Universidade de Aveiro
2007
Departamento de Matemática
ANTÓNIO FERREIRA
PEREIRA
ALGORITMOS E COMPLEXIDADE
NO MODELO DE COMPUTAÇÃO QUÂNTICA
Universidade de Aveiro
2007
Departamento de Matemática
ANTÓNIO FERREIRA
PEREIRA
ALGORITMOS E COMPLEXIDADE
NO MODELO DE COMPUTAÇÃO QUÂNTICA
tese apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Doutor em Matemática, realizada sob a
orientação científica da Doutora Maria Rosália Dinis Rodrigues, Professora
Associada do Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro
À magia
nos teus olhos
o júri
presidente
Doutor José Rodrigues Ferreira da Rocha
Professor Catedrático da Universidade de Aveiro
vogais
Doutor Jesús García López de Lacalle
Professor Catedrático da Escuela Universitária de Informática da Universidade
Politécnica de Madrid
Doutor José Fernando Ferreira Mendes
Professor Catedrático da Universidade de Aveiro
Doutor Domingos Moreira Cardoso
Professor Catedrático da Universidade de Aveiro
Doutora Maria Rosália Dinis Rodrigues
Professora Associada da Universidade de Aveiro (Orientadora)
Doutor Paulo Alexandre Carreira Mateus
Professor Auxiliar com Agregação do Instituto Superior Técnico da Universidade
Técnica de Lisboa
agradecimentos
À minha orientadora Doutora Rosália Rodrigues que sempre me incutiu o
espírito da investigação. A ela o meu sincero agradecimento. Jamais
esquecerei a sua constante amizade, disponibilidade, apoio e incentivo.
Ao Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro, pelas excelentes
condições de trabalho proporcionadas.
À Unidade de I&D Centro de Estudos em Optimização e Controlo, pelo apoio
financeiro prestado.
A todos os meus colegas do departamento, incluindo funcionários, pelo
ambiente de trabalho proporcionado.
Aos meus pais, irmãs e irmãos, pelo carinho constante.
palavras-chave
computação quântica, redundância, aritmética, algoritmos, circuitos,
complexidade, qudits
resumo
Nesta tese estudam-se as implicações da introdução no modelo de
Computação Quântica do conceito de Sistema de Representação Redundante,
em particular no que concerne à eficiência de Algoritmos para Aritmética.
Têm vindo a ser apresentadas diversas considerações favoráveis sobre a
exequibilidade de modelos de Computação Quântica em que a unidade de
informação, o qudit, admite mais do que os dois níveis distintos
proporcionados pelo qubit. O problema da equivalência, ou não, em termos de
Complexidade Computacional entre modelos baseados em qubits e aqueles
baseados em qudits encontra-se apenas parcialmente resolvido.
A análise da Complexidade Computacional de modelos em que se consideram
misturas de diferentes unidades de informação, denominados Sistemas
Quânticos Híbridos, é uma área praticamente inexplorada. Assim, propõe-se
um modelo formal para Computação Quântica nestes sistemas híbridos,
generalizando, por inclusão, os modelos baseados em qubits e qudits.
Com base no modelo proposto, desenvolvem-se duas classes de circuitos
quânticos, com profundidade constante, para a adição das representações de
dois números num qualquer sistema redundante. Estabelecem-se ainda
condições para a aplicação de um algoritmo de adição, em tempo constante,
de um número polinomial de representações redundantes de números. Como
consequência, justifica-se a existência de classes de circuitos quânticos, com
profundidade constante, para aproximar a soma de um número polinomial de
representações redundantes.
Por fim, descrevem-se as principais características de um Simulador Simbólico
para Algoritmos em Computação Quântica, seguindo-se uma análise de
resultados obtidos em simulações do algoritmo de Grover.
keywords
quantum computation, redundancy, arithmetic, algorithms, circuits, complexity,
qudits
abstract
In this thesis we study the effect of merging the concept of Redundant Number
Systems with Quantum Computation, manly with respect to Quantum
Arithmetic Algorithms.
Several favorable opinions have been advanced on the feasibility of Quantum
Computation models where the unit of information, the qudit, has more than the
two levels provided by the qubit. However, the equivalence between this model
and the qubit based one is only partially established.
The Computational Complexity analysis of Hybrid Quantum Computation
models where mixtures of several, distinct, units of information coexist has just
started. We propose a new and general formal model for Quantum
Computation with Hybrid Quantum Systems, generalizing, by inclusion, all the
above mentioned models.
Based on this model, we report two classes of constant depth quantum circuits
for the addition of two numbers in redundant number systems.
Also, we derive conditions for the feasibility of addition, in constant time, of a
polynomial number of numbers (represented in any redundant number system)
and justify the existence of constant depth quantum circuits for approximating
the sum of a polynomial number of numbers.
Finally, we report the development of a Symbolic Quantum Computer Simulator
and discuss the time-results of the simulation of Grover’s algorithm.
´Indice
iLista de Figuras
vLista de S´ımbolos
viiPrel ´udio
11 T ´opicos de Computac¸ ˜ao Qu ˆantica
51.1
Os bits qu ˆanticos
. . . 51.2
Sistemas de qubits
. . . 71.3
Observac¸ ˜ao de um sistema qu ˆantico
. . . 101.4
O Princ´ıpio da Incerteza de Heisenberg
. . . 131.5
Din ˆamica de sistemas qu ˆanticos fechados
. . . 151.6
Portas e circuitos qu ˆanticos
. . . 171.7
Algoritmos qu ˆanticos
. . . 202 Circuitos Qu ˆanticos e Complexidade
232.1
Registos qu ˆanticos
. . . 242.2
Portas qu ˆanticas
. . . 282.2.1
Portas qu ˆanticas elementares e universalidade
. . . 322.4
Circuitos qu ˆanticos
. . . 402.4.1
Grafo de um circuito qu ˆantico
. . . 412.4.2
Realizac¸ ˜ao de operadores por circuitos qu ˆanticos
. . . 462.4.3
Circuitos qu ˆanticos reconhecedores de linguagens
. . . 482.5
Paralelizac¸ ˜ao de operadores qu ˆanticos
. . . 523 Adic¸ ˜ao em Tempo Constante
573.1
Adic¸ ˜ao de dois inteiros
. . . 583.1.1
O circuito QCFA para o problema
Soma
N
(n)
. . . 603.1.2
O somador qu ˆantico LCPA
. . . 633.1.3
O circuito QCFA no sistema
GSD(3, 3, 4)
. . . 673.2
Adic¸ ˜ao de
m
inteiros
. . . 694 Simulac¸ ˜ao de Algoritmos Qu ˆanticos
734.1
Descric¸ ˜ao do simulador
. . . 744.1.1
Kets
. . . 754.1.2
Bras
. . . 754.1.3
