viver
em aliança
“Vinde e vereis.
Foram e viram onde morava
e ficaram com Ele nesse dia.
Jo 1,39__________FICHA TÉCNICA DO ITINERÁRIO PARA O ANIMADOR ___________
“Viver em aliança” é um itinerário de Fé (de conhecimento, de relação, de experiências…)
elaborado a partir da Carta dos Bispos do Porto para o Ano da Fé e inspirado nos percursos de
Catequese de Adultos.
A sua dinâmica “ternária”, Ir-Permanecer-Ver, é uma tentativa de proporcionar a pequenos
grupos de “discípulos de Cristo” um ambiente, uma abordagem dos conteúdos da fé, um
espaço de “dizer a fé”, um percurso… que favoreça o encontro ou o re-encontro com o Mestre
e os Irmãos em Comunidade. Um face a face, no Espírito, com Jesus Cristo que leva ao Pai.
Este itinerário é apenas uma proposta, um ponto de partida que deverá ser recriada e
adaptada a cada realidade. A dinâmica sugerida exige ter-se em conta o perfil dos
animadores e dos destinatários!
Objetivos a partir da “Porta Fidei” e da Carta dos Bispos aos Diocesanos do
Porto
“Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só nele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro” (Porta Fidei, nº 15).
Redescobrir a fé como uma relação e um dom a cuidar em toda a vida;
Reler os conteúdos essenciais da fé a partir dum percurso sistemático e orgânico; Redescobrir a dimensão cristocêntrica da fé;
Viver em grupo/comunidade um itinerário de fé; Celebrar a fé em comunidade;
Intensificar os laços comunitários, estreitar as relações fraternas;
Oferecer aos catequistas um espaço de experiências e partilha de vida na fé…
Fontes/ Bibliografia
Sagrada Escritura
Catecismo da Igreja Católica Youcat
Documentos do Concílio Vaticano II
Carta Apostólica, Porta Fidei de Bento XVI
Carta dos Bispos aos Diocesanos do Porto para o Ano da Fé
Conteúdos
Os conteúdos são os propostos na Carta dos Bispos do Porto. Apenas se acrescenta uma introdução retirada da Porta Fidei.
Atravessar a porta da fé Recapitulando tudo em Cristo O mistério pascal
O corpo eclesial de Cristo A vida em Cristo
Conhecendo a Deus no amor fraterno Rezar cristãmente
EU SOU a porta.
Se alguém entrar por mim estará salvo
Destinatários
Educadores na fé: Catequistas e outros agentes de pastoral …
Grupo de pais dos catequizandos (implicados na catequese intergeracional, outros …)
Grupos de adultos
Sempre que possível, seria importante que o número de pessoas por grupo não ultrapasse as 15. Só é possível uma verdadeira partilha de vida em grupos pequenos. Nas comunidades poderão reunir-se simultaneamente vários grupos (inclusive tendo em conta as características dos membros : disponibilidade, …) todavia, ao longo do percurso, nas diferentes etapas todos os grupos deverão encontrar-se para partilhar e celebrar. Será necessário assegurar a unidade e comunhão da comunidade.
Fundamentação catequética do itinerário
A partir dos documentos do Concílio Vaticano II, do Catecismo da Igreja Católica, da Porta Fidei e da Carta dos Bispos aos diocesanos do Porto, o “processo formativo” proposto oferece elementos para criar, ao longo de um ano, uma
“escola de fé”
(Cf. DGC nº90 – 91).O percurso “viver em aliança” é de “inspiração catecumenal”, procurando proporcionar uma experiência forte de fé a partir dum itinerário, enquadrada numa “catequese de adultos ocasional” (Cf. DGC nºs 172, 176).
