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Di scussão de gênero e sexuali dade no ambi ente escol ar: Um est udo de caso e m u ma escol a Pública de Perna mbuco- Brasil

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Academic year: 2021

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Di scussão de gênero e sexuali dade no ambi ent e escol ar: Um est udo de caso e m

u ma escol a Públi ca de Perna mbuco- Brasil

Al i cel y Ar aúj o Correi a1, 2; Fabi ana Oli veira dos Sant os Go mes1, 2; Rit a Patríci a Al mei da de Ol i veira1, 2

ali celi ac @yahoo. co m. br, go mes. bi o @g mail. co m, rit apatri ci a. pr of @g mail. co m, Facul dade Int egrada de Perna mbuco – FACI PE

Núcl eo I nt erdi sci pli nar de Pós- Gr aduação da FACI PE - NUFA

Res u mo

A escol a é um a mbi ent e propi ci o para o exercí ci o e apr endi zado das i nt erações soci ais educati vas. Nest e cont ext o, a sexuali dade deve ser vist a co mo part e i nt egrant e da construção da i denti dade, ao contrári o do que se t e m deli berada ment e di vul gado, fal ar e m u ma educação que pr o mova a i gual dade de gêner o não si gnifi ca anul ar as diferenças percebi das entre as pessoas, mas garantir um espaço de mocráti co, onde t ais diferenças não se desdobra m e m desigual dades, hi erar qui as ou mar gi nali zações. Di ant e dessa perspecti va, o present e est udo de caso pr obl e matiza a quest ão: sexuali dade, gêner o e educação enfati zando a i mport ânci a de pr o mover práti cas educati vas, pal estras e ofi ci nas, de maneira si gnificati va e cont ext uali zada, oport uni zando aos escol ares i ncor porar val ores, desenvol ver o senso crítico e constr uir saberes e deveres. O pr ocedi ment o met odol ógi co utili zado no est udo de caso, foi baseado na vi vênci a escol ar e di nâ mi ca pedagógi ca a partir de práti cas educati vas apli cadas após a obser vação dos fat os ocorri dos e m espaços específi cos da uni dade de ensi no. Co m o êxit o das ati vi dades apli cadas, foi notóri a a mudança de atit udes dos escol ares, frent e à sexuali dade t ais co mo: respeito, envol vi ment o, a madur eci ment o e parti ci pação nas ati vi dades desenvol vi das. Al é m di sso, houve troca de experi ênci as pr oporci onando escol has, el abor ação de conceit os, val ori zação de senti ment os i ndi vi duai s e col eti vos, através dos quai s, os parti ci pant es, conseguira m avali ar seus li mit es e possi bili dades de escol has rel aci onadas à constr ução de val ores e da pr ópri a sexuali dade.

Pal avras-chave: Escol a, Sexuali dade, Práti cas Educati vas, Adol escent e.

I NTRODUÇÃO

Nos últi mos anos, pensar e m educação vai muit o al é m de trans mitir, assi milar e repr oduzir o conheci ment o, é reconhecer na educação uma f or ma de i nt er vir e m u m novo hori zont e epi st e mol ógi co. Uma perspecti va de educação decol oni al requer pensar sobr e as rel ações entre educação, gêner o, raça, diferenças cult urai s que se apr oxi ma m de u ma perspecti va al é m das for mul ações t eóri cas eur ocentradas. Nest e estudo, va mos abor dar a discussão de gêner o e sexuali dade no a mbi ent e escol ar para refl etir sobre a t e máti ca abor dada no ca mpo da educação.

Co m o passar dos anos, a soci edade ve m sendo modi fi cada quant o aos seus val ores e mai s do que nunca a sexualidade sur ge co mo u m t ema vi gent e, sendo extrema me nt e necessári a sua di scussão dentr o das i nstit ui ções soci ais, co mo igr ej as e pri nci pal ment e nas escol as, já que sobre est a recai a obri gação de pr eparar o i ndi ví duo para seu conví vi o e m soci edade. Nessa perspecti va, a sexuali dade é part e i nt egrant e da construção da i denti dade.

