• Nenhum resultado encontrado

Documentação e conservação do patrimônio cultural industrial edificado em Iguatu-CE: estudos de caso sobre a ponte ferroviária e a cidao s/a / Documentation and conservation of industrial cultural heritage built in Iguatu-CE: case studies on the railway b

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Documentação e conservação do patrimônio cultural industrial edificado em Iguatu-CE: estudos de caso sobre a ponte ferroviária e a cidao s/a / Documentation and conservation of industrial cultural heritage built in Iguatu-CE: case studies on the railway b"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

Documentação e conservação do patrimônio cultural industrial edificado em

Iguatu-CE: estudos de caso sobre a ponte ferroviária e a cidao s/a

Documentation and conservation of industrial cultural heritage built in

Iguatu-CE: case studies on the railway bridge and cidao s / a

DOI:10.34117/bjdv6n3-152

Recebimento dos originais: 10/02/2020 Aceitação para publicação: 11/03/2020

Rodrigo Rolim De Sousa

Universidade Federal do Ceará. Departamento Arquitetura, Urbanismo e Design. Av. Visconde do Rio Branco 2955, 402-B. Fortaleza-CE CEP: 60055172

rodrigorolim81@gmail.com RESUMO

A pesquisa ora apresentada reporta-se ao acervo do patrimônio cultural industrial localizado em Iguatu, no sertão do Ceará, edificado entre os anos de 1910 e 1930, e relacionado à extinta Companhia Industrial de Algodão e Óleos – CIDAO S/A, com vistas a sua conservação. Parte relevante da história da cidade e da industrialização do Estado estão constituídas na paisagem urbana dos bairros do Prado e Santo Antônio, localizados no município de Iguatu, delineados a partir da expansão ferroviária e da atividade algodoeira. Objetiva-se, através do estudo destes sítios, estabelecer o corpus patrimonial e a sua relação com os agentes públicos e privados. A metodologia utilizada desenvolveu-se procurando oferecer continuidade às pesquisas consolidadas referentes ao patrimônio urbano e arquitetônico do período colonial, aliando-se aos esforços em curso no campo patrimonial de natureza industrial de Fortaleza, Ceará. Guarnecido de levantamento fotográfico e mediante consultas bibliográficas, fez-se um rigoroso exercício de reconstituição cartográfica. O Estudo analisa a relevância de inventariar algumas das obras abordadas e identificar outras possíveis, em seus diversos usos e escalas. Em especial, destaque-se a Estação Ferroviária de Iguatu, a Capela de Nossa Senhora das Dores, a Vila Operária e o Hospital Santo Antônio dos Pobres – edificações que são plurais e que refletem a realidade dos mais diversos grupos que integram aquela sociedade. Entende-se, assim, que as ações de conservação devem ser coordenadas e integradas por todas as entidades envolvidas no processo de conservação, sejam públicas ou privadas. Ademais, foram apresentados dois estudos de caso, envolvendo a Ponte Ferroviária sobre o Rio Jaguaribe e a CIDAO. O primeiro aborda o equipamento ferroviário, que, depois de extinta sua função original em razão da desativação da rede ferroviária até então existente, sofreu ações mínimas de conservação, mas, apesar disso, tornou-se o principal monumento histórico da cidade. O segundo, por sua vez, envolve os galpões onde funcionavam a CIDAO S/A, que, tendo permanecido sem uso após o encerramento das atividades da companhia, foram transformados em campus universitário. No entanto, ao final da pesquisa, observa-se a necessidade emergente de uma integração dos atores sociais, assim como, uma articulação entre a Prefeitura Municipal do Iguatu, o Governo do Estado do Ceará, a Diocese do Iguatu e o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, para o desenvolvimento de ações públicas eficientes e coordenadas.

Palavras-chave: Patrimônio industrial; arquitetura ferroviária; conservação patrimonial. ABSTRACT

The research presented here refers to the collection of industrial cultural heritage located in Iguatu, in the hinterland of Ceará, built between the years 1910 and 1930, and related to the extinct Companhia Industrial de Algodão e Óleos - CIDAO S / A, with a view to its conservation. A relevant

(2)

part of the history of the city and the industrialization of the State are constituted in the urban landscape of the neighborhoods of Prado and Santo Antônio, located in the municipality of Iguatu, outlined from the railway expansion and cotton activity. The objective, through the study of these sites, is to establish the heritage corpus and its relationship with public and private agents. The methodology used was developed in order to provide continuity to the consolidated researches referring to the urban and architectural heritage of the colonial period, allying with the ongoing efforts in the industrial heritage field of Fortaleza, Ceará. With a photographic survey and through bibliographic consultations, a rigorous exercise of cartographic reconstruction was carried out. The Study analyzes the relevance of inventorying some of the works covered and identifying possible others, in their different uses and scales. In particular, the Iguatu Railway Station, the Chapel of Nossa Senhora das Dores, the Vila Operária and the Hospital Santo Antônio dos Pobres stand out - buildings that are plural and that reflect the reality of the most diverse groups that integrate that society. It is understood, therefore, that conservation actions must be coordinated and integrated by all entities involved in the conservation process, whether public or private. In addition, two case studies were presented, involving the Railway Bridge over the Jaguaribe River and CIDAO. The first deals with railway equipment, which, after its original function was extinguished due to the deactivation of the rail network that had existed until then, underwent minimal conservation actions, but, despite this, it became the main historical monument in the city. The second, in turn, involves the warehouses where CIDAO S / A operated, which, having remained unused after the closure of the company's activities, were transformed into a university campus. However, at the end of the research, there is an emerging need for an integration of social actors, as well as an articulation between the Municipality of Iguatu, the Government of the State of Ceará, the Diocese of Iguatu and the Institute of Historical Heritage and Artístico Nacional - IPHAN, for the development of efficient and coordinated public actions. Keywords: Industrial heritage; railway architecture; heritage conservation.

