• Nenhum resultado encontrado

Análise crítica das ofertas das rodadas de licitações da ANP, com foco nas variáveis do julgamento do processo licitatório: conteúdo local, bônus de assinatura e programa exploratório mínimo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Análise crítica das ofertas das rodadas de licitações da ANP, com foco nas variáveis do julgamento do processo licitatório: conteúdo local, bônus de assinatura e programa exploratório mínimo"

Copied!
110
0
0

Texto

(1)ANÁLISE CRÍTICA DAS OFERTAS DAS RODADAS DE LICITAÇÕES DA ANP, COM FOCO NAS VARIÁVEIS DO JULGAMENTO DO PROCESSO LICITATÓRIO: CONTEÚDO LOCAL, BÔNUS DE ASSINATURA E PROGRAMA EXPLORATÓRIO MÍNIMO. Felipe Alvite Vazquez. Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia do Petróleo da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Profa. Rosemarie Bröker Bone, D.Sc. Co-Orientador: Prof. Eduardo Pontual Ribeiro, D.Sc.. Rio de Janeiro Fevereiro de 2010.

(2) Vazquez, Felipe Alvite Análise Crítica das Ofertas das Rodadas de Licitações da ANP, com Foco nas Variáveis do Julgamento do Processo Licitatório: Conteúdo Local, Bônus de Assinatura e Programa Exploratório Mínimo / Felipe Alvite Vazquez. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2010. xiii, 97 p.: il.; 29,7 cm. Orientadores: Rosemarie Bröker Bone e Eduardo Pontual Ribeiro Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia do Petróleo, 2010. Referências Bibliográficas: p. 106-107. 1.Rodadas de Licitação. 2.Conteúdo Local. 3.Programa Exploratório Mínimo. 4. Bônus de Assinatura. I. Bone, Rosemarie Bröker et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia do Petróleo. III. Titulo.. ii.

(3) Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela vida. Aos que estão na Terra, dedico esta vitória aos meus pais, que sempre estiveram comigo nesta caminhada, e também por me darem a oportunidade que eles, quando mais novos, não tiveram. Adicionalmente, dedico também este trabalho a todos aqueles que fizeram parte da minha vida e já se foram, e aos que fariam se antes não tivessem partido. Deixo aqui minha homenagem aos meus avôs paternos, meu avô materno, meus tios Manolo Alvite e Manolo Vazquez, minha tia Maruga e meus padrinhos Florinda e Francisco. E também aos meus grandes amigos, tios por escolha, que já se foram, mas que aqui deixaram seus legados e frutos: Tio Manolo, Tio Silvino e Tio Caamaño. Em especial, à minha linda avó materna, vovó Angustia, que há um ano olha por mim junto do Senhor.. iii.

(4) Agradecimentos Dizem que família a gente não escolhe, mas só mesmo Deus pode ter feito, por mim, uma escolha tão perfeita! Agradeço ao meu pai, Ramon, cuja história de batalha e suor em muito supera a minha e muito me orgulha. Quem nunca me escutou, emocionado, contar sua história de vitória? Um dos grandes responsáveis por todas as oportunidades que tive até aqui na vida. Te amo! Aos meus irmãos, Marcos e Fabiano, pela paciência, ou pela falta dela, com o irmão caçula. A eles agradeço também, pelas novas irmãs, Lu e Rê, e pelo sobrinho Bê. Amo vocês todos! À enorme família de origem espanhola, mesmo a muitas léguas distantes: Tio Juan, Tias Carmen Alvite e Carmen Vazquez, Tia Maruga, Tia Natália, Tio Miguel e Tio José Antonio. Além dos seus inúmeros descendentes. Mas se família não escolhemos, amigos sim: esses escolhemos! São tantos que não há como listar todos aqui. Tem o grupo do “Zacca”, da “facul”, da “colônia”, do trabalho e os aleatórios. Certamente, cada qual desses sabe em qual grupo se “encaixa”, mas não rara as vezes em que se misturaram. Do “Zacca”, entre tantos, agradeço especialmente a um tal de Gustavo e a um japonês, o Dennys. Aos da faculdade, é mais difícil agradecer, pois nos dividimos em grupos. No meu grupo, somos apenas em 24, os mesmos 24 que entramos na UFRJ em 2005. Os especiais são todos, mas há os memoráveis: Thaty e Moisés, que participaram diretamente das minhas conquistas acadêmicas. Há ainda o Jorge, o Walmir, o Godoy, a Pri, a Mari, a Cavadinha, a Luna, a Ana, o Rafa, o Brito, o Gui, o Ivan, o Pedro, o Zé, o Ary, o Gabriel e o Thiago. Sem contar naqueles que foram ser felizes em outras profissões, mas fazem parte igualmente da EPT/2005: André, Bia, Leo e Thiago. À UFRJ, a eterna Universidade do Brasil, por todo seu corpo docente, administrativo e diretor, e a todo o povo brasileiro que mantém essa e outras instituições com seus impostos; e ao PRH-21, programa em parceria da UFRJ com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), pelo seu apoio institucional e financeiro.. iv.

(5) Ainda da faculdade, há aqueles professores-amigos. Ou seriam amigos-professores? Impossível não destacar: Paulo Couto, Shiniti, Mussumeci, Abelardo, Leiras, Régis, Theodoro e Rose, responsável por esta monografia estar pronta no prazo. Da ainda iniciante vida profissional, alguns já ganharam destaque: Robert, Ronice, Sílvia, Rose, Indira, Ciraudo, Almeida, Vander, Viviane, Rômulo, Paula, Rodolfo, Werneck, Ueta e Mazorra e Anna. Da imensa colônia espanhola no Rio, responsável por tantos compromissos sociais ao longo desses cinco anos de UFRJ, não posso esquecer-me de citar: Tia Ana, Tia Maricarmen, Tia Mary, Tia Élida, Tia Márcia, Iago, Dudu, Quel, Renatinha, Juan Daniel, Rany, Angela, Mônica, Rodrigo Rial, Diana, Manuela, Sérgio etc. E aos amigos ditos aleatórios: Dani, Eliésio e Álvaro, além do pessoal do futebol de quinta e de domingo. Não, não me esqueci de ninguém. Simplesmente, deixei, propositalmente, o melhor por último. Pois, a essa altura dos agradecimentos, certamente lágrimas de felicidade e orgulho escorrem por seu rosto. Sim, estou falando da mamãe. Minha mãe Rosa. Ou Rosinha para os íntimos, que com sua simpatia e carisma conquista o carinho e o respeito de todos. Mãe, não tenho muito a dizer, só posso lhe dizer: muito obrigado por tudo! Se não fosse sua força, paciência, quanta paciência!, e perseverança, provavelmente eu ainda me formaria, só não se sabe em quanto tempo. Te amo! A todos aqui citados, e principalmente aos olvidados, meu sincero “OBRIGADO”!. v.

