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Rev. Bras. Reumatol. vol.49 número3

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Academic year: 2018

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EDITORIAL

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Rev Bras Reumatol 2009;49(3):197-200

E

m Nova Iorque, em 1990, quando estava

pres-tes a voltar ao Brasil depois de cumprir o meu

fellowship em reumatologia, orientado pelos professores Michael D. Lockshin e Azzudin E. Gharavi (o saudoso Aziz, que amava o Brasil e aqui cultivou várias amizades), esse último me fez um pe-dido: que eu ajudasse a espalhar pelo nosso país, e se possível além das nossas fronteiras, os conhecimentos recentemente adquiridos sobre síndrome dos anticorpos antifosfolipídeos (SAF). Nessa missão estava incumbi-do, além de dar palestras para reumatologistas e outros especialistas, a publicar em periódicos médicos nacionais e divulgar a experiência brasileira no exterior. Ao voltar, logo encontrei dois expoentes no Brasil que se dedicavam aos estudos sobre SAF: Mittermayer Barreto Santiago, da Bahia; e Henrique Luiz Staub, do Rio Grande do Sul, ambos recentemente chegados de Londres, onde foram orientados pelo professor Graham Hughes, e que esta-vam na época trabalhando em São Paulo, na USP e no HSE-SP, respectivamente. Além desses, outros serviços começaram na época a se interessar pelo diagnóstico e tratamento da SAF e a realizar projetos de pesquisa. Logo em seguida, testemunhamos a padronização dos testes laboratoriais para o diagnóstico da SAF e a sua implantação nos laboratórios de diagnóstico de rotina. Para nós, tem sido gratiicante poder ter colaborado para o enriquecimento do conhecimento sobre a SAF no nosso meio. Testemunhando relatos de casos retrospectivos de colegas mais experientes e a realização de projetos de pesquisa sobre o assunto, vimos o pedido do professor Gharavi se realizar. Mais gratiicante ainda é poder per -manecer com saúde e no front da reumatologia prática, aliado aos vários outros interessados no tema, e ver a diferença que fazemos nas vidas dos indivíduos com SAF primária/isolada ou associada. Ainda penso que temos

muito que alcançar e aprender com a SAF, uma doença reumatológica com impacto em toda medicina interna, que todos devem reconhecer e cuja investigação diagnós-tica deve ser conduzida, mas por reumatologistas. Deve-mos extrapolar ainda mais as fronteiras da reumatologia e estimular os colegas das ciências básicas a contribuírem com projetos multidisciplinares sobre SAF. Esperamos ver resultados desses projetos proliferando e, em 2013, quando iremos sediar o Congresso Internacional de SAF no Rio de Janeiro, novos resultados sendo apresentados pelas próximas gerações de médicos brasileiros.

Neste volume da RBR, temos publicados os resul-tados de estudos realizados em dois dos mais impor-tantes centros de reumatologia brasileira, a FMUSP e a UNIFESP. O estudo de Jozélio Freire de Carvalho e Maria Teresa Correia Caleiro1 versa sobre a relação dos

níveis de lipoproteína(a), que são mais elevados nos indivíduos com SAF do que na população geral, com as características demográicas e clínicas de 46 indivíduos com SAF primária, sendo que 43% desses apresenta-vam elevação no nível de lipoproteína(a). Não foram encontradas associações signiicativas entre os níveis de lipoproteína(a) e as características da SAF. No entanto, permanece importante identiicarmos fatores que se correlacionam com manifestações clínicas especíicas e marcadores de prognóstico na SAF. Já sabemos da importância de se controlar a hipertensão arterial sistê-mica, que se relaciona com eventos arteriais na SAF, e os níveis de homocisteína, que podem estar elevados na população com SAF e que aumentam o risco de trombose independentemente.2,3

O estudo orientado por Alexandre Wagner Silva de Souza com o grupo do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos4 demonstra as manifestações clínicas em

um estudo retrospectivo envolvendo 106 indivíduos

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com anticorpos antifosfolipídeos. Seria interessante conhecer o acompanhamento prospectivo desta coorte, e principalmente saber como evoluirão aqueles indivíduos com algum tipo de anticorpo antifosfolipídeo detectado persistentemente e que não têm relato prévio de evento trombótico ou perda fetal. Como evoluirão as mulheres com eventos obstétricos que são tratadas com diferen-tes esquemas terapêuticos? Qual o valor preditivo dos diferentes tipos de anticorpos (inclusive o antibeta 2 glicoproteína I), assim como das características clínicas não incluídas no critério de classiicação (fenômeno de

Raynaud, livedo, enxaqueca, zumbido e outros) e dife-rentes formas evolutivas? Enim, progredimos muito no conhecimento de uma doença tão importante e que antes de 1986 não era identiicada, mas ainda há muito que aprender.

Roger A. Levy

Professor adjunto de Reumatologia da UERJ, consultor

cientíico da empresa Diagnóticos da América e apoio da

Federico Foundation

REFERÊNCIAS

Levy RA

1. Jozélio FC, Maria Teresa CC, Lipoproteína(a) na síndrome antifosfolípide primária. Rev Bras Reumatol 2009;49(3):246-253. 2. Souza AW, Silva NP, Carvalho JF, D’Almeida V, Noguti MA,

Sato EI. Impact of hypertension and hyperhomocysteinemia on arterial thrombosis in primary antiphospholipid syndrome. Lupus 2007;16(10):782-7.

3. Martínez-Berriotxoa A, Ruiz-Irastorza G, Egurbide MV, Rueda M, Aguirre C. Homocysteine, antiphospholipid antibodies and risk of thrombosis in patients with systemic lupus erythematosus. Lupus 2004;13(12):927-33.

Referências

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