• Nenhum resultado encontrado

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Público

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 10ª Câmara de Direito Público"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Registro: 2016.0000832375

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0001192-42.2001.8.26.0160, da Comarca de Descalvado, em que é apelante GÁS BRASILIANO DISTRIBUIDORA S/A, são apelados GERALDO ANTÔNIO TRALDI JUNIOR, ROBERTA SALZANO GENTIL TRALDI, ELISABETH TRALDI TORREZAN, ACYLINO TORREZAN, MARLY DE FALCO TRALDI ZAFFALON, FERNANDO GABRIEL ZAFFALON, GRACE DE FALCO DE LIMA e FABIO HILDEBRAND DE LIMA.

ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso da autora. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PAULO GALIZIA (Presidente) e TERESA RAMOS MARQUES.

São Paulo, 7 de novembro de 2016.

Torres de Carvalho RELATOR Assinatura Eletrônica

(2)

Voto nº AC-18.819/16

Apelação nº 0001192-42.2001 10ª Câmara de Direito Público Apte: Gás Brasiliano Distribuidora S/A

Apdo: Geraldo Antônio Traldi Junior e Outros

Origem: 1ª Vara (Descalvado) Proc. nº 0001192-42.2001 ou 914/01 Juiz: Rafael Pinheiro Guarisco

SERVIDÃO DE PASSAGEM. Descalvado. Implantação de gasoduto. Indenização. Valor. Juros compensatórios.

Cerceamento de defesa. 1. Cerceamento de defesa. A autora foi intimada pelo Diário da Justiça Eletrônico, por meio de seus advogados constituídos nos autos, para manifestar-se sobre os esclarecimentos prestados pelo perito judicial, mas quedou-se inerte. Inocorrência de cerceamento de defesa. Preliminar rejeitada. 2.

Indenização. Desvalorização. A servidão de passagem do gasoduto não é cercada, não impede a passagem nem divide o imóvel; não impede o uso, salvo determinadas restrições indenizadas neste momento, como a plantação da cana-de-açúcar existente à época do ajuizamento. Área servienda que corresponde a apenas 0,22% da área total do imóvel. Remanescente que continua com o uso livre e desimpedido pelos expropriados, não havendo razão para pagamento de indenização por desvalorização que não se entrevê; nem para acréscimo de valor pela proximidade com a rodovia SP-215 já considerada na fixação do valor unitário. 3. Indenização. Área servienda. Área total do imóvel indevidamente considerada pelo perito para obtenção do valor indenizatório. Valor da terra nua sobre o qual incide fator depreciativo de 33%, ante a manutenção da propriedade e a impossibilidade de cultivos agrícolas.

Indenização pela plantação de cana-de-açúcar não impugnada pelas partes, ficando mantida. Redução do montante indenizatório como medida de rigor. 4. Juros compensatórios. A autora depositou valor superior ao concedido pelo acórdão antes da imissão na posse. Não há o que compensar; a verba fica excluída. Parcial procedência. Recurso da autora provido.

(3)

1. A sentença de fls. 560/562, vol. 3 julgou parcialmente procedente a ação para constituir a servidão de passagem de gasoduto sobre área de 1.318,66 m2 do imóvel rural denominado 'Estância Laranjal', registrado na matrícula nº 8.013 do Cartório de Registro de Imóveis de Descalvado, e fixar o valor indenizatório de R$-69.473,03 (outubro/2012), que deverá ser atualizado pela Tabela Prática do TJSP e acrescido de juros compensatórios de 12% ao ano a contar da imissão provisória na posse, nos termos das Súmulas nº 618 do STF e 69 do STJ; diante da sucumbência recíproca, deixou de condenar as partes nas custas processuais e nos honorários advocatícios.

Apela a autora (fls. 581/594, vol. 3);

preliminarmente, alega cerceamento do direito de defesa por não ter sido intimada para apresentar manifestação sobre os esclarecimentos prestados pelo 'expert' a fls. 544/553, vol. 3. No mérito, impugna o valor da indenização;

diz que para o cálculo da indenização o perito considerou a área total do imóvel (24,66 alqueires paulistas), ao passo que deveria ter considerado apenas a faixa da área servienda (1.318,66 m2, 0,0544 alqueire paulista); o valor correto da indenização é de R$-3.033,57, e não R$-68.757,35; a avaliação deve retroagir a 2-2-2001, data da imissão na posse. Não há incidência de juros compensatórios, tendo em vista que a servidão administrativa não implica perda da propriedade; a indenização é a própria compensação. Pede o provimento do recurso.

Recurso tempestivo e preparado (fls. 583/584, vol.

3). Contrarrazões a fls. 601/609, vol. 3.

É o relatório.