(6) “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. vi.

(7) Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro do Petróleo. Análise Crítica das Ofertas das Rodadas de Licitações da ANP, com Foco nas Variáveis do Julgamento do Processo Licitatório: Conteúdo Local, Bônus de Assinatura e Programa Exploratório Mínimo. Felipe Alvite Vazquez. Fevereiro/2010. Orientador: Profa. Rosemarie Bröker Bone, D.Sc. Co-Orientador: Prof. Eduardo Pontual Ribeiro, D.Sc.. Curso: Engenharia do Petróleo Em 1997, a Lei 9.478, ou Lei do Petróleo, pôs fim ao monopólio da Petrobras, em vigor desde sua criação pela Lei 2.004, em 1953. Para tanto, criou o CNPE e a ANP, que passaram a reger o setor petrolífero e a realizar as rodadas de licitação dos blocos exploratórios. Desde então, a participação de novos investidores nas atividades de E&P, viabilizada com o atual regime regulador, gera desenvolvimento econômico, empregos e renda para o país, e impulsiona a competitividade das indústrias internamente. Tais benefícios são atingidos mediantes a cláusulas nos atuais contratos de concessão, em xeque com os projetos de lei que prevêem a adoção do regime de partilha da produção para as áreas do pré-sal. Posta essa motivação, o presente trabalho é alvo do estudo de três variáveis dos atuais contratos, ao longo das dez Rodadas de Licitações já realizadas pela União: Bônus de Assinatura, Programa Exploratório Mínimo (PEM) e Conteúdo Local. Foco maior é dado para este último, por se tratar de um compromisso das concessionárias em adquirir bens e serviços na indústria nacional. O objetivo principal é verificar se a Petrobras, após quebra do monopólio, oferece maior ou menor percentual de Conteúdo Local, Bônus de Assinatura e PEM em relação às demais empresas, nos leilões da ANP. O resultado obtido ao longo do trabalho é que a Petrobras tem agido nas Rodadas de Licitações, quando observadas as variáveis BA, PEM e CL, como uma empresa de petróleo internacional, apresentando pouco compromisso com o desenvolvimento nacional, como outrora. Palavras-chave: ANP, Rodadas de Licitações, Blocos Exploratórios, Conteúdo Local, Programa Mínimo Exploratório, Bônus de Assinatura, Brasil, Petrobras.. vii.

(8) Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Petroleum Engineer.. Critical Analysis of ANP Rounds, with Focus on the Variables of the Bidding Process: Local Content, Signature Bonus and Minimum Exploration Program. Felipe Alvite Vazquez. February/2010. Advisor: Rosemarie Bröker Bone, D.Sc. Co-Advisor: Eduardo Pontual Ribeiro, D.Sc.. Course: Petroleum Engineering In 1997, the Law 9478, also known as Petroleum Law, ended the Petrobras monopoly, in force since its creation by the Law 2004 of 1953. For that, the Law created the CNPE and ANP, which shall regulate the oil industry and make the bid rounds of exploration blocks. Since then, the participation of new investors in the E&P market, made possible with the current regulatory regime, generate economic development, jobs and income for the country, and also boost the internal competitiveness. These benefits are achieved through clauses in the current concession contracts, at risk with the purposes to adopt the production sharing agreements for the pre-salt areas. Motivation given, this work is subject of the study of three variables in the current contracts, over the ten Bid Rounds already undertaken by the State: Signature Bonus, Minimum Exploration Program (PEM) and Local Content. Greater focus is given to the last one, because it represents a dealer commitment to purchase Brazilian goods and services. The main objective is to check if Petrobras, even after the end of the monopoly, offers greater or lesser Local Content, Signature Bonus and PEM compared with other companies, in the ANP Rounds The result throughout the paper is that Petrobras has been active as an international oil company in the Bid Rounds, not showing any particular commitment to leverage national development, as once has already done. Keywords: ANP, Brazil Rounds, Exploration Blocks, Local Content, Minimum Exploration Program, Signature Bonus, Brazil, Petrobras.. viii.

(9) Sumário LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................xi LISTA DE TABELAS................................................................................................................xii LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................................xiii CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO..............................................................................................14 1.1 Objetivos e Motivação...............................................................................................15 1.2 Estruturação do Trabalho...........................................................................................16 CAPÍTULO 2 – O MARCO REGULATÓRIO.......................................................................17 CAPÍTULO 3 - AS RODADAS DE LICITAÇÕES................................................................ 22 3.1 Rodada Zero..............................................................................................................23 3.2 Primeira Rodada........................................................................................................24 3.3 Segunda Rodada........................................................................................................26 3.4 Terceira Rodada.........................................................................................................28 3.5 Quarta Rodada...........................................................................................................31 3.6 Quinta Rodada...........................................................................................................33 3.7 Sexta Rodada.............................................................................................................39 3.8 Sétima Rodada...........................................................................................................43 3.8.1 Áreas Inativas com Acumulações Marginais.............................................48 3.9 Oitava Rodada...........................................................................................................52 3.9.1 A Suspensão da Oitava Rodada.................................................................54 3.10 Nona Rodada...........................................................................................................58 3.10.1 Resolução CNPE 06/2007 e a Retirada dos 41 Blocos Exploratórios.....60 3.11 Décima Rodada........................................................................................................63 3.12 Considerações Parciais............................................................................................65 CAPÍTULO 4 - AS VARIÁVEIS DAS OFERTAS.................................................................72 4.1 Bônus de Assinatura..................................................................................................72 4.2 Programa Exploratório Mínimo.................................................................................74 4.3 Conteúdo Local..........................................................................................................77. ix.