Produto Interno e BraKets
. . . 774.1.4
Produto de Kronecker
. . . 774.1.5
Operadores
. . . 784.1.6
Coment ´ario
. . . 814.2
O algoritmo de Grover
. . . 824.3
Simulac¸ ˜ao do algoritmo de Grover
. . . 834.3.1
Simulac¸ ˜oes no cen ´ario I – Bases de Dados Qu ˆanticas
. . . 834.3.2
Simulac¸ ˜oes no cen ´ario II – Bases de Dados Cl ´assicas
. . . 854.4
Conclus ˜oes
. . . 87Ep´ılogo
91Ap ˆendice A Noc¸ ˜oes elementares
95A.1
Observ ´aveis
. . . 98Ap ˆendice B Decomposic¸ ˜ao de operadores em produtos tensoriais
101B.1
Decomposic¸ ˜ao do operador de Walsh-Hadamard
. . . 101B.2
Decomposic¸ ˜ao do operador Produto Externo
. . . 103Bibliografia
1051.1 Relação entretrês possíveis basesde polarização deum fotão . . . 7
1.2 Medição de um observável deum sistemaquânti o. . . 12
1.3 A portaquânti a de Hadamard. . . 18
1.4 A çãoda porta
CNOT
. . . 181.5 Cir uito quânti o para ooperador
H
· X
.. . . 191.6 Um ir uito para obter um estado EPR. . . 19
1.7 Cir uito quânti o para oalgoritmo de Deuts h. . . 20
1.8 Cir uito quânti o para oalgoritmo de Deuts h-Jozsa. . . 21
2.1 Apli ação sequen ialde
k
portasINC
. . . 342.2 Apli ação sequen ialde
k
portasDEC
. . . 342.3 Portagenéri a de ontrolo . . . 35
2.4 A portaquânti a
PLUS
. . . 362.5 A portaquânti a
MINUS
. . . 362.6 A portaquânti a de ópia. . . 36
2.7 Realização de um operador porum ir uito. . . 47
2.8 Realização de um operador porum ir uito om an ilas. . . 47
2.9 Fun ionalidade deum ir uito quânti o. . . 49
2.10 Realização oman ilas de umapermutaçãodo estado
n
qudits. . . 532.11 A çãoda porta quânti a
SWAP
. . . 542.13 Realização sem an ilasdapermutação
π
do exemplo 2.1 . . . 542.14 A porta defanout . . . 55
3.1 Asportasquânti as
C
,W
eZ
para o ir uito QCFA . . . 613.2 O ir uito quânti o QCFA para instân iasde tamanho
n = 2
. . . 633.3 Asportasquânti as
E
,C
,W
eZ
para o ir uito QLCPA . . . 643.4 O ir uito QLCPA para
n = 2
qudits . . . 663.5 Cál ulo dosdígitos detransporteno sistema
GSD(3, 3, 4)
. . . 673.6 Implementação emsérie daporta
C
. . . 673.7 A a çãodo operador
X
no ál ulodosdígitos de transporte . . . 683.8 Implementação emparalelo daporta
C
. . . 683.9 Cál ulo dassomaspar iais nosistema
GSD(3, 3, 4)
. . . 684.1 Algumas regrasalgébri as eexemplos deobje tos ket . . . 76
4.2 Algumas propriedadesde obje tos bra . . . 76
4.3 Algumas regrasalgébri as doproduto interno de kets . . . 77
4.4 Algumas propriedadesalgébri as doproduto tensorial . . . 78
4.5 A a çãodo operador de Hadamard . . . 79
4.6 A a çãodo operador de Walsh-Hadamard . . . 80
4.7 A a çãodo operador Produto Externo . . . 80
4.8 Parteprin ipal do programa emMathemati a para assimulaçõesno enário I 84 4.9 Temposdassimulaçõesdo algoritmo de Grover no enário I . . . 86
4.10 Parteprin ipal do programa emMathemati a para assimulaçõesno enário II 87 4.11 Temposdassimulaçõesdo algoritmo de Grover no enário II. . . 88
B.1 Esquema daa ção de
H
⊗n
seguida daa ção deum operadorU
. . . 103∅
Conjunto vazio.Γ
Linguagem oualfabeto.N
Conjunto dosinteirospositivos.Z
Conjunto dosinteiros.C
Corpo dosnúmeros omplexos.Z
d
Parad
≥ 2
, denota o onjunto{k ∈ Z, 0 ≤ k < d}
.U
Operador unitário.[m .. n]
Param, n
∈ Z
, denotao onjunto{k ∈ Z, m ≤ k ≤ n}
. Param > n
,[m .. n] =
∅
.h
_|
_i
Produto interno. A çãode um bra sobre um ket.h
_|
Bra: fun ional linearnum espaço deHilbert.|
_i
Ket: elemento de um espaço de Hilbert, geralmente omnorma 1.H
Espaço deHilbert.V
Espaço ve torial.U(H)
Conjunto dosoperadores linearesno espaço deHilbertH
.∼
=
Isomorsmo.≡
Equivalên iaentrenotaçõesoudesignações.†
Para um operadorA
,A
†
denota o operador adjunto de
A
. SeH
é um espaço de Hilbert,H
†
denotao espaçodualde
H
.\
Complementar de um onjunto.N
n
i=1
Produto tensorial iterado. A ordem dosfa toreséN
n
Na tese de Chur h, formulada por volta de 1930, diz-se essen ialmente quequalquer função
omputável é omputável por uma máquina de Turing. Esta onje tura surge na sequên ia
dedemonstraçõesdeequivalên iaentrevários modelos de omputaçãoaparentemente
distin-tos. A ligação entre o modelo matemáti o abstra to da máquinade Turing om a Físi a foi
despoletada em 1982, por Feynman, ao salientar a aparente intratabilidade da simulação de
pro essos da Me âni a Quânti a e posteriormente formalizada por David Deuts h naquela
que ou onhe ida por Tese Forte deChur h-Turing.
Em última instân ia qualquer omputaçãoé realizada por um sistema físi o, sejaele um
sistema lássi oou quânti o. Por essa altura, assiste-seao traçar ini ial de um novo modelo
de omputação baseadonasleisda Físi a Quânti a,a Computação Quânti a.
Desde então, esta área tem sido alvo de investigação fortemente a tiva, nomeadamente
após os resultados surpreendentes obtidos por Peter Shor sobre a possibilidade de resolver
emtempopolinomial, num (hipotéti o) omputadorquânti o, ertosproblemaspara osquais
nãose onhe em algoritmos lássi os e ientes.
AComputaçãoQuânti aevoluiuentretantoparaumavastaáreadeintera ção omoutras
áreasdo onhe imento,entreasquaissedesta amaFísi aQuânti aeaComputaçãoClássi a
emsubáreas omoaTeoriadaComplexidadeeodesenvolvimentodeAlgoritmos,entreoutras.
Se por exagero sediz quea Computação Clássi a é a iên iado bitentão por analogia a
ComputaçãoQuânti aé a tualmente a iên iadoqubit.
Várias onsideraçõesforamentretantoapresentadassobreaexequibilidadedefundamentar
admite maisdoqueosdois níveisdistintosdo qubit.
Nãoédetodoevidente aequivalên iaentremodelosde omputaçãobaseados emqubitse
modelosbaseadosemqudits,muitomenosemquetermossepoderádenirumatal
equivalên- ia. As di uldades agravam-sequando se onsideram sistemas de omputação em misturas
de diferentesunidades de informação, denominados sistemasquânti os híbridos.
A motivação subja ente ao trabalho de investigação realizado é a questão de lari ar
as onsequên ias geraisda introdução do on eito lássi o de Sistema de Representação
Re-dundante na área da Computação Quânti a, em parti ular no que on erne à e iên ia de
Algoritmos para Aritméti a.
Desdeoiní ioquesetornouevidente ane essidadefundamentarosresultados obtidossob
um modelo para Computação Quânti a em sistemas híbridos, até então inexistente. Assim,
no apítulo 2 ali erça-se a onstrução de um possível modelo que generaliza, por in lusão,
os modelos de omputação baseados em sistemas de qubits, qudits e qudits em sistemas
representaçãoredundantes.