(4)

2. Cerceamento de defesa. Em 18-8-2014 o 'expert' oficial Diego Antonio Cirelli apresentou esclarecimentos (fls. 544/553, vol. 3) sobre a manifestação da autora e de seu assistente técnico (fls. 534/537;

538/540; 542, vol. 3). Em 15-9-2014 foi disponibilizado no Diário da Justiça Eletrônico ato ordinatório facultando às partes manifestação em cinco dias sobre os esclarecimentos prestados pelo perito (fls. 554/555, vol. 3); os réus manifestaram-se tempestivamente em 22-9-2014 (fls. 556/558, vol. 3), ao passo que a autora, intimada pelos advogados Fábio da Costa Bocco (OAB/SP nº 78.874), Mauro Sérgio Godoy (OAB/SP nº 56.097) e Gilvany Maria Mendonça Brasileiro Martins (OAB/SP nº 54.762) (fls. 519/521, vol. 3), quedou-se inerte (fls. 559, vol. 3). Não houve cerceamento do direito de defesa da autora; a falta de manifestação decorreu da inércia da própria recorrente.

Rejeito a preliminar e passo à apreciação do mérito.

3. Fatos. Trata-se da constituição de servidão administrativa de passagem dos dutos de gás natural da autora, autorizada pelo DE nº 46.190/01 de 18-10-2001, em uma área de 395,66 m2 do imóvel rural denominado 'Estância Laranjal', localizado na estrada de terra que liga os municípios de Descalvado a Porto Ferreira, e registrado na matrícula nº 8.013 do Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Descalvado (fls.

23/24; 34/34vº, vol. 1); baseando-se no laudo de avaliação administrativa, a autora ofertou o valor inicial de R$-338,26 (abril/2001) a título de indenização pela área de servidão e plantação de cana de açúcar (fls. 25/26, vol. 1). O laudo de avaliação provisória, impugnado pela autora no valor (fls. 57/64, vol.

1), apurou que a área atingida pela restrição de uso seria de 527,52 m2 (e não os 395,66 m2 indicados pela autora), além de outros 791,14 m2 atingidos por restrição parcial (indenização no montante de 30%); o montante indenizatório, aí incluído o valor das plantações, foi apontado como sendo de R$-814,84

(5)

(dezembro/2001; fls. 42/51, vol. 1). A quantia ofertada e o complemento foram depositados e a liminar de imissão na posse deferida e cumprida em 22-2-2002 (fls. 29/30; 40/41; 53/54; 65/66; 102, vol. 1).

3. Laudo pericial. Em 30-10-2012 o perito oficial, engenheiro agrônomo Diego Antonio Cirelli, trouxe aos autos o laudo pericial de avaliação acolhido pela sentença para fixação da indenização (fls. 419/434, vol. 3). O 'expert' consignou que o imóvel possui área total de 24,66 alqueires paulistas ou 59,6738 hectares, com características latossolo arenoso; a topografia e superfície permitem exploração mecanizável independentemente do tipo da cultura instalada, sendo certo que a atividade agrícola praticada relaciona-se à produção de frango de corte e gado. O perito considerou que a área servienda perfaz 1.318,66 m2; e que 720,00 m2 eram ocupados por cultura de cana-de-açúcar em abril de 2001, época do ajuizamento. O valor atribuído à plantação foi de R$-371,90, considerando-se que nesse tipo de solo a produtividade é de aproximadamente de 250 toneladas por alqueire paulista (24.200 m2); obteve, mediante pesquisa com fontes da região e outras informações necessárias à formação do laudo, o valor unitário de R$-55.764,28/alqueire de terra nua; considerou o percentual de 5% do valor total do terreno para fins de apuração da desvalorização do imóvel; e sobre o valor obtido acrescentou 5% pela proximidade com a rodovia SP-215. O valor indenizatório apontado foi de R$-69.473,03 (outubro/2012), acolhido pela sentença. O perito respondeu aos quesitos, afirmando que (i) as restrições de uso na faixa são claras, não podendo ser edificadas por qualquer motivo; (ii) é viável cruzar ou trafegar ao longo da faixa com veículos de até dez toneladas por eixo; (iii) a atividade econômica era a agropecuária em geral, sendo mantida; e (iv) na prática, tornou-se impossível implantar qualquer cultura agrícola na área ante a impossibilidade de utilização de arados, subsoladores

(6)

ou qualquer outra ferramenta de penetração ou corte que ultrapasse 20 cm de profundidade.

4. Indenização. Desvalorização. Área servienda. O experto se equivoca ao realizar os cálculos para a obtenção do valor indenizatório: multiplica o valor do alqueire (R$-55.764,28) pela área total de imóvel (24,66 alqueires), aplicando sobre o resultado o percentual de 5% a título de desvalorização; a este produto (R$-68.757,35), acrescenta 0,5% pela proximidade da rodovia SP-215 (R$-343,78) e a indenização pela plantação de cana-de-açúcar (R$-371,90), obtendo o valor de R$-69.473,03 (outubro/2012).

