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"Antropometria em escalada" : estudo de caracterização do perfil antropométrico, somatotipológico, de força e de flexibilidade de escaladores portugueses da região centro

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DO PORTO FACULDADE DE DESPORTO. “ANTROPOMETRIA EM ESCALADA” ESTUDO DE CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL ANTROPOMÉTRICO, SOMATOTIPOLÓGICO, DE FORÇA E DE FLEXIBILIDADE DE ESCALADORES PORTUGUESES DA REGIÃO CENTRO.. Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Desporto na Área da Actividade Física e Saúde, nos termos do Decreto-Lei nº 216/ 92 de 13 de Outubro.. Orientador: Professor Doutor Domingos José Lopes da Silva Nuno Álvares do Carmo Freitas Fevereiro 2007.

(2) P ALAVRAS-CHAVE: ANTROPOMETRIA, SOMATOTIPOLOGIA, FORÇA, FLEXIBILIDADE E ESCALADA..

(3) DEDICATÓRIA. À minha mãe, à Mariana, ao meu pai.

(4) AGRADECIMENTOS. Gostaria. de. exprimir. palavras. de. estima. e. gratidão. aos. professores que tornaram este trabalho possível. Ao meu orientador, Professor Doutor Domingos José Lopes da Silva, pelos ensinamentos, amizade, compreensão e por tudo o resto. Ao Professor Doutor José Augusto Rodrigues dos Santos, pelo apoio e consideração nas horas de trabalho no gabinete. Aos Professores Doutor Rui Garganta e Professor Doutor José Maia pela cedência do instrumentarium antropométrico. E a todos os meus professores que contribuíram para a minha formação..

(5) AGRADECIMENTOS Também queria expressar palavras de apreço e gratidão aos escaladores, que possibilitaram este estudo, pelo tempo dispendido nas avaliações antropométricas e físicas, o meu muitíssimo obrigado. Luis Fagundes Davim José Manuel Martinho Lopes Bruno Martins Gaspar Tiago Castro Nunes Santos Silva José Miguel Santos Pereira Francisco José Pereira Crisanto Carlos Manuel Belo Silva Jorge Emanuel Pedrosa Silva Marco Teixeira Silva Nicola Luis Miguel Belo Silva Nuno luis Alves Soares Miguel Bastos Carriço Monteiro Grillo Nuno Alexandre Carvalho Oliveira Rodrigo Manuel Rocha Correia António Nunes Soares Pinho Nelson Mário Baião Cunha Fernando Cunha Enes Helder José Espírito Santo Saraiva Massano Pedro Monteiro Filipe Pimentel Ricardo Hélder Lopes Rodrigues Bruno Correia Carneiro Filipe Rodrigo Quaresma Lopes.

(6) Gonçalo Nuno Ferreira Ribeiro Alves Luis Filipe Pinheiro João José Martins Fernandes Américo Pedrosa Santos Manuel Neves Franco Jorge Manuel Portugal Peixoto Rodrigues Ricardo Jorge Fernandes Neves Alexandre Miguel Rodrigues Rebelo Pedro Filipe Carvalho Bettencourt Moniz.

(7) AGRADECIMENTOS. Por último queria manifestar palavras de estima, gratidão e de carinho a todos os meus amigos familiares que através da amizade tornam o mundo menos cinzento. E em especial ao António, Paula, Francisco, Leonor, José, Eunice, Mariana, Luisa, Lucinda, Amabília e Rui..

(8) RESUMO O objectivo deste estudo foi a caracterização do perfil antropométrico, somatotipológico, de força e de flexibilidade de escaladores portugueses da região centro. As metodologias adoptadas para a realização deste estudo foram de identificação de variáveis somáticas e de aptidão física tendo em vista uma classificação antropométrica, somatotipológica, de força e flexibilidade. Inferimos com esta investigação que quanto ao peso, os escaladores portugueses da região centro apresentam um peso corporal elevado e a sua estatura está acima da média da população portuguesa.. Ao. nível. da. somatotipologia,. apontam. para. um. ectomorfismo equilibrado, embora os escaladores da região centro não. apresentem. um. perfil. somatotipológico. padronizado.. Relativamente à aptidão física, os escaladores apresentam níveis de força máxima de preensão manual equiparáveis aos escaladores de elite e revelam valores satisfatórios de flexibilidade no ombro dominante, e pouco satisfatórios no ombro não-dominante..

(9) ABSTRACT The purpose of this investigation was to characterize the anthropometric and somatotype, of strength and flexibility profile of Portuguese climbers of the center of the country. The methodologies used with the intent of producing this study were of identification of somatic and physical abilities variables and its characterization, with the purpose of finding an. anthropometric,. somatotype,. strength. and. flexibility. profile. With this investigation we infere that the Portuguese climbers of the center of the country, concerning the weight, present higher values of body mass, and them stature is high when. compared. with. the. portuguese. population.. In. somatotype, they present tendency to being an balanced ectomorph. In physical abilities, concerning maximal strength of hand-grip, present a level of strength of hand-grip that is comparable to elite competitive climbers. The climbers present a satisfactory rate of shoulder flexibility in the dominant shoulder and a low rate in the nondominant shoulder..

(10) ÍNDICE GERAL.

(11) ÍNDICE GERAL DE DI C AT Ó RI A . AG R AD EC I M ENT O S RE S U MO A B ST RA CT ÍN DI CE G E RA L .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... I. ÍN DI CE D E F IG U R A S. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. VI. ÍN DI CE D E G RÁ FI CO S. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... VI I. ÍN DI CE D E Q UA D RO S ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... VI II. ÍN DI CE D E AN EX O S .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... IX. ÍN DI CE D E A P ÊN DI C E S …… … …… … …… … … …… … …… … …… .. .. .. .. . ... .. .. . X. 1. INTRODUÇ ÃO..... ................................................................... 1. 2. REVI S ÃO D A LI TER ATUR A.................................................... 6 2. 1. I NT RO D UÇ ÃO .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... 7. 2. 2. C O N CE IT O S D E MO NT AN HI S MO E D E E SC A L AD A .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. . 7 2. 3. D O MO NT AN HI S MO À E SC A L AD A – R E S EN H A HI ST Ó R IC A. . ... .. .. ... 9. 2. 3. 1 . Es t r u tur as ar t if i c i ais e es c a l a da d es p or t i v a. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 16. 2. 4. A S P ECT O S T É CN ICO S D A E S C AL A D A. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. 17. II.

(12) 2. 4. 1 . V ias de es c a l ad a e s u a gr ad u aç ã o .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. . 17 2. 4. 2 . T i pos de es c a l a da .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. 19 2. 4. 3 . Es t i l os d e es c al ad a .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... 22. 2. 4. 4 . A C om pet iç ão e m es c al a d a.. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... 24. 2. 5. ANT RO PO M ET RI A E SO M AT O T IPO L O G I A. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. ... 25. 2. 5. 1 . Def in iç ão de a n tr o p om etr i a e en q ua dr am ent o h is t ór ic o. .. .. .. . ... .. .. .. 25. 2. 5. 2 . Def in iç ão de s o m atot i po l o gi a e e n qu a dr am e nt o h is t ór ic o. .. .. ... .. .. .. 27. 2. 5. 3 . A pl ic aç ão no d e s por t o. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... 31. 2. 5. 4 . A nt er ior i n ves t i gaç ã o em es c al a da .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... 33. 3. OBJECTIVOS......................................................................... 42. 3. 1. O BJ ECT I VO G ER A L. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. . 43 3. 2. O BJ ECT I VO S E S P EC ÍF ICO S .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 44. 4. M ATERI AL E MÉTODOS......................................................... 46 4. 1. D E S E NHO DO E S T UDO .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... 47. 4. 2. PRO C E S SO D E S E L EC ÇÃ O D A A MO ST RA .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. ... 47. 4. 3. R E CR UT A M ENT O D A A MO ST R A. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. 48. 4. 4. D I M EN S ÃO G EO G R ÁFI C A D A A MO ST RA .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. . 48. III.

