• Nenhum resultado encontrado

A evolução do sistema de controvérsias do mercosul: um estudo sobre o caso dos obstáculos ao ingresso dos produtos fitossanitários no mercado brasileiro

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A evolução do sistema de controvérsias do mercosul: um estudo sobre o caso dos obstáculos ao ingresso dos produtos fitossanitários no mercado brasileiro"

Copied!
84
0
0

Texto

(1)

A EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE CONTROVÉRSIAS DO MERCOSUL: UM ESTUDO SOBRE O CASO DOS OBSTÁCULOS AO INGRESSO DOS PRODUTOS

FITOSSANITÁRIOS NO MERCADO BRASILEIRO

Florianópolis 2020

(2)

A EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE CONTROVÉRSIAS DO MERCOSUL: UM ESTUDO SOBRE O CASO DOS OBSTÁCULOS AO INGRESSO DOS PRODUTOS

FITOSSANITÁRIOS NO MERCADO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Rafael de Miranda Santos, Doutor.

Florianópolis 2020

(3)

A EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE CONTROVÉRSIAS DO MERCOSUL: UM ESTUDO SOBRE O CASO DOS OBSTÁCULOS AO INGRESSO DOS PRODUTOS

FITOSSANITÁRIOS NO MERCADO BRASILEIRO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Direito, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 9 de dezembro de 2020

______________________________________________________ Professor e orientador Rafael de Miranda Santos

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Nome do Professor, titulação

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Nome do Professor, titulação

(4)

A EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE CONTROVÉRSIAS DO MERCOSUL: UM ESTUDO SOBRE O CASO DOS OBSTÁCULOS AO INGRESSO DOS PRODUTOS

FITOSSANITÁRIOS NO MERCADO BRASILEIRO

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Florianópolis, 9 de dezembro de 2020

____________________________________ LUCYOLA ARAUJ O GRILLO FLORIANO

(5)

sem limites, pois sem sua motivação, sem sua ajuda, eu não estaria aqui hoje.

(6)

Gostaria de agradecer imensamente ao meu Orientador, Rafael de Miranda Santos, por ter aceitado me orientar neste trabalho, que com tanto zelo, cooperação, e maestria no ato de ensinar, me auxiliou muito na produção deste trabalho.

Necessário se faz ainda agradecer a todos os professores da Unisul que me conduziram durante essa jornada de conhecimento. Meu agradecimento a todos os que dedicam seu tempo a essa tão importante tarefa que é a de ensinar e que transforma o mundo para melhor, com todo meu amor, aos mestres com carinho!

Gostaria de agradecer a minha família, a minha mãe Rosângela Grillo e a meu pai Tarcísio Floriano, que sempre se dedicaram a mim e a meus irmãos e me ajudaram, de mãos dadas, a trilhar a jornada até aqui, à minha irmã Nirsan Grillo, que sem saber, foi a minha primeira professora, modelo de mulher, que desde pequena me ensina com todo amor e carinho, e que fez e faz a diferença na minha vida.

Preciso agradecer a três amigas, com quem tive o prazer de conhecer, e de desfrutar da companhia durante essa jornada, que são modelos de mulheres fortes, decididas, inteligentes e independentes, quero agradecer a Paula Bueno Telles Pereira, minha primeira amiga na faculdade, de quem eu guardo grande carinho e admiração, a Eliane Werlich, que com sua voz doce muito me auxiliou nos momentos difíceis, mas compartilhamos muitos momentos divertidos também, a Mariane Bueno Laranjeira, exemplo de mulher obstinada, disciplinada, confiante e correta, todas mulheres lindas, que fizeram crescer minha admiração, e que me fazem querer melhorar a cada dia. Ao meu irmão Edson Felipe Araújo Grillo Floriano, pela motivação em seguir em frente e buscando sempre o aperfeiçoamento a cada etapa, para concretizar projetos que possam trazer valor não apenas para si, mas para muitas outras pessoas, agregando ainda mais motivação para a concretização de nossos objetivos.

A todos os colegas que me ajudaram direta e indiretamente, gostaria de agradecer a parceria e desejo que todos tenham sucesso em suas vidas profissionais.

(7)

federação, que deve estender-se paulatinamente a todos os Estados e assim conduz à paz perpétua. Pois, se a sorte dispõe que um povo forte e ilustrado possa formar uma república (que, segundo a sua natureza, deve tender para a paz perpétua), esta pode constituir o centro da associação federativa para que todos os outros Estados se reúnam à sua volta e assim assegurem o estado de liberdade dos Estados conforme a ideia do direito das gentes e estendendo-se sempre mais mediante outras uniões.

(8)

Após um período de ditaduras em nosso continente, os países vizinhos entenderam da necessidade de união, ante ao mundo globalizado, através do Direito de Integração. O Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai tomaram a iniciativa para a criação de um Mercado Comum do Sul, dando origem ao Mercosul. O objetivo da união foi o auxílio mútuo dos países vizinhos, de forma que um auxiliasse ao outro o desenvolvimento institucional, social, cultural e tecnológico dos países, de forma a melhorar a qualidade de vida da população, enfrentando as desigualdades entre os países da região, visando a preservação do meio ambiente, a utilização consciente dos recursos não renováveis, fortalecendo assim o bloco econômico, dando abertura para que outros países pudessem aderir ao bloco e fortalecer ainda mais a união. Observa-se que a democracia é um fator fundamental para o Mercosul, tanto que para ser um Estado-Membro deve-se atender a esse preceito, como o caso da Venezuela que tornou-se membro do Mercosul, porém ao descumprir esse preceito fundamental, foi suspensa do bloco. O trabalho foi baseado no estudo de caso envolvendo o Brasil e a Argentina, na controvérsia sobre os obstáculos impostos à entrada dos produtos fitossanitários argentinos no Brasil. O estudo de caso em questão foi utilizado para ver a efetividade e a importância da normativa utilizada, partindo do Tratado de Assunção, abarcando os acordos celebrados no âmbito do tratado, nas Decisões do Conselho Mercado Comum, nas Resoluções do Grupo Mercado Comum, bem como os princípios de direito internacional aplicáveis ao caso concreto. Com o trabalho pode-se observar que a união dos países sul-americanos fortaleceu sim, suas economias, o desenvolvimento interno, regional, mas há muito a se fazer, pode ser considerado como um primeiro passo para a efetiva união dos países sul-americanos, acredita-se que com o sucesso conquistado pelo Mercosul, desde a sua criação, mais Estados possam adentrar ao bloco, de forma a tornar ainda mais a comunidade latino-americana uma comunidade forte, coesa, e respeitada diante das outras Nações.

(9)

1 INTRODUÇÃO...9

2 DESCRIÇÃO NORMATIVA E INSTITUCIONAL DO MERCOSUL...11

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO...12

2.2 DESCRIÇÃO NORMATIVA DO MERCOSUL...20

2.3 DESCRIÇÃO INSTITUCIONAL DO MERCOSUL – PRINCIPAIS ÓRGÃOS DO MERCOSUL...24

2.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS...28

3 CASO ESPECÍFICO ARGENTINA X BRASIL, LAUDO VII DO TRIBUNAL DO MERCOSUL, “OBSTÁCULOS AO INGRESSO DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS ARGENTINOS NO MERCADO BRASILEIRO”...29

3.1 SISTEMA DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS...29

3.2 PROCEDIMENTO ARBITRAL...31

3.3 ARGUMENTOS DA REPÚBLICA ARGENTINA...34

3.4 ARGUMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL...36

3.5 DECISÃO DO TRIBUNAL PERMANENTE REVISIONAL...39

3.6 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS...46

4 EFETIVIDADE DO ORDENAMENTO JURÍDICO DO MERCOSUL E ANÁLISE DO LAUDO ARBITRAL...48

4.1 ANÁLISE DO LAUDO ARBITRAL...49

4.2 O BRASIL CUMPRIU COM A DECISÃO PROFERIDA PELO TRIBUNAL AD HOC? ...53

4.3 QUAL FOI O IMPACTO REGIONAL COM A DECISÃO PROFERIDA?...55

4.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS...56

(10)

1 INTRODUÇÃO

Em meio ao mundo globalizado que nos encontramos, faz-se necessário o fortalecimento de vínculos com os países vizinhos, para que o desenvolvimento possa chegar a todos os rincões da América do Sul. O Mercosul tornou-se um bloco econômico de respeito perante as Nações, a união dos quatro países fundadores foi a responsável por alavancar a economia dos países, a qualidade de vida da população, o comércio, a criação de projetos em diversas áreas, tecnologia, saúde, educação, promovendo assim um avanço, mesmo que pequeno, mas um importante avanço, sustentado pela democracia, base primordial para a construção das instituições e da normativa do Mercosul.