Assim sendo procurar-se-á ter em conta: -a finalidade última da catequese
«A finalidade última da catequese é pôr as pessoas não apenas em contacto, mas em comunhão, em intimidade, com Jesus Cristo». Toda a ação evangelizadora tem como objetivo favorecer a comunhão com Jesus Cristo. A partir da conversão «inicial» de uma pessoa ao Senhor, suscitada pelo Espírito Santo, mediante o primeiro anúncio, a catequese propõe-se dar um fundamento e fazer amadurecer esta primeira adesão. Trata-se, então, de ajudar aquele que acaba de se converter a «...melhor conhecer o mesmo Jesus Cristo ao qual se entregou: conhecer o Seu mistério, o Reino de Deus que Ele anunciou, as exigências e as promessas contidas na Sua mensagem evangélica e os caminhos que Ele traçou para todos aqueles que O querem seguir». (DGC 80 – CT5 - CIC 426)
-a meta da catequese
A finalidade da catequese exprime-se através da sua meta: a profissão de fé no Deus único: Pai, Filho e Espírito Santo. A catequese é a forma específica do ministério da Palavra que faz amadurecer a conversão inicial, até fazer dela uma confissão de fé viva, explícita e operante: «A catequese tem a sua origem na confissão de fé e leva à confissão de fé».(DGC 82)
-as tarefas da catequese
A finalidade da catequese realiza-se através de diversas tarefas, mutuamente relacionadas para as levar a cabo, a catequese deverá inspirar-se no método seguido por Jesus para formar os Seus discípulos: dava-lhes a conhecer as diversas dimensões do Reino de Deus “A vós é dado compreender os mistérios do Reino de Deus” (Mt 13, 11); ensinava-os a rezar “Quando orardes, dizei: Pai...” (Lc 11, 2); incutia-lhes atitudes evangélicas “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”(Mt 11, 29); e iniciava-os na missão “E enviou-os dois a dois...”(Lc 10, 1).
As tarefas da catequese correspondem à educação nas diversas dimensões da fé, uma vez que a catequese é uma formação cristã integral, «aberta a todas as outras componentes da vida cristã». Em virtude da sua própria dinâmica interna, a fé implica ser conhecida, celebrada, vivida e feita oração. A catequese deve cultivar cada uma destas dimensões. Mas a fé vive-se na comunidade cristã e anuncia-se na missão: é uma fé partilhada e anunciada. A catequese deve promover também estas dimensões. (DGC 84)
O itinerário
a---Um jeito de percorrer o caminho
Em comunidade percorrer o caminho procurando: Conhecer
Celebrar Orar Viver … Partilhar
b---Viver um ritmo ternário/trinitário - uma viagem simbólica
Cada conteúdo será trabalhado ao longo de dois meses com um ritmo ternário a partir do texto de S. João: ”Vinde e vereis” (Jo 1, 39)
1º passo: Tempo de IR – ao encontro do Mestre
Lugar simbólico- Betânia: estar aos pés do Mestre
lugar: do encontro - da intimidade – da escuta – da palavra- do silêncio 2ºpasso: Tempo de PERMANECER dia a dia com o Mestre
Tempo para a vida quotidiana e leitura evangélica da vida: Lugar simbólico- Galileia: andar nos caminhos do Mestre
lugar: da vida – do quotidiano- dos encontros – do amor- dos dias salvos pela presença do Mestre nas nervuras do viver
3ºpasso: Tempo de VER com e como o Mestre
Lugar simbólico- Jerusalém: entrar no mistério Pascal do Mestre – coração da fé
Lugar para: adentrar-se na morte e ressurreição do Senhor – para ouvir – ver – compreender –aderir ao mistério da salvação em Jesus, O Cristo
Indicações práticas- significado e objetivos de cada passo
1º passo:
Tempo para IR
ao encontro do Mestre
– acreditar é deixar-se encontrar e tocar por Jesus Cristo
Percurso comunitário de encontro com o Mestre
Em Betânia, na casa de Marta e Maria
Ir, deixar a sua casa, afazeres e comodidade, deixar-se a si mesmo e partir ao encontro de Jesus, sentar-se aos seus pés como Marta e Maria para escutar o Mestre. Eis o desafio do primeiro tempo de
contacto com o conteúdo da fé proposto, na planificação do ano, será um encontro celebrativo/orante. Nele, pretende-se oferecer um espaço de conhecimento e de experiência orante da fé.
É um tempo de escuta, aprofundamento e assimilação dos conteúdos através da arte. Um encontro na fé em que a “beleza se torna orante”. Será proposto, sempre que possível, um ícone para ser contemplado
ou uma obra de arte.
2º passo:
Tempo para PERMANECER
– acreditar é deixar-se transformar por Jesus Cristo
Percurso pessoal de conversão- no dia-a-dia
Na galileia, nos caminhos do Mestre - n quotidiano
«Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos.» Jo 15, 4-5
Este tempo é um convite a permanecer em Cristo e a identificar-se com Ele no ser, pensar e agir. É o tempo de viver cada dia com Jesus e ao jeito de Jesus.
Este segundo tempo é o tempo da vida, entre o 1º e 2º encontro de cada um tema, em que o grupo é
convidado a ver, viver, refletir e orar os conteúdos partilhados no 1º encontro para permanecer unido à videira e dela receber a seiva, em todas as horas do dia.