(13) 4. 5. I N ST RU ME NT A RI U M.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. . 49 4. 6. E ST UDO - P ILO T O ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... 50. 4. 7. R E CO LH A DO S D AD O S E CO ND IÇÕ E S DE O B S ER V A Ç ÃO . .. .. . ... .. .. 50 4. 8. V AR I Á VE I S SO M ÁT IC A S ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 52. 4. 9. C O M PO S IÇ ÃO C O R PO R A L. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 58 4. 1 0. S O M AT O T IPO L O G I A. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. ... 59. 4. 1 0. 1. D et er m in aç ão do Som at ó ti p o. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. . 59 4. 1 1. V A RI Á V E I S DE A PT ID ÃO FÍ S IC A .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 60. 4. 1 1. 1. A va l i aç ã o d a F or ç a Máx im a d e Pr ee n s ão Ma n ua l .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. 61. 4. 1 1. 2. A va l i aç ã o d a F l ex i b i l id a de do O m br o . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. 62 4. 1 2. P RO C ED IM E NT O S E ST AT ÍST IC O S. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 63. 5. APRESENTAÇ ÃO E DISCUSS ÃO DO S RESULTADO S............... 64. 5. 1. D A DO S P E S SO A I S E D E S PO RT IV O S.. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... 65. 5. 2. V AR I Á VE I S SO M ÁT IC A S ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 68. 5. 3 SO M AT Ó T IPO .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... 73. 5. 3. 1 . I n te ns i da d e do s om ató t ip o. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... 76. 5. 4. C O M PO S IÇ ÃO C O R PO R A L. .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 77. IV.

(14) 5. 5. V AR I Á VE I S D E A PT ID ÃO FÍ S IC A – FO RÇ A. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. ... 77. 5. 6. V AR I Á VE I S D E A PT ID ÃO FÍ S IC A – F L E X IB I LI DA D E. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. . 78. 6. CONCLUS ÃO......................................................................... 79. 6. 1. C O N CL U SÕ E S D O EST U DO . .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. 80. 6. 2. SUG E ST Õ E S P A RA F UT UR A S IN V E ST IG AÇÕ E S .. .. .. ... .. .. .. .. . ... .. .. ... 81. BI BLIO G R AF I A. . . .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. 82 AN EX O S .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... XI. A P ÊN DI C E S. .. .. .. .. .. ... ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. ... X IV. V.

(15) ÍNDICE DE FIGURAS Fi gu r a 1. Ex em pl o de um en d om or f o. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 28. Fi gu r a 2. Ex em pl o de um m es om or f o... .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... 28. Fi gu r a 3. Ex em pl o de um ec t om or f o. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... 29. Fi gu r a 4. S om atoc ar t a c om os s e is s ec t or es s om ato t ip o ló g ic os .. .. .. .. .. .. ... 29. Fi gu r a 5. Ins tr um e nt os a ntr o po m étr ic os . .. ... .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... 49. Fi gu r a 6. B al a nç a an a l óg ic a. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... 52. Fi gu r a 7. A ntr o póm etr o d e Ma r t i n. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 53. Fi gu r a 8. P aq uím etr o .. .. .. .. .. .. ... . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... 53. Fi gu r a 9. Fi ta m étr ic a .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 54. Fi gu r a 1 0. Com pas s o ... .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 55. Fi gu r a 1 1. A di p óm etr o.. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 57. Fi gu r a 1 2. Di n am óm etr o m an u a l. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... 61. Fi gu r a 1 3. T es te Sh o ul d er s tr etc h ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... 62. VI.

(16) ÍNDICE DE GRÁFI COS G r áf ic o 1. Dis tr ib u iç ão dos es c a l ad or es em c at e go r i as s om ato t ip o l óg ic as . .. VII. 74.

(17) ÍNDICE DE QU ADROS Q u adr o 1 .. Loc a is d e Rec o l ha dos D ad os d a R eg i ã o Ce n tr o .. .. .. .. .. .. .. ... 49. Q u adr o 2 .. P on tos de R ef er ê nc i a A ntr o pom étr ic a d os C om pr im en tos .. ... 54. Q u adr o 3 .. P on tos de R ef er ê nc i a A ntr o pom étr ic a d as C i r c unf er ê nc i as . .. 55. Q u adr o 4 .. P on tos de R ef er ê nc i a A ntr o pom étr ic a d os D i âm etr os .. .. .. .. .. 56. Q u adr o 5 .. P on tos. A n tr o p om étr ic os. de. A v a li aç ão. das. Pr eg as. de. A di p os id a de S ubc ut â n ea .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. 57. Q u adr o 6 .. Ca te g or ias do Som at ó ti p o. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. 60. Q u adr o 7 .. Da d os r e la t i vos aos s uj e i tos d a am os tr a: m éd i a ( X ) , des v i o- pa dr ão ( Dp) , m ín im o ( M in) e m áx im o ( M áx ) nas c ar ac t er ís t ic as id a de , an os d e pr ác t ic a d e es c a la d a, s es s õ es d e es c a la d a p or s em an a e h or as de r ea l i za ç ão d e. Q u adr o 8 .. es c a l a da p or s em a na .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. 66. Máx im o gr au de d if ic u l da d e téc n ic a. .. .. .. .. ... .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. 67. Q u adr o 9 a. D a d o s r e l a t i v o s a o s s u j e i t o s d a a m o s t r a : m é d i a ( X ) , d e s v i o p a d r ã o ( D p ) , m í n i m o ( M i n ) e m á xi m o ( M á x ) p a r a o p e s o , comprimentos, circunferências, diâmetros e pregas adiposidade subcutânea.................................................................................... 69. Q u adr o 9 b D a d o s r e l a t i v o s a o s s u j e i t o s d a a m o s t r a : m é d i a X ) , d e s v i o - p a d r ã o ( D p ) , m í n i m o ( M i n ) e m á xi m o ( M á x ) p a r a o s c o m p o n e n t e s d o s o m a t ó t i p o , composição corporal e aptidão física................................ 70. Q u adr o 1 0 Ra t io es t at ur a/ pes o .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. 71. Q u adr o 1 1 Re l aç ã o m em br o- s u pe r i or . .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. ... 72. Q u adr o 1 2 Com par aç ão do s om atót i po en tr e es t u do .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. ... 73. Q u adr o 1 3 In te ns i da d e do s om ató ti p o. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. 76. VIII.

(18) ÍNDICE DE ANEXOS. AN EX O 1. RE S U LT ADO S SO M AT Ó T IPO S/ EX C E L. .. .. .. . ... .. .. .. .. .. .. .. .. .. ... IX. X II.

(19) ÍNDICE DE APÊNDICES. A P ÊN DI C E 1. T ERM O D E CO N S E NT IM E NT O .. .. .. ... .. .. .. .. .. . ... .. .. .. ... XV. A P ÊN DI C E 2. FIC H A D E D ADO S PE S SO AI S E D E S PO RT I VO S. .. .. .. X VI I. A P ÊN DI C E 3. FIC H A D E R EG I ST O D A A V A LI A Ç ÃO. X X II. ANT RO PO M ÉT RI C A E D A A PT I DÃ O F Í SI C A. ... .. .. .. .. A P ÊN DI C E 4. CA RT A S D E P E DI DO DE U S O DE I N ST A L A ÇÕ E S.. ... X. XXV.

(20) INTRODUÇÃO.

(21) INTRODUÇÃO. 1. INTRODUÇÃO A caracterização do perfil antropométrico e somatotipológico dos. escaladores. surge. da. inevitabilidade,. dado. o. franco. desenvolvimento da escalada em Portugal, de proceder à realização de um estudo dessa natureza na área da escalada, havendo fortes motivos que o tornam pertinente. Em primeiro lugar, os estudos científicos sobre escaladores são escassos, havendo referência a poucos estudos realizados em torno da identificação de um perfil antropométrico de escaladores. Um deles, português, foi realizado por Belo, em 1996, intitulado a “Escalada. Para. Todos,. Estudo. Descritivo. e. Comparativo. de. Indicadores Somáticos, de Força, de Flexibilidade e de Grau de Dificuldade”. Em segundo lugar, o grande desenvolvimento da escalada como desporto em Portugal, que num curto espaço temporal passou de uma actividade física desportiva recreativa, praticada por poucos (devido aos equipamentos e materiais ainda rudimentares e ao elevado grau de. risco. desportivo),. para. uma. actividade. física. desportiva. competitiva, que se espelha nas participações quer em pequenas competições quer nos grandes campeonatos do mundo de escalada, leva-nos a considerar que é importante debruçarmo-nos sobre esta área. Acresce ainda que na escolha do tema do trabalho teve influência a necessidade de satisfação de velhas curiosidades, a intenção de poder contribuir para o enriquecimento da área, e a apetência. e. gosto. pessoal. 2. pela. escalada..