1 INTRODUÇÃO

O município de Iguatu está localizado na Região Centro-Sul do estado do Ceará, a 385 km de Fortaleza, e figura entre os municípios mais populosos e desenvolvidos do Estado. Apresenta população estimada de 102.498 habitantes (IBGE, 2010) e tem seu desenvolvimento iniciado com o processo de industrialização decorrente da cotonicultura que ocorreu no início do século XX, sendo, hoje, centro de referência regional, conforme demonstra a Figura 01.

(3)

Figura 01 - Mapas sobre foto aérea do Google Maps.

Fonte: Arquivo Pessoal do Autor

O presente artigo reporta-se ao patrimônio industrial da cidade entre as décadas de 1910 e 1930, extraído de pesquisa em curso sobre as cidades de médio porte do interior cearense. Em ordem cronológica, são descritos e situados os principais edifícios do núcleo histórico da cidade e de sua expansão, dos quais fazem parte a Ponte Ferroviária e os bairros Cidao, Prado e Santo Antônio.

Procurou-se, por meio de um breve histórico, situar as origens da urbe através do conjunto edilício erguido nos processos de desbravamento, aldeamento, formação de missões, criação de povoado, elevação da vila e emancipação da cidade. Após síntese histórica sobre a industrialização cearense, a passagem da ferrovia pela cidade e o espalhamento do tecido urbano, este estudo identificou indícios de uma intenção de modernização e de busca de beleza no espaço urbano e arquitetônico, tanto na legislação quanto em registros da época.

Como acervo do patrimônio cultural erguido no intervalo de 20 anos objeto desta pesquisa, foram identificados a Companhia Industrial de Óleos e Algodão – CIDAO, a Ponte Ferroviária, a Vila Operária, a Estação Ferroviária, a Capela de Nossa Senhora das Dores (Capelinha do Prado) e o Hospital Santo Antônio dos Pobres.

(4)

Os bens culturais identificados, com exceção da Ponte Ferroviária, fazem parte do perímetro de primeiro movimento de expansão do tecido urbano em torno do núcleo inicial (GUIMARÃES, 2000). Além da localização geográfica, buscou-se identificar os equipamentos que apresentem vários estágios de uso social, com um maior ou menor grau de adaptações, como a CIDAO, onde uma indústria passou a funcionar como um Campus Multi-institucional Educacional, e a Ponte Ferroviária, que não apresenta mais a função original, mas que se tornou um monumento histórico.

2 BREVE HISTÓRICO

2.1 AS ORIGENS DA TELHA (IGUATU) – MISSÕES, DATAS DE SESMARIAS, FREGUESIA, POVOADO, VILA E CIDADE

A colonização do território cearense ocorreu tardiamente quando comparada com a região da Zona da Mata e do Agreste do Nordeste. Somente no século XVIII, com a expansão da atividade criatória rumo ao interior da colônia, o Ceará foi efetivamente ocupado. “Logo que alcançavam o sertão nordestino, ainda desabitado por ‘homens brancos’ os desbravadores requeriam suas sesmarias, na maioria das vezes ao longo dos rios, e davam sequência a abertura de caminhos” (JUCÁ NETO, 2012, p. 242).

Segundo Nogueira (1985, p.29), em 1681, o Sargento-mor João de Sousa de Vasconcelos, no local Quixoá, e pouco depois, em 1682, Francisco Nogueira Lima, na localidade de Itans, sítio Irapuás, foram responsáveis por desbravar e ocupar as terras que originariam o povoado de Telha, posteriormente denominado Iguatu. A posse das terras foi acompanhada de conflitos entre os desbravadores, sesmeiros e os povos nativos. Os indígenas Tapuias, dentre eles os Jucás e os Quixelôs, eram nações vizinhas e belicosas, que, segundo Aragão (1998), disputavam entre si a preeminência de espaço.

Sobre as sesmarias, consta que a data de entrega destas ocorreu em 26 de janeiro de 1706, tendo sido beneficiados o Capitão Lourenço Gonçalves de Moura e Teodózio Nogueira.

(5)

Figura 02 - Exercício de reconstituição cartográfica sobre foto aérea do Google Maps.

Fonte: Arquivo Pessoal do Autor

Ainda segundo o Nogueira (1985), através do Jesuísmo, em 1707, coube ao Padre João de Matos Serra, prefeito das missões no Ceará, a tarefa de unir as tribos com o pressuposto de que no local se instalaria um acampamento missionário. Já Nogueira (1985, p. 25) atribui aos frades Carmelitas e revalida: “reafirmo que membros desta ordem religiosa (Carmelitas) e não dos da Companhia de Jesus (Jesuíta) fizeram o trabalho de catequese destes indígenas.” O autor informa que, dos diversos povos que foram aldeados no povoado da telha, os Quixelôs, por volta de 1719, representavam aqueles que mais tempo permaneceram.

Em relação às edificações, estima-se que em meados dos setecentos já estivesse em construção a Capela da Missão da Telha, erguida com a contribuição dos silvícolas Quixelôs e sob a orientação dos Carmelitas.

Nas vilas cearenses que foram elevadas em meados do século XVIII, no auge da atividade pecuária, observou-se uma intenção de controle do uso do solo urbano por parte do Estado Português. De acordo com Azevedo (2011), existiu regularidade no traçado de vilas e cidades brasileiras a partir do momento em que a Coroa era forçada a defender seus interesses comerciais, sua costa, e a realizar ocupação efetiva e controlar a expansão da colônia (AZEVEDO, 1990).

