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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL UDF CLAUDIANA BENIGNO SANTANA PALOMA STEFANI DA COSTA ARAUJO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL – UDF

CLAUDIANA BENIGNO SANTANA PALOMA STEFANI DA COSTA ARAUJO

REPERCUSSÃO GERAL E ARGUIÇÃO DE RELEVÂNCIA: UMA ANÁLISE DE COMPARAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DE APRIMORAMENTO

BRASÍLIA

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1

CLAUDIANA BENIGNO SANTANA PALOMA STEFANI DA COSTA ARAUJO

REPERCUSSÃO GERAL E ARGUIÇÃO DE RELEVÂNCIA: UMA ANÁLISE DE COMPARAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DE APRIMORAMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em TCC, área em Processo Civil e Constitucional, do Centro Universitário do Distrito Federal, como requisito para a obtenção do grau de bacharel em Direito.

Orientador: Dr. Fábio Luiz Bragança

BRASÍLIA 2020

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CLAUDIANA BENIGNO SANTANA PALOMA STEFANI DA COSTA ARAUJO

REPERCUSSÃO GERAL E ARGUIÇÃO DE RELEVÂNCIA: UMA ANÁLISE DE COMPARAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DE APRIMORAMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em TCC, área em Processo Civil e Constitucional, do Centro Universitário do Distrito Federal, como requisito para a obtenção do grau de bacharel em Direito.

_________________________________

Orientador (a): Dr. Fábio Luiz Bragança

_________________________________

Professor (a): Dr. Thiago Pádua

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Dedicamos este trabalho primeiramente ao nosso amigo fiel Jesus Cristo, reconhecemos que não somos nada sem Ele e que Ele é merecedor de toda a nossa gratidão, também a toda minha família e amigos pelo suporte e carinho.

Dedicamos a nós, pela autorrealização transpirada em nossos rostos e corações.

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AGRADECIMENTOS

Queremos agradecer primeiramente a Deus por ter nos permitido chegar até aqui, muitas vezes vencendo a nós, por muitas vezes fomos impulsionadas pelo seu exemplo, de sempre continuar e nunca desistir.

Ao apoio da nossa família, tanto os de longe, quantos os de perto, gratidão a Deus pela saúde deles e por poderem viver esse momento juntamente conosco: As mamães Alcina Benigno, Peuma Maria, aos papais Antônio Angelim, Simeão Pedro, a querida Sofia e o Ian que mesmo tão pequeninos compreendem os momentos que eu precisei me retirar para estudar, ao Washington, que me incentivou e me ajudou nesse etapa tão grande em minha vida. A minha prima Andreia Cristina por se dispor por muitas vezes para cuidar da minha filha para que eu pudesse me concentrar.

E por último, queremos agradecer ao nosso professor e orientador que tanto contribuiu conosco para que esse TCC se concretizasse, gratidão pela paciência e pela disponibilidade e por também acreditarem em nossa capacidade, gratidão!

Agradecemos a todos os professores e amigos o carinho e ajuda dispensado. Em especial, agracedemos uma a outra pela paciência, persistência e determinação para fazer o Trabalho de conclusão de Curso – TCC.

Agradecemos a Instituição de Ensino – UDF, que proporcionaram a nós, apoio e reconhecimento para construção dos nossos sonhos que estão se realizando.

Agracedemos a força que nossos familiares nos deram para a persistência de cinco anos para estarmos na conclusão do curso em bacharel em Direito.

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“Justiça é consciência, não uma consciência pessoal, mas a consciência de toda a humanidade. Aqueles que reconhecem claramente a voz de suas próprias consciências normalmente reconhecem também a voz da justiça.”

Alexander Solzhenitsyn

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RESUMO

Busca-se, com o presente artigo, mostrar a teoria e a evolução histórica de dois instrumentos criados com o intuito de desafogar o Supremo Tribunal Federal- STF, para que esse pudesse exercer a principal função – Guardião da Constituição.

Os instrumentos são: Arguição de Relevância e Repercussão Geral. Haja vista que irão se deparar com muitas diferenças e semelhanças quanto aos dois no intuito de aprimorar a atual repercussão observados os princípios chaves para essa transformação. Inicialmente, A repercussão geral diferencia-se sobremaneira do instituto anterior, a arguição de relevância, dado o caráter autoritário e secreto desta última, em contraposição ao caráter valorativo e não discricionário do atual instituto.

O Supremo Tribunal Federal brasileiro, historicamente, sempre teve uma preocupação em racionalizar e reduzir o volume de processos. A atual figura da repercussão geral, prevista nos artigo 102 § 3º da Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB e seu antecedente histórico que é pouco estudado, a arguição de relevância. No entanto, existem diferenças marcantes entre ambas as figuras, e algumas semelhanças que foram cruciais para o entendimento e a importância de algumas mudanças mais democráticas. O presente artigo tem por escopo proceder a uma análise histórica sobre a Repercussão Geral x Arguição de Relevância no Supremo Tribunal Federal, sendo suas características os principais pontos a serem debatidos.

Palavras- Chaves: Supremo Tribunal Federal – STF, Arguição de Relevância, Repercussão Geral.

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ABSTRACT

The aim of this article was to show a theory and a historical evolution of two instruments created with the intention of relieving the Federal Supreme Court – STF, so that he could exercise the main function - Guardian of the Constitution. The instruments are: Arguition of Revelation and General Repercussion. In view of the fact that they will encounter many differences and similarities regarding the two in order to improve the current repercussion, observing the key principles for this transformation.

Initially, the general repercussion differs greatly from the previous institute, the question of relevance, given the authoritarian and secret character of the latter, in contrast to the evaluative and non-discretionary character of the current institute. The Brazilian Federal Supreme Court, historically, has always been concerned with rationalizing and reducing the volume of cases, the current figure of general repercussion, foreseen in article 102 § 3 of the Constitution of the Federative Republic of Brazil - CRFB and its historical background that is little studied, the relevance argument. However, there are marked differences between both figures, and some similarities that were crucial to the understanding and the importance of some more democratic changes. The purpose of this article is to carry out a historical analysis of the General Repercussion x Arguition of Relevance in the Supreme Federal Court, its characteristics being the main points to be debated.

Keywords: Federal Supreme Court – STF, Arguition of Relevance, General repercussion

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO I ... 2

1. DIFERENÇAS DOS INSTITUTOS - ARGUIÇÃO DE RELEVÂNCIA E REPERCUSSÃO GERAL ... 2

1.1 - FUNÇÃO DA CRIAÇÃO DOS INSTITUTOS E DECORRÊNCIA LÓGICA NO NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO ... 2

1.2 - Arguição de Relevância ... 3

1.2 - Repercussão Geral ... 9

1.2 - QUANTO AS SIMILITUDES ... 12

1.2.1 - O Intuito De Filtrar Os Processos ... 12

1.2.2 - Inspiração No Direito Norte-Americano - Writ Of Certiorari - Princípio De Relevância ... 14

