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C O R R E S P O N D Ê N C I A I N É D I T A D E N E S T O R V I C T O R

DOS S A N T O S a E M I L I A N O P E R N E T T A ( I I ) 1913 — 1914

Organização e notas p o r :

Cass lana Lacerda Carollo

A importância do conjunto f o r m a d o pelas cartas d e Nestor V i c t o r

diri-gidas a Emiliano Pernetta, no período de 1913-914 situa-se, sobretudo, na

ca-íacterização ou possível esboço da evolução, das idéias de Nestor Victor que,

caminhando para o amadurecimento já apontado p o r Alceu Amoroso Lima,

abandona "a intransigência do crítico provinciano ( e ) cede a uma mais larga

compreensão do mundo e das idéias" (Primeiros estudos In: — Estudos L i

-terários, R i o de Janeiro, Aguilar, 1960 p . 83).

A esta alteração operada no crítico corresponde, por sua vez, a força

do contexto que, sob o influxo da guerra f a z "crescer a responsabilidade da

palavra", "calar a literatura" ou mais propriamente "a literatura dos

cená-culos afastada do grande público". C o m o b e m observou A m o r o s o L i m a o

primeiro influxo da guerra resultou no calar de vozes, para renascer das

ruí-nas uma nova corrente humanizada, se b e m que no Brasil a guerra não

tenha fixado uma nova orientação e sim " f i x a d o correntes indecisas".

A preocupação com a guerra trouxe uma consequente aproximação do

problema nacional obrigando literatos e pensadores a uma revisão de

valo-res.

O prefácio de Nestor Victor à Crítica d e Ontem (1919) é sintomático "das

ruínas do velho, um novo mundo surgirá", só quem não tem olhos para ver,

ainda aos próprios escritores j á formados e definidos, pode não ter percebido

que tudo está mudando, até nas novas letras, com a mudança do m u n d o . . . "

Este livro, que reúne de um período anterior, e que o autor pretendeu,

inicialmente, publicar em 1914, não o fazendo devido à absorção pelo

"cata-clismo sob que estremecia o mundo", é segundo suas próprias palavras u m

" o que fui, o que sou".

A guerra representa na marcha de suas idéias uma espécie de divisor

de águas e a f o r m a acentuada como viveu o problema vai sendo revelada

pelas cartas, alguns de amargo pessimismo, notadamente, quanto ao

"sen-tido" das letras e do vazio deixado pela aristocratização das idéias o u da

arte distanciada artificialmente da realidade.

Letras, Curitiba 1251 : 421 - J 3 2 , jul. 197*

4 2 1

CORE

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Correspondência inédita de Nestor Victor dos Santos a Emiliano Fernetta (11)

Rio, 15 d e j a n . 1913.

M e u c a r o Emiliano,

De a c o r d o c o m teu telegrama ultimo, q u e c o m tanta solicitude m e en-viaste, m a n d o h o j e c o m esta tun r e q u e r i m e n t o a o G o v e r n o d o E s t a d o pedin-d o a autorização que m e pedin-dizes será concepedin-dipedin-da. Os t e r m o s pedin-d o r e q u e r i m e n t o baseiam-se na proposta que entregarei a o D r . A f f o n s o C a m a r g o quando aqui esteve, p r o p o s t a1 que f o i aceita nos seus t e r m o s geraes, c o n f o r m e tiveste a gentileza de c o m m u n i c a r - m e p o r telegrama anterior, c o n f i r m a d o l o g o depois e m carta daquellc nosso a m i g o e patricio a o Dr. Jesuino M a r c o n d e s . N ã o puz estampilha estadual p o r q u e a qui n ã o ha mais d e e n c o n t r a l - a - Peço-te, pois, o obsequio de revalidar o documento ahi c o m o seja m e l h o r . I n c u m b o - t e desta massada p o r culpa tua, j a que t ã o espontaneamente quizeste até aqui tratar d e tal n e g ó c i o . F i c o tranquillo a respeito. Ja agora a c r e d i t o q u e elle terá b o m termo. C o m o verás pela minha proposta, n ã o aspiro a lucros c o m ella, pois não quero sahir d o m e u contracto anterior, e m b o r a m e h o u -vesse c o m p r o m e t i d o apenas a escrever alguns artigos e tenha dado o l i v r o mais c o m p l e t o que h o j e p o d e r á consultar q u e m se interesse p o r nossa t e r r a sob t o d o s os seus aspectos. Si mais t a r d e r e c o n h e c e r e m q u e os meus o i t o mezes gastos nesse labor v a l e m mais d o que a recompensa q u e tive d e 3.000.00 ct rs é claro que eu não rejeitarei m a i s algum dinheiro q u e e m f o r m a d e p r e m i o m e queiram d a r . T a l v e z s e j a ocasião d e tratar-se disso n o p r ó x i m o Congresso. M a s é coisa esta que fica a o a r b i t r i o dos meus a m i g o s ahi. Eu. p o r m o d o próprio, nada mais p e d i r e i .

P o r que não m e escreves?