Ao considerar o modelo escolhido pelo Mercosul, qual seja, a intergovernabilidade, os Estados Partes do bloco, basearam-se no processo de Integração, onde os países decidem conjuntamente, não importa se um país possuir o PIB cem vezes superior a outro, o voto valerá o mesmo. A base de criação do Mercosul mostra-se bem amparada, bem sustentada, prevendo ainda a solução das controvérsias que venham a surgir entre os Estados-Membros, de forma organizada. Como podemos observar com a criação do Protocolo de Brasília, que previa uma negociação direta entre as partes, se não chegassem a um consenso, poderiam optar pelo Tribunal para Solução de Controvérsias. Depois veio o Protocolo de Olivos, que trouxe o Tribunal Permanente de Revisão, que funciona como uma segunda jurisdição, podendo também as partes optarem como única.

Ao analisarmos com uma visão macro os países sul-americanos podemos perceber que a discrepância de um país para outro é imensa. Diante dessa realidade, faz-se necessário a união desses países vizinhos, para alcançar com o auxílio mútuo o desenvolvimento não apenas de um país, mas de toda uma região, de forma que haja uma demonstração à comunidade internacional, que os países sul-americanos formam um bloco forte, coeso e que possui segurança jurídica, de forma a trazer credibilidade ao grupo perante os outros Estados, demonstrando que o investimento em nosso continente é seguro, rentável e que trará benefícios a todos os envolvidos direta e indiretamente.

O Tratado de Assunção ao ser criado, baseou-se nas legislações dos Estados que fariam parte do Bloco econômico, foi uma construção conjunta, onde nada foi imposto, as partes acordaram por livre convencimento, se obrigando a adotar as normas fixadas pelo bloco.

No capítulo II buscou-se abordar a descrição normativa e institucional do Mercosul, partindo da base para chegar ao Tribunal Arbitral, descrito no capítulo 3, e abordar o estudo

(11)

do caso em tela, que é a Controvérsia entre o Brasil e Argentina no ano de 2002, em que a República Argentina entra com uma reclamação perante o Grupo Mercado Comum, alegando que o Brasil criou empecilhos à entrada de produtos argentinos, agindo em desconformidade com a norma do Mercado Comum do Sul. Neste capítulo há a descrição do procedimento adotado pelo Tribunal Ad Hoc, nesse caso em específico, e no capítulo IV, o intuito foi o de observar a efetividade do ordenamento jurídico do Mercosul, interpretação do laudo arbitral exarado pelos árbitros, identificar se as partes respeitaram a decisão do tribunal e como se deu a conclusão da contenda.

O Brasil saiu perdedor na lide, o Laudo Arbitral analisou a situação e fundamentou como previsto na legislação própria, de que o Brasil estava em descumprimento da norma Mercosul. O Brasil no mesmo ano em que teve início o tribunal arbitral, efetuou um Decreto, visando a celeridade no registro dos produtos fitossanitários semelhantes, mesmo considerado demasiado lento a iniciativa, passado seis anos desde o acordo firmado entre as partes, enfim, o Brasil internalizou a norma jurídica do Mercosul em sua legislação interna.

O assunto ao ser escolhido, partiu da motivação conquistada pelas aulas de Direito Internacional, na importância e relevância do tema, que aborda a importância da união dos Estados vizinhos, auxiliando uns aos outros, a importância do fortalecimento do vínculo, do livre comércio, da integração entre os Estados, de forma a impactar um continente extremamente rico, porém com tanta debilidade como nos encontramos hoje.

Foi utilizado o método dedutivo, ao iniciar a pesquisa sobre o Mercosul, suas normas, institucionalização, até chegar ao Tribunal Arbitral, e aprofundar no estudo de caso do Brasil e Argentina, a importância da integração para os países-membros do Mercosul, a pesquisa foi bibliográfica, com a pesquisa de leis, Tratados, Convenções, Acordos, Direito Internacional, doutrina, dentre outras.

(12)

2 DESCRIÇÃO NORMATIVA E INSTITUCIONAL DO MERCOSUL

Partindo da ideia de burocracia adotada por Weber, quando afirma que “o poder não é exercido por discursos parlamentares nem por proclamações monárquicas, mas através da rotina da administração”. Weber empregou o termo burocracia para indicar as funções da administração pública, que seria guiada por normas, atribuições específicas, esferas de competência bem delimitadas e critérios de seleção de funcionários. (WEBER, 1974, p. 22, apud DIAS, p. 197, 2010)

Constituiria assim a burocracia, como definida de um aparato técnico administrativo, formado assim por profissionais especializados, selecionados segundo critérios racionais e que se encarregavam de diversas tarefas importantes do sistema. (DIAS, 2010).

Segundo essa linha de raciocínio Weberiana, o Mercosul consolidou a sua estrutura, possuindo funcionários, pertencidos as diferentes nações, trabalhando conjuntamente em cima de normas criadas consensualmente entre os Estados-Membros, conforme determinado no Tratado de Assunção, e no Direito de Integração. Esses funcionários dominam a rotina da administração do Mercosul, como seus procedimentos, as relações entre os Estados diferentes, a integração das novas resoluções e a vinculação cada vez mais alinhadas as decisões dos órgãos diretivos do bloco. (DIAS, 2010).

O formato institucional do Mercosul, assim como a descrição normativa, foi estabelecido em uma dinâmica intergovernamental, evitando-se assim a criação de instâncias supranacionais, como é o caso da União Europeia. Os Estados Partes do Mercosul decidiram iniciar o formato institucional baseado no consenso conjunto, excluindo assim as votações majoritárias, reforçando o caráter intergovernamental do processo.

O processo de produção normativa está caracterizado pela intergovernabilidade e se concretiza com a internalização aos ordenamentos nacionais, dos Estados Partes, o que dispende tratamento constitucional às normas integracionistas.

A preocupação inicial na institucionalização do Mercosul, focou-se na criação de estruturas formais provisórias, preservando que as decisões fossem todas tomadas de forma consensual entre os Estados-Membros, tornando a tomada de decisões de forma mais efetiva, assim como o cumprimento das decisões, fazendo com que não exista um organismo que exerça o monopólio do uso da força, impondo a execução das políticas consideradas como vitais para a construção do Mercado Comum.

Segundo a Comissão Econômica para a América Latina – CEPAL (1994), o objetivo da institucionalização provisória adotado pelo Mercosul, é o de evitar os perigos da

(13)

institucionalização prematura, que dentre outras vantagens evita os problemas decorrentes de se impor por decreto a eficácia das instituições.

A estrutura institucional efetiva-se com a assinatura do Protocolo de Ouro Preto conferindo ao bloco econômico personalidade jurídica internacional.

Conforme o art. 15 do Tratado de Assunção (1991), o único órgão permanente pelo Tratado reiterado no Protocolo de Ouro Preto é a Secretaria Administrativa, responsável pela prestação de serviços, da documentação e da comunicação aos diversos órgãos intergovernamentais.

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO

A criação do Mercosul apenas foi possibilitada após o fim dos governos autoritários, dando vida assim a democracia, foi celebrado com a assinatura do Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991. Com o início da década de 90, começaram a se formar os blocos econômicos, o MERCOSUL veio como medida para que o comércio regional pudesse competir frente ao comércio mundial. A adoção das políticas comerciais comuns entre os países sul-americanos mostra-se de extrema valia, posto que com o surgimento das políticas comuns faz com que os produtos advindos desses países, possam ser comercializados com outros países, e com outros blocos econômicos. (AMARAL JUNIOR, 2015)

Um motivo que auxiliou na construção do MERCOSUL foi a cultura aproximada entre os quatro países que o compõe, facilitando assim o diálogo entre eles, ressalta-se que o MERCOSUL é uma economia aberta, não firmando discriminações de nenhum tipo para com outros países. (AMARAL JUNIOR, 2015)

O MERCOSUL objetiva atualmente incorporar outros países sul-americanos ao bloco. Para que um país possa ingressar no bloco econômico, este deverá ser membro da Associação Latino Americana de Integração (ALADI) e seguir o processo de adesão que está previsto na normativa interna do Mercosul. O Chile, o Peru, o Equador, a Colômbia são Estados Associados, pois que são membros da ALADI, com os quais o MERCOSUL subscreve acordos de livre comércio, e que posteriormente solicitaram ser considerados como membros do Mercosul. Os Estados Associados estão autorizados a participar nas reuniões dos órgãos do MERCOSUL que tratarem de tema de interesse em comum a esses países. (MERCOSUL, 2020)

Podemos atentar que há uma identidade cultural entre os países da América do Sul, e há também um certo ambiente de paz, por não haver guerras entre os países vizinhos