1.2.3 - Competência Exclusiva Do Tribunal Para Julgar ... 16

1.3 - QUANTO AS DIFERENÇAS ... 18

1.3.1- Competência ... 19

1.3.2 - Finalidade ... 20

1.3.3 - Cabimento ... 22

1.3.4 - Fundamentação das Decisões ... 24

1.3.5 - Juízo de Admissibilidade... 26

1.3.6 - Quórum de votação ... 28

1.3.7- Sessões Secretas e Públicas ... 29

1.3.8 - Segurança Jurídica ... 31

CAPÍTULO II ... 32

2. ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL - ARGUIÇÃO DE RELEVÂNCIA E REPERCUSSÃO GERAL ... 32

2.1- Entendimento Do Tribunal Quanto A Arguição De Relevância ... 33

2.2 - Entendimento Do Tribunal Quanto A Repercussão Geral ... 34

CAPITULO III ... 37

3. PERSPECTIVA SOB A FORMA DE APRIMORAMENTO DO INSTITUTO REPERCUSSÃO GERAL ... 37

3.1 Importância Do Principio Da Segurança Jurídica ... 40

3.2 - Importância Do Principio Da Legalidade ... 41

3.3 Conclusão de Aprimoramento ... 44

CONCLUSÃO ... 47

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1

INTRODUÇÃO

Em linhas gerais, com a edição da Emenda Regimental nº 3 de 1975 que alterou o artigo 308 da Constituição de 1967, teve-se a criação da Arguição de Relevância da questão federal com o intuito de filtrar os processos que deveriam ser apreciados pelo Supremo Tribunal Federal – STF com problemas e questões constitucionais, pois sempre teve a preocupação de racionalizar e reduzir o volume de processos, além do mais, alterou a maneira de admissão do recurso extraordinário para que o STF tenha uma admissibilidade do recurso em casos de relevância federal.

Entretanto, muitas foram as críticas a esse instituto, vez que não outorgaram o referido instrumento interno do STF na construção da nova Carta Magna promulgada em 1988, que é certamente vigente até a presente data. Os legisladores responsáveis repeliram a arguição de relevância, criando outro instituto, mais democrático, distribuindo a competência, com o fim de reduzir a quantidade enorme de processos que chegavam todo ano no STF e se tratava de matéria Constitucional e infraconstitucional, assim, criaram o STJ, contudo, os números de recursos não diminuíram, não pela frustração daquela tentativa de auxílio, mas em razão da já apontada falta de filtragem dos processos que chegavam ao STF, pela via difusa.

A Emenda Constitucional nº 45/2004 incluiu a necessidade de a questão constitucional trazida nos recursos extraordinários possuir repercussão geral para que fosse analisada pelo Supremo Tribunal Federal. O instituto foi regulamentado mediante alterações no Código de Processo Civil e no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

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2

CAPÍTULO I

1. DIFERENÇAS DOS INSTITUTOS - ARGUIÇÃO DE RELEVÂNCIA E REPERCUSSÃO GERAL

1.1 FUNÇÃO DA CRIAÇÃO DOS INSTITUTOS E DECORRÊNCIA LÓGICA NO NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO

Antes de compararmos os dois institutos para o aprimoramento da atual - Repercussão Geral - cumpre observar as razões para a criação e preocupação na história do direito brasileiro sobre ter algum organismo que limitasse ou regulasse o acesso ao Supremo Tribunal Federal. A notoriedade de ser a Corte Suprema, formalmente, está enraizada nas cortes americanas e na história monárquica desde época de colonização do Brasil. Fez com que vangloriemos a Corte para que, analisassem questões tidas como importantíssimas na visão jurídica e segurança ao Brasil e não, se ocuparem de questões rotineiras.

O povo brasileiro tem, culturalmente falando, essa relação de divisão e por isso foi-se necessário à cisão e limitação dos processos. Porém, essa história não termina aqui e nem tem o final esperado. Além desse motivo, teve-se a crise do Supremo Tribunal Federal que ocorreu antes das tentativas de instituto até a atual da repercussão geral. Nas últimas décadas que antecederam a CF/88, houve um grande aumento no número de recursos extraordinários em função do caráter do STF como tribunal constitucional e de uniformizador da aplicação do direito federal, diante disso, os onze ministros estavam em uma tarefa tanto desproporcional. A crise do Supremo Tribunal Federal se traduzia em duas consequências bem determináveis: o acúmulo de processos não julgados neste órgão e a perda da substanciados seus julgados.

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3

1.2 Arguição de Relevância

Relevância, diz Aurélio Buarque de Holanda Ferreira: “é qualidade de relevante; grande valor, conveniência ou interesse; importância este o sentido lato da palavra que carrega em si mesmo forte dose de subjetivismo, conduzindo o raciocínio, necessariamente, à apreciação de fatores cuja mensuração impõe critérios estritamente individuais e, por isso mesmo, mutável” (FERREIRA, Aurélio. 1975. pag.

1.222.).

No que se refere à matéria da arguição de relevância é qualificar se uma questão federal é relevante perante o Supremo Tribunal significa submeter a um juízo prévio de admissibilidade, sua importância, conveniência e valor.

A arguição de relevância foi à alternativa escolhida, já pela Emenda Constitucional 1/69, para compatibilizar o crescente acesso dos jurisdicionados ao STF, para discernir o que realmente era fundamental.

Theodoro Junior, já introduz observando os antecedentes históricos brasileiros e os motivos contundentes para não ficarem com a arguição de relevância.

Por se tratar de remédio concebido durante a ditadura militar, a reconstitucionalização democrática do país, levada a efeito pela Carta de 1988, repeliu-a (a arguição de relevância) por completo, ao invés de aprimorá-la ou substituí-la por outro meio de controle que desempenhasse a mesma função, mas de maneira mais adequada ao Estado Democrático de Direito 1.

O incidente de arguição de relevância foi disposto no seu procedimento, no art.

308 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal – RISTF nos parágrafos §§

3°, 4° e 5°. Cumpre ressaltar que, naquela época, as atribuições do Supremo Tribunal Federal eram maiores, posto que este cuidasse tanto da guarda da Constituição como da lei federal. O motivo dado ao nome à arguição de relevância é concernente sua

1 THEODORO JUNIOR, Humberto. Repercussão Geral no Recurso Extraordinário (Lei n.º 11.418) e Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (Lei n.º 11.417). Revista de Direito Processual Civil São Paulo, n. 48, jul./ago. 2007.

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matéria que se refere à questão federal. Distingue-se, na moderna repercussão geral, vez que esta somente se refere às questões constitucionais, dada a atual configuração do recurso extraordinário 2.

A partir da edição da Emenda Regimental nº 3 de 1975 do STF, com a mudança de competência, viu-se pela primeira vez, a figura da arguição de relevância da questão federal, previsto no artigo 119 da Emenda Constitucional de 1969 fazendo parte da composição de nosso ordenamento jurídico brasileiro.

No que tange à primeira previsão da arguição de relevância pelo Regimento Interno do STF, expõe Bruno Dantas: Preocupada com a crescente sobrecarga de trabalho, e exercitando a competência legislativa primária que lhe fora constitucionalmente conferida, o STF iniciou, já em 1970, o movimento que culminaria na adoção da arguição de relevância da questão federal no ano de 1975. Com efeito, naquele ano, editou-se emenda regimental que estabelecia filtros relacionados com o valor e a natureza da causa, excetuando das restrições impostas os casos de ofensa à Constituição e de discrepância manifesta da jurisprudência dominante do STF 3.

