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Open A dependência de financiamento das ONG'S de João Pessoa que atuam junto a infância e adolescência

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

COORDENAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

NÍVEL MESTRADO

A DEPENDÊNCIA DE FINANCIAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES

NÃO GOVERNAMENTAIS DE JOÃO PESSOA QUE ATUAM

JUNTO A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

REVELINO CARDOSO DOS SANTOS

(2)

REVELINO CARDOSO DOS SANTOS

A DEPENDÊNCIA DE FINANCIAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES

NÃO GOVERNAMENTAIS DE JOÃO PESSOA QUE ATUAM

JUNTO A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação de Serviço Social da UFPB, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Áurea Carneiro, Dra.

JOÃO PESSOA

PB

(3)

REVELINO CARDOSO DOS SANTOS

A DEPENDÊNCIA DE FINANCIAMENTO DAS ORGANIZAÇÕES

NÃO GOVERNAMENTAIS DE JOÃO PESSOA QUE ATUAM

JUNTO A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Aprovada em ___________________________________

______________________________ Profa Dra , Áurea Carneiro

Orientadora

______________________________

Maria de Fátima Melo do Nascimento, Profª. Doutora Examinadora interna

______________________________ Fabíola Barrrocas Tavares, Profª. Doutora

(4)

Dedico este trabalho a

Abraão

meu filho e bem maior. E aos meus

irmãos (as): Ney, Aparecido,

Fabiana, Cleonice e Vanilda que

não tiveram a mesma sorte, que eu

para dar continuidade em seus

estudos,

amo

vocês, exemplos

(5)

Tudo Posso Naquele que me Fortalece

Filipenses 4.13

“Filantropia é muito louvável, mas não deve permitir que o filantropo

ignore as injustiças econômicas que fazem com que a filantropia seja

necessária

”.

Martin Luther King

Jamais será ultrapassada uma obra de arte verdadeiramente “acabada”,

tampouco envelhecerá. Qualquer um dos que a contemple apreciará, provavelmente de forma diferente, a sua significação, mas jamais poderá

alguém dizer de uma obra verdadeiramente “acabada” que ela foi “ultrapassada” por uma outra igualmente “acabada”. Entretanto, no domínio

da ciência todos sabem que a obra construída terá envelhecido dentre de dez, vinte ou cinqüenta anos. Em verdade, qual o destino ou, melhor, a significação, em sentido muito especial de que está revestido todo o trabalho cientifico, assim como, aliás, todos os outros elementos da civilização sujeitos à mesma

lei? É o de que toda obra cientifica “acabada” não tem outro sentido senão o de fazer surgirem novas indagações. Portanto, ela pede que seja “ultrapassada” e

envelheça. Todo aquele que pretende servir à ciência deve resignar-se a esse destino.

(6)

Agradecimentos

(A gratidão é a lembrança do coração) Autor desconhecido

À Deus

, em primeiro lugar, aquele que é minha inspiração à prosseguir,

principalmente nas horas em que tudo parece perdido.

À Universidade Federal da Paraíba, pelo ensino de qualidade.

A CAPES que através da concessão da Bolsa viabilizou condições financeiras. Ás gestores das organizações pesquisadas que disponibilizaram um pouco de suas atenções para conceder a entrevista

Á professora Drª Áurea Carneiro, pela nossa amizade, pela orientação, pelos preciosos ensinamentos ministrados, e pelo incentivo direto ou indiretamente, no prosseguimento da carreira acadêmica. Obrigado Professora !

Professora DrªFátima Melo, pela orientação no estágio. E a todos os demais professores do mestrado de Serviço Social pela dedicação desprendida ao longo dessa etapa da minha vida.

.

Á Fátima, Zilene e ao Pedro funcionários do curso de mestrado sempre atenciosos e prestativos.

Aminha esposa,

Ana Luiza

que sempre depositou confiança em meus

estudos e nos momentos mais difíceis esteve ao meu lado.

À minha mãe Benedita Cardoso, que na sua humildade expressa exemplo de coragem.

À minha Irmã, Flávia Cardoso que contribuiu significativamente, a frente dos meus negócios, enquanto executava essa pesquisa.

Aos meus colegas de curso pelas experiências vivenciadas em conjunto

(7)

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo central dois pontos importantes: o primeiro consiste em analisar os serviços prestados pelas ONGs que atuam junto a crianças e adolescentes de João Pessoa PB. O outro, em averiguar como são financiados esses serviços. A amostra fundamentou-se em 41 ONGs. Para coleta de dados utilizamos à entrevista semi-estruturada, contendo indicadores plausíveis como nosso objeto de estudo. A maioria dos entrevistados (as) afirmou que os serviços ofertados pelas organizações contribuem para melhorar a vida de seu público, porque as crianças e adolescente são muito pobre. De acordo com o diálogo que tivemos com esses entrevistados, percebemos que eles têm a consciência, que várias ações das ONGs, são assistencialistas. Por exemplo, doação de cesta básica, fornecimento de abrigos, remédios, entre outras, cujo viés seja de imediatismo. As ações dessas ONGs são mais assistencialistas que cidadãs, mas são significativas, porque contribuem na formação de muitas crianças e adolescentes, em muitos casos esquecidos pelo Estado. Em outras palavras, as ações dessas ONGs não pode englobar o todo das expressões da questão

social, como “faz” o Estado através das políticas públicas, cuja perspectiva é a

universalização dos direitos sociais. Todavia, seus serviços prestados têm grande valor social. Dentre as 41 ONGs pesquisadas, nenhuma é autônoma, no sentido de manter suas ações com receitas próprias (venda de serviços e produtos, entre outros). Todas as ONGs recebem algum tipo de doação, seja do Estado, ou da sociedade civil. Para muitas ONGs essa é a principal fonte de financiamento.

(8)

ABSTRACT

To present research he/she has as objective central two important points: the first consists of analyzing the services rendered by ONGs that you/they act children and adolescents from João Pessoa PB close to. The other, in discovering how those services are financed. The sample was based in 41 ONGs. For collection of data we used to the semi-structured interview, containing plausible indicators as our study object. Most of the interviewees (the) he/she affirmed that the services presented by the organizations contribute to improve his/her public's life, because the children and adolescent are very poor. In agreement with the dialogue that we had with those interviewees, we noticed that they are the aware, that several actions of ONGs, are assistencialistas. For instance, donation of basic basket, supply of shelters, medicines, among other, whose inclination is of imediatismo. The actions of those ONGs are more assistencialistas than citizens, but they are significant, because they contribute in the a lot of children's formation and adolescents, in many cases forgotten by the State. In other words, the actions of those ONGs cannot include the all of the expressions of the social subject, as he/she "makes" the State through the public politics, whose perspective is the universalization of the social rights. Though, their rendered services have great social value. Among 41 researched ONGs, none is autonomous, in the sense of maintaining their actions with own incomes (sale of services and products, among other). All of ONGs receive some donation type, be of the State, or of the civil society. For a lot of ONGs that is the main financing source.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Localização das ONGs 52

Figura 2 Fundação das ONGs 54

Figura 3 Caráter das ONGs 56

Figura 4 Sede das ONGs 56

Figura 5 – Utilidade pública das ONGs 58

Figura 6 Registro no conselho municipal de educação 59

Figura 7 – Atuação das ONGs 60

Figura 8 Utilização da internet 61

Figura 9 Transporte das organizações 62

Figura 10 – Escolaridade dos entrevistados 64

Figura 11 Ingresso dos entrevistados nas ONGs 65

Figura 12 – Composição da diretoria 66

Figura 13 – Participação de homens e mulheres nas ONGs 67

Figura 14 Qualificação dos recursos humanos 69

Figura 15 – Presença do voluntariado nas ONGs 71

Figura 16 Contato das ONGs com os familiares 76

Figura 17 As crianças e adolescentes e os seus pais 77

Figura 18 – O Conhecimento dos entrevistados acerca da

publicação do ECA 79

Figura 19 – ECA como instrumento de Trabalho 80

(10)