No apítulo 1 apresenta-se, de umaforma su inta e in ompleta, uma introdução à
Com-putação Quânti a. Re orre-se sobretudo a exemplos para salientar as propriedades de
para-lelismo exponen ial e entrelaçamento de estados presentes neste modelo de omputação, os
quais onstituem osingredientes basepara o desenvolvimento de algoritmos quânti os.
No apítulo2estabele em-seasnoçõesfundamentaisdeummodelodeComputação
Quân-ti a generalizado, formalizando-se os on eitos de registo, medição, ir uito, realização de
operadorese re onhe imento de linguagenspor ir uitos.
Omodelogeralproposto on retiza-seno apítulo3,ondeseestudaoproblemadaadição
denúmeros,representadosporsequên iasdedígitos, emsistemasderepresentação
redundan-tes. Tendo porbases doisalgoritmos lássi os deadiçãooriginalmente des ritospor Parhami
[44℄, onstroem-seduas lassesde ir uitosquânti os omprofundidade onstante etamanho
linear para a adição de dois números em sistemas redundantes. De uma forma uni ada,
de adição de um número polinomial de números, sem propagação de dígitos de transporte.
Rela ionando estes resultados, om os trabalho de Cotofana e Vassiliadis [11, 12℄ na área
de ir uitos lássi os em Redes Neuronais e om os resultados de Høyer e palek [29℄[28 ℄
justi a-sea possibilidade de onstruir ir uitosquânti os omprofundidade onstante para
aproximara somade um númeropolinomial denúmeros.
No apítulo4trata-seoproblemadasimulaçãodealgoritmosquânti osem omputadores
lássi os. Apresentam-se as ara terísti as úni as do Simulador Simbóli o de Computação
Quânti a,valiosoauxiliarna análiseedesenvolvimento dosalgoritmosdearitméti a
apresen-tadosno apítulo3. Analisam-se, atítuloexempli ativo, osresultados obtidosnasimulação
Tópi os de Computação Quânti a
h
1|
Neste primeiro apítulo, apresenta-se uma breve introdução à Computação Quânti a. A
sele çãode tópi ospautou-se por salientar duas ara terísti as essen iais da omputação em
sistemas quânti os: paralelismo exponen ial e entrelaçamento. Com o propósito subja ente
deintroduzir anotação de Dira , dis utem-se os on eitos desistema de qubitsbem omoa
dinâmi ae evolução emsistemasquânti os.
No apêndi e A en ontra-se uma ompilação de alguns on eitos e denições bási as de
Álgebra Linearreferidos pelaprimeira vez neste apítulo.
Deumaformainformal referem-seaindaasnoções deportase ir uitosquânti os,
exem-pli ados omo algoritmo de Deuts h-Jozsa. Para umaexposição ompleta dostópi osaqui
des ritos,bem omodemuitosoutrosomitidos,re omendam-seostextosdeNielseneChuang
[39℄ou Kitaev et al.[33℄.
1.1
Os bits qu ˆanticos
Aunidadede informaçãoquânti adenomina-se qubit. Contrariamente aobit lássi o,
onhe- ido por bit de Shannon, um qubit permite, em erto sentido, representar em simultâneo os
valores
0
e1
.Um exemplo de uma possível realização físi a de um qubit provém dos possíveis estados
depolarização de um fotão: polarização verti al representada por
|li
, polarização horizontal representada por|↔i
ou uma sobreposição destesdois estados. Uma outra realização físi a deum qubitédadaporumapartí uladespin1
para ima,estadoesserepresentado por
|1i
, num estadodespinparabaixo,representadopor|0i
, ou aindanumasobreposição dosestados|0i
e|1i
.Independente de uma on retização físi aespe í a, onsidera-se umqubit omoum
mo-delo de um sistema quânti o ujos possíveis estados são representáveis por ertos elementos
de um espaço deHilbertde dimensão 2.
OselementosdeumespaçodeHilbert
H
denominam-seve toresketousimplesmente kets, representadossegundo Dira por|ψi
,|φi
, et .Oselementos do espaçodual,
H
†
, deum espaço de Hilbert
H
denominam-se ve tores bra ou simplesmente bras edenotam-se porhψ|
,hφ|
, et .Paraumbra
hφ|
eumket|ψi
onúmero omplexohφ| (|ψi)
,resultadodaa çãodofun ionalhφ|
sobre|ψi
, denota-se simplesmente porhφ|ψi
edenomina-se umbraket. Exemplo 1.1. Polarização daLuzConsidere-seumarepresentaçãodosestadosdepolarizaçãodeumfotãoporketsdeumespaço
de Hilbert,
H
,de dimensão 2. Umapossívelbaseortonormada deH
é onstituída peloskets| i
e|i
os quais representam os dois sentidos possíveis da polarização ir ular do fotão. Uma outra base é onstituída pelos kets|li
e|↔i
os quais representam, respe tivamente, polarizaçãoverti alepolarizaçãohorizontal. Umater eirapossibilidadeédadapeloskets|րi
e|ցi
que representam, respe tivamente, polarizações segundo os ângulosθ =
π
4
eθ =
−
π
4
. É laro que duas quaisquer bases estão rela ionadas por intermédio de uma transformaçãolinear 1
. A gura 1.1sintetiza asrelaçõesentre astrês basesanteriormente referidas.
Em termosda base
{|li , |↔i}
esteskets apresentama seguinte formave torial:|li =
1
0
|րi =
√
1
2
1
1
|i =
√
1
2
1
−i
|↔i =
0
1
|ցi =
√
1
2
1
−1
| i =
√
1
2
1
i
Osestadosdeumsistemaquânti o orrespondemaketsnum ertoespaçodeHilbert. Dois
kets representam o mesmoestado se diferem apenas por um fa tor multipli ativo omplexo.
1
|րi =
√
1
2
|li + |↔i
|ցi =
√
1
2
|li − |↔i
|րi =
1+i
2
|i +
1
−i
2
| i
|ցi =
1
−i
2
|i +
1+i
2
| i
|li =
√
1
2
|րi + |ցi
|↔i =
√
1
2
|րi − |ցi
|li =
√
1
2
|i + | i
|↔i =
√
i
2
|i − | i
|i =
√
1
2
|li − i |↔i
| i =
√
1
2
|li + i |↔i
|i =
1
−i
2
|րi +
1+i
2
|ցi
| i =
1+i
2
|րi +
1
−i
2
|ցi
Figura1.1: Relação entre trêspossíveis bases depolarização de umfotão
Maispre isamente,
|φi
e|ψi
representamomesmoestadoquânti oseesóseexisteumes alar não nuloα
∈ C
tal que|φi = α |ψi
. Uma vez que um estado é representado por um ket a menosdeum fa tormultipli ativo, identi am-seosestados omketsnormalizados, i.e., kets|φi
taisquehφ|φi = 1
ou sejak |φi k = 1
.Desta forma é possível atribuir um ara ter probabilísti o aos oe ientes omplexos,
denominadosamplitudes,narepresentaçãodeum ket normalizadoemtermosdeuma
ombi-naçãolinear omplexadeve toresdeumabaseortonormada. Oquadradodomódulode ada
amplitude orrespondeà probabilidade de observar oestado baseao qualestá asso iada.
