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I. Do Bolsa Família à Renda Básica de Cidadania

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Academic year: 2021

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I. Do Bolsa Família à Renda Básica de Cidadania

O programa Bolsa Família constitui um dos principais instrumentos utilizados pelo governo do presidente Lula para cumprir a sua meta de até o fi-nal de seu mandato, em 2006, assegurar que todos os brasileiros possam se alimentar pelo menos três vezes ao dia, e assim erradicar a fome e a pobreza absoluta no Brasil. Segundo a lei que define o pro-grama, todas as famílias com renda mensal abaixo de R$ 100 por pessoa poderão ter acesso ao Bolsa Fa-mília. O benefício é de R$ 50 mais R$ 15, R$ 30 ou R$ 45, se a família tiver uma, duas, três ou mais crian-ças e sua renda mensal por pessoa for de até R$ 50. Se estiver na faixa de R$ 50 a R$ 100 o benefício será de apenas R$ 15, R$ 30 ou R$ 45 dependendo do número de crianças.

Em contrapartida a família deve provar que as crianças de até seis anos foram vacinadas conforme o calendário do Ministério da Saúde, além da visita pe-riódica aos postos de saúde para verificação de seu desenvolvimento e nutrição. As crianças e adolescentes de seis até dezesseis anos completos devem freqüentar a escola e apresentar pelo menos 85% de freqüência nas aulas. Os pais, quando for necessário e na medida do possível, devem realizar cursos de alfabetização ou aperfeiçoamento profissional.

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Ao lançar o programa Bolsa Família, em outubro de 2003, o presidente Lula unificou quatro programas de transferência de renda até então existentes: o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação, o Auxílio Gás e o Cartão Alimentação. Em setembro de 2003, o programa Bolsa Escola beneficiava 5.056 milhões de famílias; o pro-grama Bolsa Alimentação, 1, 669 milhão, o Cartão Ali-mentação, 774 mil, e o Auxílio Gás, mais de 9,7 mi-lhões. Nesse desenho de programas de transferência de renda, havia, entre outros problemas, a superposição do público-alvo. Em média, cada família estava em 1,8 programa. Em dezembro de 2003, havia 3,6 milhões de famílias cadastradas no Bolsa Família. Em dezem-bro de 2005, 8,7 milhões. Em setemdezem-bro de 2006, 11,117 milhões, correspondendo a praticamente 100% das fa-mílias com rendimento mensal per capita menor do que R$ 121.

Considerando que cada família tem em média cerca de quatro pessoas, 11,2 milhões de famílias corresponderão a cerca de 45 milhões de pessoas. Isso é aproximadamente um quarto da população brasilei-ra, estimada em 185 milhões em janeiro de 2006.

Para pagar o benefício do Bolsa Família, que em novembro de 2005 era da ordem de R$ 64 por família, o governo definiu no Orçamento da União um montante equivalente a aproximadamente R$ 64 vezes 12 meses, vezes 11,2 milhões de famílias em 2006, pressupondo que o valor do benefício não seja aumentado. Essa soma, sem incluir os custos administrativos, será próxima de R$ 9 bilhões. Entre outras fontes de recursos orçamentários para fazer frente a esta finalidade, o governo dispõe de parte da receita da Contribuição Provisória sobre Movi-mentações Financeiras. Ou seja, da alíquota de 0,38%

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sobre cada movimentação financeira, apenas 0,08% são destinados ao Fundo de Combate à Pobreza. Os 0,30% restantes são destinados à Saúde.

Não se trata de um valor tão excepcional quando se examina a sua finalidade e comparado a outros itens do orçamento. Para pagar os juros da dívida pública, por exemplo, somados os três níveis de governo da União, dos estados e dos municípios nos anos de 2003, 2004 e 2005 foram gastos, respectivamente, R$ 145,2 bilhões, R$ 128,2 bilhões e R$ 157,1 bilhões, segundo o Boletim do Banco Central.

Atualmente, para efetivamente se prover o míni-mo necessário aos brasileiros que estão passando pri-vações, há que se ter um processo de verificação bas-tante minucioso sobre quem tem e quem não tem o direito ao benefício. O que ressalta a importância da atitude da dona Ione. Como as reportagens da impren-sa já demonstraram, por vezes é difícil acompanhar os rendimentos de cada família e de seus membros, este-jam no mercado formal ou no informal, ou ainda pres-tando serviços de qualquer natureza para terceiros e assim por diante.

