A competência material e funcional dos tribunais em matéria penal
Em face da Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro, que aprovou a LOFTJ (em vigor, para todo o território nacional, até 13 de Abril de 2009 — cfr. arts. 171. °, 186. ° e 187. ° da Lei n. ° 52/2008, de 28 de Agosto, que aprova a nova LOFTJ).
De 14 de Abril de 2009 até 31 de Agosto de 2010, a Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro, será aplicável a todo o território nacional, com
excepção das três “comarcas piloto” (cfr. art. 187. °, n. ° 3 da Lei n.
° 52/2008, de 28 de Agosto).
1.° Jurisdição — Tribunais portugueses (arts. 202. ° e 211. ° da CRP; art. 8. ° do CPP e art. 1º da LOFTJ).
2.° Competência funcional — determinação do Tribunal competente em função da fase processual:
Regra: serão competentes os Tribunais Judiciais da primeira Instância, salvo se for competente o STJ ou os TR (a contrario sensu dos arts. 11. °; 12. ° do CPP e arts. 33. ° a 37. °; 55. °; e 56. ° da LOFTJ).
Por fase processual:
1) Inquérito e Instrução: - Tribunal de competência especializada criminal (arts. 17. ° e 18. ° do CPP), nomeadamente o:
a) Tribunal de Instrução Criminal (TIC) — arts. 78. °, a); 79.°; 77º, nº 1 b) e art. 131. ° da LOFTJ; ou
b) Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) — arts. 79. °; 80.°,
Especialidade. em função de certas qualidades (do Arguido), será competente nesta fase:
a) O STJ - art. 11. °, N.º 7 do CPP e art. 36. °, j) da LOFTJ; ou b) Os TR - art. 12. °, N.º 6 do CPP e art. 56. °, N.º 1, i) da LOFTJ.
2) Julgamento - regra geral referida supra, ou seja, os Tribunais Judiciais de 1ª Instância.
- Especialidade em função de certas qualidades (do Arguido), será competente nesta fase:
a) O STJ - art. 11º, n.º 3 e n. ° 4, a) do CPP e arts. 35 n.º 1, a) e 36.
°, b) da LOFTJ; ou
b) Os TR - art. 12. °, N.º 3 do CPP e art. 56, n. ° 1, c) da LOFTJ.
3) Recurso: são competentes como Tribunais de recurso:
a) O STJ — arts. 11º, n.º 3, b); 11º, n.º 4, b) do CPP e arts. 33. °, a);
35.°, b) e 36. ° da LOFTJ ; ou
b) Os TR - art. 12. °, N.º 3, b) do CPP e art. 56. °, n.° 1, a) da LOFTJ.
4) Execução de penas: é competente o Tribunal de Execução de Penas — art. 1 8. ° CPP e arts. 91. ° a 92. ° da LOFTJ.
Competência material — Determinação do Tribunal competente em função:
1) Da qualidade de certos agentes — v.g., o PR perante o STJ — art. 11. n.° 3, a) do CPP e art. 35º n.° 1, a) da LOFTJ;
2) De certas matérias especificas — v.g., habeas corpus perante o STJ — art. 11º, n.° 4, c) do CPP e art. 36. °, f) da LOFTJ;
3) Dos tipos de crimes e respectivas penas (rectius: da medida da pena abstractamente aplicável):
Competência residual. Tribunal de Comarca (de competência genérica) — art. 62. ° da LOFTJ.
Tribunais de competência especifica criminais (art. 64. °nº 1 e 2 da LOFTJ):
- Tribunal do Júri - art. 207. ° da CRP; art. 13. ° do CPP; arts. 67. °, n.° 1 e 110º a 111º da LOFTJ;
- Tribunal Colectivo - art. 14. ° CPP — Vara Criminal (art. 98.° da LOFTJ) ou Vara Mista (art. 96.°, n.° 2 da LOFTJ);
- Tribunal Singular (art. 16.° do CPP): que pode ser quanto aos tribunais de competência específica:
a) O Juízo Criminal - art. 100º da LOFTJ;
b) O Juízo de Pequena Instância Criminal — arts. 96.° e 102.° da LOFTJ; e
c) O Juízo de Competência Especializada Criminal - arts. 93.° e 95.°
da LOFTJ.
Competência territorial — aferir do critério territorial segundo:
- Critérios especiais - arts. 20.° a 23.° do CPP;
- Subsidiariamente: critérios gerais do art. 19.° do CPP.
No âmbito da determinação da competência territorial deverá ainda considerar - se os mapas anexos ao Regulamento da LOFTJ — Decreto-Lei n.° 186-A/99, de 31 de Maio.
Competência por conexão São exigidos 4 requisitos:
- Pluralidade de processos (real ou hipotética);
- Pluralidade de Tribunais competentes;
- Verificação de uma situação típica de conexão (arts. 24.° e 25.° do CPP), respeitando-se os limites à conexão (art. 26.° do CPP); e - Tramitação concomitante - art. 24.°, n.° 2 do CPP.
Contudo, se não houver pluralidade de Tribunais competentes e se verificarem os demais requisitos, haverá apensação (art. 29.°) sem necessidade de determinar a competência por conexão.
Determinação da competência em caso de conexão
Articulação dos arts. 27.° e/ou 28.° do CPP: cumulativos?
disjuntivos? Consequências da conexão:
- Apensação — art. 29.° do CPP; e
- Prorrogação da competência (ainda que cesse a conexão) — art.
31.° b) do CPP.
Termo da conexão: separação de processos (art. 30.° do CPP) e prorrogação da competência (art. 31.0 do CPP).