Exemplo 1.2. Considere-se a base ortonormada de um espaço de Hilbert de dimensão 2
onstituída pelos kets
|0i
e|1i
, naturalmente asso iados aos dígitos binários0
e1
. Seja|ψi = α |0i+β |1i
oestadodeumqubit, om|α|
2
+
|β|
2
= 1
. Nestas ondições,aprobabilidade
deobservar o bit
0
é|α|
2
e aprobabilidade deobservar o bit
1
é|β|
2
.
1.2
Sistemas de qubits
Considere-se um sistema onstituído por dois bits lássi os. Os quatro possíveis estadosdo
sistemasãoobviamente
00
,01
,10
e11
. De modoanálogo um sistemade dois bits quânti os possui quatro estados base denotados por|00i
,|01i
,|10i
e|11i
. Mas em geral o estado do sistemade dois qubits é uma sobreposição desses estados, atribuindo a ada um deles umaamplitude omplexa. Mais pre isamente,é um ket da forma
|ψi = α
00
|00i + α
01
|01i + α
10
|10i + α
11
|11i .
O espaço de estados subja ente a um sistema de dois qubits tem portanto dimensão 4
e é dado pelo produto tensorial dos espaços de Hilbert asso iados a ada um dos qubits do
sistema.
Se
|φi
e|ψi
são,respe tivamente,ketsdosespaçosdeHilbertH
1
eH
2
entãooseuproduto tensorial é denotado por|φi ⊗ |ψi
ou simplesmente|φi |ψi
.Exemplo 1.3. Considere-se um registo de dois qubits, i.e., um qualquer sistema quânti o
onstituído pordois qubits. Sejam
H
1
eH
2
osespaçosdeHilbertsubja entesa ada um dos qubits, ada espaço de dimensão2
, om as bases{|0
1
i , |1
1
i}
e{|0
2
i , |1
2
i}
respe tivamente. Em termos destasbases onstrói-seumabase para oespaço produto tensorialH
1
⊗ H
2
:|0i ≡ |00i ≡ |0
1
i |0
2
i ≡ |0
1
i ⊗ |0
2
i =
1
0
⊗
1
0
=
1 0 0 0
⊺
|1i ≡ |01i ≡ |0
1
i |1
2
i ≡ |0
1
i ⊗ |1
2
i =
1
0
⊗
0
1
=
0 1 0 0
⊺
|2i ≡ |10i ≡ |1
1
i |0
2
i ≡ |1
1
i ⊗ |0
2
i =
0
1
⊗
1
0
=
0 0 1 0
⊺
|3i ≡ |11i ≡ |1
1
i |1
2
i ≡ |1
1
i ⊗ |1
2
i =
0
1
⊗
0
1
=
0 0 0 1
⊺
Considerem-se dois sistemas quânti os preparados nos estados
|ψi
e|φi
perten entes a diferentes espaços de Hilbert,H
1
eH
2
. Quando vistos omo onstituintes de um úni osistemaquânti o omposto, o estado do sistema onjunto é o produto tensorial dos estados
de ada um dossistemas,
|ψi ⊗ |φi ∈ H
1
⊗ H
2
.No entanto existem ketsno espaço
H
1
⊗ H
2
não representáveis naforma anterior.Diz-se queum sistema omposto por
n
sistemasquânti os om espaçosde Hilbert subja- entesH
1
,
H
2
, . . . ,
H
n
se en ontraem entrelaçamento quânti o se não épossívelde ompor o seuestado|ψi ∈ H =
N
n
j=1
H
j
num produto tensorial da forma|ψi =
n
O
j=1
|ψ
j
i ,
om adaket
|ψ
j
i
noespaçoH
j
. Nesse asodiz-seaindaqueoestadodosistemaéentrelaçado. No exemplo1.8 dase ção 1.5o estado|ψ
1
i
éentrelaçado.Exemplo1.4. Considere-seumespaçodeHilbert
H
dedimensão2 omumabase{|0i , |1i}
. SejamH
0
,
H
1
, . . . ,
H
n
−1
espaços de Hilbert, ada um deles isomorfo aH
e om as bases induzidaspelosisomorsmos:{|0i
i
,
|1i
i
} , i ∈ [0 .. n − 1]
.Suponha-se que ada um dos qubits de um registo de
n
qubits é ini ialmente preparado noestado1
√
2
(
|0
i
i + |1
i
i) , i ∈ [0 .. n − 1] .
Então oestadodo sistemaquânti o onstituído pelos
n
qubitséoket|ψi
, noespaçoproduto tensorialH
n
−1
⊗ H
n
−2
⊗ . . . ⊗ H
0
, idênti o a|ψi =
√
1
2
(
|0
n−1
i + |1
n−1
i) ⊗
1
√
2
(
|0
n−2
i + |1
n−2
i) ⊗ . . . ⊗
1
√
2
(
|0
0
i + |1
0
i)
=
√
1
2
n
|0
n
−1
i |0
n
−2
i . . . |0
1
i |0
0
i
+
|0
n
−1
i |0
n
−2
i . . . |0
1
i |1
0
i
+ . . .
+
|1
n
−1
i |1
n
−2
i . . . |1
1
i |1
0
i
.
Ao identi ar os
n
espaçosde Hilbert omH
, omitem-se os índi es, e a expressão anterioré simplesmente|ψi =
√
1
2
n
|00 . . . 00i + |00 . . . 01i + . . . + |11 . . . 11i
∈
O
i
Oestadodoregistode
n
qubitséentãoumasobreposiçãodosketsrotuladospelas sequên- ias den
bits. Cadaumadassequên iasbináriasb
n
−1
b
n
−2
. . . b
1
b
0
identi a-se naturalmente om ointeirob
n
−1
2
n−1
+ b
n
−2
2
n−2
+ . . . + b
1
2
1
+ b
0
2
0
. Assim,interpretando ada sequên ia omo a representação binária de um inteiro, é possível es rever o estado do registo quânti ona forma
|ψi =
√
1
2
n
|0i + |1i + |2i + . . . + |2
n
− 1i
.
Esta última expressão sugere que o registo ontém uma sobreposição dos inteiros desde
0 a
2
n
− 1
, um paralelismo massivo, o qual é realizável de forma e iente ( f. apítulo 4 e
apêndi e B). Em ontrapartida, uma úni a medição do registo destruirá ompletamente o
paralelismo: o mundo quânti o sele iona um e um só dos
2
n
inteiros om probabilidade
1
√
2
n
2
=
1
2
n
. Note-seaindaque oestado|ψi
não é entrelaçado.1.3
Observac¸ ˜ao de um sistema qu ˆantico
A a ção de um operador linear
A
sobre um ket|ψi
,A(
|ψi)
, denota-se simplesmente porA
|ψi
. Para dois kets|ψi , |φi
num espaçodeHilbertH
, ooperador produtoexterno,|ψihφ|
, é um operadorlinear denidopor|ψihφ| |ηi = |ψi hφ|ηi = hφ|ηi |ψi
, para|ηi ∈ H
.Um observável é uma propriedade de um sistema quânti o que em prin ípio pode ser
medida. Em von Neumann [53℄ onsideram-se medições proje tivas ortogonais, obtidas por
de omposiçãoespe traldeobserváveis. Veja-seadeniçãoealgumaspropriedadesbási asno
apêndi e A.
Exemplo 1.5. Sejam
{|0i , |1i , |2i , |3i}
umabase ortonormada de um espaço de HilbertH
eA
oobservávelrepresentado naquela basepela matrizA
=
0 0
−i 0
0 0
0
1
i 0
0
0
0 1
0
0
.
