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CAPITULO III. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA (MÍDIA) E SUA INFLUÊNCIA NO INDIVÍDUO

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CAPITULO III. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA (MÍDIA) E SUA INFLUÊNCIA NO INDIVÍDUO

Os meios de comunicação não são neutros; eles moldam a mensagem à sua própria imagem. Observam a realidade e, da enorme quantidade de fatos e situações que esta apresenta, selecionam alguns, decodificam-nos, combinando- os, reestruturando-os, recodificando-os para, em seguida, transmiti-los às pessoas. Dessa forma, fazem um papel de mediação entre a realidade e as pessoas, ou melhor, a informação divulgada não é a realidade propriamente dita e sim a construção da realidade, a partir da interpretação efetuada pelo informante.

Silverstone (2002) afirma que devemos pensar na mídia como um processo de mediação, visto que envolve os produtores e consumidores dos textos mediados numa atividade relativamente contínua, implicando uma constante transformação de significados. Ou seja, a mediação, para Silverstone (2002, p.33)

Implica o movimento de significado de um texto para outro, de um discurso para outro, de um evento para outro [...] à medida que textos da mídia e textos sobre a mídia circulam em forma escrita, oral e audiovisual, e à medida que nós, individual e coletivamente, direta e indiretamente, colaboramos para sua produção.

Sendo assim, parece haver duas realidades diferentes: a objetiva - o fato em si - e aquela reconstruída pelo discurso comunicado. (BORDENAVE,2006).

A comunicação supostamente mais objetiva, como a notícia jornalística, não é mais que a “reconstrução” da realidade pelo repórter. Os eventos, com efeito, são percebidos pelo repórter que, além de selecionar apenas os aspectos que lhe parecem relevantes, deixando de fora outros, ainda projeta seus próprios significados conotativos sobre o evento. Ao escrever, a estrutura do discurso – isto é, a seqüência dos fatos reportados – introduz sua própria paralinguagem (BORDENAVE, 2006, p.90).

Até a disposição da matéria no jornal ou os símbolos dos quais lança mão

para a publicação da mesma indicam sua valorização sobre o assunto.

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Numa página impressa, o texto escrito transmite a informação através dos seus signos compreensíveis: as palavras. Mas também, por meio de símbolos gráficos (desenhos, em geral coloridos), produzem informações visuais que atuam na sensibilidade do receptor (SILVA, 2005, p.48-72).

A partir das informações recebidas da mídia, as pessoas passam a discutir, em seu cotidiano, em suas relações interpessoais, os temas e notícias que foram abordados e, ao fazê-lo, por outro lado, também colocam suas interpretações sobre tais assuntos. Assim, ocorre um contínuo e permanente processo de modificação e reconstrução em que a própria mídia será realimentada pelas opiniões surgidas a partir dessas discussões.

Dessa forma, de acordo com Marques de Melo (1999, p.42), “o s meios de comunicação de massa desempenham um papel decisivo na formação da população brasileira. Eles atuam verdadeiramente como educadores coletivos”.

O papel da mídia é importante; não se destina apenas ao entretenimento, mas também divulgar informações, colaborar para constituir a identidade cultural, além de ser um meio de transmitir a cultura de um povo. “E, o mais importante, constrói a opinião pública” (GHILARDI, 1999, p.105).

Sendo assim, rejeitar a mídia, e particularmente a imprensa, é negar a realidade, as transformações sociais, a compreensão dos fenômenos humanos.

Graças ao seu trabalho, a sociedade tem acesso a informações que devem possibilitar-lhe a formação de pensamentos e idéias, de opinião, de um posicionamento tanto individual como socialmente.

A imprensa é considerada, por muitos estudiosos e críticos, e pela

sociedade em geral, como o “quarto poder”, dada à acentuada e inegável

influência que tem sobre a vida das pessoas (GUARESCHI; BIZ, 2005). A esse

respeito, importa lembrar que os efeitos dessa influência podem não ser

imediatos, mas a longo prazo. Sendo assim, os meios de comunicação de massa

não alteram diretamente, mas afetam as idéias e ações da sociedade “uma vez que

tendem a influenciar a maneira como o indivíduo organiza a sua imagem do

ambiente social” (TEMER; NERY, 2004, p.61).

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Esse tipo de “poder” é cultural ou simbólico visto que nasce a partir “da produção, transmissão e recepção do significado das formas simbólicas”, segundo Thompson (1999, p.24). Os indivíduos servem-se destas formas simbólicas para realizar ações que possam interferir no curso dos acontecimentos, podendo levar às mais diversas conseqüências, tais como:

sugerir caminhos e decisões; provocar reações; liderar respostas de determinado teor. (THOMPSON, 1999, p.24).