SUMÁRIO

Lista de Figuras

Resumo

Introdução

12

Capitulo 1

Terceiro Setor: Uma Questão em Debate

15

1.1 Fatores que contribuíram para a expansão do terceiro setor 15

1.2 Reflexões sobre o terceiro setor 18

Capítulo 2

Organizações não Governamentais

25

2.1 O Debate teórico acerca das organizações não governamentais 25

2.2 Tipos de ONGs, quanto a sua esfera de atuação 35

2.3 A Infância e a adolescência no Brasil, e as ONGs 37

2.4 As questões da comissão parlamentar de inquérito

(CPI) das ONGs 43

Capítulo 3

Resultados da Pesquisa de Campo

46

3.1 Considerações metodológicas da pesquisa 46

3.1.1 Tipo de pesquisa 47

3.1.2 Sujeitos da pesquisa 47

3.1.3 Período e local da pesquisa 47

3.1.4 Universo/amostragem da pesquisa 48

3.1.5 Instrumento de coleta e análise dos dados 48

3.2 Características de João Pessoa PB 49

3.3 As Funções do Conselho Municipal do Direito

da Criança e do Adolescente 50

3.4 Mapeamento e período de fundação das ONGs pesquisadas 51

3.5 O Caráter e o tipo de sede das ONGs que atende as

crianças e a adolescentes de João Pessoa 55

(11)

3.7 Conselho municipal de educação e as ONGs 58

3.8 Âmbito de atuação municipal, estadual e nacional, e a

articulação das ONGs 59

3.9 A Utilização da Internet e o transporte das ONGs 61

3.10 Formação, cargo, nível de escolaridade, e a forma de

ingresso dos entrevistados das ONGs 62

3.11 Diretoria, quantidade de pessoas que trabalham nas ONGs, os vínculos empregatícios, a faixa salarial e o

investimento das ONGs na capacitação de seus recursos 65

3.12 O Trabalho voluntário nas ONGs de João Pessoa que

prestam serviços a crianças e a adolescentes 69

3.13 A Quantidade de crianças e adolescentes atendidas de

João Pessoa pelas ONGs e seus respectivos serviços oferecidos 71

3.14 Nível de escolaridade do público atendido pelas ONGs 73

3.15 Relacionamento das ONGs com os familiares,

e a relação das crianças e adolescentes com seus pais 75

3.16 Metodologia de trabalho das ONGs junto as crianças

e adolescentes 77

3.17 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 78

3.18 As Formas de captar recursos das ONGs e

suas dependências financeiras 80

Considerações Finais

86

Referências

93

Apêndices

99

(12)

INTRODUÇÃO

A partir das décadas de 1960 e 1970 as organizações não governamentais brasileiras como expressão da sociedade civil organizada começaram a se estruturar. Neste período de ditadura militar, várias organizações surgem e se estruturam vinculadas aos movimentos e lutas por direitos, tendo como características da época o enfrentamento de todas as formas de opressão. Essas Organizações se consolidam nos anos de 1980 e 1990

A partir da segunda metade dos anos de 1980 as ONGs em razão do processo de abertura política e do volume dos problemas sociais existentes sentiram a necessidade de se profissionalizar, qualificar e especializar-se em áreas que envolvem: as questões agrárias e urbanas, o desenvolvimento regional, o meio ambiente, os direitos humanos, crianças e adolescentes, entre outros.

Esses atores (as ONGs) estão presente no cenário brasileiro, na questão social há muito tempo, em cada fase da história vêm se transformando e redefinindo sua missão1. A assimetria entre as ONGs se dá, principalmente,

entre seus objetivos, propostas, metas, formas de organização, estratégias de ação e nos resultados alcançados. Por isso, que defendemos uma posição, de contestação daquelas que consideram que todas as ONGs são negligentes e querem somente tirar proveito dos recursos governamentais e da miséria, que atinge o publico que essas ONGs atende. 2

Enfim, afirmar que todas as ONGs são negligentes, focalistas em suas ações e querem tomar o lugar do Estado no planejamento e na execução das políticas sociais é ter pensamentos e atitudes generalistas. Esse tipo de posição leva a cometer erros de interpretação acerca dos fatos, impedindo de entender o que de bom há nas ações das ONGs.

1

Ver as missões das respectivas ONGs pesquisadas no apêndice

2

(13)

O objeto dessa pesquisa são as ONGs que prestam serviços as crianças e adolescentes na cidade de João Pessoa. Este trabalho tem como base dois objetivos: primeiro em analisar os serviços prestados por essas ONGs . O outro, em averiguar como são financiados esses serviços. Assim, poderemos entender a dependência das ações, posições e resultados obtidos por essas organizações, a partir da utilização dos recursos disponíveis. Portanto, para atingir os objetivos desta investigação de forma mais precisa fizemos uma pesquisa descritiva e utilizamos o método indutivo fundamentado em dados qualitativos e quantitativos, oriundos de fontes primárias e secundárias. Através de pesquisa de campo e levantamento bibliográfico.

Através dos registros dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente3, conseguimos, analisar as ações e as fontes de financiamento de 41 ONGs, que atuam junto a infância e adolescência.

Para coleta de dados utilizamos como instrumento entrevista com roteiro semi-estruturado, contendo indicadores como: a natureza das organizações (laica ou religiosa), formas de captação de recursos, período de fundação, tipo de sede, âmbito de atuação, certificado de utilidade pública municipal, utilização da internet, registro no conselho municipal de educação, o sexo da diretora, quantidade de pessoas que trabalham nas ONGs, os vínculos empregatícios, a faixa salarial e o investimento das ONGs na capacitação de seus recursos humanos, o trabalho voluntário, o tipo de serviços oferecidos para as crianças e adolescentes, nível de escolaridade, metodologia utilizada para acompanhar a evolução das crianças e adolescentes, quantidade de crianças e adolescentes atendidas pelas ONGs, tempo de permanência das crianças e adolescentes, o relacionamento das ONGs com os familiares das crianças e adolescentes, relação das crianças e adolescentes com seus familiares, formas de ingresso das crianças e adolescentes nas ONGs, critérios utilizados para atender as crianças e os adolescentes, e nível de conhecimento

3

(14)

dos gestores acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente. Na análise dos dados, empregamos análise estatística.

Quanto à estrutura do trabalho, encontra-se dividido em três capítulos, o primeiro trata-se dos fatores que contribuíram para a expansão do terceiro setor. Também, fizemos uma reflexão teórica, do chamado terceiro setor, onde situamos nosso objeto de estudo, as ONGs dentro do setor em questão.

No segundo Capítulo, apresentamos o processo histórico das ONGs propriamente ditas, e as principais posições dos autores na literatura especializada acerca das ONGs. Descrevemos também, os tipos de organizações não governamentais, quanto a sua esfera de atuação. Abordamos ainda, a situação da Infância e a adolescência no Brasil, e o envolvimento das ONGs nessa questão. E por último, enfatizamos algumas questões debatida no Senado Brasileiro, acerca da Comissão Parlamentar de Inquérito das ONGs (CPI).

