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PRÁTICAS DE ENSINO PARA A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: EDUCAÇÃO FÍSICA, ARTE E LUDICIDADE

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PRÁTICAS DE ENSINO PARA A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL:

EDUCAÇÃO FÍSICA, ARTE E LUDICIDADE

Autora: Tatiana dos Santos da Silveira

Programa de Pós-Graduação EAD

UNIASSELVI-PÓS

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376S587p Silveira, Tatiana dos Santos da

Práticas de Ensino para Deficiência Intelectual:

Educação Física, Arte e Ludicidade / Tatiana dos Santos da Silveira.

Indaial : Uniasselvi, 2013.

106 p. : il

ISBN 978-85-7830-687-8 1. Educação inclusiva.

I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da

Pós-Graduação EAD: Profa. Erika de Paula Alves

Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Prof. Márcio Moisés Selhorst

Revisão de Conteúdo: Profa. Eliane Caetano Venturella Revisão Gramatical: Profa. Camila Thaisa Alves Bona Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci

CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito

Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090

Copyright © UNIASSELVI 2013

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

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Tatiana dos Santos da Silveira

Doutoranda em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Mestre em educação pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), possui especialização em Arte pela Universidade Regional de Blumenau, especialização em Educação a Distância: gestão e tutoria pela UNIASSELVI, graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado de Santa Catarina e graduação em Educação Artística pela Universidade Regional de Blumenau. Tem experiência na área de Educação, com

ênfase em Arte Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, arte-educação, inclusão, Educação a Distância. Coordenadora do curso de licenciatura em Artes Visuais - UNIASSELVI e responsável pelo Projeto de Educação Inclusiva

na EAD - NUAP - UNIASSELVI.

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Sumário

APRESENTAÇÃO ... 7

CAPÍTULO 1

Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos

Históricos, Políticos e Culturais ... 9

CAPÍTULO 2

Educação Física Inclusiva: da Teoria à Prática ... 33

CAPÍTULO 3

Arte e Ludicidade: Caminhos para a Inclusão do

Aluno com Deficiência Intelectual ... 57

CAPÍTULO 4

Interdisciplinaridade: Quando a Educação Física,

a Arte e o Lúdico se Encontram - Práticas Inclusivas

para o Desenvolvimento Físico, Intelectual e Cultural

dos Alunos com Deficiência Intelectual ... 81

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A PRESENTAÇÃO

Caro(a) pós-graduando(a):

Olá pós-graduando! Bem vindo à disciplina de Práticas de Ensino para Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade.

Esta disciplina objetiva compreender a relação entre a legislação, a teoria e a prática cotidiana da inclusão do aluno com deficiência intelectual, principalmente nas questões relacionadas à Educação Física, à Arte e à Ludicidade.

Espero que nossa discussão provoque reflexões acerca das práticas desenvolvidas em sala e aula, a fim de qualificar cada vez mais a inclusão escolar!

Nosso maior desafio frente ao processo de inclusão de deficiência intelectual está justamente na relação entre a teoria e prática, pois muito se tem discutido e avançado nas produções referentes à inclusão, porém ainda precisamos compreender como este projeto desafiador realmente se concretiza.

Educação Física e Arte são áreas que trabalham diretamente com o desenvolvimento físico, criativo e cultural dos sujeitos, o que nos permite dialogar com a ludicidade de forma muito tranquila e criativa, pensando e organizando práticas que venham a contribuir com o desenvolvimento de “todos” os alunos.

Convido você, pós-graduando, a refletir a partir de agora sobre estas práticas e compartilhar conhecimentos através desta disciplina.

Vamos lá?

A autora.

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C APÍTULO 1

Deficiência Intelectual:

Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

3 Compreender a trajetória da inclusão escolar de alunos com deficiência intelectual no Brasil.

3 Relembrar aspectos significativos da legislação brasileira para a inclusão escolar.

3 Contextualizar a inclusão escolar de alunos com deficiência intelectual a partir de exemplos e experiências positivas.

A inclusão é uma visão, uma estrada a ser viajada, mas uma estrada sem fim, com todos os tipos de barreiras e obstáculos, alguns dos quais estão em nossas mentes e em nossos corações.

(PETER MITTLER, 2003, p. 21).

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

Contextualização

Este capítulo abordará de forma sucinta alguns aspectos relacionados à inclusão de pessoas com necessidades especiais no Brasil e, em seguida, abordaremos a legislação para a inclusão da pessoa com deficiência intelectual.

No decorrer do seu curso, certamente vários professores foram apontando características gerais e específicas acerca da inclusão social e escolar de alunos com deficiência intelectual. Neste capítulo pretendemos relembrar esta trajetória, contextualizando com a prática cotidiana.

Para sustentar nossas reflexões utilizaremos como arcabouço teórico autores como Mittler (2003) e Vigotsky (1997), além de documentos internacionais que tratam das questões legais da inclusão, como também os documentos do Ministério da Educação (MEC).

Legislação Brasileira para Inclusão Escolar

Inclusão é sair das escolas dos diferentes e promover a escola das diferenças.

(MANTOAN, 2011) Se adentrarmos na história da inclusão e exclusão, perceberemos com facilidade que se trata de um fator social presente desde os tempos mais remotos.

Segundo a história da humanidade, registros indicam que nas civilizações mais antigas, por exemplo, o acolhimento ou o não acolhimento da diversidade sempre foi um assunto ditado pelas normas e leis de cada civilização.

Para Gugel (2007), as obras de Arte indicam pessoas com deficiência em várias épocas, como com deficiência física, como o guardião de Roma e um músico anão da V Dinastia.

Podemos sintetizar a história da inclusão em diferentes épocas da seguinte forma:

Egito: o povo egípcio incluía as pessoas com deficiência em sociedade, algo quase comum em uma civilização com uniões consanguíneas. A história desta civilização também é marcada pela comum existência de pessoas cegas, papiros médicos mostram procedimentos para curar os olhos;

As obras de Arte indicam pessoas com deficiência em várias épocas, como

com deficiência física, como o guardião de Roma e

um músico anão da V Dinastia.

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

Grécia: o povo grego sempre cultuou o corpo e a perfeição, assim excluíam e eliminavam as crianças que nasciam com alguma deficiência. A perfeição era condição para participação da vida social em Esparta.

Roma: ainda com o culto à força física dos guerreiros, o povo romano jogava as crianças com deficiência no Rio Tibre, pois as anormalidades caracterizavam um perigo para a continuidade da espécie.