Esteobservávelédegenerado, om2valorespróprios
λ
0
= +1
eλ
1
=
−1
. Umabase ortonor-madapara oespaço próprioP
λ
0
é onstituída peloskets|+1, 0i =
√
1
2
(
−i |0i + |2i) =
1
√
2
(
−i 0 1 0)
⊺
e|+1, 1i =
1
√
2
(
|1i + |3i) =
1
√
2
(0 1 0 1)
⊺
.
Deigualmodo,umabaseortonormada para o espaçopróprio
P
λ
1
é|−1, 0i =
√
1
2
(i
|0i + |2i) =
1
√
2
(i 0 1 0)
⊺
e|−1, 1i =
1
√
2
(
− |1i + |3i) =
1
√
2
(0
− 1 0 1)
⊺
.
Ade omposição espe traldo observável
A
é assimA
= λ
0
P
λ
0
+ λ
1
P
λ
1
= (
|+1, 0ih+1, 0| + |+1, 1ih+1, 1|) − (|−1, 0ih−1, 0| + |−1, 1ih−1, 1|)
easuarepresentaçãomatri ialemtermosdabase
|+1, 0i , |+1, 1i , |−1, 0i , |−1, 1i
éamatriz diagonal
1 0
0
0
0 1
0
0
0 0
−1
0
0 0
0
−1
.
Note-seaindaque
P
λ
0
eP
λ
1
onstituemum onjunto ompletodeproje tores ortogonais,isto é,P
λ
0
+ P
λ
1
=
|+1, 0ih+1, 0| + |+1, 1ih+1, 1|
+
|−1, 0ih−1, 0| + |−1, 1ih−1, 1|
= I .
Amediçãodeumobservável
A
deumsistemaquânti onumestado|ψi
tem omoresultado um valor próprio deA
,λ
i
, omprobabilidadeprob(λ
i
) =
kP
λ
i
|ψik
2
=
hψ| P
λ
i
|ψi .
Alémdisso oestado do sistemaquânti o apósa mediçãoé o elemento do espaçopróprio
P
λ
i
dadoporP
λ
i
|ψi
p
hψ| P
λ
i
|ψi
.
Comoseilustranagura1.2,seoresultadodeumamediçãodoestadodosistemaquânti o
for
λ
i
om probabilidadehψ| P
λ
1 a medição 2 a medição
|ψi =
P
i
P
λ
i
|ψi
−→
P
λi
|ψi
√
hψ|P
λi
|ψi
−→
P
λi
|ψi
√
hψ|P
λi
|ψi
prob =
hψ| P
λ
i
|ψi
prob = 1
Figura1.2: Mediçãode um observávelde um sistemaquânti o.
já não possui ará ter probabilísti o: o resultado é o mesmo valor próprio
λ
i
e o estado do sistemamantém-se idênti o aP
λi
|ψi
√
hψ|P
λi
|ψi
.Exemplo 1.6. Sejam
H
o espaço de Hilbert eA
o observável denidos no exemplo 1.5 e onsidere-se um sistemaquânti o preparado noestado|ψi =
√
i
3
|0i −
1
√
3
|2i +
1
√
3
|3i =
1
√
3
(i, 0,
−1, 1)
⊺
.
Nabase
|+1, 0i , |+1, 1i , |−1, 0i , |−1, 1i
, o estado|ψi
é idênti o a|ψi = −
√
√
2
3
|1, 0i +
√
2
2
√
3
(
|1, 1i + |−1, 1i) .
Amedição dosistemaquânti o relativamente ao observável
A
tem omo resultado•
o valor próprioλ
0
= +1
om probabilidade5
6
e o estado do sistema passa a ser1
√
5
(
−2 |1, 0i + |1, 1i)
. Esteestado é idênti o a2i
√
10
|0i +
1
√
10
|1i −
2
√
10
|2i +
1
√
10
|3i .
•
ouovalorpróprioλ
1
=
−1
omprobabilidade1
6
e,neste aso,oestadodosistemapassa a ser|−1, 1i =
1
√
2
(
− |1i + |3i)
.Re orrendo a um outroexemplo, omum naliteratura, ilustram-se estaspropriedades da
Me âni a Quânti a, no mínimo pou o intuitivas numa perspe tiva lássi a, todavia
experi-mentalmente onrmadas.
Exemplo 1.7. Polarização da Luz. Tendo em onta as relações apresentadas na gura 1.1
ilustra-seemseguidaumaexperiên iaemqueumfotãopolarizado ir ularmenteparaadireita
|i =
1
√
2
(|li − i |↔i)
−−−−−→
prob =
1
2
−−−−−→
|li
prob =
1
2
−−−−−→
NenhumFotãoNa experiên ia seguinte olo ou-se um ltro de polarização horizontal, o qual mede o
observável
|↔ih↔|
, aseguiraum ltrode polarização verti al. Aprobabilidade deen ontrar um qualquerfotãono estadoα
|li + β |↔i
, emque|α|
2
+
|β|
2
= 1
,a seguiraoúltimo ltroé
nula.
α
|li + β |↔i
−−−−−→
prob =
|α|
2
−−−−−−−−→ |li−−−−−→
prob = 1
−−−−−−−−→
NenhumFotãoObtém-seum resultadoinesperadoquando se olo a um ltro diagonalmente polarizado,
o qual mede o observável
|րihր|
, entre os dois ltros da experiên ia anterior. De fa to, a probabilidade de observar um fotão a seguir ao último ltro não é nula, omo seilustra emseguida.
α
|li + β |↔i
−−−−−→
prob =
|α|
2
−−−−−−−−→ |li =
1
√
2
(|րi + |ցi) −−−−−→
$
%
'
&
−−−−−−−−→
prob =
1
2
|րi =
1
√
2
(
|li + |↔i) −−−−−→
prob =
1
2
−−−−−−−−→ |↔i
1.4
O Princ´ıpio da Incerteza de Heisenberg
Ovalor esperadode umamediçãode um estado
|ψi
por um observávelA
éDemonstra-seemseguidaestapropriedade, omoobje tivodeilustraranotaçãodeDira .
Sejam
λ
0
, λ
1
, . . . , λ
n
−1
osvaloresprópriosdistintosdoobservávelA
eP
λ
0
, P
λ
1
, . . . , P
λ
n−1
os respe tivos proje tores. Pelo teorema da de omposição espe tral,
A
=
P
n
−1
j=0
λ
j
P
λ
j
e ovalor próprioobservado esperadoé assim dadopor
hAi =
n
−1
X
j=0
λ
j
prob(λ
j
).
Masprob(λ
j
) =
hψ| P
λ
j
|ψi
. LogohAi =
n−1
X
j=0
λ
j
hψ| P
λ
j
|ψi = hψ|
n−1
X
j=0
P
λ
j
|ψi = hψ| A |ψi .
q.e.d.Ain erteza envolvidanopro essodemediçãodeum observável
A
dene-se omoodesviopadrão dosvalorespróprios observados,
r
D
∆A
2
E
,
emque
∆A = A
− hAi
.Dois observáveis
A
eB
dizem-se ompatíveis se omutam entre si, isto é, seAB
= BA
. Caso ontrário, dizem-se in ompatíveis.O omutador de doisoperadoreslineares
A
eB
dene-se por[A, B] = AB
− BA.
