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A República da Argentina entrou com um pedido perante o Diretor da Secretaria Administrativa do MERCOSUL, situada na cidade de Montevidéu, no dia 14 de novembro de 2001. Com a decisão do Governo argentino de dar início ao procedimento arbitral, este descrito no Capítulo IV do Protocolo de Brasília, para quando houvesse alguma situação de controvérsia entre os Estados partes, atuasse para mediar e solucionar eventual controvérsia. No caso analisado, a República Argentina adentrou com pedido contra a República Federativa do Brasil alegando que o país estava adotando “Obstáculos à entrada de produtos fitossanitários argentinos no mercado brasileiro. (MERCOSUL, 2002)

A Argentina alegou que o Brasil, então reclamado, não aderiu às Resoluções do Grupo Mercado Comum de n.º 48/96, 87/96, 149/96, 156/96 e 71/98, de forma a impedir a efetiva concretização do MERCOSUL. (MERCOSUL, 2002)

Conforme Laudo do Tribunal Arbitral – Laudo VII, do Mercosul (2002), o procedimento a ser adotado na controvérsia baseou-se no Protocolo de Brasília, visto que se encontrava no período de transição, antes de ter incorporado ao processo de integração, o Tribunal Permanente de Revisão, que veio a integrar-se em 18 de fevereiro de 2002, em substituição ao Protocolo de Brasília, portanto o procedimento adotado na controvérsia foi o estabelecido pelo Protocolo de Brasília.

Constituiu-se o funcionamento do Tribunal arbitral “Ad Hoc” para a solução da controvérsia em 27 de dezembro de 2001, composto pelos Senhores Árbitros Ricardo Oliveira García (Árbitro Presidente), Héctor Masnatta e Guido Fernando Silva Soares, cidadãos nacionais da República Oriental do Uruguay, República Argentina e República Federativa do Brasil, respectivamente. (MERCOSUL, 2002)

No documento de reclamação perante a Secretaria Administrativa do MERCOSUL em Montevidéu, a República Argentina nomeou como sua representante a Ministra María Boldorini e como representantes alternos, Dra. Susana Czar de Zalduendo e o Lic. Adrián Makuc, e a República Federativa do Brasil nomeou em seu documento de resposta, apresentado perante a secretaria administrativa do MERCOSUL, o Primeiro Secretário Carlos Márcio Bicalho Cozendey. (MERCOSUL, 2002)

Como auferimos no Laudo do Tribunal Arbitral – Laudo VII, do Mercosul (2002) na ata de sessão de n.º 1, quando da constituição do Tribunal Ad Hoc, com o objetivo de solucionar a controvérsia em questão, declarou-se como Presidente o Senhor Doutor Ricardo Olivera García, obedecendo ao estabelecido no artigo 9, alínea 1, i) do Protocolo de Brasília.

Fora examinado as respectivas nomeações dos árbitros, e analisado que estava em conformidade o estabelecido no Protocolo de Brasília e estava tudo de acordo com o Regulamento. Fora comprovado então que os três árbitros estavam devidamente incluídos na lista estabelecida no artigo 10 do Protocolo de Brasília, o que determina que casa Estado Parte designe 10 (dez) árbitros, para composição da lista, sendo esta registrada e mantida na Secretaria Administrativa do MERCOSUL, e a lista deverá ser mantida atualizada, devendo todos os Estados Partes terem conhecimento dos nomes ali contidos. (MERCOSUL, 2002)

Seguiu-se o procedimento traçado no Protocolo de Brasília, Mercosul (1991), a respeito da lista dos árbitros, como também o que requer o artigo 16 para a solução de controvérsias, no qual diz: “Aos Estados Partes na controvérsia informarão o Tribunal arbitral acerca das instâncias cumpridas antes do procedimento arbitral e farão uma breve exposição dos fundamentos de fato ou de direito de suas respectivas posições.”

Seguido os procedimentos determinados deu-se a assinatura por cada um dos árbitros com a declaração de que tudo estava sendo feito corretamente, como previsto em lei. (MERCOSUL, 2002).

No mesmo ato, fora abordado pelo Tribunal arbitral, segundo o Laudo VII, do Mercosul (2002), as regras contidas no artigo 15 e artigo 20 do Protocolo de Brasília, conforme procedimento normatizado.

No artigo 15 do Protocolo de Brasília, âmbito do Mercosul (1991), determinava que a sede do Tribunal Arbitral fosse fixada em cada caso a ser analisado, e que seria adotado as próprias regras de procedimento a cada caso específico. De tal forma que fosse garantido a ambas as partes na controvérsia o direito a ampla defesa e o contraditório, e que fosse assegurado que os processos se realizassem em forma expedita.

No artigo 20 do Protocolo de Brasília, Mercosul (1991), determinava que o Tribunal Arbitral deveria se manifestar no prazo de 2 (dois) meses, podendo ser prorrogável por mais 30 dias, a partir da designação do Presidente do Tribunal. No mesmo artigo era determinado que a votação se daria por maioria, e que deveria ser motivada e firmada pelo Presidente e pelos demais árbitros, os votos dissidentes não poderiam ser fundamentados, e toda a votação deveria ser mantida a sua confidencialidade.

Segundo o Laudo VII do Mercosul (2002) fora apresentado em 4 de janeiro de 2002, tempestivamente e de forma devida a reclamação da República Argentina, sendo este recebido pelo Tribunal Arbitral e apresentado a todos na mesma data. No dia 11 do mesmo mês, a República Federativa do Brasil solicitou ao Tribunal Arbitral uma prorrogação por 30 (trinta) dias para que pudesse ser produzida a devida resposta em face da reclamação da Argentina, A parte reclamante concedeu a sua anuência sobre a prorrogação do tempo para produção da resposta. E em conformidade com a Parte Reclamante, o Tribunal Arbitral concedeu ao Brasil a prorrogação solicitada, o Brasil então apresentou a sua resposta em 8 de fevereiro de 2002.

De acordo com o Laudo do Tribunal Arbitral – Laudo VII, do Mercosul (2002) com a devida convocação, em 1º de março de 2002, realizou-se uma Audiência para diligenciar a produção da prova testemunhal oferecida, e a determinação da sede conforme previsto no art. 15 do Protocolo de Brasília. Fora decidido pelo Tribunal Arbitral aceitar as provas documentais apresentadas pelas Partes, tendo procedido com a interrogação das testemunhas propostas e também fora tomado por termo as respectivas alegações orais das partes. Houve a concordância das Partes a respeito da prorrogação para o pronunciamento do laudo Arbitral até o dia 19 de abril de 2002. A República Federativa do Brasil solicitou a incorporação de prova documental adicional, sendo este pedido fundamentado no documento datado de 5 de março de 2002. E em 15 de março de 2002, o Tribunal Arbitral decidiu pela não aceitação da prova adicional requerida pelo Brasil.

Houve a apresentação dos devidos memoriais finais das partes tempestivamente e na forma adequada, passando-se assim, o processo para a próxima etapa, para a análise e resolução pelo Tribunal Arbitral, das provas trazidas aos autos pelas partes. (MERCOSUL, 2002).

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