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Cont udo, a sexuali dade ai nda é u m t e ma muit as vezes rodeado de preconceit os, constr uí dos ao l ongo da hi st óri a pel a pr ópri a soci edade, sendo vi st o co mo u m t abu acaba não sendo di scuti do dentr o da sal a de aul a pel os educador es, poi s e m virt ude de seus pudor es, vee m o sexo associ ado à i dei a de pecado, pr oi bi do, pr o míscuo e fei o ou te me m que ao di scutirem essa t e máti ca, est ej am i ncenti vando os al unos a prati care m o sexo mais cedo. No ent ant o, cabe ressalt ar que sexo é diferent e de sexuali dade, poi s segundo Fi gueiró (2006), sexuali dade i ncl ui sexo, afeti vi dade, cari nho, prazer al é m de nor mas e val ores sobre o co mport a ment o sexual, construí dos cult ural ment e. Já o sexo se refere à prática, à satisfação dos desej os bi ol ógi cos entr e dois i ndi ví duos, sej a m el es hét er o ou ho mossexuai s.

De acor do co m a Pr ocuradori a Federal dos Direit os do Ci dadão ( PFDC), do Mini st éri o Públi co Federal, “A censura a assunt os rel aci onados à orient ação sexual e identi dade de gêner o nas escol as constit ui grave obst ácul o ao direit o funda ment al de acesso e per manênci a de cri anças e adol escent es na escol a, poi s contri bui para u m a mbi ent e hostil no qual as diferenças não são respeit adas, difi cult ando o aprendi zado e o pr ocesso de soci ali zação”.

O t er mo sexuali dade surgi u no sécul o XI X, segundo Alt mann ( 2001). A aut ora dest aca que a utilização dest e vocábul o “é est abel eci do e m rel ação a outros fenô menos, co mo o desenvol vi ment o de ca mpo de conheci ment os di versos; a i nst auração de u m conj unt o de regras e de nor mas apoi adas e m i nstit ui ções reli gi osas, judi ci ári as, pedagógi cas e médi cas” ( ALT MANN, 2001).

Segundo Foucault (1997, p. 32) a sexuali dade pode ser defi ni da:

“É o no me que se pode dar a um di spositi vo hi stóri co: não à reali dade subt errânea que se apreende co m difi cul dade, mas à grande rede da superfí ci e e m que a esti mulação dos cor pos, a i nt ensificação dos prazeres, a i ncit ação do di scurso, a for mação dos conheci ment os, o reforço dos control es e das resist ênci as, encadei a m- se uns aos outros, segundo al gu mas gr andes estrat égi as de saber e de poder”.

Por t odos esses moti vos, ressalt a-se a i mport ância do debat e sobre sexuali dade no a mbi ent e escol ar. Uma vez que a sexuali dade co mpr eende aspect os hi st óri cos, cult urais, bi ol ógi cos e soci ai s li gados a e moção da pessoa. A sexuali dade se dá e m t odos os mo ment os da vi da, constit ui -se através dos at os e da forma co m que a pessoa se rel aci ona co m os de mai s, o que t or na cada pessoa úni ca.

Dest aca mos que os currícul os uni versali za m conheci ment os por mei o das escol as e que ensi na m modos que i nf or ma m a constit ui ção de ho mens e mul heres, acredit a mos que sej a de su ma

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i mport ânci a pr obl e mati zá-l os. El es pode m nos dá pi st as aos questi ona ment os feit os às vi ol ênci as machi st as, ho mof óbi cas e misógi nas contra os suj eit os que di ssent e m, e m al gu ma medi da, dos padr ões do mi nant es de gêner o e sexuali dade. O do mí ni o da het er onor mati vi dade1 , ai nda que pr obl e mati zado e fragilizado, co mo si nali za Caet ano (2011), est ão present e na escol a e busca opri mir, desconsi derar as múlti pl as perf or mances de gêner o.

A t odo o mo ment o, pai s e pr ofessores são afront ados por muit os desafi os. De nt re t odos est es desafi os, as quest ões relaci onadas à vi vênci a da sexuali dade na i nfânci a e na adol escênci a t ê m recebi do dest aque. Na famí li a, os di ál ogos rel aci onados à sexuali dade ai nda são pouco frequent e ou e m muit os casos i nexi st ent e. Na escol a, os debat es na mai ori a das vezes, ocorre m de maneira tí mi da co m enf oque nos aspect os bi ol ógi cos e repr oduti vos. Cri a-se dest a ma neira, uma l acuna no desenvol vi ment o do adol escent e co mo ser e m construção. Segundo Rossi ni (2005, p. 17- 18):

“Quando recebe mos u ma cri ança à port a de nossa sal a de aul a, al é m da mochil a co m o mat eri al, el a traz t odas as i mpr essões que vi venci ara m assi mil ada ou não, be m el abor ada ou não. Hoj e co m os mei os e co muni cação e m massa, ne m as cri anças são poupadas dos pr obl emas co muns de nosso te mpo. Aco mpanha m t udo e t ê m suas pr ópri as i mpr essões sobre o mundo de hoj e. Ao li gar a t el evi são t ere mos del a um perfil e m al gu mas rápi das notí ci as: a sexuali dade que excl ui a afeti vi dade e pr ovoca nas pessoas medo da rel ação afeti va - t e mos hoj e pessoas superfi ci ais e m seus rel aci ona ment os, co m medo de per der e não saber li dar co m a per da; e as pessoas dei xara m de ser afeti vas. Econo mi za cari nho, at enção, a mor”.

