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PODER JUDICIÁRIO Tribunal de Justiça do Estado do Paraná SENTENÇA. I Relatório

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2ª Fazenda Pública de Curitiba Autos nº: 0013336-92.2010.8.16.0004 Autora: Igreja Nova Aliança de Londrina

Réus: Copel Distribuição S.A. e Estado do Paraná

SENTENÇA

I – Relatório

Igreja Nova Aliança de Londrina ajuizou a presente ação declaratória de inexigibilidade de tributo cumulada com repetição de indébito e pedido de tutela antecipada em face do Estado do Paraná e da Copel Distribuição S.A., todos qualificados e representados. No mérito, sustenta em síntese que:

a) vem a Juízo questionar os lançamentos de ICMS feitos pelos réus nas faturas de energia elétrica pagas pela autora, à alíquota de 29%; b) alega que possui imunidade tributária. Liminarmente, requer a suspensão da exigibilidade dos débitos vincendos de ICMS lançados nas contas de consumo de energia elétrica da autora e de suas filiais no Estado do Paraná. Requer seja a ré Copel instada a exibir todas as faturas de energia elétrica emitidas contra a autora nos 5 anos anteriores à propositura da ação, com a indicação do ICMS repassado, a fim de apurar o montante do indébito a ser repetido. Ao final pleiteia: a) a declaração de imunidade da autora e suas filiais no Estado do Paraná, em relação ao ICMS que é repassado em suas contas de consumo de energia elétrica, sucessivamente, a declaração de isenção; b) que os réus abstenham- se de repassar o ICMS nas contas de consumo de energia da autora

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXSC YCD7Y 22V64 BT7PB

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e suas filiais e sejam condenados a devolver os valores de ICMS pagos indevidamente pela autora e suas filiais no Estado do Paraná

Deferido o pedido liminar (fl.601).

O réu Estado apresentou contestação (fl.79 e ss). Alega carência de ação, face à ausência de interesse processual em relação ao contestante, sob a tese de que: a) para que a autora fizesse jus à isenção concedida pela Lei nº 14.586/04 e Decretos nº 8.429/2010 e nº 1.980/2007 – deveria requerer sua fruição junto à ré Copel, acompanhado de documentos comprobatórios da posse ou propriedade do imóvel que está sendo usado para a prática religiosa; b) o documento de fl.37 não demonstra o atendimento das condições previstas na mencionada lei; c) quem cobra o tributo é a Copel. Sustenta a ilegitimidade ativa da autora, sob o argumento de que esta é contribuinte de fato e não integra a relação jurídica de direito tributário e a ré Copel é contribuinte de direito. Noutra tese, assenta ilegitimidade ativa, sob o fundamento de que a tributação somente pode ser afastada se a entidade imune for sujeito passivo de direito do ICMS, o que não é o caso dos autos. No mérito, alega que inexiste lide resistida a justificar a propositura da presente ação em face do ora contestante. Requer o acolhimento das preliminares e a extinção do feito. No mérito, requer a improcedência da ação.

A autora impugnou a contestação. Quanto à preliminar de ausência de interesse processual, sustenta que: a) o réu Estado é beneficiário do imposto sobre o consumo; b) há uma relação jurídica tributária triangular entre as partes; c) existe litisconsórcio passivo necessário. Rechaça a tese de ilegitimidade ativa, sob o argumento de que a autora arcou integralmente e definitivamente com o pagamento do imposto. Ratificou o pleito inicial (fl.104 e ss). A mesma petição foi juntada em duplicidade (fls.145/150).

1 Dos autos físicos.

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXSC YCD7Y 22V64 BT7PB

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A ré Copel apresentou contestação (fl.112 e ss). Defende sua ilegitimidade passiva, sob o argumento de que apenas repassa o imposto ao réu Estado, o qual possui legitimidade passiva para figurar no feito, bem como para decidir pela concessão ou não de isenção do ICMS. No mérito, assenta que: a) o contribuinte de fato não participa da relação jurídico-tributária;

b) a autora não comprovou os requisitos previstos em lei para fazer jus à isenção do ICMS. Ao final, requer o acolhimento da preliminar e, no mérito, a improcedência da ação.