(10) 4.4 Considerações Parciais..............................................................................................80 CAPÍTULO 5 – A METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................83 CAPÍTULO 6 - RESULTADOS................................................................................................87 6.1 Levantamento de Dados............................................................................................87 6.1.1 Resultados por blocos................................................................................87 6.1.2 Resultados por empresas............................................................................88 6.1.3 Resultados por valores...............................................................................89 6.1.4 Ofertas não honradas.................................................................................91 6.2 Resultados da Metodologia.......................................................................................92 6.2.1 Bônus de Assinatura..................................................................................93 6.2.2 Programa Exploratório Mínimo.................................................................95 6.2.3 Conteúdo Local..........................................................................................97 CAPÍTULO 7 – CONCLUSÃO..............................................................................................101 7.1 Visões do Futuro......................................................................................................103 CAPÍTULO 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................106 ANEXO I – DECRETOS/PORTARIAS POR OCASIÃO DA PRIMEIRA RODADA....108. x.

(11) Lista de Figuras Figura 2.1 – Principais acontecimentos na indústria petrolífera brasileira, 1897-2008.....17 Figura 3.1 – Localização do Campo de Tupi e de parte dos 41 blocos retirados da Nona Rodada, na Bacia de Santos............................................................................62 Figura 7.1 – Mapa das áreas em concessão......................................................................104. xi.

(12) Lista de Tabelas Tabela 3.1 – Restrição à apresentação de ofertas inicialmente proposto pela ANP para a Oitava Rodada...................................................................................................................56 Tabela 3.2 – Bacias ofertadas em cada rodada de blocos exploratórios......................................67 Tabela 3.3 – Bacias ofertadas em cada rodada de áreas marginais.............................................67 Tabela 3.4 – Resultados das rodadas de blocos exploratórios em termos de blocos e áreas.......68 Tabela 3.5 – Resultados das rodadas de áreas marginais em termos de blocos e áreas..............68 Tabela 3.6 – Resultados das rodadas de blocos exploratórios em termos de Bônus de Assinatura, Programa Exploratório Mínimo (PEM) e Conteúdo Local................69 Tabela 3.7 – Resultados das rodadas de áreas marginais em termos de Bônus de Assinatura e Programa de Trabalho Inicial (PTI)......................................................................69 Tabela 3.8 – Resultados das rodadas de blocos exploratórios em termos de empresas participantes..........................................................................................................70 Tabela 3.9 – Resultados das rodadas de áreas marginais em termos de empresas participantes..........................................................................................................70 Tabela 4.1 – PEM definido no edital da Primeira Rodada de Licitações....................................75 Tabela 4.2 – Faixas percentuais de CL na Rodada 7...................................................................79 Tabela 4.3 – Mudanças nas ofertas de CL...................................................................................81 Tabela 4.4 – Mudanças dos pesos das ofertas.............................................................................81 Tabela 6.1 – Bônus de Assinatura (em R$) arrematado em cada rodada: total e médias por bloco arrematado...................................................................................................93 Tabela 6.2 – PEM (em UTs) oferecido em cada rodada: total e médias por bloco arrematado.............................................................................................................95 Tabela 6.3 – Faixas percentuais de CL na Rodada 7...................................................................97 Tabela 6.4 – CL médio (em %) oferecido em cada rodada: (a) para a Fase de Exploração e (b) para a Etapa de Desenvolvimento da Produção....................................................98. xii.

(13) Lista de Gráficos Gráfico 6.1 – Resultados das rodadas por blocos........................................................................87 Gráfico 6.2 – Resultados das rodadas por empresas...................................................................88 Gráfico 6.3 – Resultados das rodadas por empresas vencedoras................................................88 Gráfico 6.4 – Resultados das rodadas por valores.......................................................................89 Gráfico 6.5 – Índice de ofertas não honradas por rodada............................................................92 Gráfico 6.6 – Bônus de Assinatura total (em milhões R$) em cada rodada................................93 Gráfico 6.7– Bônus de Assinatura (em milhões R$) médio em cada rodada..............................94 Gráfico 6.8 – PEM (em UTs) total em cada rodada....................................................................95 Gráfico 6.9 – PEM (em UTs) médio em cada rodada.................................................................96 Gráfico 6.10 – CL médio (em %) para a Fase de Exploração em cada rodada...........................98 Gráfico 6.11 – CL médio (em %) para a Etapa de Desenvolvimento da Produção em cada rodada....................................................................................................................99. xiii.

(14) Capítulo 1 - Introdução Após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil se inseriu num movimento de nacionalização crescente com relação às atividades produtivas, em especial com relação à exploração dos seus recursos naturais. A necessidade de obter o crescimento econômico fez com que os governos da época canalizassem recursos para que uma infra-estrutura básica fosse gerada, com o propósito de gerar condições para a indústria nacional crescer e amadurecer. Especificamente com relação ao petróleo, o Brasil já dispunha do Código Nacional do Petróleo de 1938, mas era pouco respaldado por descobertas e produção da commodity. Somente na década de 50, após a Lei 2004 de 1953, o Brasil abriu passagem para a entrada em cena, de uma empresa genuinamente brasileira para o setor petrolífero, a Petróleo Brasileiro S.A - Petrobras. Ela serviria de agente impulsionador de investimentos em bens de capital em vários setores da economia, promovendo o desenvolvimento econômico nacional e regional onde estivesse presente. Contudo, a criação de uma empresa de petróleo no país não era suficiente, era preciso reduzir a dependência do país quanto à importação de petróleo e derivados. Até a descoberta da Bacia de Campos, alguns investimentos ocorreram como forma de atrair empresas petrolíferas internacionais para descobrirmos petróleo em solo brasileiro. Eram os contratos de risco vigentes entre 1976 e 1988. Na década de 90, com a onda liberalizante, muitas privatizações ocorreram em empresas relacionadas à infra-estrutura nacional, mas a Petrobras, devido a sua força histórica, resistiu. Entretanto, a ementa constitucional nº 9 de 1995, relativa ao artigo 177 da Constituição Federal de 1988, foi o início do processo de abertura do setor petrolífero, pois retirava da empresa o monopólio na exploração e produção de petróleo e gás no território nacional. Em 1997, a Lei 9.478, conhecida com a Lei do Petróleo, passou a reger o setor petrolífero e criou o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP), responsáveis pela realização de rodadas de licitação de blocos exploratórios de hidrocarbonetos no território nacional.. 14.

