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Evolução da população e o despovoamento no interior de Portugal: o caso do Concelho de Bragança

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EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO E O DESPOVOAMENTO NO INTERIOR DE

PORTUGAL: O CASO DO CONCELHO DE BRAGANÇA1

Bianca Garcia2 Susana Silva3 Alexandre C. de Andrade4 Giovanna Ramos5

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas Portugal tem passado por diversas transformações territoriais e espaciais, onde dentre elas, destaca-se a ocorrência de um crescimento demográfico assimétrico caracterizado pela elevada pressão demográfica no litoral e por uma consequente distribuição desigual da população, que tem refletido em consequências negativas para o interior português.

O processo de litoralização corresponde à concentração demográfica e de atividades econômicas nos territórios que situam-se próximos à costa marítima, processo que acarreta o despovoamento em grande parte dos municípios do interior do país, que acabam por obter índices populacionais e econômicos relativamente baixos quando comparados aos do litoral.

Deste modo, o objetivo deste trabalho é compreender a evolução da população em Portugal, mostrando as principais assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal e identificar as principais regiões receptoras e repulsivas, bem como apresentar a situação do munícipio de Bragança que, apesar de localizar-se no interior do país, vem conseguindo contrariar de algum modo o processo do despovoamento devido à localização de um polo universitário e, em particular, do seu programa de internacionalização de estudantes.

1

Trabalho apresentado no XI Encontro Nacional sobre Migrações, realizado no Museu da Imigração do Estado de São Paulo, em São Paulo, SP, entre os dias 9 e 10 de outubro de 2019.

2

Licenciatura em Geografia, Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS), Poços de Caldas/MG, Brasil.

3

Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT), Universidade de Coimbra, Portugal; Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança, Portugal; Instituto Superior Politécnico Gaya, Portugal.

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Licenciatura em Geografia, Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS), Poços de Caldas/MG, Brasil.

5

Licenciatura em Geografia, Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS), Poços de Caldas/MG, Brasil.

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MATERIAL E MÉTODOS

A estruturação deste trabalho surgiu através de um programa de mobilidade internacional realizado em Portugal, no qual a autora passou 6 meses residindo no país e realizou algumas disciplinas relacionadas à Geografia e suas temáticas populacionais. Além disso, a autora residiu na cidade de Bragança, região de Trás-os-Montes, localizada no interior do país e próximo à fronteira com a Espanha. Este fato permitiu o contato com a realidade dos processos de migração interna e a vivência com os principais problemas acarretados pelo despovoamento no interior de Portugal.

A elaboração do componente teórico foi realizada através de pesquisa, revisão e análise bibliográfica em diversos suportes. A pesquisa quantitativa foi efetuada através do levantamento de dados estatísticos populacionais publicados e disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pela Base de Dados Portugal Contemporâneo PORDATA. Por fim, foi realizado uma análise da mídia portuguesa, com enfoque em jornais e/ou trechos de reportagens e documentos/planos oficiais do governo que abordam os principais problemas acarretados pelo despovoamento no interior do país, buscando encontrar possíveis soluções e/ou exemplos de superação do despovoamento.

A EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO PORTUGUESA ENTRE 1960 E 2011

As áreas localizadas no litoral português possuem uma maior propensão à atração de população devido à dinâmica na prestação de serviços e infraestrutura e a escassez dos mesmos nas localidades do interior. Com base nessa perspectiva, buscou-se identificar quais as sub-regiões do território português que obtiveram um aumento e/ou diminuição do seu quantitativo populacional.

Para efetuar esta tarefa foi elaborado um mapa da evolução da população residente nas sub-regiões (Nível NUT III 2013).

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FIGURA 1

Fonte: PORDATA (2017). Elaborado por Garcia (2017).

Na Figura 1, as sub-regiões que estão representadas em vermelho correspondem àquelas que tiveram sua população reduzida. Em contrapartida, as regiões em azul são as que obtiveram um acréscimo populacional. As sub-regiões do Porto e Lisboa, como já era de se esperar, lideram os índices positivos, no qual Lisboa passa dos seus 1,5 milhões de habitantes durante o ano de 1960 para 2,8 milhões de habitantes em 2011, o que corresponde à um crescimento populacional de cerca de 87%, enquanto no Porto registrou-se um crescimento aproximado de 54%.

É importante ressaltar que a sub-região do Algarve, localizada no extremo sul do país, obteve um crescimento de 43% pois trata-se da única região que atinge um aumento significativo de população mesmo não tendo uma grande concentração urbana como a de Lisboa e Porto. Esta situação é decorrente do reconhecimento internacional das paisagens litorâneas desta região, que sustentam uma economia essencialmente baseada no turismo.

