Remuneração e
Salário
Legislação Social
Profª Fernanda Vargas Terrazas
Salário
É a totalidade das percepções econômicas dos
trabalhadores, qualquer que seja a forma ou
meio de pagamento, quer retribuam o
trabalho efetivo, os períodos de interrupção
do contrato e os descansos computáveis na
jornada de trabalho.
Salário
É a contraprestação devida diretamente pelo
empregador ao empregado pela prestação do
serviço decorrente do contrato de trabalho.
Em outras palavras, é o pagamento feito pelo
empregador ao empregado pelo seu trabalho.
Não são considerados integrantes do salário
ajudas de custo que não ultrapassem 50% do
valor do salário, gratificações esporádicas
pagas por mera liberalidade do empregador e
Formas de estipulação
O salário pode este ser
estipulado com base no tempo,
na produção, na tarefa e nos
Salário por unidade de tempo
O salário, por unidade de tempo, é importância fixa, paga segundo a duração do trabalho, que é paga em razão do tempo que o empregado esteve
a disposição do empregador e não só por seu tempo trabalhado. Sendo assim, o rendimento do empregado e o resultado obtido pelo empregador
não influenciam em nada no pagamento da importância estipulada. Para base de cálculo temos: a hora, o dia, a semana, a quinzena, o mês, e até mesmo, em casos excepcionais, o ano.
Salário por unidade de produção
O salário por unidade de produção tem por base de cálculo o serviço realizado, ou seja, a quantidade do resultado. E por assim ser,
calcula-se um preço ou tarifa por cada unidade
produzida. Pode-se citar de exemplo, o operador de telemarketing, que na maioria das vezes, recebe a importância de seu salário, conforme as
Salário por tarefa
O salário por tarefa, também conhecido por salário misto, por combinar no seu conteúdo o
salário por unidade de tempo e o salário por unidade de produção. Este salário, considera o tempo e a obrigação de produzir, dentro dele, um resultado estimado mínimo. Assim como o salário
por unidade de produção, o salário misto,
pressupõe a tarifa/preço do produto. Entende-se ser essa forma de estipulação, menos prejudicial
ao empregado que a anterior, uma vez que, recebe também pelo tempo de serviço realizado.
Participação nos lucros
Ocorre no momento em que o empregado tem por base de cálculo de seu pagamento a participação
dos lucros da empresa em que trabalha.
Segundo o artigo 7º, XI, da Constituição Federal de 1988, a participação do empregado nos lucros
da empresa, é desvinculada do salário, ou seja, não possui natureza jurídica salarial. É por assim
dizer, uma percepção econômica do empregado, como decorrência da relação de emprego, não se
Pagamento em utilidades
A CLT permite o pagamento de salário em
utilidades, em seu artigo 458, sendo que estipula quatro regras fundamentais para fixá-lo:
Salário não pode ser em seu todo, pago em utilidades.
Pelo menos, 30% do salário deverá ser pago em dinheiro. Artigo 82 da CLT.
A CLT enumera algumas das utilidades, podendo
contudo, serem acrescentadas outras. Temos como exemplo, a habitação, o alimento, o transporte, o
Pagamento em utilidades
Os percentuais máximos das utilidades incididos sobre os
salários contratuais, deverão ser justos e razoáveis. Por exemplo, corresponder o percentual em 10% de
alimentação e 40% de vestuário. Não seria essa estipulação justa e razoável, não sendo permitida.
Nem toda utilidade é salário. Será salarial a utilidade
considerada no contrato. Essa regra, comporta o entendimento da STST n.367, que dispõe que a
habitação, o transporte e a energia elétrica, não possuem natureza salarial, quando indispensáveis a realização do
trabalho, ainda que seja a habitação, por exemplo, utilizada também em atividades particulares.
Pagamento em utilidades
Art. 458 - Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os
efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. § 1º Os valores atribuídos às prestações "in natura" deverão ser justos e razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas componentes do
salário-mínimo (arts. 81 e 82).
§ 2o Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as
seguintes utilidades concedidas pelo empregador:
I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço;
II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso
servido ou não por transporte público;
IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde;
V – seguros de vida e de acidentes pessoais VI – previdência privada;
Pagamento em utilidades
§ 3º - A habitação e a alimentação fornecidas
como salário-utilidade deverão atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder,
respectivamente, a 25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-contratual.
§ 4º - Tratando-se de habitação coletiva, o valor
do salário-utilidade a ela correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da
habitação pelo número de co-habitantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma unidade residencial por mais de uma família.
Remuneração
A remuneração abrange além do salário
outros benefícios percebidos pelo
trabalhador, que podem ser pagos tanto pelo
empregador (participação nos lucros, por
exemplo) como por terceiro (gorjetas). A CLT,
em seu art. 457, faz a distinção entre salário
e remuneração e traz alguns conceitos
Remuneração
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos
os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
§ 1º - Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para
viagens e abonos pagos pelo empregador.
