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Poder de Polícia no Combate à s Condutas e Atividades Lesivas ao Meio Ambiente

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com destaque para o papel da Polícia Militar (PM). Nesse desiderato, essa organização militar se faz presente nos mais distantes rincões e, às vezes, como a única autoridade policial presente em todos aglomerados urbanos deste imenso País. Uma outra responsabilidade do poder de polícia está no cuidado da proteção do meio ambiente sobre o interesse comercial, que encontra as-sento na Constituição Federal, Titulo VIII, Capítulo VI, e em Leis infraconstitucionais, ressaltando-se entre elas a lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 (Política Nacional do Meio Ambiente) e a lei n. 9.605/1998 (conhe-cida também por Código Florestal), que dispõem sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Para Barbosa (2008), essas condutas lesivas estão relacionadas ao uso antrópico e podem ser divididas em quatro tipos principais: Mercúrio uti-Resumo: o presente artigo reflete sobre uma nova função do

policial militar do Estado de Goiás, destinada a atuar enquanto de-fensor do meio ambiente. Para tanto, se faz necessário um novo conceito de formação desse policial. A legislação ambiental é um instrumento fundamental para auxiliar o gestor em Segurança Pú-blica que atuará no processo. Nesse conjunto de novas situações, o policial militar deverá, ainda, abrir canais de diálogo com as outras forças de Segurança, entre elas a Polícia Civil, Federal e Rodoviária.

Palavras-chave: segurança no espaço rural, meio ambiente e

policia militar, formação do policial militar Paulo Célio de Souza Leal, José Paulo Pietrafesa

PODER DE POLÍCIA

NO COMBATE ÀS CONDUTAS

E

ste artigo visa demonstrar a importância da Segurança Pública (poder de polícia), entre os órgãos oficiais que combatem crimes ambientais,

E ATIVIDADES LESIVAS AO MEIO AMBIENTE

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lizado para amalgamar o ouro nos garimpos; Resíduos de Defensivos Agrí-colas; Resíduos Industriais Tóxicos; e Queimadas.

A lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, quando se refere à apura-ção da infraapura-ção administrativa dos crimes ambientais, determina o seguin-te: a autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo adminis-trativo próprio, sob pena de co-responsabilidade. No entanto, para impo-sição e gradação da penalidade, inclusive penal, a autoridade competente deve observar a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente, os ante-cedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação ambiental e a sua situação econômica, no caso de multa.

A Lei Federal n. 9.605, regulamentada pelo decreto n. 3.179, de 21 de setembro de1999, quando trata das infrações contra o meio ambiente, assevera que os crimes contra a fauna estão sujeitos a uma pena de detenção de seis meses a um ano, e multa. Ao se referir aos crimes contra a flora, preconiza uma pena de detenção de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Quanto à poluição e outros crimes ambientais, há a previsão de pena de reclusão de um a quatro anos, e multa. Contudo, em Brasília (DF), nos dias 18 e 19 de setembro de 2003, durante o 1º Seminá-rio de Prevenção e Repressão à Delinqüência Ambiental, realizado na Aca-demia Nacional de Polícia (ANP), foi sugerida a necessidade de alteração da lei n. 9.605 para prever o aumento das penas cominadas aos crimes contra a fauna, que contam ainda com exíguos prazos prescricionais, bem como alterar o seu regime prisional de detenção para reclusão, além de criar um tipo penal específico para a modalidade de tráfico internacional de animais silvestres, que até hoje inexiste, apesar desse comércio ilegal movimentar cerca de um bilhão de dólares por ano no Brasil (DPF, 2004).

A Segurança Pública, igualmente, no trato das questões ambientais, que são de fundamental importância ao País e à sobrevivência dos seus cida-dãos, deve, também, participar da fiscalização da segurança alimentar, uma vez que entre as obrigações e responsabilidades da administração pública, onde se inclui a polícia, está a de garantir o direito humano à alimentação adequada e saudável (lei federal n. 11.346, que institui o Sistema Nacional de Seguran-ça Alimentar e Nutricional – Sisan, de 15 de setembro de 2006).

