: um primeiro momento ascendente" que v a i até 1986, uma segunda etapa c a r a c t e r i z a d a por uma queda no consumo

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SETOR RESIDENCIAL

CONSUMO MENSAL DE E N E R G I A E L É T R I C A (GWH) o 1985 1986 1987 1988 1989 1990 ANOS G R A F I C O I I I . l T a b e l a I I I . l - Consumo d e E n e r g i a E l é t r i c a (MWh) - S e t o r R e s i d e n c i M u n i c í p i o de C a m p i n a G r a n d e 1 9 8 5 1 9 8 6 1987 1 9 8 8 1 9 8 9 1 9 9 0 JAN 3 7 9 6 4 0 2 2 4 4 6 8 4 6 2 4 5 5 4 6 6 1 9 8 F E V 3 7 1 8 3 9 6 2 4 5 1 2 4 7 2 4 4 3 3 2 5 7 0 0 MAR 3 4 9 8 4 1 0 5 3 4 9 6 4 6 0 7 4 5 8 8 5 5 6 1 ABR 4 1 4 7 4 2 8 4 3 7 8 4 4 3 4 4 4 9 9 0 6 1 5 0 MAI 3 7 5 8 4 1 5 8 3 7 5 9 4 6 6 0 5 3 8 8 5 9 0 2 JUN 4 0 3 4 4 0 2 8 3 7 3 7 4 4 9 0 5 6 2 9 5 8 4 7 J U L 3 6 7 9 . 4 1 5 7 3 7 2 6 4 5 4 2 5 2 6 9 5 8 2 0 AGO 3 9 4 5 4 1 0 9 4 3 7 8 4 1 3 7 4 9 9 4 5 6 7 9 S E T 3 6 6 3 3 9 7 1 4 0 6 5 4 8 1 2 5 1 1 4 5 7 6 9 OUT 3 9 4 3 4 6 5 9 4 0 2 8 4 7 0 9 5 4 0 8 5 9 4 4 NOV 4 1 7 8 4 6 3 9 4 4 0 2 4 8 6 4 5 6 9 1 6 3 7 4 DEZ 4 2 3 6 4 6 1 9 4 1 5 2 4 8 2 5 5 6 8 9 6 3 8 5 SOMA 4 6 5 9 4 5 0 7 1 3 4 8 5 0 7 5 5 3 3 6 6 2 6 3 8 7 1 3 2 7 M É D I A MENSAL 3 8 8 3 4 2 2 6 4 0 4 2 4 6 1 1 5 2 2 0 5 9 4 4 VAR. ( % ) 12 15 -7 4 3 3 FONTE: C E L B , 1 9 9 1

Referências

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