(22) INTRODUÇÃO. Dentro da área da escalada escolhemos o domínio específico da antropometria e somatotipologia porque consideramos que o desenvolvimento de um atleta é uma consequência, entre outros factores, de um treino f ísico e técnico organizado, metódico e rigoroso,. atendendo. a. duas. questões. básicas:. a. modalidade. desportiva e o perfil morfológico do atleta que a pratica, sendo que a estrutura morfológica dos indivíduos os torna mais ajustáveis às condições da prestação desportiva. Julgamos, pelo que ficou dito, ser significativo proceder a um levantamento exaustivo e rigoroso da morfologia corporal, permitindo assim, uma classificação morfológica do escalador português da região centro. Um estudo deste cariz, apesar de não ser global - as suas variáveis são condicionadas por factores “regionais”- não deixa de constituir um contributo para o entendimento geral da ciência: se por um. lado. a. restrição. do. campo. de. estudo. não. nos. permite. percepcionar a globalidade (Morin, 2001), por outro é partindo do particular que se constrói o conhecimento no seu sentido lato. Para a realização do presente estudo tivemos em consideração estudos similares que nos pudessem dar informação adicional e complementassem a temática. visada. Há mais de. meio século. surgiram os primeiros estudos f ísicos em atletas olímpicos. Os objectivos específicos desses estudos, embora diferindo ligeiramente nalguns detalhes, baseavam-se na relação do corpo físico com a função atlética (Carter, 1984). Os. primeiros. investigadores,. na. sua. maioria,. mensuravam. apenas o tamanho corporal, enquanto que outros iam mais longe avaliando outros aspectos físicos, como por exemplo, o somatótipo, a. 3.

(23) INTRODUÇÃO. composição corporal e a maturação dos atletas. Carter (1984) refere que a técnica da somatotipologia é um meio de avaliação da forma da composição corporal, independentemente do tamanho, e tem sido aplicada na descrição morfológica dos atletas. Claessens et al. (1987) referem que a relação entre a composição corporal e a função tem sido um campo de inúmeras investigações chegando mesmo à saturação de estudos em algumas modalidades desportivas. Contudo a área da somatotipologia em escalada é, comparativamente com outras modalidades, um terreno por desbravar. Assim, como suporte a este estudo foram consultados vários trabalhos,. artigos. científicos. e. livros. da. especialidade,. nomeadamente os dos pioneiros Carter, em 1966, que serviram de inspiração e ponto de partida para estudos posteriores. A maior parte dos. trabalhos. publicados. nesta. área. foram. realizados. por. investigadores estrangeiros, como Binney (s.d.), Grant et al. (1996, 2001), Vivian e Calderan (1991), W all (2004), W atts (1993, 1996, 1998, 2000, 2003, 2004). As metodologias adoptadas para a realização deste estudo foram. de. identificação. de. caracteres. somáticos. e. a. sua. caracterização, tendo em vista uma classificação antropométrica e somatotipológica. Para a realização deste estudo foi utilizado uma amostra de 31 escaladores, não os dividindo em grupos consoante a idade ou grau técnico de escalada. Também não recorremos a não escaladores. Os resultados obtidos a partir das medições e cálculos foram, sempre que tal foi possível, comparados com os obtidos por Belo, em 1996. Esta opção deveu-se ao facto de o estudo deste autor ser o único feito em escaladores portugueses, até à data. Contudo nalguns pontos foi impossível proceder a comparações. Um aspecto importante presente no nosso estudo reside na importância atribuída ao. ombro.. Consideramos. que 4. um. ombro. forte. e. flexível. é.

(24) INTRODUÇÃO. determinante no desempenho ao mais alto nível na escalada, pelo que realizámos um teste que consideramos ser o mais específico para. a. averiguação. da. flexibilidade. desta. articulação. nos. escaladores. Esta. dissertação. encontra-se. Introdução. procede-se. à. dividida. apresentação. do. em. seis. partes.. Na. presente. estudo.. Na. Revisão de Literatura, esclarecem-se algumas questões relativamente à definição da escalada, à sua história e à sua constituição como actividade autónoma, assim como se esclarecem alguns conceitos específicos. da. enquadramento. actividade. histórico. De das. igual áreas. modo da. procede-se. a. um. antropometria. e. da. somatotipologia. A parte fulcral da revisão de literatura diz respeito à apresentação somatotipologia estudos. cujos. concisa feitos. dos na. objectivos,. estudos. área. da. da. escalada,. metodologias. antropometria. e. salientando-se. os. utilizadas. e. conclusões. tiradas nos permitem clarificar o nosso estudo e analisá-lo a partir de outras perspectivas. Na parte referente ao Material e Métodos, são apresentados os materiais e métodos utilizados na realização do estudo. Na Apresentação e Discussão dos Resultados, apresentamse, analisam-se e comparam-se os (nossos) resultados com os de outros estudos. Na parte final, a Conclusão e Sugestão para Futuras Investigações, deliniam-se conclusões e apresentam-se sugestões para futuras investigações.. 5.

(25) REVISÃO DA LITERATURA. REVISÃO DE LITERATURA.

(26) REVISÃO DA LITERATURA. 2. REVIS ÃO DA LITERATURA 2.1. INTRODUÇÃO Pretende-se neste capítulo esclarecer alguns aspectos relativos à. prática. de. escalada. e. enquadrar. a. antropometria. e. a. somatotipologia como instrumentos de estudo no âmbito do desporto, mais concretamente da escalada. Este enquadramento afigura-se importante na medida em que introduz a temática desenvolvida neste trabalho: só dominando os conceitos básicos relativos à escalada (a sua história e os seus aspectos técnicos) e percebendo o que se tem estudado ao nível da antropometria e somatotipologia, se pode compreender o presente estudo, a sua pertinência e talvez inovação. Entendemos. ser. necessário,. neste. capítulo,. alongarmo-nos. conteúdos relativos à história e aspectos técnicos da escalada uma vez que até à data da presente investigação somente encontrámos um trabalho português de cariz científico nesta área 1. Sendo uma modalidade recente e assistindo-se. a uma rápida. evolução da. mesma, há necessidade de clarificar aspectos que contribuem para a compreensão de alguns pontos deste trabalho. 2.2. CONCEITOS DE MONTANHISMO E DE ESCALADA Não se pode começar por falar de escalada sem previamente falar de montanhismo e alpinismo, uma vez que a escalada começou por ser uma das disciplinas do montanhismo. Contudo, dada a evolução técnica da escalada, esta tornou-se uma actividade. 1. O trabalho de Belo, 1996..

(27) REVISÃO DA LITERATURA. desportiva completamente independente, com uma linguagem própria, “normas” e objectivos distintos, pelo que esta actividade tem que ser analisada na sua especificidade. O conceito de montanhismo aponta para uma definição de actividade física realizada em montanha, considerada de marcha de ascensão, tendo como objectivo atingir o cume. Segundo a UIAA 2, o montanhismo consiste na actividade de marcha desenvolvida em montanhas com uma altitude média até 2.500 metros 3, onde o conhecimento de orientação e de utilização de equipamento são fundamentais para a autonomia do desportista na realização da sua actividade, assim como para a sua segurança. A prática do montanhismo não deve recorrer a técnicas de escalada ou de alpinismo. Quando a actividade consiste em realizar ascensões de montanhas de altitude elevada, acima dos 2.500 metros, sobre terrenos mistos de neve, gelo e rocha, denomina-se de Alpinismo. Anteriormente, usava-se a palavra “Alpinismo” apenas para definir a actividade. de. montanhismo. realizada. nos. Alpes. (cordilheira. na. Europa-central). Actualmente o termo generalizou-se, sendo utilizado para definir qualquer ascensão montanhosa, acima dos 2.500 metros, em qualquer montanha. Como já foi referido, inicialmente a escalada estava incluída na actividade. de. montanhismo,. sendo. encarada. no. sentido. de. “ascensão”. Contudo, após a conquista pelo homem dos cumes mais altos do globo, urgiu a procura de novas formas de “viver” a montanha e o montanhismo, tendo sido uma delas a escalada, que se define como uma actividade que consiste em ”trepar” superf ícies verticais em paredes de rocha. A escalada distancia-se assim do montanhismo, ou seja, da actividade única e exclusiva de “ascensão”. 2 3. União Internacional das Associações de Alpinismo. Montanha de baixa dificuldade técnica.. 8.