(6)

(...) sua Carta Régia de 20 de junho de 1736, determinava que (...) dever-se-ia marcar a praça e dali delinear ruas retas, bastante largas, deixando espaço “pa se edificarem as cazas nas mesmas directuras” (...). (JUCÁ NETO, 2012, p. 296)

Telha somente tornou-se Vila no século seguinte. Porém, por volta de 1767, foi reconhecida “oficialmente, como possuidora de povoamento apreciável, inclusive ‘com gente capaz de servir os diversos cargos”, quando a câmara de Icó representou contra a criação das Vilas de Arneirós (antiga missão dos Jucás) e S. Mateus.” (NOGUEIRA, 1985, p.41). Constata-se que o controle no planejamento ocorria com alguns critérios que iam além da geometria dos sítios, sendo levado em consideração outros aspectos − o que revelava um certo acompanhamento e controle dos povoados e vilas no século XVIII.

Diferentemente do controle urbano que foi predeterminado nas vilas setecentistas, os demais povoados que surgiram no século XIX no Ceará não foram acompanhados do mesmo rigor que ocorrera no período Pombalino. Devido a um cenário de instabilidade econômica, assolada por fortes períodos de estiagem (que fez substituir parcialmente a pecuária pela cotonicultura) e com o deslocamento do eixo econômico da colônia para o sudeste, a província do Ceará não inspirava grandes expectativas. A ausência das edificações administrativas demonstrava este cenário de enfraquecimento econômico: “O ínfimo patrimônio camarário foi uma das razões locais responsáveis pela imagem de abandono e de ruína das principais vilas cearenses...” (JUCÁ, 2012, p.313).

Em 1831, através de decreto provincial, foi criada a Freguesia da Telha, separada de São Mateus (Jucás) sob a invocação de Senhora Sant’Ana. Neste quadro, a Povoação da Telha é desmembrada do Município do Icó pela Lei Provinçal nº 558, de 27 de novembro de 1851, sendo que sua inauguração ocorreu somente em 1853 (NOGUEIRA, 1985, p.44). Em relação ao apresto administrativo, o autor afirma que em 1852 foi criado o Cartório e, no ano seguinte, deu-se o início da construção da Igreja Matriz1, apresentada na Figura 03.

1 Igreja Matriz de Nossa Senhora de Santana é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.

(7)

Figura 03 – Igreja Matriz Nossa Senhora de Sant’ Anna. e Casa de Câmara e Cadeia de Iguatu

Imagem 01 - Igreja Matriz Nossa Senhora de Sant’ Anna. Fonte: Tribuna Iguatu (2018). Imagem 02 e 03 - Casa de Câmara e Cadeia de Iguatu - Fonte: IBGE. (19--).

Em meio às transformações na vila, o cenário desolador do século XIX é alterado, passando o cultivo do algodão a despontar como atividade rentável e de valorização no mercado exterior. Este fato ganhou notoriedade durante a Guerra da Secessão, na década de sessenta, quando houve o comprometimento da atividade exportadora algodoeira dos Estados Unidos para o continente europeu, em especial, para a Inglaterra.

Neste ínterim, em relação a forma do vilarejo, de acordo com Nogueira (1985),

Quando se inaugurou a Vila da Telha, ela se situava de modo que num só todo, poderia ser vista de um lado a outro. (...) A Vila pela sua forma assemelhava-se a um quadro... Suas casas haviam sido construídas mais ou menos à vontade (…), medindo exatamente o mesmo tamanho de hoje: 334 metros de comprimento por 76 metros de largura (NOGUEIRA, 1985, p. 64 e 65)

Em 1888, é inaugurado o primeiro mercado, em 1890, a Cadeia. Esta última abrigava a Prefeitura e Câmara Municipal no pavimento superior e a cadeia no pavimento térreo. Até então, parte dos atos cívicos e administrativos eram realizados na Igreja − como, por exemplo, atos públicos, eleições, sessões do Tribunal do Júri, reuniões de caráter cívico, dentre outras atividades −, no consistório do edifício religioso (NOGUEIRA, 1985). (Vide Figura 03)

2.2 O CONTEXTO DE INDUSTRIALIZAÇÃO

Em relação à economia cearense no período colonial, as oficinas de charque e os engenhos de cana-de-açúcar representaram atividades proto-industriais e surgiram vocacionadas a partir do sertão para abastecer um mercado da colônia.

(8)

No início do Brasil imperial, com a abertura dos portos − quando ocorre uma internacionalização da economia e se inicia a industrialização brasileira de fato, resultante do processo global originado na Europa −, foram as relações com as outras nações, baseadas principalmente na exportação do algodão, que fomentaram o ciclo industrial.

Em Fortaleza, na segunda metade dos oitocentos, havia uma atividade industrial em fase embrionária, segundo Andrade (2012, p.133). Em relação ao setor têxtil, ainda segundo a autora, as primeiras tentativas reais surgem a partir de 1870 por parte dos Albanos (coronel Joaquim da Cunha Freire) e dos Justas (172).

Este ambiente econômico interno da província, estimulado pelo contexto internacional, impulsionava o cultivo do algodão no interior. Este, “assumindo importância fulcral no contexto agro-exportador cearense, constituiu, durante mais de um século, a principal atividade agrícola do Estado, ficando conhecido como o ―ouro branco.” (LIMA, 2011, p. 93). Ele representou fator prioritário para a implantação de infraestrutura para o escoamento da produção, visto que, naquele período, o transporte e as vias de circulação eram precárias.