(15) Desde então, a participação de novos investidores nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural, viabilizada com o atual regime regulador para o setor, gera desenvolvimento econômico e novos empregos, além de impulsionar a competitividade das indústrias relacionadas ao setor, em sinergia com os investimentos em pesquisa e inovação tecnológica. Dessa maneira, as Rodadas de Licitações dão continuidade à tarefa de gerar as condições para o aumento das probabilidades de aproveitamento do potencial do Brasil em petróleo e gás natural e, consequentemente, para o aumento da autonomia energética do país.. 1.1 Objetivos e Motivação Introduzido o breve histórico acima, o presente trabalho tem o intuito de analisar as variáveis que compõem as ofertas nas Rodadas de Licitações da ANP: Conteúdo Local (CL), Bônus da Assinatura (BA) e Programa Exploratório Mínimo (PEM). Paralelamente, analisamos cada Rodada de Licitação da ANP, desde a Rodada Zero, onde houve a troca de ativos entre a Petrobras e a União, através da ANP, em 1998, até a Rodada 10, ocorrida em 2008, quando se deu a última licitação de um bloco exploratório no Brasil até então. Em 2009, pela primeira vez desde o início das rodadas, não tivemos a oferta de nenhum bloco exploratório, dando fim à sequência anual. Nossa motivação para o trabalho vem das recentes discussões sobre a chamada área do pré-sal, mais especificamente do projeto de lei 5941/2009, que prevê a Petrobras como única e exclusiva operadora de todos os blocos exploratórios da faixa do pré-sal, ainda não arrematados nos leilões. Desta forma, o objetivo deste artigo é verificar como a Petrobras, sempre tida como impulsionadora do desenvolvimento da indústria do petróleo e da economia do país como um todo, se comporta ao longo das Rodadas de Licitações da ANP em relação à oferta de BA, PEM e, especialmente, CL. Buscamos comparar as ofertas vencedoras da Petrobras com as das demais empresas participantes do processo licitatório, em termos de BA, PEM e CL. A idéia central era verificar se a Petrobras segue, após a quebra do monopólio em 1997, como fomentadora e alavanca do desenvolvimento da economia brasileira, além de atuar como braço político do governo.. 15.

(16) 1.2 Estruturação do Trabalho Em prol do objetivo supracitado, o trabalho foi dividido em 5 capítulos, além da presente Introdução, da Conclusão e das Referências Bibliográficas (Capítulos 1, 7 e 8, respectivamente). A fim de se buscar uma melhor abrangência do assunto, seguindo uma linha acadêmica que busca apresentar uma metodologia simples e fundamentada, os Capítulos 2, 3 e 4 fazem descrições detalhadas do contexto em que este trabalho se insere. Assim, o Capítulo 2 percorre a evolução do marco regulatório brasileiro no setor de óleo e gás, desde a extração dos primeiros barris de petróleo no país, em 1897, até ao atual modelo de contratos de concessão para a exploração e produção de petróleo e gás natural em território nacional, que está em vias de ser alterado para as áreas do pré-sal. Destaca-se nesse capítulo a Lei do Petróleo (Lei 9.478, de 1997), responsável pelo fim do monopólio de direito da Petrobras sobre as atividades de E&P. O Capítulo 3 aborda as características e os números das Rodadas de Licitações da ANP, desde a Rodada Zero, em 1998, onde a Petrobras devolveu os blocos de exploração nos quais não possuía mais interesse ou não havia investido até o momento, até a Décima Rodada, em 2008. Ao longo do capítulo, importantes alterações nas regras das rodadas são também abordadas. Já o Capítulo 4 nos traz uma análise detalhada dos os itens que compõe as ofertas das empresas para o recebimento das concessões nos leilões pelas áreas exploratórias. Esses itens são: (a) Bônus de Assinatura (BA) - valor em dinheiro oferecido pelo bloco; (b) Programa Exploratório Mínimo (PEM) - em unidades de trabalho (UTs) que serão convertidas em atividades exploratórias como sísmica 2D e 3D, métodos potenciais e poços exploratórios; e (c) Conteúdo Local (CL) compromisso percentual com aquisição de bens e serviços na indústria nacional. A seguir, o Capítulo 5 apresenta a metodologia proposta para identificar as diferenças entre as ofertas vencedoras da Petrobras e das outras empresas ofertantes. Posta a metodologia, os resultados são apresentados e comentados no Capítulo 6, que nos dá a base para as conclusões e comentários finais apresentados no Capítulo 7.. 16.

(17) Capítulo 2 – O Marco Regulatório Esta primeira seção nos apresenta os principais acontecimentos da evolução do marco regulatório brasileiro no setor de petróleo e gás, baseada em ALVEAL (1994) e ALVEAL (2001). A história do marco regulatório nacional se confunde com a história da própria indústria de petróleo brasileira. A Figura 2.1 abaixo mostra a linha do tempo e os acontecimentos que marcaram a indústria do petróleo nacional.. Figura 2.1 – Principais acontecimentos na indústria petrolífera brasileira, 1897-2008 (adaptação do autor, baseado em Kropf & Ribeiro, 2009).. O período I é marcado pelas primeiras tentativas de exploração de petróleo no Brasil e pela criação das bases para a atual indústria de petróleo brasileira. Como datamarco para seu início, escolheu-se o ano de 1897, quando foram extraídos os primeiros barris de óleo nacional, em um poço perfurado na região de Bofete, no Estado de São Paulo. Tal fato estimulou a organização, profissionalização e especialização dos órgãos públicos voltados para a prospecção de petróleo. Como conseqüência, em 1907 foi criado o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil (SGMB) com o propósito de estimular a pesquisa para descoberta de reservas petrolíferas no país. Com o fim da Primeira Guerra Mundial e com o crescimento do papel estratégico do petróleo no cenário global, intensificaram-se as pesquisas por jazidas nas. 17.