No terceiro capítulo, fizemos as considerações metodológicas da pesquisa. Analisamos e interpretaremos os dados coletados, sempre mantendo a articulação entre os dados empíricos e as discussões teóricas que embasaram esse trabalho. Procurando atingir os dois objetivos do trabalho.

A estrutura da dissertação finaliza-se com as considerações, seguindo-se das referências, apêndice e dos anexos.

(15)

CAPÍTULO 1

Terceiro Setor: Uma Questão em Debate

Nesse capítulo temos como intuito situar nosso objeto de estudo (as ONGs) dentro do terceiro setor e pontuar os fatores que favoreceram o desenvolvimento desse setor. E apresentar algumas opiniões de estudiosos das questões que envolvem o terceiro setor. Uma vez, situada as ONGs dentro do terceiro setor, daremos maior ênfase nas mesmas no capítulo seguinte.

1.1 Fatores que Contribuíram para a Expansão do Terceiro Setor

Vários especialistas do tema como Tachizawa (2004), Manzione (2006) e Carneiro (2002) defendem a idéia da existência de três setores, sendo o primeiro o Estado, o segundo o mercado, e as ONGs, institutos, fundações, entidades de classe, entre outras que atuam nas áreas sociais fazem parte do chamado terceiro setor4.

Dentre todos esses tipos de organizações que fazem parte do terceiro setor, as que vamos pesquisar são as Organizações não Governamentais (ONGs): em razão da difusão e aceitação terminológica das mesmas, do aumento quantitativo e da crescente visibilidade que elas têm alcançado, bem como do seu protagonismo. Estas organizações estão longe de criar um consenso quanto ao seu papel e sua importância, por isso, ora são aceitas, ora são criticadas por distintos segmentos da sociedade.

A análise que se faz a respeito do terceiro setor e mais especificamente sobre as Organizações não Governamentais exige do pesquisador uma compreensão de fatores mais amplos que compõe a agenda dos debates contemporâneos, dentre eles destaca-se o papel do Estado, a crise do Welfare State nos países desenvolvidos e ainda a crise fiscal dos países em desenvolvimento. É importante tentar entender como essas crises contribuem

4

(16)

de forma significativa para o acirramento das idéias neoliberais, cujo cerne é a redução do Estado nas atividades lucrativas, e a expansão do mercado nos setores rentáveis e a conseqüente redução da provisão de serviços de bem-estar.

De acordo com Esping-Andersen (1995) o Welfare State significou mais do que um simples incremento das políticas sociais no mundo industrial desenvolvido. Em termos gerais representou um esforço da reconstrução econômica, moral e política. Economicamente, significou o abandono da ortodoxia da pura lógica do mercado em favor da exigência de extensão de segurança do emprego e dos ganhos sociais como direitos de cidadania. Potyara (2006) relata que no Welfare State foi a fase de ouro das políticas de proteção social, no que diz respeito à satisfação das necessidades humanas básicas, principalmente, na Europa.

Especialistas como Draibe (1988) e Medeiros (2001) relatam que no auge do Welfare State houve uma parceria bem sucedida entre a política social e a política econômica, sustentada por um consenso acerca do estimulo econômico conjugado com segurança e justiça social.

Vários modelos de Welfare States foram desenvolvidos, por exemplo: o liberal, o conservador e o social democrata. Esses foram desenhados tomando como base características específicas, dada a inserção dos países em modelos ideais e desejáveis de desenvolvimento que se pretendia enfocado no crescimento econômico, na geração de emprego formal e na integração aos agentes e fatores de mercado. Assim, sendo, os níveis de desenvolvimento e consolidações desses modelos dependiam de alguns fatores como: industrialização, modelo de força política dos trabalhadores, processos organizativos, força sindical, leis e normas vigentes, entre outros.

(17)

cunho Keynesiana, com o objetivo de compensar a insuficiência do mercado em adequar os níveis de oferta e demanda agregada.

Especialistas do tema como Além (1999), Giambiagi (1999), Ikeda (1999), entre outros, afirmam que a década de 1980 foi perdida do ponto de vista econômico. A crise deste período reduziu a taxa de crescimento econômico dos países centrais à metade em comparação aos vinte anos que se seguiram à segunda guerra mundial.

Pereira (2006) relata que o baixo crescimento econômico e o problema inflacionário que caracterizaram o desempenho das sociedades capitalistas industrializadas a partir da segunda metade dos anos de 1970, romperam com a conotação de proteção social e com a contínua extensão de políticas sociais como concretizadoras de direitos.

Tendo por base a conjuntura econômica, principalmente, a dos países centrais os gastos sociais do Estado, segundo alguns especialistas, como Draibe (1988), Pereira (2006), Brum (1999) entre outros, passaram a gerar desequilíbrio orçamentário, isso provocou déficits públicos recorrentes que penalizou a atividade produtiva e provocaram inflação e desemprego. Alguns estudiosos vão mais além e afirmam que o principal fator gerador da crise foi o excesso dos gastos sociais via Estado. Em outras palavras destacam que os gastos sociais e suas formas de financiamentos foram responsáveis pela inflação, declínio nos investimentos e, portanto, por todo efeito multiplicador da crise.

(18)

Foi ancorado em um drástico cenário econômico e social (como hiperinflação, alto índice de desemprego e elevadas taxas de juros, aumento da miséria) que a ideologia neoliberal articulou uma alteração na relação entre Estado e Sociedade no tocante ao processo de proteção social, tendo como base a redução do Estado e a expansão do mercado.

De acordo com Gohn (2000) nos anos de 1990 acirram-se as mudanças sociais no âmbito das lutas, movimentos e práticas sociais coletivas, de diferentes classes e camadas sociais. Neste período a sociedade começa a se articular em prol de uma nova sociedade, ou seja, começa a construção de um novo tipo de sociedade civil, buscando criar novos espaços de interlocução e de relações sociais entre Estado e o mercado, com reflexos positivos na cultura política do país ao colocar a questão da solidariedade como o grande eixo articulatório das ações sociais.

Paiva (2003) relata que essa idéia de sociedade civil é dicotomizada, emerge na segunda metade dos anos de 1980 através do pensamento neoliberal que encontra terreno fértil para demonizar de vez, tudo que vem do Estado.

Há controvérsia quanto ao exato momento que surgiu o terceiro setor, mas podemos afirmar que o mesmo é articulado tendo como premissa, as crises econômica e social gerada pelo modelo de acumulação vigente. Carneiro

(2002) “relata que o desenvolvimento do terceiro setor é em grande parte

atribuído às falhas do Estado e do mercado na provisão dos bens e serviços sociais implícitos no bem-estar”. Em outras palavras, esse setor em tese veio

(19)

1.2 Reflexões sobre o Terceiro Setor

As Organizações que caracterizam o terceiro setor, segundo a Gazeta Mercantil (maio de 2002) movimentam mais de US$ 1 trilhão em investimento no mundo, dentre esses US$ 10 milhões esta no Brasil, o equivalente a 1,5% do PIB.

Calcula-se que o número de instituições que formam o terceiro setor no Brasil seja superior a 540 mil, incluindo ONGs, fundações, entre outras. De acordo com Tachizawa (2004) esse número é maior, porque escapam das estatísticas as pequenas organizações, as instituições religiosas e os indivíduos voluntários, não formalmente registrados, que atuam de alguma forma na comunidade e que também fazem parte desse setor. O terceiro setor gera aproximadamente 5% dos empregos no mundo e 2,5% dos postos de trabalho no Brasil.

