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Adoção à luz do estatuto da criança e do adolescente

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Academic year: 2021

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GRANDE DO SUL

NELITA LUCIO DE MOURA

ADOÇÃO À LUZ DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Ijuí (RS) 2017

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NELITA LUCIO DE MOURA

ADOÇÃO À LUZ DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho Conclusão de Curso - TCC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS- Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora:Dra. Joice Graciele Nielsson

Ijuí (RS) 2017

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Dedico este trabalho a todos que de alguma forma ou de outra me apoiaram, me auxiliaram e me fizeram seguir em frente, na busca em tornar o meu sonho em realidade. Dedico este trabalho em especial aos meus filhos, que diariamente me fazem querer ser uma pessoa melhor e a não desacreditar jamais na vida, nos meus objetivos e sonhos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter estado comigo em todos os momentos, por mais difíceis que tenham sido me dando força e coragem para seguir a caminhada com fé e determinação.

Aos meus pais, em memória, por terem acreditado que eu seria capaz de realizar o meu sonho, mesmo com todos os percalços do período universitário. Agradeço infinitamente a eles, embora hoje não se faça possível dar-lhes aquele abraço de felicidade e gratidão, por terem eles partido para o céu, de onde devem estar me olhando com profundo orgulho, o mesmo orgulho e amor que eu sentirei eternamente pelos dois, meus pais, Antonio e Letícia.

Aos meus filhos, que por grande tempo se privaram da minha companhia de mãe, passando muitos momentos sozinhos, enquanto precisavam que eu estivesse ao seu lado, e mesmo assim me incentivaram a cada instante para que o nosso sonho virasse uma realidade, por que o sonho é o mesmo para nós todos, família, amo vocês Leticia, Erick, e Antonella (neta).

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“Se o amor da riqueza é, no advogado, maior que o amor da honra, troque de profissão. Procure outra em que, para chegar à riqueza, não seja estranhável que abandone a honra.

O advogado deve sugerir por forma tão discreta os argumentos que lhe dão razão, que deixe ao juiz a convicção de que foi ele próprio quem os descobriu.” Plínio Barreto

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O presente trabalho de conclusão de curso aborda a temática da adoção no Brasil, tal como preconizada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, objetivando conhecer a realidade do instituto atualmente, sua evolução tanto histórica e cultural, bem como jurídica, visando um conhecimento mais aprofundado dos avanços, e também das suas necessidades, frente à realidade atualmente vivenciada, por quem pretende adotar e por quem espera para ser adotado. Ainda, o presente estudo visa conhecer do instituto, após a introdução da Lei 12.010/09, seus avanços e retrocessos, e os motivos reais, por existir no Brasil, uma fila tão grande de crianças e adolescentes a espera de serem adotadas, mesmo existindo uma fila ainda maior do lado de quem deseja adotar. O estudo visa conhecer as causas para tamanha morosidade judicial no processo de adoção, e apontar possíveis alternativas de mudanças tanto jurídica, quanto social na busca de amenizar tal problemática. Para sua realização, utiliza o método de pesquisa bibliográfico sobre a temática, utilizando-se de pesquisas em livros, artigos, trabalhos de conclusão de curso, sites da internet. O trabalho é dividido em dois capítulos, sendo que o primeiro capítulo está relacionado à Evolução Histórica da Adoção, e o segundo capítulo aborda acerca da realidade dos processos de Adoção no Brasil na atualidade.

Palavras-Chave: Adoção no Brasil. Lei 12.010/09. Estatuto da Criança e do Adolescente. Morosidade Judicial.

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The present work of completion of course addresses the thematic of adoption in Brazil, as advocated by the Statute of the Child and adolescent, aiming to know the reality of the Institute currently, its both historical and cultural evolution, as well as legal, aiming at a More thorough knowledge of advances, and also of their needs, front of the reality currently experienced, by whom they intend to adopt and who are waiting to be adopted. Still, the present study aims to meet the institute, after the introduction of the law 12.010/09, its advances and setbacks, and the real motives, for existing in Brazil, a queue so large of children and adolescents waiting to be adopted, even though there is an even bigger queue on the side of whom D Stay loyal adopt. The study aims to know the causes of such judicial delays in the adoption process, and to point out possible alternatives of changes both legal and social in the pursuit of alleviating such problems.For its accomplishment, it uses the method of bibliographic research on the subject, using of researches in books, articles, work of conclusion of course, websites of the internet. The work is divided into two chapters, and the first chapter is related to the historical evolution of adoption, and the second chapter addresses the reality of the adoption processes in Brazil today.

Keywords: adoption in Brazil. Law 12.010/09.Status of child and adolescent. Judicial delays.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 O INSTITUTO DA ADOÇÃO NA HISTÓRIA ... 12

1.1 A evolução histórica da adoção no Brasil e no mundo ... 12

1.2 A adoção e a Constituição Federal de 1988 ... 18

1.3 A adoção e o Estatuto da Criança e do Adolescente ... 20

2 OS PROCESSOS DE ADOÇÃO NA ATUALIDADE ... 25

2.1 Os processos de adoção no Brasil hoje ... 25

2.2 A morosidade judicial e a pouca eficácia do instituto ... 35

2.3 Alguns apontamentos críticos ... 42

2.4 Um olhar sociológico sobre a adoção ... 48

CONCLUSÃO ... 50

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INTRODUÇÃO

O presente estudo visa conhecer de forma mais aprofundada o instituto da Adoção no Brasil, desde a sua evolução histórica, sua evolução jurídica e social, bem como a sua real situação na atualidade, a fim de identificar os seus avanços, seus possíveis retrocessos, de modo que se possam verificar as reais necessidades frente à tamanha importância que tal instituto tem para a sociedade como um todo. O que se busca, contudo, observando o devido conhecimento é encontrar possíveis alternativas de melhorias tanto para a elaboração de novas leis, quanto para a observância e o cumprimento da Legislação já existe, e ainda buscar alternativas para uma prestação jurisdicional mais eficaz e menos lenta, para assim garantir a primazia de atendimento aos interesses da criança e do adolescente, constitucionalmente garantidos. Essa busca é necessária face a realidade hoje vivenciada no que tange as adoções no Brasil, haja vista que muito já se avançou, muitos direitos já foram adquiridos, por crianças e adolescentes, mas muito ainda se tem a necessidade de avançar, muitas crianças ainda carecem de uma família que as acolha, como filhos, sem distinção, sem demora excessiva, com o amor a que todos fazem jus.

Hodiernamente, uma das maiores problemáticas no instituto da adoção, consiste no número de crianças a serem adotadas no Brasil, versus o número de pessoas, famílias dispostas a adotar, ou seja, mesmo sendo o número de adotantes bem superior ao número de adotandos, as crianças permanecem por grande período de tempo em abrigos à espera de uma família, ou até nem chegam a serem adotadas em algum momento de suas vidas, antes de atingirem a maioridade, causando prejuízos incalculáveis não somente as suas infâncias, mas também ao longo de suas vidas. Diante deste cenário, questiona-se no desenvolvimento do presente estudo, o procedimento de adoção adotado no Brasil, especialmente a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente e de legislações relacionadas, é adequado para a

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realidade brasileira, no sentido de garantir o bem estar e a melhor alternativa de vida às crianças e adolescentes postos para adoção.

O primeiro capítulo do presente trabalho aborda a temática da evolução do instituto da adoção na História do Brasil e no Mundo, a forma que se deu a sua introdução nos ordenamentos, e a sua evolução nas Leis. Também abordam os interesses que inicialmente o instituto visava garantir, e como foi acontecendo uma evolução nesse sentido, sendo que no decorrer no tempo foi se visando o melhor interesse da criança e do adolescente, trazendo com isso a garantia de mais direitos ao adotado.