Em face da Lei n.° 52/2008, de 28 de Agosto, que aprova a nova LOFTJ (em vigor desde 14 de Abril de 2009 para as 3 “comarcas piloto”: Alentejo Litoral; Baixo Vouga e Grande Lisboa—Noroeste — cfr. arts. 171.°, 186.° e 187.° da Lei n.°
52/2008, de 28 de Agosto).
A partir de 1 de Setembro de 2010 será aplicável a Lei n.° 52/2008, de 28 de Agosto, a todo o território nacional (tendo em conta a avaliação da experiência nas “comarcas piloto”) — cfr. art. 187.°, n.°
3 da referida Lei.
Jurisdição — Tribunais portugueses (arts. 202.° e 211º da CRP;
art. 8.° do CPP e art. 2.° da LOFTJ.
Competência funcional — Determinação do Tribunal competente em função da fase processual:
Regra. serão competentes os Tribunais Judiciais de 1ª Instância, salvo se for competente o STJ ou os TR (a contrario sensu arts.
11º; 12.° do CPP e 41.° a 45 65.°; e 66.° da LOFTJ).
Por fase processual:
- Inquérito e Instrução: - Juízos de Competência Especializada Criminal (arts. 17.° e 18.° do CPP), nomeadamente os:
a) Juízos de Instrução Criminal (JIC) arts. 74.°, n.° 2, a); 111º a 113 da LOFTJ;
b) Juízo Central de instrução Criminal (JCIC) — art. 112.°, n.° 1 da LOFTJ; e art. 47º, n.° 1 da Lei n.° 60/98, de 27 de Agosto (Estatuto MP);
c) Juízos de Competência Especializada Mista — art. 74º, n.° 3 e art. 127.° da LOFTJ;
d) Designação especial de Juizes de Instrução Criminal (art. 113.°
da LOFTJ) — sempre que o movimento processual o justifique o Conselho Superior da Magistratura poderá afectar juízes de direito, em regime de exclusividade, à instrução criminal para as comarcas em que não haja Juízo de Instrução Criminal.
Competência residual:
- Juízos de Média Instância Criminal (art. 132.°, n.° 1, c) da LOFTJ), nas comarcas não abrangidas pela competência dos Juízos de Instrução Criminal;
ou (não havendo Juízos de Média Instância Criminal):
- Tribunal de Comarca — art. 73º da LOFTJ — nomeadamente os Juízos de Competência Genérica (residualmente competente — art.
110.°nº 1 e 2, a) da LOFTJ);
Especialidade: em função de certas qualidades (do Arguido), será competente nesta fase:
- O STJ - art. 11º, n.° 7 do CPP e art. 44º, h) da LOFTJ; ou - Os TR - art. 12.°, n.° 6 do CPP e art. 55º, g) da LOFTJ.
Julgamento. regra geral referida supra, ou seja, os tribunais
judiciais de 1º instância — que é, em regra, o Tribunal de Comarca
— art. 72.° da LOFTJ.
Especialidade: em função de certas qualidades (do Arguido), será competente nesta fase:
- O STJ - art. 11º, n.° 3 e n.° 4, a) do CPP e art. 43.°, a) e art. 44º, b) da LOFTJ; ou
- Os TR - art. 12.°, n.° 3 do CPP e art. 66, c) da LOFTJ.
Recurso. são competentes como Tribunais de recurso:
a) O STJ - arts. 11º n.° 3, b); 11.°, n.° 4, b) do CPP e 41.°, a); 43.°, e 44º a) e g) da LOFTJ ; ou
- Os TR - art. 12.°, n.° 3, b) do CPP e 66.°alinea a) e f) da LOFTJ.
Execução de penas: é competente o Tribunal de Execução de Penas — art. 18.° CPP e art. 74º, n.° 2, g) e art. 126.° da LOFTJ.
Competência material — Determinação do Tribunal competente em função:
1) Da qualidade de certos agentes — v.g., o PR perante o STJ — art. 11.° n.° 3, a) do CPP e 43.°, a) da LOFTJ;
2) De certas matérias especificas — vg., habeas corpus perante o STJ — art. 11º, n.° 4, c) do CPP e art. 44º, d) da LOFTJ;
3) Dos tipos de crimes e respectivas penas (rectius: da medida da pena abstractamente aplicável):
- Juízos de Competência Genérica (residualmente competente — art. 110º, n.° 1 da LOFTJ); e
- Juízos de Competência Especializada Criminal ou Mista (arts. 74º, 127.° e 131.° a 133.° da LOFTJ).
Se existir, serão competentes os seguintes Juízos de Competência Especializada Criminal:
- Juízos de Grande Instância Criminal (art. 131º da LOFTJ) — quando for competente o Tribunal do Júri (art. 207.° da CRP, art.
13.° do CPP e arts.75º e 140.° a 142.° da LOFTJ) ou o Colectivo (art. 14.° do CPP e arts. 75.° e 137.°, a) da LOFTJ);
- Juízos de Pequena Instância Criminal (art. 133.° da LOFTJ) competente para os processos sob as formas de processo especiais; ou
- Juízos de Média Instância Criminal (art. 132.° da LOFTJ) — para os restantes casos, nomeadamente para os processos com a forma comum e julgamento no Tribunal Singular (art. 16.° do CPP).
Nas comarcas em que não existam outros Juízos de Competência Especializada Criminal, poderão ser criados Juízos de Média Instância Criminal, adoptando a designação de:
- Juízos de Instância Criminal e tendo competência residual — art.
132.°, nº 1, b), e 2 da LOFTJ.
Poderão também ser criados Juízos de Competência Especializada Mista (em matéria cível e criminal) assumindo idênticas designações e competências (art. 127.° da LOFTJ):
- Juízos de Grande Instância Cível e Criminal;
- Juízos de Média Instância Criminal, e - Juízos de Pequena Instância Criminal.
No remanescente, mantém-se o esquema anterior.