A escol a constit ui-se em u m a mbi ent e especi al para o desenvol vi ment o de ações, que possi bilite m a mel hori a da aut oesti ma e val ori zação pessoal entre os adol escent es. Dentr o dest a perspecti va, busca-se compartil har co m a fa míli a a responsabili dade de pro mover o respeit o mút uo, pr eparando- os para u ma vi da e m soci edade co m mai or t ol erânci a as di versi dades.

Segundo Del Prett e e Del Prett e (2004, p. 54):

“ A educação é uma prática eminent e ment e soci al que ampli a a i nserção do i ndi ví duo no mundo dos processos e dos pr odut os cultur ai s da ci vili zação. A escol a é um espaço pri vilegi ado, onde se dá u m conj unt o de i nt erações

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Sobr e a het er onor mati vi dade, Caet ano ( 2011), ao di al ogar co m Butl er (2003), ar gu ment a que a cat egori a foi constit uí da para pr obl e mati zar e, mai s i mport ante, desi nvi si bili zar as regras soci ocult urai s que se t or na m nor mati vas por mei o das i nst ânci as educati vas co m vi st as a pr oduzir e regul ares as perf or mances de gêner o. Tai s perf or mances, de t antas vezes repeti das, ter mi na m por se nat urali zar. O aut or afir ma que a het er onor mati vi dade não so ment e t or na nat urai s, e, port ant o, aceit ávei s e corret as det er mi nadas perf or mances de gêner o, co mo ta mbé m busca t or nar i nquesti onável a assi metri a e co mpl e ment ariedade entre ho mens e mul her es ali cerçando a aut ori dade patri arcal.

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soci ai s que se pret ende m educati vas. Logo a quali dade das i nt erações soci ai s pr esent es na educação escol ar constit ui um co mponent e i mport ant e na consecução de seus objeti vos e no aperfei çoame nt o do pr ocesso educaci onal ”.

A sexuali dade é responsável por efeit os drásti cos que recae m sobre a vida soci al, co mo o au ment o da fecundi dade e a quali dade de vi da da popul ação. Os gover nos são os pri nci pais i nt eressados na di scussão do t e ma co m a soci edade, j á que quando se t em i ndi ví duos consci ent es quant o as suas responsabili dades soci ais e pessoais t e m-se u m efeit o positivo na vi da dos ci dadãos.

A i mport ânci a é t ant o que a t e máti ca da sexuali dade foi i nseri da nos Par â met r os Curri cul ares Naci onai s (PCNs, 1998). El a aparece no t e ma transversal Orient ação Sexual, publi cado no ano de 1998, co m o obj eti vo de trans mitir i nf or mações e pr obl e mati zar quest ões rel aci onadas à sexuali dade, i ncl ui ndo post uras, crenças, tabus e val ores a el a associ ados.

Nos PCNs, a sexuali dade é defi ni da como “polimorfa, poli val ent e, ultrapassa a necessi dade fisi ol ógi ca e t e m a ver co m a si mboli zação do desej o. Não se reduz aos órgãos genit ais (ai nda que est es possa m ser pri vil egiados na sexuali dade adulta) por que qual quer região do cor po é suscetí vel de prazer sexual, desde que t enha si do i nvestida de er otis mo na vi da de al gué m, e por que a satisfação sexual pode ser al cançada se m a união genit al ” ( CHAUÍ, 1998, COSTA, 1994 apud NOVENA, 2011).

Os obj eti vos e cont eúdos pr opost os pel o t ema transversal Ori ent ação Sexual deve m cont e mpl ar as di versas áreas de conheci ment o, impr egnando t oda a prática educati va, e m que cada área trará sua pr ópri a pr opost a de trabal ho com a t e máti ca da sexuali dade. Esse trabal ho de ori ent ação sexual deverá acont ecer dentr o da pr ogr a mação e extrapr ogramação na escol a, vi sando di ál ogo, refl exão e reconstrução de i nf or mações que l eve o al uno a respeitar a si mes mo e ao outr o, consegui ndo transf or mar ou reafir mar suas pr ópri as concepções de sexuali dade.