Enquanto do estudo do primeiro capítulo, foram trabalhadas as mudanças advindas depois da introdução da Lei 8069/1990, ECA, e da Lei 12.010/09, Lei da Adoção, sendo possível constatar que houve uma preocupação dos governantes, dos legisladores, no sentidos de introduzir mais direitos à criança e ao adolescente, porém, constata-se ainda, que o procedimento utilizado no Brasil, de um modo geral não tem sido capaz de suprir as necessidades e garantir o bem estar do imenso número de crianças que aguardam por longos períodos para serem adotados.

No segundo capítulo é analisado mais especificamente os processos de adoção na atualidade, focando na sua parte prática, frente à morosidade judicial dos processos, desde o seu início até que aconteça a sentença, no que essa lentidão processual vem a acarretar na adoção, e na vida das crianças que aguardam pelo seu novo lar, pela sua família.

O trabalho neste capítulo demonstra quais são os principais entraves, no processo de adoção na prática, e como isso afeta diretamente na eficácia do instituto, ainda são realizados os apontamentos críticos sobre o instituto da Adoção, atualmente no Brasil.

Para a realização da pesquisa, utilizou-se o método descritivo, que para Gil (2010), possui como objetivo principal descrever as qualidades de determinada população ou fenômeno, proporcionado uma maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito, e, sua característica mais significativa é a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. A partir disso, buscou-se informações em fontes bibliográficas disponíveis em meios físicos, como livros, e na rede de computadores, sites da internet. E por fim, para sua realização, observou os seguintes procedimentos: a) seleção de bibliografia e documentos

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afins à temática em meios físicos e na Internet, interdisciplinares, capazes e suficientes para que o pesquisador construa um referencial teórico coerente sobre o tema em estudo, responda o problema proposto, comprove ou não as hipóteses levantadas e atinja os objetivos propostos na pesquisa; b) leitura do material selecionado; c) reflexão crítica sobre o material selecionado; d) exposição dos resultados obtidos através de um texto escrito monográfico.

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1 O INSTITUTO DA ADOÇÃO NA HISTÓRIA

O presente estudo tem por finalidade conhecer a história do instituto da adoção, tanto cultural como juridicamente, no que tange aos seus avanços e também no que ainda necessita de mudanças, a fim de que se alcance o objetivo almejado que é atender com primazia os interesses da criança e do adolescente que esperam por um lar, por uma nova família, pela sua família, bem como atender aos interesses de quem espera ansiosamente por um filho, através da adoção.

1.1 A evolução histórica da adoção no Brasil e no mundo

A adoção se fez presente desde os tempos mais remotos da existência do homem na sociedade, sendo já percebida anteriormente ao Direito Romano, nessa época a o instituto tinha cunho principalmente religioso, haja vista vislumbrar atender o culto dos antepassados, a adoção visava a época dar continuidade a família, principalmente para aqueles casais que não podiam ter filhos, se sobressaindo o direito do adotante ao do adotando, obviamente. (MANFREDINI, 2014, p. 11).

Nesse período destacam-se os Códigos de Hamurabi, Leis de Manu e a Bíblia, tendo em vista que todos tiveram algum registro sobre a adoção em suas passagens.

De acordo com Manfredini (2014, p. 11):

Ressalta-se a importância, na origem do instituto, do Código de Hamurabi, escrito por voltado séc. XIII a.C no Império Babilônico uma vez que ele faz menção a adoção em vários de seus preceitos, como, por exemplo, no dispositivo 185, que traz: “Se um homem adotar uma criança e der seu nome a ela como filho, criando-o, este filho crescido não poderá ser reclamado por outrem” e no disposto no 186: “Se um homem adotar uma criança e esta ferir seu pai ou mãe adotivos, então esta criança adotada deverá ser devolvida à casa de seu pai”.

Em Roma, a adoção se desenvolveu de maneira mais completa, foi criado um ordenamento mais completo e disciplinado do instituto, segundo Manfredini (2014), nesse período existiam dois sistemas para a adoção, quais sejam a adoção propriamente dita e a Ad-rogação. De acordo com o autor (MANFREDINI, 2014, p. 12):

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[...] a adoção propriamente dita e a Ad-rogação, nesta adotava-se indivíduos sui juris e todos os que eram seus dependentes, sendo necessário para consumar o ato a intervenção do Poder Público (através de um pontífice), a vontade das partes e a anuência do povo. Já na primeira forma do instituto, a adoção propriamente dita, adotavam-se somente pessoas alieni juris, nessa modalidade não havia a participação popular, somente a presença de um magistrado, que extinguia o pátrio poder do pai natural, transferindo o para o adotante, o adotado passava a integrar a família deste e perdia o vínculo com aquele. Realizava-se ainda uma terceira forma, a testamentária, na qual o adotante valia-se do instrumento do testamento para efetivar a adoção desejada.

Conforme disposto no Código de Hamurabi ([s.d.]):

§ 185 Se um awïlum1 adotou uma criança desde o seu nascimento e a criou: essa criança adotada não poderá ser reclamada.

§ 186 Se um awïlum adotou uma criança e, depois que a adotou, elacontinuou a reclamar por seu pai ou sua mãe: essa criança adotada deverá voltar à casa de seu pai.

§ 191 Se um awïlum, que adotou uma criança e a criou, constituiu um lar, em seguida teve filhos e resolveu despedir o filho de criação: esse filho não partirá de mãos vazias, seu pai de criação deverá dar-lhe de seus bens móveis um terço de sua parte na herança e ele partirá. Ele não lhe dará nada de seu campo, pomar ou casa. § 192 Se o filho adotivo de um gerseqqûm2 (termo acádicocorrespondentea funcionário do palácio, geralmente um eunuco) ou o filho adotivo de uma ZI.IK.RU.UM3 disse a seu pai que o cria ou à sua mãe que o cria: ―tu não és meu pai, tu não és minha mãe‖: cortarão sua língua.

§ 193 Se o filho adotivo de um gerseqqûm ou o filho adotivo de umaZI.IK.RU.UM descobriu a casa de sepai, desprezou seu pai que o cria ou sua mãe que o cria e partiu para a casa de seu pai: arrancarão o seu olho.

Partindo das premissas de tais considerações, dispostas em normatização no Código de Hamurabi, resta esclarecido, que naquela época o que se buscava era o interesse do adotante, e não do adotado, visando nas palavras de Silva (2017), salvaguardar o interesse dessas famílias, em não deixar que o seu nome morresse, a casais que não puderam ter filhos, visando com clareza os interesses quem adotaria e não de quem fosse adotado.

A presença do instituto da adoção pode ser notada, ainda de outras formas, através de passagens bíblicas, e até mesmo no mundo dos contos clássicos, como a exemplo disso pode-se mencionar os contos infantis Cinderela, João e Maria e o Patinho Feio, e ainda a passagem bíblica de Moisés.

Ainda, segundo Silva, (2017), a história de Moisés, conta que ele teria sido abandonado por sua mãe biológica no leito de um rio, na verdade a mãe de Moisés cometeu o

1. awïlum - (termo acádico correspondente a homem);

2. gerseqqûm - (termo acádico correspondente a funcionário do palácio, geralmente um eunuco) ;

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abandono, nesse caso, na esperança que seu filho fosse encontrado e criado por uma outra família, como de fato aconteceu, “Moises fora encontrado, cuidado e tido como filho, por meio da adoção, pela filha do Faraó”. (SILVA, 2017, [n.p.])