Em contrapartida, as sub-regiões que se localizam em toda a área de fronteira de norte à sul do país, obtiveram índices negativos. Na sub-região do Baixo Alentejo, situada no sudeste do território, residiam 232.896 habitantes em 1960,

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sendo que no ano de 2011 havia apenas 126.692 habitantes, resultando em um decréscimo populacional de -45,6%.

Já a sub-região do Alto Tâmega situada na região norte, trata-se da região que mais perdeu habitantes em todo o país, sendo que em 1960 a região contabilizava 177.139 habitantes, e em 2011, apenas 94.143 habitantes, representando um decréscimo de -46,9%. Deste modo, os territórios do Baixo Alentejo e Alto Tâmega foram os territórios do interior que obtiveram os maiores índices negativos.

O despovoamento no interior de Portugal

Segundo o dicionário de Língua Portuguesa (COSTA; MELO, 1999 apud SOUSA, 2010) despovoamento significa “despovoação”. Por sua vez despovoação assume o significante de “ato ou efeito de despovoar ou de se despovoar. Por seu turno, a palavra despovoar assume o sentido de “tornar desabitado” ou “ir perdendo os habitantes”.

Dentre as transformações ocorridas no espaço ao longo do tempo, um dos processos mais marcantes foi o da urbanização das cidades. Esta urbanização é composta por diversas atividades, como uma maior oferta/variabilidade de empregos, comércios, indústrias, educação, melhor qualidade de vida, opções de lazer, entre outros. Em vista disso, estes centros urbanos tornam-se muito atrativos para a população rural, sobretudo para aqueles que não olham seu espaço de origem como um local de oportunidades (SOUSA, 2010).

E não são somente as aldeias que passam por este processo, pois o contexto atual demonstra que há diversos municípios do interior que acabam perdendo população para os municípios que são sedes concelhias, pois tratam-se de locais onde há uma maior diversidade em prestação de serviços, comércios e infraestruturas. Sendo assim, além do processo de litoralização, ocorre também uma espécie de regionalização, onde as pessoas migram para a sede do distrito (MOURÃO, 2006).

Portanto, grande parte dos municípios do interior português são caracterizados por um alto índice de envelhecimento, baixas taxas de natalidade e aumento do desemprego, o que acaba impactando a economia, a oferta de serviços e diversos outros setores que acabam levando esses territórios à contramão do desenvolvimento regional.

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Estudo de caso: o Concelho de Bragança

O concelho de Bragança, integra, juntamente com mais 11 concelhos, o distrito que possui o mesmo nome, e situa-se no nordeste de Portugal, na denominada região de Trás-os-Montes (Figura 2). A norte e a leste é limitado pela Espanha (províncias de Ourense, Zamora e Salamanca), a sul pelo distrito da Guarda e distrito de Viseu e a oeste pelo distrito de Vila Real. Possui uma área de 6.608 km², sendo assim o quinto maior distrito português em extensão territorial, habitado por uma população de 125.952 habitantes (PORDATA, 2017).

FIGURA 2 – Localização do Concelho de Bragança em Portugal.

Fonte: Simões; Portela e Cepeda (1996). Adaptado por Garcia (2018).

O concelho de Bragança posiciona-se como o principal centro urbano no contexto regional da NUT III Terras de Trás-os-Montes e possui um território bastante alargado em vista dos padrões portugueses com cerca de 1173,59 km². Entretanto, seu núcleo urbano não constitui mais do que 24,21 km², representando apenas 2% do território total do concelho e abrangendo 33.717 habitantes em 2017 (PORDATA, 2018).

Em um contexto nacional, Portugal encontra-se em um aumento da esperança média de vida que resulta na diminuição da população jovem devido às baixas taxas de fecundidade. Bragança, por sua vez, trata-se de uma região periférica que reflete problemas associados ao envelhecimento populacional, fuga de residentes/habitantes, baixas taxas de natalidade e isolamento territorial (REDE SOCIAL DO CONCELHO DE BRAGANÇA, 2007).

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Em 2017 o índice de envelhecimento nacional é de 153 idosos a cada 100 jovens, sendo que o concelho de Bragança apresenta um número surpreendente de 210 idosos a cada 100 jovens. Na Tabela 1, é possível conferir esses valores em escala local da área de estudo (Bragança), à nível regional e nacional.