2.3 O PATRIMÔNIO CULTURAL FERROVIÁRIO EDIFICADO

Em contexto de efervescência social e econômica da Fortaleza Belle Époque, nos idos de 1870, surgiu, a partir do entusiasmo com o progresso de um grupo de empresários locais, aliados a negociantes ingleses, a Estrada de Ferro de Baturité (EFB), e após oito anos, também foi autorizado pelo Governo Imperial a criação da Estrada de Ferro de Sobral (EFS).

Em 1910, as duas ferrovias são arrendadas à South American Railway Construction Company Limited (Sarccol), quando passa a ser chamada Rede de Viação Cearense – RVC. (CAPELO FILHO, 2010, p.23)

O período que corresponde ao gerenciamento inglês da ferrovia compreende o de inauguração da estação ferroviária de Iguatu e a construção da Ponte Metálica, entre 1910 e 1915.Sobre os primeiros impactos da RVC na cidade de Iguatu, segundo Dr. Alerano de Barros (1982),

Com a chegada da estrada de ferro, Iguatu sofreu profundas transformações. Foram construídas muitas casas novas. (...) Fez-se um cemitério novo. A rua do comércio chegou até a Praça da Estação. Estabeleceram-se dois hotéis (Iguatu antes da estrada de ferro não tinha nenhum). Abriu-se um cinema bem montado (Pelo menos, era muito superior aos de Viçosa e Maranguape). (BARROS, 1982, p.244)

Antes da inauguração da estação ferroviária, o pessoal flutuante na cidade limitava-se ao regime de feira. Servia-se, para refeição, dos serviços de bares ou restaurantes, pequenos estabelecimentos localizados nas ruas centrais (ARAGÃO, 1997, p.82). Com a necessidade de pernoite para o embarque e desembarque, ainda de acordo com o autor, a cidade passou a contar com

(9)

opções de hospedagens. Outros estabelecimentos comerciais e usinas de beneficiamento de arroz e algodão também surgiram, levando a expansão do centro comercial e consolidando a economia do município, que progrediu também no aspecto cultural e social (MONTENEGRO, 2017, p. 89). Em relação ao patrimônio cultural ferroviário, por seu aspecto linear, é importante informar que, além da Ponte Metálica sobre o rio Jaguaribe e de outras três de menores vãos, há mais três estações construídas, localizadas nos distritos de Suassurana, Jaguaribe e Alencar. Dentre estas, as duas últimas são contempladas com ramais; a primeira, fazendo ligação com Jucás e a segunda, levando até Orós, tendo sido este último fundamental para a construção do Açude de Orós. Um ramal auxiliar existiu, conduzindo o maquinário aos pátios internos da Companhia de Indústria de Óleo e Algodão – CIDAO, conforme é relatado por Montenegro (2010, p.59) através de episódio que marcou a cidade: O Prefeito Municipal de Iguatu, correligionários e um grande número de populares foram à estação ferroviária recepcionar a autoridade máxima do nosso país, Dr. Getúlio Vargas, Presidente da República. Palmas e gritarias foram intensas quando o trem surgiu de longe apitando, informando que estava chegando. (...) De repente, o inesperado: a poucos metros de chegar à estação, o trem foi desviado, curvou para esquerda e seguiu o ramal da estrada de ferro que era utilizado pela CIDAO. (MONTENEGRO, 2010, p. 59)

Com a chegada da estrada de ferro, a cidade presenciou um impulso na atividade comercial e passou a engrenar uma outra dinâmica. Estabeleceu-se como núcleo de uma rede urbana e influenciou o ritmo de outras cidades. Estas, quando eram servidas com a passagem dos trilhos e vocacionadas ao cultivo de produtos agropecuários, naquele cenário alvissareiro, escoava com maior liquidez a produção. Outras, pela ausência do transporte, foram condenadas à estagnação. O caso do Icó, que durante ciclo econômico da pecuária no século XVIII encabeçava o núcleo da rede na região, muito mais “antiga e famosa durante o decorrer do século XIX, decaiu a olhos vistos, cedendo lugar a (sua) antiga povoação e depois Vila da Telha.” (NOGUEIRA, 1985, p.159).

Em relação aos trâmites de planejamento da malha ferroviária, Montenegro (2017) afirma que Iguatu não estava incluída na rota do ramal sul da ferrovia de Baturité, a trajetória seria pela margem direita do curso normal do rio Jaguaribe (...) Provavelmente a cidade de Icó seria agraciada com a estação que pertenceria a Iguatu. Mas (...) o cel. Belisário Cícero Alexandrino, líder político de Iguatu (...) interferiu habilmente em prol do seu reduto político. (MONTENEGRO, 2010, p.17)

Apesar dos fatos apresentados, o Iguatu, antes de ser servido pelos trilhos, já possuía plano econômico de destaque e situação superior em relação à maioria das cidades do alto sertão cearense, e, depois disso, passou a centralizar várias atividades de uma extensa área no interior.

(10)

2.4 MODERNIZAÇÃO, SALUBRIDADE E EMBELEZAMENTO

É constatada preocupação com os aspectos relacionados à modernização e urbanização logo nos primeiros atos da câmara municipal de Telha nos anos de 1856 e 1857, em que se define a

Centralização da venda de gêneros alimentícios “nas casas do mercado” e no “açougue público”, com multas para os contraventores (ou prisão); pagamentos de impostos; obrigatoriedade dos empresários de dotar a banca do açougue de material adequado e manter a sua conveniente conservação; medidas de higiene: multa ou prisão, para a falsificação de gêneros que possam resultar danos à saúde pública”; obrigatoriedade de recolhimento de “vacas” nos quintais da Vila; obrigatoriedade de edificação de “casas” nos” terrenos que fossem aforados”; limitação de pescarias (...) fazer plantação de árvores que produzissem sombra “e demais pronto crescimento” (cajueiros, cajazeiras e jenipapeiros)... (NOGUEIRA, 1985, p.70)

Se até o presente momento desta pesquisa em curso não se constatou uma arregimentação rigorosa no traçado da Vila da Telha em meados do século XIX, tal qual no rigor das Cartas Régias observadas nas vilas cearenses do ciclo da pecuária, por outro lado, para o Iguatu, pode-se afirmar que há uma intenção higienista e de embelezamento.

