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A gestão dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos em Natal-RN/Brasil

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS. ANNA LIDIANE OLIVEIRA PAIVA. A GESTÃO DOS RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS EM NATAL-RN/BRASIL. NATAL/BRASIL 2017.

(2) ANNA LIDIANE OLIVEIRA PAIVA. A GESTÃO DOS RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS EM NATAL-RN/BRASIL. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Estudos Urbanos e Regionais – Mestrado, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Estudos Urbanos e Regionais sob a orientação do Prof.: Dr. Fábio Fonseca Figueiredo.. NATAL/BRASIL 2017.

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(5) À minha filha, Anna Louise..

(6) AGRADECIMENTOS. Agradeço a minha mãe Leonice Mariano, meu Pai José de Paiva e a minha amada irmã Anna Sâmyra que sempre apoiaram e incentivaram minhas escolhas, e com extremo carinho e dedicação me mostraram com ser firme diante das dificuldades vividas. Agradeço a Monyson Dias por seu apoio e companheirismo, e agradeço a minha filha, Anna Louise pela compreensão futura de minhas ausências. Agradeço a meu estimado orientador Prof. Dr. Fábio Fonseca, por todas as contribuições e incentivos, sem os quais não seria possível a conclusão desta dissertação, com o qual aprendi muito. Agradeço à banca de qualificação pelas contribuições para esta dissertação. Aos professores do PPEUR, sem dúvidas bons mestres que contribuíram não só para esta titulação, como também para o meu desenvolvimento acadêmico e profissional. Aos queridos colegas do SEMAPA (Grupo de Pesquisa Socioeconomia do Meio Ambiente e Política Ambiental), companheiros diários, que por meio de suas importantes discussões contribuíram para a construção deste trabalho, especialmente Berg pela disponibilidade. Às minhas queridas amigas, Jelisse, Rebeca e Samara, com as quais compartilhei momentos de ansiedade e alegria nesta trajetória. Agradeço também à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E à Agência CAPES pelo apoio financeiro. Assim como, aos participantes da pesquisa dos setores público e privado. Os meus sinceros agradecimentos vão para aqueles que eu não citei aqui, mas que estiveram ao meu lado e contribuíram indiretamente com esse trabalho..

(7) RESUMO A questão ambiental em escala global ocorreu associado a diferentes cenários, que foram adquirindo caráter de urgência e demarcaram a agenda das conferências ambientais a partir da década de 1970. No Brasil, com a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS (Lei 12.305/2010), criou-se um arcabouço normativo-institucional para a gestão de resíduos sólidos, dentre eles os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos - REEE, tendo como instrumentos principais os acordos setoriais e a logística reversa. A presente pesquisa averiguou como se estrutura a gestão de REEE no município de Natal/Brasil, a partir das recomendações da PNRS. Utilizando-se de método qualitativo, o estudo teve como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e consulta documental. A pesquisa de campo foi realizada no período entre 2015 e 2017 onde se realizou observação direta em duas empresas gerenciadoras de REEE em Natal. Foram também realizadas entrevistas semiestruturadas com agentes do setor privado e, da mesma forma, com representantes da gestão pública que atuam no meio ambiente e gestão de resíduos. Pôde-se perceber que a efetivação da logística reversa, na forma prevista na legislação, possui pontos críticos, dentre essas questões críticas, destaca-se a baixa articulação interinstitucional e intrainstitucional. As estruturas atuais estão limitadas à realização de campanhas periódicas de recolhimento desses resíduos. Nessa perspectiva, é possível inferir que a cadeia produtiva da reciclagem dos REEE no município de Natal está se estruturando por meio de parcerias entre as empresas privadas, órgãos e autarquias municipais. Apesar das atuais articulações entre Estado e mercado, conforme se apresentou em relação ao município de Natal, verificou-se que a gestão pública municipal não consolidou conhecimento acerca dos REEE, pois a prioridade da Prefeitura está em outros segmentos de logística reversa.. Palavras chave: Reciclagem- Natal (Rio Grande do Norte). Resíduos sólidos equipamentos eletrônicos. Gestão de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos. Logística reversa. Política Nacional de Resíduos Sólidos..

(8) ABSTRACT The question of environment on a global scale was raised in association with various scenarios, which gradually reach a state of urgency and set the agenda for the environmental meetings starting from the 1970's. In Brazil, with the institution of the National Policy for Solid Residue - PNRS (Law 12.305/2010), a normative and institutional framework of put in place for the management of solid residue, electronic waste (REEE) among them, having as its main instruments sector agreements and reverse logistics. This research investigated how the REEE management is structured in the city of Natal/Brazil, based on the recommendation of the PNRS. Employing the qualitative method, this work had bibliographical research and document research as its methodological procedures. The field research took place in the period between 2015 and 2017. In it, direct observation in two REEE managing companies in Natal was carried out. Semi-structured interview with agents from the private sector were also made and, similarly, with representatives of public management who work in environment and residue management. It was verified that city public management had not consolidated knowledge on REEE, since the priorities of City Hall are directed towards other segments of reverse logistics. The current structures are limited to periodic campaigns for the collection of this type of residue. From this perspective, it could be inferred that the productive chain of recycling of WEEE in the Natal municipality is being structured through partnerships between private companies, municipal agencies and municipalities. In spite of the current articulations between State and market, as it was presented in relation to the municipality of Natal, it was verified that the municipal public management did not consolidate knowledge about WEEE, since the priority of the Municipality is in other reverse logistics segments.. Keywords: Recycling - Natal (Rio Grande do Norte). Solid waste - electronic equipment. Electronic waste management. Reverse Logistics. National Policy for Solid Residue..

(9) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 - Tráfego Internacional de REEE para a Ásia. 35. Figura 2 – Total de REEE gerados no mundo por categoria. 40. Figura 3 – Total de REEE gerados no mundo por continentes. 41. Figura 4 – Total de REEE gerados na América Latina. 42. Figura 5- REEE descartado em terreno baldio no bairro Planalto em Natal. 49. Figura 6 – Município de Natal em destaque. 74. Figura 7 – Encarte de duas campanhas realizadas em Natal/Brasil. 79. Figura 8 – Síntese do entendimento do gestor público sobre gestão de REEE e. 84. atuação da URBANA Figura 9 – Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos na empresa Natal. 94. Reciclagem Figura 10 – placas de circuito integrado na empresa Natal Reciclagem. 95. Figura 11 – Ecoponto de coleta durante campanha de recolhimento na cidade de. 97. Natal Figura 12– Resíduos coletados durante campanha de recolhimento na cidade de. 98. Natal Figura 13- REEE armazenado em cooperativa em Natal/Brasil. 100. Figura 14- Resíduos de EEE acondicionados na empresa EVS Reciclagem. 102. Figura 15 – Disposição das caixas externas de monitores na empresa EVS. 103. Reciclagem Figura 16 – Placas de circuito integrado na empresa EVS Reciclagem. 106.