Idade Média: pessoas com deficiência eram associadas à imagem do diabo, da feitiçaria, da bruxaria e do pecado, sendo novamente isolados e exterminados.

Neste momento, as pessoas com deficiência tinham um comportamento consequente de forças sobrenaturais.

Na antiguidade clássica as pessoas com deficiência foram consideradas possessas de demônios e de maus espíritos.

[...]. Os modelos econômicos, sociais e culturais impuseram às pessoas com deficiência uma inadaptação geradora de ignorância, preconceitos e tabus que, ao longo dos séculos e séculos, alimentaram os mitos populares da periculosidade das pessoas com deficiência mental e do seu caráter demoníaco, determinando atitudes de rejeição, medo e vergonha (VIEIRA e PEREIRA 2003, p.17).

Após este período, a igreja passa a acolher e proteger as pessoas com deficiências, no entanto, ao “acolher” essas pessoas, a igreja os tornava uma espécie de servo trabalhador da instituição, que tentava manter uma posição caritativa e filantrópica. Exemplo disto é a tão famosa história do “Corcunda de Notre Dame”.

Figura 01 - Corcunda de Notre Dame

Fonte: Disponível em: <http://maniacosporfilme.wordpress.com/2011/10/22/o-corcunda- de-notre-dame-1939-um-classico-de-partir-o-coracao/>. Acesso em: 1° set. 2012.

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

Foi a partir da segunda guerra mundial que se percebeu uma necessidade de reorganizar a sociedade, reabilitando os homens sobreviventes da guerra. Surge então, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esta declaração surge em convergência com a Declaração de Direitos Inglesa, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na França, a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945. Esta declaração serviu de base para todas as declarações e legislações posteriores que defendem o direito de todas as pessoas de viverem em sociedade de forma justa e igualitária, promovendo a inclusão de todos.

Organizamos uma relação dos documentos internacionais

norteadores das Políticas de Inclusão de pessoas com necessidades especiais.

Esta é uma síntese dos documentos disponíveis no site do MEC (BRASIL, 2013):

• Declaração Universal dos Direitos Humanos

Aprovada em 1948 na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Esta declaração é a base da luta universal contra a opressão e a discriminação, defende a igualdade e a dignidade das pessoas e reconhece que os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser aplicados a cada cidadão do planeta. Assegura às pessoas com deficiência os mesmos direitos de todos os cidadãos, tais como: direito à liberdade, a uma vida digna, à educação fundamental, ao desenvolvimento pessoal e social e à livre participação na comunidade.

• Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes

Resolução aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 09/12/75. O documento, além de relembrar os direitos humanos, apela à ação nacional e internacional para assegurar que ela seja utilizada como base comum de referência para a proteção destes direitos para a pessoa com deficiência.

• Declaração de Jomtien

Em 1990, aconteceu em Jomtien, na Tailândia, a Conferência Mundial sobre Educação para todos, da qual o Brasil participou. Assim, ao assinar esta Declaração, o Brasil assume o compromisso perante a comunidade internacional de erradicar o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental no país.

Foi a partir da segunda guerra mundial que se percebeu uma necessidade de reorganizar

a sociedade, reabilitando

os homens sobreviventes da

guerra.

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

• Declaração de Salamanca

Em 1994, a UNESCO organizou a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade, em Salamanca (Espanha), objetivando a atenção educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais. O resultado desta conferência é um dos principais documentos norteadores da inclusão mundial, a Declaração de Salamanca, que instituiu a inclusão social e escolar de pessoas com necessidades especiais.

Convenção de Guatemala

Trata-se de uma convenção que foi realizada na Guatemala, em 1999, e teve a participação de vários países sul-americanos, inclusive o Brasil. Nesta convenção, o foco foi a eliminação da discriminação contra as pessoas com deficiência. Esse documento dispõe que as pessoas com deficiência não podem receber tratamentos diferenciados que impliquem exclusão ou restrição ao exercício dos mesmos direitos que as demais pessoas têm.

• Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão

Congresso Internacional, realizado em Montreal, Quebec, em junho 2001, o Congresso Internacional “Sociedade Inclusiva”, convocado pelo Conselho Canadense de Reabilitação e Trabalho, apela aos governos, empregadores e trabalhadores, bem como à sociedade civil, para que se comprometam com e desenvolvam o desenho inclusivo em todos os ambientes, produtos e serviços.

Esses são os principais documentos internacionais norteadores da inclusão e base da legislação brasileira.

Atividade de Estudos:

1) Vamos relembrar a legislação brasileira para a inclusão de pessoas com necessidades especiais?

Tente organizar em tópicos os documentos nacionais que você já conhece.

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Em 1994, a UNESCO organizou

a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: acesso

e qualidade, em Salamanca

(Espanha)

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

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Se verificarmos no site do MEC os documentos norteadores para a inclusão escolar, facilmente perceberemos a quantidade e a diversidade de materiais acerca desta temática disponíveis para consulta, pesquisa e conhecimento.

Assim, consideramos de suma importância que cada pós-graduando acesse e verifique este portal.

Se você já conhece o portal do MEC e já pesquisou sobre a legislação e os materiais direcionados à inclusão, sugerimos que acesse constantemente, pois a cada dia o número de materiais é ampliado e atualizado.

Acesse http://portal.mec.gov.br/index.php

Link: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão.

A partir da sua construção na atividade de estudo e da sua pesquisa, vamos analisar o que as políticas públicas brasileiras já desenvolveram em relação ao processo de inclusão escolar de pessoas com necessidades especiais. No entanto, como verificamos, há um número amplo de documentos desenvolvidos, muitos deles com especificidades bem pontuais, assim, vamos destacar os principais:

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

ECA – Estatuto da Criança e Adolescente – Este estatuto, na Lei n° 8069, de 1990, no que se refere à educação, estabelece que

“toda criança e adolescente tem o direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho “ (Art. 53). Assegura direito à educação, condições de acesso e respeito.

LDB 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional A LDB 9394 reserva um capítulo exclusivo para a educação especial (Cap. V). Este capítulo reafirma o direito a educação, pública e gratuita, das pessoas com deficiência, condutas típicas e altas habilidades, bem como direciona a oferta e o atendimento especializado para a demanda da educação especial.

Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva - documento elaborado por um grupo de trabalho nomeado pelo próprio Ministério da Educação, que

“acompanha os avanços do conhecimento e das lutas sociais, visando constituir políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos os alunos”. É um documento que objetiva

“assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação”.