Este é um tempo de conversão. Um desafio a entrar no ritmo e na ação do Reino: Deixar-se olhar por Deus, por Jesus Cristo e pôr-se a caminho segundo o coração do Pai vivendo a vida ao jeito do Evangelho.
Este é o tempo para ler a vida: o ser, as opções, os acontecimentos, as relações interpessoais, a sociedade… a fim de descobrir a presença e a ação de Deus no quotidiano e a Sua vontade, através de Jesus Cristo, pelo Espírito. É um treino para O reconhecer nas entrelinhas da vida e contemplar o seu Projeto para a humanidade: “Um Reino de irmãos reunidos no coração do Pai”.
Os participantes do grupo são convidados a registar, ao longo deste tempo, num “Diário de fé” as suas
experiências, descobertas, questões, dúvidas e a cantar as maravilhas de Deus… Para que o “dia a dia
na fé” possa ser ao jeito do apelo de Paulo: “Vivei alegres, orai sem cessar, em tudo dai graças. Esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo” (1Ts 5,16-18).
Leitura diária da Palavra – do Evangelho de cada dia
Sugere-se que se leiam as leituras de cada dia. Uma das formas de o fazer, para quem tem acesso à Internet será de subscrever-se no site: www.evangelho.cotidiano-orgue. Receberá assim diariamente os textos bíblicos da liturgia do dia.
Comprometer-se a realizar uma ação concreta junto dos que mais sofrem
“Amai-vos”: a fé é um jeito de “SER PESSOA EM RELAÇÃO COM DEUS E COM OS IRMÃOS”. Ser discípulo de Jesus Cristo implica fazer da vida uma dádiva em favor dos marginalizados, desprotegidos, dos pobres, sobre tudo dos que vivem situações de dor e ou sofrimento. Por isso, convida-se, individualmente e em grupo, a analisar a situação da comunidade a fim de partilhar a amizade, os bens e o tempo com os que necessitam. Seria importantes os catequistas (ou outros educadores) implicarem os mais novos no dinamismo solidário.
3º passo:
Tempo para VER
– acreditar é SER filho por Jesus Cristo e nELE
Percurso pessoal e comunitário de descoberta do Mestre e da vida da Igreja
Em Jerusalém, convidados a conhecer e a compreender a fé a partir do mistério Pascal
O tempo de Ver é o tempo da escuta, da assimilação, do aprofundamento dos conteúdos da fé da Igreja. Será o tempo de entrar na compreensão do mistério Pascal, no coração da fé;
Será o tempo de dizer em comunidade: Sei em quem “pus a minha confiança”.
Será o tempo de aprofundar, de compreender a carta dos Bispos do Porto assim como os documentos do Concílio Vaticano II e o Catecismo da Igreja Católica na mão;
Será o tempo de partilhar algumas páginas do “Diário de fé”, de narrar as experiências e dar sentido à vida. Dizer a fé e dizer-se para dar razões da fé;
Será o espaço para solicitar a presença de um formador que ajude a conhecer e a compreender os conteúdos essenciais da fé cristã.
Partilha do diário de fé
Neste encontro, os participantes serão convidados a partilharem algo do “Diário de Fé” escrito ao longo do tempo “Permanecer”.
A partilha da vida na fé, em comunidade, permite ao adulto exercitar a capacidade de exprimir a sua fé, de dar nome à sua “relação” de amizade com Jesus Cristo e torna-o capaz de dar as razões do seu acreditar. Nesse espaço, o duplo movimento de ouvir e exprimir-se, de acolher testemunhos e de testemunhar oferece ao adulto ferramentas que facilitam a comunicação da fé aos mais novos, e torna-os mais capazes de dar a ver” a “Boa Notícia do Reino”, o Evangelho.
O “dizer experiências de fé” favorece a passagem do “conteúdo à relação”, do “saber à comunhão”. A construção da relação humana, em comunidade, abre para a descoberta da fé como relação, para a experiência de ser filho de Deus, em Jesus Cristo pelo Espírito e irmão de toda a humanidade.
Partilha do diário para frequentadores das redes sociais
Poderão através do face-book divulgar, em jeito de testemunho, excertos do diário.