Desse modo, o STF valendo-se da permissão constitucional que lhe ofereceu, colocou em seu Regimento a possibilidade de estabelecer o processo e julgamento dos feitos, editou a Emenda Regimental nº 3 de 1975 que alterou o artigo 308 de seu Regimento Interno, cuja redação passou a ser a seguinte:

Art. 308. Salvo nos casos de ofensa à Constituição ou relevância da questão federal, não caberá recurso extraordinário, a que alude o seu artigo 119, parágrafo único, das decisões proferidas:

I. Nos processos por crime ou contravenção a que não sejam cominadas penas de multa, prisão simples ou detenção, isoladas, alternadas ou acumuladas, bem como as medidas de segurança com eles relacionadas;

II. Nos habeas corpus, quando não trancarem a ação penal, não lhe impedirem a instauração ou a renovação, nem declararem a extinção da punibilidade;

2 ALVIM, Arruda. A EC n. 45 e o instituto da repercussão geral. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim ET.

al. (Coord.). Reforma do judiciário: primeiras reflexões sobre a Emenda Constitucional n. 45/2004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. P 722

3 DANTAS, Bruno. Repercussão geral: perspectivas histórica, dogmática e de direito comparado:

questões processuais. 2. Ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

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5 III. Nos mandados de segurança, quando não julgarem o mérito;

IV. Nos litígios decorrentes:

a) de acidente do trabalho;

b) das relações de trabalho mencionadas no artigo 110 da Constituição;

c) da previdência social;

d) da relação estatutária de serviço público, quando não for discutido o direito à constituição ou subsistência da própria relação jurídica fundamental;

V. nas ações possessórias, nas de consignação em pagamento, nas relativas à locação, nos procedimentos sumaríssimos e nos processos cautelares;

VI. Nas execuções por título judicial;

VII. Sobre extinção do processo, sem julgamento do mérito, quando não obstarem a que o autor intente de novo a ação;

VIII. Nas causas cujo valor, declarado na petição inicial, ainda que para efeitos fiscais, ou determinado pelo juiz, se aquele for inexato ou desobediente aos critérios legais, não exceda de 100 vezes o maior salário- mínimo vigente no País, na data do seu ajuizamento, quando uniformes as decisões das instâncias ordinárias; e de 50, quando entre elas tenha havido divergência, ou se trate de ação sujeita à instância única 4.

Depois, com o agravamento da crise do STF, que segundo Aken, explica em que consiste a mencionada crise:

A “crise” do STF traduziu-se, ao fim e ao cabo, no excessivo número de processos sujeitos a julgamento naquele tribunal. Esse problema obscureceu a avaliação objetiva do STF no seu aspecto decisivo – na institucionalização e preservação do Estado democrático de direito. No entanto, aqui interessa a veia jurídica, não a política; e, neste particular, os termos delineados à competência recursal, na CF/1891, e na qual o STF funcionava como tribunal de segundo grau para a Justiça Federal, já vaticinavam quantidade avassaladora de recursos – fato que os eventos posteriores confirmaram de modo dramático. A amplíssima competência originária e recursal do STF desencadeou crise de natureza funcional. E as mudanças posteriores jamais lograram erradicar ou amenizar o fenômeno pertinaz e nocivo. (ASSIS AKEN, 2007, P. 692-693)

Ocorreu à modificação prevista no parágrafo único do art. 119 da Constituição que foi publicada, em 17 de junho de 1975, qual seja a Emenda nº 3 ao Regimento Interno do STF, que trouxeram relevantes mudanças ao texto do Regimento publicado em 1970.

Dessa forma, Arguição de Relevância surgiu com a introdução do parágrafo único ao artigo 119 da Constituição Federal de 1967, no qual está explícita a

4 BRASIL. RISTF – Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Emenda Regimental nº 3 de 1975.

Artigo 308. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Diário da Justiça. Supremo Tribunal Federal, Ano L – Nº 112. Capital Federal, 14 jun. 1975.

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competência do STF:

Art. 119. Compete ao Supremo Tribunal Federal:

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância por outros tribunais, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição ou negar vigência de tratado ou lei federal;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato do governo local contestado em face da Constituição ou de lei federal;

d) ou der à lei federal interpretação divergente da que lhe tenha dado outro Tribunal ou o próprio Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único.

As causas a que se refere o item III, alíneas a e d, deste artigo, serão indicadas pelo Supremo Tribunal Federal no regimento interno, que atenderá à sua natureza, espécie e valor pecuniário 5.

Destarte, o artigo estabelecia limites às causas sujeitas ao recurso extraordinário, tais como a natureza, a espécie e o valor, quando fosse interposto com base nas alíneas ‘a’ e ‘d’ do inciso III do mencionado dispositivo constitucional, quando tinha uma contrariedade ao dispositivo da Constituição ou quando tinha negação de vigência a tratado ou a lei federal, ou ambos, ou quando desse à lei federal interpretação divergente de outro tribunal ou do próprio Supremo Tribunal Federal.

Com a alteração do Regimento Interno o STF, sobre a competência legislativa primeira e a Carta de 1967 juntamente com a Emenda Constitucional 1969, houve alguns murmúrios sobre esse concessão e principalmente quanto ao texto constitucional de 1969 (parágrafo único do artigo 119) que continha possibilidades do Pretório Excelso usasse de critérios à natureza, espécie ou valor pecuniário da causa, o que ficou esses critérios até a revogação da Arguição de Relevância. A Constituinte de 1969 não fez alusão à arguição de relevância.

Depois disso, introduziram algumas modificações querendo que fosse restringido ainda mais o cabimento do recurso extraordinário – RE para melhorar o julgamento de muitos processos devido a crise do STF, porém, foi a Emenda 3/75 que

5 BRASIL. Constituição da República Federativa de Brasil – CRFB 1967 - Emenda Constitucional n. 1, de 17 de outubro 1969. Artigo 119.

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introduziu significativas mudanças no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal - RISTF, no art. 308, no qual limitou o cabimento do recurso extraordinário sempre que houvesse ‘ofensa à Constituição Federal ou relevância da questão federal’ – traços que até hoje a repercussão geral carrega como herança da arguição de relevância.

Depois de todas essas mudanças, a arguição de relevância ganhou um espaço na constituição, pois antes, só estava prevista no Regimento Interno do STF com a alteração trazida pela Emenda Regimental nº 3/75, após a Emenda Constitucional nº 7/1977.

Sobre o papel do legislador constituinte derivado de 1977, Bruno Dantas leciona que:

Assim, se dúvidas havia sobre poder ou não o STF estabelecer filtro baseado na relevância da questão federal para descartar recursos extraordinários, elas foram definitivamente sepultadas pela referida emenda constitucional. De resto, o Poder legislativo dava demonstrações inequívocas de que apoiava a medida. (DANTAS, BRUNO. 2009 P. 254).

Em 1980, teve mais mudanças, os quais, o próprio Supremo Tribunal Federal editou Emenda Regimental no intuito de ampliação das hipóteses do cabimento ao recurso extraordinário, no caso, hipóteses de restrição. Advindo as modificações, o Regimento Interno do STF mudou o seu artigo 325, de maneira que, observaram-se novas situações de alcançar o Supremo, sendo elas quase impossíveis. Nesse viés, para se alcançar o Supremo era necessário à apresentação da arguição de relevância em ofensa à Constituição ou dissenso com a jurisprudência do STF.