O mais recente documento, após a Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, é o DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011– que dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE), atentando para os materiais adaptados bem como para o atendimento especializado em salas multifuncionais (fonte: www.mec.gov.br).

Neste momento de nossos estudos, cabe lembrar que, além desses documentos citados, existe uma série de decretos e portarias que tratam das especificidades da educação inclusiva no Brasil. Esses documentos, como os que orientam sobre o intérprete de libras, por exemplo, também estão disponíveis no site do MEC.

Após relembrarmos a legislação internacional e nacional, convidamos você a pensar especificamente sobre a inclusão da pessoa com deficiência intelectual, contextualizando este processo.

O mais recente documento, após a Política Nacional da Educação Especial

na Perspectiva da Educação Inclusiva, é o que dispõe sobre

o atendimento educacional especializado (AEE), atentando para os materiais adaptados bem

como para o atendimento especializado

em salas multifuncionais.

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

Inclusão Escolar no Brasil:

Crianças com Deficiência Intelectual

Muito já construímos e avançamos na inclusão escolar no Brasil, porém ainda temos muito que aprender até conseguirmos garantir condições de aprendizagem necessária e eficaz para todos os alunos.

São notáveis as tentativas governamentais e pessoais que buscam acertos na perspectiva da educação inclusiva, no entanto não podemos nos esquecer de que a inclusão envolve a quebra de paradigmas construídos e enraizados há muito tempo. Não basta que a legislação aponte os direitos e as adaptações necessárias para a inclusão de crianças com necessidades especiais no ambiente escolar, é necessário transformar este ambiente com base na educação para a diversidade, são necessários programas de formação continuada para professores e gestores, a fim de tornar a escola um espaço inclusivo.

Para Mittler (2003), a inclusão parte da aceitação da diversidade humana, valoriza as pessoas como únicas e a educação como um processo de cooperação, sendo que o trabalho do professor deverá ser pensado de forma que todas as crianças possam participar, indiferente de suas limitações.

São várias as ações significativas que educadores vêm desenvolvendo para a inclusão de crianças com deficiência na escola, a cada dia percebemos novas ideias, assim como encontramos novas pesquisas acerca desta temática. A inclusão da criança com deficiência intelectual passou por esta trajetória histórica.

Inicialmente, como já vimos anteriormente, a criança com necessidades especiais na idade média era relacionada a poderes sobrenaturais e demoníacos, até que, na idade moderna, a medicina resolve pesquisar a deficiência intelectual.

Vale lembrar que a própria nomenclatura sofreu alterações: hoje deficiência intelectual, porém essas crianças já foram chamadas de imbecis, retardados, mongoloides, excepcionais e deficientes mentais, esta última nomenclatura dividida em níveis deficiência mental leve, moderada, severa e profunda, ainda utilizada para diagnóstico.

Podemos desenhar a trajetória do atendimento à pessoa com deficiência intelectual da seguinte forma:

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

Figura 02 - Trajetória do atendimento à pessoa com deficiência intelectual

Fonte: A autora.

Como já falamos, a nomenclatura também sofreu alterações.

Nos dias atuais, a nomenclatura utilizada é Deficiência intelectual, por estar de acordo com o que acreditamos acerca do desenvolvimento da criança nas suas relações sociais e os estímulos recebidos, o que impede a classificação ou o enquadramento da pessoa com Deficiência Intelectual em uma categoria baseada em generalizações de comportamentos esperados para a faixa etária. O documento que altera esta concepção é a Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual, aprovada em 6/10/04, quando o termo “deficiência mental”

passou a ser “deficiência intelectual”, abolindo a classificação por leve, moderada, severa e profunda.

Vamos conhecer esta declaração?

Para discutirmos a inclusão das pessoas com deficiência intelectual, é necessário conhecer este documento:

DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Tradução de Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade.

Novembro de 2004.

O documento que altera esta concepção é a Declaração de Montreal sobre Deficiência Intelectual, aprovada em 6/10/04, quando o termo “deficiência mental” passou a ser “deficiência

intelectual”, abolindo a classificação por leve, moderada, severa e profunda.

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

Afirmando que as pessoas com deficiências intelectuais, assim como os demais seres humanos, têm direitos básicos e liberdades fundamentais que estão consagradas por diversas convenções, declarações e normas internacionais;

Exortando todos os Estados Membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) que tornem efetivas as disposições determinadas na Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas com Deficiências;

Aspirando reconhecer as desvantagens e barreiras históricas que as pessoas com deficiências intelectuais têm enfrentado e, conscientes da necessidade de diminuir o impacto negativo da pobreza nas condições de vida das pessoas com deficiências intelectuais;

Conscientes de que as pessoas com deficiências intelectuais são frequentemente excluídas das tomadas de decisão sobre seus Direitos Humanos, Saúde e Bem Estar, e que as leis e legislações que determinam tutores e representações legais substitutas foram, historicamente, utilizadas para negar a estes cidadãos os seus direitos de tomar suas próprias decisões;

Preocupados porque a liberdade das pessoas com deficiências intelectuais para tomada de suas próprias decisões é frequentemente ignorada, negada e sujeita a abusos;

Apoiando o mandato que tem o Comitê Ad Hoc das Nações Unidas (ONU) em relação à formulação de uma Convenção Internacional Compreensiva e Integral para Promover e Proteger os Direitos e a Dignidade das Pessoas com Deficiências;

Reafirmando a importância necessária de um enfoque de Direitos Humanos nas áreas de Saúde, Bem Estar e Deficiências;

Reconhecendo as necessidades e as aspirações das pessoas com deficiências intelectuais de serem totalmente incluídos e valorizados como cidadãos e cidadãs, tal como estabelecido pela Declaração de Manágua (1993);

Valorizando a significativa importância da cooperação internacional na função de gerar melhores condições para o exercício e o pleno gozo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiências intelectuais;

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

Nós,

Pessoas com deficiências intelectuais e outras deficiências, familiares, representantes de pessoas com deficiências intelectuais, especialistas do campo das deficiências intelectuais, trabalhadores da saúde e outros especialistas da área das deficiências, representantes dos Estados, provedores e gerentes de serviços, ativistas de direitos, legisladores e advogados, reunidos na Conferência Internacional sobre Deficiência Intelectual, da OPS/OMS (Organização Pan- americana de Saúde e Organização Mundial de Saúde), entre os dias 05 e 06 de outubro de 2004, em Montreal, Canadá, JUNTOS DECLARAMOS QUE:

1. As Pessoas com Deficiência Intelectual, assim como outros seres humanos, nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

2. A deficiência intelectual, assim outras características humanas, constitui parte integral da experiência e da diversidade humana. A deficiência intelectual é entendida de maneira diferenciada pelas diversas culturas, o que faz com que a comunidade internacional deva reconhecer seus valores universais de dignidade, autodeterminação, igualdade e justiça para todos.