(10) LISTA DE GRÁFICOS, QUADROS E TABELAS Gráfico 1 - Evolução da População total de Natal/Brasil. 73. Quadro 1 – Categorias e subcategorias de fundamentação da pesquisa de. 21. campo em Natal/Brasil Quadro 2 – Interpretação do Tráfego ilícito. 31. Quadro 3 – Síntese sobre a gestão de REEE em alguns países do mundo. 36. Quadro 4- Panorama dos acordos setoriais para Logística Reversa no. 60. Brasil Quadro 5 – Principais regulamentações e instrumentos da gestão de. 117. resíduos no Brasil e em suas unidades federativas em período anterior a PNRS Quadro 6 – Principais regulamentações e instrumentos no Brasil no. 118. mesmo período ou posterior a PNRS Quadro 7 – Principais regulamentações e instrumentos em unidades. 119. federativas do Brasil no mesmo período ou posterior a PNRS. Tabela 1 – Presença de bens duráveis nos domicílios brasileiros. 46. Tabela 2 – Presença de microcomputador, acesso à Internet e telefone nos 48 domicílios brasileiros (2003-2014).

(11) LISTA DE SIGLAS SIGLA. DEFINIÇÃO. ABINEE. Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. ABDI. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. AIA. Avaliação dos Impactos Ambientais. CEDIR. Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática. CEMPRE. Compromisso Empresarial para a Reciclagem. CNUMAD. Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. COOCAMAR. Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis do Rio Grande do Norte. COOPCICLA. Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da Cidade do Natal/RN. CPU. Central Processing Unit. DMA. Departamento de Meio Ambiente. DMP. Departamento de Materiais e Patrimônio. EEE. Equipamentos Eletroeletrônicos. EMPA. Laboratórios Federais Suíços de Ciência dos Materiais e Tecnologia. EPR. Responsabilidade Estendida do Produtor. FEAM. Fundação Estadual do Meio Ambiente do estado de Minas Gerais. FEI. Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IDHM. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. LATAM. Latinoamérica. LR. Logística Reversa. IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. ONU. Organização das Nações Unidas. PNRS. Política Nacional de Resíduos Sólidos.

(12) PNAD. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. PNSB. Política Nacional de Saneamento Básico. PNUMA. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. PEGIRS-RN. Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte. PMGIRS-. Proposta de Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos. Natal. Sólidos do Município de NATAL/RN. PL. Projeto de Lei. REEE. Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos. RN. Rio Grande do Norte. RSU. Resíduos Sólidos Urbanos. SINIR. Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos. STEP. Solving the e-waste problem. SEMARH. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. SEMURB. Secretaria Municipal de Meio ambiente e Urbanismo. UE. União Europeia. UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. UNU. Universidade das Nações Unidas. URBANA. Companhia de Serviços Urbanos de Natal. USP. Universidade de São Paulo.

(13) SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 14 1.1 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS...................................................................................................... 17 1.1.1 Procedimentos metodológicos de pesquisa ................................................................................. 18 1.2 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS .............................................................................................................. 23 2 - POLÍTICA E GESTÃO DE RESÍDUOS NO MUNDO ...................................................................... 25 2.1 GLOBALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA AMBIENTAL ...................................................................................... 25 2.2 A CONVENÇÃO DE BASILÉIA ............................................................................................................... 29 2.3 ESTRUTURAS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS EM ALGUNS PAÍSES .................................................................................................................................................... 32 2.4 ASPECTOS GERAIS DA EXPANSÃO DOS EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS NO BRASIL ...................... 43 3 –GESTÃO DOS RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS NO BRASIL .......... 52 3.1 A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS .................................................................................... 52 3.2 CARACTERÍSTICAS E PERSPECTIVAS PARA A LOGÍSTICA REVERSA ......................................................... 57 3.3 DESAFIOS À GESTÃO DOS RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS ..................................... 65 3.4 INICIATIVAS DE GESTÃO EM ALGUMAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ........................... 68 4 – A INSERÇÃO DE NATAL/BRASIL NA CADEIA PRODUTIVA DA RECICLAGEM ..................... 73 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NATAL/BRASIL ............................................................................. 73 4.2 A GESTÃO LOCAL DOS RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS .......................................... 75 4.3 O ENTENDIMENTO DOS GESTORES SOBRE O MANEJO DOS REEE ......................................................... 78 4.3.1 A gestão de resíduos na perspectiva da URBANA ...................................................................... 78 4.3.2 O entendimento da SEMURB acerca da gestão de resíduos ...................................................... 84 4.4 A PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO NA CADEIA PRODUTIVA DE RECICLAGEM DOS REEE...................... 93 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 108 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 111 APÊNDICES........................................................................................................................................ 117 APÊNDICE A – QUADROS COM PRINCIPAIS REGULAMENTAÇÕES E INSTRUMENTOS DA GESTÃO DE RESÍDUOS NO BRASIL .................................................................................................................................................. 117 APÊNDICE B – ROTEIROS DE ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS REPRESENTANTES DO SETOR PÚBLICO E DO SETOR PRIVADO. .................................................................................................................................... 121 ANEXOS ............................................................................................................................................. 124 ANEXO A – INSTRUÇÕES E DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIAS PARA A INSTALAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DESTINADOS À RECICLAGEM OU FUNCIONAMENTO DE SUCATAS, NORMATIVA 042CONTINUAÇÃO DO DOCUMENTO ............................................................................................................................................................. 125 ANEXO B – INSTRUÇÕES E DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA REGULARIZAÇÃO DE OPERAÇÃO AOS EMPREENDIMENTOS DESTINADOS À RECICLAGEM OU FUNCIONAMENTO DE SUCATAS, NORMATIVA 043 ........ 127 ANEXO C – RELATÓRIO REALIZADO PELA SECRETARIA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE NATAL-RN ................. 128 ANEXO D – PONTOS DE PROLIFERAÇÃO DE MOSQUITOS POR DISTRITOS SANITÁRIOS – NORTE I, NORTE II, SUL, LESTE E OESTE ..................................................................................................................................... 131 ANEXO E – ORGANOGRAMAS DE ATUAÇÃO ENTRE SECRETARIAS E ÓRGÃOS MUNICIPAIS ............................ 136.

(14) 14. 1 – Introdução. A partir da década de 1970, a problemática ambiental passa a ter destaque nas agendas governamentais, e a disponibilidade dos recursos naturais necessários para manter o padrão de desenvolvimento econômico e industrial do ocidente assume a centralidade no debate. Nesse sentido, uma das alternativas ante a crise ambiental foi uso de fontes alternativas de recursos naturais, menos contaminantes, e, portanto, sustentáveis. No que diz respeito ao desenvolvimento das atividades industriais, é possível verificar o desenvolvimento do modelo civilizador do capitalismo baseado em um crescente mercado consumidor e voltado para o acúmulo de capital. Assim, o consequente avanço tecnológico acarretou a inclusão de diversos produtos industrializados ao alcance das populações. O problema abordado por esta pesquisa se insere nas agendas governamentais no que tange ao debate sobre meio ambiente internacional. O debate sobre resíduos é recente e dois fatores devem ser considerados como determinantes para compreender como os Equipamentos Eletroeletrônicos (EEE) chegam às cidades e se transformam em problema ambiental, social e econômico. O primeiro diz respeito ao processo de transformação sofrido pelo sistema de produção de bens de consumo duráveis1 atrelado às alterações político-econômicas do capitalismo no século XX; o segundo fator está relacionado às mudanças culturais na sociedade global a partir desse período. No Brasil, a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e passou a regulamentar, entre outras práticas, a gestão integrada de resíduos sólidos, a coleta seletiva, as responsabilidades compartilhadas e a logística reversa para os Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE). A partir da promulgação da PNRS, em agosto de 2010, a implementação dessa política e seus resultados têm sido debatidos, tendo em vista que os municípios brasileiros são caracterizados pela diversidade de aspectos econômicos, sociais, culturais etc.. Pindyck e Rubinfeld (2005) caracterizam bens de consumo duráveis como “automóveis, eletrodomésticos, móveis e etc.”, bens não duráveis seriam “vestuário, alimentos, serviços, etc.” (p.35). 1.