Deste modo, sobreveio a Emenda Constitucional nº 2 de 1985 modificadoras do art. 325 do Regimento Interno do STF, na qual a Suprema Corte começou a utilizar totalmente o contrário do que já adotava, no qual, a enumeração de casos admissível, em tese, enquanto o não cabimento passou a ser regra geral.

Essa técnica foi de forma inversa e no tanto diferenciada. Observe-se:

Art. 325. Nas hipóteses das alíneas a e d do inciso III do art. 119 da

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8 Constituição Federal, cabe recurso extraordinário:

I – nos casos de ofensa à Constituição Federal;

II – nos casos de divergência com a Súmula do Supremo Tribunal Federal;

III – nos processos por crime a que seja cominada pena de reclusão;

IV – nas revisões criminais dos processos de que trata o inciso anterior;

V – nas ações relativas à nacionalidade e aos direitos políticos; Emenda Regimental 2, de 4 de dezembro de 1985;

VI – nos mandados de segurança julgados originalmente por Tribunal Federal ou Estadual, em matéria de mérito;

VII – nas ações populares;

VIII – nas ações relativas ao exercício de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, bem como às garantias da magistratura;

IX – nas ações relativas ao estado das pessoas, em matéria de mérito;

X – nas ações rescisórias, quando julgadas procedentes em questão de direito material;

XI – em todos os demais feitos, quando reconhecida a relevância da questão federal 6.

Portanto, após a Emenda Regimental nº 2 de 1985, o artigo 325 do Regimento Interno do STF enumerou, nos incisos I a X, as hipóteses em que o recurso extraordinário poderia ser interposto com base nas alíneas a e d do inciso III do artigo 119 da Constituição de 1967, e, no inciso XI, criou uma hipótese genérica para fins de admissão do apelo, segundo a qual desde que reconhecida à relevância da questão federal o recurso seria admitido.

Assim, nas hipóteses previstas nos incisos I a X, presumia-se a relevância da questão federal, razão pela qual o recorrente estava desincumbido do ônus de demonstrá-la. Enquanto que em todas as demais hipóteses o apelo só seria julgado se arguida e reconhecida a existência da relevância da questão federal 7.

Ainda em 1985 foi introduzida outra alteração importante, que foi o § 1º do artigo 327, no qual se poderia entender o que seria questão federal relevante, expondo os reflexos de ordem jurídica, considerando os aspectos sociais ou políticos da causa e

6 BRASIL. RISTF – Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Emenda Regimental nº 2 de 1985.

Artigo 325. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Diário da Justiça. Supremo Tribunal Federal. Capital Federal, 04 dezembro. 1985.

7 BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Comentários ao código de processo civil. 15 ed. Rio de Janeiro:

Forense. 2009. V. 5, p.653.

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9

a exigência do recurso extraordinário pelo tribunal 8.

Mesmo com a nova faceta da arguição de relevância, não perdurou por muito tempo, tendo em vista o advento da constituição de 1988 que promoveu mudanças nos tribunais superiores. De certo que a constituição limitou o poder dos tribunais, através de seus rendimentos, no qual estabelecia as regras internas de funcionamento (art. 96, I), onde foi retirado o poder de dizer quais casos de cabimento ou não do recurso extraordinário 9.

1.2 Repercussão Geral

Repercussão é um substantivo que tem origem no latim e significa “ato ou efeito de repercutir”. O verbo repercutir significa “fazer sentir indiretamente a sua ação ou influencia”. Já o adjetivo geral, que, no caso, também é originário do latim, significa

“comum a maior parte ou à totalidade de um grupo de pessoas”. Sendo assim, a repercussão geral se refere à necessidade de que as questões constitucionais impugnadas pelo recurso extraordinário tenham a qualidade de fazer com que parcela significativa ou uma parcela representativa da sociedade experimente sua influência

10.

Segundo Dantas:

O conceito sintético do instituto como sendo um pressuposto especial de cabimento de recurso extraordinário, estabelecido por comando constitucional, que impõe que o juízo de admissibilidade do recurso leve em consideração o impacto indireto que eventual solução das questões constitucionais em discussão terá na coletividade, de modo que se lho terá por presentes apenas no caso de a decisão de mérito emergente do recuso ostentar a qualidade de fazer com que parcela representativa de um

8 BRASIL. RISTF – Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. Emenda Regimental nº 2 de 1985.

Artigo 327 §1º. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Diário da Justiça. Supremo Tribunal Federal. Capital Federal, 04 dezembro. 1985.

9 BRITO. Eurivaldo Cardoso. A Repercussão Geral No Recurso Extraordinário. Especialista em direito constitucional. Universidade Estadual Vale Do Acaraú Escola Superior Da Magistratura Do Estado Do Ceará - Esmec Curso De Especialização Em Direito Constitucional. Fortaleza. 40 páginas. 2008. P.22

10 DANTAS, Bruno. Repercussão Geral: perspectivas histórica, dogmática e de direito comparado questões processuais. 2a ed. São Paulo: RT, 2009. Op.cit, p. 356

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10 determinado grupo de pessoas experimente, indiretamente, sua influência, considerados os legítimos interesses sociais extraídos do sistema normativo e da conjuntura política, econômica e social reinante num dado momento histórico (DANTAS, BRUNO. 2009. P. 356).

O Supremo Tribunal Federal, na preocupação de ter celeridade em busca de atender todos os processos com questões constitucionais advindas dos tribunais inferiores, pensou na solução de outra figura já que arguição não foi recepcionada pela nova constituição. Tempos depois, teve-se a Repercussão Geral, qual seja um instrumento dado do legislativo para o judiciário para o desafogamento e afunilamento da destinação dos processos ao STF, desse modo, a Emenda Constitucional n.

45/2004, conhecida como programa de Reforma do Poder Judiciário, dentre outras inúmeras mudanças, adicionou o § 3º ao Artigo 102 da Constituição Federal, criando um novo requisito de admissibilidade do Recurso Extraordinário: a Repercussão Geral das questões constitucionais. Surge como o guardião das normas Constitucionais, que são, por sua vez, pilares da organização jurisdicional e da manutenção da democracia do País como um todo.

A matéria é e está sendo tratada pela Lei 13.105/2015, Novo Código de Processo Civil – NCPC e pelo Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal - RISTF. O Antigo Código de Processo Civil – CPC de 1973 11.

O instrumento da repercussão geral foi inserido na constituição federal a partir da emenda 45/2004 que foi promulgada em 30 de dezembro de 2004, também conhecida como “Reforma do Judiciário”. Tal reforma visa o desafogamento da justiça, especificamente em decorrência dos processos que tramitam no Supremo Tribunal Federal12.

A principal ideia motora do sistema da repercussão foi para atender a

11 BRASIL. Decreto-lei Lei nº 13.105, de 16 de Março de 2015. A Presidenta da República

-

Novo

Código de Processo Civil – 2015.

12 BRASIL. Constituição da República Federativa de Brasil – CRFB de 1988. Emenda 45/2004 de 30 de dezembro de 2004.

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necessidade de tentar eliminar o excesso de processos, principalmente nos tribunais superiores. O objetivo da repercussão é poder desafogar o poder judiciário, um sistema que elimina aqueles processos que estão sendo repetidos no poder judiciário, ou seja, um único processo serve de parâmetro para dizer se o seu caso concreto irá chegar ao Supremo. Se o supremo já tiver dito que é um caso de repercussão geral, os processos que estão em tribunais inferiores ficam sobrestados.