(18) bacias sedimentares brasileiras. Contudo, o sucesso dessas iniciativas foi dificultado pela carência de mão-de-obra especializada e pela falta de recursos e equipamentos. Nesse contexto, o ano de 1930 pode ser considerado como um ponto de inflexão na política brasileira. Com a Revolução de 30, Getúlio Vargas ascende ao poder, afastando do controle decisório as oligarquias tradicionais, que representavam os interesses agrário-comerciais. Era o fim da República do café com leite. Em seu governo, Vargas adotou uma política industrializante, regulamentando o mercado de trabalho urbano, limitando algumas importações e, mais tarde, direcionando os investimentos estatais para a indústria de base e energia. Tem-se, por exemplo, a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e Companhia Vale do Rio Doce. Dessa forma, a economia brasileira passou de agro-exportadora para industrializada em grande escala. O crescimento das indústrias de bens intermediários gerou gargalos crescentes no fornecimento de energia e canais de transporte do país. Aliado a isso, surgiu um intenso nacionalismo econômico. Assim, ainda na década de 30, instalou-se uma campanha para nacionalização dos recursos naturais, considerados estratégicos para o país. Desse movimento, destacou-se o empresário Monteiro Lobato, um dos maiores incentivadores do desenvolvimento da indústria de petróleo nacional, como uma forma de diminuir a dependência do país às importações de petróleo cru. Como resultado, Vargas criou o Conselho Nacional do Petróleo (CNP) em 1938, com a missão de coordenar os assuntos relacionados à distribuição, pesquisa, lavra e refino de petróleo. Representava, portanto, o intervencionismo estatal na economia e também a primeira iniciativa de uma regulação específica para o setor de petróleo. De 1939 a 1953, o CNP supervisionou, regulamentou e executou as atividades petrolíferas no Brasil. No ano seguinte, 1939, dá-se a primeira descoberta de uma acumulação comercial de petróleo no país, em Lobato, na Bahia. A partir de então, iniciou-se intensa atividade exploratória na Bacia do Recôncavo Baiano. Com a hegemonia dos EUA após a Segunda Guerra Mundial, introduziu-se no Congresso Nacional, durante o governo Eurico G. Dutra, uma proposta de unir o capital público e privado no setor de petróleo, conhecida como Estatuto do Petróleo (1948). O principal argumento para a participação estrangeira era a defasagem tecnológica nacional e a falta de recursos financeiros das empresas brasileiras, uma vez que é uma indústria intensiva em capital e demandante de grandes volumes de investimentos. Segundo o Estatuto de 1948, o aproveitamento dos recursos minerais e de energia hidráulica dependeria de autorização ou concessão federal, na forma de lei. Em resposta 18.

(19) a essa iniciativa é lançada a campanha “O petróleo é nosso”, que defendeu o monopólio integral do Estado. Em 1951, Getúlio Vargas retornou à Presidência da República, dessa vez eleito por votação popular. Um de seus primeiros atos foi enviar o Projeto de Lei nº 1561/51, que resultou na aprovação da Lei nº 2004, de 03 de Outubro de 1953, que dispunha “sobre a política do petróleo, define as atribuições do Conselho Nacional do Petróleo, institui a sociedade por ações Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima e dá outras providências”. Dessa forma, a Lei 2004/53 marcou o fim do período I e início do período II. A Lei 2004/1953 também constituiu a Petróleo Brasileiro S.A - Petrobras, sociedade por ações de economia mista com controle acionário do Estado, declarandose monopólio da União todas as atividades da cadeia petrolífera, com exceção da distribuição, aberta à iniciativa privada. O monopólio estatal exercido pela Petrobras imprimiu uma identidade inovadora à construção de uma indústria estratégica e de elevado impacto sistêmico. Esperava-se que os investimentos fossem conduzidos por ela e que seus benefícios se estendessem para a economia como um todo. O caráter nacionalista da Lei 2004/53 pode ser entendido como uma resposta ao poder exercido pelas grandes companhias de petróleo mundiais, as chamadas Sete Irmãs, durante a primeira metade do século XX. A Petrobras herdou os ativos que antes eram propriedade do CNP, delegando a este apenas o papel de fiscalizador do setor. Nos anos seguintes à criação da Petrobrás, já se observava um aumento das áreas exploradas. Nas décadas de 50 e 60, desenvolveram-se os campos de Jequiá, Carmópolis e Guaricema, na Bacia de Sergipe-Alagoas, e o Campo de São Matheus, na Bacia do Espírito Santo. Já na década de 70, destacaram-se as descobertas de Ubarana, na Bacia Potiguar (RN), e de Garoupa, na Bacia de Campos (RJ), que viriam a se tornar o início da bem sucedida prospecção de petróleo em águas profundas. Todavia, o Brasil ainda era muito dependente das importações de petróleo bruto, que representavam 80% do consumo nacional. Diante desse fato, pode-se entender porque os choques do petróleo, primeiro em 1973 e depois em 1979, afetaram tão negativamente a economia brasileira. A escalada dos preços do barril impactou diretamente no aumento da dívida externa. Além disso, as crises diminuíram a capacidade de investimento da Petrobras, quase que paralisando as ações exploratórias. E como se sabe, embora seja a atividade mais importante para a sustentabilidade da. 19.

(20) indústria do petróleo em um país, a exploração envolve elevados riscos e requer grande volume de investimentos. Uma alternativa para reaquecer o setor foi a adoção dos contratos de risco, prevista na Lei n° 6340/76. Esses contratos foram firmados entre a Petrobras e as empresas privadas detentoras de tecnologia e recursos. No caso de sucesso exploratório, as empresas privadas internacionais deixariam os campos para serem desenvolvidos pela Petrobras e seriam ressarcidas com a produção. Entre 1976 e 1988, foram assinados 243 contratos, mas somente dois obtiveram êxito. O insucesso dos contratos de risco pode ser explicado pela maior cautela das grandes companhias nesse período, também afetadas pelos choques do petróleo. Como estratégia para a diminuição dos riscos, essas empresas concentraram seus investimentos em regiões mais promissoras e com reservas já comprovadas, como o Oriente Médio e o Mar do Norte. A partir da segunda metade da década de 80, ocorreu uma queda acentuada no preço do barril de petróleo, levando a reestruturação da indústria do petróleo mundial, mais especificamente a um processo de conglomeração. Internamente, tem-se uma crise de credibilidade do governo, devido aos sucessivos fracassos das políticas de estabilização macroeconômicas, à crescente dívida externa e ao déficit fiscal. Inicia-se paralelamente o processo de abertura política e edição da Constituição Federal de 1988, que, em seu Artigo 177, reafirma o monopólio estatal da Petrobras e elimina os contratos de risco. Entretanto, já no início da década de 90, observaram-se mudanças radicais no mercado externo e interno. Dentre as mais importantes, estão a desregulamentação da estrutura financeira internacional e a união de países em blocos econômicos, além de uma onda de privatizações em nível mundial como forma de se obter sistemas mais eficientes. Nesse contexto, é lançado o Plano de Desestatização do governo de Fernando Collor. Foram privatizadas a Petromisa (minério), a Petroquisa (química) e a Petrofértil (fertilizantes), retirando da Petrobras as atividades de alto valor agregado, deixando-a restrita à cadeia petrolífera, ao contrário do que ocorria com as suas concorrentes no resto do mundo. Seguindo essa tendência liberalizante, deu-se o processo de abertura do setor de petróleo e gás brasileiro. Sua primeira etapa foi a aprovação da Emenda Constitucional nº 9 de 1995, que alterou o artigo 177 da Constituição de 1988 quanto aos agentes envolvidos nas atividades do setor de petróleo e gás. A partir desta mudança, as atividades de exploração e produção puderam ser desempenhadas por empresas 20.