(14)

atualmente. Apesar de possuir uma similaridade, há diversas diferenças notórias entre os países, que fora insuflado ainda mais pelo longo tempo de Ditadura pelo qual alguns países passaram, o que ocasionou um agravamento nas dificuldades internas, prejudicando uma relação que poderia ser muito construtiva para todos. (AMARAL JUNIOR, 2015)

Houve uma tentativa de negociação para uma integração entre os Estados, os dois países que tomaram a iniciativa foram os dois mais importantes países sul-americanos, sendo eles o Brasil e a Argentina, que iniciaram uma tratativa em relação a uma integração aduaneira, porém até que se concretizasse alguma coisa, passaram-se alguns longos anos. (CANDEAS, 2010)

Os primeiros acordos no continente sul-americano facilitaram para que florescesse um sentimento de cooperação mútua, iniciou-se com as tratativas para a liberalização dos mercados, representadas pela Associação Latino Americana de Livre Comércio (ALALC – 1960), e logo após esta foi substituída pela Associação Latino Americana de Integração (ALADI – 1980), essas duas associações permitiram a celebração de acordos bilaterais, abrindo espaço para uma maior abrangência a ser conquistada. (MERCOSUL, 1988)

Na década de 1980, quando então o Brasil e a Argentina começaram a se libertar das garras da Ditadura, abriu-se espaço a Democracia, possibilitando o avanço nas ideias de integração entre os Estados sul-americanos. No ano de 1985 ocorreu a assinatura do presidente brasileiro Sarney e do presidente argentino Alfonsín, a Declaração do Iguaçu datado de 30 de novembro de 1985, estabelecendo assim uma comissão bilateral, e dando margem para que outros países aderissem a Declaração. (MAGNOLI, SERAPIÃO JR., 2006)

Com o fim das ditaduras, pôde ser verificado o prejuízo a que incorreram os dois países, pois com a Ditadura, com uma maior vigilância e segurança do Estado, a política adotada foi a isolacionista, de forma que contribuíram em muito no aumento das contas públicas e no agravamento da dívida externa. (CAPARROZ, 2018)

Em 1986 com o bom desempenho da Comissão assinada entre os dois presidentes do Brasil e da Argentina em 1985, fora firmado o Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE), firmando assim a Ata para a Integração Brasil-Argentina, esta baseou-se nos princípios da gradualidade, flexibilidade, simetria, equilíbrio, tratamento preferencial diante de outros mercados e harmonização progressiva das políticas, esses princípios foram considerados como os pilares para o MERCOSUL. (FRIEDRICH; GUIMARÃES, 2015)

Com a criação do PICE buscou-se alcançar um estímulo a um novo ambiente comercial e econômico, antes isolacionista, com restrições a livre concorrência, para um

(15)

mercado amplo e globalizado, tentando alçar assim a complementaridade das economias entre o Brasil e a Argentina. (CARVALHO, 2013)

Em 1988 com vistas a ampliação comercial entre os dois países, celebrou-se o Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, do qual fora estabelecido um prazo de dez anos para que houvesse a criação de uma efetiva área comercial e econômica em comum, buscando a eliminação de barreiras tarifárias e não tarifárias, assim como a criação de políticas conjuntas. Com o objetivo na diminuição das assimetrias existentes, fora possibilitado que os dois países assinassem cerca de vinte e quatro protocolos em variados temas sobre políticas em comum aos dois. (JAEGER JUNIOR, 1999)

Com a assinatura da Ata de Buenos Aires em 1990, deu-se o pontapé inicial para a constituição do MERCOSUL, objetivando a formação de um mercado comum. No mesmo ano, os dois países assinaram o Acordo de Complementação Econômica n. 14, do qual abrangia a todos os outros protocolos anteriormente assinados, servindo de base para a construção do Tratado de Assunção. (BRASIL, 2020)

O MERCOSUL pôde sair do papel com a adesão do Paraguai e do Uruguai. Esses dois países buscaram alcançar uma diferenciação por ser menores, e suas economias em relação ao Brasil e a Argentina, também serem inferiores. No entanto, fora acordado entre as partes, que o Tratado deveria tratar a todos como iguais, não significa dizer que não seria respeitado as diferenças, os quatro países acordaram então que o Uruguai e o Paraguai teriam um prazo maior para sua adaptação ao processo todo. (VENTURA; ONUKI; MEDEIROS, 2012)

Esse Tratado trouxe para todos os Membros do MERCOSUL uma junção de forças, de extrema valia a todos, visto que o mercado internacional era atraído por mercados combinados, em detrimento aos países pequenos, com menor potencial de negociação. Trouxe para os países envolvidos um fortalecimento para suas economias, posto que beneficiou a atração de empresas, bem como de empréstimos estrangeiros para que possibilitasse assim o desenvolvimento em diversas áreas dos países do Mercosul. (CÚGOLA, 2015)

Em 1991, com a presença de representantes dos quatro países, na cidade de Assunção, capital paraguaia, concretizou-se a assinatura do Tratado de Assunção, estabelecendo portanto o Mercosul, Mercado Comum do Sul, o qual intentava iniciar com uma área de livre comércio, com a previsão da redução gradual e linear dos tributos aduaneiros. (LOCATELLI, 2002)

Considera-se como instrumento fundacional do Mercosul, o Tratado de Assunção. O Tratado adota como modelo a ser seguido, o da existência de um mercado comum, onde haja circulação interna de bens, serviços e fatores produtivos, como o estabelecimento de uma

(16)

Tarifa Externa Comum (TEC) para utilização no comércio com países fora do grupo e a adoção de uma política comercial comum, com o objetivo de fortalecimento desses países. (MAGNOLI, SERAPIÃO JR., 2006)

O livre comércio previa uma união aduaneira entre os países (liberação do comércio intrarregional de mercadorias e estabelecimento da tarifa externa comum). No Tratado de Assunção já era abordado o programa com a redução gradativa das tarifas, porém, foi complementada com um Protocolo Adicional, o Protocolo de Ouro Preto, onde fora definido a estrutura institucional do Mercosul para a segunda etapa de negociações necessárias, com a efetiva vigência da união aduaneira. (GUIMARAES, SIQUEIRA, 2011)

No preâmbulo do Tratado de Assunção é abordado o reconhecimento dos processos de integração que estavam ocorrendo no mundo, os países sul-americanos adotaram o MERCOSUL como resposta a esse novo modelo que vinha surgindo até então, então desde o preâmbulo do Tratado de Assunção assinado no ano de 1991, fora adotado como objetivo a ser alcançado o aproveitamento eficiente dos recursos disponíveis, políticas necessárias para a devida preservação do meio ambiente, bem como as interconexões físicas entre os países vizinhos, uma coordenação de políticas macroeconômicas que possibilitasse a abrangência e a participação de todos os países, assim como a complementação dos diferentes setores da economia, partindo dos princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio, princípios esses que foram utilizados no ano de 1986 na Ata para a Integração Brasil e Argentina, como visto acima. (CAPARROZ, 2018)

Como mencionado acima fora acordado entre as partes que teriam um prazo para que os Estados-Membros estivessem prontos para o mercado comum. O período adotado inicialmente pelo Mercosul, transcrito no Tratado de Assunção, como período prévio para os países, definia primeiramente que deveria ocorrer de 1991 a dezembro de 1994, porém infelizmente não fora possível, como veremos adiante. Fora traçado então alguns importantes instrumentos a serem adotados pelos países egressos, quais sejam: Programa de Libertação Comercial: visando a uma redução nas tarifas gradativamente, acompanhadas da eliminação das restrições do comércio; a coordenação de políticas macroeconômicas visando o alcance da tarifa zero; uma tarifa externa comum, visando a uma competitividade externa dos Estados Partes; e a adoção de acordos setoriais, visando a otimização e mobilização eficiente dos fatores de produção. (MERCOSUL, 2020)

Com o advento do Programa de Libertação Comercial os Estados partes acordaram em elevar em mais um ano o prazo de transição para o Uruguai e o Paraguai, ficando o prazo para o ano 1995. O acordado era que as tarifas fossem reduzidas gradativamente até atingir a

(17)

alíquota zero de imposto de importação, porém também não chegou a se concretizar (MERCOSUL, 2020)

Uma dificuldade surgiu do acordo entre os Estados partes, no sentido de que cada país teve a possibilidade de excluir das negociações coletivas produtos, mercadorias que fossem sensíveis a suas economias, possibilitando que eles obtivessem um tratamento diferenciado, então daí originou-se as listas de exceções tarifárias. (NOVO, 2019)

Essa lista de exceções visava a cooperação e o reconhecimento das desigualdades entre os países, o objetivo era que terminasse a exceção dos produtos, porém está em vigor até hoje, tendo sido prorrogados por diversas vezes, a última vez ocorreu em 2015, e tem duração até 2023 para chegar a alíquota zero para o Paraguai e o Uruguai e até 2021 para o Brasil e para a Argentina. (CAPARROZ, 2018)