Antigamente quando se discutia um caso concreto, a única necessidade para se chegar ao supremo, era a afirmação e a discussão de violação a constituição.

Hoje, além de apontar que a constituição foi violada, é necessário que se demonstre que há uma repercussão geral, ou seja, que há um debate jurídico de ordem jurídica, econômica, social ou política que transborda do seu caso concreto, que vai além, que atinge a coletividade.

O Novo Código de Processo Civil traz o instituto da Repercussão Geral, mais especificamente, no seu artigo 1035, nos seguintes termos:

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo. § 1o Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo 13.

Nesta tentativa, Schlosser e Wickert assim os exemplificam:

A repercussão geral jurídica no sentido estrito existiria, por exemplo, quando estivesse em jogo o conceito ou a noção de um instituto básico do nosso direito, de modo que aquela decisão, se subsistisse, pudesse significar perigoso e relevante precedente, como a de direito adquirido. Relevância social haveria, numa ação em que se discutissem problemas relativos à escola, à moradia ou mesmo à legitimidade do Ministério Público para a propositura de certas ações. [...] Repercussão econômica haveria em ações que discutissem, por exemplo, o sistema financeiro da habitação ou a privatização de serviços públicos essenciais, como a telefonia, o saneamento básico, a infraestrutura, etc. Repercussão política haveria, quando, por exemplo, de uma causa pudesse emergir decisão capaz de influenciar relações com Estados estrangeiros ou organismos internacionais.

(SCHLOSSER. ET. AL. P. 123, 2008).

13 BRASIL. Decreto-lei Lei nº 13.105, de 16 de Março de 2015. A Presidenta da República - Novo Código de Processo Civil – 2015. Art. 1.035

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12

Atualmente, utiliza-se o peneiramento Constitucional e processualmente civil, Repercussão Geral, empregada no sentido econômico, político, jurídico ou de relevância social sobre questões constitucionais trazida nos recursos extraordinários para que sejam analisadas pelo Supremo Tribunal. O STF aceita, além dos processos originários, as decisões sujeitas a “recurso extraordinário”, ou seja, quando o recorrente percorre todas as etapas processuais e esgotadas todas as possibilidades de recursos admissíveis perante as instâncias inferiores. Entretanto, ainda continua com grande volume de processos devido os requisitos da Repercussão Geral imposta, pois, como guardião da constituição, todo principio dever ou direito violado nos processos estão presentes na constituição e são passíveis de julgamento pela Suprema Corte, quando ventilado nas instancias inferiores.

1.2 - QUANTO AS SIMILITUDES

Tendo em vista os dois institutos terem suas diferenças, que, no caso, não se confundem, há também as similitudes entre ambos, que inicialmente se observa.

1.2.1 O Intuito De Filtrar Os Processos

Como é sabido, o instituto da arguição de relevância surgiu com o intuito de filtrar os processos que chegariam até o Supremo Tribunal Federal. Na mesma linha é o intuito do atual instituto, qual seja a repercussão geral, que é desafogar o tribunal, ambos traçam uma linha de estreitamento de processos a serem julgados pelo STF.

Vale destacar a seguinte explanação de Candido Dinamarco quanto a essa exigência, muito semelhante a uma que já houve no passado (a arguição de relevância), tem o nítido objetivo de reduzir a quantidade dos recursos extraordinários a serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal e busca apoio em uma razão de ordem política: mirando o exemplo da Corte Suprema norte-americana, quer agora a

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13

Constituição que também a nossa Corte só se ocupe de casos de interesse geral, cuja decisão não se confine à esfera de direitos exclusivamente dos litigantes e possa ser útil a grupos inteiros ou a uma grande quantidade de pessoas. Daí falar em repercussão geral - e não porque toda decisão que vier a ser tomada em recurso extraordinário vincule todos, com eficácia ou autoridade erga omnes, mas porque certamente exercerá influência em julgamentos futuros e poderá até abrir caminho para a edição de uma súmula vinculante 14.

A questão federal é entendida como relevante por conta dos reflexos na ordem jurídica, considerados os aspectos sociais, econômicos, políticos da causa e exigem a apreciação do recurso extraordinário pelo Tribunal. A exigência de ser de assuntos que abarque interesses de toda uma sociedade, de cunho político, social, jurídico ou econômico, não somente aos direitos dos litigantes, más sim que transcenda e vincule o direito daqueles.

Ao não utilizar o termo “relevância”, como previsto no sistema constitucional anterior, mas sim, “repercussão geral”, o legislador moderno deixou evidente que o recurso extraordinário deve possuir importância geral para ser apreciado. Mesmo assim, a expressão utilizada tem certa vaguidade. Com efeito, a presença de normas contendo conceitos vagos é um fenômeno cada vez mais comum. Isso ocorre devido ao crescimento das relações sociais e sua maior complexidade, uma vez que é impossível ao legislador prever todos os tipos de relações e conflitos. Já dizia o Ilustre Barbosa Moreira que às vezes, a lei se serve de conceitos juridicamente indeterminados, ou porque seria impossível deixar de fazê-lo, ou porque não convém usar outra técnica15.

14 DINAMARCO, Candido Rangel. O processo civil na reforma constitucional do Poder Judiciário.

Revista Jurídica Unicoc, São Paulo.

15 MOREIRA, José Carlos Barbosa. Regras de experiência e conceitos juridicamente indeterminados.

Temas de Direito Processual. 2ª Série. São Paulo: Saraiva, 1988, p. 64.

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14

1.2.2 Inspiração No Direito Norte-Americano - Writ Of Certiorari - Princípio De Relevância

Em 1790, prevista em sua constituição, precisamente no artigo III, a Suprema Corte Americana foi criada, no início de suas atividades, havia poucos processos a serem julgados, porém não deixaram de crescer ano após ano. No início contava-se apenas com sete juízes, más, em 1837 o número de magistrados cresceu de sete para nove, em função do crescente número de processos que chegava, assim permanece nos dias atuais 16.

Com o enorme progresso da indústria norte-americana, por volta de 1891, à pauta de julgamentos de apelações obrigatórias para a Suprema corte tornava-se inviável, por estar sobrecarregado de muitos processos.

O Congresso americano, nessas circunstâncias, sensibilizado com o grande volume de processos a serem julgados pela corte suprema, introduziu modificações na lei orgânica do judiciário federal. Somente em 1925, onde restaram diminuídas as apelações de conhecimento obrigatório (mandatory appeals), onde deu margem para o instituto do writ of certiorari de origem no common Law. Para ser admitido esse critério de aceitação ou de conhecimento da petition for writ of certiorari, seria necessário voto de quatro dos nove juízes daquela Corte, sem dispensar o requisito de relevância do tema e que a causa ou controvérsia fosse julgada em última instância pelos tribunais estaduais 17.

Em 1988 houve nova alteração da lei americana que permitiu a redução drástica das apelações obrigatórias (mandatory appeals), adotando, naquela época, novos requisitos, entre eles, o acesso recursal por intermédio da petition for writ of certiorari em lugar das apelações obrigatórias, cuja admissão ficava sujeita aos critérios objetivos do Regimento Interno da Suprema Corte norte-americana e ao

16 MARTINS, Ives Gandra. O critério de transcendência no recurso de revista. Disponível em. Acesso:

14 out. 20.