Minha f a m i l i a esta veraneando numa fazenda que arrendei p o r alguns mezes n o Estado d o R i o . V o u Iá frequentemente, mas t a m b é m f r e q u e n t e m e n t e estou a q u i . Escreve-me, pois s e m p r e para o m e s m o endereço. A b r a ç o - t e f r a t e r n a l m e n t e .

N e s t o r . R . Itapiruí, 326.

1 — Apesar das referências de Nestor Victor sobre o auxilio recebido através do Governo do Paraná, materializado em um contjato de 3.000.00 contos de réis para que ele escrevesse artigos sobre o Paraná e de uma segunda proposta, entregue a Afonso Camargo, ligada à publicação de Terra do Futuro, obra concluída em dezem-bro de 1912, não há no livro qualquer citação sobre tais fatos.

(3)

Correspondência inédita de Nestor Victor dos Santos a Emiliano Pernotta (11) Rio, 15 de F e v . 1913 M e u carissimo Emiliano,

T u a ú l t i m a carta, d e 16 de janeiro, c h e g o u - m e às m ã o s depois d e j a te haver escripto aquella que acompanhou o r e q u e r i m e n t o pedindo a autoriza-ç ã o combinada, d e accordo c o m u m t e l e g r a m m a que poucos dias antes m e passaras. Já então estava eu c o m minha f a m í l i a na roça, onde continuamos a p e r m a n e c e r e onde f i c a r e m o s espero eu q u e até o m e z de A b r i l . S ó v e n h o à cidade de v e z e m quando, e é essa a razão p o r que até aqui não te havia respondido: ando aqui s e m p r e às pressas, m a l tendo t e m p o d e attender às coisas mais urgentes. Depois que te m a n d e i aquella carta c o m o dito r e -querimento, recebi outra d o D r . A f f o n s o C a m a r g o e m q u e elle m e dizia ter o Presidente resolvido dar a autorização m e s m o sem r e q u e r i m e n t o a l g u m . A p e z a r disso, entretanto, c o m r e q u e r i m e n t o e tudo até agora nada recebi naquelle sentido, c o n f o r m e m e u t e l e g r a m a q u e ante-hontem, l o g o a o che-gar aqui na cidade, te passei. C o m o até h o j e ainda não tive resposta tua a esse despacho, induzo que t a m b é m não estejas e m Coritiba, não q u e r e n d o f a z e r supposição p e i o r que se relacione c o m tua saúde. T e n h o recebido esse teu ú l t i m o telegramma, fui m o s t r a l - o a o e n c a r r e g a d o da edição d e obras n o J. d o C o m m e r c i o , e a lista de tal noticia resolveu aquelle h o m e m c o m e ç a r a c o m p o r o livro, c o m p o s i ç ã o q u e ja v a e adiantadissíma. M a s é j u s t a m e n t e p o r isso que mais m e i n c o m m o d a não ter v i n d o até agora a autorização: p o r q u e o h o m e m iniciou o trabalho e m c o n f i a n ç a2. N ã o tenho duvida sobre o b o m desenlace deste negócio, acredito até que dentro de poucos dias tudo esteja aclarado e concluido. Deve escrever-te, entretanto, estas linhas, j á q u e tiveste a bondade de quereres ser m e u i n t e r m e d i á r i o e m tal n e g ó c i o .

Aqui esteve o Dario, c o m q u e m m u i t o conversei, graças a t e r m o s j a n -tado juntos uma v e z . Gostei m u i t o de conversar c o m

( i n c o m p l e t a )

Rio, 12 de agosto d e 1913. Emiliano,

Parabéns pela conclusão d o teu trabalho theatral. 3 D e s e j o m u i t o v e l - o . H a de estar à altura da linha triunphante e m que vae o teu espírito subindo s e m p r e .

Já deves ter e m mãos. A T e r r a d o Futuro, q u e te mandei p o r i n t e r m e d i o

2 a obra Terra do Futuro (impressões do Paraná) foi efetivamente publicada pelo tipógrafo do Jornal Comercial ainda em 1913, porém nada consta sobre o apoio do governo à sua edição.

3 — Trata-se da obra Pena de Talião, publicada em 1974 e que conforme esta carta já estava concluída em agosto de 1913.

(4)

Correspondência inédita de Nestor Victor dos Santos a Emiliano Peineita l i t )

d o Julio. A imprensa daqui t e m r e c e b i d o c o m v e r d a d e i r o carinho esse m e u trabalho. M a n d a - m e dizer c o m o f o i elle recebido ahi.

A g o r a que está livre da " P e n a d e T a l i ã o " trata de v i r até c á . Estamos e m plena época de conferencias. 4 V e m t o m a r p a r t e no t o r n e i o . Serás m u i t o b e m r e c e b i d o . E m tudo e p o r tudo estou c e r t o d e q u e lucrarás m u i t o c o m a v i a g e m .

Amanheci, m u i t o contente. M a s coisas imprevistas v i e r a m e s t r a g a r - m e t o d o o dia. N e m posso continuar a e s c r e v e r - t e .

Adeus, m e u E m i l i a n o . Que p o b r e s m o r t a e s que somos!

Nestor

R . Itapirú, 326.