(15) 15. No artigo 33, inciso VI, da PNRS verifica-se que “produtos eletroeletrônicos e seus componentes” implicam a obrigação de “estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos ao fabricante após o uso pelo consumidor, através de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos”. A logística reversa, como prevista no mencionado artigo, compreende um sistema de retorno dos produtos descartados para as empresas, fabricantes, comerciantes ou importadores de EEE, para que estes deem a destinação correta (que pode ser o descarte do material, estocagem ou reciclagem). Neste trabalho se analisam as definições de Equipamentos Eletroeletrônicos (EEE) e de (REEE) estabelecidas em Diretivas da União Europeia, que os caracterizam como: equipamentos cujo adequado funcionamento depende de correntes elétricas ou campos eletromagnéticos bem como dos equipamentos para geração, transferência dessas correntes e campos. Isto posto, consideram-se resíduos de equipamentos eletroeletrônicos os componentes desses equipamentos no momento do descarte. Já no que concerne às definições de destinação e disposição final ambientalmente adequada, assim como as de gestão e gerenciamento de resíduos, foram consideradas as abrangidas no art. 3º da Lei 12.305. Serão consideradas as recomendações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, para que se possa compreender como ocorre a atuação do governo, nas instâncias Federal e Municipal, na atual fase de implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Conforme Souza (2006), “O ciclo da política pública é constituído dos seguintes estágios: definição de agenda, identificação de alternativas, avaliação das opções, seleção das opções, implementação e avaliação” (p.29). Esse modelo possui o foco na definição de agenda, e, nessa perspectiva, os participantes visíveis como “políticos, mídia, partidos, grupos de pressão etc.” definem a agenda, e os invisíveis “tais como acadêmicos e burocracia”, as alternativas (SOUZA, 2006, p. 30). O presente trabalho é desenvolvido como continuidade do trabalho de conclusão de curso desta autora na graduação em Gestão de Políticas Públicas no ano de 20132. Buscou-se dar prosseguimento à pesquisa com o estudo da logística reversa enquanto instrumento de efetivação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, 2. (PAIVA, 2013)..

(16) 16. vislumbrando a atuação do estado brasileiro sobre a temática e analisando estudos e experiências, globais e locais, que tenham atingido seus objetivos, sempre considerando os casos melhor adaptados às regulamentações. Como pergunta de partida, questionamos: como se estrutura a gestão dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos no município de Natal/Brasil? Diante da perspectiva de pesquisa exploratória, procurou-se compreender e expor quais fatores são determinantes e contribuem para o atual cenário de geração de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, abordando especificamente os resíduos de origem domiciliar. O recorte espacial desta pesquisa foi o município de Natal no estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Optou-se por esta cidade, levandose em conta o fato da pesquisadora residir no município – o que propicia melhor inserção no campo de pesquisa –, assim como pela existência de sucatas específicas para recebimento resíduos de equipamentos eletroeletrônicos. Tal recorte se justifica, ainda, pela ocorrência de campanhas periódicas de recolhimento desses resíduos organizadas através de parcerias institucionais dos setores público e privado. No que se refere ao recorte temporal, utilizaremos o período entre 2010, ano de sancionamento da PNRS, a 2017. A análise dos dados obtidos no decorrer da pesquisa, com documentos e bibliografia selecionados, pretende responder aos seguintes questionamentos, de maneira complementar: quais ações institucionais são efetivadas nas esferas estadual e municipal para a gestão dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos no Brasil? Como se estruturam os sistemas da logística reversa dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos em âmbito global e local/nacional? E, de acordo com as recomendações da PNRS, como ações na gestão dos resíduos de EEE estão acontecendo no município de Natal/Brasil? Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho é: analisar a gestão dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos no município de Natal/Brasil com base no que prevê a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Tem-se como objetivos específicos: identificar os aspectos legais e normativos dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos em âmbito internacional, nacional e local, com enfoque nos sistemas de logística reversa; apresentar como se estrutura a cadeia produtiva dos REEE em.

(17) 17. Natal, área de estudo; e, finalmente, analisar o entendimento dos gestores municipais e da iniciativa privada sobre a gestão e cadeia produtiva dos REEE.. 1.1 Metodologia e procedimentos. Tendo como base o objetivo geral, buscou-se definir qual seria o método, a abordagem e as técnicas a serem utilizadas de maneira a delimitar a relação entre Estado, mercado e sociedade. Para tal, utilizou-se uma abordagem qualitativa e exploratória. A escolha por esse tipo de abordagem ocorre com conhecimento do pesquisador quanto às limitações de pesquisa, mas considera as possibilidades de compreensão e de aprofundamento no estudo da realidade local acerca dos REEE. De acordo com Lakatos e Marconi (2003):. O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo conhecimentos válidos e verdadeiros - traçando o caminho a ser seguido. A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais (p. 83;155).. Para Richardson (2012), uma abordagem qualitativa é uma opção feita pelo pesquisador e tem sua escolha justificada pelo objetivo de entender um determinado fenômeno, mas isso não isenta o pesquisador de utilizar material essencialmente quantitativo, desde que, evidentemente, sejam analisados seus aspectos qualitativos, pois em geral uma pesquisa de cunho qualitativo está direcionada para “[...] situações complexas ou estritamente particulares” (p. 80). Com relação aos procedimentos metodológicos no campo, essa abordagem dá ênfase a técnicas de observação e entrevistas, por serem “[...] instrumentos que penetram na complexidade de um problema” (p. 80). Considerando que ciência é a busca pela verdade nos fatos e que o conhecimento, para ser científico, deve ser passível de verificação, o método é, portanto, um caminho a ser seguido para alcançar determinados objetivos, e o método.

