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O laudo arbitral é uma decisão de mérito, levada a um ou mais árbitros, para que solucionem uma contenda, seguindo instrução pré-determinada. O(s) árbitro(s) deve(m) proferir a sentença no prazo estabelecido, após toda análise das provas apresentadas pelas partes.

A sentença arbitral deverá atender a todos os pontos apresentados pelas partes. O laudo portanto, não poderá ser “ultra petita”, “citra petita” ou “extra petita”, para não incorrer em anulação.

O laudo arbitral deverá ser apreciado após a devida instrução arbitral, seguindo as regras estabelecidas com os ordenamentos jurídicos pertinentes.

Conforme explica o professor Rafael de Miranda Santos e Ricardo S. S. dos Santos (2015), o laudo é válido, devendo ser cumprido voluntariamente pela parte sucumbencial, conforme previsto pelo Protocolo de Brasília, caso a parte sucumbente não cumpra o determinado, há a previsão da adoção de medidas compensatórias (ações coercitivas), que só poderão ser adotadas, quando do não cumprimento voluntário da parte perdedora, sendo portanto, utilizada como instrumento de sanção, após o prazo determinado pelo tribunal arbitral Ad Hoc, e que houvesse o reconhecimento de situação em que houvesse violação do Direito de Integração e não cumprimento da decisão proferida pelo órgão jurisdicional.

O laudo arbitral apresentado pelo Tribunal Ad Hoc era, portanto, inapelável, e devendo ser seguido pelo país não exitoso na Controvérsia. Era possível a solicitação de esclarecimentos sobre o laudo ou uma interpretação sobre a forma com que o mesmo deveria ser cumprido.

No artigo 8º do Protocolo de Brasília (Mercosul, 1991), havia a previsão de obrigatório o reconhecimento da jurisdição dos tribunais Ad Hoc, não havia portanto, necessidade de acordo especial entre as partes, como descrito abaixo:

Artigo 8. Os Estados Partes declaram que reconhecem como obrigatória, ipso facto, e sem necessidade de acordo especial, a jurisdição do Tribunal Arbitral que em cada caso se constitua para conhecer e resolver todas as controvérsias a que se refere o presente Protocolo e se comprometem a cumprir suas decisões.

Quando o cumprimento da decisão se desse de forma voluntária pela parte vencida, encerrava-se assim a controvérsia.

Os árbitros tomaram o cuidado de adotar as medidas necessárias, conforme se pode verificar no capítulo 3, referente ao caso em questão.

O Brasil ao ser chamado para participar da Controvérsia com a Argentina no âmbito do Mercosul, ao não internalizar o ordenamento jurídico do bloco ao seu ordenamento interno, alegou a falta de prazo pré-determinado para a internalização do ordenamento comum impedindo assim a entrada em vigência no Mercosul. A controvérsia entre os dois países se deram pela demora na incorporação das normas pelo Brasil.

Pode-se observar que as fundamentações jurídicas adotadas não apenas nesse Laudo Arbitral, envolvendo Brasil e Argentina, mas também nos outros Laudos provenientes do Tribunal Ad Hoc, indicando que a tarefa a ser cumprida pelo Tribunal, não era a de decidir por uma regra determinada, mas sim a de interpretar a contenda pelo Direito de Integração, por

todo o conjunto normativo existente, de forma que fossem obedecidos os fins e objetivos que os Estados-Membros definiram desde o Tratado de Assunção, para a efetiva construção e efetivação do projeto integrador comum. (MEDEIROS, 2010)

A interpretação do conjunto normativo em que o objetivo é a integração deve-se basear nesse propósito de forma a torná-lo possível. Quando o Brasil alega que não havia prazo para o devido cumprimento da norma mercosulina, o tribunal arbitral, analisou e fundamentou a decisão indicando a necessidade da observação do princípio da razoabilidade, informando que não se deve buscar lacunas no direito, o intuito é o devido cumprimento para a almejada integração estabelecida pelos sócios, Estados Partes do Mercosul. (MEDEIROS, 2010)