Pesquisa recente do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (IPEA) com 780 mil organizações privadas com um ou mais empregados no país, demonstra que 59% das organizações pesquisadas (462 mil) têm investimentos voltados ao atendimento de comunidades carentes. Em valores, isso representa R$ 5 bilhões destinados à saúde, educação, alimentação, esportes e cidadania. 5

De acordo com Albuquerque (2006) as organizações do terceiro setor não são criações do século XX e XXI. Na Europa, na América do Norte e mesmo na América Latina, os movimentos associativos tiveram origem nos séculos XVI e XVII, inicialmente com caráter religioso ou político. Neste período essas organizações também foram influenciadas pelos sistemas de governos e pelas políticas nacionais vigentes.

5

(20)

As instituições do terceiro setor atuam em diversas atividades de interesse público: assistência social, educação, saúde, esportes e lazer, meio ambiente, geração de emprego e renda, artes e cultura, entre outras.

Não existe um consenso quanto à importância do terceiro setor, por isso, há diversas opiniões antagônicas de especialistas acerca desse tema. Parafrasearemos algumas dessas.

Assim sendo, de acordo com Salvatore (2004) atualmente as organizações do terceiro setor, atuam segundo a lógica da racionalidade do setor privado, que tem o lucro como foco. Portanto, o que deveria ser um espaço, articulado pelo diálogo entre vários campos do conhecimento, como a psicologia, antropologia, a comunicação, a sociologia, entre outros, corre risco de ser tornar polaridade entre diferentes concepções de administração. 6 Tenta-se, por meio de conceitos como eficiência, eficácia, qualidade e produtividade, dar conta de um universo complexo que vai além do aspecto empresarial da organização.

Já para Montãno (2003) o terceiro setor não reúne um mínimo consenso sobre sua origem, nem sobre sua composição, ou suas características. Tal dissenso é clara expressão de um conceito ideológico que não dimana da realidade social, mas tem como ponto de partida elementos formais e uma apreensão da realidade apenas no nível fenomênico. Sem a realidade como interlocutora, como referência, acaba por ter diversos conceitos diferentes.

De acordo com Paiva (2003) o terceiro setor propiciou uma concepção, definida no imaginário coletivo, que atualmente há uma maior participação da sociedade nas questões políticas, mas, isso na prática não acontece, porque as entidades que compõe esse setor não são aptas a defender os espaços dos interesses da maioria, ou seja, a sociedade civil não é o verdadeiro cenário da história.

6

(21)

Para Rifkin (1997) as organizações que formam o terceiro setor estão em um status neocolonial. Pensem como um setor subjugado. Esmolam recursos do governo e da iniciativa privada para efetivar seus projetos. Essa dependência faz com que esse setor não tenha identidade própria, sem identidade essas organizações não terão poder para contribuir na resolução dos problemas sociais que a sociedade enfrenta.

Pedreira (2008) aborda que a maioria das organizações do terceiro setor está se tornando um manto para esconder manobras escusas (desvio de dinheiro, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, entre outros). Com isso segundo o autor dá-se mais um tiro simbólico no ideário simbólico da nação. Isto porque o terceiro setor simboliza, ou pelo menos simbolizava, a nobre luta por um ideal de sociedade que passava pelo caminho da ética. O autor afirma ainda que por verificar a incapacidade e ineficiência do Estado brasileiro de cumprir suas obrigações mais elementares, que um número considerável de cidadãos começou a se organizar numa bela tentativa de unir força do poder público, os recursos da iniciativa privada e o voluntariado, a fim de formar uma grande aliança que fosse capaz de diminuir a desigualdade social. Segundo o autor, os envolvimentos dessas instituições em corrupções, esta fazendo com que parte da população, não acredite mais nas ações das organizações que compõe o terceiro setor.

O estudioso destaca também que a sociedade tem motivos concretos para desconfiar de muitas organizações do chamado terceiro setor, porque muitas dessas, só pensam em dilapidar o patrimônio público em benefício dos dirigentes das respectivas organizações.

(22)

houve um crescimento médio de 45% na quantidade de pessoas empregadas nesse setor. Para o pesquisador, o crescimento foi maior do que a força de trabalho brasileira nesse período.

Já para Costa e Visconti (2001) vários são os exemplos que podem ser encontrados no âmbito do terceiro setor, no efetivo trabalho das organizações de contribuir para formulação, expansão e eficácia das políticas públicas sociais, isoladamente ou em articulação com os demais setores da sociedade, ou através de redes, formais ou informais (por exemplo, as que fazem parte dos sistemas de saúde e da assistência social) dentre esses exemplos, os autores destacam:

■ Na área da saúde, a experiência de tratamento e atendimento aos

portadores do vírus HIV, influenciando a política pública de saúde, hoje reconhecida como uma das melhores do mundo no combate e controle da Aids;

■ O ativismo de muitas organizações do terceiro setor na mobilização da

opinião pública, que representou uma cooperação valiosa e decisiva nas discussões internacionais, envolvendo os governos do Brasil, da África e dos EUA e a indústria farmacêutica internacional sobre o direito do acesso aos medicamentos e, de quebra de patentes em casos de epidemia ou calamidades;

■ As estruturas de atendimento extra-hospitalar, associados aos sistemas públicos de saúde, que visam apoiar crianças e suas famílias, de baixa renda, no período posterior à alta hospitala, de forma a consolidar o processo de cura;

■ Educação: programas de alfabetização e capacitação de jovens e

(23)

■ Economia: na implementação de novos modelos sócio-produtivos e sistemas alternativos de produção, trabalho e renda; na expansão de serviços de micro-créditos voltados para a população empreendedora de baixa renda;

■ Na elevação da participação social nos diversos conselhos estruturados

no país nas áreas de educação, saúde e cidadania; nos processos de discussão e construção do orçamento participativo, dentre outros.

Segundo os autores ações deste nível têm ganhado maior visibilidade também, em parte, pela instituição de sistemas de premiação, sobretudo a partir da década de 1990, que buscam detectar experiências sucedidas no campo social e representam, ainda, um olhar diferenciado de outros setores, que reconhecem, assim, a contribuição do terceiro setor para a redução da desigualdade social.

Teixeira (2006) é um dos defensores da terceirização da gestão. Segundo ele ao transferir a gestão de um hospital público, por exemplo, para uma entidade do terceiro setor, o ente político não está se afastando do cumprimento do dever constitucional de garantir saúde a todos os brasileiros. De acordo, com o estudioso, o que acontece nesse caso, é a transferência da gestão dos serviços, a uma pessoa jurídica especializada e capacitada tecnicamente para desenvolvê-los, visando à otimização dos recursos, permanecendo a atividade essencialmente pública.

Ainda abalizado no pesquisador, no caso mencionado acima, o custeio dos serviços continua sendo promovido pela administração pública, como determina a Constituição Federal. É o que se chama de Gestão Compartilhada7, onde o patrimônio continua sendo público, mas o gerenciamento dos serviços passa serem privado. O autor afirma que esse tipo de gestão é o caminho para melhorar a prestação de serviços, principalmente, para a população mais pobre.

7

(24)

Para Marteleto e Ribeiro (2006) no Brasil e na América Latina, o terceiro setor tem desempenhado ações político-pedagógicas de transformação e melhoria das condições de vida das populações marginalizadas, empregando meios e recursos comunicacionais e informacionais. Enfim, segundo os autores o terceiro setor é uma terceira via para suprir as falhas do estado e do mercado no atendimento às necessidades da população mais necessitada e na redução da pobreza.