O t e ma transversal Ori entação Sexual é estrut urado a partir de três ei xos, sendo el es: Cor po: mat ri z da sexuali dade, rel ações de gênero e prevenção das doenças sexual ment e trans missí vei s/ AI DS.

No pri meir o ei xo, o corpo é trat ado e m sua estrut ura bi ol ógi ca e pr ocri ati va. Já o ei xo das rel ações de gêner o busca a mpli ar a expli cação da diferenci ação entre os sexos, refl eti ndo acerca das noções de masculi no e fe mi ni no, acrescent ando que são construí das no cont ext o soci ocult ural. E o terceiro ei xo que trat a sobr e a prevenção das I STs/ Ai ds, pr opõe u ma ação educati va conti nuada que per mit a escl arecer os preconceit os rel aci onados aos port adores do HI V e os doent es de Ai ds, co mo

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ta mbé m a refl exão sobre os preconceit os que ronda m os mét odos contracepti vos e à práti ca do sexo pr ot egi do.

Nessa vi são, os PCNs surgira m co mo pr opost a orient adora para a escol a, buscando oferecer subsí di os t eóri cos para o trabal ho co m u m t e ma t ão deli cado co mo a sexuali dade, que apesar de est á pr esent e na vi da do ser hu mano, é por muit as vezes negada ou sil enci ada no a mbi ent e escol ar, que não di scut e as i ndagações dos j ovens acerca das transf or mações físi cas e psi col ógi cas que afet a m o seu cor po e co m i sso, acaba ati ngi ndo de maneira negati va a construção da subj eti vi dade e sexuali dade dos mes mos.

Desse modo, as refl exões sobre esses t e mas contri bue m para a val ori zação da vi da e do aut oconheci ment o, est abel ecendo rel ações através do respeit o mút uo e post uras que possi bilite m o exercí ci o da ci dadani a. Assi m, a sexuali dade passa a ser um t e ma de reflexão sobre a ci dadani a e dos aspect os que envol vem a val ori zação da afeti vi dade hu mana.

Di ant e dessa reali dade, o present e pr obl e mati za a quest ão da t e máti ca da sexuali dade dentr o do a mbi ent e escol ar, aplicando práti cas educati vas, co mo pal estras e ofi ci nas, acerca da sexuali dade de maneira si gnifi cati va e cont ext uali zada, oport uni zando aos escol ares a incor porar val ores, refl etir e construir si gnifi cados sobr e a sexuali dade.

MET ODOLOGI A

Funda ment ada na pesqui sa qualit ati va (est udo de caso), foi utili zada u ma met odol ogi a que possi bilitasse o ent endi ment o dos si gnifi cados de fal as e ações, apreendi dos pel as pesqui sadoras por ocasi ão da i nt eração com os suj eit os pesqui sados. A pesqui sa foi nort eada pel a vi vênci a escol ar e di nâ mi ca pedagógi ca, após a obser vação dos fat os nas dependênci as da unidade de ensi no.

A col et a dos dados cont ou co m a reali zação de entrevi st as se mi-estrut urada ( BOGDAN e BI KLEN, 2010). A análise de dados foi reali zada por mei o da análise t extual di scursi va, pr opost a por Mor aes (2003).

RES ULTADOS E DI SCUSS ÃO

Os dados fora m obti dos a partir da i nt eração com os suj eit os pesqui sados e apreensão das vozes desses suj eit os, nas dependênci as de u ma escol a de ensi no funda ment al anos fi nai s. A uni dade di spõe de a mbient e agradável e descontraí do, possi bilitando aos al unos a troca de conheci ment o, debat es a cerca de dil e ma da at ualidade e a construção de uma nova éti ca de modo a i ncl uir, efeti va ment e os grupos hi st ori ca ment e excl uí dos.

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Tr at ar de sexuali dade no a mbi ent e escol ar não é uma t arefa das mai s fácei s, poi s a opul ênci a dest a esfera hu mana e t oda a estratifi cação de senti dos que hi st ori came nt e se sobrepôs a ela ter mi nara m pr oduzi ndo cert o desconheci ment o do ser hu mano co m sua pr ópri a sexuali dade. É necessári o fazer uma ret óri ca da sexuali dade, vê-l a co m outr os ol hos, “quebrar t abus”. Const ant e ment e a sexualidade se depara sub mersa e m u m espectro de val ores mor ai s, de mar cados e de mar cadores de condut as, usos e hábit os soci ais.