A autora impugnou a contestação. Requer o afastamento da tese de ilegitimidade passiva da ré Copel, sob o argumento de que esta foi notificada extrajudicialmente, mas manteve o repasse do ICMS. No mérito, ratifica o pleito inicial (fl.138 e ss).

O réu Estado pleiteou o encerramento da instrução probatória (fl.153).

A autora postulou: a) a realização de prova oral e pericial; b) seja a ré Copel instada a exibir todas as faturas de energia elétrica emitidas contra a autora nos 5 anos anteriores à propositura da ação, com a indicação do ICMS repassado, a fim de apurar o montante do indébito a ser repetido (fl.155).

O Representante do Ministério Público manifestou a desnecessidade de intervir no feito (fl.156).

Declarado o julgamento do feito no estado em que se encontra (fl.160). A autora interpôs agravo retido (fl.162 e ss).

A ré Copel realizou depósito judicial (mov.19).

Os autos vieram conclusos para prolação de sentença.

É o relatório. Decido.

II - Fundamentação

II.a – Da causa de pedir

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Funda-se a presente ação na tese autoral de que, a despeito de possuir imunidade tributária, a ré Copel está cobrando valores a título de ICMS, os quais estão sendo repassados ao réu Estado.

Os réus assentam que a autora não comprovou possuir os requisitos previstos em lei para ser isentada do imposto em questão.

II.b – Do julgamento do processo no estado em que se encontra

Rememore-se que a autora postulou: a) a realização de prova oral e pericial; b) seja a ré Copel instada a exibir todas as faturas de energia elétrica emitidas contra a autora nos 5 anos anteriores à propositura da ação, com a indicação do ICMS repassado, a fim de apurar o montante do indébito a ser repetido (fl.155).

Na sequência, a autora interpôs agravo retido (fl.162 e ss) – em face da decisão que declarou o julgamento do feito no estado em que se encontra (fl.160) – com a tese de que, embora tenha comprovado ser entidade religiosa e possuir direito à isenção do tributo em questão, “a prova testemunhal pleiteada viria a confirmar, decisivamente, essa situação de fato”

(fl.162).

Logo, o agravo retido não serviu para manter a pretensão de realização de prova pericial e juntada de documentos pela ré Copel.

Cumpre mencionar que o núcleo do litígio envolve questão estritamente de direito, razão pela qual despicienda a produção da prova oral pleiteada pela autora.

Ademais, tal conclusão não caracteriza cerceamento de defesa, eis que a prova pretendida pela autora é desnecessária para a entrega da prestação jurisdicional.

Esse é o entendimento sufragado:

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AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZATÓRIA. PROVA ORAL. PRODUÇÃO INDEFERIDA. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO. VENDA DE IMÓVEIS.

PREÇO PAGO EM EXCESSO. REPETIÇÃO SIMPLES.

AUSÊNCIA DE ELEMENTOS NOVOS. 1.

Considerando que de um lado a parte

interessada não justificou

satisfatoriamente a necessidade e a utilidade da prova oral intentada e, de outro, em atenção ao princípio do livre convencimento motivado (CPC, art. 131), o Magistrado entendeu, analisando as provas dos autos, não haver imprescindibilidade da respectiva produção para o julgamento da lide, não há se falar em cerceamento de defesa. Precedentes do STJ. 2.

Caracterizada a vulneração dos termos negociais, com a constatação do pagamento de valor superior ao avençado como preço pelas duas vendas realizadas, é cabível a repetição do indébito, na forma simples, dada a ausência de indícios de má-fé. 3.