O MERCOSUL entrou em vigor quando pelo menos três dos países-membros confirmaram, após a entrega dos documentos, comprovando a introdução dos termos do MERCOSUL em seus ordenamentos internos, o que ocorreu em 20 de novembro de 1991, passado oito meses do encontro em Assunção, no Paraguai. (AMARAL JUNIOR, 2015)

Pensando na cooperação de todos os países da Associação Latina Americana de Integração, firmou-se a possibilidade de que outros países aderissem ao bloco, mediante negociação, sendo necessário a manifestação unânime dos quatro integrantes. A criação do MERCOSUL teve a intenção do desenvolver toda a região. Previram também a possibilidade de saída do bloco, quando deverá ser formalizado através de denúncia por escrito ao Tratado, bem como deverão ser informados todos os membros, exige-se a manutenção dos direitos e obrigações do país denunciado por dois anos, contados da manifestação inicial. (CAPARROZ, 2018)

Com o desenvolvimento do MERCOSUL, foram acrescidos outros tratados e instrumentos jurídicos a fim de complementar os princípios e regras trazidos no Tratado de Assunção, alguns mais relevantes são os seguintes:

O Protocolo de Brasília, com objetivo de criar um Sistema de Solução de Controvérsias do MERCOSUL, fora previsto para que seu funcionamento ocorresse de forma temporária, até a concretização de normas específicas para a Solução de Controvérsias, deu-se com o advento do Protocolo de Olivos, que trouxe o Tribunal Permanente de Revisão, pondo fim a vigência do Protocolo de Brasília, conforme indica o artigo 55 do Protocolo de Olivos. (MAGNOLI, SERAPIÃO JR., 2006)

O laudo estudado no presente trabalho ocorreu antes do surgimento do Protocolo de Olivos, portanto, ainda estava em vigência o Protocolo de Brasília.

(18)

Os laudos sob o Protocolo de Brasília eram inapeláveis, conforme artigo 21, e eram obrigatórios para os Estados Partes envolvidos na controvérsia e possuíam força de coisa julgada, as decisões deveriam ser cumpridas imediatamente, a não ser que o Tribunal Ad Hoc estipulasse um outro prazo para o seu cumprimento. (MERCOSUL, 1991)

O Protocolo de Ouro Preto, originado em 1994, o que deu ao MERCOSUL personalidade jurídica de direito internacional, trazendo a definição institucional para o bloco. Fora determinado no POP a regra do consenso no processo decisório, onde listou-se as fontes jurídicas a serem utilizadas pelo Mercosul, e instituiu-se o princípio da vigência simultânea das normas adotadas pelos três órgãos decisórios do Bloco, quais sejam: o Conselho do Mercado Comum (CMC), O órgão superior ao qual incumbe a condução política do processo de integração, o Grupo Mercado Comum (GMC), órgão executivo do Bloco, e a Comissão de Comércio do Mercosul (CCM), órgão técnico que visa a aplicação dos instrumentos a serem utilizados pela política comercial comum. Serão tratados mais detalhadamente a seguir. (MAGNOLI, SERAPIÃO JR., 2006)

O Protocolo de Ushuaia estabeleceu-se em 1998, entre os Membros do Mercosul adicionando o Peru e o Chile, estabelecendo a plena vigência das instituições democráticas, sendo primordial esse funcionamento, para o devido desenvolvimento do processo de integração. (CAPARROZ, 2018)

O Protocolo de Olivos, como mencionado acima, entrou no lugar do Protocolo de Brasília, visto que este possuía caráter temporário. O Protocolo de Olivos trouxe o Tribunal Permanente de Revisão, o qual possui sede em Assunção. (MERCOSUL, 2002)

O Protocolo Modificativo do Protocolo de Olivos, assinado na cidade do Rio de Janeiro, em 2007, trouxe algumas alterações de procedimentos abordados no acordo original, especificamente os artigos 18, 20 e 43, também trouxe o Regulamento do Protocolo de Olivos, instituído pela Decisão do Conselho do Mercado Comum n. 37/2003, de modo que possa haver futuras alterações no número de Estados partes do MERCOSUL, assim como quando se der o efetivo ingresso da Venezuela ao bloco. (MERCOSUL, 2002)

O Protocolo Constitutivo do Parlamento do MERCOSUL, fora assinado em 2005, na cidade de Montevidéu, o qual previa a criação de um Parlamento do Mercosul (CAPARROZ, 2018)

O Protocolo de Adesão da República Bolivariana da Venezuela, fora firmado no ano de 2006, na cidade de Caracas, no qual se deu o processo de adesão da Venezuela ao Mercosul. (CAPARROZ, 2018)

(19)

O Protocolo de Ushuaia II, fora assinado em 2011, na cidade de Montevidéu, e visava a aplicação de medidas emergenciais caso viesse a surgir alguma ruptura ou ameaça à ordem democrática na região. Fora firmado pelos membros do Mercosul, também pela Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela (nessa data a Venezuela não havia ingressado no bloco, atualmente a Venezuela encontra-se suspensa, por não adotar as normas conjuntas do MERCOSUL. Este protocolo ainda não foi ratificado pelos signatários. (CAPARROZ, 2018)

Com o MERCOSUL adquirindo personalidade jurídica com a vigência do Protocolo de Ouro Preto, pôde ser celebrado acordos com outros países e também organismos internacionais. Diversos acordos foram criados para efetivar alguns países vizinhos o status de Membros Associados ao MERCOSUL. O processo de aceitação se dá através da Decisão do Conselho do Mercado Comum n. 18/2004, o qual dispõe a respeito da admissão ao bloco de estados Associados e prevê a exigência, de assinatura prévia de Acordos de Complementação Econômica, quais sejam, instrumentos bilaterais acordados entre o MERCOSUL e outros membros da ALADI, estabelecendo assim critérios para o surgimento de uma zona de livre-comércio entre os envolvidos, com a devida redução gradativa das alíquotas de importação. (MERCOSUL, 2020)

A Venezuela anteriormente a sua entrada no MERCOSUL, pertencia à Comunidade Andina, tendo optado portanto em deixar a comunidade e aderir ao MERCOSUL. Como veremos a seguir um país não pode permanecer em dois regimes diferentes, com uniões aduaneiras diferentes. (ARCE, SILVA, 2012)

A entrada da Venezuela no MERCOSUL tornaria o bloco bastante forte, visto ser o país exportador de grande quantidade de petróleo. Em vista das questões políticas seria muito benéfico para o bloco a entrada da Venezuela, bem como a união da Comunidade Andina traria também grandes benefícios a todos. O processo de adesão da Venezuela iniciou-se em 2005, com a assinatura do Acordo Quadro de referência e a criação de um tribunal Ad Hoc constituído por representantes do MERCOSUL e da Venezuela com o objetivo de negociar os prazos e condições necessários para a sua adesão. Nesse momento, fora outorgado a Venezuela o status de Estado em processo de adesão, o que lhe proporciona participar das reuniões do MERCOSUL, mas não possui direito a voto. (MERCOSUL, 2020)

A Venezuela oficializa a saída da Comunidade Andina de Nações (CAN), um mês após, o país tornou-se parte do MERCOSUL como membro em adesão. O Protocolo de adesão da Venezuela ao MERCOSUL, fora assinado em Caracas, e com previsão de concretização em quatro anos para tornar-se membro permanente do bloco. Para se

(20)

concretizar, precisava ser aprovado pelos Congressos Nacionais dos quatro membros do MERCOSUL. (ARCE, SILVA, 2012)

No ano de 2006 juntaram-se representantes dos cinco países, na cidade de Caracas, a fim de firmar o Protocolo de Adesão da República Bolivariana da Venezuela ao MERCOSUL, a Venezuela confirmou sua aceitação as normas previstas ao bloco, no qual constitui a adesão da Venezuela ao Tratado de Assunção, ao Protocolo de Ouro Preto e ao Protocolo de Olivos para a solução de Controvérsias, bem como todo o acervo normativo vigente no MERCOSUL, com um prazo de 4 anos para a sua adesão. Fora concedido à Venezuela quatro anos também para a adoção da Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) e da Tarifa Externa Comum (TEC), sem prejudicar, no entanto, as listas de exceções. (MERCOSUL, 2020)

Entretanto, surgiram divergências políticas ocasionando então em obstáculos a efetiva entrada da Venezuela ao MERCOSUL. Brasil e Argentina impediram a Venezuela pois no seu entender o país não cumpria o Protocolo de Ushuaia, parte integrante do Tratado de Assunção, no qual há a exigência que as instituições sejam democráticas, sendo essencial para a entrada do país ao bloco, o que oportuniza a possibilidade de suspensão ou até mesmo a retirada do país que infringir alguma ordem democrática em suas instituições. (RODRIGUES, 2016)