17 FERREIRA Adhemar. Restrição à admissibilidade de Recursos na Suprema Corte dos Estados Unidos e no Supremo Tribunal Federal no Brasil. Disponível em: Acesso em 14 out. 20.

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15

critério subjetivo da relevância que consiste em avaliação discricionária. Somente com pelo menos quatro votos favoráveis, confirmando que a questão discutida nos autos tinha relevância para o país, a petition for writ of certiorari era dada como conhecida.

Nesse sentido, percebem-se similitudes entre do instituto writ of certiorari com a repercussão geral em relação ao recurso extraordinário. Pois os dois institutos utilizam de parâmetros um tanto quanto subjetivos, sendo assim, é perceptível que ambos limitam a quantidade de processos que serão apreciados pela corte suprema18. Assim como a arguição de relevância, as repercussões gerais também se inspiraram no writ of certiorari. Nesse caso, Fábio de Andrade, resume, destacando que a previsão da competência da Suprema Corte americana está prevista nas regras 10 a 16 de seu Regimento Interno. Segundo a regra 10 “a revisão com base no writ of certiorari não é matéria de direito, mas de discricionariedade judicial” 19.

Uma petição pleiteando o writ of certiorari será deferida somente por razões extremamente relevantes, as quais serão consideradas a partir de divergências jurisprudenciais de grande repercussão entre os tribunais americanos, mas sem limitar-se a elas, já que possuem também o caráter político. Sua interposição, como na arguição de relevância e na repercussão geral, deve se dar em momento anterior ao julgamento do recurso, e sua apreciação pela Suprema Corte americana estabelece ordem que pode ser uma disposição sumaria do mérito20.

Cabe observar também que o writ of certiorari americano, sistema de filtragem recursal que lhe serviu de inspiração, exerceu equivalente influência sobre o sistema processual japonês; e que figura análoga, baseada na seleção de causas a

18 SARLET, Ingo Wolfgang. Arguição de descumprimento de preceito fundamental: alguns aspectos controversos. Revista Diálogo Jurídico, [S.L.], ano 1. V. 1, n. 3, 2001, p.14-15.

19 ANDRADE, F. M. de. "A regulamentação da repercussão geral das questões constitucionais nos recursos extraordinários: EC nº 45/2004, Lei nº 11.418/2006 e Emenda Regimental nº 21/2007". In:

Revista de Informação Legislativa, Brasília, ano 45, nº 177, jan./mar. 2008, p. 92-93.

20 ANDRADE, F. M. de. "A regulamentação da repercussão geral das questões constitucionais nos recursos extraordinários: EC nº 45/2004, Lei nº 11.418/2006 e Emenda Regimental nº 21/2007". In:

Revista de Informação Legislativa, Brasília, ano 45, nº 177, jan./mar. 2008. P. 92.

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partir de sua transcendência, foi projetada há muito tempo no direito alemão, através do conceito da “significação fundamental”. Ademais, notou-se instituto similar no direito argentino, baseado na noção da gravidade institucional21.

Tendo em vista que o writ of certiorari no sistema americano, é compará-la a mais alta instância do judiciário brasileiro, o Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse sentido, o sistema jurídico brasileiro, teve a inspiração de selecionar as matérias relevantes das demais, nesse caso, a antiga arguição de relevância, e em seguida o instituto da repercussão geral, que, como já mencionado anteriormente abrange matérias de cunho político, jurídico, social ou econômico, e que atinjam não somente as partes envolvidas no pleito da ação, mas também transcenda a terceiros.

O intuito da arguição de relevância, antecessora da repercussão geral, teve o mesmo propósito, pois, revelaram certas semelhanças entre os dois institutos, como o teor dos conceitos indeterminados que as fundamentou e a competência privativa do STF para sua apreciação.

1.2.3 Competência Exclusiva Do Tribunal Para Julgar

Para chegar ao Supremo Tribunal Federal, teria que ser matéria de cunho relevante, quanto a arguição de relevância e atualmente repercussão geral, ter o escopo de repercussão geral.

Segundo dicionário português, relevante significa que tem valor, relevância ou pertinência; importante: argumento relevante. Que possui relevo; que se distingue ou se destaca em relação aos demais 22.

21 ANDRADE, F. M. de. "A regulamentação da repercussão geral das questões constitucionais nos recursos extraordinários: EC nº 45/2004, Lei nº 11.418/2006 e Emenda Regimental nº 21/2007". In:

Revista de Informação Legislativa, Brasília, ano 45, nº 177, jan./mar. 2008. P. 93

22 Dicionário Online Português. Significado de Relevante <https://www.dicio.com.br/relevante/>

Acesso em: 13/11/2020.

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17

Já a Repercussão Geral, segundo o código de processo civil (Lei nº 13.105/

15) precisamente em seu artigo 1.035, é critério especial de admissibilidade do recurso extraordinário 23.

Segundo o Novo CPC, para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo. Assim, a temática deve afetar um grande número de pessoas, que trate de assuntos significativos para a nação, que possua um alcance geral, socialmente relevante. Ou, ainda, causas que envolvam aspectos econômicos de monta, temas já amplamente debatidos, mas ainda pendentes em diversas instâncias judiciais, com decisões contraditórias e assuntos intrinsecamente relacionados a causas pendentes de julgamento.

Percebe-se que a repercussão geral apenas acresceu mais significados ao conceito de relevante, dentre eles, matéria de cunho político, social, jurídico e econômico, de modo que, os dois conceitos dizem respeito ao mesmo objetivo, qual seja, filtrar matérias de cunho subjetivo que satisfaça não apenas as partes envolvidas, más que transcendam a outros.

Na suprema corte norte-americana, os ministros fazem uma triagem e analisam somente os casos em que a questão federal e constitucional possui relevância para o interesse público. Isso significa que a corte norte-americana possui o poder discricionário, baseado no princípio da relevância. Sendo assim, significa dizer que a corte tem a total liberdade de decidir. Cabe mencionar que a época da arguição de relevância no Brasil, os ministros também tinham o poder discricionário 24.

23 BRASIL. Decreto-lei Lei Nº 13.105, de 16 de Março de 2015. A Presidenta da República - Novo Código de Processo Civil – 2015.

24 LEVADA, Filipe Anônio Marchi. A repercussão geral na Constituição Federal e no Projeto de Lei que acrescenta os arts. 543-A e 543-B ao CPC. In: MELLO, José Licastro Torres de (Coord.). Recurso Extraordinário e Especial: Repercussão Geral e Atualidades. São Paulo: Método, 2007, p. 90-91.

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18

Cabe destacar que, o papel da corte constitucional federal norte americana, é diferente do papel do supremo tribunal federal, tendo em vista que a maioria de suas leis são estaduais, e, geralmente as questões são resolvidas nos próprios tribunais estaduais, diferentemente do Brasil, que a maioria passa pela esfera estadual e chega até o STF para ser julgado 25.