Em 1911, foi inaugurado o matadouro público. “Construído de muralha, tendo dois telheiros, um no interior e outro fora, ao sol do curral” (NOGUEIRA, 1985, p.165). No ano seguinte, foi estendida a iluminação a outros locais da cidade, por quanto só havia lampiões na Praça da Matriz. “Na oportunidade, estes eram movidos a querosene e passaram a ser de acetileno, “produzindo uma luz muito melhor e bonita. Uma demonstração de espírito progressista.” (NOGUEIRA, 1985, p.165). Ainda segundo o autor, uma série de ações de embelezamento e de “outros melhoramentos experimentou a cidade... destacando-se um da maior relevância: a coleta de lixo feita por carroça. Iguatu desconhecia então essa necessária atividade higiênica” (NOGUEIRA, 1985, p.165). Consta ainda que foi iniciada a arborização da cidade bem como, que ocorreu a reforma do edifício de Câmara e Cadeia e que foi construído o primeiro calçamento, “o que ficava no tradicional Boulevard João Pessoa” (NOGUEIRA, 1985, p.167), ações realizadas entre os anos de 1913 e 1916.

Neste período, referente à atividade intelectual, ocorreu a criação do jornal Iguatu (cujo maquinário é considerado a primeira oficina da cidade), foi criada a “União Artística Iguatuense”, que construiu sede própria e o “Grêmio Literário Iguatuense”. Em 1917, foi construído o primeiro passeio na Praça D. Pedro II, no Quadro. “Na sua primitiva forma o aludido passeio, ainda que modesto, representava um melhoramento indiscutível, sendo, além do mais, uma obra de embelezamento para a cidade” (NOGUEIRA, 1985). O autor ainda complementa, informando que “a construção do passeio (ou Avenida, como se dizia) no Quadro deu mais vida a Iguatu e despertou

(11)

outros interesses, notadamente de natureza comercial” (NOGUEIRA, 1985). Em 1918, seguiu-se o calçamento por outras vias localizadas em zonas comerciais da cidade; na segunda década, em sete de setembro de 1923, após a colocação de 40 postes de iluminação a acetileno, espalhados no Quadro, na Rua do Fogo e para o lado da Estrada de Ferro, é instalada a iluminação elétrica.

Ainda referente à década de 1920, quando aproximadamente 6.000 pessoas habitavam a zona urbana, Iguatu “possuía um comércio ativo e uma indústria bastante adiantada. Era um dos primeiros centros produtores de algodão do Ceará, sendo o produto beneficiado em várias fábricas” (NOGUEIRA, 1985). As indústrias totalizavam nove, algumas com eletrificação própria. Havia uma usina, 40 lojas, um Caixa Rural, uma cervejaria, tipografias, padarias, serrarias dentre outros estabelecimentos, conforme Figuras 02 e 04.

Figura 04 - Usina de Algodão, Teatro de Iguatu e Palacete de Otacviano Benevides.

Imagem 01 - Usina de Algodão. Fonte: IBGE (19--). Imagem 02 -Teatro de Iguatu. Fonte: Acervo Gardevânia Farias. Imagem 03- Palacete de Otacviano Benevides. Fonte: Acervo de Gardevânia Farias

Nos relatos do jornalista Hugo Victor (1925), realizados àquela época, observa-se um ímpeto em parametrizar a análise da urbe sob as condições de modernidade e de acordo com as práticas higienistas comuns às cidades que surgiam ou se transformavam naquela época. De acordo com o autor,

A moderna construção de Iguatu, contrasta em tudo com a antiga, de prédios grosseiros e acachapados. Contam-se hoje, por exemplo, majestoso e belos edifícios, como o palacete Benevides (o primeiro em majestade e arquitetura), o dos srs. Gustavo Correia e Virgílio Correia (...). (VICTOR, 1925, p.16)

(12)

O autor reportou-se ao período colonial da mesma forma quando descreve o Mercado Público, que segundo ele foi

construído em estilo colonial, é o Mercado Público um prédio mal adaptado, formando um quadrado, no centro da cidade, em nada obedecendo aos preceitos higiênicos, apesar da grande área interna, a descoberto, servindo para o corte da carne, velhas bancas de madeira, carunchosas e sebentas.(VICTOR, 1925, p.17) Observou-se, inclusive, uma definição de “passeio” condizente com o entendimento moderno das urbes que buscavam conciliar a modernidade e o ajardinamento no início do século XX: ”A cidade não possui ainda um digno de nota, em relação ao seu grande adiantamento material. Na praça Matriz há um quadrilátero acimentado construído em 1915, mas desprovido de gramagem, sem água e sem estética” (VICTOR, 1925, p.16).

Ainda de acordo com os relatos do autor, “só a 7 de setembro de 1923, foi inaugurada a luz elétrica” e reinaugurada em 30 de agosto de 1924 − “na opinião de especialistas, superior à da capital” (VICTOR, 1925, p.16).