(18) 18. científico é um “[...] conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento” (GIL, 2010, p. 8). Dentre os diferentes métodos existentes, optou-se pelo método indutivo, considerado por Gil (2010) como método que proporciona as bases lógicas de uma investigação científica. O método indutivo:. Parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a partir da observação de casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade (GIL, 2010, p. 10, grifo nosso).. O método indutivo permite que se possa compreender o objeto a partir da observação de um fenômeno que ainda não foi explorado pelo pesquisador, permitindo a ampliação do conhecimento sem que existam hipóteses explícitas. O processo de coleta de dados deste trabalho procura permitir a caracterização da dimensão da problemática dos REEE no que diz respeito a sua origem, manejo, gestão, gerenciamento e destinação ambientalmente adequada. A seguir, serão apresentados os procedimentos utilizados para a coleta de dados durante a pesquisa.. 1.1.1 Procedimentos metodológicos de pesquisa. O presente trabalho iniciou-se com a escolha de técnicas de pesquisa para coleta de dados, a pesquisa bibliográfica e revisão de literatura, etapas que têm sua importância por propiciar ao pesquisador as informações mais diversificadas sobre o tema a ser estudado e ainda mantém relação direta com a formulação de novas abordagens. Os trabalhos consultados no escopo da pesquisa bibliográfica, em diversas áreas do conhecimento tais como a Engenharia de Produção (RODRIGUES, 2007), Saúde Pública (RODRIGUES, 2012), Geociências (MAZON, 2014), Planejamento Energético (ARAÚJO, 2013) e Tecnologia (MARTILHO, 2012), constituíram uma bibliografia relevante para a elaboração desta dissertação. A.

(19) 19. diversidade dessas áreas do conhecimento faz parte da interdisciplinaridade que é trabalhada ao longo da pesquisa. Já a pesquisa documental ocorreu com a finalidade de conhecer e entender as legislações e demais instrumentos regulatórios concernentes ao objeto de estudo, bem como auxiliar nas diferentes etapas da pesquisa. Além disto, a presente pesquisa, na análise documental, optou pela utilização de relatórios organizados tanto por agências da Organização das Nações Unidas (ONU) – tais como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUMA) e a Universidade das Nações Unidas (UNU) – quanto por instituições como o Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology (EMPA), da Suíça. A relevância desse procedimento deve-se à importância de conhecer a regulamentação nos países centrais (Diretivas da União Europeia), que serviram como base de formulação de políticas para a gestão de REEE em outros países pelo fato de que, nos países centrais3, alguns dos procedimentos de gestão de REEE se organizam de maneira estruturada, através legislação específica, e coleta eficiente. Os dados e informações concernentes ao contexto nacional foram obtidos através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) e Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). No que tange à documentação técnica para os sistemas de logística reversa, consultou-se o Edital 01/2013 do Ministério do Meio Ambiente, que diz respeito à proposta de acordos setoriais, e também foi consultado o documento “Logística Reversa de Equipamentos Eletroeletrônicos: Análise de Viabilidade Técnica e Econômica”, organizado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. A análise documental também contemplou a legislação nacional e por regiões do Brasil: os Projetos de Lei anteriores e posteriores à PNRS. Foi feita, ainda, a análise dos seguintes documentos: o decreto nº 7.404, que dita as principais diretrizes sobre os acordos setoriais; o plano estadual para os resíduos sólidos do Rio Grande do. 3. Será utilizada neste texto a definição de países centrais e periféricos, que é utilizada pela Comissão Económica para América Latina e Caribe (CEPAL). Tal escolha é justificada por considerar que, dos países que recebem os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, uma parcela significativa não está em estágio próximo ao de desenvolvimento econômico já alcançado pelos países centrais..

(20) 20. Norte; e o diagnóstico realizado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente do estado de Minas Gerais, documento que se constituiu como fonte importante para a quantificação dos resíduos de EEE gerados no ano de 2008. Outro documento consultado foi a “Proposta de Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de NATAL/RN – PMGIRSNatal". Outra técnica utilizada foi a pesquisa de campo, por considerar-se importante a observação factual dos fenômenos que podem dar veracidade aos dados e informações coletados durante a pesquisa bibliográfica e confirmando-os. Nesta etapa, fez-se investigação empírica no formato de estudo de caso, que analisa um fenômeno contemporâneo no seu contexto real, especificamente quando os limites entre fenômeno e contexto não estão bem delimitados (YIN, 2001). O estudo de caso, enquanto “estratégia de pesquisa abrangente” (p. 33), analisa uma situação em que haverá mais pontos de interesses do que pontos de dados, desta forma, baseia-se em várias fontes de evidências e beneficia-se de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise de dados (YIN, 2001).. O estudo de caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas [...] observação direta e série sistemática de entrevistas. [...] o poder diferenciador do estudo é a sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências documentos, artefatos, entrevistas e observações (YIN, 2001, p. 37).. Durante a pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas. No que diz respeito aos procedimentos de entrevista corroborou-se o olhar de Gaskell (2002, p. 68), segundo quem “a finalidade real da pesquisa qualitativa não é contar opiniões ou pessoas, mas ao contrário, explorar o espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o assunto em questão”. A entrevista semiestruturada tem sido utilizada como método de coleta de dados por ter uma maior probabilidade de exposição dos pontos de vista dos entrevistados em uma estrutura aberta, do que o que é possibilitado em um planejamento padronizado ou em um questionário (FLICK, 2009)..

(21) 21. Os critérios utilizados para a organização das entrevistas e as subcategorias utilizadas para a elaboração do roteiro de entrevistas estão sintetizados no quadro 1, a seguir:. Quadro 1 – Categorias e subcategorias de fundamentação da pesquisa de campo em Natal/Brasil Subcategorias Categoria. Instituições privadas. Entrevistas. Coleta e comercialização de REEE;. Recebimento. parcerias. estabelecimentos;. com. órgãos. resíduos. nos. recebimento. durante campanhas; processos de. com o Estado; processos de exportação. desmontagem. de resíduos a outros países; subsídios. resíduos; processos de desmonte. econômicos de gestão; participação de. realizados;. empresas fabricantes de EEE;. trabalhadores.. de. funcionamento. e. empreendimentos REEE;. públicas. municipais;. de. campanhas realizadas em colaboração. Expedição. Instituições. Observação. licenças fiscalização. para dos. que comercializam. regulamentação. de. Processos setores. estocagem. qualificação. de de. e. organização regulamentação. de. dos. dos e. fiscalização; reconhecimento mútuo entre os atores; reconhecimento do. empreendimentos que lidam com REEE;. papel. campanhas. conhecimento específico quanto a. organizadas. para. recolhimento de REEE; atuação na. do. estado. e. mercado;. REEE.. gestão de resíduos sólidos do município; articulação. interinstitucional. e. intrainstitucional;. Fonte: Elaborado pela autora.. Tais perspectivas de categorias foram estruturadas após a revisão de literatura feita ao longo desse trabalho. Algumas entrevistas semiestruturadas foram realizadas como parte da pesquisa de campo, com os atores da gestão municipal de resíduos sólidos, a exemplo de uma entrevista com o representante da autarquia municipal Companhia de Serviços Urbanos de Natal (URBANA). A entrevista foi direcionada ao setor de Educação Ambiental desse órgão por ele estar diretamente.