É fato notório a existência do agenda setting, que nada mais é do que a seleção de temas ou notícias que serão divulgados ao público e que dependem dos interesses de grupos. O agenda setting é uma das formas possíveis de incidência da mídia sobre o público; ou seja, é um tipo de seu efeito social. Dito de outro modo, presume-se que a mídia, dependendo da incidência e da forma como apresenta suas notícias e delas dispõe, determina os temas sobre os quais o público falará e discutirá (BARROS FILHO, 1999, p.11; TEMER; NERY, 2004, p.71).

Tais colocações parecem afirmar que a mídia, embora não tenha diretamente a pretensão de persuadir, acaba por fazê-lo, pois apresenta ao público os assuntos sobre os quais é necessário ter uma opinião. “A imprensa não diz às pessoas o que pensar, mas sobre que temas devem pensar” (TEMER; NERY, 2004, p.71).

Lembrando Aristóteles, é certo que a linguagem da mídia é retórica e, portanto, persuasiva. Sendo assim, não parece haver dúvidas de que a mídia tenha poder de influência; resta saber se benéfico ou não (GHILARDI, 1999).

Dependendo da ideologia e dos interesses de quem transmite as informações, acredita-se que os resultados não poderão ser benéficos.

A esse respeito, Charaudeau (2006, p.39) destaca que “comunicar,

informar, tudo é escolha”. Para o autor, essa escolha envolve não apenas a

seleção dos conteúdos, mas a forma de apresentá-los, o que abrange também a

escolha de estratégias discursivas, ou seja, que efeitos de sentido serão

empregados para influenciar o outro.

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É inquestionável, portanto, que os meios de comunicação fazem parte de nosso cotidiano e o transformam; que o discurso da mídia tem influência sobre o comportamento do indivíduo, na construção de seus sonhos, na determinação de suas necessidades e hierarquização de seus valores. Além do mais, sua influência e os efeitos dela decorrentes, muitas vezes não são imediatos (GHILARDI, 1999;

WOLF, 2005).

Bordenave (2006, p.92) afirma o seguinte:

É próprio da comunicação contribuir para a modificação dos significados que as pessoas atribuem às coisas. E, através da modificação de significados, a comunicação colabora na transformação das crenças, dos valores e dos comportamentos.

Daí o cuidado que é preciso ter ao se ouvir o relato de um fato ou assistir noticiário, ler artigos; enfim, é necessário um olhar e escuta reflexivos e críticos.

Sendo assim, o indivíduo não pode ser um leitor ou espectador passivo.

Charaudeau (2003) chama a atenção para o fato de que não se pode deixar de considerar que nem sempre as intenções de quem provê as informações coincidem com os efeitos produzidos no destinatário, visto que este “muitas vezes reconstrói tais informações com base em suas próprias experiências sociais, seus conhecimentos e suas crenças” (CHARAUDEAU, 2003, p.72).

No entanto, mister se faz que o indivíduo esteja preparado para reconstruir tais informações, o que nem sempre ocorre quando se trata de criança ou jovem adolescente.

Conseqüentemente, importa discutir não apenas a quantidade mas também

a qualidade dessas informações e sua relação com os processos sócio-

educacionais.

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1. A mídia e o adolescente vestibulando

Já se pôde constatar que a comunicação, sem dúvida nenhuma, tem um papel social; a própria etimologia da palavra sugere tratar-se de um conceito social na sua origem.

Também já foi citada a existência de vários tipos de comunicação humana, sendo que uma delas é a comunicação espontânea, do cotidiano entre as pessoas, e a outra é de natureza mais profissional, como a atividade do jornalista , do publicitário, do escritor, do homem da TV, do comunicador científico.

Segundo a quantidade de pessoas envolvidas no processo da comunicação, esta pode ser: intrapessoal, interpessoal, intragrupal, intergrupal, comunicação de massa. Esta última diz respeito à mídia, referindo-se às mensagens dirigidas ao grande público através do rádio, da televisão, cinema, jornais, revistas.

A linguagem empregada pelos meios de comunicação (mídia) lança mão de textos e, em grande parcela, de imagens. Os textos exigem maior esforço para compreensão; em contrapartida, o recurso visual atinge mais diretamente o indivíduo, pois é de mais fácil assimilação e memorização. É o que se pode verificar pelas publicidades colocadas em outdoors; elas procuram explorar em larga escala os recursos imagéticos com a finalidade de atingir mais diretamente o indivíduo. Da mesma forma as veiculadas através da mídia impressa ou televisiva.

Em relação à mídia impressa, é fundamental que o leitor saiba ler e compreender os textos que a mídia produz e as imagens que reflete, procurando interpretar (decodificar) seu discurso simbólico, ou seja, identificar o grau de denotação-conotação nele existente. Paralelamente, deve desenvolver uma atitude de desconfiança sobre as intenções e os conteúdos ideológicos subjacentes nos conteúdos inseridos nos textos. Importa, portanto, que o indivíduo seja capacitado para uma leitura crítica das mensagens divulgadas pela mídia. (GHILARDI, 1999; BORDENAVE, 2006).