R i o , 11 de S e t e m b r o de 1913. Emiliano,

M u i t o agradecido pelas tuas palavras relativas à Terra do Futuro. L i h o n t e m u m artigo d o Sebastião sobre o dito l i v r o e v e j o agora p e l o Jornal de h o j e que o Conego B r a g a publicou t a m b é m u m a analyse concunente a o m e s m o assumpto. Assim v ã o a p p a r e c e n d o afinal alguns juizos p r o p r i a m e n -te paranaenses. A imprensa daqui continua a -tercer-me elogios p o r essa minha ultima o b r a . Ê claro que elles m e desvanecem. M a s m e parece q u e vocês, ahi, é que estão mais n o caso de estudal-a, pois conhecem o assumpto p e r f e i t a m e n t e . V ê si estimulas outros a f a l a r e m d o l i v r o . Que não se d i g a depois ter h a v i d o n o R i o mais interesse p o r essa minha p r o d u ç ã o d o q u e na terra de que sou. a u m tempo, e a q u e ella se consagra totalmente.

4 — Sobre a "época das conferências" é interessante consultar a obra de Brito Broca, Vida literária no Brasil — 1900 (5 ed.. Rio de Janeiro.. José Olympio, MEC, 1975), pois o costume dc pronunciar conferências literárias, imitado de Paris, acaba por impor "um gênero" já que faziam parte das promoções obrigatórias da vida literária. Espetáculo mundano, às vezes pago., a moda das conferências já tem seu primeiro concorrente declarado em 1907 conforme o titulo de um artigo do Correio da Manhã "as conferências e o cinematógrafo. Além do êxito no Rio encontraram atmosfera nos Estados: Alcides Mao promove em 1907, a viagem de Coelho Neto ao Rio Grande do Sul. Duque Estrada visita o Nordeste e Nestor Victor não fugindo à regra viaja à Minas convidado pelos "Romeiros do Ideal" onde, em 1900 profere palestra sobre Cruz e Sousa, vem ao Paraná a convite do Centro de Letras, etc.

Emiliano Perneta irá ao Rio e. a 7 de agosto de 1914 lê, em ato público presidido por Alberto de Oliveira sua peça Pena de Talião.

Em plena época de agitação decorrente do clima gerado pela eclosão da guerra o poeta paranaense foi "bem recebido", porém não pôde obter o sucesso esperado.

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Correspondencia inédita de Nestor Victor dos Santos a Emiliano Perneita (11) M a n d a - m e os desenhos d e q ' precisas p a r a a " P e n a d e T a l i ã o " . Aqui mandarei f a z e r os clichês, s

Sahiu ha pouco o n o v o l i v r o d o H e r m e s Fontes. 6 Fiz u m a crítica a oste e a o v o l u m e anterior. 7 L o g o que ella s e j a publicada, e n v i a r - t e - e i .

Continua bastante assinada a estação literária e artística aqui. É pena que não possas v i r este anno. Porque? N o v o s amores? D e s c o n f i o . . .

M a n d o h o j e p e l o C o r r e i o o e x e m p l a r q u e r e s e r v a v a a o Centro d e Letras Paranaenses d o Paraná. 8 N ã o f o i antes p o r q u e se estava encardenando.

Fiquei contente c o m a notícia de que o Santa R i t t a 9 está e m actividade. Actividade literária, não preciso dizer.

Desde que soube a n d a r e m voces dois a g o r a quasi sempre juntos, v i l o g o q u e era possível u m a p r o v a dessas afinal p o r p a r t e d o nosso a m i g o . E l l e d o q u e precisa é principalmente de estimulo.

N ã o sei que fim levaram os desenbargadores Silveira da M o t t a e E u r i -chsen. Ja teriam abalado n o v a m e n t e para lá?

T e n h o andado atarefadissimo u l t i m a m e n t e . É pena q u e tudo isso renda tão p o u c o . Mas, c o m o dizia o outro, s ã o sortes.

Nestor. R . Itapirú. 326.

Rio, 1.' d e julho, 1914 Emiliano,

T e n h o andado embaraçadissimo c o m varias coisas, entre ellas o lan-çamento d o opusculo d o Silveira Netto, coisa que s e m p r e dá m u i t o trabalho, c o m o saber, tanto mais quando as redacções, na sua m a i o r parte, e n c o m -m e n d a v a -m a noticia a q u e -m se f a z padrinho da obra.io c o -m o neste caso -mais u m a vez, t e m acontecido.

O m e i o literário v a e m u i t o m a l . S o p r a u m v e n t o d e insania nessa a t m o s -fhera, conseqüência, alias naturalissima, d a insania g e r a l . Aqui conversare-mos a tal respeito quando chegares. N ã o tenho o u v i d o f a l a r na tal

res-5 — Apesar do interesse manifestado por Nestor Victor, Pena de Talião foi pu-blicada em 1914 pela Livraria Mundial (Lobato & Cia.) sem qualquer ilustração.

6 — Em 1913 Hermes Fontes publica Gênese.

7 _ Trata-se de Apoteoses publicada em 1908. O estudo referido por Nestor Victor será incluído na Crítica de Ontem.