(22) 22. relacionado à formulação das campanhas de recolhimento de resíduos no município de Natal/Brasil. Houveram duas entrevistas com representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB). A primeira, no setor de resíduos contaminantes, que lida com o licenciamento ambiental de sucatas, duas pessoas participaram da mesma entrevista, e, no setor de fiscalização da Secretaria, um representante se dispôs a ser entrevistado. Estas entrevistas tiveram também por finalidade averiguar como se delimitam as ações compartilhadas entre as empresas privadas, consideradas sucatas, e o município de Natal/Brasil para a gestão dos REEE e verificar as ações de regulamentação e fiscalização destes resíduos. Outras duas entrevistas foram realizadas com representantes de empresas privadas do município, a Natal Reciclagem e a EVS Reciclagem, com o intuito de compreender como elas organizam os sistemas de recolhimento, manejo, gerenciamento e destinação final dos resíduos de EEE. A primeira entrevista ocorreu na Natal Reciclagem, com um funcionário da empresa, que, nos moldes de uma conversa informal, se disponibilizou a responder a alguns questionamentos a respeito do funcionamento da empresa e permitiu que fossem feitos observação e registro de imagem do local. O proprietário dessa empresa foi procurado, mas não foi possível entrevistá-lo. A entrevista da empresa EVS Reciclagem ocorreu com uma representante do estabelecimento. Para a análise das entrevistas preferiu-se transcrever as falas dos entrevistados em sua apresentação original, para que o leitor pudesse aproximar-se da experiência obtida pelo pesquisador, apenas removendo-se as partes repetitivas no diálogo. Destaca-se a importância da observação simples enquanto técnica de coleta de dados, aplicada, neste caso, às cooperativas de catação e aos locais tidos como centros de desmonte de REEE na cidade de Natal, observando-lhes sua dinâmica de funcionamento. Essa técnica consiste em observar, de maneira espontânea, os fatos que ocorrem em uma comunidade, grupo ou situação. A observação, ainda que considerada espontânea, possui um desenho científico, por ter um controle na coleta de dados e posteriormente passar por processo “de análise e interpretação” (GIL, 2010, p. 101)..

(23) 23. A escolha por essa técnica de observação deve-se à não utilização de regras fixas quanto à inserção do entrevistando na situação observada como parte artificial do processo, tendo em vista que há a necessidade do pesquisador de assumir determinado papel em algum grupo a ser investigado, como é o caso da observação participante, ou no caso da observação sistemática, que tem por finalidade a descrição precisa de fenômenos ou teste de hipóteses (GIL, 2010). No que diz respeito ao procedimento de observação, uma câmera fotográfica foi usada de maneira sistemática para registrar em imagens o processo de pesquisa de campo. Destaca-se que a utilização de técnicas visuais em pesquisas, segundo Loizos (2002, p. 137-138), deve sua importância a três fatores determinantes: por ser um importante registro “das ações temporais e dos acontecimentos reais – concretos, materiais”; pela informação visual se caracterizar como uma fonte de dados primários; e por estar atrelada à mídia, que tem papel simbólico importante para a vida social, bastante influenciada pelos meios de comunicação.. 1.2 Estrutura dos capítulos. O presente trabalho é estruturado em quatro capítulos. O item 1 apresenta a temática a partir da contextualização, justifica a importância do estudo dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, e, por fim, apresenta os objetivos gerais e específicos do trabalho, seus procedimentos metodológicos e as técnicas de pesquisa em acordo com o método escolhido. O capítulo 2 se inicia com a problemática da gestão de REEE, objeto de estudo do presente trabalho, apresentando o debate internacional sobre meio ambiente, os principais instrumentos internacionais, legais e normativos, de gestão, assim como os desafios da gestão global para os países periféricos e para o âmbito local. O capítulo 3 analisa as características de gestão e gerenciamento dos resíduos de EEE no Brasil a partir da legislação já em vigor, para que no capítulo 4 seja possível compreender como acontece a atual gestão desses resíduos e como se.

(24) 24. dá sua relação com a cadeia global, apresentando inclusive como a Política Nacional de Resíduos Sólidos se impõe aos atores envolvidos na gestão do município a partir da análise do gerenciamento e o manejo dos REEE na cidade de Natal/Brasil. O item 5 apresenta as considerações finais, onde se retomam os aspectos principais da pesquisa, tendo em vista que o elemento basilar do trabalho será a investigação aprofundada da gestão de resíduos de EEE. Apresenta-se, em seguida, a lista de referências aqui utilizadas. Por fim, estão os apêndices e anexos com documentos coletados durante a pesquisa e que estão disponíveis para consulta pública..

(25) 25. 2 - Política e gestão de resíduos no mundo. Neste capítulo será apresentada a estruturação das políticas para a gestão de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos em nível internacional, na perspectiva de apontar como ocorrem os processos desse gerenciamento em temos globais, bem como as transformações no que diz respeito à expansão desses resíduos.. 2.1 Globalização e problemática ambiental. O debate sobre problemática ambiental internacional consolidou a ideia de que os impactos e contaminações ambientais ocorrem para além das fronteiras territoriais, como, por exemplo, as desertificações, o aumento nos níveis de gases na atmosfera, as chuvas ácidas, o uso crescente de agrotóxicos e o efeito estufa, problemas que, sendo gerados a partir de um modelo de desenvolvimento econômico e industrial não condizente com a capacidade de suporte do meio ambiente, demonstraram a necessidade de se criar regulamentações e acordos internacionais de maneira a evitar a degradação do meio ambiente em escala global. Pensar a questão ambiental em escala global conduz aos primeiros acordos e convenções entre países para a contenção dos efeitos da atividade humana ao meio natural. Mais especificamente, à restrição da caça em colônias africanas que remonta a 1900, embora a devastação ambiental tenha continuado, já que os acordos iniciais não alcançaram seus objetivos na sua integridade. As convenções e acordos posteriores direcionaram-se à preservação da fauna e da flora, mas os resultados políticos, porém, não foram satisfatórios ou práticos (RIBEIRO, 2001). A Organização das Nações Unidas, que foi criada em 1945, posteriormente à Segunda Guerra Mundial, tem sua importância para a temática ambiental no que diz respeito à coordenação da maior parte das convenções e na institucionalização da questão ambiental. A atuação dessa organização se deu a princípio pela criação da agência Food and Agriculture Organization (FAO), que atuava diante da possibilidade.

(26) 26. de haver crise de alimentos no mundo, já que nesse período de guerra algumas áreas agrícolas foram destruídas. Outra agência da ONU, a UNESCO, foi o organismo que se dedicou a debater a temática ambiental internacional durante a década de 1970 (RIBEIRO, 2001). A partir do relatório Limites do Crescimento, elaborado pelo Clube de Roma4 em parceria com o Massachusetts Institute of Technology, propagou-se a ideia de que o crescimento populacional em comparação com a produção de alimentos, que acontecia em escala menor, levaria à escassez e à disputa por alimento. Produto desse pensamento foram as propostas de políticas demográficas em vários países, e é nesse contexto que a ideia de crescimento econômico versus desenvolvimento sustentável começa a se estruturar, havendo discursos a favor do decrescimento, e outros a favor do desenvolvimento atrelado à indústria (RIBEIRO, 2001). A Conferência Para o Meio Ambiente Humano que ocorreu em Estocolmo, Suécia, no ano de 1972 marca o período a partir do qual o meio ambiente passa a ser escopo institucional na ONU. Tem-se, como principal resultado disso, a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que passou a comandar os debates sobre meio ambiente em escala global, com o objetivo de estabelecer estratégias para conter a poluição atmosférica, do ar, do solo e discutir as pressões demográficas exercidas sobre os recursos naturais. Conforme Ribeiro (2010), em Estocolmo o debate principal se deu entre:. Os desenvolvimentistas e os zeristas. Os primeiros eram representados pelos países pobres, que desejavam o desenvolvimento. Os segundos, baseados no relatório Limites para o crescimento que indicava uma escassez de recursos naturais para prover a base material da existência segundo o padrão capitalista de produção e consumo, sugeriram o crescimento zero da economia dos países pobres. A estagnação econômica não foi aceita, e os países em desenvolvimento passaram a receber investimentos, em especial por meio da instalação de indústrias que degradam o ambiente, gerando a chamada divisão internacional dos riscos técnicos do trabalho.. 4. The Club of Rome is an organisation of individuals who share a common concern for the future of humanity and strive to make a difference. Our members are notable scientists, economists, businessmen, high level civil servants and former heads of state from around the world. Disponível em: https://www.clubofrome.org/.