Observando a importância do terceiro setor nas expressões da questão social é possível perceber que as transformações no mercado e na sociedade brasileira nos últimos anos levaram a uma redistribuição dos papéis de cada ator social na busca do bem comum. Assim, continuamente, a sociedade civil organizada assumiu novas responsabilidades pela proteção e defesa de direitos, antes assumidas exclusivamente pelo Estado (primeiro setor), uma vez que, até aquele momento, a empresa privada (segundo setor) entende que sua função social estava limitada ao pagamento de impostos e geração de empregos. O crescimento de organizações da sociedade civil desde os anos de 1970 fez surgir um novo ator social, denominado terceiro setor, o conjunto de agentes privados com fins públicos, cujos programas visam atender direitos sociais básicos e assim reduzir a desigualdade social.

(25)

CAPÍTULO 2

Organizações não Governamentais

A finalidade desse capítulo é colocar em pauta questões atuais, que envolvem as ONGs, a priori apresentaremos ponto de vistas diferentes acerca da atuação das ONGs de vários especialistas da temática. Em seguida, descreveremos as características atuais, dos três tipos de ONGs. Abordaremos também a situação da infância e adolescência no Brasil. E por fim, ressaltaremos, opiniões dos senadores em respeito à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs.

A importância desse capítulo consiste na necessidade de conhecer alguns fatores importantes que envolvem as ONGs atualmente. Mas, não pretendemos englobar todos os aspectos da questão. Até mesmo, porque isso é impossível, dada à complexidade que é o debate acerca dessas organizações.

2.1 O Debate Teórico Acerca das Organizações não Governamentais

Em âmbito mundial, a expressão ONG surgiu pela primeira vez na Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) no Conselho Econômico e Social (ECOSOC) na década de 1940 para designar entidades não-oficiais que recebiam ajuda financeira do Estado para executar projetos sociais.

Apesar dessas organizações já existirem desde uma época remota, elas, em sua maioria, estavam vinculadas à caridade cristã e não estavam focalizadas como organizações pertencentes a um setor. Essa designação ou superação foi feita por Amitai Etzioni em 1973.

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como não governamental. O contrário ocorria em vários países da América Latina ou em países, como o Canadá em que as entidades assistenciais atuavam como ONGs. No Brasil, sob influência de uma literatura estrangeira e para delimitar o grau de oposição entre a sociedade civil e o Estado Ditatorial existente, essa denominação passa a ser adotada, nos anos de 1970, e se expande exponencialmente nos anos de 1980 e 1990.

O interesse pela atuação das ONGs vêem crescendo, devido a sua participação na gestão das políticas públicas, que são de grande importância no trato das questões que envolvem o meio ambiente, a miséria, saúde, educação, direitos humanos, direitos da minoria, causas indígenas, crianças e os adolescentes, entre outras questões fundamentais para a sociedade. Por isso, achamos necessário apresentar o debate teórico que norteia a questão das ONGs, tendo como base alguns estudiosos do assunto, logicamente com pontos de vista diferentes.

Para Tenório apud Manzione (2006) o papel das ONGs, na década de 1990 foi propor à sociedade brasileira, a partir da sociedade civil, uma sociedade democrática dos pontos de vista político, social, econômico e cultural.

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Borges (2005) relata que o exercício da cidadania e a valorização da ética e da solidariedade, muitas vezes, estão em pauta devido à ação positiva das organizações não governamentais, que se transformaram em fenômenos importantíssimos na sociedade brasileira. Um movimento cada vez maior de pessoas e instituições nas políticas públicas, inclusive, no debate político traz resultados concretos em áreas de maior importância para o bem estar da população, como educação primária, meio ambiente, economia e defesa dos direitos humanos.

De acordo com Zarpelon (2002) as ONGs desempenham dois papéis: o primeiro consiste em aumentar o nível de participação, fortalecendo os laços de solidariedade entre grupos sociais diversos. O outro, em resolver problemas posto pela ausência do Estado nas áreas sociais. A autora coloca ainda que as ONGs se fortaleceram no contexto de avanço do neoliberalismo econômico, porque apresentam soluções criativas e participativas, portanto são consideradas como foco de resistência e esse avanço, assegurando o atendimento, ainda que difuso, de serviços que o Estado tem abandonado.

Um exemplo, significativo acerca da relação das ONGs com o Estado é questão da Aids. Segundo Oliveira (2002) foram as ONGs que deram visibilidade a um problema que inicialmente afetava um número reduzido de pessoas. Foram as ONGs que denunciaram a discriminação dos portadores de HIV como violação dos direitos humanos e reivindicaram uma ação do governo no sentido de controlar os bancos de sangue, como uma prioridade de saúde pública.

Para Camargo (2001) As ONGs, que atuam na área de assistência social, possuem uma identidade filantrópica. O dinheiro aqui recebe uma nova denotação. Em vez de fim em si mesmo, como é natural nas sociedades mercantis, ele é um meio, uma ferramenta para a realização dos reais objetivos das entidades, que são garantir os benefícios sociais.

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de qualidade para a maioria da população. Com a democratização da sociedade, o próprio movimento social colocou ente suas demandas a questão da escola pública como prioridade visando o fortalecimento dos grupos populares.

O autor afirma que o movimento das ONGs na questão da educação, não é novo, ou seja, vem antes da democratização da sociedade, pois ainda nos anos de 1960 e 1970, um conjunto de pequenas organizações constituídas por grupos de pessoas oriundas dos setores progressistas das igrejas, dos partidos políticos e das Universidades, organizam-se em entidades sem fins lucrativos para-se dedicar aos setores mais pobres, levando-lhes o acesso a educação.

Com relação às ONGs que atuam nos direitos humanos podemos citar, a ONG Anistia Internacional que é conhecida mundialmente, mas , principalmente na Europa. A Anistia Internacional é respeitada pela opinião pública, por intelectuais, pelo Governo, Organização das Nações Unidas e pela Organização dos Estados Americanos. A Anistia Internacional é organizada em seções nacionais. Possui seções em 54 paises, grupos e membros no mundo inteiro. Possui um secretariado internacional em Londres, Inglaterra, onde trabalham as equipes de investigação, que preparam e distribuem as campanhas e elaboram os relatórios da Anistia Internacional (DHNET –

DIREITOS HUMANOS, 2006, p. 1).

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Gouveia (2006) descreve que as ONGs estão presentes nos principais fóruns mundiais, em diversas situações seja de viés social, sejam de causas ecológicas ou de direitos humanos. Com isto, estão ocupando cada vez mais um espaço de influência e deliberação nas políticas públicas. A tendência é que isso aumente, em decorrência do enfraquecimento do poder dos Estados no que tange as políticas sociais.

Para Leal (2004) A Coordenação de Doenças sexualmente transmissíveis e Aids do Ministério da Saúde tem desenvolvido atividades com parcerias com ONGs dirigidas a crianças e adolescentes em duas grandes linhas: o trabalho com meninos e meninas fora da escola, e o trabalho com crianças e adolescentes escolarizados. O autor relata também que há um conjunto expressivo de propostas desenvolvidas para as crianças e adolescentes em situação de risco social, desenvolvidas por ONGs. Muitas dessas organizações desenvolvem através da parceria metodologias inovadoras e mais eficazes junto às populações.

Conforme Canello (2002) muitas ONGs têm como foco o atendimento a crianças e adolescentes explorados sexualmente, por outro lado os governos não tem explicitado na prática, a implementação das políticas públicas para enfrentar esse fenômeno. Desta forma as ONGs têm buscado uma maior mobilização junto as esferas públicas não estatais e estatais, para traçar estratégias de estabilização dessas políticas, através do fortalecimento dos Conselhos Tutelares e do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente, como instrumento de participação, parceria, fiscalização e implementação dessas políticas.