Para dona Ione e seu marido, Anquilino Machado, que ficou desempregado por mais de 14 meses, certa-mente não foi fácil a sobrevivência no ano que passou. Em alguns momentos, possivelmente, realizaram tra-balhos aqui ou acolá, algum tipo de bico, ou pediram emprestado aos amigos e parentes, para adquirir o mí-nimo necessário.

Será possível ao governo fiscalizar bem todas es-tas variações? E será adequado que os seus vizinhos e os órgãos de imprensa fiquem observando todos os dias, na casa de cada família beneficiária do Bolsa Família,

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se ali tem telefone, televisão, computador; arroz, fei-jão e batata na despensa; leite, manteiga, carne, legu-mes e frutas na geladeira?

Será que há alguma maneira de se resolver este problema, aperfeiçoando ainda mais o objetivo do pro-grama Bolsa Família? Sim, existe. Felizmente esse ca-minho agora já é uma lei. A Lei nº 10.835/2004 apro-vada pelo Congresso Nacional em 2003, sancionada pelo presidente Lula em 8 de Janeiro de 2004, e que, pouco a pouco, será implementada no Brasil. Trata-se da instituição da Renda Básica de Cidadania.

O que diz a Lei 10.835/2004?

Que será instituída, a partir de 2005, uma Renda Básica de Cidadania, que se constituirá no direito de todos os brasileiros residentes no país e estrangeiros que vivem há pelo menos cinco anos no Brasil, não impor-tando a sua condição socioeconômica, receberem anual-mente um benefício monetário. A incorporação de pes-soas ao programa de Renda Básica de Cidadania será em etapas, a critério do Poder Executivo, priorizando-se as camadas mais necessitadas da população.

O pagamento do benefício deverá ser de igual valor para todas as pessoas, não importa a sua origem, raça, sexo, idade, condição civil ou mesmo socioeconô-mica, e suficiente para atender suas necessidades vitais, considerando para isso o grau de desenvolvimento do País e as possibilidades orçamentárias. Esse pagamen-to poderá ser feipagamen-to em parcelas iguais e mensais.

Ao definir o benefício o Poder Executivo vai le-var em conta a Lei de Responsabilidade Fiscal. A cada ano, a partir de 2005, consignará no Orçamento Geral da União a dotação orçamentária suficiente para isso. Assim, já para os anos de 2005 e de 2006, ao definir a

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expansão das metas do Bolsa Família citadas acima, pode-se considerar que o governo esteja cumprindo os passos previstos na lei para chegar à Renda Básica de Cidadania. A partir de 2005, os projetos de lei relati-vos aos planos plurianuais e às diretrizes orçamentá-rias deverão especificar os cancelamentos de despesas e as suas transferências, bem como outras medidas julgadas necessárias à execução do programa de Ren-da Básica de CiRen-daRen-dania.

Mas então a dona Ione e o seu marido também vão receber a Renda Básica de Cidadania? Sim. E também pessoas tão bem sucedidas como o presidente Lula, o Pelé, o Ronaldinho, o Ronaldo, a Xuxa, o empresário tão admirado Antonio Ermírio de Morais, eu próprio e a senadora Heloísa Helena, que normalmente têm mais do que o suficiente para sobreviverem? Sim, todos, inclusi-ve todas as pessoas que em Maringá, cidade da dona Ione, e pelo Brasil afora estiverem em dificuldades.

Mas por que isso vai acontecer, já que os que têm muito não precisam da Renda Básica para a sua sobre-vivência? Isso acontecerá porque eles deverão colabo-rar mais para que todos possam receber a Renda de Cidadania. Esta é a maneira de se atingir os mais po-bres com maior eficácia.

Quando a Renda Básica de Cidadania estiver inte-gralmente implantada, teremos as seguintes vantagens: • A eliminação de toda a burocracia envolvida na fiscalização dos rendimentos recebidos por cada pessoa para efeito de receber a renda básica de cidadania;

• Não haverá mais qualquer sentimento de estig-ma, humilhação ou de vergonha de uma pessoa precisar dizer quanto ganha para poder receber um complemento de renda;

Referências

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