Assim,dois observáveis
A
eB
são ompatíveis see sóse[A, B] = 0
.AdesigualdadedeCau hy-S hwarzpermitedemonstraradesignadarelaçãode
Robertson-S hrödinger,
D
(∆A)
2
E D
(∆B)
2
E
≥
1
4
|h[A, B]i|
2
.
Substituindonestaúltimaexpressão
A
porA
− hAi
eB
porB
− hBi
obtém-seoprin ípio da in erteza deHeisenbergna forma∆A
· ∆B ≥
1
Salienta-se queestas propriedades devem ser interpretadas no ontexto da Me âni a
Es-tatísti aenão omoresultado deduasúni asobservações onse utivasdeummesmosistema
quânti opelos observáveis
A
eB
.1.5
Din ˆamica de sistemas qu ˆanticos fechados
Osoperadores unitários sãofundamentais emme âni aquânti anomeadamente porque:
•
Ossistemasquânti osfe hadosevoluemsomente pora çãodetransformaçõesunitárias.•
Astransformações unitárias preservamasprobabilidades quânti as.Aanálise do omportamento dinâmi ode sistemasquânti os abertos é muitomais omplexa
enão é abordadaneste trabalho.
Seja
|ψ(t)i
o estado omo função do tempot
de um sistemame âni o quânti o fe hado. O omportamento dinâmi o desse sistemaédeterminado pelaequação de S hrödingeri~
∂
∂t
|ψ(t)i = H |ψ(t)i ,
em que
~
denota a onstante de Plan k dividida por2π
, eH
é o Hamiltoniano. É possível es rever esta equação naforma∂
∂t
U(t) =
−
i
~
H(t)U(t) ,
emque
|ψ(t)i = U(t) |ψ(0)i
e asolução é dada porU(t) = lim
n→∞
e
−
i
~
H(n
t
n
)
t
n
· e
−
i
~
H((n−1)
t
n
)
t
n
· . . . · e
−
i
~
H(1
t
n
)
t
n
· e
−
i
~
H(0
t
n
)
t
n
QuandooHamiltonianoéindependentedotempo,
H(t) = H
,afórmulaanterior simpli a-separaU(t) = e
−
i
~
Ht
.
Exemplo 1.8. Considere-seoestado de um um registode 2 qubitsno instante
t = 0
,|ψ
0
i =
|0i − |1i
√
2
⊗ |0i =
√
1
2
(
|0i − |2i) =
1
√
2
1
0
−1
0
.
Suponha-se queo omportamento dinâmi o do registo entreos instantes
t = 0
et = 1
é determinadoporumHamiltoniano onstante,H
,denidoemtermosdabase{|0i , |1i , |2i , |3i}
porH
=
π~
2
0 0
0
0
0 0
0
0
0 0
1
−1
0 0
−1
1
.
Pela equaçãode S hrödinger,o Hamiltoniano
H
determinaa transformaçãounitáriaU
= e
−
~
i
H
=
1 0 0 0
0 1 0 0
0 0 0 1
0 0 1 0
=
|0ih0| + |1ih1| + |2ih3| + |3ih2| .
O estado ini ial do registo evolui por a ção de
U
de tal modo que no instantet = 1
o estado do sistemaé|ψ
1
i = U |ψ
0
i
. Expli itamente,|ψ
1
i =
1 0 0 0
0 1 0 0
0 0 0 1
0 0 1 0
·
√
1
2
1
0
−1
0
=
√
1
2
1
0
0
−1
=
√
1
2
|00i − |11i
=
√
1
2
|0i − |3i
.
Oestado resultante, denominado um estado EPRem homenagema Einstein, Podolsky e
Rosen, possui a propriedadenotável de serimpossíveles revê-lo omo um produto tensorial
de dois estados, ada estado asso iado a um dos qubits do sistema. Num erto sentido, os
qubits perderam a sua individualidade. Por exemplo, a medição de apenas um dos qubits
1.6
Portas e circuitos qu ˆanticos
São sobejamente onhe idas diversasté ni as gerais de de omposição de operadoreslineares
omoproduto de operadoresmaissimples.
No ontexto da Computação Quânti a mostra-se que existem onjuntos universais de
operadores unitários, designados bases de operadores unitários, tais que qualquer operador
unitário se pode es rever omo produto de operadores dessa base. Para além disso,
esta-bele endo uma denição apropriada de distân ia entre operadores, mostra-se que existem
onjuntosnitosdeoperadoresunitáriosquepermitem aproximarqualqueroperadorunitário
usandoapenasoperadores dessabase.
Dadaa sua importân ia práti a bem omo ao nível da omplexidade omputa ionaleste
assunto tem sido tratado por diversos autores, veja-se por exemplo Kitaev et al. [33℄, pág.
188200ou,para umaabordagem maisformal,Brylinski e Brylinski[9℄.
O mais simples exemplo não trivial (diferente da identidade
I
) de uma porta quânti a sobre um qubit é sem dúvida o análogo quânti o da porta lássi aNOT
, denotada porX
e denidarelativamente à base{|0i , |1i}
de um espaçode Hilbertde dimensão2 pela matrizX
=
0 1
1 0
.
Conhe idotambémporoperadordenegaçãoouporta
NOT
,X
satisfazX
|0i = |1i
eX
|1i =
|0i
.Um outro exemplo fundamental de uma porta quânti a de um qubit, por permitir riar
estadosquesãosobreposiçõesuniformesdeestadosbase,éaportadeHadamard,
H
. Dene-se relativamente àbase{|0i , |1i}
porH
|ii =
√
1
2
|0i + (−1)
i
|1i
, i = 0, 1.
Agura 1.3ilustra a a çãode
H
sobre umqubit ini ialmente no estado|0i
.Umade omposiçãodeumoperadorunitárionumprodutotensorialdeoperadorespermite
|0i
H
√
1
2
(
|0i + |1i)
Figura 1.3: A porta quânti a deHadamard.
fa toresdade omposição. Re ipro amente,aapli açãoemparalelodeum onjuntodeportas
quânti aséformalizada peloproduto tensorial dosoperadoressubja entesa essasportas.
Por exemplo, o estado do registo de
n
qubits onsiderado no exemplo 1.4 obtém-se por apli ação emparaleloden
portas deHadamard,H
⊗ · · · ⊗ H
.Noentanto, existemoperadoresunitáriosquenãosepodemes rever naformadeum
pro-duto tensorial de operadores, ada um deles asso iadoa um dosqubitsdo sistema. Exemplo
dissoéaporta
CNOT
,aqualgeneralizaaporta lássi aXOR
, denidarelativamente àbase{|ii ⊗ |ji : i, j = 0, 1}
porCNOT
|ii |ji = |ii |i ⊕ ji ,
onde
⊕
denota adiçãomódulo 2. A gura seguinte ilustra aa ção desteoperador.|ii
•
|ii
|ji
|i ⊕ ji
Figura1.4: A çãoda porta
CNOT
.Combinandosequen ialmenteeou emparaleloum númerosu iente deportasquânti as,
é possível realizar operadores unitários om omplexidade res ente. A noção de ir uito
quânti o orresponde a um algoritmo para realizar um operador unitário a partir de um
pré-determinado onjunto de portas elementares. É ainda usual representar gra amente os
ir uitosquânti osnumagrelhare tangular. Aslinhashorizontais,designadasosquânti os,
representam os qubits do sistema. Em pontos espe í os ao longo da grelha, ins revem-se
pequenas aixas ou one tam-severti almente osquânti os. Cada aixa ouligação verti al
representa uma porta quânti a. Em ada diagrama de um ir uito onsidera-se ainda uma
portas quânti as.