(21) nacionais ou privadas, como se segue: “§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei”. A conclusão desse processo se dá com a promulgação da Lei n°9478 em 1997 (Lei do Petróleo), que regulamentou a participação dessas outras empresas nas atividades petrolíferas antes monopolizadas. Tal fato representa a transição do período II para o período III. Os principais aspectos da Lei n° 9478/97 são a criação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a criação do órgão regulador do setor, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e a adoção dos contratos de concessão. A partir desses regulamentos, ficou estabelecido que os direitos de prospecção e produção de petróleo e gás natural no território brasileiro continuariam pertencendo à União, cabendo à ANP a sua administração, mediante concessões a empresas públicas ou privadas. À ANP foi conferida, então, a responsabilidade de conduzir as Rodadas de Licitações para Exploração e Desenvolvimento da Produção de Petróleo e Gás Natural. O capítulo seguinte trata justamente das Rodadas de Licitações da ANP.. 21.

(22) Capítulo 3 - As Rodadas de Licitações As Rodadas de Licitações para Exploração, Desenvolvimento e Produção de Petróleo e Gás Natural realizadas periodicamente pela ANP constituem, desde a promulgação da Lei nº 9.478/1997 - a Lei do Petróleo - o único meio legal no Brasil para a concessão do direito de exercício dessas atividades econômicas sobre as bacias sedimentares brasileiras. As licitações para a concessão dessas áreas atendem aos princípios e objetivos da Política Energética Nacional, expressos na Lei do Petróleo (Art. 1º) e também às diretrizes da Resolução nº 8/2003, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O país possui 29 bacias sedimentares com interesse para pesquisa de hidrocarbonetos – o equivalente a 7,5 milhões de km², sendo cerca de 2,5 milhões de km² no mar. Entretanto, pouco mais de 4% dessas áreas estão sob concessão para as atividades de exploração e produção (ANP, 2009a). Essas bacias são, para efeitos de licitações, divididas em blocos exploratórios. A delimitação dos blocos ofertados nas rodadas de licitações da ANP é condicionada à disponibilidade de dados geológicos e geofísicos que demonstrem indícios da presença de petróleo e gás natural, além das condicionantes ambientais, entre outros itens técnicos. Resumidamente, a organização de uma Rodada de Licitações inclui as seguintes etapas: definição de blocos; anúncio da rodada; publicação do pré-edital e da minuta do contrato de concessão; realização da audiência pública; recolhimento das taxas de participação e das garantias de oferta; disponibilização do pacote de dados; seminário técnico-ambiental; seminário jurídico-fiscal; publicação do edital e do contrato de concessão; abertura do prazo para a habilitação das empresas concorrentes; realização do leilão para apresentação das ofertas; e assinatura dos contratos de concessão. Para o recebimento da concessão para exploração e desenvolvimento da produção, as empresas devem ser habilitadas e suas ofertas julgadas pela ANP. O julgamento das ofertas contempla três itens, que serão abordados na seção seguinte: (a) Bônus de Assinatura (BA), valor em dinheiro oferecido pelo bloco; (b) Programa Exploratório Mínimo (PEM), em unidades de trabalho que serão convertidas em. 22.

(23) atividades exploratórias como sísmica 2D e 3D, métodos potenciais e poços exploratórios; (c) compromisso com aquisição de bens e serviços na indústria nacional. Representando a União, a ANP deve fiscalizar a execução da exploração, desenvolvimento e produção dos blocos. Os itens observados são: (a) os pagamentos pela ocupação (ou retenção) das áreas; (b) o pagamento dos royalties; (c) o pagamento de participação especial no caso de campos de grande volume de produção ou de alta rentabilidade; (d) as condições de devolução das áreas; (e) a vigência, duração do contrato e os prazos e programas de trabalho para as atividades de exploração e produção; (f) o compromisso com a aquisição de bens e serviços de fornecedores nacionais; (g) o compromisso com a realização do Programa Exploratório Mínimo proposto na oferta vencedora; (h) as responsabilidades das concessionárias, inclusive quanto a danos ao meio ambiente. Colocado isso, esta seção visa trazer um histórico detalhado desses mais de dez anos de abertura do mercado, mostrando, rodada a rodada, os principais acontecimentos e números dessas licitações da ANP. Inicia na Rodada Zero e vai até a Rodada 10, passando pelas licitações das áreas com acumulações marginais e por outras questões relevantes. Um foco maior à atuação da Petrobras nesses leilões também é considerado nesta seção. Em cada uma dessas rodadas, busca-se esclarecer o ambiente em que cada leilão estava envolvido, bem como as principais mudanças nas regras das licitações, como a mudança no desenho e no tamanho dos blocos ofertados a partir da Rodada 5, de 2003. Por fim, apresentam-se os números gerais de cada rodada, como o número de empresas participantes e vencedoras, a relação de blocos ofertados e concedidos, o total de BA arrecadado pela União e o PEM comprometido.. 3.1 Rodada Zero A chamada Rodada Zero foi o conjunto de negociações realizadas após a promulgação da Lei do Petróleo para definir a participação da Petrobras após a abertura do mercado interno de exploração e produção de petróleo e gás natural. Consolidada no dia 6 de agosto de 1998, a Rodada Zero ratificou os direitos da Petrobras na forma de contratos de concessão, conforme a Lei do Petróleo, sobre blocos exploratórios e áreas em desenvolvimento ou em produção em que a empresa houvesse. 23.