O dito “abandono”, acima mencionado, talvez não possa ser visto dessa simples forma, por que de fato o que parece ter ocorrido não se trata de abandono, e sim de uma forma em que uma mãe, através de um ato de amor, agiu no intuito de colocar o seu filho a salvo, e dar-lhe a oportunidade de viver, mesmo que no seio de outra família.

Sobre esse tema, refere Chagas (2015), que a jornalista Sandra Annenberg foi bastante criticada nas redes sociais por causa de um comentário simplista feito no Jornal Hoje, onde ela mencionou que Moisés teria sido abandonado por sua mãe biológica e criado pela filha de um faraó. A reportagem que fez lembrar tal passagem bíblica foi a de uma criança abandonada em uma lata de lixo que recebeu o nome de Moisés, devido à comparação de “abandono”, sofrido pelo Líder Hebreu.

Segundo Chagas (2015), a Bíblia Sagrada conta que Moisés foi posto por sua mãe em uma cesta impermeabilizada e colocado propositalmente no rio Nilo para que a corrente o levasse à área que uma filha do faraó se banhava, e assim, ela o encontrasse e o adotasse. A estratégia foi usada para evitar que o bebê fosse morto pelos egípcios devido a um decreto que condenava à morte todos os bebês hebreus do sexo masculino.

Criado na realeza, Moisés cresceu com a melhor educação e alimentação da época, e tornou-se líder do povo hebreu décadas depois, quando descobriu sua verdadeira origem, guiando o povo durante o êxodo à Terra Prometida.

Diante de tais apontamentos se evidencia com clareza a existência da adoção, até mesmo em passagens Bíblicas, e que tal instituto não é somente utilizado em situações de abandono, mas também em situações, que mesmo os pais biológicos tendo um forte sentimento de afeto e amor por seus filhos, não tem necessariamente condições necessárias para criar e educar seus os mesmos, lhes proporcionando um sadio desenvolvimento, se fazendo viável a colocação dos filhos em famílias substitutas, muitas vezes chegando a situação na esfera da adoção.

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Conforme Silva (2017, [n.p.]), na Mitologia Greco Romana, vários contos também apontam a presença da adoção:

[…] Na história de Hércules, que fora mandando para viver na terra e aqui fora cuidado por uma mãe que o teve como filho, mesmo não sendo biológico. Os gêmeos fundadores de Roma, Rômulo e Remo, que também abandonados foram alimentados por uma loba, e só posteriormente encontrados por pessoas que os criaram.

Segundo considerações de Cunha (2011), na Idade Média, a adoção caiu em desuso, haja vista que a Igreja Católica, se declarou contrária a utilização de tal recurso, permitindo que os pais só tivessem filhos biológicos.

Nas palavras de Cunha (2011), foi no Direito Francês que a Adoção renasceu, talvez pela necessidade do próprio Napoleão Bonaparte, o qual não podia ter filhos biológicos, e precisava de um sucessor, foi instituído então o Código Napoleônico.

Sobre a adoção na França, Wald (1999, p. 188) ressalta que:

Coube à França ressuscitar o instituto, dando lhe novos fundamentos e regulamentando o no Código Napoleão, no início do século XIX, com interesse do próprio Imperador, que pensava adotar um dos seus sobrinhos.

A lei francesa da época só conheceu a adoção em relação a maiores, exigindo por parte do adotante que tenha alcançado a idade de cinqüenta anos e tornando a adoção tão complexa e as normas a respeito tão rigorosas que pouca utilidade passou a ter, sendo de rara aplicação. Leis posteriores baixaram a idade exigida e facilitaram a adoção, permitindo que melhor desenvolva o seu papel na sociedade moderna.

Conforme Cunha (2011, [n.p.]):

A adoção introduziu-se no Brasil a partir das Ordenações Filipinas e a primeira lei a tratar do assunto, de forma não ordenada, foi promulgada em 22 de setembro de 1828, com características do direito português, originário do direito romano. Nesse período o procedimento para adoção era judicializado e, consequentemente, cabia aos juízes de primeira instância o dever de confirmar o ânimo dos interessados em audiência, onde havia a expedição da carta de perfilhamento. Em seguida, surgiram outros dispositivos que também trataram do instituto, como o Decreto nº 181, de 24 de janeiro de 1890, a Consolidação das Leis Civis de Teixeira Freitas e a nova Consolidação das Leis Civis de Carlos de Carvalho, publicada em 1915.

A adoção no Brasil, apesar de não estar regularmente sistematizada, já aparecia em algumas ordenações, como a exemplo das ordenações Filipinas, onde era usada em alguns casos, mas o que acontecia na verdade com tal falta de regulamentação legal, era diante dessa

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lacuna, a aplicação pelos Juízes, do Direito Romano, o que não trazia segurança a quem pretendia adotar (GONÇALVES, 2012, p. 379).

Mas foi somente com a entrada em vigor do Código Civil de 1916, que a adoção foi regularmente sistematizada no Brasil, inicialmente de uma forma mais rígida e fechada, enfrentando muitas oposições e restrições (MADALENO, 2013, p. 627).

Percebe-se, contudo, que o instituto da adoção vem há muito tempo sendo aplicado no Brasil e no mundo, com mudanças significativas, tanto no que tange aos costumes, quando aos avanços na legislação, mesmo assim ainda é bastante deficiente frente a sua real importância, bem como ao que se visa e deve visar que é, sobretudo o bem estar da criança e do adolescente.

Conforme Mendonça, (2008, p.3), foi no Código Civil de 1916 que se falou no instituto da Adoção pela primeira vez, sendo tratado tal instituto como de interesse maior obviamente do adotante, como já vinha ocorrendo no Direito Romano, os artigos que tratavam da Adoção no Código de 1916, eram do 368 a 378, o artigo 368 dispunha que só os maiores de 50 anos poderiam adotar, desde que casados há pelo menos 5 anos.

Segundo Mendonça (2008, p. 3), os artigos seguintes ao 368 no Código Civil de 1916, assim tratavam da adoção:

No art. 369, como no Novo Código Civil, a diferença de idade entre o adotante e o adotado, deveria ser de 18 anos para mais.O art. 370, dispunha que somente marido e mulher poderiam adotar.No art. 371: o curador ou tutor, somente poderia adotar seu pupilo se fizesse uma prestação de contas de sua administração.Art. 373: se o adotado fosse menor, ou interdito, poderia se desligar da adoção no ano imediato de cessão da interdição ou menoridade. No art. 374 o vínculo da adoção se dissolveria desde que as duas partes conviessem; nos casos em que a deserdação seria admitida. Art. 376: o parentesco resultante da adoção se limitaria entre adotante e adotado, salvo nos casos de impedimentos matrimoniais.Já no art. 377, caso o adotante tivesse filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos, o adotando não teria direito à adoção hereditária.Por fim, no art. 378, os direitos e deveres advindos do parentesco natural não se extinguiriam com a adoção, exceto o “pátrio poder”, que seria transferido do pai natural para o pai adotivo.