(27) 27. A divergência de paradigmas deu, portanto, continuidade ao ciclo de discussões internacionais, com o debate na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizado no Rio de Janeiro, em 1992, que traz o desenvolvimento sustentável e a segurança ambiental como “premissas de negociações associados a princípios como os da responsabilidade comum, porém diferenciada, e o da precaução” (RIBEIRO, 2010, p. 76). Durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável realizada em Johanesburgo no ano de 2002, as metas estabelecidas decorreram da avaliação da CNUMAD e da Agenda XXI (1992), tendo sido percebidas dificuldades conjunturais que acabaram levando à reafirmação das decisões tomadas na CNUMAD em Johanesburgo, como por exemplo, a premissa da responsabilidade comum e diferenciada “que mantém para os países ricos que degradaram mais o ambiente uma tarefa maior de renovação ambiental que os países de renda média e baixa” (RIBEIRO 2010, p. 77). Como se vê, nessa perspectiva de desenvolvimento pós revolução industrial é que os benefícios econômicos foram suprimindo as demandas por proteção ambiental, pois os melhoramentos provenientes do progresso eram tidos como algo necessário. A visão sobre a necessidade de mudança na perspectiva de intervenção do poder público teve continuidade nos Estados Unidos na década de 1960, através da regulamentação Avaliação dos Impactos Ambientais (AIA). No Brasil, a política ambiental nasce em meio a pressões exercidas pelos movimentos sociais e por organismos internacionais (SOUSA, 2008). Na perspectiva de ações direcionadas a uma política ambiental internacional, Bursztyn e Bursztyn (2006) compreendem que a prioridade foi estabelecida na forma do que esses autores chamam de “solidariedade verde”, na qual a dimensão do verde do meio ambiente sobressai diante das condições de vida das populações que são desprovidas, como demostra o fragmento a seguir:. Um balanço dos resultados da solidariedade internacional em torno da Sustentabilidade revela que a dimensão verde do meio ambiente sobressai como foco prioritário. Tanto em termos de mobilização de opinião pública como efetivamente na alocação de tímidos, as florestas e a proteção da biodiversidade se destacam. Outros temas igualmente ambientais, a exemplo da salubridade dos assentamentos.

(28) 28. humanos, ficaram num segundo plano, apenas como problemas das autoridades nacionais. Num país como o Brasil, que tem mais de 80% de sua população residindo no meio urbano, em que a qualidade das habitações é crítica, o saneamento, sob a ótica social, é crucial no curto prazo. Mas resolver problemas de esgoto, abastecimento de água potável, drenagem urbana e coleta e tratamento de lixo não constitui atrativo à solidariedade ambiental internacional. Para tais lacunas, não há doações internacionais, não há pressões da opinião pública e não há cobrança política nos grandes fóruns mundiais. Parece que a falta de prioridade política para investimentos em saneamento é menos grave do que o descaso com a conservação das florestas. Perversamente, o meio natural (cujo maltrato pode provocar mudanças climáticas em escala planetária) adquiriu status de interesse maior do que as condições de vida de populações desprovidas (BURSZTYN; BURSZTYN, 2006, p.63).. O debate sobre a questão ambiental no nível internacional revela que, mesmo diante da percepção e vivência dos problemas ambientais – como os eventos climáticos, a diminuição de recursos não renováveis, o aumento da geração de resíduos nos domicílios e na indústria – conjugadas à falta de certeza científica, as mudanças no modo de lidar com problemas ambientais tendem a ser mais demoradas. Isto por que, além de demandarem transformações nos aspectos econômicos e culturais, necessitam da adesão de grupos de interesses, assim como da adaptação de mecanismos de regulação da ética, da pesquisa científica e das normas que regem as condutas de uma dada sociedade (BURSZTYN; BURSZTYN, 2006). Para Duarte (2003), o percurso do Brasil enquanto ator global ocorre ao mesmo tempo em que a temática do meio ambiente desponta no cenário internacional. Em Estocolmo, o Brasil procurou defender suas posições quanto ao uso dos recursos naturais, alegando sua soberania nacional e a condição ao desenvolvimento. Mas, devido às pressões internacionais para o acesso a recursos econômicos, foi percebida a necessidade de superação do papel de vilão exercido aos olhos da comunidade internacional e tal oportunidade se concretizou com a já mencionada Conferência no Rio de Janeiro. A ECO-92 se tornou um marco nas relações multilaterais por seu êxito diplomático. Sousa (2008) caracteriza a evolução da política ambiental brasileira como marcada por grandes acontecimentos internacionais no século XX, decisivos para a determinação do curso das políticas ambientais no Brasil, embora tardiamente. A.

(29) 29. análise dessa autora é temporal e engloba três óticas: a ótica corretiva, predominante durante a década de 1970; a ótica preventiva, preponderante nos anos 1980; e uma ótica integradora desde os anos 1990. Acredita-se que nessa perspectiva integradora é que foram fornecidas as bases teóricas para a elaboração das políticas ambientais atuais (SOUSA, 2008):. A abordagem setorial corretiva e não integrada da questão ambiental por parte dos elaboradores de política pública brasileiros, aliada a visão governamental da época de que a proteção ambiental não deveria sacrificar o desenvolvimento do país, constituíram os principais entraves para a inserção do componente da sustentabilidade no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro (SOUSA, 2008, p. 1).. De fato, foi a preocupação com o meio ambiente no Brasil a partir da década de 1970 que notadamente implicou a elaboração e implementação de políticas públicas destinadas ao meio ambiente. Pois, no período anterior, as iniciativas relacionadas à regulação dos recursos buscavam legitimar e dar continuidade à exploração de recursos naturais, com base no debate de superação das condições de atraso e na manutenção de políticas modernizantes do país. A década de 1980 teve sua importância para a gestão ambiental no Brasil, tendo em vista que o processo de redemocratização e a Constituição de Federal de 1988 integraram a questão ambiental a algumas políticas públicas setoriais. O item 2.2 apresenta a Convenção de Basileia enquanto instrumento norteador das principais legislações relacionadas aos REEE.. 2.2 A Convenção de Basiléia. Apesar da preocupação com a movimentação de resíduos perigosos tornarse pública e institucional a partir da conferência da ONU em Estocolmo (1972), o tráfego desses resíduos e as consequências disso para o meio ambiente não eram discutidos, até a década de 1980, pelos Estados (ZIGLIO, 2005)..