3. Os Estados têm a obrigação de proteger, respeitar e garantir que todos os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais e as liberdades das pessoas com deficiência intelectual sejam exercidos de acordo com as leis nacionais, convenções, declarações e normas internacionais de Direitos Humanos. Os Estados têm a obrigação de proteger as pessoas com deficiências intelectuais contra experimentações científicas ou médicas, sem um consentimento informado, ou qualquer outra forma de violência, abuso, discriminação, segregação, estigmatização, exploração, maus tratos ou castigo cruel, desumano ou degradante (como as torturas).

4. Os Direitos Humanos são indivisíveis, universais, interdependentes e inter-relacionados. Consequentemente, o direito ao nível máximo possível de saúde e bem estar está interconectado com outros direitos fundamentais, como os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais ou outras liberdades fundamentais.

Para as pessoas com deficiências intelectuais, assim como para as outras pessoas, o exercício do direito à saúde requer a inclusão social, uma vida com qualidade, acesso à educação inclusiva, acesso a um trabalho remunerado e equiparado, e acesso aos serviços integrados da comunidade.

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

5. A. Todas as pessoas com deficiências intelectuais são cidadãos plenos, iguais perante a lei e, como tais, devem exercer seus direitos com base no respeito nas diferenças e nas suas escolhas e decisões individuais.

B. O direito à igualdade para as pessoas com deficiência intelectual não se limita à equiparação de oportunidades, mas requerem também, se as próprias pessoas com deficiência intelectual o exigem, medidas apropriadas, ações afirmativas, adaptações ou apoios. Os Estados devem garantir a presença, a disponibilidade, o acesso e utilização de serviços adequados que sejam baseados nas necessidades, assim como no consentimento informado e livre destes cidadãos e cidadãs.

6. A. As pessoas com deficiências intelectuais têm os mesmos direitos que outras pessoas de tomar decisões sobre suas próprias vidas. Mesmo que algumas pessoas possam ter dificuldades de fazer escolhas, formular decisões e comunicar suas preferências, elas podem tomar decisões acertadas para melhorar seu desenvolvimento pessoal, seus relacionamentos e sua participação nas suas comunidades. Em acordo consistente com o dever de adequar o que está estabelecido no parágrafo 5 B, as pessoas com deficiências intelectuais devem ser apoiadas para que tomem suas decisões, as comuniquem e estas sejam respeitadas. Consequentemente, quando os indivíduos têm dificuldades para tomar decisões independentes, as políticas públicas e as leis devem promover e reconhecer as decisões tomadas pelas pessoas com deficiências intelectuais. Os Estados devem providenciar os serviços e os apoios necessários para facilitar que as pessoas com deficiências intelectuais tomem decisões significativas sobre as suas próprias vidas.

B. Sob nenhuma condição ou circunstância as pessoas com deficiências intelectuais devem ser consideradas totalmente incompetentes para tomar decisões baseadas apenas em sua deficiência. Somente em circunstâncias mais extraordinárias o direito legal das pessoas com deficiência intelectual para tomada de suas próprias decisões poderá ser legalmente interditado. Qualquer interdição deverá ser por um período de tempo limitado, sujeito as revisões periódicas e, com respeito apenas a estas decisões, pelas quais será determinada uma autoridade independente, para determinar a capacidade legal.

C. A autoridade independente, acima mencionada, deve

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

encontrar evidências claras e consistentes de que, apesar dos apoios necessários, todas as alternativas restritivas de indicar e nomear um representante pessoal substituto foram, previamente, esgotadas. Esta autoridade independente deverá respeitar o direito a um processo jurídico, incluindo o direito individual de ser notificado, ser ouvido, apresentar provas ou testemunhos a seu favor, ser representado por um ou mais pessoas de sua confiança e escolha, para sustentar qualquer evidência em uma audiência, assim como apelar de qualquer decisão perante um tribunal superior. Qualquer representante pessoal substituto da pessoa com deficiência ou seu tutor deverá tomar em conta as preferências da pessoa com deficiência intelectual e fazer todo o possível para tornar efetiva a decisão que essa pessoa teria tomado, caso não o possa fazê-lo.

Com este propósito, os participantes de Conferência OPS/OMS de Montreal sobre Deficiências Intelectuais, em solidariedade com os esforços realizados em nível nacional, internacional, individual e conjuntamente,

ACORDAM:

7. Apoiar e defender os direitos das pessoas com deficiências intelectuais; difundir as convenções internacionais, declarações e normas internacionais que protegem os Direitos Humanos e as liberdades fundamentais das pessoas com deficiências intelectuais;

e promover, ou estabelecer, quando não existam, a integração destes direitos nas políticas públicas nacionais, legislações e programas nacionais pertinentes.

E

8. Apoiar, promover e implementar ações, nas Américas, que favoreçam a Inclusão Social, com a participação de pessoas com deficiências intelectuais, por meio de um enfoque intersetorial que envolva as próprias pessoas com deficiência, suas famílias, suas redes sociais e suas comunidades.

Por conseguinte, os participantes da Conferência OPS/OMS de Montreal sobre a Deficiência Intelectual,

RECOMENDAM:

9. Aos Estados:

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

A. Reconhecer que as pessoas com deficiências intelectuais são cidadãos e cidadãs plenos da Sociedade;

B. Cumprir as obrigações estabelecidas por leis nacionais e internacionais criadas para reconhecer e proteger os direitos das pessoas com deficiências intelectuais. Assegurar sua participação na elaboração e avaliação de políticas públicas, leis e planos que lhe digam respeito. Garantir os recursos econômicos e administrativos necessários para o cumprimento efetivo destas leis e ações;

C. Desenvolver, estabelecer e tomar as medidas legislativas, jurídicas, administrativas e educativas necessárias para realizar a inclusão física e social destas pessoas com deficiências intelectuais;

D. Prover às comunidades e às pessoas com deficiências intelectuais e suas famílias o apoio necessário para o exercício pleno destes direitos, promovendo e fortalecendo suas organizações;

E. Desenvolver e implementar cursos de formação sobre Direitos Humanos, com treinamento e programas de informação dirigidos a pessoas com deficiências intelectuais.