3 O PATRIMÔNIO CULTURAL INDUSTRIAL EDIFICADO NO IGUATU

Em conformidade com a carta patrimonial específica do International Council Aon Monuments and Sites - ICOMOS (Nizhny-Tägil/2003), as evidências da industrialização englobam, dentre outros, edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, entrepostos, armazéns, centros de produção, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como, os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas à indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação. Ainda de acordo com a Carta (2003), “o patrimônio industrial reveste um valor social como parte do registo de vida dos homens e mulheres comuns e, como tal, confere-lhes um importante sentimento identitário”.

Uma vez apresentados os objetos que possam formar um acervo cultural industrial e a justificativa de seus valores, contatou-se, ao discorrer sobre a recente história do Iguatu, que a cidade nasce inserida dentro do período histórico da industrialização. Destarte, não se verificou nenhum possível descomedimento na delimitação do corpus identificado ou, nas palavras de Choay (2001, p.13), não se” forçou as portas do domínio patrimonial”.

De outro modo, para a realidade em tela, que se caracteriza como um dos contextos regionais inerentes à complexidade de um país continental, com a diversidade cultural que lhe é peculiar e com características diferentes, Andrade Junior (2011, p.145) procurou evidenciar, independente dos aspectos estilísticos e tipológicos, seus valores documentais, monumentais e memoriais. Além destes, por serem formadores da paisagem cultural de Iguatu e por representarem “vestígios da cultura

(13)

industrial”, possuem ainda valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico e científico (NIZHNY, 2013).

Isto posto, a ocupação dos bairros em estudo foi influenciada pelo processo de industrialização. Destacam-se a Estação Ferroviária e a Vila Operária, apresentadas na Figura 05, como edificações relacionadas diretamente com o fluxo e a localização das indústrias. A primeira atraiu o crescimento da cidade e centralizou a implantação de outros serviços, relacionados principalmente ao comércio e à hotelaria. A segunda imprimiu na cidade um conceito habitacional até então desconhecido, ao tempo em que expandiu o perímetro urbano.

Figura 05 - Estação Ferroviária de Iguatu e Vila Operária.

Imagem 01 - Estação Ferroviária de Iguatu. Fonte: Ralph Mennucci Giesbrecht. (2011). Imagem 02 - Vila Operária. Fonte IBGE (19--) - Acervo dos municípios brasileiros. Imagem 03 - Vila Operária. Fonte: Google

(2019).

Em relação à Igreja de Nossa Senhora (Capelinha do Prado) e ao Hospital Santo do Antônio dos Pobres, ambos localizados nas proximidades da CIDAO e construídos no segundo decênio do século XX, estes estão relacionados ao desenvolvimento proporcionado pela industrialização. (Vide figura 06)

(14)

Imagem 01 - Vista aérea da Igreja de Nossa Senhora das Dores. Fonte: Coord. de Comunicação Prefeitura de Iguatu (2019). Imagem 02 - Foto Capela do Prado. Fonte: Diário do Nordeste. Honório Barbosa. Imagem 03

- Obra contemporânea do governo do Estado no entorno do Hospital. Fonte: Google (2019). Imagem 04: Hospital Santo Antônio dos Pobres. Fonte: Google (2019).

4 ESTUDOS DE CASO: PONTE FERROVIÁRIA E CIDAO 4.1 PONTE FERROVIÁRIA

Inaugurada em 1916, esta edificação consiste em extraordinária obra de engenharia para a época. Construída pelos ingleses da “South American Railway Construction Company Limited – SARCCOL”, alcança dois vãos de oitenta metros sobre o rio Jaguaribe. Do outro lado do Rio, encontrava-se o Icó e toda a região do Cariri. Somente após cinco anos da chegada da estrada de ferro à cidade, devido a razões políticas e administrativas e à complexidade de vencer o maior rio do estado, Iguatu foi deixado como o ponto final da linha. Esta condição criou uma dinâmica urbana e um fluxo diferenciado que contribuiu para alavancar sua economia.

Na década de 1980, a situação de trens de passageiros em todo o país ficou insustentável. Os planos de governo fizeram cortes e a Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) não pôde mais manter as atividades. No dia 12 de dezembro de 1988, pelo ramal sul da RFFSA, partiu o último trem de passageiros com destino ao Crato/CE.

A Ponte Metálica no Iguatu permanece cruzando o vão do Rio. A dimensão do equipamento torna as ações para sua conservação complexas, volumosas e delicadas. A cidade não apresenta um volume de desenvolvimento industrial promissor como aquele do período algodoeiro, assim como não é um polo cultural. Portanto, antes de quaisquer medidas, não seria este um caso de levar a cabo uma discussão mais ampla? O que representa manter uma estrutura com estas proporções em seu aspecto escultural? Como e quando será sua adaptação com a Ferrovia Transnordestina? Em que condições físicas se encontra? Estaria mantendo “uma autenticidade que constitui a sua própria essência, ao passo de cumprir, ao que parece”, a ruína e a desagregação progressiva que é destino de

(15)

todo monumento histórico (RUSKIN apud CHOAY, 2001, p.155)? Quais os valores envolvidos para estas tomadas de decisões?

Segundo Castriota (2011, p. 62),

no campo da conservação do patrimônio, os valores vão ser sempre centrais para se decidir o que conservar – que bens materiais representarão a nós e nosso passado – bem como para determinar o que conservar – que tipo de intervenção esses bens devem sofrer para serem transmitidos às gerações futuras. (CASTRIOTA, 2011, p. 62)

Sabe-se que, com a desativação do trem, sua trama metálica suspensa passou a funcionar como monumento histórico, pois nas palavras de Choay (1985), consiste em um artefato que com o tempo e seus valores históricos, artísticos ou simbólicos, adquiriu significação cultural. Embora não tenha sido feito com intenções memoriais, o equipamento adquiriu esta condição e representa o maior símbolo da cidade (Vide figura 07).