No ano de 2009, o Senado Federal Brasileiro confirmou o ingresso da Venezuela no MERCOSUL, restando apenas a ratificação do Protocolo de Adesão pelo Paraguai, pois a Argentina e Uruguai já haviam ratificado. Em 2012 houve o impeachment do presidente paraguaio, fazendo com que os membros do MERCOSUL suspendessem o país por considerarem que houve violação ao Protocolo de Ushuaia. (ROCHA, 2018)

Também em 2012 com o Paraguai em suspensão, os outros membros então aprovaram a adesão da Venezuela ao bloco. Deu-se assim a Venezuela a condição de Estado Parte, com pleno exercício de direitos. A Venezuela ratificou então a sua adesão, que deveria se concretizar até 2016, porém não se efetivou, pois o país enfrenta uma difícil realidade e não conseguiu cumprir com os compromissos assumidos, em especial os compromissos descritos no inciso IV, do Protocolo de adesão que era a adoção do acervo normativo do MERCOSUL, incluindo as normas em processo de incorporação, portanto fora declarado suspenso do bloco, e continua até hoje. A Venezuela também foi punida no ano de 2017 por “ruptura da ordem democrática”, prevista no Protocolo de Ushuaia. Essa punição é de grande gravidade, e fora adotada por todos os outros membros do MERCOSUL, o que leva a necessidade de quando o país quiser voltar ao bloco, deverá além de cumprir com todos os compromissos firmados,

(21)

deve haver o restabelecimento da normalidade institucional e democrática no país. (COSTA, 2019)

2.2 DESCRIÇÃO NORMATIVA DO MERCOSUL

Para Kant a essência da política internacional baseia-se nos vínculos sociais transnacionais entre os seres humanos, sendo estes, cidadãos de um Estado. Kant considera que o quesito primordial do direito internacional está na relação entre todos os homens, portanto, para que se haja a paz perpétua, Kant prevê a necessidade da regulação através do Direito. (SANTOS; SANTOS, 2015)

A criação do Mercosul em 1991, partindo da regulação do Direito de Integração, assim como do Direito Internacional, baseando-se nos sistemas democráticos de governo, instituindo solução de controvérsias pacíficas dos conflitos, demonstra a influência Kantiana nos processos regionais de integração, demonstrando a importância do respeito a democracia, já que o cumprimento das normas programadas em conjunto, no caso do Mercosul, em consenso entre os Estados Partes, espera-se que o cumprimento se dê de forma voluntária, e quando surgir conflitos, que estes sejam solucionados de forma pacífica por meio da resolução de conflitos. (SANTOS; SANTOS, 2015)

Para iniciar o estudo a repeito da descrição normativa do MERCOSUL, faz-se necessário ressaltar o direito da Integração, este cuida das relações entre Estados soberanos, em suas relações internacionais, com o surgimento de blocos econômicos, cujo objetivo é a proteção e consolidação de objetivos em comum. (MARCELINO, 2013)

Conforme é abordado no artigo 2 do Tratado de Assunção, que firmou a criação do MERCOSUL, trata que o Mercado Comum estará fundado na reciprocidade de direitos e obrigações entre os Estados Partes, e já afirmam haver diferenças pontuais de ritmo para a República do Paraguai e para a República Oriental do Uruguai, respeitando aqui o princípio da igualdade, este constante no artigo 6 do Tratado de Assunção. (MERCOSUL, 1991)

A normativa do Mercosul originou-se com o Tratado de Assunção, datado de 26 de março de 1991, na data de 17 de dezembro de 1994, criou-se o Protocolo de Ouro Preto, e após 8 anos, deu-se origem o Protocolo de Olivos, este criado para solucionar as controvérsias que por acaso surjam entre os Estados-Membros, datado de 18 de fevereiro de 2002. (CAPARROZ, 2018)

Conforme explicita o artigo 41 do Protocolo de Ouro Preto (1994), serão fontes jurídicas do Mercosul:

(22)

I - o Tratado de Assunção, seus protocolos e os instrumentos adicionais ou complementares. II - os acordos celebrados no âmbito do Tratado de Assunção e seus protocolos;

III - as Decisões do Conselho do Mercado Comum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissão do Mercosul, adotadas desde a entrada em vigor do Tratado de Assunção.

Com o advento do Protocolo de Olivos (2002), explicitou-se como fonte jurídica a utilização dos princípios do Direito Internacional, para a Resolução de Controvérsias do Mercosul, como descrito abaixo:

Artigo 34 – Direito Aplicável

1. Os Tribunais Arbitrais Ad Hoc e o Tribunal Permanente de Revisão decidirão a controvérsia com base no Tratado de Assunção, no Protocolo de Ouro Preto, nos protocolos e acordos celebrados no marco do Tratado de Assunção, nas Decisões do Conselho do Mercado Comum, nas Resoluções do Grupo Comum e nas Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul, bem como nos princípios e disposições de Direito Internacional aplicáveis à matéria.

Como o Direito é uma ciência mutável, quando há alguma lacuna, alguma brecha, adota-se assim, as fontes complementares do Direito, estas são constituídas pela jurisprudência, pelos costumes e pelos princípios. Assim como estudos doutrinários. (DROMI, EKMEKDJLAN, RIVIERA, 1996)

Os Tribunais Ad Hoc e o Tribunal Permanente de Revisão (TPR) utilizam-se de três tipos de princípios, sendo eles: princípios do Direito Internacional Geral, Direito do Comércio Internacional e do Direito de Integração. Por ser o Mercosul uma organização internacional, conclui-se por certo a utilização do Direito Internacional Geral. A professora Maristela Basso afirma que os princípios do Direito Internacional Geral são: “direitos dos tratados, as regras sobre imunidades e privilégios.” (BASSO, 2007)

O Mercosul foi criado para que houvesse um livre comércio entre os Estados Partes, por consequência, o Direito Comercial Internacional também já está implícito devido ao objetivo do bloco econômico, que é a liberalização comercial de seus membros. (NUNES JUNIOR, 2004)

O Tratado de Assunção adotou o instituto da intergovernamentalidade, e foi ratificada no Protocolo de Ouro Preto em seu artigo 2º, prevendo como “órgãos com capacidade decisória, de natureza intergovernamental, o Conselho do Mercado Comum, O Grupo Mercado Comum e a Comissão de Comércio do Mercosul.” (MERCOSUL, 1996)

Segundo Marcelino (2013) o instituto da intergovernabilidade:

… estabelece a não delegação de soberania dos Estados, ou seja, os Estados Partes ao assinar o Tratado adotam a intergovernabilidade, e assim devem se mostrar mais abertos para as normas do bloco, normas estas que são aceitas por todos os membros do bloco, conforme previsto no referido Tratado.

(23)

Segundo Ainhoren (2011) esse instituto da intergovernabilidade dificulta uma melhor unificação das normas, visto que os Estados Partes não sujeitam sua soberania a um ente supranacional. Segundo ele:

[…] estruturas de tipo intergovernamental onde estão representados os interesses de cada Estado, cujas decisões estão submetidas à regra da unanimidade depend)endo de posterior ratificação pelos órgãos nacionais. Descartou-se a criação de órgãos supranacionais, acima dos Estados, que poderiam aplicar suas decisões, diretamente, sem transposição para o direito interno dos Estados Partes e concedeu-se à obrigatoriedade das normas jurídicas do Mercosul um caráter precário e condicionado.

Como o Mercosul encontra-se em um bloco, a jurisprudência utiliza como princípios fundamentais os elementos usados como balizadores do bloco, que são: elementos econômicos, jurídicos e políticos utilizados como fundamentos do sistema comunitário. (STRENGER, 2009)

Nos laudos dos Tribunais Ad Hoc, os árbitros utilizaram os princípios dos laudos anteriores como base na confecção das novas controvérsias, para que houvesse assim, uma maior segurança jurídica. Como a Controvérsia do Brasil e Argentina, sobre os produtos fitossanitários, foi a sétima a ser solucionada pelo Tribunal Ad Hoc, pode-se observar a tendência adotada pelos árbitros reiterando os princípios e os fundamentos utilizados nos laudos anteriores, representando assim uma consolidação e definição do Direito. (STRENGER, 2009)

É o que afirma a professora Maristela Basso (2007):

No que se refere aos princípios do Direito de Integração aplicados ao Mercosul são valiosos os laudos arbitrais já proferidos pelos Tribunais Arbitrais Ad Hoc. A análise dos mesmos revela a reflexão aprofundada acerca dos princípios fundamentais sobre os quais se deve assentar a constituição do Mercado Comum do Sul.