1.3 QUANTO AS DIFERENÇAS

A Arguição e Repercussão apresentam similitudes no cabimento de objetivos no qual, esteja para auxiliar na padronização dos procedimentos de julgamento recursal, de maneira que possa garantir a racionalidade dos processos e a segurança dos jurisdicionados e afunilamento da destinação do STF, isto é, para que não analisem lides com um simples problema como “briga de vizinho”, e sim, analisar processos com questões realmente importantes e que repercutem em todo o Brasil e solucioná-los. Não obstante, os instrumentos comparativos concebidos vestem contradições recebidas por vários juristas, pois a doutrina não é unânime na aceitação do novo instituto como requisito de admissibilidade do Recurso Extraordinário.

Embora tenham a mesma função de “filtragem recursal”, a arguição de relevância e a repercussão geral não se confundem. Na prática, as diferenças entre os dois institutos são grandes e vão além da nomenclatura escolhida para cada um deles. Enquanto a arguição de relevância visava possibilitar o conhecimento deste ou daquele recurso extraordinário a princípio incabível, funcionando como um instituto com característica central inclusiva, a repercussão geral tem por escopo excluir do conhecimento do Supremo Tribunal Federal demandas que assim não se caracterizem 26.

25 AZEM Guilherme Beux Nassif. Repercussão geral da questão constitucional no recurso extraordinário. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 41.

26 MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Repercussão geral no recurso extraordinário. 2. Ed.

rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 31.

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19

É notável que haja questões diferenciais sobre os cotejados e oposições doutrinárias quanto o melhor para a jurisdição brasileira, mas, a problemática em questão é diferenciá-las, compará-las-á, conceituá-las e destrinchar o processo como forma de aprimoramento quanto ao volume extenso de processos que sobem ao STF todo o ano.

1.3.1 Competência

Preliminarmente, para primeira diferença dos instrumentos, cumpre asseverar que, no Brasil, todas as disposições constitucionais e regimentais anteriores, em relação à arguição de relevância, foram revogadas com o advento da Constituição Federal de 1988 e por consequente, teve-se a criação do Superior Tribunal de Justiça - STJ na competência para apreciação de recursos sobre questões infraconstitucionais da legislação federal dos recursos especiais que chegam até eles.

Anteriormente, não existia essa separação de recursos uma vez que, delimitou-se a competência, sofrendo cisão, e a utilização no meio jurídico, de dois recursos superiores, sendo assim, a diminuição a carga de trabalho do Supremo Tribunal Federal - STF.

Antes da constituição de 1988 o alvo do recurso extraordinário era amplo, pois esse já incluía a possibilidade de revisão das decisões que ofendessem também a legislação federal. Após a criação do Superior Tribunal de Justiça, o reexame dessas questões foi transferido para o recurso especial, ficando para o Supremo Tribunal Federal a competência para o reexame das questões constitucionais. Na arguição de relevância, a presença de matéria constitucional discutida na lide dispensava a necessidade de demonstração da relevância, ou seja, nessas situações, esta era presumida 27.

27 BERMAN, José Guilherme. Repercussão geral no recurso extraordinário: origens e perspectivas.

Curitiba: Juruá, 2009, pg. 114

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20

A semelhança entre Repercussão Geral e Arguição Federal em pontos não relacionados aos aspectos propriamente dogmáticos e sim, comparativos com o próprio recurso especial que sobe ao STJ, pois, embora se diga, não sem boa dose de razão, que a arguição de relevância foi o antecedente histórico nacional da repercussão geral, é necessário consignar que essa semelhança se deve muito mais às linhas gerais do instituto do que a aspectos propriamente dogmáticos (...). Assim, a rigor, para que a semelhança vislumbrada ultrapassasse o plano metodológico, atingindo a barreira dogmática, a repercussão geral deveria se referir ao Resp – este sim relacionado hodiernamente à legislação federal infraconstitucional –, e não propriamente ao RE, pois no regime revogado as questões constitucionais eram presumidamente dotadas de relevância 28.

A Arguição de Relevância tinham suas questões constitucionais presente nos processos e que esses eram meio que obrigatoriamente admitidas no fundamento do Recurso Extraordinário - RE. Utilizava-se, no modelo de direito federal infraconstitucional, a restrição única e exclusiva.

Já na repercussão geral, em sua inovação de constituir uma espécie de filtro recursal do recurso extraordinário, fez com a competência limitasse as questões constitucionais, possibilitando que o Pretério Excelso escolha os recursos que irá julgar, levando em consideração a relevância social, econômica, política ou jurídica da matéria a ser apreciada, ultrapassando os interesses subjetivos da causa e das partes.

1.3.2 Finalidade

O instituto anterior houve quem entendesse que o juízo acerca da arguição de relevância vincularia o juízo de admissibilidade e de mérito do recurso, ou seja, sua natureza jurídica estava limitada a esses dois pontos. Segundo o Antônio Carlos Marcondes Machado:

28 DANTAS, Bruno. Repercussão geral: perspectivas histórica, dogmática e de direito comparado:

questões processuais. 2. Ed. rev., atual. E ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p.250

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21 A arguição de relevância era um incidente preliminar ao juízo de admissibilidade do recurso extraordinário, instaurado como um juízo de pré- admissibilidade, destinado única e exclusivamente a apreciar a relevância da questão federal, suscitada no âmbito do recurso extraordinário. Ultrapassada esta pré-admissibilidade, com o julgamento positivo da relevância, tinha o recurso extraordinário a sua admissibilidade examinada, que, se positiva, habilitava o RE à apreciação de mérito (MACHADO, ANTÔNIO. 1986. P. 66).

A da repercussão geral tem também o intuito de incidente preliminar, ou seja, a repercussão surge como um mecanismo de contenção recursal e mais uma condição de admissibilidade do recurso extraordinário. Apesar disso, é inconveniente instituir um requisito de admissibilidade de qualquer recurso utilizando a técnica legislativa dos conceitos juridicamente indeterminados.

Diferem-se os institutos que, a relevância da questão federal não foi criada para restringir o número de casos levados à análise do STF. Contrariamente, a sua finalidade inicial foi a de proporcionar a admissibilidade dos recursos interpostos em casos já vedados expressamente.

Já na Repercussão Geral, desde o início, já se teve por objetivo permitir que a Corte julgasse apenas os recursos da qual a análise ultrapasse os interesses individuais das partes, preferindo assim, as causas com um relevância maior e que tenham repercussão na sociedade.

Deve o recorrente, portanto, antes de adentrar no mérito do recurso, apresentar a repercussão geral da questão pontuada.Trata-se de uma “triagem” para ter no Supremo apenas matérias de maior importância, de interesse da coletividade.

Nesse contexto, uma das finalidades da repercussão geral sempre foi firmar o papel do STF como Corte Constitucional e não como instância recursal. Além disso, faz com que esse Tribunal decida uma única vez cada questão constitucional, não se pronunciando em outros processos com idêntica matéria.

Sendo assim, o principal objetivo da adoção desse filtro de acesso é a

(31)

22

redução do número de processos no Supremo Tribunal, possibilitando que seus 11 membros destinem mais tempo às questões de maior relevância para os direitos dos cidadãos e fundamentais para a sociedade em geral, extrapolando os interesses individuais.

Vale destacar que a função obtida pela arguição de relevância com a alteração do Regimento Interno do STF tenha sido a mesma que se refere atualmente com a criação da repercussão geral, no caso de diminuir o número de recursos para apreciação do STF 29.