(24) realizado investimentos na data da promulgação da Lei 9.478, tendo em vista a empresa ter tido o monopólio do setor petrolífero nacional por mais de 40 anos. As concessões dadas pela ANP à Petrobras não tiveram licitação prévia. Ao todo, foram assinados 397 contratos distribuídos entre blocos e campos, como segue: 115 blocos em exploração; 51 campos em desenvolvimento; e 231 campos em produção. A área total concedida à Petrobras na Rodada Zero, sem licitação, é superior a 450 mil km² (ANPEI, 2005). Posteriormente, conforme previsto em lei, algumas concessões dadas a Petrobras tiveram cessão de direitos, tendo em vista não estarem produzindo ou não serem mais de interesse da empresa. Essas áreas foram então devolvidas à ANP, sendo, inclusive, alvo de posteriores concessões através das Rodadas de Licitações seguintes. Em suma, a Rodada Zero designa a assinatura entre a ANP e a Petrobras, reconhecendo os blocos e campos de exploração de petróleo solicitados pela estatal, cujos direitos foram ratificados na forma de Contratos de Concessão. A Rodada Zero previa ainda a devolução gradual de parte dos blocos concedidos em 1998 sem processo licitatório à ANP, conforme calendário pré-estabelecido e resultados da exploração dessas áreas.. 3.2 Primeira Rodada Anunciada em fevereiro de 1998, a Primeira Rodada de Licitações da ANP para outorga de concessão de áreas de exploração de petróleo ocorreu efetivamente entre os dias 15 e 16 de junho de 1999, com a submissão das ofertas e o anúncio das vencedoras. Durante esse período de mais de um ano, foi seguido todo o cronograma que contemplava, entre outras ações, apresentações para empresas interessadas no Rio de Janeiro (Brasil), em Houston (EUA) e em Londres (Reino Unido), bem como a qualificação das empresas, a disponibilização dos pacotes de dados, seminários jurídicos, fiscais e técnicos e a publicação do edital. A Rodada 1 foi finalizada em 23 de setembro de 1999, com a assinatura dos contratos de concessão dos blocos licitados na rodada. Entre a Rodada Zero e a Primeira Rodada de Licitações da ANP, alguns decretos presidenciais e portarias foram lançados com destaque e impacto na rodada. Estes podem ser vistos sumarizados no Anexo I deste trabalho.. 24.

(25) Seguindo, em geral, o mesmo formato, com os aperfeiçoamentos necessários detectados e implementados ao longo do tempo, os cronogramas de todas as rodadas subseqüentes tiveram como base o cronograma da Rodada 1. Além de servir como base para as rodadas subseqüentes, a Rodada 1 foi também marcante pois foi quando de fato deu-se a abertura do mercado de E&P no Brasil, conforme previa a Lei do Petróleo de 1997 (Lei 9.478/97). Foi caracterizada como o marco da flexibilização do monopólio da União sobre as atividades de exploração e produção no país. Em termos de números absolutos, porém, a Rodada 1 foi um tanto “tímida” quando comparada com as outras rodadas. Diversas empresas se mostraram interessadas (ao total, foram 58, das quais 42 pagaram a Taxa de Participação), porém boa parte delas foi ainda bastante comedida: apenas 14 dessas empresas apresentaram ofertas (Petrobras como única nacional, e outras 13 estrangeiras). Esse fato foi absolutamente natural e esperado, já que era a primeira vez que um processo daqueles acontecia em quase 50 anos do estabelecimento da indústria petrolífera no país. Por isso mesmo, a Rodada 1 pôde ser considerada um sucesso, com o início, no final da década passada, de uma nova era da indústria do petróleo no país. As áreas ofertadas na Rodada 1 concentraram-se em 8 bacias: Foz do Amazonas, Potiguar, Camamu-Almada, Cumuruxatiba, Espírito Santo, Campos, Santos e Paraná. Excetuando-se os blocos da Bacia do Paraná, onde os 3 blocos ofertados eram terrestres, todos os blocos das demais bacias eram marítimos. Do total de 27 blocos ofertados (132 mil km²), 13 blocos (ou 54 mil km²) foram arrematados, todos em mar: 4 blocos na Bacia de Campos, 1 na Bacia de CamamuAlmada, 2 na Bacia do Espírito Santo, 1 na Bacia da Foz do Amazonas, 1 na Bacia Potiguar e 3 na Bacia de Santos. Além da Bacia do Paraná, a Bacia de Cumuruxatiba também não recebeu ofertas por seus dois blocos oferecidos na rodada. Das 14 empresas ofertantes, 11 empresas de 6 diferentes países saíram vencedoras da rodada, quer como operadoras, ou simplesmente como sócias dos consórcios licitantes. Nesta rodada, foram seis as novas operadoras no país. O total arrecadado com o Bônus de Assinatura foi de R$ 321 milhões, cabendo ao bloco BM-S-4, na Bacia de Santos, o maior bônus pago: R$ 134 milhões. O valor pago na época pela petrolífera italiana Agip, hoje Eni, é até hoje um dos maiores já. 25.