Na ânsi a de conhecer o própri o cor po, muit os j ovens acaba m “banali zando” a sexuali dade. E por que essas quest ões são t ão difí cei s de sere m trat adas e m sal a de aul a? Por que é mai s fácil tirar dúvi das co m col egas e professores do que co m os pai s? Poi s be m esses questi ona ment os per mei am nossa soci edade há anos, t odos esses questi oname nt os gera m consequênci as que poderi a m ser rot ul ados co mo pr obl emas persist ent es e e mergent es, que vão desde a gravi dez i ndesej ada a doenças sexual ment e trans missí vei s.

Co mo cit ado ant eri or ment e, apesar dest a uni dade de ensi no di spor de a mbi ent e agradável e descontraí do, que possi bilita aos al unos a troca de conheci ment o e debat es, é not óri o que al guns não se sent e m à vont ade para expor suas dúvi das e obter mai s i nf or mações, desej ando ousar e descobrir-se uns co m os outr os. Assi m, percebe m- descobrir-se na mor os e paqueras que acont ece m nas dependênci as da uni dade, mas l onge das vi st as de responsávei s l egai s e funci onári os, rel aci ona ment os t ão í nti mos que conduze m a práti cas sexuai s no a mbi ent e escolar.

Di ant e dessa perspecti va, vist o que outras pessoas est ava m senti ndo-se constrangi das co m tal sit uação, após reuni ões e di scussões percebeu-se a necessi dade de desenvol ver práti cas pedagógi cas, que sej a m trabal hadas pel os docent es de modo i nt er di sci plinar, e que t enha m co mo enf oque pri nci pal a t e mát ica da sexuali dade.

Segunda Fil ha (2009), os Parâ metr os Curri cul ares Naci onai s pr opõe m que a ori ent ação sexual sej a trabal hada de duas for mas: dentr o da pr ogra mação, por mei o dos cont eúdos j á transversali zados nas diferent es áreas do currí culo, e extrapr ogr a mação, quando sur gire m quest ões rel aci onadas ao t e ma, que é o est udo de caso. A aut ora ai nda ressalt a que essa foi uma estrat égi a adot ada para de mar car a função da escol a, sem dei xar de pri ori zar a educação reali zada pela fa míli a.

A i mport ânci a de trat ar esse assunt o entre os escol ares, for mados por pré-adol escent es, adol escent es e j ovens, é funda ment al. Ent ão se i ni ci ou u m pr ocesso de trabal ho co m práti cas educati vas, através de di scussões abert as por mei o das quai s t odos pudessem se expressar. Brit z man

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(1999) sali ent a que essas conversas sobre sexuali dade se t or narão possí vei s na escol a quando os pr ofessores se t or nare m curi osos sobre sua pr ópri a sexuali dade.

Ass oci ada a essas di scussões fora m reali zadas pal estras sobre educação sexual, ofi ci nas e j ogos di nâ mi cos, dentro da t e máti ca sexuali dade, para despert ar refl exões a cerca da i mport ânci a da sexuali dade. Os docent es co meçara m a ori ent ar seus al unos sobre pr ot eção hi gi eni st a e preventi va, ensi nando- os al guns mét odos contracepti vos e di scuti ndo t a mbé m as multifor mes manifest ações da sexuali dade hu mana, como a ho mossexual. Uma vez que, se não for sanada as dúvi das e quando não recebe m t al ori ent ação os j ovens acaba m buscando co m pessoas despreparadas no assunt o.

A si mpl es trans missão de i nf or mação não consegue oferecer ao j ove m mudança de atit udes, é preci so oferecer espaços onde o adol escent e possa i nt eragir co m out ras e moções e construir val or es.