Com o advento do Tribunal Permanente de Revisão no ano de 2002, o qual começou a viger no ano de 2004, utilizou-se desta tendência para perpetuar o direito, porém, na controvérsia aqui estudada, que é a Controvérsia dos Obstáculos impostos a entrada de produtos fitossanitários argentinos no mercado brasileiro, ainda não estava instituído o Tribunal Permanente de Revisão (TPR), sendo assim, as Controvérsias no Mercosul regiam-se pelo Protocolo de Brasília, que é do ano de 1991, entrou em vigor no ano de 1993, seguindo o artigo 3, e o anexo III do Tratado de Assunção as partes se comprometeram em adotar um Sistema de Solução de Controvérsias que vigoraria durante um período de transição.

Conforme o artigo 34 do Tratado de Brasília, este sistema de controvérsias vigoraria até a construção do Sistema Permanente de Controvérsias para o Mercado Comum, a que o artigo 3 do Tratado de Assunção faz menção. De acordo com o Protocolo de Olivos em seu

(24)

artigo 55, a partir de sua entrada em vigência, o Protocolo de Brasília encontra-se derrogado. (MERCOSUL, 2004)

A autora Elizabeth Accioly Rodrigues da Costa (2003) entende que as muitas críticas proferidas ao sistema de Solução De Controvérsias do Mercosul, embora pertinentes quanto a sua morosidade e aperfeiçoamento, entende que a programação dada a sua construção e desenvolvimento dado a medida que o bloco que foi se erguendo e alcançando novos patamares, foi a mais coerente a ser adotada para que o bloco evoluísse. A consolidação da União Aduaneira se desenvolvendo ao longo do tempo, com a escolha do mecanismo de resolução de litígios, e a opção pelo modelo intergovernamental foi a escolha certa.

Como o Mercosul se trata de uma organização internacional, o direito origina-se a partir de tratado ou conjunto de convenções que o bloco econômico faz parte, dos quais indicam sua função, e regula sua estrutura institucional, dentre outras coisas. (NUNES JUNIOR, 2004)

O Tratado de Assunção e o Protocolo de Ouro Preto surgiram de conferências internacionais, já o Protocolo de Olivos partiu-se de decisões do Conselho do Mercado Comum. (CAPARROZ, 2018)

Assim, o poder normativo refere-se à capacidade de orientação e de superação dos direitos nacionais, que colidirem de alguma forma com o direito interno de cada Estado Parte, aqui o objetivo a que os Estados buscam, é o da integralização como previsto no art. 2 do Protocolo de Assunção. (BORGES, 2003)

Para que haja uma vida social equilibrada, utiliza-se do pensamento jurídico e político para regrar o comportamento de todos, de forma que a regra é geral, e é igual para todos, seguindo o princípio constitucional da igualdade, presente no art. 5º, caput, da CF/88, “Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à visa, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,...” (BRASIL, 1988)

Há uma necessidade de ser analisada a questão ambiental por todos os países em conjunto, de modo que os recursos naturais sejam preservados para as futuras gerações, como transcrito no art. 225 da CF/88, “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” (BRASIL, 1988)

Há presente nas diversas leis, acordos, convenções e Tratados internacionais, assim como no MERCOSUL, normas que devem ser seguidas de forma a preservar qualquer perigo

(25)

que possa vir a danificar o meio ambiente. Como o MERCOSUL é um bloco econômico, o comércio de produtos é um de seus objetivos, há uma legislação a ser seguida, porque o meio ambiente é fonte de recursos limitados, sendo assim, qualquer dano que vir a ser concretizado pode não ter mais volta, e também há no MERCOSUL legislação protegendo que os países utilizem esse argumento para disfarçar o protecionismo sem a necessidade de esclarecer e qualificar as medidas adotadas através de justificativas científicas apropriadas. (AMARAL JUNIOR, 2015)

2.3 DESCRIÇÃO INSTITUCIONAL DO MERCOSUL – PRINCIPAIS ÓRGÃOS DO MERCOSUL

Como o presente trabalho trata-se de um estudo de caso do Tribunal Ad Hoc do Mercosul, convém estudarmos os principais órgãos que fazem parte do bloco, pois que esses órgãos tomam as decisões necessárias para a resolução das controvérsias. É importante salientar que os órgãos do Mercosul, possuem caráter intergovernamental, concluindo as decisões de forma consensual e na presença de representantes de todos os Estados Partes. (MERCOSUL, 1994)

O Tratado de Assunção, em seu capítulo II, versava sobre a criação e o funcionamento da estrutura institucional provisória do Mercosul, e posteriormente haveria uma reunião extraordinária para a criação definitiva dos órgãos de administração do Mercado Comum, e também com suas funções. (ANDRADE, 2013)

Os Estados Partes em consonância com o entendimento da importância dos avanços alcançados e da implementação da união aduaneira como etapa para a construção do mercado comum, reafirmando os princípios acordados e objetivos existentes no Tratado de Assunção, e certos da necessidade de uma consideração especial para países e regiões menos desenvolvidas do Mercosul, os Estados Partes acordam com a estrutura institucional do Mercosul contará com alguns órgãos. (OLIVEIRA, 2018)

● Conselho do Mercado Comum (CMC) ● Grupo Mercado Comum (GMC)

● Comissão de Comércio do Mercosul (CCM) ● Comissão Parlamentar Conjunta (CPC) ● Foro Consultivo Econômico Social (FCES) ● Secretaria Administrativa do Mercosul (SAM)

Após alguns anos a Comissão Parlamentar Conjunta foi substituída pelo Parlamento do Mercosul, como também fora criado o Tribunal Permanente de Revisão, com o advento do

(26)

Protocolo de Ouro Preto. No parágrafo único do artigo 1º, consta que poderão ser criados, nos termos do Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção, os órgãos auxiliares que se fizerem necessários para a concretização dos objetivos ao processo de integração. (MARQUES, 2014)

Conselho do Mercado Comum - CMC

O Conselho do Mercado Comum (CMC) é o órgão superior do MERCOSUL, designado a condução política do processo de integração e da tomada de decisões, de forma a assegurar o devido cumprimento dos objetivos acordados no Tratado de Assunção, e é também a instância máxima de decisão do Mercosul. O CMC funciona por meio de Decisões, as quais possuem natureza jurídica vinculante, é integrado pelos Ministros de Relações Exteriores e pelos Ministros da Economia ou equivalentes dos Estados partes. (CAPARROZ, 2018)

A Presidência do CMC é exercida de forma rotativa, com duração de seis meses, e está estabelecido que a presidência será alternada pelos Estados-Membros em ordem alfabética. Os encontros serão coordenados pelos Ministérios das Relações Exteriores, sendo possível o convite a outros Ministros ou autoridades de nível ministerial. Ficou estabelecido que haverá pelo menos uma reunião no período de 6 meses, nesta situação haverá a transferência da presidência do CMC, com a presença dos Presidentes das Repúblicas dos Estados Partes, podendo haver outras reuniões, sempre que necessário. (TREVISAN, 2011)

Grupo Mercado Comum – GMC

O Grupo Mercado Comum (GMC) é o órgão executivo do Mercosul responsável por sua gestão, sendo subordinado ao CMC, é responsável a adotar as medidas necessárias para o devido cumprimento das decisões proferidas pelo Conselho Mercado Comum. A ele se deve a fixação de programas que visem o avanço econômico do bloco. Fazem parte do GMC quatro membros titulares, cada um representado por um Estado Parte, que será determinado por seus governos, e deve haver representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, os quais são responsáveis pela coordenação dos trabalhos, representantes dos Ministérios da Economia ou equivalente e dos Bancos Centrais. (CAPARROZ, 2018)

O GMC adota como decisões, as Resoluções, que são de caráter obrigatório, as reuniões adotadas pelo GMC serão feitas sempre que necessário, quantas vezes forem necessárias, podendo ser de caráter ordinário ou extraordinário, conforme informa seu Regimento Interno. (MERCOSUL, 1994)

(27)

Comissão de Comércio do Mercosul (CCM)

A Comissão de Comércio do Mercosul é o órgão responsável pela concretização dos instrumentos de política comercial pactuados pelos Estados Partes do Mercosul, para que assim funcione a união aduaneira, e é responsável também para acompanhar e revisar os temas e matérias relacionados às políticas comerciais, ao comércio linha-bloco e às relações com terceiros países. (CAPARROZ, 2018)

A Comissão de Comércio do Mercosul forma-se com quatro membros por Estado, estes também são coordenados pelos Ministérios das Relações Exteriores, e manifestam-se através de diretivas ou propostas, sendo as diretrizes de caráter obrigatório. As reuniões são determinadas para que aconteçam uma vez ao mês, e também sempre que for solicitado pelo Grupo Mercado Comum ou por algum Estado Parte. (MERCOSUL, 1994)