O Tribunal Arbitral analisou a questão e estabeleceu a noção de prazo razoável para incorporação de normas do Mercosul, frisaram a regra descrita no art. 38 do POP, no qual dispõe da necessidade da adoção de todas as medidas necessárias para a concretização da norma do bloco, e que esta não depende de um fator externo, muito menos da vontade de um terceiro. E o tribunal ressaltou o princípio do pacta sunt servanda, em que a obrigação assumida é imposta a parte, e não há como a parte adotar as regras criadas em consenso quando melhor lhe convier, ou quando bem entender. O entendimento dos árbitros foi que a atitude adotada pelo Brasil impediu o funcionamento do sistema entre os Estados Partes. E analisando o princípio da razoabilidade, todos os outros Estados já haviam adotado as resoluções, faltando apenas o Estado brasileiro. Comparando o prazo adotado pelos Estados Partes nessa questão em específico, o prazo adotado pelo Brasil superou em muito o prazo adotado pelos outros Estados-Membros, ainda mais quando observamos que o Brasil teve uma demora de 6 anos para a internalização das normas, e os outros levaram a metade do tempo, e até mesmo a terça parte do tempo utilizado pelo Estado brasileiro, iniciando o procedimento necessário apenas quando se iniciou o Tribunal Ad Hoc, para solucionar o problema, com a implementação do Decreto 4.074, de 8 de janeiro de 2002.

O Brasil saiu vencido, os árbitros entenderam que a demora do Brasil violou portanto a livre circulação de bens na região, ao oferecer obstáculos derivados da imposição de restrições no registro dos produtos, sendo que foram eliminadas ao estabelecerem um sistema de registro simplificado, por meio das Resoluções acordadas entre os Estados Partes do Mercosul. Fazendo com que o Brasil estivesse em uma posição de descumprimento da obrigação da reciprocidade, sendo que os outros Estados-Membros já haviam cumprido com a sua obrigação.

As empresas fabricantes de defensivos agrícolas argentinas e uruguaias reclamavam da dificuldade para concretizar o registro de produtos similares em território brasileiro, em média o prazo para o registro dos produtos similares demoravam em torno de 3 anos, sendo que as Resoluções do Mercosul previa a permissão do registro por similaridade, bem como a livre circulação dos produtos fitossanitários compreendidos nas resoluções GMC n.º 48/96, 156/96 e 71/98 e eliminar todos os obstáculos ao ingresso e ao registro de produtos similares. Se fosse obedecido a previsão nas Resoluções do GMC tornaria o processo de registro muito mais simplificado do que o adotado pelo Brasil até então. (VIANA, 2004)

Os obstáculos adotados pelo Brasil, prejudicava principalmente os agricultores da fronteira, visto que eles declaravam que não havia como competir com os preços brasileiros, os insumos para a produção dos produtos eram encontrados nos países vizinhos em média 50% do valor adotado no Brasil. (VIANA, 2004)

A integração econômica no Mercosul pode ser maior, porém não pode deixar que haja um retrocesso para o meio ambiente e a saúde pública. Nesse sentido, o Brasil está mais avançado, por ter um cuidado maior, ao tratar sobre esse tema. Para que se haja uma resolução desse problema, deve ser adotado por todos os sócios a criação de normas uniformes sobre o registro e a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a pesquisa e a experimentação, bem como a produção, armazenamento, todos os procedimentos necessários para a averiguação por todos os setores envolvidos nesse setor, como os representantes do meio ambiente, da saúde e da agricultura. (VIANA, 2004)

O acordo de integração previsto no Tratado de Assunção previa a ampliação das atuais dimensões de seus mercados nacionais, através da integração, como condição sine qua non para acelerar o processo de desenvolvimento econômico com justiça social. No caput do Tratado de Assunção já se previa a necessidade da preservação do meio ambiente, a melhora da condição de vida dos seus habitantes, a modernização das suas economias, de modo que o desenvolvimento pudesse vir acompanhado de bem-estar social, para isso, além dos objetivos de livre comércio, do desenvolvimento das economias dos Estados integrantes do Mercosul, deveria haver uma preocupação com o meio ambiente, posto que se for danificado, poderá não ter volta, por isso a importância da análise de representantes de todos os setores envolvidos, para que alcancemos assim a livre circulação do comércio, que a TEC possa ser alcançada um dia, de forma a fortalecer a integração e o desenvolvimento dos Estados Partes do Mercosul, propiciando o livre comércio, respeitando nossos bens não renováveis, assim como a saúde da população e dos animais.

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