No processo de representação, a mídia destaca muitas vezes o que

considera aspectos característicos de uma pessoa ou de um grupo e generaliza-os

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aos demais membros de uma comunidade. Geralmente não se preocupa em saber se as imagens ou descrições mostradas condizem com o que a pessoa ou o grupo escolheria como representação própria (PEREIRA, 2005.p.82).

No que se refere ao âmbito deste trabalho, como o próprio titulo indica, interessa mais voltar a atenção ao público jovem e à mídia destinada a essa parcela da população, em especial, o adolescente vestibulando.

Sobre esse assunto, o que se vê são informações a respeito das profissões veiculadas através da mídia televisiva, bem como por meio de jornais, de revistas especializadas para jovens. A internet, por meio de sites que abordam o tema destacando, inclusive, algumas universidades que oferecem determinados cursos, é outra fonte de informação oferecida ao jovem adolescente que se encontra nesse processo de escolha da profissão e de enfrentar o vestibular.

As informações, em geral, procuram enfatizar a importância de o jovem optar por alguma profissão que lhe permita obter sucesso, que traga maior retorno financeiro, que esteja mais em moda, que lhe possibilite obter um diploma de curso superior em um período menor de tempo.

O que se vê ocorrer, portanto, é o jovem cercado das mais variadas fontes de informações. Se, por um lado, é salutar visto que muitas vezes o auxilia a sanar dúvidas a respeito de alguma carreira, por outro, pode saturá-lo e até lhe dificultar a tomada de decisão. Principalmente no caso do jovem que se vê diante de algumas pressões familiares.

No que diz respeito ao vestibular, tais meios de comunicação procuram destacar a importância do preparo acadêmico e a organização do estudo (horários, divisão das matérias, local) como aspectos fundamentais par a a obtenção de um bom resultado. Assuntos relacionados à saúde - alimentação adequada, e principalmente atividades físicas para relaxar e tentar diminuir o estresse - são também abordados embora em menor destaque. Talvez sejam citados por estar tão em moda, ultimamente, a veiculação de temas relacionados ao estresse e como controlá-lo.

A ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância) aponta para a

necessidade de os profissionais de jornalismo compreenderem o papel que

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representam no processo de conscientização dos adolescentes, pois ao profissional da mídia de jovem cabe também o papel de educador .

Dentre as várias definições encontradas sobre este termo, optou-se por uma encontrada no mini dicionário Sacconi da língua portuguesa (1996), por parecer mais abrangente:

Educador: aquele que tem o nobre ideal de educar, ilustrar a razão, melhorar o entendimento, aperfeiçoar o coração e suavizar os usos e costumes do educando.

Será que a mídia percebe e assume esse papel perante o adolescente?

Através de seu relatório, a ANDI

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procura periodicamente analisar a mídia de jovens . No último relatório (publicado em 2005), apresentou um levantamento estatístico dos assuntos mais encontrados nos mais diversos suplementos, inclusive procurando comparar com a preferência dos jovens. O relatório revelou que alguns temas tinham pouco destaque, como por exemplo, os que envolviam a família. Outros, por sua vez, ocupavam um espaço bastante considerável, como por exemplo, temas relacionados à sexualidade, drogas, violência. De certa forma, portanto, as publicações eram tendenciosas.

No capítulo anterior, fez-se referência ao fato de que sempre se está comunicando algo, mesmo através do silêncio. Este significa ausência de ruídos (quando se trata do ato da fala), mas pode ser entendido também como ausência de palavras (na linguagem escrita), ou seja, a recusa em comunicar. O silêncio, portanto, é uma opção de quem comunica, seja intencional ou inconsciente. Por conseguinte, em se tratando da mídia impressa, particularmente da mídia de jovem, o fato de omitir ou dar pouco destaque a determinados assuntos pode ser interpretado como recusa em comunicar.

O conteúdo abordado neste capítulo levou a algumas reflexões: muito embora a mídia possa não ter a intenção direta de influenciar , acaba por fazê-lo uma vez que, na seleção dos assuntos a transmitir (ou publicar), os responsáveis pela mesma o fazem baseados em seus próprios juízos de valor e ideologias; a

1

Relatório A mídia dos jovens . Agência de Notícias dos Direitos da Infância. Disponível em:

http://www.aracati.org/portal/pdfs/13_Biblioteca/estudos%20e%pesquisas/mídia_jovem.2005 >

Acesso em 10 de agosto de 2005.

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forma como as informações são veiculadas acabam por enfatizar determinados aspectos e omitir ou dar menor destaque a outros; a utilização de imagens causam maior impacto visto que são mais atrativas e, conseqüentemente, têm maior efeito controlador; a partir das informações recebidas pela mídia, o indivíduo decodifica-as e as reconstrói segundo sua própria escala de valores e interesses;

esta última porém nem sempre ocorre quando se trata de indivíduos que ainda

estão em processo de formação de suas identidades, como é o caso do

adolescente.

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