Ainda nas considerações de Mendonça (2008, p. 3), com a promulgação da Lei 3.133 de 08/05/1957, houve algumas modificações, atualizando o antigo código, no que diz respeito à idade de adoção, que passou de 50 para 30 anos, e de 18 para 16 anos a diferença entre o adotando e adotante. O filho adotado teria direito à sucessão hereditária, tendo os mesmos

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direitos do filho consanguíneo. O registro civil do adotante conteria o nome dos pais biológicos e estaria ao seu critério acrescentar o nome dos pais adotivos. A lei 4.655 de 02/06/1965 inovou no sentido de que o registro civil seria anulado e os pais postiços seriam considerados como legítimos, incluindo os ascendentes. A lei 6.697 de 10/10/1979 substituiu a legitimação adotiva pela adoção plena. Neste momento, a legislação brasileira era composta de dois modos de adoção: simples ou tradicional, e a adoção plena. A primeira se caracterizava por haver parentesco civil entre o pai adotante e o filho adotando, poderia ser revogado entre as partes e o parentesco consanguíneo ainda se revestia de legitimidade. Já a adoção plena, o registro de nascimento era corrigido com o nome dos pais postiços, ascendentes e todo resquício da família natural era eliminado.

Importantes modificações, no instituto foram trazidas pela Lei nº 4.655, de 1965, no sentido de dar ao adotando os mesmos direitos dos filhos legítimos, ou supervenientes, sendo inclusive considerada por alguns doutrinadores como um marco na Adoção, tal mudança foi chamada de legitimação adotiva, sendo excluída desta apenas os direitos sucessórios, visto que se o filho adotado concorresse com o filho legítimo superveniente a adoção, seria o mesmo excluído (CUNHA, 2011).

Segundo Cunha (2011, [n.p.]):

A legitimação adotiva, de acordo com seu art. 1º, só poderia ser deferida quando o menor até sete anos de idade fosse abandonado, ou órfão não reclamado por qualquer parente por mais de um ano, ou cujos pais tivessem sido destituídos do pátrio poder, ou ainda na hipótese do filho natural reconhecido apenas pela mãe impossibilitada de prover a sua criação. Outra possibilidade estava prevista no § 1º daquele artigo, no caso do menor com mais de sete anos, se já estivesse sob a guarda dos legitimantes à época em que tivesse completado essa idade.

Outra importantíssima mudança trazida pela Lei 4.655/65 foi a irrevogabilidade da legitimação adotiva em seu art. 7º: “Art. 7º A legitimação adotiva é irrevogável, ainda que aos adotantes venham a nascer filhos legítimos, aos quais estão equiparados aos legitimados adotivos, com os mesmo direitos e deveres estabelecidos em lei” (BRASIL, 1965).

Contudo, embora caminhando em passos lentos, o instituto da adoção se fez presente, desde os tempos mais remotos da existência do homem na Sociedade, como demonstrado anteriormente, cada vez mais se buscando a garantia do melhor interesse da criança e do adolescente.

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Com todo o exposto foi possível fazer uma breve síntese do instituto da adoção na história, bem como a sua evolução legal.

1.2 A adoção e a Constituição Federal de 1988

Nas palavras de Cunha (2011), veio a lume em 1979, no ordenamento jurídico brasileiro, a Lei 6.697, denominada de Código de Menores. Com ela pôde se observar um significativo avanço na proteção da criança e do adolescente e, por consequência, no tratamento dado pela legislação pátria à adoção, vez que concentrou a finalidade da adoção na proteção integral do menor sem família. O Código de Menores introduziu a adoção plena, suprimindo, dessa maneira, a legitimação adotiva da Lei 4.655/65, todavia manteve a adoção regulamentada pelo CC/16, que era a adoção tradicional, chamada de simples. Os dois institutos eram distintos. A adoção simples, regulada pelo Código civilista, criava um parentesco civil apenas entre adotante e adotando, era revogável pela vontade das partes e não cessava os direitos e obrigações resultantes do parentesco natural.

Já a adoção plena, nas palavras de Diniz (2010, p. 524):

[...] era a espécie de adoção pela qual o menor adotado passava a ser,irrevogavelmente, para todos os efeitos legais, filho dos adotantes, desligando-se de qualquer vínculo com os pais de sangue e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. Essa modalidade tinha por fim: atender o desejo que um casal tinha de trazer ao seio da família um menor que se encontrasse em determinadas situações estabelecidas em lei, como filho e proteger a infância desvalida, possibilitando que o menor abandonado ou órfão tivesse uma família organizada e estável.

Tal distinção teve fim com a promulgação da Constituição Federal de 1988, onde em seu art. 227, §5º e 6º, disciplinou que os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação, tornando-se, portanto irrevogável. Com isso, as regras contidas no código civilista, atinentes a adoção, tornaram-se inaplicáveis, pois estabelecia larga diferenciação entre filhos naturais e adotados (CUNHA, 2011).

Em 1990, mais um importante e grande avanço na esfera instituto da adoção, qual seja a edição da Lei 8069/1990, denominada de Estatuto da Criança e do Adolescente. Depois da edição da Lei supramencionada, a adoção de menores ficou a critério das disposições de tal diploma, e a adoção de adultos, ficou sob a regulação do Código Civil.

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Conforme Cunha (2011), depois da entrada em vigor do Código Civil de 2002, o estado passou a ter uma maior efetividade na participação da adoção, sendo uma das maiores mudanças trazidas por tal diploma, a redução da maioridade civil para dezoito anos, bem como a partir de então, ser esta a idade mínima para o adotante.

Por fim, há que se falar na entrada em vigor da Lei 12.010, a chamada Lei da adoção, tal lei, atribuiu ao Estatuto da Criança e do Adolescente, as disposições sobre a adoção, sendo todas as adoções a partir de então regidas pelo ECA, salvo algumas ressalvas, próprias das adoções de adultos.

Segundo Cunha (2011, [n.p.]):

Apesar dessa denominação, a Lei tem como escopo principal a convivência familiar, priorizando a manutenção da criança e do adolescente em sua família, natural ou extensa, e a adoção que é uma das formas da colocação do assistido em família substituta é tida como objetivo secundário daquele diploma legal, devendo ser obedecido o cadastro único de crianças e adolescentes em condições de serem adotadas e também de pessoas que se dispõem a adotá-las.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, esta cuidou dos Direitos sociais, e em seu artigo sexto, fez menção a maternidade e a infância como sendo direitos fundamentais, porem estão em seus artigos parágrafos 5.º e 6.º, os princípios basilares assecuratórios à criança e ao adolescente, no que tange a adoção (LEBOURG, 2012, p. 27).

Sobre a CF/88, no que tange a adoção, Lebourg (2012, p. 26) preceitua que, inspirada nos direitos fundamentais, a Constituição Federal de 1988 deu atenção significativa ao instituto da adoção, exemplo no art. 227, em seu § 6º que dispõe: “os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação” (BRASIL, 1988).

Portanto, deixou de contemplar as formas de adoção até então vigentes (civil, simples e plena), equiparando em direitos e qualificações a condição de filho, fossem ou não oriundos de relação de casamento ou por Adoção, não mais se justificaria a coexistência das três formas de Adoção até então vigentes (civil, simples e plena), pois estas apresentavam efeitos diversos em relação à condição dos adotados.

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Desta forma a Constituição de 1988, visou diminuir as discriminações até então existentes entre os filhos adotivos e os biológicos, conferindo a ambos os mesmos direitos e deveres.

Para Lebourg (2012, p. 27),

[...] foi estabelecido na nova Constituição de 1988 que fosse assistida pelo Poder Público a adoção, na forma da lei, a qual estabeleceria casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros, não se podendo mais admitir a plena liberdade quanto à Adoção por escritura pública permitida pelo Código Civil de 1916.

Tornou-se imprescindível, então, uma nova legislação infraconstitucional que coadunasse com os princípios constitucionais e efetivasse os anseios sentidos pela sociedade em face do instituto da Adoção.