Aos diversos agentes sociais e civis:

F. Participar de maneira ativa no respeito, na promoção e na proteção dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiências intelectuais.

G. Preservar cuidadosamente sua dignidade e integridade física, moral e psicológica por meio da criação e da conservação de condições sociais de liberação e não estigmatização.

Às Pessoas com Deficiência Intelectual e suas famílias:

H. Tomar a consciência de que eles têm os mesmos direitos e liberdades que os outros seres humanos; de que eles têm o direito a um processo legal, e que têm o direito a um recurso jurídico ou outro recurso eficaz, perante um tribunal ou serviço jurídico público, para a proteção contra quaisquer atos que violem seus direitos fundamentais reconhecidos por leis nacionais e internacionais;

I. Tornarem-se seguros de que participam do desenvolvimento e da avaliação contínua da legislação vigente (e em elaboração), das políticas públicas e dos planos nacionais que lhe dizem respeito;

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

J. Cooperar e colaborar com as organizações internacionais, governamentais ou não-governamentais, do campo das deficiências com a finalidade de consolidação e fortalecimento mútuo, a nível nacional e internacional, para a promoção ativa e a defesa dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais das pessoas com deficiências.

Ás Organizações Internacionais:

K. Incluir a “DEFICIÊNCIA INTELECTUAL” nas suas classificações, programas, áreas de trabalho e iniciativas com relação a “pessoas com deficiências intelectuais” e suas famílias a fim de garantir o pleno exercício de seus direitos e determinar os protocolos e as ações desta área.

L. Colaborar com os Estados, pessoas com deficiências intelectuais, familiares e organizações não governamentais (ONGs) que os representem, para destinar recursos e assistência técnica para a promoção das metas da Declaração de Montreal, incluindo o apoio necessário para a participação social plena das pessoas com deficiências intelectuais e modelos integrativos de serviços comunitários.

Montreal, 06 de outubro de 2004.

Fonte: ANDRADE, Jorge Márcio Pereira de. Declaração de Montreal sobre a Deficiência Intelectual. 03 fev. 2005. Disponível em: <http://saci.

org.br/?modulo=akemi&parametro=14434>. Acesso em: 05 set. 2012

Após a leitura da Declaração de Montreal, gostaria de convidar você, pós- graduando, a assistir a um filme e se sensibilizar com uma história que envolve a deficiência intelectual. Vamos Lá?

Harry (Daniel Auteuil) é um empresário estressado, que trabalha no departamento comercial de um banco belga e foi abandonado por sua esposa e filhas há pouco tempo. Deprimido, ele se dedica ao trabalho durante os 7 dias da semana. Até que um dia ele decide vagar pelas estradas

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

da França, sem rumo definido. Após quase atropelar Georges (Pascal Duquennes), que sofre de síndrome de Down, Harry decide levá-lo para casa, mas não consegue se desvencilhar dele.

Atividades de Estudos:

Após a leitura da Declaração de Montreal, a fruição do filme “O oitavo dia”, está na hora de uma atividade de estudos.

Tente responder as seguintes perguntas:

1) Você já teve contato com pessoas com deficiência intelectual?

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2) Conhece alguma prática pedagógica inclusiva para pessoas com deficiência intelectual?

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

Segundo Silveira e Nascimento (2011), a inclusão de crianças com deficiência intelectual na escola pode ser qualificada através de algumas dicas, são elas:

• Aceitação por parte do professor e da turma;

• Iniciar esta inclusão na educação infantil;

• O aluno com deficiência intelectual deverá ter a mesma ou muito pouca diferença de idade das demais;

• Estimular as amizades;

• Orientação familiar (para todas as famílias);

• Trabalhar sempre com o concreto, pois normalmente demoram um pouco mais para abstrair o conhecimento;

• Repetir as atividades para que ele possa acompanhá-las e compreendê-las;

• Elogiá-lo (a) sempre que se destacar;

• Desenvolver disciplina e regras como com todas as crianças;

• Não fazer diferença nas obrigações e nos direitos dos alunos;

• Assistente ou professora de apoio pedagógico (se necessário), pois a intenção é que o professor consiga desenvolver o trabalho pedagógico com o auxílio dos próprios alunos, e não de alguém específico para aquele aluno com deficiência. Porém, se for necessário, pela dimensão das necessidades apresentadas pelo aluno, este profissional a mais deverá, além de ter capacitação e conhecimentos específicos, auxiliar o trabalho do professor e não servir de “babá” à criança que está sendo incluída;

• Adaptação Curricular;

• Preparação dos professores e funcionários, através de cursos de capacitação e incentivo à formação docente;

• Preparação da comunidade escolar;

• Rampas de acesso a todos os ambientes da escola;

• Materiais e mobiliários adaptados;

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

• Além de todos estes itens, é fundamental a inserção desta política de inclusão escolar no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola, pois é este documento que fundamenta e orienta os movimentos escolares.

As autoras ainda apontam para a importância das adaptações curriculares significativas para a inclusão de crianças com deficiência intelectual e, entre essas, destacam o uso de objetivos flexíveis, adaptação da atividade e adaptações múltiplas.

Essas adaptações devem permear todas as áreas de conhecimento.

No decorrer desta disciplina, teremos como foco a Educação Física, Arte e Ludicidade, áreas que convergem para o desenvolvimento físico, cultural e histórico das crianças.

Inclusão de Alunos com Deficiência Intelectual: Práticas Positivas e Significativas

Para finalizar este capítulo sobre os aspectos históricos, políticos e culturais da Deficiência Intelectual abordando alguns exemplos de práticas positivas e significativas, gostaria de trazer um grande autor que dedicou boa parte de suas pesquisas compreendendo a pessoa com Deficiência. Vigotsky.

Certamente durante o seu caminhar pela estrada da educação, você já ouviu falar deste autor, no entanto poucas pessoas conhecem as pesquisas de Vigotsky acerca dos Fundamentos da Defectologia. Esses estudos norteiam as práticas de inclusão até hoje.

Vygotsky (1997) acreditava que o ser humano é histórico e social, fruto das suas relações com o meio e com os seus pares. Defendia relações heterogêneas, pois acreditava na construção do aprendizado propiciada pelas relações e então iniciou vários estudos acerca da pessoa com deficiência.

O autor atentou para a importância de aprender por meio das relações com o outro, pois é por meio dessas relações que a criança desenvolve seu potencial, passa a observar-se e a perceber-se como sujeito de sua própria história.