' g Trata-se do Centro de Letras do Paraná. A dúvida do autor já aparece em A Terra do Futuro quando diz à página 197 "fundou-se ultimamente um Centro lite-rário". 9 j

o sé Henrique de Santa Rita viveu no Rio durante a fase "heróica do

sim-bolismo" razão pela qual o próprio Cruz e Sousa em carta a Gonzaga Duque irá incluí-lo entre os autores estreitamente relacionados com a "nova tendência". Após ' retornar ao Paraná, onde permanecerá retraído durante algum tempo, publicará na revista Fanal (entre outras) um ensaio "Introdução ao estudo crítico da Ilusão" (n.° 15 a 17 abril a junho 1913) p. 243-253).

10 — Importante referência sobre a relação entre a atividade crítica e a vida literária quando o autor queixa-se do "apadrinhamento" de obras, "encomendas" de noticia, etc.

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Correspondência inédita de Hestor Victor dos Sanios a Emiliano Perneita (11)

tauração d o parnasianismo p r e g a d a p e l o Bilac.u segundo m e dizes; não a c o m p a n h o as revistinhas de q u e elle é p a p a . Acho, p o r é m , a coisa m u i t o explicável, si ligarmos mais esse p h e n o m e n o aos outros que caracterizam a aberração do m o m e n t o .

E s t i m o b e m que o nosso D o m i n g o s ande contentissimo. " A Hulha B r a n -c a " 1 2 p o l - o na -corrente, afinal. N ã o f o i à tôa que elle se l e m b r o u d e r e -c o r r e r a tão poderosa f o r ç a . Si, p o r é m , elle pensa p o d e r utilisala para coisas p o -líticas, não lhe vá acontecer f i c a r e n v o l v i d o no r o d o p i o das cataratas. É curioso observar-se de que recursos se serve a natureza até para o b r i g a r os poetas a d a r e m de si o que t e m de dar, quando lhes falta o p u r o enthusiasmo pelas coisas i d e a e s . . . 1 3

H o n t e m respondi a o S r . Lavai satisfazendo u m p e d i d o que ele m e fez-A coisa é relativa a o l i v r o da Lucie. 14 c u j a publicação v e j o q u e está sendo difficil, m e s m o não f a z e n d o ele questão de m a i o r ou m e n o r despeza. Ë uma desgraça este paíz, quando se cahi n o capítulo das letras.

F i c o à tua espera, meu c a r o . Conto que, juntos, p o d e r e m o s m o d i f i c a r as tediosas conseqüências desta a m a r g a q u e o nosso o u t o n o vos d á . F a l o d o o u t o n o da v i d a . Quando a o inverno q u e estamos, esse representa m a i s u m l o g r o para nós aqui no R i o . pois está sendo quasi que u m c o m p l e t o p r o l o n g a m e n t o d o v e r ã o .

A t é p o r cá. A f f e c t o s d o teu

N e s t o r R . Itapirú, 326.

11 — A visão lúcida do momento de crise e as distorções apresentadas pela sua projeção na literatura dão ao qrítico uma oportunidade de fazer novas restrições ao parnasianismo e à liderança de Bilac.

12 — A obra de Domingos Nascimento a que se refere Nestor Victor ë A Hulha Branca do Paraná que tem como subtítulo "vulgarização e estatística em bela prova de arte", já citada em Terra do Futuro como obra "inédita". Domingos Nasci-mento que desenvolveu íntima atividade relacionada com os primórdios do simbo-lismo publicando Revoadas, Trenos e Anuidos, participando do grupo da Revista Azul além de outros periódicos, abandona os grupos ligados ao movimento para exercer outras atividades, sobretudo políticas, participando ocasionalmente de publicações. 13 — A ironia sobre "os recursos da natureza" presta-se para caracterizar a con-cepção simbolista de arte, teorizada na maior das vezes por Baudelaire em seus ensaios em que proclama "a imaginação criadora" a "arte mnemónica", o artificial

ou artefato.

14 — Nova referência aos trabalhos de "encomenda" onde parece estar incluído o prefixo & obra Dans l'ombre de Lucie Laval, publicada em 1924, com prefácio bilingüe por Nestor Victor.

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Correspondência inédita de Nestor Victor dos Santos a Emiliano Pernetta 111) R i o , 3 d e julho, 1914 Emiliano,

Conversando eu hontem c o m o meu a m i g o D r . Murtinho N o b r e , f a l e i - l h e da molestia de que s o f r e aquelle valentão, f i l h o de D . Elisa. Disse-lhe que os medicos ahi não lhe d a v a m v o l t a . Pela descripção que lhe f i z da doença disse-me elle que se deve tratar naturalmente d e u m sarcoma, molestia gravissima, é certo, mas que às vezes se consegue curar. D e u - m e a receita que v a e j u n t o .15 Convirá que se. persista n o t r a t a m e n t o p o r 4 mezes ou mais, e que nesse t e m p o i m m o b i l i z e - s e a coxa n o ponto e m que há o t u m o r a f i m d e que se possa f o r m a r a cicatriz. P a r e c e - m e q u e não custaria m u i t o ex-p e r i m e n t a r e m . E u tive muita satisfação e m o b t e r essa receita.