Diante de tal anseio da sociedade, foi implantada uma Lei especial, para tratar da proteção dos direitos da criança e do adolescente, a Lei 8069/1990, a qual será tratada a seguir.

1.3 A adoção e o Estatuto da Criança e do Adolescente

Mesmo após grandes mudanças, tanto históricas, quanto na legislação no tocante a adoção, ainda existiam muitos anseios, muitas necessidades, da sociedade, para que fosse possível sentir certa segurança no instituto.

Conforme Granatto (2010, p. 71):

O objetivo do Estatuto é a proteção integral da criança e do adolescente, incluindo todos os menores de dezoito anos. A adoção promove a integração da criança ou do adolescente na família do adotante igualando sua situação a do filho natural, deste modo, “não mais se fala em adoção simples e adoção plena, e sim, numa única adoção que visa criar laços de paternidade e filiação entre adotante e adotado, inclusive desligando-o completamente de sua família biológica.

Nas palavras de Lara, (2012, p. 4), a Doutrina da Proteção Integral marcou o início de uma nova fase para os direitos da criança e do adolescente, sendo que decorre da Constituição Federal de 1988 – art. 227, e, posteriormente, com Estatuto da Criança e do Adolescente em

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1990 – artigos 3º, 4º, 5º. Destaque para o fato de que essa Doutrina passa a abranger todas as crianças e adolescentes, indistintamente, sem consideração à sua condição social.

Segundo Fonseca, (2011, p. 11):

Outra mudança trazida pela Doutrina da Proteção Integral foi à adequação dos termos utilizados anteriormente pelo Código de Menores, ou seja, substituía-se a denominação direito do menor, acolhendo as expressões Direito da Criança e do Adolescente, e Direito da Infância e da Juventude, entre outras. De um modo geral, o Direito da Criança e do Adolescente se propôs a mudar a terminologia que reinava até então no antigo direito do menor

Nos apontamentos de Lebourg (2012, p. 27):

Neste diapasão, promulgou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente que já em seu art. 1º estabeleceu sua função primordial de proteção integral à criança e ao adolescente, considerando, para os efeitos legais, criança, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescente, aquela entre 12 e 18 anos de idade (art. 2º).

O estatuto da criança e do adolescente vislumbrou alcançar a proteção integral da Criança e do Adolescente, tendo em vista que seus tutelados são pessoas em desenvolvimento.

A Adoção no Estatuto é disposta entre os art. 39 a 52 sendo somente permitida ao adotando de, no máximo 18 anos de idade, à data do pedido, salvo se já se encontrasse sob a guarda ou tutela dos adotantes (LEBOURG, 2012, p. 28).

Preceitua o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), em seu artigo quarenta que “O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.”

O ECA, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, veio para tutelar com primazia o melhor interesse da criança e do adolescente, tratando com maior sensibilidade o assunto, e também procurando atender aos princípios constitucionais, mantendo igualdade de direitos entre filho adotado e o filho biológico.

Neste sentido, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (BRASIL, 2017) assim decidiu:

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Processo 1006341-58.2015.8.26.0597 - Adoção c/c Destituição do Poder Familiar - Adoção de Criança - S.S. - Vistos. SUMAIR DE SOUZA, promoveu Ação de Destituição de Poder Familiar, combinada com Adoção, contra BRUNA CRISTINA LEITE, envolvendo a menor Yara Gabriela Leite, alegando, em síntese, estar regularmente habilitada no Cadastro Nacional de Adoção, sendo que, em contato realizado, foi informada que a menor estava disponível para receber uma família. Foi certificada a existência de ação de destituição do pátrio poder, já contando com trânsito em julgado (fls. 61), razão pela qual a inicial foi emendada, restando apenas o pedido de adoção. Considerando-se pareceres favoráveis da equipe técnica e da concordância do representante do Ministério Público, foi deferida a guarda provisória nos autos de nº 0009437-40.2011.8.26.0597 (fls. 15), afim de atender ao melhor interesse da criança. Estudo psicossocial foi apresentado a fls. 45/49. O representante do Ministério Público manifestou-se favoravelmente à adoção a fls. 76/77. É o relatório. Fundamento e Decido. O pedido é procedente. Compulsando os autos, depreende-se que desde o mês de setembro de 2015, a adotanda encontra-se sob os cuidados da requerente e é atendida em todas as suas necessidades, além de ótima interação e adaptação à rotina familiar. No mesmo sentido, o relatório apresentado pelo setor técnico é conclusivo quanto à conveniência da concretização da adoção, sendo constatado pelas profissionais da equipe técnica que a menor se encontra bem ao lado da requerente Sumair, apresentando indícios de estar tendo boa adaptação, estabelecendo vínculos afetivos e sociais com a pretendente, alem do mais, a genitora da pretendente auxilia nos cuidados e afetos, onde demonstra que ambas dedicam o provimento dos cuidados necessários da menor Yara. Com efeito, restou plenamente demonstrado que a menor está bem adaptada à família, tendo restado claro que a requerente preocupa-se com o bem-estar dela. Ademais, a genitora de Yara, foi destituída do poder familiar em relação à menor, conforme certidão de fls. 61, e o genitor é desconhecido. A equipe técnica manifestou-se favoravelmente à concretização da adoção. No mesmo sentido manifestou-se o Promotor de Justiça, entendendo pela procedência do pedido, uma vez preenchidos todos os requisitos legais. Neste contexto, há de se reconhecer que a adoção se revela apta a produzir reais vantagens às crianças, perfazendo, assim, o espírito da Lei nº 8.069/90, de atender ao melhor interesse dos adotandos, anotando-se a inexistência de óbices legais à pretensão da requerente, conforme se depreende dos artigos 40; 42, § 3º e 46, § 1º, todos do Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim sendo, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e, em consequência defiro à requerente SUMAIR DE SOUZA a adoção de YARA GABRIELA LEITE que passará a se chamar YARA GABRIELA DE SOUZA, assumindo a ascendência materna da adotante. Transitada em julgado, expeça-se mandado para inscrição desta sentença no Cartório de Registro Civil e Notas do Distrito de Barrinha, situado na Avenida Presidente Castelo Branco, nº 564, centro, na cidade de Barrinha/SP, nos termos do artigo 47 da Lei nº 8.069/90, e consignando-se ser mãe de YARA GABRIELA DE SOUZA, a Sra. SUMAIR DE SOUZA, figurando como avós maternos José de Souza e Judith Santos de Oliveira Souza. Cumpra-se a determinação contida no Capítulo XI, item 48, das Normas de Serviço da Corregedoria Geral de Justiça, se necessário.P.I.C. - ADV: MARIA APARECIDA DE CAMARGO SANTOS (OAB 126592/SP).

A decisão do respeitável Tribunal, sem sombra de dúvidas baseou-se no que melhor atenderia o interesse da criança, deferindo a adoção, a autora da Ação, por fim concretizando os objetivos do ECA, sendo que a menor já convivia com a família adotiva e esta vinha atendendo aos requisitos da adoção, quais sejam o de dar uma nova família ao adotado.

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O Estatuto da Criança e do Adolescente, construído sobre a doutrina da proteção integral, exige obediência estrita à condição peculiar de seus destinatários, pessoas em processo de desenvolvimento, e à garantia de prioridade absoluta. Observe-se que as principais relações jurídicas entre Crianças e Adolescentes ainda encontram-se disciplinadas no Estatuto, como dito anteriormente, e a elas são aplicáveis as normas nele previstas. As normas de Direito Civil e Processual Civil, só devem ser aplicadas em relação às crianças e adolescente quando houver lacuna, e mesmo nestes casos, quando não forem incompatíveis com os seus princípios fundamentais disciplinados na Lei nº 8.069/90.