Para facilitar o intercâmbio das informações e para que possam analisar os instrumentos de política comercial comum, a CCM definiu como meio de informação, o mecanismo de consultas, que tratam dos procedimentos administrativos ou comerciais em que os países podem se comunicar, está regulado pela Diretriz 6/96, As consultas são questionamentos dos procedimentos administrativos ou comercias em que os países fazem uns aos outros, apresentadas nas reuniões ordinárias ou extraordinárias da CCM. (BRASIL, 2020)

O Parlamento do Mercosul

O Parlamento do Mercosul originou-se em 2.006, substituiu então a Comissão Parlamentar Conjunta, e possui como responsabilidade a representação dos interesses dos cidadãos dos Estados Partes do Mercosul. (CAPARROZ, 2018)

A criação de um órgão legislativo permanente, se deu pela necessidade da harmonização da legislação do Mercosul, que seja competente a atender à demanda de assuntos que interessam às partes envolvidas. Por conta disso, no ano de 2004, foi assinada a Decisão CMC n. 49/2004, dando poderes para que a Comissão Parlamentar Conjunta criasse o Protocolo de Constituição do Parlamento do Mercosul. (BORGES, 2013)

No ano de 2007 na sede oficial do Parlamento, na cidade de Montevidéu, Uruguai, na Sessão de Instalação, inaugurou-se o processo de constituição de um parlamento definitivo do Mercosul. A primeira faze deu-se de 2007 a 2010, onde cada Estado-Membro indicou dezoito membros de seus parlamentos nacionais para que compusessem o parlamento do Mercosul. A segunda fase foi a fase de transição, que ocorreu entre o ano de 2011 a 2014, quando o Parlamento passou a funcionar definitivamente. (CAPARROZ, 2018)

(28)

As reuniões do Parlamento e de suas Comissões acontecem publicamente, ressalvando-se quando versar sobre assunto de natureza sigilosa. Nas reuniões todos os parlamentares possuem direito a voto e direito a voz. Os Estados associados por sua vez, podem participar das reuniões públicas, porém não possuem direito a voto, mas possuem direito a voz. (CAPARROZ, 2018)

Os princípios que regem as atividades do Parlamento, são os princípios existentes nas constituições dos membros do Mercosul, contando com o pluralismo político, o respeito aos direitos humanos, a tolerância, o repúdio a qualquer forma de discriminação, a promoção ao desenvolvimento econômico sustentável, a justiça e a equidade. (BRASIL, 2006)

Foro Consultivo Econômico Social – FCES

O Foro Consultivo Econômico Social é o órgão responsável pela representação econômica e social dos Estados Partes, sua função é consultiva, e manifestar-se-á através de recomendações ao Grupo Mercado Comum. São suas principais funções: a promoção do progresso econômico e social das políticas de integração; a promoção de normas e políticas econômicas e sociais que objetivem a integração; o acompanhamento, a análise e avaliação do impacto social e econômico das políticas de integração; exercer papel teórico, com a promoção de pesquisa, seminários e estudos, que tenham relação com as questões econômicas e sociais do bloco. (MERCOSUL, 2020)

Secretaria do Mercosul

Esse órgão possui como responsabilidade prestar o apoio operacional, e prestará serviços de caráter técnico aos demais órgãos do Mercosul, este com sede permanente em Montevidéu, como mencionado anteriormente. (MERCOSUL, 2020)

O responsável pela Secretaria do Mercosul ocupa a função de Diretor, este deverá ser eleito pelo Grupo Mercado Comum, depois de consulta prévia aos Estados Partes e, designado então pelo Conselho Mercado Comum, com mandato de duração de dois anos, para essa função, não é possível a reeleição. (CAPARROZ, 2018)

Esse desenvolvimento na estrutura institucional do Mercosul é de extrema valia, visto que sempre fora objeto de críticas, mas como tudo na vida, aos poucos vão se aperfeiçoando e adquirindo especialidade e eficiência. Com a entrada em vigor do Protocolo de Olivos para a Solução de Controvérsias, o Mercosul alcançou uma maior estabilidade, garantindo uma maior segurança jurídica, de modo a garantir a correta interpretação e aplicação das normas jurídicas. (CAPARROZ, 2018)

(29)

Fora lançado pelo Grupo Mercado Comum, através da Resolução GMC n. 06/2010, a criação da Reunião de Alto Nível para a Análise Institucional do MERCOSUL (RANAIM), com a responsabilidade de analisar o que for mais relevantes para o melhoramento da estrutura institucional, de forma a fortalecer as suas instituições e alcançar maior integração. (CAPARROZ, 2018)

2.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

A construção do bloco econômico do Mercosul demonstra uma criação sólida de suas bases, os Estados Partes já viabilizaram desde o Tratado de Assunção uma norma que

vigorasse provisoriamente para que fosse aperfeiçoada ao longo do tempo, e conforme as necessidades vão aparecendo.

As decisões são tomadas de forma consensual entre todos, assim nada é imposto, e todos participam das decisões de forma equânime. Podemos observar que o bloco econômico do Mercosul, objetiva a adesão dos outros países, de forma a assegurar o desenvolvimento do continente todo, e não apenas dos mais fortes, essa união já é demonstrada desde base

idealizada do Tratado, aparecendo pelos princípios bases, e consolidando ainda mais com o tempo, e com novas normativas e a criação de instituições.

No próximo capítulo abordaremos sobre o caso estudo do trabalho que é sobre os obstáculos ao ingresso de produtos fitossanitários argentinos ao mercado brasileiro, e veremos a importância dessa base estabilizada pelas instituições e normativa, de forma a assegurar o seu aperfeiçoamento e sua evolução em todos os campos, como o comércio, objeto central do bloco econômico e do Direito de Integração, a política, a cultura e tantos outros que serão criados e aperfeiçoados ao longo do tempo.

(30)

3 CASO ESPECÍFICO ARGENTINA X BRASIL, LAUDO VII DO TRIBUNAL DO MERCOSUL, “OBSTÁCULOS AO INGRESSO DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS ARGENTINOS NO MERCADO BRASILEIRO”

Com o Tratado de Assunção (1991), o projeto de integração tornou-se mais dinâmico, demonstrando ser fundamental para a diplomacia dos países envolvidos, de forma a revitalizar a integração no Cone Sul, ao mesmo tempo que houvesse a ampliação e melhoria dos mecanismos decisórios. (VIGEVANI; MARIANO; MENDES, 2002)

O caso envolvendo o Brasil e a Argentina ocorreu em 2002, como mencionado anteriormente, e conforme o Tratado de Assunção, o objetivo era o de estabelecer o compromisso para que os Estados Partes harmonizassem suas legislações nas áreas que se fizessem necessárias. Onde o objetivo dos sócios era o de pactuar soluções comuns para o fortalecimento do processo de Integração do bloco econômico. Poderemos observar que foi o que aconteceu no caso em tela, observando os requisitos necessários para a melhor solução analisando o conjunto todo.

3.1 SISTEMA DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS

O Sistema de Solução de Controvérsias fora criado pelos Estados Partes do MERCOSUL, e iniciou-se com o Tratado de Assunção em 1991, no qual previa a solução por negociação direta e por conciliação das partes em litígio. Com o advento do Protocolo de Brasília, também do ano de 1991, instituiu-se os Tribunais Arbitrais Ad Hoc, que foi utilizado no presente estudo de caso, objetivo do trabalho. Para completar a evolução da solução de divergências, em 1994, instituiu-se o Protocolo de Ouro Preto, em que foi acrescentado uma fase pré-conciliatória, e em 2002, instituíram o Protocolo de Olivos, com o advento do Tribunal Permanente de Revisão. (CAPARROZ, 2018)

O Protocolo de Brasília, com o procedimento de solução de controvérsias estabelecido atuaria para solução das controvérsias que viessem a surgir entre os sócios do Mercosul, sobre a interpretação, a aplicação ou o não cumprimento das disposições estabelecidas no Tratado de Assunção, dos acordos celebrados no âmbito desse, das Decisões do Conselho e das Resoluções do GMC. (MOURA, 2000)

O Sistema de Solução de Controvérsias já fora criado com o intuito de ser transitório, para que seja gradativamente melhorado com o tempo, e é necessário que haja consenso dos

(31)

Estados-Membros, de forma a se evitar a criação de órgãos supranacionais, mantendo assim a soberania dos Estados-Membros intacta. (BAPTISTA, ACCIOLY, 2007)