Outro fato que este artigo procura evidenciar diz respeito às despesas com o aparato policial quando para evitar danos ambientais e, conseqüen-temente, lesão à saúde pública, que devem ser vistas pelos governos e pela sociedade organizada como investimentos, uma vez que o crime ambiental

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difere dos demais por seu caráter de fatalidade, não permite ao homem uma segunda chance, sobretudo no que diz respeito às espécies animais e vege-tais em extinção (DPF, 2004). Além do mais, havendo algum tipo de dano ou crime ambiental de maior gravidade, os dispêndios com assistência médica das pessoas contaminadas e a recuperação das áreas degradadas serão sem-pre maiores do que os recursos, porventura, gastos para se combater sem- pre-ventivamente o sinistro.

Convém destacar que a fiscalização e a repressão governamentais não podem ser lenientes no Cerrado. Ao contrário, faz-se necessária a presença constante do poder estatal de polícia no campo, uma vez que este bioma ocupa posição estratégica, tanto do ponto de vista hidrográfico quanto da geografia econômica. Dados do IBGE (2008) identificam, por exemplo, que nesta região concentram-se 35% do total da produção nacional de cereais, identificando a grande importância agro-econômica desse espaço. Segun-do Abramovay (1999), no CerraSegun-do se agrupam nada menos que um terço da biodiversidade nacional e 5% da flora e fauna mundiais, além de desem-penhar importante papel alimentador das principais bacias hidrográficas, pois a água acumulada em seus lençóis freáticos abastece nascentes que dão origem a seis das oito maiores bacias brasileiras. Porém, o conjunto dessa riqueza está estruturalmente ameaçado, uma vez que esse bioma é conside-rado como uma das áreas de maior risco mundial na perda da biodiversidade devido às ações antrópicas, especialmente em razão de sua exploração eco-nômica pela atividade pecuária e pelas extensas áreas com monoculturas (OLIVEIRA; PIETRAFESA; BARBALHO, 2008).

A proteção ao meio ambiente, no Brasil, jamais, antes do artigo 225 da Constituição da República de 1988 (BRASIL. CF/1988), foi abordada de forma específica e sistemática, em uma Constituição, como um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presen-tes e futuras gerações. Ao impor esse dever, a CF/1988 deixa claro que o exercício do Poder de Polícia em matéria ambiental é obrigatório. Os pará-grafos do mencionado artigo 225 da Constituição Federal instituem atos de polícia para a defesa do meio ambiente, especialmente o parágrafo 3º, que assim discorre: “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas e jurídicas, a sanções pe-nais e administrativas”.

Quanto à importância dos infratores serem sancionados simultane-amente de maneira penal e administrativa, convém citar Freitas (2002): ao tomar conhecimento da infração ambiental, a polícia deve comunicar, ato

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contínuo, o fato à autoridade administrativa ambiental, caso ela mesma não tenha tal competência por força de lei ou de convênio, e vice-versa. Isto pela simples razão de as instâncias penal e administrativa serem independentes. Assim, urge que o mesmo ente público (a polícia, por exemplo) aplique ambas as sanções, pois o normal é que a pessoa física ou jurídica, ao ser penalizada apenas administrativamente, passe a se valer de inúmeros recursos e artifí-cios para protelar, por exemplo, o pagamento de multas, gerando uma sen-sação de impunidade e o estímulo para continuadamente cometer, inclusive, o mesmo crime.

Por isso, este estudo defende que o aparato da Segurança Pública deve exerce simultaneamente o papel de polícia judiciária e administrativa, este, no mínimo, mediante convênio com os órgãos ambientais federais, estadu-ais ou municipestadu-ais. Isso porque o Governo não pode, diante da seriedade da temática do meio ambiente, pulverizar as atribuições de fiscalização ou ignorar a importância do papel dos órgãos da Segurança Pública que de-têm, sobretudo, o poder de polícia decorrente da apuração dos crimes ambientais que finalizam na Polícia Judiciária da União ou dos Estados. Ou seja, no Departamento de Polícia Federal (DPF) ou na Polícia Civil (PC) das unidades da Federação, respectivamente, que têm a incumbência de adotar medidas necessárias para investigação, prevenção e repressão, além da apuração das infrações penais lesivas ao Meio Ambiente. Incluem-se nesse contexto os atos contra a fauna (silvestre e a nativa), pesca, flora, poluição, ordenamento urbano e patrimônio cultural, pois, afinal, o futuro da raça humana depende da atual capacidade de preservar o meio ambiente de que ainda dispomos.