(30) 30. Devemos perceber que a convenção é uma criação controlada, no presente, pelo Estado que participa deste acordo através da adesão ao tratado para evitar o descontrole, os desastres ambientais, a ameaça à saúde do homem ao estar em contato com resíduos industriais (ZIGLIO, 2005, P.34).. No contexto de formulação de leis ambientais em países centrais devido aos riscos de transporte de resíduos entre países, é que surge a Convenção de Basileia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito:. El objetivo del Convenio es proteger la salud de las personas y el medio ambiente frente a los efectos nocivos resultantes de la generación, los movimentos transfronterizos y la gestión de desechos peligrosos y otros desechos (CONVENIO DE BASILEA, p.125). Realizada na cidade de Basileia, na Suíça, a Conferência Diplomática que deu origem à convenção ocorreu no ano de 1989 e entrou em vigor em 1992. Essa convenção trata das proibições que dizem respeito aos movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e seu depósito, e dos instrumentos de possível controle desses deslocamentos. Segundo Ziglio (2005), a classificação e caracterização de resíduos, como sendo perigosos ou não, ocorreram através de um grupo técnicos de trabalho no ano de 1995, tendo sido adotadas pelas partes e passando a compor os anexos da convenção. Durante a década de 1980, as leis ambientais dos países industrializados direcionavam para uma crescente internalização dos custos da disposição de resíduos perigosos. Diante disto era comum o comércio tóxico de lixo de países industrializados para países em desenvolvimento e para a Europa Oriental. Quando esta atividade tomou fluxo e trafegando por inúmeros países sem nenhum controle, surgiu a adoção da Convenção de Basiléia. Torna-se o primeiro tratado sobre o assunto, com vinte e nove artigos e seis anexos (ZIGLIO, 2005, p. 44).. A convenção de Basileia considera como tráfego ilícito qualquer movimento transfronteiriço de resíduos perigosos, como sintetizou-se no quadro a seguir..

(31) 31. Quadro 2 - Interpretação do Tráfego Ilícito Movimentação de resíduos que seja realizada sem notificação a todos os Movimento. Estados interessados conforme as normas de disposição de resíduos do. transfronteiriço. convênio, ou sem o consentimento de algum dos Estados diante de documentos falsos ou de fraude documental.. Deverão ser devolvidos ao Estado ou gerador que os exportou, ou eliminados Consequências. em conformidade com as determinações do convênio, no prazo de trinta dias. para o. a partir da constatação do trafego ilícito ou quando os Estados considerarem. gerador/exportador. conveniente. Os Estados ou geradores não poderão se opor nem criar obstáculos ao recebimento dos resíduos. Consequências ao. O Estado deverá assegurar que os resíduos sejam tratados de maneira. Estado importador. ambientalmente adequada pelo importador, eliminador ou por ele mesmo. Partes interessadas ou outras instituições, de acordo com as determinações Ausência responsável. de. do convênio, em estado de cooperação garantirão que os resíduos sejam eliminados em qualquer outra parte de maneira ambientalmente correta e conveniente às partes. Regulações. Cada Estado é responsável pela promulgação das disposições do convênio,. Nacionais. a fim de inibir, proibir e punir o tráfego ilícito. Fonte: (Elaborado pela autora, a partir do Artículo 9, CONVENIO DE BASILEA). O controle foi institucionalizado, em parte, devido a uma série de eventos e casos de contaminação do meio ambiente. Citam-se a seguir alguns episódios que envolveram a movimentação de resíduos perigosos e podem ilustrar melhor esse debate. No Japão, em 1950, o caso Minamata, como ficou conhecido, expôs a fragilidade do meio ambiente e da população diante da contaminação de uma baía local por mercúrio. Há ainda outros episódios, como o do cargueiro Khian Sea, que navegou durante dois anos e depositou no Haiti cinzas provenientes da Filadélfia (EUA), e o de outros dois cargueiros, Jelly_Wax e Ecomar, que em 1987 enviaram à Nigéria quatro mil toneladas de resíduos contaminados procedentes da Itália (ZIGLIO, 2005)..

(32) 32. Pode-se mencionar também o caso da cidade de Bhopal, na Índia, em 1984, em que o vazamento de gases de uma fábrica de pesticidas resultou em vinte mil mortes. Outro exemplo mais recente, em 2003, foi aquele em que um navio transportou carregamento de melaço contaminado vendido por empresa holandesa a uma indústria localizada no estado da Paraíba/Brasil5 (ZIGLIO, 2005). A convenção se organizou a partir do acordo entre países, tendo por objetivo regulamentar, inibir esse comércio que ocorria sem obstáculos – sendo, os resíduos destinados, inclusive, a países periféricos – e garantir segurança para o meio ambiente. Para o alcance dos objetivos estabelecidos, a gestão em cada país participante deve assegurar a saúde da sociedade e do meio ambiente; os resíduos devem continuar no país em que foram gerados e ser tratados corretamente. A importação somente deve acontecer quando houver negociação entre os países que enviarem resíduos e os respectivos receptores. Entretanto, percebe-se que a obrigação em dar destinação correta e ambientalmente segura aos resíduos perigosos confere altos custos econômicos ao gerenciamento de resíduos, o que pode ser a motivação para os desvios dos fluxos de resíduos dos países em que a legislação determina seu tratamento adequado para países cujos mecanismos regulatórios estão em fase de formulação ou de fato não existem. Desse cenário de resíduos de EEE destacam-se, a seguir, iniciativas com relação a regulamentações, instrumentos e gestão para REEE em alguns países.. 2.3 Estruturas de gerenciamento de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos em alguns países. A União Europeia tem influenciado econômica e politicamente diferentes países no que se refere às regulamentações de REEE. Entre eles, os Estados Unidos,. No que se refere às proibições de importação de resíduos sólidos, a PNRS, no artigo 49, dispõe: “É proibida a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos, bem como de resíduos sólidos cujas características causem dano ao meio ambiente, à saúde pública e animal e à sanidade vegetal, ainda que para tratamento, reforma, reuso, reutilização ou recuperação” (BRASIL, 2010a). Cabe ressaltar que, no Brasil, a promulgação do texto da Convenção de Basileia ocorreu através do Decreto Nº 875, de 19 de julho de 1993. 5.