Vygotsky (1997) deixou perceptível, em seus escritos, que acreditava que a interação com o grupo facilita o processo de

Vygotsky (1997) acreditava que o ser

humano é histórico e social, fruto das suas relações com o

meio e com os seus pares.

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

desenvolvimento e de aprendizagem, bem como enfatizava a importância da educação social de crianças deficientes e o potencial da criança para o desenvolvimento normal. Afirmava que as deficiências corporais afetavam as suas relações sociais, e não suas interações diretas com o ambiente físico, ou seja, o defeito orgânico manifestava-se devido à situação social da criança e esta situação social poderia se agravar, dependendo do modo como as pessoas tratavam essas crianças.

O autor considerava, em seus estudos acerca dos fundamentos da defectologia, que crianças com deficiências passavam por um processo de “supercompensação”. Nesse processo mencionado pelo autor, o cérebro supercompensava um sentido, pelo desenvolvimento acentuado de outro sentido, sendo que isso se dava por meio das experiências sociais das crianças. Para Vygotsky (1997), a educação social, baseada na compensação social dos problemas físicos era a maneira de proporcionar uma vida satisfatória às pessoas deficientes.

Os estudos da supercompensação de Vigotsky (1997) convergem com a concepção de deficiência intelectual e do desenvolvimento dessas crianças a partir dos estímulos e de suas relações, o que não pode ser classificado em níveis, pois varia conforme o contexto de cada criança.

Consideramos os estudos de Vigotsky uma das primeiras experiências positivas não apenas sobre a deficiência intelectual, mas sobre todas as deficiências.

Partindo da legislação, dos estudos de diferentes autores, inclusive os de Vigotsky, percebemos uma grande movimentação em prol da inclusão escolar. Assim, hoje as crianças com necessidades especiais frequentam a escola regular e há o atendimento educacional especializado na mesma escola, nas salas de apoio multifuncionais.

As salas de apoio multifuncionais são mais uma conquista e um projeto que pretende diminuir as barreiras entre o ensino regular e o atendimento especializado, o que precisamos é defender a inclusão e direito de todos sem apegos à disputa por espaços e atendimentos.

O lugar de “todas” as crianças é na escola e é justamente isto que as Políticas nacionais e internacionais almejam garantir.

É função do professor do AEE organizar situações que favoreçam o desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual e que estimulem o desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem. É Para Vygotsky

(1997), a educação social, baseada na compensação

social dos problemas físicos era a maneira de proporcionar uma vida satisfatória

às pessoas deficientes.

As salas de apoio multifuncionais são mais uma conquista

e um projeto que pretende diminuir as barreiras entre o ensino regular e o atendimento especializado.

É função do professor do AEE organizar situações

que favoreçam o desenvolvimento do aluno com

deficiência intelectual e que

estimulem o desenvolvimento

cognitivo e da aprendizagem.

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

também seu papel produzir materiais didáticos e pedagógicos, tendo em vista as necessidades específicas desses alunos na sala de aula do ensino regular. Esse trabalho deve se realizar focalizando as atitudes do aluno diante da aprendizagem e propiciar o desenvolvimento de ferramentas intelectuais que facilitarão sua interação escolar e social (BRASIL, 2010, p. 10).

O atendimento nas salas multifuncionais ainda está em fase de implementação. Profissionais especializados estão desenvolvendo projetos diferenciados, experiências positivas muitas vezes isoladas, mas a que conseguimos ter acesso devido ao avanço tecnológico que nos permite pesquisas em tempo real.

Vamos lá! Pesquise você também sobre práticas de inclusão de crianças com deficiência intelectual. Tenho certeza de que você se surpreenderá com os resultados alcançados!

Deixo aqui algumas dicas de fontes de pesquisa:

REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL - SCIELO REVISTA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL - UFSM

REVISTA INCLUSÃO – MEC

DI – REVISTA DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL – APAE SP REVISTA CIRANDA DA INCLUSÃO

REVISTA DA INCLUSÃO

Atividade de Estudos:

1) Além das revistas que citei anteriormente, ainda sugiro que acessem os sites das secretarias de educação de seus estados e municípios a fim de descobrir as ações desenvolvidas em sua localidade.

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

Que tal começar agora?

Pesquise e, em seguida, pontue o que considerou significativo entre as ações desenvolvidas. Lembre-se de que neste momento estamos falando da inclusão de pessoas com deficiência intelectual.

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Finalizo este capítulo com uma contribuição referente ao atendimento especializado nas salas multifuncionais.

Sugiro que assista ao vídeo do link a seguir: http://www.youtube.com/

watch?v=gvlsEfOJX14 .

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Deficiência Intelectual: Relembrando Aspectos Históricos, Políticos e Culturais Capítulo 1

Figura 03 - As salas multifuncionais deixaram de ser um item a mais nas instituições de ensino e se tornam atrativo para crianças com necessidades especiais que frequentam o esnino regular.

Fonte: Disponível em: <http://www.youtube.com/

watch?v=gvlsEfOJX14>. Acesso em: 18 set. 2012.

Algumas Considerações

Neste capítulo atentamos para a trajetória da Educação Inclusiva no Brasil. Apontamos o modo como as pessoas com deficiência eram tratadas na antiguidade até a Declaração dos Direitos Humanos.

A partir da Declaração dos Direitos Humanos, apresentamos os principais documentos internacionais que tratam da Inclusão como: Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, Declaração de Jomtien, Declaração de Salamanca, Convenção de Guatemala e Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão. Também sinalizamos para a importância em conhecer os documentos nacionais que norteiam a inclusão no país, disponibilizados no site do Ministério da Educação, o ECA – Estatuto da Criança e Adolescente, a LDB 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e o Documento mais recente do Decreto Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011, que dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE), atentando para os materiais adaptados, bem como para atendimento especializado em salas multifuncionais.

Finalizamos o capítulo com os estudos de Vigotsky que apontam para a supercompensação da deficiência e também com uma reflexão acerca do trabalho nas salas multifuncionais.

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

No próximo capítulo abordaremos a área da Educação Física para a Inclusão do aluno com deficiência intelectual.

Até lá!

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, MEC, 2008. Disponível em:

<portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/política.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2012.

______. DECRETO Nº 7.611. Brasília, MEC 17 DE NOVEMBRO DE 2011.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/

Decreto/D7611.htm>. Acesso em: 10 ago. 2012.