Quanto ao poder de polícia sobre a questão ambiental, o conceito definido por Machado (1991, p. 192) identifica que

[...] é a atividade da Administração Pública que limita ou disciplina o direito, o interesse ou a liberdade, e regula a prática de ato ou a abstenção de fato em razão de interesse público concernente à saúde da população, à conservação dos ecossistemas, à disciplina da pro-dução e do mercado, ao exercício de atividades econômicas ou de outras atividades dependentes da concessão, autorização/permissão ou licença do Poder Público de cujas atividades possam decorrer poluição ou agressão à natureza.

Seguindo uma tendência mundial (DPF, 2004), para se desenvolver uma efetiva repressão aos delitos ambientais, ou seja, disciplinar e

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restrin-gir, em favor do interesse público ou social, direitos e liberdades individu-ais, as polícias federais ou estaduais de alguns países, a exemplo, da Ingla-terra (Scotland Yard), dos Estados Unidos da América (Federal Bureau of Investigation - FBI) e da Argentina (Divisão de Prevenção ao Delito Eco-lógico), têm contado com frações especializadas, mediante a necessária implantação nas academias de disciplinas com noções teóricas e práticas, inclusive nos cursos de formação, voltadas para combater e prevenir crimes ambientais, em face da necessidade do policial deter conhecimento cientí-fico de áreas interdisciplinares como, por exemplo, a biologia e a engenha-ria florestal, que ultrapassam a especialização do conhecimento jurídico.

No Brasil, o combate especializado de prevenção e repressão aos delitos ambientais, na esfera da União, deu-se quando na estrutura organizacional do Departamento de Polícia Federal (DPF), por intermédio do Decreto n. 4.053, de 13 de dezembro de 2001, foi criada a Coordenação de Prevenção e Repressão aos Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Comap), subordinada à Coordenação-Geral de Polícia Fazendária (CGPFAZ). A Comap atualmente denomina-se Divisão de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico (DMAPH). A repressão ao tráfico internacional de animais silvestres feita por conexões nacionais e internacionais, a biopirataria (especialmente em florestas tropi-cais), a extração ilegal de madeira perpetrada por organizações criminosas, a pesca e poluição em larga escala de águas da União são algumas das prin-cipais atribuições dessa Divisão, consoante DPF (2004).

Nas unidades federadas, o combate especializado da delinqüência ambiental acontece por intermédio das Delegacias de Meio Ambiente e das Polícias Ambientais e Florestais, estas subordinadas a Polícia Militar nos respectivos estados brasileiros. A atuação desse efetivo tem dupla finalida-de, isto é, a de realizar a prevenção das infrações pela observação do com-portamento dos administrados relativamente às ordens e aos consentimentos de polícia, e de preparar a repressão das infrações pela constatação formal dos atos infringentes ao meio ambiente.

Em várias Unidades da Federação, conforme constata Freitas (2002), a Polícia Militar exerce atividades de polícia administrativa, até impondo multa aos infratores por força de dispositivos previstos em Constituições ou legislações estaduais, convênios com órgãos ambientais nacionais ou lo-cais ou até mediante decisões administrativas do Poder Executivo estadual ou municipal. É o caso das atividades de segurança pública nos estados de São Paulo e Paraná, por intermédio da Polícia Florestal, órgão este que exerce atividades especializadas dentro da Polícia Militar.

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No Rio Grande do Sul, dá-se o mesmo por meio da Polícia Ambiental e, em Santa Catarina, a Constituição Estadual de 1989 incluiu a proteção do meio ambiente nas atribuições da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) e criou na sua estrutura organizacional o Policiamento de Prote-ção Ambiental (CPPA), regulamentado pelo Decreto Estadual n. 1.017, de 13 de novembro de 1991.

Como Polícia Florestal ou Ambiental, ou seja, nas Unidades das Polícias Militares de Proteção Ambiental, de quase todo território brasilei-ro, a Polícia Militar tem exercido, além da função administrativa, também a de Polícia Judiciária, particularmente quando lavra o Termo Circunstan-ciado de Ocorrência (TCO). Isso tem comumente ocorrido nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo1, nos crimes de menor potencial

ofensivo (artigo 69 da lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, e artigo 2° da lei n. 10.259, de 12 de julho de 2001), em que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não com multa.