(28) REVISÃO DA LITERATURA. Em termos psicomotores o montanhismo consiste numa progressão horizontal, caminhar (apesar de se ascender a um cume) ao passo que na escalada se trata de uma progressão vertical ascendente (trepar). As actividades “montanhismo” e “escalada”, apesar de terem uma origem “comum”, de poderem ser praticadas em ambientes semelhantes e de o objectivo de ambas ser atingir um “cume” 4, distinguem-se nos meios empregues para atingir esses objectivos, nos instrumentos utilizados, nos dispositivos de segurança e na própria maneira de utilizar o corpo na sua realização. Contudo a escalada deriva do montanhismo, pelo que a compreensão da sua origem tem que se procurar na própria evolução do montanhismo.. 2.3. DO MONTANHISMO À ESCALADA – RESENHA HISTÓRICA A história do montanhismo (latus sensu) é quase tão antiga como o Homem. Pensa-se que as razões que levaram os primeiros homens a subir montanhas foram a pastorícia, a caça e as migrações. A confirmação desta hipótese pode-se encontrar no achado feito por dois Alemães nos Alpes Italianos – uma múmia de um caçador da Idade do Bronze, com cerca de 5.300 anos (Stûckl e Sojer, 1996) 5. Desde tempos imemoriais que o ser humano procurou conhecer o ambiente que o rodeava, sendo a atracção pelas montanhas um sentimento que oscilava entre o medo e a vontade de explorar o desconhecido. As montanhas, porque estão próximas do céu, desde 4. No caso da escalda, atingir o topo de uma parede. Esta múmia foi encontrada a 19 de Setem bro de 1991, nos Alpes Italianos de Ötztal, próximo da fronteira com a Áustria. Data aproximadamente 5.300 anos e é, até à data, a múmia humana mais antiga que se conhece. Ficou conhecida por “Ötzi” que deriva do nome do vale da sua descoberta. 5. 9.

(29) REVISÃO DA LITERATURA. sempre se revestiram de uma conotação místico-mágica: na Grécia Antiga, o Monte Olimpo era a morada dos deuses; na Idade Média, habitáculo de dragões, animais ferozes, demónios, espíritos e deuses (Stûckl e Sojer, 1996). Até aproximadamente ao século XVIII as montanhas eram vistas somente. como. fonte. de. sustentação. pelas. comunidades. que. habitavam próximo delas, pois forneciam uma série de produtos indispensáveis à sobrevivência do ser humano (água, madeira, frutos, animais…). Era impensável encarar a ascensão de uma montanha como uma actividade lúdica, de lazer; as condições climatéricas impediam o homem de se aventurar por terrenos considerados inóspitos e perigosos. Só há cerca de dois séculos é que a montanha começou a ser objecto de estudo de exploradores que pretendiam desmistificar a imagem das montanhas enquanto locais associados a cenários hostis ao homem. Deste modo, podemos dizer que a relação de trabalho que era mantida com a montanha por pastores, agricultores, caçadores passou a ser uma relação de curiosidade, de busca de prazer e de tentativa de explicação de fenómenos até então desconhecidos (Stûckl e Sojer, 1996). Existem contudo alguns historiadores que situam o nascimento do montanhismo no século XIV, ou seja, nos finais da Idade Média. A transição da Idade Média para o Renascimento é acompanhada de uma mudança de mentalidade: o homem deixa de acreditar que o seu destino dependia inteiramente dos desígnios de Deus, passando a depositar a sua fé na capacidade racional do Homem. Para os renascentistas, todos os factos podem e devem ser explicados pela razão humana, dando-se relevância à experimentação, o que se reflecte em todas as dimensões da actividade humana. O espírito do homem torna-se mais livre, desprendido da magia e da superstição 10.

(30) REVISÃO DA LITERATURA. (Pijoan, 1973). É pois natural que a montanha passe a ser vista de outra maneira por alguns homens imbuídos de espírito renascentista: Francesco Petrarca, no ano de 1336 escolheu o Mont Ventoux (Provence) para observar a paisagem do alto com a finalidade de escrever uma crónica (Stûckl e Sojer, 1996); Rotário D´asti ascende ao “Mont Rocciamelone”, tido como o cume mais elevado dos Alpes na época (Paci, 1993). Contudo, para a grande maioria dos historiadores, a data de 8 de Agosto de 1786 parece de facto marcar o verdadeiro início do montanhismo, com a conquista do Mont Blanc, por Michel Gabriel Paccard (médico de profissão) e Jacques Balmat (pesquisador de cristais e guia da ascensão). Após dois dias de escalada pela Via 6 de Chamonix, chegam ao cume mais alto da Europa, realizando ali várias medições científicas (Paci, 1993). À medida que as montanhas se tornavam conhecidas e as rotas de ascensão divulgadas, começaram a ser percorridas por homens com as mais variadas motivações. Alguns pretendiam conquistar essas montanhas, procurando prestígio ou simplesmente o prazer do contacto com um ambiente austero, mas ao mesmo tempo belo e grandioso. Cinquenta anos após a ascensão ao Mont Blanc, os ingleses começam. a. frequentar. os. Alpes. com. interesses. meramente. desportivos, tendo sido pioneiros nesta área. Após este período, o montanhismo entra em expansão, e passa a ser objectivo a conquista dos cumes mais altos e mais importantes. O século XIX marca a generalização da conquista de cumes significativos e proliferam as ascensões nos Alpes Ocidentais: Ortles é atingido em 1804, Jungfrau em 1811, Monte Rosa em 1855, Gran 6. Via é um itinerário específico de escalada numa montanha, parede ou muro artificial.. 11.

(31) REVISÃO DA LITERATURA. Paradiso em 1860, Marmolada em 1864 e Cervino em 1865 (Paci, 1993). Em 1857 os ingleses fundam o primeiro clube alpino, seguindose os Austríacos em 1862, os Suiços e Italianos em 1863 e em 1869 os Alemães (Stûckl e Sojer, 1996). Posteriormente a essas fundações associativas, o montanhismo teve um desenvolvimento sistemático com a abertura de caminhos e trilhos pedestres nos vales e serranias, construção de cabanas e refúgios, elaboração de cartografia alpina especializada e publicação de livros e guias de informação alpina (Mellano, 1980). O período que medeia os anos de 1865 até 1920 é considerado a idade de ouro do montanhismo expedicionário, em que numerosas ascensões pioneiras e conquistas se concretizam (Stûckl e Sojer, 1996). Devido. a. todas. estas. conquistas,. as. montanhas. –. principalmente os Alpes – começaram a ser bastante frequentados por indivíduos que procuravam o lazer, a diversão, a aventura. Muitos dos montanhistas que se deslocavam aos Alpes praticavam escalada, não como uma actividade autónoma, mas como uma actividade de montanha.. Desenvolveram,. contudo,. técnicas. específicas. da. escalada, nomeadamente técnicas de progressão e segurança. Entretanto, enquanto se explorava e conquistava novos cumes nos Alpes, o montanhismo ia surgindo um pouco por todo o lado – Himalaias e KaraKorum (Ásia). Em 1924, os Ingleses Mallory e Irvine, alcançam no Everest os 8.600 metros de altitude, considerado um feito assombroso para a época (Stûckl e Sojer, 1996). Na década de cinquenta, após um período de interregno devido ao segundo conflito mundial, dão-se novos triunfos. Os franceses Maurice Herzog e Louis Lachenal conquistam os 8.091 metros do Annapurna-I (1950). Três anos mais tarde, o sherpa Tensing Norgay e. 12.