1.3.3 Cabimento

Outro ponto que, só se aplicava nos casos de arguição de relevância da questão federal, nos casos especificados nas alíneas previstas no artigo 119 da Constituição Federal de 1967. Atualmente o recurso pode abarcar todos os casos na liberdade de colocar em relevância constitucional casos controversos presenciados no momento histórico do País.

Antes não continha a possibilidade de o regimento interno de o Supremo Tribunal Federal restringir a admissibilidade do recurso extraordinário, interposto com fundamento das letras “a” e “d” da norma constitucional, em virtude da “relevância da questão federal”.

Esta relevância da questão apenas foi prevista, posteriormente, na Emenda Constitucional n. 7, de abril de 1977, porquanto, então, o art. 119 da Constituição Federal passou a agasalhar o § 1º que dispõe: “As causa a que se refere o item III, alíneas” “a” e “d” deste artigo, serão indicadas pelo STF, no Regimento interno, que

29 CAMPOS, Luciana Dias de Almeida. O antecedente histórico da repercussão geral no Brasil: a arguição de relevância da questão federal. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3320, 3 ago. 2012. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/22253>. Acesso em: 19 nov. 2020.

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23

atenderá à sua natureza, espécie, valor pecuniário e relevância da questão federal. 30 Destarte, o artigo estabelecia alguns limites relativos às causas sujeitas ao recurso extraordinário, tais: a natureza, a espécie e o valor, quando era interposto o recurso no argumento baseado nas alíneas ‘a’ e ‘d’ do inciso III do mencionado dispositivo constitucional, quando houvesse contrariedade ao dispositivo da Constituição ou negasse vigência a tratado ou a lei federal, ou ambos, ou quando desse à lei federal interpretação divergente de outro tribunal ou do próprio Supremo Tribunal Federal.

No entanto, para a repercussão geral, conforme o caput do art. 102 da Constituição Federal de 1988, compete ao STF, precipuamente, a guarda da Constituição, permitindo-lhe decidir politicamente as causas que vai ou não julgar.

Trata-se de um mecanismo de delimitação das causas a serem julgadas pelo Supremo.

102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros 31.

Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal - RISTF dispõe:

Art. 322. O Tribunal recusará recurso extraordinário cuja questão constitucional não oferecer repercussão geral, nos termos deste capítulo.

(Redação dada pela Emenda Regimental n. 21, de 30 de abril de 2007).

Parágrafo único. Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões que, relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, ultrapassem os interesses subjetivos das partes.

(Redação dada pela Emenda Regimental n. 21, de 30 de abril de 2007) 32.

30 BRASIL. Constituição da República Federativa de Brasil – CRFB de 1967 - Emenda Constitucional n. 1, de 17 de outubro 1969. Artigo 119 alíneas a e d.

31 BRASIL. Constituição da República Federativa de Brasil – CRFB de 1988. Artigo 102 § 3º.

32 BRASIL.Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal - RISTF n. 21 de 30 de abril de 2007, art.

322.

(33)

24

No mesmo sentido, exemplifica Gomes Júnior:

a) reflexos econômicos: quando a decisão possuir potencial de criar um precedente outorgando um direito que pode ser reivindicado por um número considerável de pessoas (alteração nos critérios para se considerar a correção monetária dos salários de determinada categoria, p. ex.);

b) quando presente relevante interesse social: que tem uma vinculação ao conceito de interesse público, em seu sentido lato, ligado a uma noção de bem comum;

c) reflexos políticos: na hipótese de decisão que altere a política econômica ou alguma diretriz governamental de qualquer das esferas de governo (Municipal estadual ou Federal);

d) reflexos sociais: existirão quando a decisão deferir um direito ou indeferi- lo e essa mesma decisão vir a alterar a situação fática de várias pessoas.

Nas ações coletivas, a regra é que sempre, em princípio, haverá repercussão geral a justificar o acesso ao STF, considerando a amplitude da decisão, claro, se a questão possuir natureza constitucional;

e) reflexos jurídicos: este é um requisito relevante, sob vários aspectos. Será relevante a matéria deduzida no recurso extraordinário todas as vezes que for contrária ao que já decidido pelo STF ou estiver em desacordo com a jurisprudência dominante ou sumulada. Se o papel do STF é uniformizar a interpretação da CF, decisões contrárias ao seu entendimento não podem ser mantidas (GOMES, JUNIOR, 2005, P.86).

A diferença entre os dois institutos vai além dos textos constitucionais ou regimentais, também refletem nas posturas dos ministros quanto ao cabimento previstos para análise recursal. A diferença explícita está na chegada dos recursos ao STF de épocas diferenciadas. Anos atrás, com o direito engessado em alguns aspectos se via na extrema dificuldade do processo chegar a ser julgado pela Pretório Excelso . Além do cabimento, envolvia questões políticas e “camaradagem” para ser realmente analisado, diferentemente do atual, apesar de o cabimento ter relevância jurídica, política, econômica, social e ultrapassar o interesse inter partes do processo, há uma abordagem mais contemporânea no sentido de analisar casos repetitivos (na escolha de apenas um) de questões constitucionais com divergência jurídicas que são sendo observadas por toda sociedade.

1.3.4 Fundamentação das Decisões

Em outra abordagem diferencial, a começar pelas decisões, na arguição não precisava ser fundamentada, ela focava basicamente na relevância em si, já na repercussão, tem-se a fundamentação obrigatória para se caracterizar ou não

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25

repercussão geral que abrange ao binômio de relevância e a questão debatida, sendo essa, empregada no sentido econômico, político, jurídico ou de relevância social.

A decisão sobre a existência ou não da repercussão geral deve ser motivada, nos moldes do art. 93, inciso IX da CF, pública e com quorum qualificado para sua deliberação. Nesse sentido, afirma Ernane Santos que “o julgamento da arguição de relevância era de ordem subjetiva, independia de qualquer fundamentação e não seguia qualquer critério informativo do que seria relevante para o interesse geral (SANTOS, ERNANE, 2008, P. 689)”.

Ao passo que, atualmente, a decisão sobre a repercussão deverá ser fundamentada, em obediência ao princípio da fundamentação das decisões judiciais, positivado no art. 93, IX da CF/88.

Diante do caráter dificultoso da arguição de relevância, os ministros estavam legislando sobre as condições de admissibilidade do RE, gerando certo grau de arbítrio, um poder criado por eles que poderiam alterar seu regimento interno livremente e controlar como quisesse a admissibilidade do RE.

Nesse processo, o critério avaliativo de extrema fluidez e subjetividade tendo em vista, nomeadamente, a maleabilidade dos modelos sociais, em função do tempo e do espaço em que estavam. Atuava com total discricionariedade, orientando suas decisões de forma inteiramente pessoal e subjetiva, sugerida pelas complexas personalidades que ali compunha.

De certa forma, há elogios quanto a não necessidade de fundamentação em relação às decisões de arguição de relevância por causa do intuito de enxugar os processos e desafogar a Suprema Corte. Essa visão era entabulada nos ministros, pela o arbítrio de escolhas e por os demais servidores do judiciário na época. Quanto aos advogados, eles tinham uma grande dificuldade de fazer com que o processo chegasse lá por meio de motivos coerentes, pois além da taxatividade prevista nas alíneas do artigo 119 da Constituição de 1967, tinham arbitrariedade dos ministros quanto ao acolhimento e ausência de fundamentação perante as decisões.

Referências

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