Aut or as co mo Wal sh (2005) dest aca possí vei s ca mi nhos para a efetivação de práti cas paut adas na i nt ercult urali dade críti ca, sit uados em três â mbit os educati vos: no espaço da sal a de aul a, na for mação de prof essores(as) e na construção de mat eri ais pedagógi cos. Nest e arti go, é i nt eressant e refl etir sobre o espaço da sal a de aul a co mo ei xo t e máti co dentro das áreas e das uni dades do currí cul o bási co, i ncor por ando a i ntercult urali dade e m seu si gnifi cado mai s a mpl o, cri ando possi bili dades em r el ação a diferent es conheci ment os, saberes, pensa ment os e práti cas soci ai s dos di versos grupos acerca das diferent es facet as assu mi das pel as i denti dades e rei vi ndi cadas pel os(as) est udant es. A quest ão de gêner o e as sexuali dades, ai nda são debati das co m restri ção na sal a de aul a, mes mo co m o reconheci ment o de que muit as políti cas educaci onai s j á trat a m a quest ão co mo u m pont o i mport ant e a ser abor dado no currí culo. Segundo Moit a Lopes (2008, p. 126):

Na sal a de aul a, entra m corpos que não t ê m desej o, que não pensa m e m sexo ou que são, especi al ment e, dessexuali zados para adentrar esse reci nt o, co mo se cor po e ment e exi stisse m i sol ada ment e u m do outro ou co mo se os si gnifi cados, constit uti vos do que so mos, aprende mos ou sabe mos, exi stisse m separados dos nossos desej os. Para o aut or, os li vr os di dáti cos e as propost as curri cul ares oper am na l ógi ca de nat urali zar os mati zes de gêner o, de raça e de sexuali dade, codifi cando suas di mensões subj eti vas e cult urais a partir de referenci ai s hege môni cos do Suj eit o (pret ensa ment e) Uni versal: masculi no, branco, propri et ári o, j udai co- cri st ão e het er ossexual ( MOI TA LOPES, 2008).

A escol a conti nua a pr oduzir e repr oduzir continua ment e, i denti dades soci ai s a partir de i deai s de branquit ude, de masculi ni dades e de het eronor mati vi dade.

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Nessa perspecti va, t odo esse trabal ho desenvol vi do, pr opor ci onou u m espaço que possi bilita m ao adol escent e, discutir i dei as e vi venci ar senti ment os, que pro mova m a val ori zação, o respeit o a el e mes mo e ao outr o, a mel hori a da aut o-esti ma, oferecendo opções que os pr oduza m mel hori as e/ ou mudanças e m rel ação à sexuali dade, gêner o, i denti dade e outras quest ões i gual ment e i mport ant es a for mação do j ove m.

CONCLUS ÕES

Por consi derar a sexualidade co mo u m pr ocesso e m const ant e evol ução e transf or mação, concl ui-se que, as mudanças ocorri das co m os escol ares após a reali zação das práti cas educati vas não pode m ser quantificadas, mas si m, avaliadas através de mudança de atit udes frent e à sexuali dade t ais co mo: respeit o, envol vi ment o, a madur eci ment o e parti ci pação nas ati vi dades desenvol vi das.

Houve troca de experi ênci as pr opor ci onando escol has, el abor ação de conceit os, val ori zação de senti ment os i ndi vi duais e col eti vos, através dos quai s, os parti ci pant es, conseguira m avali ar seus li mit es e possi bili dades de escol has rel aci onadas à construção de val ores e da pr ópri a sexuali dade.

Pr opor ci onar u m espaço de construção col eti va para os possí vei s enca mi nha ment os e sol uções, possi bilita ao jove m di scutir a pr ópri a sexuali dade, oferece a oport uni dade de desenvol ver e rever atit udes, j uí zo de val ores e pr obl e mati zar sobre assunt os, t ais como: conceit o de bel eza, a aceit ação ao pr ópri o corpo, a gravi dez na adol escênci a, as I STs e AI DS, conduzi ndo- o a mudanças e m rel ação à sexuali dade.

É de funda ment al i mportânci a conceber a escol a co mo espaço de di sput a, de questi ona ment o e de subversão de padrões responsávei s pel a ma nut enção e pel a reprodução de concepções ho mogenei zant es e/ ou desu mani zant es. Em outras pal avras, decol oni zar a educação, vi sl umbr ando al é m dos pr ocessos de ensi no e de trans missão de saber, uma pedagogi a concebi da co mo políti ca cult ural, envol vendo não apenas os espaços educati vos for mai s, mas t a mbé m as or gani zações dos movi ment os soci ais. Tendo essas quest ões e m paut a, pode-se a mpli ar a diferença co mo vant age m pedagógi ca no currí cul o e nas práti cas escol ares e enquant o u m i mport ant e passo na constr ução de u ma escol a mai s pl ural e que possa ser capaz de co mbat er os preconceit os e às di scri mi nações e fort al ecer a aut oesti ma dos est udant es e o respeit o às diferenças.

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REFERÊNCI AS

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Referências

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