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Segundo o Laudo Arbitral do Tribunal Ad Hoc, Laudo VII, do Mercosul (2002), a República Federativa do Brasil por sua vez no documento em resposta a reclamação recebida pela Argentina, manifestou-se no sentido de que o princípio do livre comércio como se tratava de produtos fitossanitários no MERCOSUL, subordinava-se então, a necessidade da garantia da “segurança, eficiência e economia”, conforme previsto na Resolução 73/94.

A partir do Laudo Arbitral VII, do Mercosul (2002), a República Federativa do Brasil, então reclamada declarou que a adoção das Resoluções do Grupo Mercado Comum 48/96, 87/96, 149/96, 156/96 e 71/98 não esgotavam a necessidade de que fossem adotadas medidas que se fizessem necessárias para que houvesse a efetiva segurança, eficiência e economia. Com a criação do sistema transitório firmado nas Resoluções acima referidas, estabeleceu-se que seria assim apenas uma etapa do processo, de forma que as medidas adotadas pelo Brasil, estão amparadas desde o início como condição sine qua non para uma efetiva regulamentação do comércio dos produtos fitossanitários na região.

A República Federativa do Brasil sustentou em resposta a reclamação no Laudo VII, do Mercosul (2002), que a alegação da República Argentina ao afirmar que o sistema de registro no Brasil anterior ao Decreto 4074 de 2002 não era compatível com o princípio do livre comércio, como fora firmado no artigo 2, anexo I, do Tratado de Assunção, não procedia pois as medidas adotadas no artigo 50 do Tratado de Montevidéu, Mercosul (1980), prevê a exceção quando se tratasse das situações previstas no art. 50, o qual afirma que:

Artigo 50. Nenhuma disposição do presente Tratado será interpretada como impedimento à adoção e ao cumprimento de medidas destinadas à:

a) proteção da moral pública;

b) aplicação de leis e regulamentos de segurança;

c) regulação das importações ou exportações de armas, munições e outros materiais de guerra e, em circunstâncias excepcionais, de todos os demais artigos militares; d) proteção da vida a saúde das pessoas, dos animais e dos vegetais;

e) importação e exportação de ouro e prata metálicos;

f) proteção do patrimônio nacional de valor artístico, histórico ou arqueológico; e g) exportação, utilização e consumo de materiais nucleares, produtos radioativos ou qualquer outro material utilizável no desenvolvimento ou aproveitamento da energia nuclear.

O Brasil declarou no Laudo Arbitral VII, do Mercosul (2002), que sua conduta adotada estaria resguardada pelo artigo 1º do Tratado de Assunção, onde não há vedação a medidas unilaterais quando o Estado parte achar necessário a adoção de medidas que visem assegurar a política pública de proteção da saúde, do meio ambiente e da segurança da população, não caracterizando portanto o sistema de registro no brasileiro qualquer caráter discriminatório, pois que o mesmo sistema de registro, é utilizado tanto para empresas nacionais quanto para empresas estrangeiras.

A República Federativa do Brasil informa corroborando com a sua defesa no Laudo Arbitral VII, do Mercosul (2002), que sempre fora reconhecido a obrigatoriedade pactuada, ante as Resoluções 48/96, 87/96, 149/96, 156/96 e 71/98.

De forma que conforme o artigo 40 do Protocolo de Ouro Preto, Mercosul (1994), descreve o seguinte:

Artigo 40. A fim de garantir a vigência simultânea nos Estados Partes das normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no Artigo 1 deste Protocolo, deverá ser observado o seguinte procedimento:

I) uma vez aprovada a norma, os Estados Partes adotarão as medidas necessárias para a sua incorporação ao ordenamento jurídico nacional e comunicarão as mesmas à Secretaria Administrativa do Mercosul;

II) quando todos os Estados Partes tiverem informado sua incorporação aos respectivos ordenamentos jurídicos internos, a Secretaria Administrativa do Mercosul comunicará o fato a cada Estado Parte;

III) as normas entrarão em vigor simultaneamente nos Estados Partes 30 dias após a data da comunicação efetuada pela Secretaria Administrativa do Mercosul, nos termos do item anterior. Com esse objetivo, os Estados Partes, dentro do prazo acima, darão publicidade do início da vigência das referidas normas por intermédio de seus respectivos diários oficiais.