No Protocolo de Brasília já vinha previsto que o particular poderia entrar com uma reclamação, aqui ao tratar-se de particular, considera-se pessoas físicas ou jurídicas, e fora mantido no Protocolo de Olivos, alcançando quem sofra alguma sanção ou aplicação, por algum dos Estados Partes, de medidas legais ou administrativas com efeito restritivo, discriminatórios ou de concorrência desleal, violando assim algum acordo celebrado em marco do Tratado de Assunção, ou violação do Protocolo de Ouro Preto, das Decisões do Conselho do Mercado Comum, das Resoluções do Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul. (MERCOSUL, 2002)

A reclamação particular terá início com a formalização da reclamação na Seção Nacional do Grupo Mercado Comum, da qual pertença a residência desse particular. A reclamação fornecerá ao órgão a possibilidade de verificar a presença dos elementos necessários, para que a Seção possa decidir se irá ou não dar seguimento a reclamação. (MERCOSUL, 2002)

Em seguida, caso tenha dado prosseguimento a reclamação, a Seção Nacional entrará em contato com a Seção Nacional reclamada, a fim de se chegar a algum consenso. Caso não haja acordo, a Seção Reclamante notificará o Grupo Mercado Comum, que irá analisar a presença dos requisitos necessários a demanda, previstos no artigo 40 do Protocolo de Olivos, os quais fora analisado pela Seção Nacional. O GMC rejeitará a reclamação, se achar não estar presentes os requisitos necessários, deverá decidir em consenso, sem mais trâmites necessários. (MERCOSUL, 2002)

Se o GMC entender por sua aceitação, procederá com a convocação de um grupo de especialistas para que em um prazo de 30 dias, emita um parecer sobre sua procedência. Ao longo da produção do parecer dos especialistas, será proporcionado as partes para que apresentem seus argumentos em uma audiência conjunta. Caso o grupo de especialistas decidirem de forma unânime, pela improcedência da reclamação do particular, será declarada encerrada, o que será concluída também caso não haja unanimidade entre os especialistas. Quando o parecer se der de forma unânime pela procedência da reclamação, qualquer dos Estados Partes poderá pedir medidas corretivas ou mesmo a anulação das medidas porventura questionadas. (CAPARROZ, 2018).

É oportunizado a parte reclamante, caso a decisão do grupo de especialistas não ocorra de forma unânime, a possibilidade de tratar o assunto de forma direta, ou requisitar a intervenção do GMC, ou optar pelo procedimento de arbitragem Ad Hoc. O Sistema de

(32)

Solução de Controvérsias do MERCOSUL, assegurou ao particular seu acesso, contudo, deverá passar pela análise da Seção Nacional do GMC. (SANTOS; QUIRINO FILHO; PEREIRA, 2008)

Quando tratar-se de conflito entre Estados, o art. 1º do Protocolo de Olivos, prevê que as demandas levadas ao Sistema de Solução de Controvérsias, deverá versar sobre a interpretação, aplicação e o não cumprimento das disposições previstas nos Tratados constitutivos, nas decisões, resoluções e diretrizes dos órgãos administrativos do Mercosul. (MERCOSUL, 2002)

No artigo 21 do Protocolo de Outo Preto há a competência da CCM, que é a de responder as consultas e reclamações que forem apresentadas pelas Seções Nacionais da CCM, originadas pelos Estados-Membros, exercendo assim uma fase pré contenciosa. Ao optar pela fase pré contenciosa, não impede a parte de utilizar ao mesmo tempo etapas diversas do Sistema de Solução de Controvérsias. (MERCOSUL, 1994)

3.2 PROCEDIMENTO ARBITRAL

A República da Argentina entrou com um pedido perante o Diretor da Secretaria Administrativa do MERCOSUL, situada na cidade de Montevidéu, no dia 14 de novembro de 2001. Com a decisão do Governo argentino de dar início ao procedimento arbitral, este descrito no Capítulo IV do Protocolo de Brasília, para quando houvesse alguma situação de controvérsia entre os Estados partes, atuasse para mediar e solucionar eventual controvérsia. No caso analisado, a República Argentina adentrou com pedido contra a República Federativa do Brasil alegando que o país estava adotando “Obstáculos à entrada de produtos fitossanitários argentinos no mercado brasileiro. (MERCOSUL, 2002)

A Argentina alegou que o Brasil, então reclamado, não aderiu às Resoluções do Grupo Mercado Comum de n.º 48/96, 87/96, 149/96, 156/96 e 71/98, de forma a impedir a efetiva concretização do MERCOSUL. (MERCOSUL, 2002)

Conforme Laudo do Tribunal Arbitral – Laudo VII, do Mercosul (2002), o procedimento a ser adotado na controvérsia baseou-se no Protocolo de Brasília, visto que se encontrava no período de transição, antes de ter incorporado ao processo de integração, o Tribunal Permanente de Revisão, que veio a integrar-se em 18 de fevereiro de 2002, em substituição ao Protocolo de Brasília, portanto o procedimento adotado na controvérsia foi o estabelecido pelo Protocolo de Brasília.

(33)

Constituiu-se o funcionamento do Tribunal arbitral “Ad Hoc” para a solução da controvérsia em 27 de dezembro de 2001, composto pelos Senhores Árbitros Ricardo Oliveira García (Árbitro Presidente), Héctor Masnatta e Guido Fernando Silva Soares, cidadãos nacionais da República Oriental do Uruguay, República Argentina e República Federativa do Brasil, respectivamente. (MERCOSUL, 2002)

No documento de reclamação perante a Secretaria Administrativa do MERCOSUL em Montevidéu, a República Argentina nomeou como sua representante a Ministra María Boldorini e como representantes alternos, Dra. Susana Czar de Zalduendo e o Lic. Adrián Makuc, e a República Federativa do Brasil nomeou em seu documento de resposta, apresentado perante a secretaria administrativa do MERCOSUL, o Primeiro Secretário Carlos Márcio Bicalho Cozendey. (MERCOSUL, 2002)

Como auferimos no Laudo do Tribunal Arbitral – Laudo VII, do Mercosul (2002) na ata de sessão de n.º 1, quando da constituição do Tribunal Ad Hoc, com o objetivo de solucionar a controvérsia em questão, declarou-se como Presidente o Senhor Doutor Ricardo Olivera García, obedecendo ao estabelecido no artigo 9, alínea 1, i) do Protocolo de Brasília.

Fora examinado as respectivas nomeações dos árbitros, e analisado que estava em conformidade o estabelecido no Protocolo de Brasília e estava tudo de acordo com o Regulamento. Fora comprovado então que os três árbitros estavam devidamente incluídos na lista estabelecida no artigo 10 do Protocolo de Brasília, o que determina que casa Estado Parte designe 10 (dez) árbitros, para composição da lista, sendo esta registrada e mantida na Secretaria Administrativa do MERCOSUL, e a lista deverá ser mantida atualizada, devendo todos os Estados Partes terem conhecimento dos nomes ali contidos. (MERCOSUL, 2002)

Seguiu-se o procedimento traçado no Protocolo de Brasília, Mercosul (1991), a respeito da lista dos árbitros, como também o que requer o artigo 16 para a solução de controvérsias, no qual diz: “Aos Estados Partes na controvérsia informarão o Tribunal arbitral acerca das instâncias cumpridas antes do procedimento arbitral e farão uma breve exposição dos fundamentos de fato ou de direito de suas respectivas posições.”

Seguido os procedimentos determinados deu-se a assinatura por cada um dos árbitros com a declaração de que tudo estava sendo feito corretamente, como previsto em lei. (MERCOSUL, 2002).

No mesmo ato, fora abordado pelo Tribunal arbitral, segundo o Laudo VII, do Mercosul (2002), as regras contidas no artigo 15 e artigo 20 do Protocolo de Brasília, conforme procedimento normatizado.

Referências

Documentos relacionados

Nesta perspectiva, observamos que, após o ingresso dos novos professores inspetores escolares na rede da Secretaria de Estado de Educação, houve um movimento de

É importante esclarecer que, com a divulgação dos resultados do desempenho educacional do estado do Rio de Janeiro em 2010, referente ao ano de 2009, no IDEB, no qual

O Processo Seletivo Interno (PSI) mostra-se como uma das várias ações e medidas que vêm sendo implementadas pela atual gestão da Secretaria de Estado.. Importante

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

O presente capítulo apresenta o Plano de Ação Educacional, que propõe o desenvolvimento de um espaço de reflexão que permita que a Secretaria de Estado de Educação do

O caso de gestão estudado discutiu as dificuldades de implementação do Projeto Ensino Médio com Mediação Tecnológica (EMMT) nas escolas jurisdicionadas à Coordenadoria

Todas as outras estações registaram valores muito abaixo dos registados no Instituto Geofísico de Coimbra e de Paços de Ferreira e a totalidade dos registos

As análises serão aplicadas em chapas de aços de alta resistência (22MnB5) de 1 mm de espessura e não esperados são a realização de um mapeamento do processo