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sistemática, na imprensa e em fóruns específicos, com forte repercussão internacional.

Abalizado no artigo intitulado Gestão e Políticas Públicas (2003) varias organizações não governamentais nacionais e internacionais são reconhecidas pela habilidade de trabalhar em íntima colaboração com as comunidades e de contribuir para a política de igualdade e solidariedade com relação à saúde e os demais direitos da criança. Ainda de acordo com o artigo, as organizações da sociedade civil costumam ser mencionadas e cobradas quando o tema abordado são a desnutrição e a mortalidade infantil (até um ano) e na infância (até a idade de cinco anos). Muitas ONGs vêm atuando de forma significativa, mas nem sempre têm suas ações divulgadas. É importante que os meios de comunicação abram espaços para que estes serviços prestados à comunidade sejam de conhecimento público.

Apresentamos o comentário dos autores que acreditam na contribuição das ONGs para reduzir as desigualdades sociais, e na construção da cidadania. Agora demonstraremos pontos de vistas diferentes, aos já apresentados, porque acreditamos ser de grande importância conhecer posições diferentes, a respeito da temática em questão.

De acordo com a Equipe de Cidadania (2001) há um percentual considerável de ONGs que se prende ainda ao atendimento assistencial e paternalista, que não promovem a ascenção social do indivíduo desfavorecido. Por falta de consciência política, e poder de influência e pressão que a ONGs pode ter na formulação de políticas públicas, parte das entidades vêem-se no

perigo de ser uma “empresa barata” de execução assistencialista de obras do governo. Deste modo, agem como simples agentes de execução de ações assistencialistas e não buscam à dimensão de transformação.

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da aura de bom mocismo que roda as ONGs e que acaba funcionando como carta branca para atuação dessas entidades. O autor destaca ainda que esta em tramite na Câmara dos Deputados no Brasil, um projeto que viabilize a investigação e a transparência nas prestações de contas dessas organizações. Esse projeto prevê que as organizações abram suas contas ao Ministério da Justiça. O que mais impede que essa lei venha ser legitimada é o lobby exercido por algumas entidades do terceiro setor. O autor relata que isso é uma pena, porque é um canal para que toda sociedade consiga diferenciar ONGs sérias daquelas que estão mais interessadas em seu próprio bolso do que no meio ambiente, na saúde das crianças, nos direitos humanos ou na educação.

Campos (2006) coloca que a independência financeira das ONGs é uma condição necessária para autonomia das políticas planejadas e executadas pelas ONGs. Segundo o autor na prática essas organizações estão cada vez mais dependentes financeiramente do Estado e das Empresas para prestarem os serviços aos seus respectivos públicos.

De acordo com Sorj (2005) as ONGs nos países em desenvolvimento enfrentam uma crise de crescimento e são criticadas devido a sua falta de transparência, relativa ineficiência e déficit de representação. O autor destaca ainda que essas ONGs apresentam resultados muito baixos na maioria de suas ações, e são ineficientes para mudar qualquer tipo de desigualdade. E estão, portanto, alienadas das questões e problemas reais da construção de um Estado democrático.

Montaño (2003) afirma os recursos repassados do Estado para algumas ONGs é parte da mais-valia recolhida pelo Estado em forma de impostos, e supostamente dirigida a atividades assistenciais. Esses recursos não chegam a seus destinatários finais, ficando para custear os gastos operacionais destas ONGs, incluindo salários altíssimos aos seus dirigentes.O autor diz que essas

ONGs são chamadas de “pilantróficas” no popular.

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ajustes organizacionais, baseados na lógica do mercado, que tem reflexos na estrutura e prática administrativa. Esses ajustes estão levando muitas ONGs a uma transição ideológica, do conceito de gestão social, para o conceito de gestão estratégica, tornando-a mais eficazes dentro da lógica do mercado propriamente dito. Isso pode gerar efeitos negativos, ou seja, essa transição pode gerar desfiguração do seu caráter original e da missão institucional, causando um enfraquecimento da credibilidade perante a opinião pública, e principalmente, pelas pessoas que utilizam os serviços prestados por essas ONGs.

Ainda de acordo com os autores Diniz e Matos, a capacidade crítica, reivindicadora, denunciadora de novos caminhos característica iniciais das ONGs tem perdido espaço a uma postura de negociação dos recursos necessários à sobrevivência organizacional, tendo as ONGs, na maioria das vezes, que concordar com a agenda de trabalho imposta pelos financiadores.

De acordo com a colocação de Falconer (2006) o problema das ONGs é fundamentalmente, um problema de competência na gestão: operando em um meio desfavorável, caracterizado pela falta de recursos e de apoio do poder público, as organizações não conseguem romper o ciclo vicioso (falta de recursos – gerenciamento inadequado – falta de dinheiro – insuficiência de resultados).

Vieira apud Lopes (2006) polemiza posições otimistas que vêem no crescimento das ONGs uma abertura dos canais de decisão à participação da sociedade civil. O autor destaca que o discurso dos apologistas das ONGs procuram geralmente desqualificar o Estado como esfera de efetivação das políticas públicas. Tal argumentação tem como pano de fundo realçar a importância das ONGs, onde muitas vezes obscurece o fato de que várias ONGs não definiram sua posição no confronto entre os projetos sociais hoje posto em pauta, no campo das políticas sociais.

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mesmo para a sociedade civil sob a forma de filantropia, benemerência,

voluntariado, marketing empresarial ou “cidadania” empresarial em substituição

aos direitos sociais.

Tendo como base Matos (2005) as ONGs tendem a se concentrar na execução de projetos locais, regionais, canalizando a maior parte dos seus recursos e esforços para isso, esquecendo-se da importância de exercer pressões e/ou mobilização política.

Matos ressalva ainda que as ONGs não têm que prestar contas às populações-alvo nem ao Estado. Normalmente seu compromisso de contas é com as agências financiadoras. Assim acabam por responder mais ao interesses dessas agências do que às necessidades e demandas dos grupos de base. O autor coloca ainda que essas organizações enfrentam o paradoxo do excessivo profissionalismo e do amadorismo. O profissionalismo refere-se à necessidade para implementar propostas e tende a isolá-las das bases, ao passo que o amadorismo dificulta sua capacidade de inserir-se em programas e políticas de alto nível técnico.

De acordo com Viana apud Motta e Damasceno (2007) a maior parte dos profissionais que lida com menores nas ONGs não se capacitam. O autor defende a regulamentação da atividade desses educadores. Ele relata que a educação das crianças e adolescentes ainda não são encaradas com seriedade por muitas ONGs. E que no Brasil é muito fácil abrir uma ONG, pessoas despreparadas e com segundas intenções estão se aproveitando da situação para benefício próprio.

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Já para Marinheiro (2007) o trabalho desenvolvido por muitas ONGs junto às crianças e adolescentes é muito importante, principalmente para os jovens que são afastados de seus pais por diversos motivos. Entretanto, suas ações são limitadas pelas regras do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pois ela restringe o número de crianças atendidas. A autora afirma também que apesar da contribuição para o avanço na proteção das crianças e adolescentes, o ECA ainda precisa ser aperfeiçoado, diz que o mesmo (ECA) ainda não contempla o trabalho em rede com as ONGs que atuam com crianças e adolescentes, porque cada uma delas (ONGs) faz trabalhos específicos com características diferentes entre si.