Por exemplo,seoestadoini ialdeumqubit for
|0i
entãopelaa çãosequen ialdasportas quânti asX
eH
, o estado do qubit altera-se para1
√
2
(
|0i − |1i)
. O diagrama do ir uito quânti o orrespondente ilustra-sena gura 1.5 .|0i
X
H
√
1
2
(
|0i − |1i)
Figura1.5: Cir uitoquânti o para o operador
H
· X
.Considere-se ainda o exemplo 1.8 e observe-se que a matriz unitária
U
ali onsiderada nãoé maisdoquea matrizdo operadorCNOT
. Então um ir uitoquânti o quedes reveaevoluçãodaquele sistemaéo da gura seguinte.
|0i
X
H
•
|0i
Figura1.6: Um ir uito para obter umestado EPR.
Mostra-se ser possível transformar qualquer ir uito booleano lássi o para avaliar uma
função booleana
f :
{0, 1}
n
→ {0, 1}
m
num ir uito lássi o equivalente que utiliza apenas portasreversíveis. Apartir deste onstrói-seum ir uitoquânti o paraimplementarafunçãof
,[33 , págs. 6065℄.Assim, onsidere-se
g :
{0, 1}
n+m
→ {0, 1}
n+m
, a versão reversível def
denida porg(i, j) = (i, j
⊕ f(i))
onde⊕
denota a adição bit a bit módulo 2. Note-se que a funçãog
é umapermutação de{0, 1}
n+m
àqual orresponde naturalmente o operador unitário
U
f
numespaçode Hilbertde dimensão
2
m+n
denido por
U
f
|ii |ji = |ii |j ⊕ f(i)i ,
para
i
∈ {0, 1}
n
e
j
∈ {0, 1}
m
1.7
Algoritmos qu ˆanticos
Umdosprimeirosemaissimplesalgoritmosqueilustraaforma omoaComputaçãoQuânti a
explora as propriedades da Me âni a Quânti a é sem dúvida o algoritmo de Deuts h [15 ℄,
representado nagura 1.7.
Seja
f :
{0, 1} → {0, 1}
umafunção booleana. Para determinar sef
éounão umafunção onstante pare e laro, no ontexto lássi o, ser ne essário avaliar a função emf (0)
ef (1)
. Como severi aemseguida,o ir uitode Deuts hpermiteaferiramesmapropriedadesobrea função
f
utilizando umaúni a vez aportaquânti aU
f
. Considerem-se dois qubits ini ialmente nos estados1
√
2
(
|0i + |1i)
e1
√
2
(
|0i − |1i)
. A pre-paração destesestados realiza-seapli ando emparalelo portasde Hadamard. Desta forma oestado ini ial do sistemaésimplesmente o produto tensorial dosestados
|ψ
1
i =
1
2
(
|0i + |1i) ⊗ (|0i − |1i) .
Simplesmanipulaçõesalgébri as permitemveri arque, para
i
∈ {0, 1}
, aa çãodaportaU
f
sobre um estado daforma1
√
2
|ii (|0i − |1i)
resultaem1
√
2
(
−1)
f (i)
|ii (|0i − |1i)
. Assim
|ψ
2
i = U
f
|ψ
1
i =
±
1
2
(
|0i + |1i) ⊗ (|0i − |1i)
sef (0) = f (1)
±
1
2
(
|0i − |1i) ⊗ (|0i − |1i)
sef (0)
6= f(1) .
Ao apli ara porta deHadamard ao primeiro qubit do sistema,o estado resultante é
|ψ
3
i = (H ⊗ I) |ψ
2
i =
±
1
2
|0i ⊗ (|0i − |1i)
sef (0) = f (1)
±
1
2
|1i ⊗ (|0i − |1i)
sef (0)
6= f(1) .
Logoamediçãonaldoestadodoprimeiroqubitdosistema,denotadaporFE
,permite
determinar se
f
éou não onstante.|0i
H
U
f
H
FE
|1i
H
|0i
H
U
f
H
FE
|0i
H
H
FE
· · ·
· · ·
· · ·
|0i
H
H
FE
|1i
H
Figura1.8: Cir uitoquânti o para o algoritmo deDeuts h-Jozsa.
Talvez se possam olo ar algumas obje çõesquanto a omparar ae iên ia da avaliação
lássi ade umafunção
f
emdois pontos ontra umaúni autilização daportaquânti aU
f
. Noentanto estasdissipam-se ompletamente quandose onsideraumaextensãodoalgoritmoDeuts h, oalgoritmo deDeuts h-Jozsa [17℄.
Neste algoritmo, onsidera-se umafunção booleana
f :
{0, 1}
n
→ {0, 1}
juntamente om uma promessa de que esta é onstante ou equilibrada (i.e., toma tantos valores 0 omo 1).Qualquer algoritmo lássi o determinista para de idir esta propriedade de
f
ne essita de avaliar a função em2
n−1
+ 1
pontosde
{0, 1}
n
. No entanto o ir uito quânti o representado
na gura 1.8 permite resolver o problema usando uma úni a vez a porta
U
f
. Uma análisesemelhanteàrealizadaparaoalgoritmo deDeuts hpermite on luirqueaobservação depelo
menosum bit
1
omoresultadodamediçãodoestadonaldosn
primeirosqubitsdosistema indi aquea função éequilibrada( seosn
bitsobservadossão0
então afunção é onstante).Em 1994, Simon [ 50, 51℄ apresenta um avanço relativamente ao algoritmo de
Deuts h-Jozsa. O algoritmo de Simon permite testar a periodi idade dasrepresentações binárias de
umafunção
f :
{0, 1}
n
→ {0, 1}
m
.Substituindoasportas deHadamardno ir uitodeSimonporumatransformadade F
ou-rier quânti a, Peter Shor obtém em 1994 um algoritmo quânti o para resolver em tempo
polinomial o problema da fa torização de números inteiros em primos. Este resultado tem
enormeimportân iatantonaáreada riptograabem omoaonívelda omplexidade
para fa torizar númerosinteiros. Osdetalhes doalgoritmo podemser onsultadosnos
traba-lhos originais de Shor [48, 49 ℄ou em Pereira e Rodrigues [46 ℄. Todosestesalgoritmos foram
entretantogeneralizadoseuni ados,sendoa tualmente onhe idospor algoritmosquânti os
para estimação defase[31 ℄, [21 ℄,[1℄.
Numa outra vertente surge ainda o algoritmo quânti o de Grover [27℄, dis utido no
a-pítulo 4,e generalizaçõesposteriores onhe idas por algoritmos quânti osde ampli ação de
Cir uitos Quânti os e Complexidade
h
2|
As origens da Teoria da Complexidade no Modelo de Computação Quânti a situam-se na
dé ada de 80 om os trabalhos pioneiros de Benio [3, 4, 5℄. Seguiu-se o desenvolvimento
e formalização do modelo da Máquina de Turing Quânti a por Deuts h [15℄, Bernstein e
Vazirani [6 ℄.
Pela mesma altura Deuts h [16 ℄ propõe, em alternativa, o Modelo de Cir uitos
Quânti- os posteriormente desenvolvido por Yao [ 55℄. A equivalên ia entre estes modelos tem sido
investigadapor vários autores, entre outros Nishimura e Ozawa[ 41, 42 , 43℄.