Figura 07: Imagem da Ponte Ferroviária.

Fonte: Autoria Desconhecida. (Acesso em 14/12/2019)

4.2 CIDAO

Com a estrada de ferro, várias indústrias do ramo têxtil instalaram-se em Iguatu. A Companhia Industrial de Algodão e Óleos – CIDAO representou aquela de maior relevância. Sobre isso, discorre Teixeira (2007 apud Lima, 2011):

(16)

A CIDAO chegou a Iguatu atraída pela grande produção algodoeira ocorrida no município na década de 20, quando outras usinas de proprietários filhos da terra emergem em consequência do ciclo algodoeiro, que a cada safra, aumentava, não somente em quantidade de pluma produzida, mas também pela sua valorização nos mercados nacional e internacional. (TEIXEIRA 2007 apud LIMA, 2011, p. 126). Após alguns anos fechado em razão da falência da empresa, o imóvel passou pelo processo de desapropriação através do Governo do Estado, e passou a abrigar um Campus Universitário. Fazendo o reuso de alguns remanescentes das atividades fabris, o complexo conta com área total de 37 hectares e área construída de 15.681,19m². De acordo com Giesbrecht (2011),

Dentro do projeto feito pelo Dr. Campelo, está a idéia de deixar a linha férrea que passa dentro da área e dois vagões de trem estacionados dentro da CIDAO como forma histórica de preservação da memória das antigas edificações" (GIESBRECHT, 2011).

No entanto, observou-se que, no decorrer desta obra, conforme reportagem em 27 de novembro de 2011, veiculada pelo Ceará Notícias, ocorreram prejuízos do patrimônio ferroviário:

...desapareceram da noite para o dia. Até mesmo três vagões de trem que estavam há dezenas de anos abandonados sobre os trilhos na antiga unidade foram cortados com o uso de maçarico, sem contar também com uma caixa d’água, com uma estrutura toda de metal, que sumiu sem deixar rastros. (GIESBRECHT, 2011).

Atualmente, o Campus Multi-institucional Humberto Teixeira, como foi denominado, representa um equipamento institucional de fundamental importância para toda região sul e centro-sul do Estado, que restabeleceu a vitalidade nos bairros próximos e contribui para a preservação da memória da cidade. (Vide figura 08)

(17)

Figura 08 - Galpões abandonados da CIDAO e Campus Multi-institucional Humberto teixeira

Figura 08: Imagem 01 - Vista aérea dos Galpões abandonados da CIDAO antes da conversão para o uso institucional Fonte: Google. Imagem 02 - Vista geral do Campus Multi-institucional Humberto teixeira –

Fonte: Site do Campus (2018). Imagem 03 - Vista aérea do Campus – Fonte: Google (2018).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As percepções levantadas nesta etapa da pesquisa revelaram que o legado arquitetônico e urbanístico entre os anos de 1910 e 1930, concentrados nos bairros Cidao, Prado e Santo Antônio, testemunham a formação de uma sociedade industrial, de intenções modernizante nos campos intelectuais e na ocupação do espaço urbano e nas correlações entre as classes operárias e as elites burguesas.

Identificou-se na cidade, além dos objetos apresentados, outros arquétipos de semelhante valor cultural, dentre eles, os edifícios ecléticos, protomodernistas e modernistas, representados por Clube Recreativo de Iguatu, Edificação do Aeroporto, Secretaria de Saúde, Associação Comercial de Iguatu, Abrigo Metálico, “Grupo Escolar”, Estádio de Futebol “Morenão”, Ponte Rodoviária sobre o rio Jaguaribe, Prefeitura Municipal de Iguatu, Serviço Social do Comércio – SESC, Correios e Secretaria Municipal de Educação − remanescentes de galpões de armazenamento de algodão da antiga COIGUATU e de outros juntos ao leito ferroviário, além de várias edificações de uso residencial de traços ecléticos e art déco.

Na pesquisa, observou-se, até o momento, a necessidade de realização de um inventário, da integração dos atores sociais e de uma articulação entre a Prefeitura Municipal do Iguatu, o Governo do Estado do Ceará, a Diocese do Iguatu e o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN para o desenvolvimento de ações públicas eficientes e coordenadas.

Conclui-se que os bens patrimoniais apresentados formam a paisagem cultural ao sul dos trilhos da cidade, além de estarem em uso e inseridos no cotidiano. Ademais, não inflacionam políticas públicas culturais, ações de requalificações urbanas extraordinárias, programas turísticos ou

(18)

planos de ações da indústria cultural, tornando-os notáveis e originais enquanto bens patrimoniais, em uma perspectiva crítica e sustentável. No entanto, para garantir a salvaguarda destes, é necessário identificar como estão sendo documentados e de qual forma tem ocorrido as intervenções de manutenção e conservação.

REFERÊNCIAS

ANDRADE JÚNIOR, Nivaldo Vieira de. Ampliação do conceito de Patrimônio edificado no Brasil. In: GOMES, Marco Aurélio A. de Filgueiras; CORRÊA, Elyane Lins (Coord). Reconceituações Contemporâneas do Patrimônio. Salvador: EDUFBA, 2011.

ANDRADE, Margarida Júlia F.S. Fortaleza em perspectiva histórica: poder público e iniciativa privada na apropriação e produção material de cidade (1810-1933). Fortaleza: Fundação Waldemar Alcântara, 2019.

ARAGÃO, R. Batista. Iguatu: História. Fortaleza: COPCULTURS, 1998.

AUTORIA DESCONHECIDA. Ponte Metálica. Formato JPEG. Disponível em: <http://wikimapia.org/11344099/pt/Ponte-Met%C3%A1lica-Trem#/photo/651257>. Acesso em: 14 dez. 2019.