De maneira geral, a Polícia Civil não concorda que a Polícia Militar lavre TCOs, por julgar ser esta atividade exclusiva da Polícia Judiciária. Porém, este não tem sido o entendimento da Justiça, inclusive há julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) admitindo como correta a ação da Polícia Militar (C 7.199/PR, Rel. Min. Vicente Leal, j. 01.07.98, DJU 28.09.98), até porque somente o inquérito policial consta como atribuição exclusiva de delegado de polícia de carreira, nos termos do artigo 144, parágrafo 4° da Constituição do Brasil. Além do mais, no dia 26.03.2008, o Supremo Tribunal Federal (STF), com relação à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n. 2.862 – impetrada pelo Partido Liberal (PL), atualmente Partido da República (PR), contra o Provimento n. 758 do Conselho Superior da Magistratura de São Paulo e a Resolução n. 403 da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, que autorizam a Polícia Militar daquele estado a elaborar Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), julgou-o improcedente, por unanimidade dos oito Ministros presentes, expressando em seus votos ser a lavratura do Termo Circunstanciado um ato típico de Polícia Ostensiva e, portanto, atribuição das Policiais Milita-res na PMilita-reservação da Ordem Pública.

Um dos exemplos de atuação em que cabe o exercício preventivo do poder de polícia, cuja atribuição constitucional cabe à Polícia Militar, pode ser visto nas atividades do setor canavieiro, quer pela gravidade dos crimes ambientais quer pelos crimes trabalhistas vinculados ao meio ambiente denunciados, por exemplo, pela Folha on-line, em que se identifica a se-guinte situação: “Em 2007, os grupos móveis do Ministério do Trabalho

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resgataram em propriedades do setor sucroalcooleiro 3.117 pessoas em si-tuação degradante, o que corresponde a 53% do total (5.877). O restante foi resgatado em atividades como pecuária e carvoaria”. Segundo a mesma denúncia da Folha on-line, no estado de Goiás a situação é proporcional-mente mais preocupante uma vez que o Grupo Móveis do Ministério do Trabalho em Goiás [...] “encontrou 421 trabalhadores em condições con-sideradas degradantes, em Quirinópolis (GO), sul do Estado”.

Além do mais, com relação à proteção do meio ambiente, é da maior importância que as atividades das Polícias Federal, Civil e Militar tenham efetividade. Por isso, é que os seus atos requerem, na fase inquisitiva e na colheita de provas, junção de esforços de todas as polícias, não só locais, quanto à troca de conhecimentos e informações sobre os tipos crimes mais graves ou usuais que ocorrem nos diversos biomas, bem como sobre os reincidentes infratores (pessoas físicas e jurídicas) que agem no País. Esse intercâmbio vem se tornando cada vez mais comum, mediante operações conjuntas programadas com a Polícia Civil, Polícia Ambiental (Polícia Militar) e órgãos de meio ambiente, a exemplo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

No dia 22 de julho de 2008, a União normatizou a cooperação fede-rativa na área ambiental, que vinha ocorrendo de maneira empírica, insti-tuindo, por meio do Decreto n° 6.515, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ministério da Justiça (MJ), os Programas de Segu-rança Ambiental denominados Guarda Ambiental Nacional e Corpo de Guarda-Parques.

A Guarda Ambiental Nacional e Corpo de Guarda-Parques serão destinados, prioritariamente, conforme preconiza esta norma federal, às atividades de prevenção e defesa contra crimes e infrações ambientais, bem como à preservação do meio ambiente, da fauna e da flora, mediante a celebração de convênios com os Estados e o Distrito Federal, inclusive com a previsão de repasse de recursos da União.

O contingente da Guarda Ambiental Nacional será formado por Policiais Militares, que serão treinados para atuação conjunta com integrantes das polícias federais e dos órgãos de segurança pública e de preservação do meio ambiente dos Estados e do Distrito Federal, devidamente conveniados, cuja atuação será dirigida à proteção e ao apoio de atividades desenvolvidas por servidores do Ibama ou do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

Quanto ao Poder Municipal, convém lembrar que, mesmo que te-nha um corpo de Guarda, não pode prescindir da presença dos órgãos da

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Segurança Pública, inclusive no seu Conselho de Defesa do Meio Ambien-te, em razão dos interesses comuns, a saber:

• localização e mapeamento das áreas críticas em que se desenvolvem

ativi-dades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetivas ou potencial-mente poluidoras, bem como empreendimentos capazes de causar degradação ambiental, a fim de permitir a vigilância e o controle desses procedimentos e cumprimento da legislação em vigor;

• elaboração de normas técnicas e procedimentos que visam à proteção

ambiental;

• campanhas educacionais e execução de programas de formação e

mobili-zação ambiental;

• divulgação permanente de dados, condições e ações ambientais;

• identificação, previsão e comunicação das agressões ambientais ocorridas

no Município, diligenciando no sentido de sua apuração e sugerindo aos poderes públicos as medidas cabíveis, além de contribuir, em caso de emergência, para a mobilização da comunidade.