Quando vens? não deixes de avisar, c o n f o r m e c o m b i n a m o s . R e c e b e ainda este abraço p o r carta, d o teu

N e s t o r . R . Itapirú, 326.

Dos retratos que m e mandaste pelo Correio, q u e r o dizer q ' entre os retratos falta u m : aquele e m q ' nos p h o t o g r a p h a m o s os dois j u n t o s . T r á z e l - o quando vieres. S i m ?

N .

Rio, 20 de j u l h o d e 1914 Emiliano,

M a n d a - t e h o j e u m e x e m p l a r da " I l u s t r a ç ã o Brazileira", e m q u e v e m uma das chapas q u e ahi tiramos c o m o Santa e o Silveira. 16 Sahiu m u i t o b o m o trabalho. M a n d o t a m b é m u m e x e m p l a r a cada u m daqueles nossos companheiros. Quasi todos os jornais já t e m f a l a d o elogiosamente d o opús-culo d o S i l v e i r a ;1 7 ainda h o j e lhe m a n d o coisas nesse sentido. N ã o se p o d e contar no caso c o m a espontaneidade q u e houve para c o m o trabalho d o Domingos, e m consequencia principalmente da edição e m q u e as paginas

15 — Acompanhando a correspondência de Cruz e Sousa a Nestor Victor pode-se observar o costume de recorrer a aconselhamentos de saúde ou receitas por corres-pondência (Vide carta de Cruz e Sousa 18/3/1986, carta do Dr. Monteiro Azevedo 27/3/1987, incluídas na obra de R. dc Magalhães Jr. Poesia e vida de Cruz e Sousa). Neste tipo de problemas Nestor Victor sempre manilesta o maior interesse, obtendo •receitas, transmitindo conselhos médicos.

16 — Em junho de 1914 a Revista Ilustrada (Rio) publica a referida foto onde aparecem Emiliano Perneta Nestor Victor, Santa Rita e Silveira Neto.

17 — Em 1914 Silveira Neto publica Do Guaira ao Saltos do Iguaçu, obra ilus-trada porém tipograficamente mal apresentada.

(8)

Correspondência inédita de Hestor Victor dos Sanios a Emiliano Perneita (11)

d o p o e t a do L u a r d e H i n v e r n o se apresentaram. Ainda assim, j á se p o d e dizer que a coisa f o i m u i t o b e m r e c e b i d a .

Peço-te u m obsequio: não deixes de m a n d a r tirar tuna dúzia de exem-plares daquelle teu r e t r a t o que m e deste para p o d e r m o s f a z e r f a c e aos pedidos das relações quando tinham de noticiar alguma coisa a teu r e s -peito: estamos agora n a loucura da e s t a m p a r i a .

A s coisas p o r aqui continuam m u i t o exquisitas, m a s a gente v a i tratand o a o menos tratande f i n g i r que v i v e . V e m quanto antes para m e tratandar m a i s c o -r a g e m . Se-rás aqui m u i t o b e m -recebido a o menos pela -r o d a q u e anda c o m asco pelas cinsanias e pelas infamias da e p o c a . . . estivesse: no terreno lite-rário. As vezes, m e u Emiliano, a gente t e m d e segurar a cabeça v e n d o andar tudo e m roda. — tal é a tonteira que tudo isto nos causa. P a r e c e que todos e tudo r o d o p i a numa loucura s ó . . .

A penna está m u i t o ruim, m a s eu não tenho c o r a g e m d e mudal-a. T a m b é m j a está feita a carta só resta a g o r a m a n d a r - t e muitas saudades e aos nossos a m i g o s . Quem as m a n d a é o teu

Nestor-R . Itapirú, 326.

Rio, 9 de D e z e m b r o 1914 Emiliano,

R e c e b i h o n t e m tua carta. A n d a v a para escrever-te j a ha muitos dias, m a s m e faltava o estimulo, que tua carta m e veiu d a r .

C o m o te acontecia, até ha pouco a linha d o Cisne era a minha p r e o -cupação constante. A g o r a t a m b é m j a estou aliviado dessa obsessão. 19 Os ingleses estão accumulando f o r ç a s de cada v e z mais consideráveis n o C o n -tinente e desse m o d o p e l o menos garantindo p o r enquanto Paris e Calais. O g o v e r n o f r a n c e z v a e v o l t a r para a sua capital, o q u e é p r o v a d e q u e esta j á está s u f f i c i e n t e m e n t e garantida da invasão. O diabo é que a guerra parece t e r de p r o l o n g a r - s e ainda p o r m u i t o t e m p o . C o n f i r m a - s e h o j e a r e t o m a d a de Londres pelos allemães e p o r conseguinte desenhase a p o s -sibilidade destes v o l t a r e m de n o v o a a m e a ç a r V a r s o v i a . O exercito russo

18 — £ interessante a observação sobre o entusiasmo mundano que invadiu as letras no periodo desta carta. Vide notas & carta 3.