(32) REVISÃO DA LITERATURA. o neozelandês Edmund Hillary, alcançam o cume do Everest, 8848 metros. Reinhold Messner é o primeiro montanhista a conseguir a proeza de conquistar os catorze cumes acima dos oito mil metros do planeta. A conquista dos cumes mais importantes fez com que os montanhistas procurassem novas situações, com maior grau de dificuldade, entre as quais a escalada de paredes. É difícil precisar o momento em que a escalada se autonomizou do montanhismo. Foi apenas no século XX que se observou um notável incremento do nível de dificuldade de escalada e que as técnicas. melhoraram. consideravelmente. com. o. surgimento. de. materiais sofisticados. Foi com Herzog, Dülfer, Fiechtl e Sixt que a técnica de escalada deu um avanço qualitativo, criando-se o que se veio a designar de “técnica moderna de escalada” (Paci, 1993), em que a progressão era feita unicamente com as mãos e pés, ou seja, era livre (progressão livre ou “Free Climbing” 7). Vanguardistas como Frit z Wiessener transferiram esta ideia para os E.U.A. Kurt Albert difundiria o “Free Climbing” na Europa, criando o estilo de escalada “rotpunkt” 8, imprimindo assim o desenvolvimento sem precedentes da escalada livre (Stûckl e Sojer, 1996). A escalada extrema desenvolvese na Europa e as espectaculares técnicas do “Free-Climbing” desenvolvidas. em. Yosemite. (Califórnia,. E.U.A.). marcam. profundamente os escaladores franceses. Uma vez esgotadas as paredes de escalada que, de forma natural,. pudessem. ser. conquistadas,. procurou-se. paredes. impossíveis de escalar, tendo alguns escaladores recorrido ao uso de Este tipo de escalada será descrito no ponto 2.4.2 referente aos estilos de escalada. 8 A definição deste tipo de escalada será desenvolvida no ponto 2.4.2 do presente trabalho, relativo aos estilos de escalada. 7. 13.

(33) REVISÃO DA LITERATURA. técnicas artificiais que ajudavam à progressão, surgindo assim a escalada artificial. Em Portugal, o montanhismo teve o seu início nos finais do século XIX, com a Expedição Scientifica à Serra da Estrella (Avelar, s.d.) de Gomes Teixeira, Emídio Navarro, Sousa Martins. Nos inícios do século XX o montanhismo era bastante praticado e recomendado, tendo-se. tornado. uma. actividade. organizada. na. década. de. 20. 9. (Avelar, s.d.) . Contudo, só na década de 40 (mais precisamente em 1943) surge o “Clube Nacional de Montanhismo” 10, no Porto, também designado por “Clube Alpino Português” de onde saíram os primeiros “Guias Montanheiros”, como Amândio Silva e Vicente Russo. Este clube influenciou as actividades de montanha em Portugal durante quase todo o século XX, pois teve a seu cargo a direcção e representação do montanhismo até Agosto de 1991, data em que a Direcção-Geral dos Desportos passou essas competências para a então FPCC (Federação Portuguesa de Campismo e Caravanismo) 11. A década de 70 conheceu um grande avanço ao nível da formação, tendo-se. realizado. montanhistas. como. um. grande. Pedro. número. Pacheco,. Vasco. de. actividades. Consiglieri. por. Pedroso,. Carlos Teixeira, entre outros; foi nestes anos que se fizeram as primeiras escaladas e ascensões tecnicamente difíceis nos Alpes. A década. de. 80. solidificou. essa. tendência. e. caracteriza-se. paralelamente pelo aumento significativo do número de praticantes e de clubes: Clube de Montanhismo da Guarda, Grupo de Montanhismo 9. A primeira associação que se dedicou à prática de montanhismo terá sido o grupo portuense “Os Serranos” (1920/22). 10 Posteriormente o Clube de Montanhismo Nacional subdividiu-se em dois núcleos, o norte e o sul. 11 Desde 1991 que a FPC, na sequência de uma comunicação da então Direcção Geral do Desporto, detém a competência para promover, regulamentar, dirigir e representar a actividade de montanha a nível nacional e internacional, deixando assim estas competências de pertencer ao Clube Nacional de Montanhismo (filiado nesta Federação), que deu o seu acordo a esta alteração orgânica.. 14.

(34) REVISÃO DA LITERATURA. de Vila Real, Grupo de Montanhismo de Faro, Clube de Montanhismo de Setúbal, etc. Os anos 90 do século XX e os inícios do século XXI assistem à generalização das ascensões em altas altitudes. Quanto à escalada, durante grande parte do século XX em Portugal, foi uma actividade ligada ao montanhismo. Nunca existiu uma. associação. independente. de. escaladores,. tendo. estado. a. representação da actividade englobada, primeiramente no Clube Nacional de Montanhismo, e, desde 1991, na Federação Portuguesa de Campismo e Caravanismo, actualmente designada por Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal. Ao nível da escalada salienta-se a abertura da Via Quinto Império na face oeste do Naranjo de Bulnes (Picos da Europa), em 1996, por Sérgio Martins e Francisco Ataíde, e a escalada do esporão Walker (Maciço do Monte Branco), em 2001, por Paulo Roxo e Nuno Soares. Não podemos deixar de observar que o desenvolvimento e generalização do montanhismo e da escalada se deram no período entre as duas Guerras Mundiais, e que no caso específico da escalada, já nos anos 60/70 do século XX. Por um lado, porque no período entre as duas Grandes Guerras se verificou uma ânsia de evasão por parte das sociedades ocidentais, deprimidas pela vivência da guerra; por outro, os avanços tecnológicos e científicos vieram melhorar a qualidade de vida das populações, que passaram a dispor de mais tempo livre. Nos finais do século XX assistiu-se a uma grande adesão por parte dos europeus às actividades de outdoor, nomeadamente o Trekking e a escalada: as sociedades ocidentais urbanas. sentem. por. um. lado. a. necessidade. interior. de. uma. reaproximação à natureza; por outro lado, procuram nesse tipo de actividades o risco e a aventura que um mundo “pacífico”, cómodo e rotineiro não lhes pode proporcionar. 15.

(35) REVISÃO DA LITERATURA. 2.3.1. Estruturas artificiais e escalada desportiva Pelo que ficou dito, depreende-se que a actividade da escalada, durante grande parte do século XX (até aos anos 70), apesar de se distinguir do montanhismo, estava muito associada a ele na medida em que os escaladores tinham que se deslocar a zonas montanhosas, pois era lá que se encontravam as paredes de escalada. É a partir da década de 60, com o aparecimento de estruturas artificiais (rocódromos 12), que a escalada deixou de ser praticada unicamente nas montanhas (Stûckl e Sojer, 1996). A escalada em estruturas artificiais nasceu em Inglaterra, nos finais dos anos 70, para dar resposta aos escaladores que queriam treinar durante a semana sem ter que se deslocar para fora da cidade e, ao mesmo tempo, praticar escalada sem estar dependentes das condições meteorológicas. Realizou-se, assim, uma aproximação da escalada à população urbana (Stûckl e Sojer, 1996). O. desenvolvimento. das. estruturas. artificiais. nos. centros. urbanos contribuiu, de forma decisiva, para a expansão da escalada como modalidade desportiva, permitindo que as pessoas pudessem ter um contacto directo com a escalada, desmistificando-se a génese da sua prática, podendo assim as pessoas assistir e experimentar esta actividade sem ter que despender algumas horas de viagem até às montanhas. Assim,. nos. anos. 80. prolifera. o. movimento. da. escalada. desportiva em paralelo com o surgimento das estruturas artificiais, os rocódromos. Em 1987 realiza-se o primeiro concurso mundial de escalada desportiva, em Grenoble, com a participação de 18 países. 12. Rocódromo ou muro de escalada é uma estrutura artificial com presas equipada em condições de segurança para a prática de escalada. Presas são irregularidade na rocha, ou no muro que possam servir de apoio, para mãos ou pés.. 16.