Desvalorização. A servidão de passagem do gasoduto ocupa uma faixa irregular de aproximadamente 10x130 m (fls. 27, vol. 1) que na época do ajuizamento se projetava sobre uma plantação de cana- de-açúcar (fls. 25/26, vol. 1); não é cercada, não há impedimento de passagem (inclusive sobre ela é possível o tráfego de veículos com até dez toneladas por eixo; fls. 434, vol. 3), nem divide a propriedade; não impede o uso, salvo determinadas restrições indenizadas neste momento, como a plantação de determinadas culturas agrícolas; acrescenta-se que o imóvel possui 596.737,84 m2 e a servidão conta com apenas 1.318,66 m2 (fls. 25/26, vol. 1), ocupando aproximada e tão somente 0,22% da área da propriedade.

Ainda que se admitisse eventual depreciação, a desvalorização atingiria apenas uma faixa próxima à servidão e iria esmaecendo com a distância até desaparecer, pois a cada passo menores as restrições decorrentes do gasoduto; jamais se projetaria sobre a propriedade toda, como indica o 'expert' (cálculo 3; fls. 424, vol. 3). Não há fundamento para a desvalorização do remanescente, que continua com o uso livre e desimpedido pelos

(7)

expropriados; nem para acréscimo de valor pela proximidade com a rodovia, eis que se trata de característica inerente ao imóvel que foi considerada para fins de fixação do valor unitário.

Área servienda. O perito indica o valor unitário de R$-55.764,28/alqueire paulista de terra nua; e esse valor não é impugnado pela autora, que se limita a contestar na apelação a área servienda considerada pelo perito (a totalidade do imóvel). Com razão. O alqueire paulista possui 24.200 m2, ao que se obtém o valor unitário de R$-2,30/m2; considerando-se que a área servienda possui 1.318,66 m2, o valor da terra nua seria correspondente a R$-3.032,92, valor indicado pela recorrente. Este seria o valor indenizatório para o caso de desapropriação; mas os autos cuidam de servidão administrativa, em que não há perda de propriedade, apenas da exclusividade da área com a superveniência de determinadas restrições; é hipótese que atrai a aplicação do fator depreciativo de 33%, ante a mencionada impossibilidade de cultivos agrícolas (fls. 426/428, vol. 3).

Desta forma, o valor devido aos expropriados pela área servienda é de R$-3.032,92 (terra nua) x 33% (depreciação) = R$-1.000,86, ao que se acrescenta R$-371,90 a título de indenização pela plantação de cana-de- açúcar, não impugnada pelas partes. A justa indenização a que têm direito os réus é de R$-1.372,76 (outubro/2012).

5. Juros compensatórios. A imissão da expropriante na posse do imóvel ocorreu em 22-2-2002 (fls. 102, vol. 1), posteriormente ao depósito de valor superior ao estabelecido pelo acórdão (R$-1.127,53, para dezembro/2001; 29/30; 40/41; 65/66, vol. 1); não há o que compensar, razão para o afastamento da verba.

(8)

O voto é pelo provimento do recurso da autora para fixar a indenização da área servienda em R$-1.372,76 para outubro/2012 e afastar a condenação no pagamento de juros compensatórios.

Faculto às partes oporem-se, em igual prazo, ao julgamento virtual de recurso futuro.

TORRES DE CARVALHO Relator

Referências

Documentos relacionados

vada no XXIII Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação, V Congresso Luso-Brasileiro de Política e Administração da Educação e I Colóquio Ibero-Americano

O prazo de validade da Licença Prévia (LP) não pode ser superior a 5 (cinco) anos, o prazo de validade da Licença de Instalação (LI) não pode ser superior a 6 (seis) anos e o

Como cada algoritmo classificador possui sua característica própria, sendo seu desempenho dependente das características extraídas dos textos, e dos dados utilizados para

A consumidora não teria condições de fazer prova de fato negativo (não assinatura ou anuência na contratação do seguro); em contrapartida, prova em contrário

legislativa, administrativa e financeira se auto-organizarão por lei orgânica, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal e nesta Constituição".

EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI MUNICIPAL, EDITADA POR INICIATIVA PARLAMENTAR, PARA REVOGAR LEI ANTERIOR INSTITUIDORA DA CONTRIBUIÇÃO

sentença, no qual não se poderia exigir o cumprimento da decisão Aduziu que não basta à Agravada/Exeqüente alegar o descumpnmento da decisão tomada sob pena de incidência de

Firmada, pois, a premissa de que a apelada descumpriu o dever legal e contratual de restituir ao apelante a motocicleta consertada em um prazo razoável, assim considerado o de