Este “ritmo ternário/trinitário” é um desafio a experienciar, em comunidade, em grupos de “educadores na fé” uma fé “conhecida, celebrada, vivida e feita oração” (Cf. DGC 84-85).
c--- Esquema do itinerário temático/conteúdos, simbólico e metodológico
Calendarização
Passos da dinâmica
Itinerário
1ª etapa
A Porta Fidei
Novembro 2012
Data do encontro: 1º passo
Betânia -Tempo de IR
Celebração/Oração
Celebração dominical Entrega: Diário da fé
Tempo de experiência pessoal 2º passo
Galileia- Tempo de PERMANECER
Diário de Fé
Dezembro 2012
Data do encontro: Jerusalém -Tempo de VER 3º passo
Conteúdos/partilha de fé 2ª etapa Recapitulando tudo em Cristo Janeiro 2013
Data do encontro: Betânia -Tempo de IR 1º passo fé e arte: Celebração/Oração Ícone de S. Damião
Tempo de experiência pessoal 2º passo
Galileia- Tempo de PERMANECER
Diário de Fé
Fevereiro 2013 Data do encontro:
3º passo Jerusalém -Tempo de VER
Conteúdos/ partilha de fé
Celebração dominical Entrega da Luz
3ª etapa O Mistério Pascal
Março 2013
Data do encontro: Betânia -Tempo de IR 1º passo fé e arte: Celebração/Oração Ícone da descida aos infernos
Tempo de experiência pessoal 2º passo
Galileia- Tempo de PERMANECER
Diário de Fé
Abril 2013 Data do encontro:
3º passo Jerusalém -Tempo de VER
Conteúdos/ partilha de fé
Celebração dominical Entrega da cruz
4ª etapa O Corpo Eclesial
de Cristo
Maio 2013
Data do encontro: Betânia -Tempo de IR 1º passo
Celebração/Oração fé e arte: Ícone do Pentecostes
Tempo de experiência pessoal 2º passo
Galileia- Tempo de PERMANECER Diário de Fé
Junho 2013
Data do encontro: 3º passo
Jerusalém –Tempo de VER
Conteúdos/ partilha de fé
Celebração dominical Entrega da água –concha do batismo*
5ª etapa A vida em Cristo
Julho 2013
Data do encontro: Betânia –Tempo de IR 1º passo
Celebração/Oração fé e arte: Ícone da dormissão
Tempo de experiência pessoal 2º passo
Galileia- Tempo de PERMANECER
Diário de Fé
Agosto 2013
Data do encontro: 3º passo
Jerusalém -Tempo de VER
Conteúdos/ partilha de fé
Celebração dominical Entrega do credo/símbolo*
6ª etapa Conhecendo a Deus no amor
fraterno
Setembro 2013
Data do encontro: Betânia -Tempo de IR 1º passo fé e arte: Celebração/Oração Ícone …
Tempo de experiência pessoal 2º passo
Galileia- Tempo de PERMANECER Diário de Fé
Outubro 2013 Data do encontro:
3º passo Jerusalém -Tempo de VER
Conteúdos/ partilha de fé
Celebração dominical Entrega do pão/ espigas*
7ª etapa Rezar cristãmente
Novembro 2013
*Celebração dominical
Sugere-se, que após cada etapa , se entregue o símbolo numa eucaristia dominical para que toda a comunidade tenha a oportunidade de fazer ou acompanhar o caminho dos diferentes grupos.
d---Um itinerário de interioridade/espiritualidade - em que a
“
beleza nos faz orantes”
«Falar da vida espiritual é sempre sondar as zonas mais profundas (e por isso também mais reais, mais imperfeitas, mais inacabadas) do nosso coração. A espiritualidade não é uma busca epidérmica e apressada de satisfação. Na maior parte do percurso a pergunta que vale não é “o que me sacia?”, mas “qual é a minha sede?”. Gosto da maneira como os autores clássicos da vida espiritual falam dela como de uma luta. O próprio Jesus lembra que não veio trazer a paz das aparências, mas a espada que penetra as camadas mais íntimas. A vida espiritual é isso: por vezes uma luta, por vezes uma luminosa dança.
Podemos fazer muitos atos ligados ao espiritual ou ao devocional e não estar a construir uma verdadeira experiência de vida espiritual. De facto, esta só cresce quando no centro está uma relação. Não basta crer, nem pertencer. É
necessário mergulhar, habitar (ou melhor, saber-se habitado). E tudo o resto: descobrir-se buscado, querido,
bem-amado. A vida espiritual não é da ordem do fazer, mas do ser.»