GOMES, Adriana Leite Lima Verde. A Educação especial na Perspectiva da Inclusão escolar: o atendimento educacional especializado para alunos com deficiência Iintelectual/ Adriana Leite Lima Verde Gomes, Jean Robert Poulin, Rita Vieira de Figueiredo.- Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Especial; [Fortaleza] Universidade Federal do Ceará, 2010.

GUGEL, Maria aparecida Gugel. Pessoas com Deficiência e o Direito ao Trabalho. Florianópolis : Obra Jurídica, 2007.

MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Trad. Windyz Brazão Ferreira. Porto Alegre: Artmed, 2003.

SILVEIRA, Tatiana dos Santos da; NASCIMENTO, Luciana Monteiro do.

Educação Inclusiva. Indaial, Editora UNIASSELVI, 2011.

VIEIRA, Fernando David; PEREIRA, Mário do Carmo. A Educação de pessoas com Deficiência Mental. 2° ed. Fundação Calouste Gulbenkian, Serviço de Educação. Gráfica de Coimbra, Lda : Setembro, 2003.

VYGOTSKY, Lev S. Fundamentos da defectologia. Madrid: Portugal: Visor, 1997.

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C APÍTULO 2

Educação Física Inclusiva:

da Teoria à Prática

A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

3 Compreender a área da Educação Física como vetor de inclusão social e escolar.

3 Refletir acerca do papel da Educação Física enquanto prática corporal, motora e cognitiva nos processos de inclusão de alunos com deficiência intelectual.

3 Conhecer práticas pedagógicas inclusivas na área da Educação Física.

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

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Educação Física Inclusiva:

da Teoria à Prática Capítulo 2

Contextualização

Este capítulo abordará uma área que desempenha um trabalho significativo para o desenvolvimento motor das crianças com e sem deficiência, a Educação Física. É importante inicialmente lembrar que o incentivo ao esporte e as atividades físicas fazem parte do nosso contexto histórico e social, porém cabe destacar que a área da Educação Física e o papel que esta área desempenha dentro da escola vão além deste incentivo do qual estamos falando. Esta é uma área que trabalha diretamente com o sistema motor da criança, além de propiciar o desenvolvimento cognitivo e social através das interações, jogos e brincadeiras.

Neste capítulo, abordaremos a Educação Física como vetor de inclusão social e escolar, pois é uma área que não se esgota na escola, mas que normalmente tem o início de suas atividades neste espaço. Abordaremos também a importância das atividades de Educação Física para o desenvolvimento das pessoas com deficiência intelectual com ênfase nas crianças e na inclusão na escola comum através de uma reflexão acerca de possibilidades de atividades adaptadas.

Educação Física: Inclusão Social e Escolar

Que a Educação Física é vetor de inclusão não nos resta dúvidas, haja vista o grande número de projetos relacionados a esta área de conhecimento apresentados em diferentes espaços, como escolas, comunidades, instituições de apoio, entre outras. Mas, você pós-graduando, conhece algum desses Projetos?

Você sabe por que esta área é considerada vetor de inclusão?

Atividade de Estudos:

1) Registre seus apontamentos acerca de nossas indagações.

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

Consideramos importante, ao delimitar nossos estudos, levantar o que conhecemos sobre o assunto proposto. A partir de seus registros iniciais, propomos esta discussão. Para contribuir com o que você registrou e com a sua vivência e conhecimento acerca da Educação Física como vetor de inclusão, apresentaremos a seguir algumas informações.

Não só a Educação Física, mas também as artes são consideradas áreas que propiciam a inclusão, o desenvolvimento social, cognitivo, cultural, e afetivo de crianças e jovens em diferentes condições sociais.

Vale relembrar que a Educação Física, no período pós-segunda guerra mundial já foi utilizada para reabilitação de homens que desenvolveram alguma deficiência em combate.

As atividades físicas e esportivas fizeram parte de um programa de reabilitação, sendo consideradas como importante auxiliar na recuperação desses veteranos de guerra. Tais atividades tinham como finalidades exercitar o corpo, combater o tédio da vida hospitalar e ajudar na recuperação psíquica e social (BRINATI, PEREIRA, FERNANDES e SOUZA, 2006, p.2).

A partir deste momento na história, iniciou-se uma trajetória de pesquisas e valorização desta área para a inclusão social. Assim, em vários locais do mundo e também no Brasil podemos encontrar um número significativo de Projetos que abordam a área da Educação Física Adaptada, que para, Castro (2005), “é um programa diversificado de atividades desenvolvidas, jogos, esportes, atividades rítmicas e expressivas, apresentando uma organização baseada em interesses, capacidades e limitações de indivíduos com deficiências”.

Esses programas podem ser desenvolvidos em ONGs, em diversos projetos sociais e também nas escolas, tornando assim a Educação Física uma forte aliada para a inclusão social e também escolar de pessoas com e sem deficiências.

Figura 4 – Projeto Criança Esperança – PUC

Fonte: Disponível em: <http://www.pucminas.br/pucinforma/

materia.php?codigo=985>. Acesso em: 11 jan. 2013.

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Educação Física Inclusiva:

da Teoria à Prática Capítulo 2

A partir de projetos de inclusão social, a área da Educação Física, através do esporte, da dança e também da recreação, trabalha com diferentes grupos, entre eles o de pessoas com deficiência, de idosos, de jovens em fase de combate as drogas, crianças vítimas de violência, enfim, grupos que por algum motivo são excluídos socialmente.

Cabe salientar que a Educação Física como grande área do conhecimento também apresenta suas ramificações e, especificamente tratando-se de projetos de inclusão social, destaca-se o esporte, que é efetivo quando incorporado ao programa de reabilitação física de indivíduos com deficiência. Os efeitos do esporte não se estendem apenas a aspectos físicos e médicos, mas também a aspectos psicossociais durante a reabilitação. Além disso, o esporte muda a percepção de cidadão a respeito das deficiências e contribui para o reconhecimento de seus efeitos por órgãos responsáveis pelo bem estar social.

Hoje, a Educação Física nas escolas assume um papel que vai além das práticas esportivas, pois se trata de área de conhecimento que trabalha diretamente com o corpo e a mente, com as interações sociais e com conhecimentos acerca da motricidade humana. A Educação Física escolar é entendida

[...] como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (BRASIL, 1997, p. 29).

Nessa perspectiva, a educação física, ao longo da história, se estabelece com o compromisso do trabalho do corpo, construindo um biótipo saudável, com um corpo que está em constante desenvolvimento. A educação física nas escolas é uma área de conhecimento que vem somar e contribuir para o desenvolvimento de todas as crianças e que propicia, antes de tudo, princípios fundamentais para a inclusão social: a interação, a cooperação e a amizade através do esporte, do jogo, das brincadeiras, da recreação, enfim, de todas as ramificações que esta área pode explorar.