(36) REVISÃO DA LITERATURA. Em 1988, realiza-se o Master´s de Paris-Bercy, e a partir de então a escalada desportiva torna-se um fenómeno sem precedentes e irreversível. Em 1989 realiza-se a primeira Taça do Mundo, com sete provas. Em Portugal, o desenvolvimento da escalada desportiva avança surgindo como uma nova realidade desportiva; desperta o interesse dos mais novos, sendo a sua prática procurada por muitos. Nos finais dos anos 80 passa a ser matéria lectiva, estando integrada nos Currículos Nacionais de Educação Física. Actualmente, dezenas de escolas no País possuem uma estrutura artificial de escalada, o que faz com que esta modalidade comece a ser praticada cada vez mais cedo, o que pode contribuir sem dúvida para o aparecimento de escaladores de elite no país. A partir do ano de 1992 com o aparecimento dos programas televisivos. “Portugal. Radical”. e. “Sem. Limites”,. a. escalada. desenvolveu-se em plenitude de norte a sul do país. As competições têm vindo a crescer, não só em número de eventos realizados, como também em número de participantes (Belo, 1996).. 2.4. ASPECTOS TÉCNICOS DA ESCALADA 2.4.1 Vias de escalada e sua graduação O sistema de graduação de dificuldade em escalada é um assunto polémico, sendo mesmo o mote de inúmeras discussões entre especialistas e equipadores 13. A grande dificuldade reside, por um lado, na questão de não existirem critérios com objectividade para a determinação de um grau 13. São escaladores que equipam previamente vias de escalada.. 17.

(37) REVISÃO DA LITERATURA. de. dificuldade;. por. outro,. de. região. para. região. geográfica. encontramos diferentes sistemas de graduação (Hoffman, 1994). A configuração natural da rocha, a disposição das presas, o tamanho, o formato, a sua preensão e o atrito causado pelo tipo de rocha, oferecem um conjunto de dificuldades importantes e variadas que constituem toda a riqueza da escalada. A graduação tem como objectivo servir como um referencial de comparação e mensuração, já que no desporto o rendimento tem grande importância. As rotas de escalada classificam-se segundo uma escala de dificuldade, como também na ginástica se determina a dificuldade de um exercício comparando-o com outros (Hepp et al., 2001). Em 1925, o alpinista Willy Welzenbach criou uma escala que graduou a dificuldade de passagens em rocha. Cada um dos seis graus. preconizados. dava. uma. definição. clara. do. saber-fazer. necessário para a concretização da via. Contudo, com a evolução dos tempos, do número de praticantes, das escolas de escalada e das técnicas, o nível de desempenho técnico aumenta consideravelmente até que passa a não fazer sentido a escala até ao grau seis. A escala francesa foi um referencial para muitos, embora adaptada com algumas variações nalguns países, como é o caso de Portugal. Actualmente, ao contrário do que se passou durante alguns anos em que a escala de graduação estava fechada por cima (até ao sexto grau), a escala inicia-se no primeiro e vai até ao nono grau de dificuldade e continua em processo de evolução. Este sistema de valorização do grau de dificuldade refere-se a uma ascensão sem quedas e sem descanso nos pontos de seguro. A escala inglesa faz referência essencialmente à passagem mais difícil da via e informa adicionalmente os requisitos físicos e psicológicos necessários (Hepp et al., 2001). Original é a escala de graduação no Vale do Elba (Fronteira Alemanha com República 18.

(38) REVISÃO DA LITERATURA. Checa), em que a graduação está relacionada com a altura da parede e com o facto de se terem utilizado ou não pontos de descanso. 2.4.2. Tipos de escalada Em geral, o termo “escalada” refere-se a um vasto campo de actividades, todas elas relacionadas com ascensão. vertical em. superfícies que podem ser rocha natural, gelo, neve ou estrutura artificial (madeira ou resina). Normalmente, ao termo “escalada” adiciona-se uma palavra para fazer referência específica do tipo de escalada, por exemplo “escalada em rocha”. Apesar de partilharem a mesma. característica,. a. ascensão. vertical,. as. habilidades. e. o. equipamento são bem diferentes nos vários tipos de escalada. A escalada em rocha pode-se subdividir em dois tipos: a escalada “livre” e a escalada “artificial”. Entende-se por escalada livre a escalada realizada em progressão sem a utilização de ajudas artificiais que só serão utilizados como meios de segurança. Em contraposição, a escalada artificial envolve meios de progressão que recorrem ao uso de material que é aplicado na parede (Navarrete, 2002);. considera-se. artificial. toda. a. escalada. que. utiliza. para. progredir, e não somente para assegurar, meios artificiais como pitões, entaladores ou seguros de expansão 14, entre outros. A história da escalada artificial é comum à história do alpinismo porque muitas das ascensões realizadas nos séculos XIX e XX foram realizadas com a utilização de meios artificiais (Navarrete, 2002). No início do século XX o objectivo primordial era chegar ao cume, independentemente de como se fazia. Desde então até aos nossos dias têm havido defensores e detractores das técnicas 14. Entaladores clássicos do tipo “friend”, utilizado em fissuras, consistindo num sistema mecânico de várias peças móveis retrácteis.. 19.

(39) REVISÃO DA LITERATURA. artificiais. Nomes como Hans Dülfer e Tita Pia z defendiam o uso de qualquer material para poder chegar ao cume. Só Paul Preuss era, naquela época, dos poucos que se opunha à utilização destes métodos (Navarrete, 2002). No entanto, ambos os tipos de escalada, a “livre” e a “artificial,” eram utilizadas pelos montanhistas e escaladores nas conquistas pelas paredes e cumes. Considera-se que foi pela mão de Tita Pia z, em 1906, que nasce a escalada artificial, sendo o primeiro a usar meios artificiais numa ascensão ao Campanile Toro (Dolomitas, Itália). Todavia, a técnica da escalada artificial não foi do agrado de um grande número de escaladores, que defendiam a escalada livre como sendo a mais “pura”, pelo que em 1947, em Chamonix, decorreu uma reunião internacional de escaladores decidindo-se a separação das escalas de graduação de dificuldade em “artificial” (A1, A2, A3) e “livre” (Iº a VIº grau) (Navarrete, 2002). Com o surgimento do estilo de escalada “rotpunkt” 15 este tipo de escalada técnica passou para segundo plano. Hoje em dia o que está generalizado é a escalada em “livre”, utilizando as ancoragens só para o asseguramento. Ainda que a escalada artificial tenha o seu lugar. demarcado. com. adeptos. e. leais. seguidores,. o. usual. é. encontrar-se passos de artificial em vias de escalada clássica. Contudo. um. escalador nunca. poderá. renegar por. completo. as. técnicas de escalada artificial por várias razões; por exemplo, um agravamento meteorológico durante uma escalada poderá obrigar o recurso a essas técnicas para abandono. Quanto à escalada “livre”, esta pode subdividir-se em três modalidades com bastantes similitudes e algumas diferenças (Stûckel 15. Este estilo de escalada será descrito no ponto relativo aos estilos de escalada.. 20.

(40) REVISÃO DA LITERATURA. e Sojer, 1996): a Escalada “Clássica”, o Big Wall e a Escalada Desportiva. A Escalada “Clássica” consiste em superar paredes rochosas de longitude variada – em geral mais de 100 metros normalmente sem meios auxiliares de progressão 16. À medida que vai progredindo, o escalador vai escolhendo e colocando os seus pontos intermédios de segurança. Este tipo de escalada apela ao espírito de descoberta e à capacidade de improvisação técnica do escalador, pois cabe a ele “construir” a sua própria progressão aferindo os pontos intermédios de segurança. O Big-Wall trata-se de escalada clássica realizada em grandes paredes, de extrema verticalidade e dificuldade. Neste tipo de escalada a ascensão pode demorar vários dias, havendo recurso a sofisticadas técnicas. O Big Wall nasceu no Vale Californiano de Yosemite e não há regra quanto à sua definição. Literalmente signif ica “grande parede”, considerando-se acima dos 500 metros de altura. As escaladas em Big W all não têm que ser escaladas com técnica artificial. Existem itinerários de Big W all realizados com o estilo “rotpunkt” (Navarrete, 2002). A Escalada Desportiva pode ser considerada como uma variante da escalada livre na qual o objectivo de escalar é a dificuldade, ficando de parte a ideia de ascensão a uma montanha (Navarrete, 2002); é a evolução lógica do «Free-Climbing» (escalada livre de alta dificuldade) para uma actividade mais segura e competitiva. O elemento “perigo”, bastante acentuado na escalada clássica, é reduzido na escalada desportiva pela pré-colocação de pontos de protecção na rocha ou em parede artificial. Devido à eliminação desse elemento (perigo), a dificuldade em termos físicos e técnicos pode ser elevada. De igual modo o factor “descoberta” é relegado para segundo plano, pois ao serem previamente colocados pontos de protecção ao longo da 16. Eventualmente, em passos de elevados graus de dificuldade, podem ser utilizadas técnicas de escalada artificial.. 21.