Tolentino Mendonça in Ecclesia | 2012-07-10
Se a “ fé é a resposta do homem a Deus, que a ele Se revela e Se oferece, resposta que, ao mesmo
tempo, traz uma luz superabundante ao homem que busca o sentido último da sua vida” (
CIC 26) umitinerário de fé só poderá acontecer na medida em que proporcione o desenvolvimento da interioridade.
Tentar-se-á que a compreensão, aprofundamento e assimilação dos conteúdos se faça em parte através da arte, do encontro na fé em que a “beleza se presenteia e faz o ser humano orante” em que a beleza “dá a ver e a encontrar-se com a beleza do mistério de Deus em Jesus Cristo”. Em cada etapa será proposto, sempre que
possível, um ícone para ser contemplado ou uma outra obra de arte.
A arte sacra, introduzida no percurso, proporciona ao adulto instrumentos de desenvolvimento das atitudes e competências espirituais, essencialmente competências humanas que fazem ver no ser humano a “imagem e semelhança de Deus”, tais como:
Escuta Silêncio interior Contemplação Concentração Espanto Des-Centração/Centração Humildade Disponibilidade Mansidão Louvor Força Esforço Sensibilidade Delicadeza Serenidade Paz Liberdade… Deixar-se habitar…
…Postura de bicos de pés no átrio do mistério
Todas elas fruto do Espírito e capazes de tornar o “ser humano de fé/amor” disponível ao Dom de Deus, como esponja no coração do oceano, e o fazem “testemunha do encontro com Jesus Cristo”!
Cabe ao animador proporcionar os conteúdos, o ambiente (humano e físico) e pedagogia favoráveis!
e---Um itinerário comunitário - em que o
“testemunho mútuo nos confirma como
irmãos”
O itinerário proposto pretende ser um caminho a percorrer em grupo, para que, este se torne uma «comunidade de fé viva». Através da oração, do estudo, da contemplação do belo e da partilha do “Diário de fé”, o grupo poderá viver uma experiência de comunidade em que o testemunho proporcionará será mútuo e garantirá o crescimento dos seus membros.
Para estreitar os laços e testemunhar a comunhão sugere-se que se criem tempos de festa, de partilha do pão e de alegria…
f---Registo do itinerário - “Diário de fé”
“Vivei alegres, orai sem cessar, em tudo dai graças.
Esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo”
(1Ts 5,16-18).
Sugere-se que se convidem os participantes a comprarem (ou poderá ser entregue no primeiro encontro) um pequeno caderno que lhes servirá de “Diário de fé”, ao longo de todo o ano.
Nele poderão registar as experiências significativas de fé, descobertas, questões, dúvidas, orações... Esta dinâmica permite
ao próprio:
- clarificar, refletir, reler, descobrir o percurso feito; - orar, contemplar, alegrar-se;
- viver em atitude de sentinela e de conversão… ao grupo:
- acolher testemunhos;
- experienciar uma partilha de fé breve, meditada; - evitar divagações…
O registo pode tornar-se um treino de vida na fé. Uma escola de contemplação, de transformação do olhar e de compromisso que abre ao “encontro com Jesus Cristo” e com os “irmãos”.
Sugestões para o estilo de animação
a---Alguns desafios para o animador
(sempre que possível deverão ser pelo menos 2 animadores)- O Animador vive com o grupo o itinerário:
O itinerário proposto pretende ser um caminho a percorrer em grupo, de forma a que, este se torne uma «comunidade de fé viva». Para isso, a metodologia utilizada não será expositiva mas sim uma metodologia de “atelier” onde o “saber, celebrar e viver” sejam dialogados, assimilados e experienciados.
A escolha desta metodologia fundamenta-se:
do ponto de vista teológico na “natureza da fé”, atendendo a que acreditar não é apenas da ordem dos conteúdos mas uma “
resposta do homem a Deus, que a ele Se revela e
Se oferece, resposta que, ao mesmo tempo, traz uma luz superabundante ao
homem que busca o sentido último da sua vida (
CIC 26) ; do ponto de vista catequético no modelo “catecumenal”; do ponto de vista pedagógico na “formação de adultos”.