§ 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do
salário percebido pelo empregado.
§ 3º - Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela
empresa ao cliente, como adicional nas contas, a qualquer título, e destinada a distribuição aos empregados.
Remuneração
Ajuda de custo – É o valor pago ao empregado para
a execução do serviço, não sendo pago em
contraprestação ao serviço prestado. Não possui, portanto, caráter salarial. São exemplos de ajuda de
custo a gasolina paga ao vendedor externo, a alimentação e locomoção dos empregados,
Gorjetas – São valores pagos pelo cliente, direta ou
indiretamente (o cliente entrega o dinheiro para a empresa e a empresa o repassa ao funcionário), ao
empregado como forma de compensá-lo pelo bom serviço prestado.
Remuneração
Comissões – São valores pagos pelo
empregador ao empregado como forma de
retribuição pelo serviço prestado geralmente
pelas vendas efetuadas pelo empregado. O
cálculo das comissões é feito sob forma de
porcentagem sobre o valor das vendas.
Abonos – São adiantamentos salariais feitos
Remuneração
Gratificações – São valores pagos pela simples vontade do empregador. Temos o clássico exemplo das gratificações de fim de ano. As gratificações podem ser classificadas de acordo com
a periodicidade do seu pagamento (mensais, bimestrais, trimestrais, semestrais, anuais, etc), de acordo com a fonte da obrigação (individual ou coletiva) e ainda de acordo com o valor
(fixo ou variável).
Adicionais – São valores acrescidos ao salário como forma de compensar o trabalhador por condições de trabalho mais
gravosas. A CLT faz previsão de cinco modalidades de adicionais compulsórios, ou seja, que são obrigatórios a partir do momento
Adicionais
Adicional por serviços noturnos:
Art. 73 - Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho
noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre
a hora diurna. (CLT)
Adicional de insalubridade:
Art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites
de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo
se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. (CLT)
Adicional de periculosidade:
Art. 193, § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao
empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros
Adicionais
Adicional por horas extraordinárias:
Art. 59, § 1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá
constar, obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será, pelo menos, 20% (vinte por cento) superior à
da hora normal.
Adicional por transferência do local de serviço:
Art. 469, § 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador
poderá transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca
inferior a 25% (vinte e cinco por cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação.
Salário X Remuneração
A diferenciação entre salário e remuneração
é importante para a realização de alguns
cálculos como o aviso prévio, feito com base
no salário, e a indenização por rescisão de
contrato, feito com base no valor da
Proteção ao salário
Irredutibilidade
Irredutibilidade
Art. 7º - São direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, além
de outros que visem à melhoria de
sua condição social:
VI - irredutibilidade do salário, salvo
o disposto em convenção ou acordo
Irredutibilidade
O salário do empregado, tendo em vista sua
natureza alimentar, goza de proteção constitucional quanto à possibilidade de sua redução.
Desta forma, é vedada a redução do salário do
empregado pelo empregador.
Todavia, a própria Constituição abre uma exceção a
esta regra, prevendo a possibilidade de redução do salário do empregado, se esta questão restar
expressamente convencionada em Acordo Coletivo de Trabalho ou Convenção Coletiva de Trabalho.
Descontos
Eventuais descontos poderão ser
realizados no salário do empregado,
desde que estabelecidos em Lei ou
mediante autorização expressa do
empregado.
Descontos
Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar
qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de
dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que esta
possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.
Impenhorabilidade
O salário do empregado, tendo em vista o
seu caráter alimentar, é impenhorável, ou
seja, não pode sofre qualquer constrição
judicial por dívidas. Pode-se citar como
exceção a esta regra o caso do pagamento
Equiparação Salarial
Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual
valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo,
nacionalidade ou idade.
§ 1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma
perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos.
§ 2º - Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos critérios
Equiparação Salarial
Art. 461 (...)
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas alternadamente por merecimento
e por antigüidade, dentro de cada categoria profissional.
§ 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá
Equiparação Salarial
Pressupostos para a isonomia:
1. Identidade de função com a mesma
produtividade e qualidade;
2. Identidade de empregador e de local de
trabalho;
3. Tempo de serviço.
Não havendo fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do empregado, força se
Equiparação Salarial
Isonomia advinda de sentença judicial.
Vantagens pessoais
Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial
tenha origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma (E. 120 - TST). Se, entretanto, as vantagens
pessoais forem decorrência de situação peculiar, como incorporação de horas extras, por exemplo, ainda que
obtida mediante decisão judicial, não se autoriza a equiparação salarial.