(41) REVISÃO DA LITERATURA. parede, a rota que vai ser feita pelo escalador fica semi-definida. Na escalada desportiva o escalador sente-se com maior segurança, logo mais confiante para tentar passos muito arrojados, com grande grau de dificuldade, como por exemplo vencer tectos e extraprumos 17. A escalada desportiva exige por isso ao escalador uma superação diferente de si próprio, solicitando muita destreza no uso do corpo. As quedas são comuns e de uma relativa segurança (Sheel, 2004). Ainda podemos falar de um outro tipo de escalada - a escalada em Top Rope. - que. se. define basicamente por “escalar com. segurança por cima”: o escalador está “encordado” numa corda de segurança que passa no topo da via a escalar. Este tipo de escalada é extremamente seguro sendo o risco de escalar minimizado e geralmente é utilizado em situações de aprendizagem. A escalada nasceu com o montanhismo mas separou-se dele, originando modalidades que por sua vez de distanciam da escalada. É o caso do Boulder 18 que se pode definir como um tipo de “escalada” realizada. a. pouca. altura,. sem. a. utilização. de. meios. de. asseguramento (Sherman, 1998). Esta actividade nasceu no bosque de Fontainebleau, próximo de Paris, e era usada como exercício de treino para montanhistas/escaladores. O Boulder é a essência da escalada desportiva, em que se joga sem medo com a dificuldade, podendo assim chegar ao limite das possibilidades (Arocena, 1997). 2.4.3. Estilos de escalada A comunidade de escaladores é consensual quanto à existência de três estilos de escalada: A “escalada à vista”, a escalada em “rotpunkt” e o “solo integral” (Arocena, 1997). 17. Secção de uma parede que se desenvolve por uma placa com ângulo superior a 90º em relação à horizontal. 18 Boulder significa bloco, pedra, na lingua anglo-saxónica.. 22.

(42) REVISÃO DA LITERATURA. A “escalada à vista” é a forma de escalar uma via logo à primeira tentativa, utilizando unicamente os agarres naturais da rocha para pés e mãos. A dificuldade reside em escalar sem conhecer previamente a rota, nem possuirmos qualquer tipo de informação sobre ela. Na escalada à vista descobrimos a parede e os seus agarres à medida que improvisamos os movimentos, adaptamos a nossa forma de escalar à morfologia da rocha (Arocena, 1997). Quando se consegue escalar uma via desta forma, sem “cair”, diz-se que se realizou “à vista”. A escalada em “vias trabalhadas” designa-se de “rotpunkt”. Este termo de origem alemão teve a sua origem com Kurt Albert, que costumava marcar com um ponto vermelho a base das vias de escalada em Frankenjura, que escalava desse modo (Velázquez, 1999). Esta técnica consiste em “trabalhar” uma via, ou seja ensaiar os seus passos difíceis, até os conseguir encadear todos sem cair. Isto. significa. que. se. pode. fazer. a. via. quantas. vezes. forem. necessárias. Por vezes, quando se encadeia uma via trabalhada, relaciona-se sempre com o tempo dispendido a tentar e a repetir movimentos técnicos que não resultam à primeira mas só ao fim de horas, dias e nalgumas situações após anos de tentativas. Com este argumento, há quem defenda a ideia de que este estilo é o menos puro da escalada, porque ao trabalharmos a via estamos a adaptá-la ao nosso nível. Não obstante o facto, é consensual a ideia de que os dois estilos são importantes no desenvolvimento desportivo em escalada, complementando-se e desenvolvendo qualidades diferentes no escalador. A escalada em “solo integral” ou o Free-solo é a vertente que se realiza sem corda e sem nenhum outro tipo de segurança. Marginal no mundo da escalada e praticada por poucos, este estilo alcançou grande. popularidade. através. dos 23. filmes. protagonizados. pelo.

(43) REVISÃO DA LITERATURA. escalador. Patrick. Edlinger. (Arocena,. 1997).. Este. estilo. é. desaconselhado e mesmo desencorajado entre escaladores; os que o praticam fazem-no pontualmente, e geralmente são escaladores muito experientes, psicologicamente e tecnicamente seguros, e com o conhecimento prévio da parede, pois renuncia todo o tipo de meios de segurança (Heep e tal., 2001). 2.4.4. A Competição em escalada Em Bardonecchia, no ano de 1985, dá-se o início da competição de dificuldade, em escalada, na Europa Ocidental (Heep et al., 2001), apesar de haver registos de competições de escalada de velocidade que datam de 1947, realizados na ex-URSS. No princípio, as provas realizavam-se em ambientes naturais, combinando alguns eventos em muros artificiais, como El de Vaux, em Velin (França), 1986 (Arocena, 1997). Muitas figuras da escalada desportiva da época opuseram-se à criação de competições num desporto que tinha nascido do alpinismo e que representava a busca da liberdade desprovida de todo o tipo de regras, levando mesmo a que se juntassem 19 dos melhores escaladores em manifesto contra o movimento competitivo (entre eles encontravam-se nomes como Patrick Berhault, Patrick Edlinger e Jean Baptiste Tribout) (Arocena, 1997). Actualmente existem vários tipos de competição de escalada a nível mundial: Leading; escalada por velocidade; bouldering e iceclimbing (Arocena, 1997). Em Portugal realizam-se apenas três tipos de competição em escalada: escalada por velocidade; escalada por dificuldade e o bouldering. A evolução da escalada acompanha a evolução dos tempos reflectindo a necessidade do ser humano em ultrapassar os seus 24.

(44) REVISÃO DA LITERATURA. limites e desafiar o risco e a segurança. Se teoricamente em todos os tipos e estilos referidos se trata de escalada, na prática a natureza de cada uma revela uma profunda diferença de mentalidade e de encarar esta modalidade.. 2.5.. ANTROPOMETRIA E SOMATOTIPOLOGIA. 2.5.1. Definição de antropometria e enquadramento histórico A Antropometria pertence ao ramo das ciências biológicas que tem. por. finalidade. o. estudo. dos. caracteres. mensuráveis. da. morfologia humana, tendo como método a mensuração sistemática e a análise quantitativa das variações dimensionais do corpo humano. É de extrema importância o estudo destas dimensões, na medida em que nos permite avaliar qual a influência de diversos factores na fisionomia humana: a variação de qualquer fenotípico resulta da combinação entre as variáveis hereditariedade, factor ambiental (estilo de vida) e da interacção dos factores genéticos e não-genético (Sobral e Silva, 1996). De igual modo, a antropometria permite-nos compreender a própria evolução da espécie humana: como salienta o Professor Francisco Sobral (Sobral, 1985) esta disciplina tem-se tornado. indispensável. no. estudo. da. variabilidade. biológica. da. espécie, a partir dos primeiros estudos conduzidos por Broca (18211902), na linha da investigação aberta pelos estudos craniológicos de Retzius (1796-1860). A antropometria tem início com os primeiros estudos efectuados sobre as dimensões do corpo humano e suas doenças associadas, realizados por Hipócrates (Lohman, 1981). A palavra vem do grego ánthropos,. que. significa. homem, 25. e. métron,. medida.. Embora. o.

(45) REVISÃO DA LITERATURA. interesse pela tipologia morfológica e as primeiras classificações remontem ao período da Antiguidade, só a partir do século XX é que se desenvolveram métodos e técnicas mais rigorosos. Enquadramento histórico Ao longo dos tempos os estudiosos interessaram-se pelas dimensões corporais do homem, procurando descortinar o porquê de determinadas aparências, pelo que criaram categorias ou perfis para distinguir diferentes tipologias morfológicas. Na Antiguidade, Hipócrates, agrupava os homens em dois perfis: os tísicos (habitus ptisicus), ou seja, os indivíduos delgados com predomínio do eixo longitudinal, com cor pálida e introvertidos, e os apopléticos (habitus apopléticos), caracterizados pelo predomínio da massa muscular e do eixo transversal, com cor vermelha e extrovertidos (Michels, 2000). No. século. XIX,. Hallé,. investigador. da. escola. francesa,. classificava os homens por temperamento: vascular, muscular e nervoso;. de. acordo. com. aspectos. anatómicos.. Já. Sigaud. e. MacAuliffe, também investigadores da escola francesa, propuseram uma outra classificação, que assentava em quatro categorias obtidas por correlações somatofuncionais, em que o corpo reflectiria a predominância relativa de um dos quatro sistemas fundamentais: muscular, respiratório, digestivo e cerebral. Viola, investigador da escola italiana, em 1930, introduz uma classificação que dependia das características antropométricas do sujeito:. normoesplâncnico. ou. normotipo,. braquitipo e microesplâncnico ou longitipo.. 26. macroesplâncnico. ou.