Não havendo no agravo interno qualquer argumento novo capaz de modificar a conclusão vergastada, a manutenção da decisão monocrática recorrida, por seus próprios e jurídicos fundamentos, é de rigor. Agravo interno desprovido. (TJGO.

Agravo interno na apelação cível n º 230130- 87.2012.8.09.0051. Relator Zacarias Neves Coelho. Julgado em 22.9.2015) (destacou- se).

Note-se, por oportuno, que a questão posta em mesa deve ser respalda, sobretudo, por documentos hábeis a comprovar a tese de imunidade tributária, sustentada pela autora.

Assim, nos termos do artigo 3552, I do CPC/2015, deve a ação ser julgada no estado em se encontra.

II.c – Das preliminares de mérito

II.c.1 – Da ilegitimidade ativa

O réu sustenta a ilegitimidade ativa da autora, sob o argumento de que esta é contribuinte de fato e não integra a relação jurídica de direito tributário e a ré Copel é

2 Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas.

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contribuinte de direito. Noutra tese, assenta ilegitimidade ativa, sob o fundamento de que a tributação somente pode ser afastada se a entidade imune for sujeito passivo de direito do ICMS, o que não é o caso dos autos.

A autora rechaça a tese de ilegitimidade ativa, sob o argumento de que a autora arcou integralmente e definitivamente com o pagamento do imposto.

Com razão a autora.

Considerando que a autora foi quem pagou o imposto em questão – o que não se discute nestes autos – possui ela legitimidade ativa para discutir a legalidade de sua cobrança.

A corroborar, colaciona-se entendimento do c. Superior Tribunal de Justiça exarado em recurso repetitivo e em caso análogo:

RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543-C CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO.

ENERGIA ELÉTRICA. INCIDÊNCIA DO ICMS SOBRE A DEMANDA "CONTRATADA E NÃO UTILIZADA".

LEGITIMIDADE DO CONSUMIDOR PARA PROPOR AÇÃO DECLARATÓRIA C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO. – Diante do que dispõe a legislação que disciplina as concessões de serviço público e da peculiar relação envolvendo o Estado- concedente, a concessionária e o consumidor, esse último tem legitimidade para propor ação declaratória c/c repetição de indébito na qual se busca afastar, no tocante ao fornecimento de energia elétrica, a incidência do ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada. – O acórdão proferido no REsp 903.394/AL (repetitivo), da Primeira Seção, Ministro Luiz Fux, DJe de 26.4.2010, dizendo respeito a distribuidores de bebidas, não se aplica ao caso de fornecimento de energia elétrica.

Recurso especial improvido. Acórdão proferido sob o rito do art. 543-C do Código de Processo Civil. (Recurso Especial nº1.299.303/SC. Ministro Cesar Asfor Rocha.

Julgado em 8.8.2012) (destacou-se).

Assim, afasto a tese de ilegitimidade ativa.

II.c.2 – Da ilegitimidade passiva da ré Copel

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A ré Copel defende sua ilegitimidade passiva, sob o argumento de que apenas repassa o imposto ao réu Estado, o qual possui legitimidade passiva para figurar no feito, bem como para decidir pela concessão ou não de isenção do ICMS.

A autora requer o afastamento da tese de ilegitimidade passiva da ré Copel, sob o argumento de que esta foi notificada extrajudicialmente, mas manteve o repasse do ICMS.

Ressalte-se que a ré Copel está impedida de excluir valores cobrados do consumidor final a título de ICMS, pela utilização do serviço, uma vez que referida cobrança não se trata de exigência imposta por ela.

Traslada-se excerto de julgado pacificado neste e. Tribunal de Justiça:

MANDADO DE SEGURANÇA. ENTIDADE RELIGIOSA SEM FINS LUCRATIVOS. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. ISENÇÃO TRIBUTÁRIA PREVISTA NA LEI ESTADUAL Nº 14.586/2004. PRELIMINARES.

ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. AFASTAMENTO.

IMPETRANTE QUE FIGURA NA RELAÇÃO JURÍDICA- TRIBUTÁRIA COMO CONTRIBUINTE DE FATO, JÁ QUE SUPORTA O PESO DA CARGA TRIBUTÁRIA COM REFLEXOS PATRIMONIAIS DAÍ DECORRENTES.

PRECEDENTES DO TJ/PR. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA COPEL E DE SEU DIRETOR PRESIDENTE. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO QUE APENAS ARRECADA E REPASSA O TRIBUTO AO FISCO. SUBSTITUTA TRIBUTÁRIA, NÃO TITULAR DO CRÉDITO. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, EX VI DO ART. 267, VI, DO CPC COM RELAÇÃO A COPEL.

PRELIMINAR DE IMPROPRIEDADE DA VIA PROCESSUAL ELEITA. NÃO OCORRÊNCIA.

PROVIMENTO ÚTIL E NECESSÁRIO PARA OBSTAR A COBRANÇA DE ICMS. MÉRITO. ISENÇÃO. LEI ESTADUAL 14.586/2004. NÃO OBRIGATORIEDADE NA CONTINUIDADE DE PAGAMENTO DE ICMS DESTACADO NAS FATURAS DE ENERGIA ELÉTRICA INCIDENTES SOBRE OS IMÓVEIS DE POSSE E PROPRIEDADE DA IMPETRANTE. REQUISITOS OBJETIVOS PREENCHIDOS NO CASO CONCRETO.

CONSTITUCIONALIDADE DA LEI ESTADUAL Nº 14.586/2004 DECLARADA PELO STF NA ADI Nº 3.421. DIREITO LÍQUIDO E CERTO DA IMPETRANTE RECONHECIDO. SEGURANÇA CONCEDIDA.(TJPR - 3ª C.Cível em Composição Integral - MS - 823575-6 - Curitiba - Rel.: Ruy Francisco

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Thomaz - Unânime - J. 31.01.2012) (destacou-se).

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA.

ILEGITIMIDADE PASSIVA DA CONCESSIONÁRIA.

EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. INCLUSÃO DO VALOR REFERENTE À DEMANDA CONTRATADA NÃO CONSUMIDA NA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO. ILEGALIDADE. DECLARAÇÃO DO DIREITO À COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.

SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. 1. A Copel é parte ilegítima para figurar no pólo passivo de ação em que se discute relação jurídica tributária havida entre o consumidor de energia elétrica e o Estado. 2. É ilegal a inclusão do valor referente à demanda contratada não utilizada na base de cálculo do ICMS. 3. Impossibilidade de declarar o direito do contribuinte à compensação, no presente cãs, porquanto a Lei Estadual 11580/1996, no art. 35, §1º, I, atribui ao Governador do estado a decisão de autorizar a compensação. Recurso 1 não provido, recurso 2 provido e sentença reformada em sede de reexame necessário.” (TJPR – Acórdão 29362 – ACRN 412198-4 –1ª CC. – Rel. Des.

Ruy Cunha Sobrinho – Julg. 29/01/2008 – DJ:7558 de 22/02/2008 – Cível – Unânime) (destacou-se)

Tendo em vista que a atividade da ré Copel restringe-se apenas a calcular, exigir e repassar à Fazenda Pública o numerário fiscal obtido, declaro a ré Copel parte ilegítima para figurar no feito.

II.c.2 - Do interesse processual

O réu Estado apresentou contestação (fl.79 e ss). Alega carência de ação, face à ausência de interesse processual em relação ao contestante, sob a tese de que: a) para que a autora fizesse jus à isenção concedida pela Lei nº 14.586/04 e Decretos nº 8.429/2010 e nº 1.980/2007 – deveria requerer sua fruição junto à ré Copel, acompanhado de documentos comprobatórios da posse ou propriedade do imóvel que está sendo usado para a prática religiosa; b) o documento de fl.37 não demonstra o atendimento das condições previstas na mencionada lei; c) quem cobra o tributo é a Copel.