19 — Observe-se a auto-critica de Nestor Victor contida na consciência da antiga pela "lenda do Cisne" e a razão que motivou um certo abandono da preocupação constante em promover a obra de Cruz e Sousa. È bem verdade que superada a inquietação da guerra Nestor Victor retomará a defesa do "Cisne Negro" como no ensaio Elogio do Amigo, obra que caracteriza a sua opção pelo intimismo manifes-tado na "teoria da amizade", teoria esta cujos conceitos significarão a sua fcvrma de antitese à cumplicidade dos cenáculos literários.

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Correspondencia inédita de Nestor Victor dos Santos a Emiliano Perneita (11) accumulado nas fronteiras ainda não e t ã o n u m e r o s o c o m o dizem os telle-g r a m m a s . H o m e n s não f a l t a m à Russia, m a s transportal-os até o scenario da guerra devidamente municiados, ahi é que está a questão, tanto mais na estação hibernal. Quer m e parecer que s ó depois dos p r i m e i r o s mezes d o anno v i n d o u r o é q u e p o d e r ã o d a r acontecimentos mais decisivos e m f a v o r dos alliados. A t é há m u i t o conseguirão estes i m p e d i m e n t o s o i n i m i g o d e realisar qualquer u m dos seus mais importantes o b j e c t i v o s . A Allemanha só p o d e r á ser vencida p e l o cansaço e pelo esgotamento de f o r ç a s e d e recursos, n ã o sendo, aliás, impossível que as circunstâncias ainda v e n h a m a i m p o r u m a paz que lhe não redunda numa derrota m u i t o desastrosa. N o p r i n c i p i o da guerra, estava no interesse dos alemães abreviarem-na o mais possivel, a g o r a está n o seu interesse alongal-a o quanto p u d e r e m . Elles j á passaram d e f a c t o para a posição defensiva, faltalhes gente p a r a p r e t e n d e r e m m a n terse numa o f f e n s i v a arrogante e c o n f i a n t e c o m o aque adaptaram n o c o -m e ç o das hostilidades. Mas essa defensiva, que ainda -m a l se caractérisa, pois quasi toda ainda se passa e m t e r r i t ó r i o estrangeiro, ainda é m u i t o r o -busta, e m e s m o quando se transporta p a r a o t e r r i t ó r i o a l l e m ã o p o d e r á ser m u i t o d e m o r a d a e m u i t o h e r o i c a . A l é m d e tudo, a natureza d o terreno, quer na França, quer na Polonia, quer na p r o p r i a Allemanha, lhes é m u i t o f a v o -l a v e -l . De tudo isto se conc-lue que o m u n d o n ã o entrará e m paz t ã o cedo. Isso representa u m a grande calamidade para toda a civilização, inclusive liara nós, — inteiramente desarvorados c o m o j a estavamos antes da guerra. 20 Lá se f o i o pouco d e alegria que ainda tinhamos, e não sei o que nos espera.

E m letras n e m é b o m f a l a r . Quasi que j á não ha mais isso p o r aqui. A não ser o ruidoso successo d o Felix Pacheco c o m o seu l i v r o de versos e a entrada d o Austregesilo para a Academia, de mais nada se t e m f a l a d o ulti-m a ulti-m e n t e no R i o a tal r e s p e i t o .2 1 E u v o u trabalhando c o ulti-m o posso, ulti-m a s confesso que b e m e s m o r e c i d o . Ainda o q u e so aquele, a ti e a m i m , é este interesse q u e estamos t o m a n d o pela guerra, — o unico phenomeno, afinal de contas, digno de absorver q u e m é h o m e m neste m o m e n t o . Consulte-nos ao m e n o s u m a coisa, e é que a França, e m b o r a continuando n o sacrificio precioso de tantos milhares d e vida, ainda, p o r dia, j a esta livre, — tanto quanto é possivel prever, — d e ser esmagada brutalmente pela b o t a allemã. c que, s e j a c o m o f ô r , o m u n d o j a se p ô d e considerar livre d o j u g o g e r m a -nico. T e r m i n e m as coisas c o m o t e r m i n a r e m , j a se p o d e dizer que falhou a cartada allemã. N ã o t e m duvida que u m a coisa, entretanto, v a i conse-guindo essa gente: é avalar d e cada v e z mais o mundo, p o r m o d o a d e i x a l - o m e i o e m ruinas quando o j o g o t e r m i n a r . Que será d o Brazil até la?! E

20 — Em 1914 Felix Pacheco publica sua obra Poesias. A entrada na ABL de An-tonio Austrigésilo, que colaborou em revistas simbolistas sob o pseudônimo de "An-tonio Zilo", não terá a mesma significação para o simbolismo que teve a fase de Felix Pacheco considerado a "oficialização" do movimento.

21 — A preocupação que a guerra provocou em Nestor Victor tem como manifes-tação concreta os trabalhos ligados à Liga Brasileira dos Aliados, que teve como presidente Rui Barbosa, vice-presidente José Veríssimo e como secretário Nestor Victor.