CASTRIOTA, Leonardo Barci. Conservação e Valores. In: GOMES, Marco Aurélio A. de Filgueiras; CORRÊA, Elyane Lins (Coord). Reconceituações Contemporâneas do Patrimônio. Salvador: EDUFBA, 2011.

CAPELO FILHO, José; SARMIENTO, José. Arquitetura Ferroviária no Ceará: Registro Gráfico e Iconográfico. Fortaleza: Secretaria de Cultura do Estado do Ceará: Edições UFC, 2010.

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Edição Liberdade: Editora UNESP, 2001.

FARIAS, Gardevânia. O Conciso Inventário do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Iguatu. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2011.

(19)

FERNANDES NETO. Sumiço de material de demolição da antiga CIDAO em Iguatu será investigado pelo Governo do Estado. Ceará Notícia, 27 nov. 2011. Disponível em: <https://www.cearanoticia.com/2011/11/sumico-de-material-de-demolicao-da.html>. Acesso em: 12 dez. 2019.

GIESBRECHT, Ralph Mennucci. Rede de Viação Cearense (1910-1975). Estações Ferroviárias. 30 jan. 2019. Disponível em: <https://www.estacoesferroviarias.com.br/ce_crato/iguatu.htm>. Acesso em: 13 dez. 2019.

GOOGLE. Google Street View. Vila Operária. Disponível em: 14 dez. 2019.

______. ______. Obra contemporânea do governo do Estado no entorno do Hospital. Disponível em: 14 dez. 2019.

______. ______. Hospital Santo Antônio dos Pobres. Disponível em: 14 dez. 2019.

GUIMARÃES, Antônio Luciano de Lima (coord.). Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Iguatu. Caracterização do Município de Iguatu. Fortaleza, abr. 2000. Inclui mapas.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Iguatu. Panorama. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/iguatu/panorama>. Acesso em: 14 dez. 2019.

______. Câmara Municipal e Cadeia Pública: Iguatu, CE. Formato JPEG. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.html?id=435869&view=detalhes>. Acesso em 14 dez. 2019.

______. CE35825. Formato JPEG. Disponível em:

<https://servicodados.ibge.gov.br/api/v1/resize/image?maxwidth=600&maxheight=600&caminho= biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/fotografias/GEBIS%20-%20RJ/ce35825.jpg>. Acesso em: 14 dez. 2019.

JUCÁ NETO, Clovis Ramiro. Primórdios da Urbanização no Ceará. Fortaleza: Edições UFC: Editora Banco do Nordeste do Brasil, 2012.

(20)

KÜHL, Beatriz Mugayar. Preservação do Patrimônio Arquitetônico da Industrialização: Problemas Teóricos de Restauro. 2.ed. Cotia: Ateliê Editorial, 2008, p.58.

LIMA, Átila de Meneses. A Geografia Histórica de Iguatu-CE: uma análise da cultura algodoeira de 1920 a 1980. 2011. 213 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2011.

LIMA, Francisco de Assis Silva de; PEREIRA, José Hamilton. Estradas de Ferro no Ceará. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora Ltda. 2007

MONTENEGRO, José Hilton Lima Verde. A Estrada de Ferro de Iguatu - 100 anos. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2010.

NOGUEIRA, Alcântara. Iguatu: memória sócio-histórico-econômica. 2ª Edição. Revisada e Ampliada. Fortaleza, 1985.

OLIVEIRA, Cleodon de. Tela e palco, uma história para se contar. Arte e Gestão Cultural, 30 set. 2013. Disponível em: <http://cleodondeoliveira.blogspot.com/2013/09/ela-e-palco-cine-e-teatro.html>. Acesso em: 14 dez. 2019.

VICTOR, Hugo. Ceará: o município e a cidade de Iguatu. Notícia geral organizada por Hugo Victor. Inst. Geogr. e Hist. Piauiense do Gabinete de Leitura Gustavo Barroso, 1925.

VISTA Aérea do Campus Multi-Institucional Humberto Teixeira. 1 Fotografia. 29 abr. 2018. Iguatu,

2018. Formato JPEG. Disponível em:

Imagem

Figura 01 - Mapas sobre foto aérea do Google Maps.
Figura 02 - Exercício de reconstituição cartográfica sobre foto aérea do Google Maps.
Figura 03 – Igreja Matriz Nossa Senhora de Sant’ Anna. e Casa de Câmara e Cadeia de Iguatu
Figura 04 - Usina de Algodão, Teatro de Iguatu e Palacete de Otacviano Benevides.
+4

Referências

Documentos relacionados

Temos certeza de que ambos precisamos de amizade e compreensão no mundo como um todo, e que as relações culturais são indispensáveis para alcançar isso: a textura e a profundidade

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

E, quando se trata de saúde, a falta de informação, a informação incompleta e, em especial, a informação falsa (fake news) pode gerar danos irreparáveis. A informação é

Em vista disso, essa pesquisa tem por objetivo traçar o contexto histórico do soerguimento do grafite e da pichação ao redor do mundo e do Brasil, traçar as

O tema proposto neste estudo “O exercício da advocacia e o crime de lavagem de dinheiro: responsabilização dos advogados pelo recebimento de honorários advocatícios maculados

segunda guerra, que ficou marcada pela exigência de um posicionamento político e social diante de dois contextos: a permanência de regimes totalitários, no mundo, e o

Em todas as etapas da PIV, diferentes protocolos têm sido utilizados, inclusive para o cultivo in vitro GALLI, 1996; BUENO, 2008, assim, visando a importância e a necessidade