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXSC YCD7Y 22V64 BT7PB

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A autora sustenta que o réu Estado é beneficiário do imposto sobre o consumo e há uma relação jurídica tributária triangular entre as partes, da qual se pretende discutir.

Consigne-se que a apreciação da lide não prescinde de pleito na seara administrativa.

Este é o entendimento pacificado:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO

ORDINÁRIA. ENTIDADE

FILANTRÓPRICA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA (ART.

95, § 7º, DA CF/88). SENTENÇA DE EXTINÇÃO PELA AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR (ART.

267, IV, DO CPC).

DESNECESSIDADE DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. ART. 5º, XXXV, DA CARTA MAGNA. 1. Cuida-se de ação ordinária ajuizada para o reconhecimento da imunidade prevista no art. 195, § 7º, da CF/88. 2. Não ficou configurada a ausência de interesse de agir reconhecida pela sentença, ao entendimento de que a pretensão deduzida em juízo não foi formulada na via administrativa. 3. O reconhecimento judicial da imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF/88 pode ser

realizado sem

o prévio requerimento administrativo, com amparo no art. 5º , XXXV da CF/1988 , que dispõe que "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". 4. Apelação provida para anular a sentença e determinar o retorno dos autos à vara de origem para prosseguimento nos seus ulteriores termos” (TRF-1 - APELAÇÃO CIVEL AC 00614998420144013700 0061499- 84.2014.4.01.3700. Relator José Amilcar Machado. Julgado em 15.3.2016) (destacou- se).

Diante da desnecessidade de pleito prévio na seara administrativa, aliado à cristalina controvérsia entre as partes, afasto a tese de falta de interesse processual.

II.d - Do mérito

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Estando o feito ordenado e atendidos os pressupostos de validade e existência processual, bem como as condições da ação, há que apreciar o mérito da causa.

A espécie visa à declaração de isenção da igreja autora e suas filiais no tocante ao ICMS incidentes nas faturas de energia elétrica.

Incontroverso que o Estado do Paraná (caso dos autos) está proscrito – constitucionalmente – de instituir impostos sobre templos de qualquer culto, consoante:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

b) templos de qualquer culto” (destacou- se).

Outrossim, o artigo 1º, da Lei nº 14.586/2004 prevê a isenção do ICMS nas contas de energia elétrica de igreja e templos de qualquer natureza, nestes termos:

“Art. 1º. Fica proibida a cobrança de ICMS nas contas de serviços públicos estaduais próprios, delegados, terceirizados ou privatizados de água, luz telefone e gás, de igreja e templos de qualquer crença, desde que o imóvel esteja comprovadamente na propriedade ou posse das igrejas ou templos e sejam usados para a prática religiosa.”

Cumpre mencionar que na ADI nº 3.421, foi questionada a constitucionalidade da Lei Estadual nº 14.586/2004, a qual foi mantida, conforme ementa:

ICMS - SERVIÇOS PÚBLICOS ESTADUAIS PRÓPRIOS, DELEGADOS, TERCEIRIZADOS OU PRIVATIZADOS DE ÁGUA, LUZ, TELEFONE E GÁS - IGREJAS E TEMPLOS DE QUALQUER CRENÇA - CONTAS - AFASTAMENTO - "GUERRA FISCAL" - AUSÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO. Longe fica de exigir consenso dos Estados a outorga de benefício a igrejas e templos de qualquer crença para excluir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços nas

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contas de serviços públicos de água, luz, telefone e gás. (ADI 3421, Relator(a): Min.

MARCOAURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 05/05/2010, DJe-096 DIVULG 27-05-2010 PUBLIC 28-05-2010 EMENT VOL-02403-01 PP- 00126 RDDT n. 180, 2010, p. 199-201 RSJADV set., 2010, p. 42-44 LEXSTF v. 32, n. 378, 2010, p. 85-90 RT v. 99, n. 900, 2010, p.

150-153)

Logo, constitucional a proibição da cobrança do ICMS nas contas de serviços públicos estaduais próprios, delegados, terceirizados ou privatizados de luz, água, telefone e gás de igrejas e templos de qualquer natureza, desde que o imóvel esteja comprovadamente na propriedade ou posse das igrejas e templos.

Quanto aos requisitos para a isenção, dispõe o Decreto nº 8.429/2010 de 28.8.2010 (que alterou o Decreto nº1.980/2007):

Alteração 518ª Fica acrescentado o item 70-

A ao Anexo I:

"70-A. Fornecimento de energia elétrica, gás e serviço de telefonia, sob o regime de serviços públicos estaduais próprios, delegados, terceirizados ou privatizados, a IGREJAS E TEMPLOS DE QUALQUER CRENÇA (Lei

n. 14.586/2004):

Notas:

1. a isenção de que trata este item se aplica quanto a imóveis de propriedade ou na posse de igreja ou templos de qualquer culto, com ocupação comprovada pela autoridade competente mediante alvará de funcionamento;

2. nos casos em que o imóvel não for próprio, a comprovação do funcionamento deverá dar-se por meio de contrato de locação ou comodato devidamente registrado, ou ainda de justificativa de posse judicial;

3. o beneficiário deverá requerer a isenção diretamente às fornecedoras ou prestadoras do serviço, comprovando a utilização exclusiva do imóvel para a prática religiosa;

4. as fornecedoras ou prestadoras do serviço deverão manter os documentos de que trata este item à disposição do fisco pelo prazo previsto no parágrafo único do art. 111 deste Regulamento."

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Importa ressaltar que a presente ação foi distribuída em 18.8.2010, portanto - em caso de procedência destes autos - o Decreto nº 8.429/2010 causa reflexos na presente ação.

Do cotejamento do “comprovante de inscrição e de situação cadastral” de 24.9.2005, observa-se que a atividade econômica principal é “94.30-8-00 - atividades de associações de defesa de direitos sociais” e as secundárias consistem em “94.93-6- 00 - atividades de organizações associativas ligadas à cultura e à arte”

e “94.99-5-00 - atividades associativas não especificadas anteriormente”

(fl.21).

Especificando os códigos3-4, consoante o disposto no sítio do IBGE, verifica-se que as atividades econômicas da autora não possuem nenhum vínculo com organizações religiosas e templos religiosos (documento anexo).

Ainda em pesquisa no sítio do IBGE, constata-se que o código 9491-05-6 referem-se à “atividades de organizações religiosas” e “templo religioso”:

3

https://cnae.ibge.gov.br/index.php?option=com_cnae&view=atividades&Itemid=6160&tipo=cnae

&chave=9430&versao_classe=7.0.0&versao_subclasse=9.1.0

4

https://cnae.ibge.gov.br/index.php?option=com_cnae&view=atividades&Itemid=6160&tipo=cnae

&chave=9493&versao_classe=7.0.0&versao_subclasse=9.1.0

5

https://cnae.ibge.gov.br/index.php?option=com_cnae&view=atividades&Itemid=6160&tipo=cnae

&chave=9491&versao_classe=7.0.0&versao_subclasse=9.1.0

6

https://cnae.ibge.gov.br/index.php?option=com_cnae&view=atividades&Itemid=6160&tipo=cnae

&chave=templo&versao_classe=7.0.0&versao_subclasse=9.1.0

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Vale mencionar que consta na certidão expedida (em 14.7.2010) pela Secretaria Municipal de Fazenda do Município de Londrina, que a autora exerce atividades de organizações religiosas (CNAE 949100000), cujo início ocorreu em 2.1.1994 (fl.46). Consta a mesma informação no alvará de licença (fl.48).