Conforme Santos ([s.d.]), o Estatuto solidificou a doutrina de proteção integral, que entrou em vigor com o texto da Carta Magna de 1988, na qual além de proteger é necessário respeitar as necessidades peculiares desses seres em desenvolvimento (art. 6° do ECA). Dessa forma, é um dever da família, da sociedade e do Estado proteger e resguardar o direto a dignidade das crianças e dos adolescentes.

Sobre a questão, Dias (2009, p. 435-436) afirma que,

É notório que o Estatuto da Criança e do Adolescente é uma legislação especial, devendo, portanto, ter prevalência em relação a uma lei mais geral (como o Código Civil). Dessa forma, no caso de jovens menores de idade emprega-se o Estatuto, só se aplicando o Código Civil, supletivamente, em casos que não houver divergência deste com a lei especial.

Refere Manfredini (2014, p. 44) que do artigo 39 ao 52 do Estatuto é tratado acerca da adoção, e que “Até o artigo 50 são abordados os procedimentos para a adoção de crianças brasileiras, seja por nacionais ou estrangeiros domiciliados e residentes em território nacional”. Os dois últimos artigos versam sobre a adoção internacional, que é o acolhimento de crianças e adolescentes brasileiros por estrangeiros cujo domicilio e residência seja fora do Brasil.

Nas palavras de Silva (2017, [n.p.]), o instituto da adoção após o advento Estatuto, teve nova roupagem:

A nova roupagem que essa lei trouxe deixou de lado o fato da adoção ter um caráter de negócio jurídico, como era antes estabelecido diante de escrituras públicas que evidenciavam a adoção. Houve aqui um total acolhimento e proteção integral daquela criança adotada, como diz o art 1º da Lei 8069/90, que o Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo ela considerada como alguém que era desejado, e não apenas um sujeito de uma relação jurídica.

O art. 3º da referida lei (BRASIL, 1990), contém o que é de direito fundamental a esta criança que vem a ser adotada:

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Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.

Conforme apontamentos de Maria Berenice Dias, (2001, p. 130):

Cabe ressaltar ainda a aplicação do princípio do melhor interesse da criança indicado no artigo 3º da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (ONU, 89), ao declarar que “todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse maior da criança.

O ECA adveio para garantir o atendimento dos interesses da criança e do adolescente, com primazia sobre os demais, seu artigo 48 impõe a irrevogabilidade da adoção, com a finalidade de respeito ao menor, pois ao retirar o adotando de sua família restariam, sem dúvidas, prejuízos na esfera emocional da criança ou adolescente adotado .

O Estatuto da Criança e do Adolescente, leva em consideração às vantagens da adoção para a criança ou adolescente, tornando-se a adoção uma forma de proteção aos direitos do adotando, o que demonstra o real avanço no instituto desde seu surgimento na história.

Restou claro, com todas as análises feitas até aqui, que obviamente já se evoluiu muito, no que concerne a Adoção, porem está muito aquém do que se espera e deve esperar de tal instituto, que tutela direitos de pessoas em desenvolvimento.

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2. OS PROCESSOS DE ADOÇÃO NA ATUALIDADE

Os processos de adoção na atualidade vêm se modificando ao longo da história da humanidade, sendo que o instituto existe desde a antiguidade, foi com o Código de Hamurabi, que se teve a primeira notícia de codificação da adoção, e desde então esse instituto vem se aprimorando na sociedade.

O processo de adoção no Brasil começou a se estruturar no século XX, e hodiernamente, uma das maiores problemáticas no instituto da adoção, consiste no número de crianças a serem adotadas no Brasil, versus o número de pessoas, famílias dispostas a adotar, ou seja, mesmo sendo o número de adotantes bem superior ao número de adotandos, as crianças permanecem por grande período de tempo em abrigos à espera de uma família, ou até nem chegam a ser adotadas em algum momento de suas vidas, antes de atingirem a maioridade, causando prejuízos irreparáveis e incalculáveis, não somente as suas infâncias, mas também ao longo de suas vidas.

2.1 Os processos de adoção no Brasil hoje

Diante do cenário atual da adoção no Brasil, questiona-se, se o procedimento de adoção adotado no Brasil, especialmente a partir do Estatuto da Criança e do Adolescente, da Lei 12.010/2009, bem como de outras legislações relacionadas, é adequado para a realidade brasileira, no sentido de garantir o bem estar e a melhor alternativa de vida às crianças e adolescentes postos para adoção, ou se ainda é necessário uma longa caminhada a fim de que se torne eficaz a ponto de atender as necessidades da criança e do adolescente que esperam para ser adotados.

Conforme dados veiculados pelo Senado Federal (BRASIL, 2013), a realidade brasileira sobre a adoção, aponta a diferença entre o perfil desejado pelos adotantes e as crianças disponíveis para adoção, o que desencadeia a triste realidade da adoção brasileira. Segundo o Senado (BRASIL, 2013), para cada criança a ser adotada, existem seis pessoas na fila de espera esperando para adotar, o que não fecha aqui é o perfil escolhido, ou seja, essas crianças não se enquadram no que os adotantes esperam para seus filhos.

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Diante deste quadro, pode-se concluir que o desafio da adoção no Brasil é de enormes proporções, conforme análise de dados do CNA (Conselho nacional de Adoção), e do CNCA (Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes), (BRASIL, 2013), ambos administrados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Importante observar que em 2008, para aprimorar os mecanismos sociojurídicos de garantia do direito à convivência familiar e comunitária, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), sistema informatizado que congrega dados tanto de crianças e adolescentes juridicamente aptos à adoção, quanto dos pretendentes habilitados judicialmente a adotá-los. O CNA tem, portanto, a finalidade de auxiliar os juízes na condução dos procedimentos de adoção ao uniformizar todos os bancos de dados de crianças e adolescentes aptos à adoção e de pretendentes existentes no Brasil. Ao racionalizar os procedimentos de habilitação, o pretendente, quando nele inscrito, torna-se apto a adotar em qualquer comarca ou estado do Brasil, conferindo maior agilidade ao processo de adoção. A análise atualizada de seus dados orienta o planejamento e formulação de políticas públicas voltadas para a população de crianças e adolescentes que não puderam permanecer com seus familiares consanguíneos e esperam pela possibilidade de convivência familiar, conforme evidenciam Silva, Cavalcante, &Dell’Aglio (2016).

A partir de tais dados, Souza (2012) realizou um a pesquisa apontando que, neste ano, o Brasil apresentava 4.914 crianças e adolescentes à espera de uma família, enquanto o número total de interessados em adotar era, no mesmo período, quase cinco vezes maior, em torno de 27.437 pessoas, sendo que a maior parte dos adotantes (48,84%) residia na Região Sudeste. Com relação ao estado civil, 79,63% eram casados, 8,63% solteiros, 8,42% viviam em união estável, 1,85% divorciados, 0,75% viúvos e 0,69% separados judicialmente. Em relação à idade dos pretendentes, a maioria (39,50%) tinha entre 41 a 50 anos de idade. Quanto à renda, 23,89% dos cadastrados ganhavam de três a cinco salários mínimos; 21,72% recebiam de cinco a 10 salários e 15,57% tinham renda de dois a três salários. Também o levantamento mostrou que 24,43% dos pretendentes declararam ter filhos biológicos e outros 9,35% já tinham filhos adotivos.