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Correspondencia i r i d i l i de Nestor Victor dos Sanios a Emiliano Pernetla (111

que será de nós, meu b o m amigo, que j a f o m o s colhidos nesta h e c a t o m b e quando nos era licito i r c o m e ç a n d o a sonhar c o m mais suaves dias para a nossa vida d e p o b r e s sacrificados até aqui? S e j a c o m o fôr, continuemos a corresponder-nos, a falar-nos ao menos assim á distancia, consolando-nos c o m o sentimento da nossa invariavel a m i z a d e -2 2 Ainda não sei se p o d e r e i ir neste v e r ã o até lá. as difficuldades cada v e z são m a i o r e s . V a m o s pas-sando menos mal de saúde, felizmente. T o d o s m u i t o se te r e c o m m e n d a m , inclusive o Fitinho, que j a fez e x a m e e t i r o u "distinçção c o m l o u v o r " E l l e agora anda m u i t o p r e o c u p a d o c o m gaiolas, q u e r dizer, c o m e ç a a t e r a p r e o cupação ilusoria d e todos nós. N ã o andas p r e o c c u p a d o c o m gaiolas t a m -b é m ? Saudades aos amigos e a ti, d o teu

Nestor. R . Itapirú. 326.

Rio, 23 de D e z e m b r o 1914 Emiliano,

R e s p o n d o a tua carta de 7. S ó h o n t e m pude ir v e r a Zulma, a q u e m dei teu r e c a d o . Perguntando-Ihe p o r q u e não apparecera ainda e m nossa casa, disse-me que, depois da molestia d a mãi, cahiu ella doente e doente esteve durante u m m e z . Realmente, está m u i t o magrinha e pallida. P a r e c e m e que lhe f a l t a m recursos para seguir. E n f i m , c o m o o João v a e ser d e p u tado geral, a situação mudará para ella d e n t r o de alguns m e z e s . E n c a r r e gareia muito e insisti de novo p o r q u e viesse passar algumas horas c o n -nosco. P r o m e t t e u v i r . Pobres das mulheres " h e r m o s o ser p a r a l l o r a r nas-cido". c o m o disse o hespanhol.

C o m o tudo, todas as minhas horas disponíveis, gasto-as e m pensar na guerra. Apenas, eu não tenho duvida sobre a victoria dos alliados, que cada vez mais segura se torna. Os allemães j á não tem e f f e c t i v o s para uma defeza e f f i c i e n t e no oeste e para o lado da Russia. E s t ã o agora f a z e n d o d e sesperados esforços p o r t o m a r V a r s o v i a a v e r si d e t ê m a invasão dos m o s -covitas, mas p e r d e m terreno todos os dias na França e na Belgica. Occupam apenas agora 1,75% d o territorio francez. N a p r o p r i a linha d o Aisne j a t e m recuado m u i t o . A o f f e n s i v a franceza acentua-se de dia para dia, assim c o m o a ingleza e a belga. N ã o ha muitos dias seguiram para os campos de operação 400.000 conscriptos francezes. Os inglezes j a t e m cerca d e 450.000 homens no continente e até a p r i m a v e r a hão d e ter u m m i l h ã o . Ja t e m e m armas dois milhões d e homens; p r e p a r a m agora u m exercito d e mais u m milhão, sem contar c o m as f o r ç a s coloniaes, q u e t a m b é m se estão erganisando principalmente no Canadá. O s russos tem recuado até aqui

22 — Nesta carta já fica delineado o sentido que o autor atribui ã amizade.

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Correspondencia inédita de Nestor Victor dos Santos a Emiliano Perneita (11) p a r a m e l h o r se f o r t i f i c a r e m n o Vistula, que á a chave d e V a r s ó v i a . A l o m a d a d e Mlawa, que elles conseguiram, tem-nos garantido p o r enquanto d o envolvimento, ja duas vezes tentado e m v ã o pelos allemães nesta u l t i m a investida. S e j a c o m o f ô r , entretanto, n ã o ha receiar u m desastre i r r e m e -diável nas tropas moscovitas. O g r ã o - d u q u e Nicolao, general e m c h e f e d o exercito russo, é u m brilhante capitão, q u e saberá sahirse o m e l h o r p o s s í -v e l nas actuaes emergencias, e, desde q u e não h a j a u m grande desastre e m f a v o r dos allemães, o que estes lucrarão p o r f i m será a p e r d a d e m u i t a s centenas d e milhares de homens de sua parte, quando o exercito teutonico ja não está e m condições d e reparar mais tão grande s a c r i f í c i o . A o s russos não f a l t a m homens, f a l t a m provisões e d i f f i c u l t a - s e c o m o i n v e r n o o serviço da intendencia. Mas, vencidos ou vitoriosos nesta refrega, u m a v e z q u e e v i t e m ser envolvidos e esmagados horrivelmente, — d e n t r o e m p o u c o t e r ã o os allemães de n o v o que enfrental-os, e ahi j a enfraquecidos, ou então r e f o r ç a d o s p o r contingentes q u e f a r ã o g r a n d e falta, cada vez maior, p a r a o lado d e oeste. P o r mais q u e eu m e e s f o r c e p o r ter isenção d e m o m e n t o , e descobrir o m e i o p e l o qual os allemães ainda p o d e r ã o alcançar a v i c t o r i a nesta guerra, n ã o o acho, a não ser e m t e r r e m o t o s , grandes revoluções nos paizes alliados, ou coisas assim inteiramente imprevisíveis. Ê certo, no entanto, que só o f a c t o de alongar-se esta guerra, c o m o parece terá d e se alongar, causa-nos grande tristeza e fundas appreehensões. Sobretudo, pela França. Os allemães j a d e v e m ter p e r d i d o acerca d e 1.500.000 homens, m a s calcula-se que os francezes t a m b é m j a p e r d e r a m 700.000 homens, m a i s ou menos; as perdas da p a r t e da França t e m sido d e pouco mais d e 34%, o que é t e r r í v e l . A t é o f i m da guerra, a França terá sacrificado talvez n a d a menos de 2.000.000 homens, e p a r a u m país q u e j a s o f f r e de despopulação chronica isto é medonho. R e c e i o m u i t o d o f u t u r o da França 23 depois desta Guerra: ella sahirá desabafada daquelle pesadelo q u e a o p p r i m i u durante 40 annos; m a s poderá p o r m u i t o t e m p o sustentar seu papel d e nação d e p r i m e i r a ordem, diante das novas potencias mundiaes que ahi surgem c o m centenas d e milhões d e habitantes para cada uma?. A guerra actual n ã o representará a desorganisação da Europa culta e m f a v o r d e u m a E u r o p a barbara, e m que a Russia represente u m papel m u i t o predominante, talvez alliada a o Japão e conseguintemente ainda mais perigosa para o m u n d o occidental? A própria Inglaterra poderá f a z e r f a c e a onda revolucionária q u e j a lhe ameaçava a segurança antes da guerra? T o d a s estas apprehensões â que m e acabrunham, mais d o q u e o p r o p r i o h o r r o r da i m m e n s a c a r n i f i -cina actual. A l é m d e tudo isso, ha que pensar na triste sorte d o nossos paiz, que não sei c o m o se ha de sahir si a luta na E u r o p a continuar p o r m a i s