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Entretanto, consta no estatuto social (de 16.6.2000) da autora as finalidades:

Nada obstante o estatuto social, aliado às notificações extrajudiciais encaminhadas pela autora à Copel (fl.37), conclui-se que as provas carreadas aos autos não são hábeis a demonstrar que nos endereços declinados (matriz e filiais – fl.37) a autora exercia atividades específicas de igrejas e templos de qualquer crença, sendo que sue objeto social abrange diversas outras áreas de atuação, inclusive faculdades, creches, etc.

Nem se diga que a prova oral seria hábil a tal comprovação, até porque a própria autora juntou vários documentos que – em via inversa do que defende – comprova que exercia atividades diversas de igrejas e templos de quaisquer crenças.

Cabia à parte autora comprovar – mediantes provas documentais – que efetivamente exercia atividades de igrejas e templos de qualquer crença no período quinquenal que antecede à propositura da ação, nos endereços constantes na notificação extrajudicial de fl.37.

Todavia, a autora não logrou êxito em comprovar fato constitutivo de sua pretensão, nos termos do artigo

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXSC YCD7Y 22V64 BT7PB

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373, I, CPC, eis que não juntou matrículas dos imóveis, tampouco eventuais contratos de locação.

Corroborando tal conclusão, importa trazer à baila fragmento de julgado deste e. Tribunal de Justiça, em caso análogo, no qual a parte pretendente comprovou:

“E, ao relacionar os imóveis e juntar documentos de propriedade e locação, bem como as faturas de energia elétrica dos imóveis destinados ao exercício de atividade religiosa e beneficente, demonstrou a adequação e utilidade do tipo de tutela.

(...)

Para começar, dúvida alguma subsiste de que a impetrante comprovou sua condição de entidade religiosa sem fins lucrativos, bastando um olhar acurado da documentação acostada aos autos (Comprovante de inscrição e situação cadastral emitido pela Receita Federal – fls. 56; Estatuto - fls.

60 a 64). De igual forma, a comprovação da propriedade e locação dos imóveis utilizados para a prática religiosa foi feita mediante os documentos de fls. 65 a 3337.” (destacou-se)

A par das circunstâncias, a medida de mais lídima justiça é a improcedência da ação.

III. Dispositivo

Ante o exposto, declaro a ilegitimidade passiva da Copel Distribuição S.A. e julgo improcedentes os pedidos autorais.

Em relação à Copel, extingo o presente feito sem resolução de mérito, com fulcro no artigo 4858, VI do Código de Processo Civil.

7 TJPR - 3ª C.Cível em Composição Integral - MS - 823575-6 - Curitiba - Rel.: Ruy Francisco Thomaz - Unânime - J. 31.01.2012.

8 Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar ausência de legitimidade (...).

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJXSC YCD7Y 22V64 BT7PB

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Em face do réu Estado e com esteio no artigo 4879, I do Código de Processo Civil, extingo o presente feito com resolução de mérito.

Diante dos princípios da causalidade e sucumbência, condeno a autora ao pagamento integral das custas processuais e dos honorários advocatícios em favor dos réus, os quais fixo em 10% do valor da causa (sendo 50% aos patronos de cada réu), em atenção ao artigo 85, §§2º10 e 8º11, do CPC, considerando o trabalho desenvolvido, a relativa simplicidade da causa, sem descurar do valor a ela conferido.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Cumpra-se o Código de Normas da Corregedoria-Geral da Justiça do Estado do Paraná no que for aplicável.

Transitada em julgado, certifique-se.

Oportunamente, arquivem-se.

Curitiba, data do sistema.

LILIAN RESENDE CASTANHO SCHELBAUER

Juíza de Direito Substituta

Designação – Portaria n.º1984/2017-D.M.

9 Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção.

10 § 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá- lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

11 § 8o Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2o.

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