A área de Educação Física hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade a respeito do corpo e do movimento. Entre eles, se consideram fundamentais as atividades culturais de movimento com finalidades de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções, e com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção da saúde.

Trata-se, então, de localizar em cada uma dessas manifestações (jogo, esporte, dança, ginástica e luta) seus benefícios fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

de utilização como instrumentos de comunicação, expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí as propostas para a Educação Física escolar (BRASIL, 1997, p.23).

Figura 5 – Educação Física Adaptada

Fonte: Revista Ciranda da Inclusão Ano 2 – 23, p. 22.

Atividade de Estudos:

1) Agora que já conversamos um pouco acerca do papel da Educação Física como área de conhecimento, registre de que maneira é possível propiciar inclusão através desta área.

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Educação Física Inclusiva:

da Teoria à Prática Capítulo 2

Inclusão de Alunos com Deficiência Intelectual na Educação Física:

Práticas Motoras e Cognitivas

Iniciaremos este tópico de uma forma diferente, através dos dizeres de um professor de Educação Física sobre a inclusão de alunos com deficiência intelectual em suas aulas.

Falar do aluno com deficiência intelectual nas aulas de educação física não é complicado quando você o vê como mais um dos seus alunos e não como “o aluno com deficiência”. Particularmente em minhas aulas não tenho dificuldades para trabalhar a educação física com os meus alunos com deficiência intelectual, pois planejo todas as atividades para todos os alunos e me preocupo com o desenvolvimento de cada um. As dificuldades apresentadas na educação física, sejam elas físicas, motoras, culturais, cognitivas, não são específicas do aluno com deficiência, mas de qualquer aluno que necessita de mediação e incentivo para desenvolver-se.

Normalmente as crianças nos ensinam muito e cabe ao professor a humildade para entregar-se a novos conhecimentos e possibilidades.

Já tive vários alunos com deficiências variadas e aprendi muito com cada um deles. O maior aprendizado que tive foi de que a inclusão escolar nos indica um caminho de possibilidades e não dificuldades como muitos mencionam. É necessário estar aberto a este novo contexto educacional que se apresenta, o contexto da diversidade, e planejar nossas aulas nesta perspectiva (Francisco Antônio dos Santos Netto, professor de educação física de Joinville, SC.

Entrevista com a autora).

O discurso deste profissional converge com os apontamentos de Vigotsky (1989) ao relacionar as limitações de pessoas com deficiência com as ordens biológica e cultural. Vygotsky (1997), diz que “a capacidade não é uma função íntegra, mas uma série de funções e fatores diferentes que estão unidos num todo” (p. 127). O autor acrescenta a necessidade de super compensar as dificuldades através do desenvolvimento de novas possibilidades de aprendizado, pois “os procedimentos pedagógicos devem ser organizados para que tal desenvolvimento se dê por vias indiretas, por outros caminhos, porque a

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Práticas de Ensino para a Deficiência Intelectual: Educação Física, Arte e Ludicidade

condição mais importante e decisiva do desenvolvimento cultural é precisamente a habilidade de empregar os instrumentos psicológicos, que nessas crianças não é utilizada” (VIGOTSKY,1988,p. 22).

[...] estruturar todo o processo educativo segundo a linha das tendências naturais à supercompensação, significa não atenuar as dificuldades que surgem do defeito, senão que tencionar todas as forças para sua compensação, apresentar só as tarefas em uma ordem que respondam ao caráter gradual do processo de formação de toda a personalidade diante de um novo ponto de vista (VIGOTSKY,1997, p.32-33).

Segundo Bueno e Resa (1995), a Educação Física Adaptada para pessoas com deficiência não se diferencia da Educação Física em seus conteúdos, mas compreende técnicas, métodos e formas de organização que podem ser aplicados também ao indivíduo deficiente. Trata-se de um processo onde os professores devem planejar, visando a atender às necessidades de todos os alunos.

Para exemplificar, apresentamos um plano de aula, publicado na Revista Nova Escola:

Jogo do “pelo Cano”

Mauro Henrique André

• Objetivos

- Criar estratégias de jogo.

- Arremessar a bola com precisão.

- Conhecer as potencialidades e limitações de cada participante.

- Cooperar com os colegas para a solução de conflitos e desafios.

Conteúdos - Jogo com bola.

- Desenvolvimento das habilidades motoras de manipulação.

Anos 4º e 5º.

Tempo estimado 8 a 12 aulas.

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Educação Física Inclusiva:

da Teoria à Prática Capítulo 2

Material necessário

Bolas de tênis, caixas de papelão e giz.

Flexibilização

Fazer com que o aluno com deficiência intelectual compreenda regras, mesmo que simples, pode ser uma tarefa difícil. Repita a atividade várias vezes antes de mudar as regras para que ele aprenda qual a lógica do jogo. Respeitando as limitações desse aluno, proponha novas regras - de preferência, associadas a situações que sejam facilmente perceptíveis por ele. O trabalho em equipe e a ajuda dos colegas são muito importantes. Amplie o tempo de realização da atividade e antecipe as etapas do jogo para a criança. Caso o aluno tenha comprometimentos motores que dificultem ainda mais a participação no jogo, sugira que ele seja uma espécie de “juiz”. Crianças com deficiência intelectual costumam ter boa capacidade de memorização, especialmente diante da repetição.

Desenvolvimento

1ª etapa

Proponha que os alunos pratiquem o jogo do “pelo cano”.

Explique as regras: são dois times com três a cinco jogadores em cada equipe dispostos em um espaço do tamanho de um quarto de quadra. Espalhe três caixas de papelão sem tampa e sem fundo.

Ganha ponto quem fizer a bola entrar por um lado e sair pelo outro. O jogador que estiver com a bola não pode andar. Enquanto estiver com ela, deve batê-la ao menos uma vez no chão e realizar no mínimo um passe antes de arremessá-la na caixa. Depois que houver um lançamento à caixa, a posse da bola fica com o outro time.

2ª etapa

Apresente uma nova regra que diversifica o espaço do jogo:

retire as caixas de papelão e explique que marcam pontos os times que conseguirem completar cinco passes sem perder a bola. A intenção é que os alunos busquem boas posições para recebê-la ou tentem retirá-la do adversário.

3ª etapa

Referências

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