(33) 33. o Canadá, alguns países da Ásia (China, Índia e Paquistão). E por meio dessa influência tem tentado intervir na situação do continente africano, que tem países que são “receptores de sucatas desses produtos ao final de sua vida útil”. Destaca-se que a maior parte dos componentes que possuem metais considerados preciosos permanecem nos países com tecnologia adequada para extração (RODRIGUES, 2007, p. 79). As diretivas europeias têm sua importância por alertarem sobre a periculosidade de substâncias perigosas e o seu uso, e também por determinarem que haja uma redução doméstica da compra desses equipamentos a partir de 2006 (NNOROM; OSIBANJO, 2008). As determinações dessas diretivas que regem os processos de gerenciamento de REEE – disposição, tratamento, manejo de resíduos, organização, e financiamento da reponsabilidade com os produtos pós-consumo – passaram a responsabilidade sobre o gerenciamento da esfera governamental à esfera privada.. Em 2003 foram aprovadas na UE duas diretivas, 2002/96/CE e 2002/95/CE. A diretiva 2002/96/CE (WEEE) estabelece as diretrizes para a gestão dos resíduos, tendo como princípio a Responsabilidade Estendida do Produtor (REP), ou seja, a responsabilidade física, econômica e informativa sobre a gestão dos REEE recai sobre os fabricantes e importadores. A 2002/95/CE (RoHS) relaciona-se a restrições ao uso de certas substâncias perigosas na fabricação de EEE (chumbo, mercúrio, cádmio, cromo hexavalente, PBB e PBDE), a serem implementadas a partir de 1 de julho de 2006. Essas Diretivas têm servido de modelo para outros países como China, Coréia, Tailândia e Austrália, organizarem suas respectivas políticas públicas sobre os REEE (RODRIGUES, 2012, p. 24).. A Diretiva nº 2011/65/UE impõe que os estados membros assegurem que os equipamentos colocados no mercado não contenham determinadas substâncias em percentual maior do que o estabelecido pela própria diretiva, como por exemplo: (0,1%) tanto para chumbo quanto para mercúrio6. A Diretiva 2012/19/UE do Parlamento Europeu e do Conselho prevê a responsabilidade estendida do produtor. 6. A Diretiva nº 2011/65/UE estabelece também regras em relação à restrição da utilização de substâncias perigosas sujeitas a restrição e os devidos percentuais máximos, conforme consta no anexo II da mencionada legislação, estão listadas Chumbo (0,1 %), Mercúrio (0,1 %), Cádmio (0,01 %), Crómio hexavalente (0,1 %), Bifenilos polibromados (PBB) (0,1 %) e Éteres difenílicos polibromados (PBDE) (0,1 %)..

(34) 34. e incentiva a fabricação desses equipamentos de forma que sua reciclagem futura seja facilitada. Em outros países, como no caso dos Estados Unidos, é importante destacar que não há uma legislação federal. Em alguns estados norte-americanos existem leis que foram formuladas e indicam a proibição de dispor, nos aterros sanitários, produtos de linha branca7 e que contenham tubos de raios catódicos. No país, é necessário pagar um imposto no momento da compra de um equipamento eletroeletrônico com o intuito de financiar o sistema de gestão de resíduos (KAHHAT et al., 2008).. A LR de REEE em países em desenvolvimento ainda está em estágio preliminar. Inciativas em economias emergentes como Índia, China e Brasil mostram que é necessário modelos específicos adaptados à realidade local. O modelo emergente de LR nesses países convive com a falta de legislação adequada e de incentivos econômicos, baixa conscientização dos consumidores, produtos sem marca e catadores de materiais recicláveis que coletam e destinam quantidades crescentes de lixo eletrônico, mas com pouco preparo para lidar com os riscos relativos à saúde, à segurança e proteção do meio ambiente (DEMAJOROVIC; AUGUSTO; SOUZA, 2016, p.19).. Alguns países, como China e Índia, passam por situação complexa com relação à gestão dos REEE. Widmer et al. (2012) destacam que esses países enfrentam uma condição tanto de geração interna dos REEE quanto de importação ilegal, como se pode perceber na figura 1. Esse fato facilita não só o aparecimento de comércio desses resíduos, mas também o atendimento de demandas por equipamentos a preços baixos, como demonstra o fragmento a seguir:. [...] a) reciclagem de lixo eletrônico tem se desenvolvido em todos os países como uma atividade comercial, b) na China e Índia é baseada em pequenas e médias empresas (PME) no setor informal e na África do Sul no setor formal, e c) cada um dos países está tentando superar as deficiências dos sistemas atuais desenvolvendo estratégias para melhoria (WIDMER et al. 2012, p. 155).. 7. A Linha branca é composta por refrigeradores e congeladores, fogões, lavadoras de roupa e louça, secadoras e condicionadores de ar; a categoria é definida, no Brasil, pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)..

(35) 35. Figura 1 - Tráfego Internacional de REEE para a Ásia. Fonte: WIDMER et al. (2012 apud Schwarzer et al., 2005, p.444). Verifica-se que a inexistência e/ou insuficiência de regulamentações para reprimir as importações de resíduos contribui para a formação de economias informais de conserto e recuperação de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos nos países periféricos. Essas atividades são fonte de sobrevivência de pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, pessoas essas que, em sua maioria, não possuem conhecimento dos riscos ao meio ambiente e à própria saúde, desconhecem técnicas adequadas de manejo e não têm acesso a requisitos econômicos que propiciem o contrário (WIDMER et al., 2012). A seguir apresenta-se o quadro 3 que é síntese sobre gestão de resíduos de EEE em alguns países. Para a caracterização da problemática em alguns países do continente Africano, leva-se em consideração os países que são alvo direto da importação dos REEE e que são objeto de estudo em projetos e relatórios organizados pela Convenção de Basileia. Os estudos sobre a presença dos resíduos de EEE no continente africano são organizados por instituições parceiras da ONU, como o EMPA, a agência UNEP e o instituto Oko. Os estudos dessas agências buscam responder.

(36) 36. onde estão esses resíduos na África, como ocorrem as importações desses equipamentos no fim de vida útil e de onde vêm esses equipamentos.. Quadro 3 – Síntese sobre a gestão de REEE em alguns países do mundo. Países. Legislação específica para REEE/ Características. África do Sul. As atividades de reciclagem têm se desenvolvido, através do mercado formal.. China. A Logística Reversa de REEE ainda está em estágio preliminar, esse país é receptor de resíduos em larga escala, a reciclagem se desenvolve como atividade comercial baseada em pequenas e médias empresas no setor informal, ainda que a legislação não seja adequada.. Índia. Esse país enfrenta uma condição tanto de geração interna, quanto de importação ilegal dos REEE, os processos de reciclagem tem se desenvolvido como atividade comercial baseada em pequenas e médias empresas no setor informal. Peru. Está em vigor legislação específica para o recolhimento de REEE “Directiva Nº 003-2013/SBN”, a qual tem alcance nacional através de campanhas ou pela doação a empresas prestadoras de serviços.. Uruguai. Não possui legislação específica, porém, alguns grupos de trabalho discutem propostas para gestão.. Fonte: elaborado pela autora, com base em: (WIDMER et al., 2012); (DEMAJOROVIC; AUGUSTO; SOUZA, 2016);. A posse de equipamentos eletroeletrônicos e o uso de tecnologia podem ser confundidos com melhoria das condições socioeconômicas e mudanças na condição de inclusão social em um país. A reflexão apontada por Schluep (2011) é que no continente africano há um fenômeno conhecido por the digital divide, um abismo de exclusão digital. A solução para esse fato teria sido a importação de equipamentos para o uso de tecnologia da informação que seriam os computadores,.

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