TABELA 1 – Índice de envelhecimento: idosos por cada cem jovens

Território 1960 2011 2017

Portugal 27,3 127,8 153,2

Norte 20,2 113,3 149,8

Terras de Trás-os-Montes 19,4 252,7 291,2

Concelho de Bragança 21,7 187,5 210,5

Fonte: PORDATA (2018). Elaborado por Garcia (2018).

Além da baixa taxa de fecundidade, o envelhecimento em Bragança também é influenciado pela migração da população jovem que desloca-se para as capitais em busca de estudos, empregos, infraestrutura, comércios e serviços que não são oferecidos no interior. Na Tabela 2 é possível conferir o crescimento do desemprego na área em estudo, de 8,2% entre 1960 e 2011.

TABELA 2 – Taxa de desemprego segundo os Censos (%)

Território 1960 2011

Portugal 2,4 13,2

Norte 2,5 14,5

Terras de Trás-os-Montes 2,4 10,9

Concelho de Bragança 1,7 9,9

Fonte: PORDATA (2018). Elaborado por Garcia (2018).

Em relação à população empregada por setor de atividade econômica constata-se que em 1960, tanto a nível nacional quanto local, a grande maioria dos trabalhadores compunham o setor primário, que abrange a agricultura, a pesca, a pecuária e a silvicultura. Todavia, ao longo dos anos, ocorreu uma inversão no quantitativo de empregados no setor primário, uma vez que, este se apresenta como minoria em 2011, destacando-se o setor terciário com o maior número de empregados.

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TABELA 3 – População empregada segundo os Censos de 2011: total e por setor

de atividade econômica

Total Primário Secundário Terciário

1960 2011 1960 2011 1960 2011 1960 2011

Portugal 3.315.639 4.361.187 43,5% 3,0% 28,9% 26,4% 27,5% 70,4%

Norte 1.099.353 1.501.883 40,6% 2,8% 36,1% 35,5% 23,2% 61,5%

Trás-os-Montes 68.288 41.115 74,3% 10,7% 11,4% 18,8% 14,1% 70,4%

Bragança 13.576 13.886 71,5% 4,6% 10,7% 16,5% 17,6% 78,8%

Fonte: PORDATA (2018). Elaborado por Garcia (2018).

A densidade demográfica do interior do país apresenta-se de maneira distinta dos centros urbanos localizados no litoral, comprovando a assimetria causada pelo processo de litoralização. Nos itens seguintes é possível constatar a situação específica do crescente despovoamento do Nordeste Transmontano (Figura 3) assim como analisar o processo migratório no município de Bragança, que, mesmo com a diminuição do número de emigrantes, ainda teve sua população residente reduzida (Tabela 4).

FIGURA 3 – A densidade populacional na região Norte de Portugal

Fonte: Rede Social do Concelho de Bragança apud Relatório Agendas 21 do Eixo

Atlântico (Local). Censos INE, 2001. Adaptado por Garcia (2018).

Localização do concelho de Bragança.

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TABELA 4 – População residente por migrações segundo os Censos no município de

Bragança

1960 1981 2001 2011

Emigrantes para outro município - 1.165 817 -

Imigrantes provenientes de outro município 586 787 707 790

Imigrantes provenientes de outro país 12 423 330 412

População residente 37.553 35.380 34.750 35.341

Fonte: PORDATA (2019). Elaborada por Garcia (2019). Nota: Simbologia: Valor não disponível.

A emigração da população em idade ativa somada à diminuição da natalidade resulta-se na redução da população residente no município de Bragança. É interessante notar que, essa redução só não foi maior nos últimos anos devido ao crescente número de estrangeiros que residem no município (Tabela 5).

TABELA 5 – População estrangeira com estatuto legal de residente total e por algumas

nacionalidade no município de Bragança

2008 2017 Variação % Espanha 75 58 -22,7 França 18 25 38,9 Reino Unido 14 8 -42,8 Ucrânia 91 77 -15,4 Roménia 25 22 -12,0 Moldávia 46 8 -50,7

Outros países europeus 50 73 46,0

Brasil 174 303 74,1

Outros países americanos 7 22 214,3

Angola 28 66 135,7

Cabo Verde 38 450 1084,2

Guiné-Bissau 15 9 -40,0

Moçambique 1 19 1800,0

São Tomé e Príncipe 18 97 438,9

Outros países africanos 8 38 375,0

China 36 39 8,3

Índia 0 10 -

Nepal 0 7 -

Outros países asiáticos 5 24 380,0

Total 649 1355 108,7

Fonte: PORDATA (2019). Elaborada por Garcia (2019). Nota: Simbologia: Valor não disponível.