Dessa forma, o Brasil afirmou em sua defesa, no Laudo Arbitral VII, do Mercosul (2002), que estava a cumprir com o ordenamento jurídico do Mercosul, pois estava em processo de internalização no ordenamento jurídico brasileiro por força do Decreto 4074 de 4 de janeiro de 2002, como mencionado acima, consagrando assim o princípio de registro de equivalência previsto nas Resoluções do Mercosul.

Em resposta ao que a República da Argentina alegou, da necessidade de internalização das normas jurídicas do bloco econômico, abordado acima na reclamação levada ao Tribunal Arbitral, Laudo VII, do Mercosul (2002), quanto a obrigação necessária em matéria de incorporação da norma jurídica, encontrava-se na necessidade de que fossem adotadas todas as medidas necessárias a assegurar que a norma entrasse em vigência, o que não menciona, nem descreve um prazo para tal cumprimento, e que seriam adotadas as medidas necessárias quando o Estado Parte julgar adequado para a internalização da norma do Mercosul ao seu ordenamento interno, conforme prevê o artigo 42 do Protocolo de Ouro Preto (1994):

Artigo 42. As normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no Artigo 2 deste Protocolo terão caráter obrigatório e deverão, quando necessário, ser incorporadas aos ordenamentos jurídicos nacionais mediante os procedimentos previstos pela legislação de cada país.

A República Federativa do Brasil alegou quanto à reclamação da República Argentina a respeito da violação do artigo 2º do Anexo I do Tratado de Assunção, que o Protocolo de Ouro Preto não amparava a vigência unilateral das normas aprovadas pelos órgãos do Mercosul, dessa forma não poderia responsabilizar o Brasil por supostas assimetrias indicadas pela República Argentina ao decidir por agilizar o processo de internalização das normas do Mercosul, de forma que atendesse ao seu interesse, que as Resoluções fossem concluídas com celeridade o processo de incorporação nos outros Estados Partes, para benefício próprio. (MERCOSUL, 2002).

Pelos argumentos demonstrados acima, o Brasil solicitou ao Tribunal Arbitral, conforme descrito no Laudo VII, do Mercosul (2002), que houvesse a consideração pelos árbitros da improcedência da demanda apresentada pela República Argentina e que fosse reconhecido pelo Tribunal, e que este declarasse que:

a) as exigências do sistema de registro de produtos fitossanitários que estava em vigência quando do tempo da reclamação, não violou o princípio do livre comércio como destacado no artigo 1º do Tratado de Assunção, baseado no artigo 2 do Anexo 1 do mesmo Tratado, e que este estaria enquadrado no que se refere a restrições estabelecidas no artigo 50 do Tratado de Montevidéu,

b) que o Brasil em relação a incorporação das Resoluções do GMC 48/96, 87/96, 149/96, 156/96 E 71/98 estava cumprindo com o que determinava o artigo 38 do Protocolo de Ouro Preto,

c) que não poderia ser considerado violação ao artigo 2º do Anexo I do Tratado de Assunção, quanto à entrada em vigência simultânea da normativa do Mercosul, conforme transcrito abaixo:

Artigo Segundo. Para efeito do disposto no Artigo anterior, se entenderá:

a) por “gravames”, os direitos aduaneiros e quaisquer outras medidas de feito equivalente, sejam de caráter fiscal, monetário, cambial ou de qualquer natureza, que incidam sobre o comércio exterior. Não estão compreendidas neste conceito taxas e medidas análogas quando responsam ao custo aproximado dos serviços prestados; e

b) por “restrições”, qualquer de caráter administrativo, financeiro, cambial ou de qualquer natureza, mediante a qual um Estado Parte impeça ou dificulte, por decisão unilateral, o comércio recíproco. Não estão compreendidas no mencionado conceito as medidas adotadas em virtude das situações previstas no Artigo 50 do Tratado de Montevidéu de 1980.

O Brasil requereu que não fosse considerado então violação do artigo 2º do Anexo I do Tratado de Assunção, no que se refere à obrigação de reciprocidade, tendo em vista a previsão do artigo 40 do Protocolo de Ouro Preto relativa à entrada em vigência simultânea da normativa do Mercosul. (MERCOSUL, 2002).

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