Tendo por base Amato apud Marinheiro (2007) o Estatuto da Criança e Adolescente é um marco importante na história do Brasil. Dentre outras providências foram criados os Conselhos organizados, em âmbito municipal, estadual e nacional. A essência da criação destes conselhos, é que o mesmo deveria ser o canal da participação popular na elaboração das políticas públicas voltadas às crianças e adolescentes, contribuindo assim com a efetivação dos direitos sociais. O autor relata que infelizmente muitos conselhos, principalmente os municipais, não estão cumprindo seus deveres, em muitos casos esses Conselhos se transformaram em cabides de empregos. Noutros, o prefeito se julga dono do Conselho (indica membros e nomeia parentes e correligionários), todavia o conselho pertence ao município, é do município, não do prefeito, muito menos do seu partido. O autor destaca que a única forma de beneficiar as crianças e adolescentes é através da articulação de todos os agentes da sociedade.

Para Pereira apud Marinheiro (2007) muitas das ONGs que trabalham com crianças e Adolescentes têm um conhecimento restrito ou desconhecem totalmente o Estatuto da Criança e do Adolescente. Segunda a autora esses tipos de ONGs não têm base, nem moral para atuar em busca da garantias de direitos desses jovens.

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político de transformação radical, ou denunciam que as estruturas e valores sociais que são antidemocráticos por princípio. A sociedade prefere, seja para doar recursos, seja para dar apoio às suas causas, organizações que ajudam ou que aliviam a indignidade cotidiana. O autor relata que isso é muito simples de provar, por exemplo, o fome zero teve um adesão significativa pela sociedade, quase ninguém questiona esse programa, mas uma parte considerável da sociedade questiona a política de quotas para a mulher e a população negra nas universidades. Portanto, quando vamos discutir ações transformadoras no campo dos direitos corremos o risco de, ao implementar direitos, perder privilégios, e numa sociedade como a brasileira, perder privilégios ninguém quer.

Seguindo esse raciocínio, ele afirma que muitas vezes as ONGs têm sido vistas como se estivessem associadas ao mesmo tipo de orientação do mercado, e do Estado. O autor afirma que isso não é verdade. As ONGs, principalmente, as filiadas á Associação Brasileira de ONGs (ABONG)8 sempre procuraram afirmar em todos os espaços uma posição bastante clara, um reconhecimento do papel indeclinável do Estado em relação à garantia de políticas de caráter universal. Ainda de acordo com o autor, a Abong e suas filiadas sempre se contrapuseram a um discurso que infelizmente, durante muito tempo foi moeda corrente e prevaleceu na mídia: a valorização das ONGs numa perspectiva de redução do papel do Estado.

Para alguns estudiosos do tema, como Couto (2005) e Durão (2005) as ONGs são parceiras do Estado e da iniciativa privada em vários programas, mas, não necessariamente se desenvolve a esteira dos mesmos, porque possui seu conjunto de regras e princípios no que diz respeito a sua atuação. Na maioria das vezes o que motiva as pessoas a atuarem nesse setor, segundo o especialista Tachizawa (2004) é a ajuda ao próximo, ou a união de pessoas que atuam acerca de um objetivo comum, que corresponde desde a filantropia até a luta por efetivação e cumprimento de direitos sociais. O autor relata ainda que os valores das instituições do terceiro setor se distanciam do

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segundo setor, e em destaque são as ONGs, cuja a bandeira é a solidariedade aplicada ao próximo, que não busca uma retribuição material.

2.2 Tipos de organizações não governamentais, quanto a sua esfera de atuação

No Brasil, a exemplo, de outros paises que passaram por um longo período de governo autoritário, a terminologia ONG foi amplamente aceita e difundida. Em razão da oposição ao governo e reestruturação da sociedade civil.

Como base na classificação elaborada por Gohn (2000) há basicamente três tipos de ONGs, tendo como premissa suas áreas de atuação.

Assistencial

A pobreza crescente, principalmente nos países em desenvolvimento faz com que um número expressivo de ONGs atuem com base no assistencialismo imediato, através da doação de cestas básicas, fornecimento de abrigos, remédios e passagens. Outras, ainda dessa mesma postura concentram seus serviços nas áreas de saúde preventiva, ou até mesmo curativa, e educação, com atividades educativas de reforço escolar, de dança, de teatro, de recreação, entre outros.

Desenvolvimentistas

O surgimento e crescimento dessas ONGs têm como base a intervenção no meio ambiente. A Eco 92 foi o marco mais significativo. O cerne de suas ações tem seu viés em propostas de desenvolvimento auto-sustentável, nas áreas de barragens, reservas ecológicas, reservas indígena ou de produção alternativa de produtos para o mercado popular.

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pobres da zona urbana, auxiliando na produção de pequenas oficinas. Entretanto, essas oficinas se articulam a um esquema de produção internacional e não doméstica. Mesmo que a produção seja voltada para exportação, há um impacto positivo na economia local, através da geração de emprego e renda, ou seja, é possível destacar que essas ONGs, sob a premissa do desenvolvimento sustentável e da cooperação internacional, acabam contribuindo para o desenvolvimento de muitas regiões com a redução dos impactos ambientais.

Cidadãs

Estas estão centradas nas reivindicações dos direitos de cidadania. Lutam pela valorização da ética e da solidariedade para que determinados direitos que ainda não foram legitimados pelo Estado passem a ter reconhecimento, e sejam inscritos na Legislação e cumpridos.

A ONG, Articulação de Mulheres Brasileira (AMB) é um exemplo desta categoria de entidades, está envolvida em articulação feminista, anti-racista, não partidária que articula e potencializa a política feminista nos plano nacional

e internacional. Gouveia (2005, p. 17) “relata que nem tudo que está

normatizado com lei, como direito, significa necessariamente o melhor, ou o mais justo, ou o mais democrático”. É por isso que a defesa das mulheres,

tanto no plano legal quanto no da legitimidade social é o centro das atenções da AMB.

As ONGs cidadãs tem uma atuação significativa junto aos canais de comunicação e em nível de políticas públicas, fornecendo subsídios para sua elaboração, fiscalizando-as ou fazendo denúncias quando ocorrem violações e omissões. Os deficientes físicos, idosos e crianças têm obtido, por intermédio da pressão de certas ONGs, alterações na estrutura física dos espaços urbano (GOHN, 2000, p. 14).

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pessoas podem influenciar o rumo da sociedade através da participação na esfera pública.

2.3 A Infância e a Adolescência no Brasil, e as ONGs

A discussão acerca da infância e da adolescência pobre no Brasil atravessa séculos, mas de acordo com Vivarta (2003) a primeira lei de proteção à infância contra o trabalho infantil é de 1981. Apesar disso, até meados de 1980 o trabalho infantil foi tolerado pelo governo e pela sociedade. Foi a partir da Constituição de 1988 que as políticas públicas passaram a ser dirigidas a todas as crianças brasileiras, isto em observância com o princípio da prioridade absoluta, estabelecido no artigo 227 da Constituição.

Segundo alguns pesquisadores da questão que envolve a infância e a Adolescência, como Mager (2004), Silvestre (2004), e Menezes (2004) a década de 1990 foi marcada por inegáveis avanços para a infância e a adolescência brasileira. Por exemplo, a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e de instâncias por ele defendidas, como os Conselhos Tutelares, responsáveis por zelar pelo cumprimento dos direitos do público infanto-juvenil.

Apesar desses avanços, ainda são várias as questões que envolvem de forma sistemática a infância e a juventude brasileira que precisam ser encaradas com seriedade e com medidas efetivas e urgentes como: o trabalho infantil, violência, droga, sexualidade, entre outros.

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os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) publicada em abril de 2003. De acordo com a pesquisa um milhão não estuda e 4,4 milhões cumprem jornada dupla: trabalho e escola. Praticamente a metade deles (48,6%) não é remunerada e 10% não vão a escola por motivos relacionados ao trabalho.