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Desta forma, a concentração mais elevada no interior do território verifica-se nas sedes de concelho e de forma mais relevante nos concelhos mais desenvolvidos como Bragança, Mirandela e Vila Real (REDE SOCIAL DO CONCELHO DE BRAGANÇA, 2007).

A revitalização de Bragança através da educação: o exemplo do Instituto Politécnico de Bragança (IPB)

De acordo com o histórico da mobilidade internacional do IPB (2017a), os primeiros dados de recebimento de população estudantil estrangeira referem-se ao ano de 2004, tendo sido acolhidos 91 estudantes. Atualmente, segundo João Faião, em reportagem emitida ao Jornal SIC6, em 2018 haviam mais de 7.600 alunos matriculados, sendo que dois mil correspondem à estrangeiros provindos de 70 nacionalidades, condição que torna o IPB a instituição com maior porcentagem de estudantes internacionais no país, contabilizando 26% de estudantes estrangeiros.

A maior comunidade estudantil é a africana, que consta com mais de mil estudantes, onde predominam os cabo-verdianos. A segunda maior comunidade é a brasileira, que desfrutam dos benefícios da dupla diplomação, totalizando mais de 500 estudantes. De acordo com o SEF (2017), Bragança é o segundo distrito em que mais aumentaram os pedidos de residência de estrangeiros nos últimos anos, sendo que já haviam 3.038 residentes estrangeiros no distrito em 2017.

Para receber este fluxo de população estudantil foram necessárias diversas adaptações, tanto curriculares, quanto estruturais. A preocupação com a permanência dos alunos estrangeiros demonstra-se em diversas ações que o Instituto Politécnico de Bragança tem tomado nestes últimos anos, como aumento da oferta de cursos, espaços adaptados à todas as culturas e cursos lecionados totalmente na língua inglesa.

Além dos alunos regulares, o IPB possui convênio com diversas instituições estrangeiras através do programa “ERASMUS” (European Region Action Scheme for

the Mobility of University Students) que em português corresponde à “Plano de Ação

da Comunidade Europeia para a Mobilidade de Estudantes Universitários”, no qual o governo da União Europeia oferece benefícios que estimulam o intercâmbio entre os países europeus e não-europeus. Existem também os estudantes de “Mobilidade

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Disponível em: https://sicnoticias.sapo.pt/programas/reportagemespecial/2018-04-07-Reportagem-Especial-Destino-Superior. Acesso em: maio 2018.

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Internacional” que correspondem à estudantes intercambistas provindos de acordos do IPB com outros países do mundo, como o Brasil e México.

O IPB também apresenta-se como fornecedor de intercambistas, tendo em vista que envia diversos alunos anualmente para outros países, fator que torna a instituição atrativa para a população que buscam maneiras de estudar no exterior. De acordo com um estudo feito pelo IPB (IPB, 2017a), em 2016 foi totalizado a mobilidade de 911 alunos (593 recebidos e 318 enviados), assim como 273 professores e funcionários (190 recebidos e 83 enviados), totalizando uma mobilidade total de 1184 pessoas.

Por via de regra, os alunos de intercâmbio, seja de ERASMUS ou Mobilidade Internacional, firmam contrato de estudos com duração de 6 meses à 1 ano. Todavia, após este período, grande parte dos alunos acabam por ficar para concluir a licenciatura ou fazer mestrado e doutoramento, aumentando ainda mais a porcentagem total de alunos inscritos nesta instituição, contribuindo desta forma para o dinamismo da região a diversos níveis como se verá.

Impactos positivos da internacionalização

De acordo com o estudo atrás citado (IPB, 2017a) os estudantes internacionais gastam mais de 12 milhões de euros por ano em Bragança, fator que fez com que a cidade também tivesse que se adaptar à esse novo fluxo de população. Para além de terem originado o aparecimento e/ou a densificação de um conjunto de equipamentos e serviços e contribuído para o desenvolvimento do ramo imobiliário, o próprio atendimento nos diversos estabelecimentos (comerciais, diversão noturna, entre outros) passou a ser também disponibilizado em inglês.

Além de movimentar a economia e o comércio local, muitos estudantes passaram a compor parte da mão de obra da cidade. Estes trabalham na cidade ou arredores, realizam estágios associados à licenciatura, atuam como voluntários nos bombeiros, na Cruz Vermelha, em escolas locais e outras instituições associadas ao IPB, dinamizando o espaço urbano e dando incentivo à práticas sociais diversas.