Já em 2013, haviam44 mil, crianças e adolescentes vivendo em abrigos, segundo o CNCA (BRASIL, 2013), e no ano anterior, o número era de 37 mil. Como se explica este cenário, diante de um número tão grande de pessoas querendo adotar, evidenciando que esta

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conta está em desacordo com o que deveria. Fica cada vez mais fácil de notar, que um dos principais motivos para que isso ocorra é sim a discrepância entre o perfil que os possíveis pais, idealizam para seus possíveis filhos, fato que torna o instituto de adoção, como sendo de alta complexidade, admite o CNJ (BRASIL, [s.d.]).

Segundo Souza (2012), quanto às características das crianças pretendidas para adoção, 91% dos pretendentes queriam adotar crianças brancas, 61% pardas, 36% tinham preferência por crianças amarelas, 34% aceitavam crianças negras e 33% adotariam indígenas. A maioria, 82% das pessoas inscritas no CNA, pretendia adotar uma criança, enquanto que somente 16% desejavam duas crianças e 0,77% da amostra se dispunham a adotar três crianças.

Conforme os dados mais atualizados, em 2016, foram adotadas 1.226 crianças e adolescentes em todo o país por meio do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), coordenado pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os estados com maior número de adoções foram Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Minas Gerais. O número pode ser ainda maior, já que há possibilidade de atraso na comunicação das adoções realizadas ano passado. Hoje, de acordo com o CNA, há 7.158 crianças aptas à adoção e 38 mil interessadas em adotar.

Nas palavras de Ost (2009), adotar vai muito além de laços sanguíneos, ou do que criar uma criança que não possui o mesmo sangue, ou a mesma carga genética, adotar está relacionado a valores, a uma filosofia de vida, a adoção conforme entendimento da autora é uma questão de amor, consciência, responsabilidade e comprometimento com o próximo. É o ato legal e definitivo de tornar filho, alguém que foi concebido por outras pessoas. É o ato jurídico, que tem por finalidade criar entre duas pessoas relações jurídicas idênticas às que resultam de uma filiação de sangue.

Conforme apontamentos, Ost (2009, [n.p.]) tece algumas considerações relevantes no tocante a adoção frente ao Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA:

A adoção prevista no ECA, em seu artigo 39 e seguintes, tem por principal objetivo, agregar de forma total o adotado à família do adotante e, como conseqüência, ocorre o afastamento em definitivo da família de sangue, de maneira irrevogável. Com isso, depois de findos os requisitos exigidos no Estatuto, o ingresso na família do adotante é completo. A partir daí, a preocupação do adotante é fazer com que a criança ou o adolescente esqueça por completo a sua condição de estranho e passe a ser tido

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como filho legítimo, detendo todas as condições para se sentir amado e protegido na nova família.

Ainda, o ECA, em seu artigo 41 dispõe acerca da atribuição do adotando à condição de filho, e assim dispõe Ost (2009, [n.p.]): “A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-os de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.”

Sobretudo, o que se deve levar em conta, é que o processo de adoção, deve necessariamente, buscar preparar uma criança para uma família, e não uma família para uma criança. (RIZZARDO, 2009, p. 543).

Em que pese, sobre a natureza jurídica da adoção, ainda existe divergências de pensamentos, visto que a maioria dos autores nacionais e estrangeiros refere-se à adoção como sendo de natureza contratual, outros autores criticam tal posicionamento, pois entendem que a ideia de contrato deve ser afastada, pois as relações contratuais são fundamentalmente de conteúdo econômico, enquanto o vínculo que a adoção estabelece é essencialmente espiritual e moral. (OST, 2009).

Segundo Ost (2009, [n.p.]):

Assim sendo qualquer modificação na negocialidade da declaração de consentimento entre a vontade das partes poderá ser atingida, não afetando de forma alguma o sujeito que a emitiu (adotante ou adotado), pois, a adoção só se evidencia no seu ato constitutivo, e, nenhum fato preexistente a esta situação jurídica, prejudicaria juridicamente alguma das partes pelo fato de ainda neste momento não se tratar de coisa juridicamente válida, pois o ato da adoção ainda não se efetivou. A adoção exige de ambas partes um acordo de vontade, não se concretiza por vontade unilateral.

Pode-se concluir, contudo que a adoção é muito mais que um acordo de vontades, sendo que o que realmente deve ser priorizado é a relação socioafetiva entre adotante e adotado, para que possam formar uma verdadeira família, e que esta possa garantir um verdadeiro lar, que seja capaz de atender as principais necessidades e interesses da criança e ou adolescente que passará a partir da adoção a condição de filho.

Refere Ost, (2009), por último, que no entendimento de alguns autores, o instituto da adoção é considerado como sendo de ordem pública, sendo que cada caso particular

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dependerá única, pura e exclusivamente de um ato jurídico individual, onde irá prevalecer a vontade das partes, um acordo realizado entre os mesmos, adotante e adotado, do qual surgirá direitos e obrigações para ambos os lados.

No tocante as mudanças na legislação da adoção, a Lei Nacional de Adoção, resultou em alterações no texto do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/1990, fez mudanças significativas, revogando quase que integralmente os artigos que dispunham sobre a adoção no Código Civil de 2002, modificaram o texto da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).

Conforme disposições de Brauner e Aldrovandi, (2010), a Lei de adoção, qual seja 12.010/2009, introduziu no ordenamento jurídico brasileiro posições já pacificadas na doutrina e na jurisprudência. A referida Lei substitui algumas expressões no Estatuto da Criança e do Adolescente que já estavam totalmente em desacordo do que se espera do instituto da adoção atualmente, e inclusive em desacordo com o texto constitucional, como a exemplo uma alteração feita no texto do Eca, foi a substituição da expressão “Pátrio Poder”, pela expressão “Poder Familiar”, que está em consonância com o texto constitucional.

Bauner e Aldrovandi, (2010, p. 13), afirmam ainda que ocorreram outras mudanças significativas no texto da Legislação referente a adoção:

Além disso, houve a adequação da lei à terminologia adotada pelo Código Civil de 2002, assim, o termo “concubinato” foi substituído por “união estável”. O texto foi atualizado ainda para incluir a possibilidade de “guarda compartilhada”, no caso de adoção por pessoas divorciadas, separadas ou ex-companheiros (art. 42, §6º, ECA).

Outra importante alteração foi em relação à redução da maioridade civil, de vinte e um para dezoito anos, no Código Civil, o que, com efeito, diminui a idade. No Estatuto, que legitima os adotantes para dezoito anos, conforme interpretação que já era dada pelo Código Civil, desde a sua entrada em vigor.

Ainda cabe ressaltar, no processo evolutivo da adoção, a edição, em 2014, da Lei nº 12.955/2014, que dá prioridade de tramitação aos processos jurídicos que envolvem a adoção de crianças e adolescentes com deficiência e/ou com doença crônica. A intenção da lei é evitar que crianças e adolescentes com essas características possam ter seu processo de adoção retardado por razões pouco consistentes, e que sua colocação em lar familiar seja uma

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prioridade absoluta para todos os envolvidos, conforme apontam Silva, Cavalcante, &Dell’Aglio (2016).

Como visto as mudanças aconteceram progressiva e positivamente no instituto objeto de estudo, qual seja a adoção, mas se tem muito que avançar no sentido do que se espera e necessita ser, para uma questão de tamanha relevância, a vida das crianças e adolescentes do Brasil.