(46) REVISÃO DA LITERATURA. Kretschener, também no ano de 1930, a partir do hábito e do carácter psíquico, agrupava os indivíduos em: leptossómico, atlético, pícnico. Foi Sheldon, investigador da escola inglesa, que no ano de 1954,. desenvolveu. a. teoria. do. somatótipo.. Segundo. este. investigador, os indivíduos podiam ser classificados através da observação básicos,. do. resultado. derivados. mesomorfia. e. dos. da. combinação. três. ectomorfia.. tecidos. No. ano. de. três. componentes. embrionários:. de. 1967,. endomorfia,. Heath. e. Carter,. investigadores norte-americanos, introduziram algumas alterações na teoria do somatótipo, entre elas a determinação antropométrica dos seus componentes (Silva e Sobral, 1996). O desenvolvimento de enquadramentos teóricos e a proliferação de estudos nesta área geraram alguma ambiguidade na utilização da terminologia. É fundamental para o estudo em questão, antes de avançarmos, definirmos e esclarecermos alguns termos. Quando falamos de constituição, geralmente remetemos para o campo dos caracteres somáticos e funcionais do indivíduo, organizados de modo peculiar e submetidos às acções reguladoras da hereditariedade e do ambiente (Silva e Sobral, 1996). Excluídos os elementos de natureza fisiológica, uma vez que o objecto de estudo é a morfologia corporal (caracteres. externos),. e. numa. acepção. mais. restrita,. podemos. categorizar o indivíduo segundo um perfil morfológico ou morfotipo. 2.5.2. Definição de somatotipologia e enquadramento histórico É por intermédio de Sheldon, Stevens e Tucker que em 1940, se introduz. um. novo. conceito. de. somatotipologia.. 27. classificação. morfológica. –. a.

(47) REVISÃO DA LITERATURA. O conceito central desta escola é o somatótipo, uma descrição expressa por três algarismos, numa sequência fixa, em que cada um representa o valor atribuído a cada uma das três componentes primárias da constituição da estrutura derivadas dos três folhetes embrionários,. designando-se. de. endomorfismo,. mesomorfismo. e. ectomorfismo (Silva e Sobral, 1996). O. endomorfismo. exprime. o. grau. de. desenvolvimento. em. adiposidade;. 19. Fi gu r a 1 - Ex em pl o d e um e nd om or f o ( 7- 1- 1) .. O mesomorfismo traduz o grau de desenvolvimento músculoesquelético (relativo com a estatura);. Fi gu r a 2 - Ex em pl o d e um m es om or f o ( 1- 7- 1 ) .. 19. Fonte das figuras 1, 2 e 3. http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.mypersonaltrainer.i/script3.jpg&imgrefurl=http://www.mypers onaltrainer.it/somatotipo.htm&h=114&w=69&sz=4&hl=ptPT&start=16&tbnid=QF5Pnl6QU27CM:&tbnh=87&tbn w=53&prev=/images%3Fq%3Dmesomorfo%26gbv%3D2%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-PT. 28.

(48) REVISÃO DA LITERATURA. O. ectomorfismo. representa. a. linearidade. ou. grau. de. desenvolvimento em comprimento:. Fi gu r a 3 – Ex em pl o de um ec tom or f o( 1- 1- 7) .. Na versão original, cada componente é cotada de 1 a 7, definindo-se à partida três tipos extremos: 7-1-1, corresponde ao endomorfo puro ou extremo; 1-7-1, representa o mesomorfo puro, e 11-7 o ectomorfo puro.. 20. Fi gu r a 4- S om atoc ar t a c om os s e is s ec to r es s om ato t ip o l óg ic os .. 20. http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://www.editscienza.it/img/scintille/corporatura.gif&imgrefurl=http://www.editscien za.it/scintille.do%3Faction%3Dscintilla%26id%3D8&h=237&w=205&sz=6&hl=ptPT&start=3&tbnid=1tByEx8lQWD5hM:&tbnh=109&tbnw=94&prev=/images%3Fq%3Dendomorfo%26gbv%3D2%26svnum% 3D10%26hl%3Dpt-PT. 29.

(49) REVISÃO DA LITERATURA. Entre. estes. somatótipos. extremos,. ocorrem. outras. configurações, teoricamente, possíveis num total de 343. Porém, algumas. combinações. na. prática. são. improváveis. de. surgir,. contrastando com somatótipos centrais, reflectindo tipos centrais e equilibrados, que se verificam com muita frequência (por exemplo: 35-3;. 4-4-4;. 4-4-5).. Contudo,. Petersen,. em. 1967,. refere. 107. somatótipos distintos observados em crianças na Europa (Silva e Sobral, 1996). De acordo com os procedimentos de Sheldon, a determinação do. somatótipo. directamente. não. implicava. mensurado:. o. qualquer. valor. antropométrico. método. era. essencialmente. “antroposcópico” - o indivíduo era fotografado e através da análise minuciosa das fotografias e com uma série de medições transversais, realizadas sobre as fotografias, atribuía-se uma pontuação a cada componente. do. somatótipo.. A. este. método. designava-se. de. somatoscopia. Mas Sheldon ainda analisava outras componentes as secundárias tais como a displasia, desarmonia e desproporção na distribuição das três componentes primárias; o ginandromorfismo, a existência no indivíduo de caracteres morfológicos do sexo oposto; a textura,. conjunto. das. características. aparentes. da. pele. e. o. hirsutismo, o grau e padrão de distribuição da pilosidade (Silva e Sobral, 1996). Contudo,. apesar. da. popularidade. da. somatotipologia. de. Sheldon, este método não deixou de levantar algumas questões entre os. antropologistas. da. época.. A. técnica. de. mensuração. antroposcópica levantava muitas dúvidas quanto ao nível da validade das classificações. Mais. tarde. alguns. autores. (Cureton,. 1947;. Parnell,. 1954;. Damon, 1962) sugerem através de demonstração que era possível aplicar. os. procedimentos. antropométricos 30. na. determinação. do.

(50) REVISÃO DA LITERATURA. somatótipo continuando fiéis aos pressupostos fundamentais de Sheldon, e alcançando maior objectividade e concordância entre observadores (Silva e Sobral, 1996). Mas só em 1971, com Heath e Carter, é que se consegue uma das revisões da técnica antropométrica mais eficaz de sempre, sendo hoje a mais usada por vários investigadores. 2.5.3. Aplicação no desporto Desde há umas décadas que investigadores da fisiologia do exercício e da medicina desportiva têm realizado estudos em atletas com o objectivo de definir qual a formação corporal ideal para determinadas. práticas. desportivas.. Hebbelinck. et. al.. (1980),. constataram a situação de que os atletas olímpicos e os atletas de alto nível são um grupo especial de pessoas que têm sido alvo de muitos estudos f ísicos. O desenvolvimento de um atleta é uma consequência, entre outros factores, de um treino físico e técnico organizado, metódico e rigoroso,. atendendo. a. duas. questões. básicas:. a. modalidade. desportiva e o perfil morfológico do atleta que a pratica. Os. primeiros. investigadores,. na. sua. maioria,. mensuravam. apenas o tamanho corporal, enquanto que outros iam mais longe avaliando. outros. aspectos. físicos,. tais. como,. o. somatótipo,. a. composição corporal e a maturação dos atletas. Carter (1984) refere que a técnica da somatotipologia é um meio. de. avaliação. da. forma. e. da. composição. corporal,. independentemente do tamanho, e tem sido aplicada na descrição morfológica dos atletas. Claessens. et. al.. (1987). referem. que. a. relação. entre. a. composição corporal e a função tem sido um campo de inúmeras 31.

Imagem

Figura 1 - Exem plo de um  endom orfo (7-1-1) 19 .
Figura 4- Som atocarta com  os seis sectores som atotipológicos 20 .
Figura 5 – Instrum entos antropom étricos
Figura 6 – Balança analógica
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Referências

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