23 — A preocupação com o destino da França reafirma a posição do critico já manifestada em sua obra Paris (1911) quando situa a civilização francesa numa "po-sição central", privilegiada, que lhe impõe as mais sérias responsabilidades, mas que por outro lado é a mais alta e mais bela a que lhe fora dado inspirar" p. 281.

Cam-panhas em favor da França também foram desenvolvidas por João Ribeiro, Bilac e sobretudo por José Venissimo no periódico O Imparcial.

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Correspondência inédita de Netter Viciar des Santo! a Emiliana Pernetta (11)

u m anno ainda. N o futuro, toda a A m e r i c a d o Sul terá m u i t o a ganhar c o m as convulsões d o v e l h o m u n d o . As correntes imigratórias tornar-se-ão collo-saes, principalmente si após a guerra das nações e n t r e si v i e r e m as guer-ras civis, quasi inevitáveis. M a s até lá c o m o nos arranjaremos, nós, que ainda estamos presos p e l o e m b i g o à Europa, e à A m é r i c a d o N o r t e , p o r q u e de lá é que nos v e m o dinheiro q u e nos sustenta, o trigo que nos sustenta, quasi tudo que nos sustenta, ainda?! C o m franqueza, nestas conjuncturas, u m h o m e m chega a i n v e j a r os imbecis e as mulheres, que são incapazes de p e n -sar, que v i v e m e m t e m p o s c o m o estes cuidando apenas dos seus interesses d e cada dia. tratando c o m o p o d e m de g o z a r a h o r a presente, até j á esqueci-dos d e que a E u r o p a está pegando f o g o . Realmente, afinal que nos adiantam tamanhos tormentos? O diabo é que p o r m a i s q u e a gente se e s f o r c e não acha graça alguma no m u n d o agora, e que d o f a c t o tudo está m u i t o sem graça, principiando pelas nossas lettrinhas -4. N ã o entretanto, q u e e m v á trabalhando c o m o posso. Continuo a organizar meus trabalhos j a feitos e a p r o d u z i r al-guma coisa, — pouca cousa de n o v o . O B u e n o M o n t e i r o anda para o N o r t e , numa cavação qualquer, não lhe pude conseguintemente, d a r o seu r e c a d o . N ó s aqui p o r casa v a m o s sem m a i o r n o v i d a d e . As meninas ainda e m exa-m e s . O T i t i n h o v a e b e exa-m . T o d o s te exa-m a n d a exa-m leexa-mbranças. Andas exa-m u i t o sósinho p o r ahi? Eu t a m b é m ando, e estou n o R i o . A solidão é dos velhos, m e u caro; v a m o s nos c o n f o r m a n d o c o m ella, que a velhice, j a tão p r ó x i m a , para isso f o i feita E s c r e v c m e sempre, a o menos para distrair. E u t e escreverei s e m -p r e t a m b é m . E até outra, m e u caro E m i l i a n o .

N e s t o r R . Itapiruí. 326.

24 — Referência irónica äs letras para o novo rumo de seu pensamento não mais poderá aceitar isolamento aristocratização e o preciosismo nas idéias. Se a guerra não determinou uma compreensão da literatura como militância, a revisão de va-lores já se faz sentir, pois o critico não mais defenderá o "doce refúgio do mundo interior", ainda que tente resolver a questão a partir do sentimento fraternal de amizade (Vide O elogio do amigo, publicado em 1921).

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