- O Animador assume atitudes que proporcionam a interação e criação de laços no grupo:
Acolhimento Abertura Delicadeza Disponibilidade Humildade Entusiasmo Dinamismo Compreensão Serenidade Empatia Confiança Alegria Fé no outro…
- O Animador tem em conta o perfil do adulto:
A formação de adultos tem em conta o perfil do adulto:
Os seus saberes, competências, experiências, motivações…;
O seu desejo de conhecimento em vista à satisfação das suas necessidades;
A capacidade de apreender, ajuizar, questionar…;
A aspiração de ser respeitado na sua dignidade, liberdade, na sua adultez…
- O Animador acompanha o grupo de forma a favorecer o diálogo e o testemunho. Para isso:
Estimula um clima de confiança e respeito; Favorece um ambiente de escuta e compaixão; Incentiva, sem forçar, a partilha;
Gere as diferenças sem permitir julgamentos; Não permite comentários aos testemunhos de fé;
Promove a compreensão das atitudes e linguagem de cada um; Parte dos saberes do grupo;
Trabalha as representações de forma ativa e respeitadora;
Proporciona o aprofundamento dos laços fraternos na comunidade…
- O Animador reza o percurso pois tem consciência que é o ESPÍRITO É O AUTOR E O MESTRE!
A coordenação/animação do itinerário conta com o testemunho do animador: “Se alguém me tem amor, há de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14,23)
b---Um jeito de acompanhar e ser grupo/comunidade
(adaptado do percurso “Vivre en Aliance”)
O Animador é convidado a oferecer ao grupo as condições para que seja possível a cada um:
-- Escutar, narrar, redizer, sentir
para: descobrir, aprofundar, conhecer, partilhar, criar memória, descrever.
--Questionar, admirar-se, analisar
para: ir mais longe que o sentido literal, compreender, procurar sentido, ouvir, ouvir-se, ouvir os
outros.
-- Aproximar, comparar, pôr em diálogo, classificar
para: criar laços entre as narrativas da fé, a liturgia, os sacramentos, a eucaristia, a experiência
de vida, a experiência espiritual e a experiência eclesial.
--Simbolizar, exprimir um sentido
para: interpretar, iniciar à linguagem poética, abrir pistas de reflexão, dar sentido, “ver” Deus na
vida.
--Orar, comtemplar, espantar-se, admirar, louvar, suplicar, abençoar
para: dialogar com Jesus Cristo, no Espírito em direção ao Pai.
--Partilhar implicando-se, exprimindo-se na primeira pessoa (eu…)
para: dar sentido à vida, dizer uma palavra que faz viver e que compromete, descobrir o “eu” dos outros/comunidade e permitir a cada um encontrar o seu lugar na igreja.
________________________
ITINERÁRIO
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Iª etapa – novembro/dezembro
Atravessar a “porta da fé”
1º passo
Tempo de IR ao encontro do Mestre
em Betânia, lugar: do encontro - da intimidade – da escuta – da palavra- do silêncio
Encontro a realizar no início de Novembro
Como fazer:
1.1 Preparação do momento
Preparar a sala
A preparação da sala será, para o grupo, um sinal da atenção, de acolhimento, de confiança e de aconchego, se for deviamente arranjada. Destes pormenores depende, em parte, a atmosfera do encontro. Sugere-se que se crie um ambiente de pouca luz e, eventualmente, com uma leve música de fundo (adequada), que se coloquem mantas no chão, umas almofadas e cadeiras à volta.
No centro da sala dispor uma Bíblia aberta, o Catecismo da Igreja Católica e algumas velas.
Acolher o grupo e Introduzir ao encontro – fora da sala
Convida-se a:
a. acolher o grupo fora da sala, um acolhimento individual e personalizado.
b. apresentar os objetivos do encontro e o ambiente celebrativo no qual será realizado; c. convidar a entrar na sala em silêncio (até os saltos altos deverão entrar em bicos de pés).
1.2- Convidar a habitar o momento, a parar e a ouvir a narrativa da nossa história de fé
a. Convidar a relaxar, a desligar do quotidiano para viver o momento presente.
b. Desafiar a fechar os olhos para melhor ouvir o texto que será lido (convidar a fechar os olhos, é convidar a entrar no fundo do ser, a deixar tudo o que possa distrair para apenas escutar)… O nosso Deus passa na brisa… e não no ruído!!
c. Ler o texto, pausadamente, com breves momentos de silêncios entre cada parágrafo (se o grupo desejar poderá ter uma música de fundo muito suave):
Olhemos para Jesus Cristo, «autor e consumador da fé» (Heb 12, 2): n‟Ele encontra plena realização toda a ânsia e desejo do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte, tudo isto encontra plena realização no mistério da sua Encarnação, do seu fazer-Se homem, do partilhar connosco a fragilidade humana para a transformar com a força da sua ressurreição. N‟Ele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação.
Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (cf. Lc 1, 38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e trepidação, deu à