Entretanto, surge a ideia de um modelo de omputaçãoem sistemas quânti os nosquais
aunidadede informação, oqudit, possuimaisdoqueosdois níveis distintospermitidospelo
qubit[2 ℄,[13℄.
Nãoédetodo laroqueosmodelosde omputaçãobaseadosemqubitssejamequivalentes
amodelosbaseadosemqudits,muitomenosemquesentidoexistiráumatalequivalên ia. As
di uldadesaumentamquando sepensasistemas de omputação om misturasde diferentes
unidadesde informação, designados sistemashíbridos [37 ℄.
Desde edo se tornou evidente ser ne essário enquadrar os algoritmos de Aritméti a em
Sistemasde Representação Redundantes, des ritosno apítulo 3,sobum modelo formalque
permitisse uma posterior análise omparativa om osmétodosda Computação Quânti a em
sistemade qubits. Nessesentido, propõe-se neste apítulo umapossível formalização de um
modelo de Computação em Sistemas Quânti os Híbridos, o qual generaliza, por in lusão,
os modelos baseados em sistemas de qubits, qudits e qudits para sistemas representação
2.1
Registos qu ˆanticos
... quantum phenomena donoto ur in a Hilbert spa e,
they o ur in a laboratory.
Asher Peres
Subja entea adasistemaquânti o onsidera-seumespaçodeHilbert,oespaçodeestados.
Os possíveisestadosde um sistemaquânti o sãorepresentados, seguindo Dira ,porkets
|φi
,|ψi
,et . Nesta teseassume-se quetodososespaçostêmdimensão nita.Asso iadoa adasistemaquânti o onsidera-se aindaumabaseortonormadapreferen ial
do espaço de Hilbertsubja ente, a base omputa ional. Os estados de um sistema quânti o
sãoaindaidenti ados omosve toresdenormaumdoespaçodeHilbertsubja ente. Assim,
ada estado é representado por uma ombinação linear, om oe ientes em
C
, dosve toresda base omputa ional.
Para representar osve tores da base omputa ional de um sistemaquânti o re orre-se a
umalinguagem
Γ
, ujo ardinalse denotapor|Γ|
.Denição 2.1. Oespaçode estados sobre umalinguagem
Γ
,H(Γ)
, éoespaço deHilbertde dimensão|Γ|
geradopela baseortonormada onstituída pelos ve tores|si
,s
∈ Γ
. Esta base denomina-se base omputa ional.Denição 2.2. Seja
Γ
uma linguagem. UmΓ
qudit é um sistema quânti o om um espaço de estadossubja enteH(Γ)
.Nadeniçãoanterior,apertinentequestãodoqueseentendeporsistemaquânti o,embora
fundamental de um ponto de vista te nológi o, não se aprofundada neste trabalho. Nota-se
apenasque, na práti a, ada
Γ
qudit érealizado por um sistemafísi o on reto.É possível (e adequado) prosseguir o desenvolvimento teóri o de um Modelo de
Compu-tação Quânti a de modo independente das on retizações espe í as, a tuais ou futuras, do
obje to matemáti o qudit. Nesse sentido, é onveniente estabele er um onjunto de
prin- ípios fundamentais que evitem o desfazamento do modelo relativamente à realidade físi a
Postulado 1: Asso iado a um sistema físi o isolado existe um espaço ve torial
om produto interno, o espaço de estados. O sistema é ompletamente des rito
porumve tordeestado,umve tordenormaumnoespaçodeestadosdosistema.
Assim, assume-se que o onteúdo matemáti o do obje to físi o qudit é ompletamente
apturadopelanoção deestado.
Denição 2.3. Um estado de um
Γ
qudité um ve tor de norma um do espaço de estados subja enteH(Γ)
.O estado de um
Γ
qudit denota-se por um ket. Por exemplo, paras
∈ Γ
, a expressão|ψi = |si
signi a que o estado do qudit é|si
. Da denição anterior de orre que a forma geral do estado de umΓ
qudité uma ombinação linear omplexa dos estados base, i.e, dos elementosda base omputa ional, da forma|ψi =
X
s∈Γ
α
s
|si,
para
α
s
∈ C, s ∈ Γ ,
(2.1)
quesatisfaça a ondição de normalização
X
s
∈Γ
|α
s
|
2
= 1 .
(2.2) Observação 2.1. A denição usual de qudit obtém-se dasdenições anteriores onsiderandoΓ = [0 .. d
− 1]
e denomina-se simplesmented
qudit. A denição de qubit orresponde aΓ =
{0, 1}
.Uma vez denidas as unidades bási as de informação, os
Γ
qudits, é agora ne essário formalizar o on eito de sistema de qudits. Nesse sentido, denomina-se sistema quânti oomposto um sistema quânti o no qual se identi am vários subsistemas. Se se onsiderar
ada qudit omo um sistema quânti o isolado então é possível onsiderar que os estados
de uma ole ção de qudits são tuplos de estados, ada um asso iado a um dos qudits do
sistema. No entanto, nem todosos possíveis estados de um sistema quânti o omposto são
ara terizáveisporsequên iasdeestadosasso iadosaossubsistemas. Nesses asosdiz-sequeo
Postulado 2: O espaço de estados subja ente a um sistema quânti o omposto
porváriossubsistemasidenti a-se omoprodutotensorialdosespaçosasso iados
a ada umdos subsistemas.
Na se ção 2.3 ver-se-á que os elementos da linguagem
Γ
, bem omo os respe tivos esta-dosbase, estão intrinse amente asso iados àsquantidadespossíveis deobservar num sistemaquânti o. Pare e lógi o pensar-seque osvaloresobserváveis num sistemaquânti o omposto
sejam tuplos de valores observáveis, ada valor asso iado a um subsistema. Este é o ponto
de vista adoptado om o intuito de formalizar o on eito de estado de um sistema quânti o
omposto.
Designa-se por linguagem produto de
n
linguagensΓ
1
, Γ
2
, . . . , Γ
n
a linguagem dada pelo produto artesianoΓ = Γ
1
Γ
2
· · · Γ
n
.
Diz-seneste asoque
Γ
tem omprimenton
ees reve-secomp(Γ) = n
. Note-sequeaspalavras de uma linguagem produto têm todas o mesmo omprimento e são da formas
1
s
2
. . . s
n
≡
(s
1
, s
2
, . . . , s
n
)
paras
1
∈ Γ
1
, s
2
∈ Γ
2
, . . . , s
n
∈ Γ
n
.Denição2.4. Seja
Γ
umalinguagemproduto. UmΓ
qudit ompostoéumsistemaquânti o om um espaçode estadossubja enteH(Γ)
.Peladeniçãoanteriorabase omputa ionaldoespaçodeestadosdeum
Γ
qudit omposto é onstituída por|Γ|
estados|s
1
s
2
. . . s
n
i
,s
i
∈ Γ
i
,i = 1, . . . , n
. Cada um dos estados base|s
1
s
2
. . . s
n
i
identi a-se naturalmente om o produto tensorial dos orrespondentes estados basedossubsistemas:|s
1
i ⊗ |s
2
i ⊗ . . . ⊗ |s
n
i
. Daquide orrea equivalên iaentreos on eitos deΓ
qudit ompostoe sistemaquânti o omposto referidonoPostulado2.Teorema 2.1. Dadas as linguagens