Sendo assim, a cidade tem funcionado como um pólo de atração populacional no despovoado interior devido à instalações de atividades de abrangência regional-nacional, como o IPB, bem como a criação de empregos e o fornecimento de serviços financeiros e administrativos. O fato de Bragança ser sede do distrito contribuiu para a concentração de diversos serviços públicos que

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proporcionaram a criação de postos de trabalho, sendo que o IPB reforçou a atratividade do local.

De fato, Bragança não tem conseguido evitar a saída dos portugueses, mas está cada vez mais atraindo estrangeiros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da formulação desse trabalho foi possível analisar algumas das alterações demográficas ocorridas entre o período de 1960 e 2011, tendo-se identificado as sub-regiões que durante este período perderam e ganharam população. A dicotomia entre um litoral fortemente povoado e um interior cada vez mais despovoado vem caracterizando o território português e tende a agravar-se.

O litoral português foi e ainda é, sem dúvidas, muito mais atrativo do que o interior devido a multifuncionalidade dos locais que oferecem uma diversa de prestação de serviços, amplo mercado de trabalho, infraestruturas, recreação, entre outras atividades que, apesar de serem fornecidas no interior, ocorrem com menor intensidade. Deste modo, fica claro que, existe uma desigualdade no território onde, em geral, há o acréscimo de habitantes nas regiões costeiras e a diminuição da população nas áreas do interior.

Os territórios atingidos pelo despovoamento tratam-se de territórios complexos devido à acumulação de alterações espaço-temporais acrescidas da perca de demografia e do aumento do índice de envelhecimento. As consequências do despovoamento são diversas, posicionando-se sobretudo ao nível da perda da cultura e dos modos de vida tradicionais do interior, da diminuição da população em idade ativa, da redução da taxa de natalidade, do aumento do envelhecimento e do desemprego e da consequente diminuição do dinamismo social e económico. Essas dinâmicas não ficam só em questões estatísticas, elas são percebidas de igual modo na própria paisagem que vem sofrendo com o abandono, físico e psicológico.

Bragança trata-se de um município que, apesar de situar-se numa localização considerada “desprivilegiada”, de interior e de fronteira, acabou por investir em políticas públicas para a atração de estudantes internacionais. Atualmente, a internacionalização do Instituto ganhou tamanha proporção, que grande parte da economia e da mão de obra da cidade é movida pelos estudantes estrangeiros, que além de suprir a falta dos estudantes nacionais, torna Bragança,

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que é um município com alto índice de idosos, num local mais diverso, jovem e dinâmico.

REFERÊNCIAS

COSTA, A; MELO, S. Dicionário de língua portuguesa. 8. ed. Porto: Porto Editora, 1999.

INE – INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. STATISTICS PORTUGAL. Disponível em: https://ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=INE. Acesso em jan. 2018

IPB – INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA. Internacional mobility report: historical overview. Bragança, Portugal, 2017a. Disponível em: http://portal3.ipb.pt/images/gri/2017_IPB_REPORT_INTERNATIONAL_MOBILITY.pd f. Acesso em: nov. 2018.

IPB – INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA. Avaliação da mobilidade. Bragança, Portugal, 2017b. Disponível em: http://portal3.ipb.pt/index.php/pt/gri/informacao-geral/avaliacao-da-mobilidade.

Acesso em Jul 2018

MOURÃO, P. Tendências de concentração regional no interior português – o caso de Trás-os-Montes e Alto Douro. Regional and Sectories Economical Studies, [S.

l.], v. 6, n. 1, p. 107-128, 2006.

PORDATA. Base de Dados de Portugal Contemporâneo. Disponível em: https://www.pordata.pt/. Acesso em: ago. 2017.

REDE SOCIAL DO CONCELHO DE BRAGANÇA. Pt. III.1: população, demografia e território. Bragança, Portugal, 2007. Disponível em: https://www.cm-braganca.pt/pages/315. Acesso em: ago. 2018.

SEF – SERVIÇOS DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS. Disponível em: https://www.sef.pt/. Acesso em: set. 2017.

SIC – SOCIEDADE INDEPENDENTE DE COMUNICAÇÃO. IPB: destino superior.

Lisboa, Portugal, 2018. Disponível em:

https://sicnoticias.sapo.pt/programas/reportagemespecial/2018-04-07-Reportagem-Especial-Destino-Superior. Acesso em: ago 2018.

SOUSA, P. As encruzilhadas do despovoamento: interior, jovens e emprego. o caso do Concelho de Castro Daire. 2010. 136f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal, 2010.

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