Na visão de Fagundes (2008), todos os danos ao meio ambiente podem ser enquadrados na lei n. 9.605/1998, conhecida como Código Florestal, especialmente os crimes contra a fauna, flora e a poluição que se encontram tipificados nos artigos números 29 aos 61.

No Brasil, as normas constitucionais e infraconstitucionais, além de servirem de fundamento normativo ao Poder Público, em matéria ambiental, tornam evidente a relevância do meio ambiente como bem de uso comum do povo e valor social fundamental. Tem-se observado, na prática, que o poder de polícia carece de maior efetividade, como ilustram as continuadas lesões que vêm sofrendo o os ecossistemas no País.

Unir todas as esferas governamentais (federal, estadual e municipal), com destaque para os órgãos da Segurança Pública que podem exercer, simul-taneamente, o Poder de Polícia Administrativa e o Poder de Polícia Judiciária, em uma única postura em defesa do meio ambiente objetiva, sobretudo, res-peitar a dignidade da pessoa humana assegurada concretamente nos direitos sociais previstos na Carta Magna que, por sua vez, garante entre esses direitos a educação, a saúde, assim como o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Enfim, meio ambiente não é só fauna e flora. É, também, qua-lidade de vida, principalmente, para o ser humano, pois a preservação do meio ambiente tem por objetivo o desenvolvimento sustentável, que é a garantia da nossa prole mediante a preservação das espécies.

Com a ação diligente dos profissionais responsáveis pela defesa da natureza, o setor produtivo no espaço rural perceberá que se tiver uma prática

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predatória em relação ao meio ambiente, para fazer crescer seu sistema de produção no aspecto meramente econômico, não desenvolverá um modelo sustentável. O avanço, ou crescimento econômico se consolida na medida em que se preservam os elementos da natureza. Neste caso, as duas ciências – Ecologia e Economia – nunca devem estar em pólos opostos. Além do mais, o progresso e o desenvolvimento devem ocorrer simultaneamente, mas de modo racional, planejado e organizado, sem esgotar os recursos naturais em prejuízo das futuras gerações.

Uma polícia bem equipada e especializada em combater os crimes e irregularidad:es ambientais é mais útil à sociedade a que serve, particular-mente pela necessidade preparticular-mente de proteger e preservar a riqueza da diver-sidade da flora e fauna brasileira, uma vez que a sua sobrevivência está relacionada diretamente com a sobrevivência humana. E, nesse contexto, merecem especial destaque os governos estaduais quando empregam a Po-lícia Militar, atuando preventiva ou repressivamente.

Nota

1 Conselho Superior da Magistratura de São Paulo aprovou e assinou no dia 23 de agosto de 2001, o Provimento nº. 758, permitindo que Policiais Militares façam registros de ocorrências policiais menos graves. Nesse mesmo sentido, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo baixou a Resolução 403/2001, autorizando a Polícia Militar de São Paulo a elaborar Termo Circunstanciado.

Referências

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Abstract: this article reflects on a new role of military police of the State of

Goiás, to act as a defender of the environment. Thus, it is necessary a new concept of training the police. Environmental legislation is a key tool to

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assist the manager in Public Safety to act in the process. In this set of new situations, the military police should also open up channels of dialogue with other security forces, including the Civil Police, and Federal Road.

Key words: safety in rural areas, environment and military police, training

of military police

PAULO CÉLIO DE SOUZA LEAL

Mestrando em Ecologia e Produção Sustentável na Universidade Católica de Goiás (UCG). Professor no CGESP e do CSP da Academia da Polícia Militar do Estado de Goiás.

JOSÉ PAULO PIETRAFESA

Doutor em Sociologia. Professor no Programa de Mestrado em Ecologia e Produção Sustentável da UCG e no Programa Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente do Centro Universitário de Anápolis (Unievangelica).

Referências

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