De acordo com Silva (2003) das regiões brasileiras, o nordeste é a área que tem o maior contingente de trabalhadores mirins. Esse fato, segundo a autora pode ser explicado pela desigualdade econômica, pelo desemprego dos adultos, enfim pela miséria que assola a região.

Tendo por base o estudo “Trabalho Infantil: Examinando o Problema, Avaliando Estratégias de Erradicação”, publicado em novembro de 2000 pelo Napp e Unicef, o trabalho infantil no Brasil deve ser analisado por meio de duas perspectivas complementares: Uma no que diz respeito `a oferta da mão de obra infantil, ou seja, por quais motivos as crianças começam a trabalhar desde cedo, os pesquisadores destacam quatro fatores que levam as crianças ao trabalho:

● A pobreza – existe um consenso a respeito do papel preponderante desse aspecto como determinante do trabalho infantil. O baixo nível de renda dos adultos é muitas vezes insuficiente para assegurar a sobrevivência da família, levando crianças e adolescentes a ingressar precocemente no mercado de trabalho, sobretudo em empregos não formais, com atividades pouco qualificadas e sem perspectivas profissionais;

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● O sistema de valores e tradições da nossa sociedade – Os padrões culturais e comportamentais estabelecidos nas classes populares levam á construção de uma visão positiva em relação ao trabalho de crianças e adolescentes. O trabalho precoce é valorizado como um espaço de socialização, onde as crianças estariam protegidas do ócio, da permanência nas ruas e da marginalidade;

● O desejo de muitas crianças de trabalhar desde cedo – Do ponto de vista da criança e do adolescente, especialmente nos meios urbanos, a vontade de ganhar o próprio dinheiro é mais um motivo para ingressar no mercado de trabalho precocemente. Para eles, significa a independência em relação à família e a possibilidade sedutora de ter acesso a determinados bens de consumo.

A outra perspectiva consiste na demanda, isto é, por que o mercado procura e absorve as crianças como força de trabalho? Segundo a pesquisa dois elementos devem ser levados em conta:

● A estrutura e a dinâmica do mercado de trabalho – o mercado possui espaços apropriados para a inserção desse tipo de mão-de-obra, como por exemplo, o agrícola que contrata a família, não o trabalhador individual, nesse modelo a remuneração depende do volume de produção, assim o trabalho da criança compõe a força de trabalho familiar.

● O aparato jurídico-institucional encarregado de estabelecer e fazer cumprir as normas legais referentes ao trabalho infantil – A legislação é avançada, mas o país não dispõe de um sistema de fiscalização suficiente para assegurar o seu cumprimento.

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ciclo vicioso da pobreza e do emprego de mão-de-obra infantil nas atividades laborais.

O trabalho árduo e precoce não qualifica ninguém, pelo contrario quando a criança, ou adolescente substitui a educação pelo trabalho, necessariamente ela vai deixar de desenvolver habilidades e conhecimentos necessários para se tornar um cidadão. De acordo com Mager e Silvestre (2004) o trabalho precoce limita o acesso da população infanto-juvenil ao exercício pleno dos seus direitos de ser criança e estudar, de se encaminhar na vida de forma digna. Mais que isso, impede, como conseqüência política da falta de investimento nos jovens, que o país se desenvolva e que crie condições necessárias para integrar essa população ao mercado.

Outro problema grave no nosso país é a questão do abuso sexual praticado contra as crianças e adolescentes. Para Ferguson apud Lira (2004) o abuso sexual tem sido uma tendência geral das civilizações modernas, fazendo com que nas últimas três décadas tenham sido incrementadas as pesquisas sobre a prevalência, correlação e conseqüência deste tipo de abuso na infância.

Essas práticas geralmente são impostas às crianças e adolescentes, através de violência física e ameaças, ou em alguns casos induzindo-as e convencendo-as. Para muitos especialistas o abuso sexual desperta de maneira precoce e deturpada o desejo pelo sexo nas crianças e adolescentes deixando marcas para o resto da vida. Estas podem desenvolver comportamentos patológicos com aversão a parceiros do mesmo sexo do abusado e uma sexualidade descontrolada, entre outros.

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Tendo por base o raciocínio de Niskier (2003) o abuso sexual traz à tona não apenas uma questão médica, mas também os múltiplos aspectos sociais, econômicos, conjunturais, culturais e históricos que envolvem essa problemática. O autor relata ainda que a questão do abuso sexual é muito complexa e requer um certo cuidado, isso porque 80% dos casos acontecem na própria residência das crianças ou adolescentes, sendo o abusador um dos pais ou pessoa de convivência próxima da vítima. E por ocorrer no ambiente familiar geralmente há um pacto de silêncio, com isso não é possível ter acesso aos números reais dos casos.

Lira (2004) destaca que é possível perceber quando uma criança ou adolescente é violentada sexualmente. Segundo a autora quando os mesmos vêm apresentando os seguintes transtornos: conduta agressiva, comportamento de irritabilidade, choro fácil sem motivo, comportamento regressivo, comportamento auto-destrutivo, desenho ou brincadeiras que sugerem violência, baixo nível de desempenho escolar, tentativa de suicídio, baixa auto estima entre outros.

A concentração e centralização do capital geram desigualdades sociais, aumenta a miséria e potencializa a violência, em todas as suas modalidades. Entretanto, é pelo fato de termos uma das maiores concentrações de rendas do mundo e, muitas crianças e jovens miseráveis, é que o Estado e a Sociedade Civil devem se articular de forma efetiva para trazer à tona avanços nas democracias política, social e econômica afim de mudar a qualidade de vida de milhões de miseráveis.

Não poderíamos deixar de mencionar as drogas que têm sido amplamente discutidas na atualidade, não apenas por causa da onda de criminalidade promovida pelo tráfico em muitos lugares do mundo, mas pelo efeito mais devastador dela: a interferência na vida de famílias inteiras, que se vêem, de repente, envolvidas com a questão da dependência química.

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escola. Além disso, a maioria tem consciência dos danos causados pelas drogas. E, entre os que fazem uso, a metade já tentou parar de usar drogas. De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) as crianças e adolescentes costumam utilizar tabaco ou álcool antes de viver na rua. Quando saem de casa é mais frequentemente o consumo de maconha, cocaína, crack, merla, esmaltes, cola tiner e outros solventes.

Noto (2004) relata que nas últimas décadas inúmeros levantamentos sobre drogas com jovens foram realizados por diferentes instituições, isto tem contribuído significamente para a avaliação de realidades específicas e regionalizadas. A autora destaca que entre crianças e adolescentes em situação de rua, os estudos denunciam uma realidade diferenciada, na qual são observados índices muito elevados de consumo. Ainda de acordo com a autora vários são os motivos desses elevados índices, mas os principais são: a fragilidade dos vínculos familiares, a disponibilidade de drogas nas ruas, a cultura do grupo, bem como uma série de outros fatores psicossociais parecem favorecer o consumo de drogas entre os jovens.

O problema das drogas é uma questão social e, de fato atinge uma grande parcela de jovens. As drogas potencializam a violência, nas ruas nas escolas, e em casa. Portanto, essa situação só pode ser alterada com políticas sociais efetivas, capazes de evitar que as crianças e adolescentes entrem em contado com substâncias que coloquem em risco sua integridade física, mental e moral. Enfim, se as crianças e adolescentes de hoje tivessem acesso aos serviços e bens sociais garantido pela Constituição e materializado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), logicamente que as crianças não estariam sujeitos a essas situações.

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