Dos Requisitos para a adoção no Brasil, segundo Brauner e Aldrovandi, (2010), a essência do instituto foi mantida, após a implementação da Lei 12010/2009, devendo ser tratada como medida excepcional e irrevogável de colocação de criança e adolescente em família substituta, devendo atender com primazia sempre os interesses do adotando. Efetivar-se-á através de sentença judicial o vínculo da adoção, e será inscrita no Registro Civil, através de mandado, ao mesmo tempo então que será cancelado o registro original da criança ou adolescente. As certidões de registro não poderão conter nenhuma observação sobre a adoção, conforme texto original do artigo 47, ECA.

O processo de adoção na prática, como já visto, passou por inúmeras transformações, principalmente depois da entrada em vigor do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente promulgado pela lei 8069 de junho de 1990), e da Nova Lei da Adoção (Lei 12.010 de agosto de 2010).

Conforme Bonilha([s.d.]), sobre o procedimento de adoção na parte prática, importante destacar que este deve ser sempre iniciado pela via judicial, sendo vedado o seu início por procuração, o primeiro passo para efetivamente ser dado o início ao processo de adoção é o querer de quem irá se habilitar, depois começa um longo caminho a ser trilhado, que nem sempre será fácil.

Segundo Bonilha([s.d.]), o procedimento acontece com duas filas paralelas andando independente uma da outra, mas com a finalidade de se unirem em algum ponto, uma dessas filas é com a relação de crianças e adolescentes em situação de serem adotadas. Importante frisar que somente ocorre tal situação, depois de que estas crianças e adolescentes já tenham sido totalmente afastadas de suas famílias de origem, e isso acontece através de um processo de Destituição do Poder Familiar, que consiste na perda definitiva do direito da família

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biológica sobre a criança. Tal destituição acontece através de um processo judicial, que esgota todas as tentativas possíveis e recursos de manter a criança no seio de sua família natural.

A preferência é de que se mantenha a criança em sua família biológica, e somente depois de que todas as possibilidades se mostrarem fracassadas, se destitua o Poder Familiar, e a criança ou adolescente, seja colocada na fila de adoção, lembrando que o poder público deve auxiliar se a maior dificuldade da família natural em ter a criança consigo for de cunho material, financeiro.

Assim dispõe o artigo 23 do Eca, Lei 8069/1990 (BRASIL, 1990):

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.

§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a

criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção.

§ 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder

familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha.

A outra fila paralela no processo de adoção, a que se referia Bonilha, ([s.d.]), é a das pessoas que pretendem adotar, que pode ser uma só pessoa, um casal sem filhos, uma família já com filhos biológicos ou adotivos. Conforme os apontamentos de Bonilha, para entrar nesta fila, é necessário antes passar por uma série de pré-requisitos, que vão desde a intenção da adoção até a avaliação final para se estar apto a adotar.

No Brasil, o processo de adoção deve acontecer obrigatoriamente pela via judicial, e preferencialmente numa Vara de Infância e de Juventude, aonde se irá demonstrar pela pessoa, ou pelo casal interessado, o interesse em adotar.

Segundo dados do CNJ (BRASIL, [s.d.]), após o primeiro passo que é como já mencionado e sem dúvidas o mais importante o querer, a vontade, o candidato ou candidatos devem, procurar a Vara de Infância e Juventude do seu município, para dar início ao processo de adoção pela via legal. A idade mínima para se habilitar à adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser acolhida.

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Conforme o CNJ (BRASIL, [s.d.]), num segundo momento, o candidato a adoção deverá fazer uma petição preparada por um defensor público ou advogado particular, para assim dar início ao processo de inscrição para adoção, somente depois de aprovado, seu nome será habilitado e constará nos cadastros local e nacional de pretendentes à adoção.

Após esses primeiros passos, e de o candidato ter sido considerado habilitado, terá ainda que passar por algumas fases, consideradas pré-requisitos para estar habilitado a adotar, quais sejam estas fases, participar de Curso e Avaliação de preparação psicossocial e jurídica para a adoção, sendo tal requisito de caráter obrigatório. Após a comprovada participação no curso, o candidato passará a ser submetido à avaliação psicossocial com entrevistas e visita domiciliar feitas pela equipe técnica Interprofissional. Algumas comarcas avaliam a situação socioeconômica e psicoemocional dos futuros pais adotivos apenas com as entrevistas e visitas. O resultado dessa avaliação será encaminhado ao Ministério Público e ao juiz da Vara de Infância para que depois disso seja deferido ou não o pedido de estar apto para adotar. (BRASIL, [s.d.])

Conforme refere Bonilha, ([s.d.]), o primeiro contato será feito através de uma entrevista com uma psicóloga, onde serão feitos alguns questionamentos acerca de tal interesse, para começar a escrever um relatório que integra o processo que será aberto, mas somente após o preenchimento do formulário.

Segundo Bonilha ([s.d.]):

Neste formulário, o pretendente deve descrever suas características pessoais e familiares, condição social e econômica, contatos telefônicos, endereço residencial e eletrônico. Terão que descrever o perfil da criança pretendida, como sexo, cor, idade, se estão dispostos a entrar no cadastro Nacional de Adoção ou somente Estadual. Se aceita crianças com doenças curáveis, crônicas ou incuráveis, com lesão física e intelectual leve, média ou severa.

Pergunta-se também se aceita irmãos, se sim, até quantos. Ao entregar o formulário, o pretendente deve também levar cópia de documentos.

A documentação necessária para o processo de adoção inclui: cópia de documentos pessoais, RG, CPF; Comprovante de residência; Certidão negativa de antecedentes criminais; Atestado de sanidade feito por um médico de qualquer especialidade; Declaração de idoneidade moral assinada por duas testemunhas; Comprovante de renda; Fotos da casa e cômodos. Conforme o Senado Federal, (BRASIL, 2013):

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Depois de colhidas as informações e os dados do pretendente, o juiz analisa o pedido e verifica se foram atendidos os pré-requisitos legais. A partir daí, os candidatos serão convocados para entrevistas e, se aprovados, passam a integrar o cadastro nacional, que obedece à ordem cronológica de classificação. Um pretendente pode adotar uma criança ou adolescente em qualquer parte do Brasil por meio da inscrição única. Quando a criança ou adolescente está apto à adoção, o casal inscrito no cadastro de interessados é convocado. O prazo razoável para o processo de adoção de uma criança é de um ano, caso os pais biológicos concordem com a adoção. Se o processo for contencioso, pode levar anos.

Podem se candidatar ao processo de adoção pessoas solteiras, viúvas ou que vivem em união estável também podem adotar; a adoção por casais homoafetivos ainda não está estabelecida em lei, mas sim regulada por meio de jurisprudência, cabendo ressaltar que existem inúmeras decisões favoráveis. No momento da entrevista técnica, o pretendente a adoção deverá informar também o perfil da criança que pretende adotar, sexo, idade, estado de saúde, se aceita adotar irmão, a fim de identificar o seu possível futuro filho. (BRASIL, [s.d.])

Acerca de quem pode adotar, assim dispõe o artigo 42 do ECA (BRASIL, 1990):

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil.

§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.

§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados

civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando. § 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar

conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão.

§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao

adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.

§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de

vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. Ainda conforme apontamentos do CNJ (BRASIL, [s.d.]), estando o candidato de acordo com os requisitos já mencionados, será emitido um laudo pela equipe técnica da Vara, e parecer do Ministério Público, e a partir disso o Juiz dará a sua sentença, favorável ou não para o candidato a adotar. Sendo favorável, seu nome será incluso nos cadastros, sendo tal aprovação válida por dois anos em todo o território nacional.

Referências

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