(26) pagos por uma área no leilão da ANP. Na época com 100% dos direitos sobre o bloco, a empresa italiana fez o que na indústria se chama de farm-out, isto é, vendeu parte de sua participação no ativo (no caso, vendeu 50% do bloco à brasileira Vale, mas continuou como operadora do mesmo). Após informar indícios de gás, o consórcio conseguiu junto à ANP prorrogação até 2011 para o Plano de Avaliação do campo, situado na faixa do Pré-sal definido pela Petrobras (Energia Hoje, 2009). Embora a Agip tenha arrematado os 4 blocos em que fez oferta, sendo a empresa que mais pagou bônus de assinatura (R$172 milhões), a Petrobras ainda assim foi quem mais arrematou blocos na rodada. Ao todo, foram 5, após dar lances em 7 blocos. Desses 5 blocos, em 1 a Petrobras entrou sozinha, enquanto que nos outros 4 ela venceu em consórcio. No total, em 3 blocos a operação cabe à Petrobras: BM-C-3, BM-C-6 e BM-CAL-1. No total, a Petrobras e suas parceiras foram responsáveis pelo pagamento de cerca de R$ 43 milhões em bônus de assinatura (13,5% do total), dos quais cerca de R$15 milhões correspondem à parte da Petrobras nos consórcios.. 3.3 Segunda Rodada Anunciada em 30 de setembro de 1999, apenas uma semana após a assinatura dos contratos de concessão da Rodada 1, a Segunda Rodada de Licitações da ANP foi realizada no ano seguinte. E teve apenas um dia de leilão: as empresas interessadas e habilitadas apresentaram suas ofertas e tomaram conhecimento das vencedoras no dia 7 de junho de 2000, no Rio de Janeiro. Àquela altura, as coisas estavam bem encaminhadas. O entusiasmo e o interesse em mostrar que a estratégia adotada para a abertura do mercado fora bem sucedida faziam com que a ANP e a União agissem de pressa com as providências necessárias para o bom prosseguimento anual das Rodadas de Licitações. Tanto assim que os contratos de concessão resultados da Rodada 2 foram já assinados em 15 de setembro de 2000. Se considerarmos o percentual de blocos concedidos, sobre o total licitado, pode-se afirmar que a Rodada 2 foi a mais bem sucedida de todas as Rodadas. Afinal, dos 23 blocos postos em licitação, apenas 2 não foram concedidos. Isso significa que mais de 90% dos blocos oferecidos nesta rodada foram arrematados. Em termos de área. 26.

(27) absoluta, 81% dos 59 mil km² ofertados foram concedidos. Outro recorde das Rodadas de Licitação até hoje. Outra novidade da Rodada 2 foi que, ao contrário da Rodada 1, dessa vez blocos onshore também foram arrematados. Ao todo, 9 dos 21, ou cerca de 43% dos blocos concedidos, eram em terra. Um dos motivos pode ter sido o aumento da oferta de blocos terrestres: enquanto que na rodada anterior foram disponibilizados apenas 3 blocos em terra, nesta rodada foram 10. Desta vez, a oferta de blocos exploratórios concentrou-se em 9 bacias: Amazonas (1 bloco em terra); Pará-Maranhão (1 bloco no mar); Potiguar (2 blocos em terra); Sergipe-Alagoas (3 blocos em terra e 2 no mar); Recôncavo (3 blocos em terra); Camamu-Almada (1 bloco no mar); Campos (4 blocos no mar); Santos (5 blocos no mar); e Paraná (1 bloco em terra). Os únicos 2 blocos não arrematados foram o bloco terrestre BT-AM-1, na Bacia do Amazonas, e o marítimo BM-C-9, na Bacia de Campos. Em relação à Rodada 1, as bacias estreantes em Rodadas de Licitações foram as Bacias de Sergipe-Alagoas, Amazonas, Pará-Maranhão e Recôncavo. Por outro lado, as Bacias do Espírito Santo, da Foz do Amazonas e de Cumuruxatiba não foram ofertadas, ao contrário da rodada anterior. Embora o número de empresas interessadas tenha diminuído de 58 para 49, o número de empresas habilitadas (considera-se habilitada a empresa que cumpriu todos os requisitos para apresentação de oferta: qualificação + pagamento da taxa de participação + garantia de oferta) subiu de 38 para 44, e o número de empresas ofertantes saltou de 14 para 27, da primeira para a segunda rodada. Das que apresentaram ofertas, 16 saíram como vencedoras de pelo menos um bloco. Além disso, 6 novas empresas ganharam o direito de explorar áreas no Brasil como operadoras. Interessante notar que foi a partir da Rodada 2 que empresas brasileiras, que não a Petrobras, entravam de fato no mercado de E&P brasileiro. Ao todo, todas as 4 empresas nacionais habilitadas a participar do processo licitatório apresentaram ofertas e saíram do leilão com direitos exploratórios sobre pelo menos um dos blocos em que ofertaram. Por tudo isso, pode-se dizer que a Rodada 2 consolidou a entrada de novos agentes no cenário exploratório brasileiro. Esse era justamente um dos principais. 27.

(28) objetivos da Rodada 2, tendo em vista a redução no tamanho médio dos blocos licitados: de 4,9 mil km² para 2,6 mil km². Isso atraiu empresas de menor porte para a rodada, já que não seriam necessários investimentos tão robustos para arrematar e explorar tais áreas. Outro dado que demonstra a evolução da Rodada 2 em relação à anterior é o total de bônus de assinatura arrecado. Foram quase R$ 470 milhões, cerca de 50% a mais do que o arrecadado na Rodada 1. Deste total, destaca-se o valor pago pelo bloco marítimo BM-S-9, da Bacia de Santos, pelo qual o consórcio Petrobras (45%, operadora) / BG (30%) / YPF – hoje Repsol - (25%) desembolsou mais de R$ 116 milhões. Anos depois, veio a justificativa para tamanho investimento: estão localizados no bloco prospectos como as áreas de Carioca, Guará e Iguaçu, todas no cluster do présal da Bacia de Santos. Estima-se que ali possa haver reservas de mais de 30 bilhões de óleo equivalente, cerca de cinco vezes mais que o estimado para o megacampo de Tupi, que causou o “boom” do pré-sal. Se confirmado, este seria o terceiro maior campo de petróleo do mundo na atualidade, e a maior descoberta nos últimos 30 anos (Energia Hoje, 2009). Mais uma vez, e conforme já esperado, a Petrobras foi a empresa que mais arrematou blocos na rodada, fosse em consórcio ou não. Ao todo, foram 8 blocos, sendo 6 em consórcio e 2 sem parcerias. Apenas em 1 desses blocos, a Petrobras não é a sócia majoritária nem operadora: BM-S-7, na Bacia de Santos, cuja a operação caberá à Chevron, com 65% de participação. Além disso, a Petrobras fez oferta em outros 3 blocos, que não levou. No total, a Petrobras e suas parceiras foram responsáveis pelo pagamento de cerca de R$ 356 milhões em bônus de assinatura (76% do total), dos quais cerca de R$165 milhões correspondem à parte da Petrobras nos consórcios.. 3.4 Terceira Rodada A Rodada 3 teve início ainda em 2000, quando foi anunciada e começaram-se os Roadshows (palestras itinerantes) pelo mundo. Pela primeira, a apresentação de uma Rodada de Licitações da ANP acontecia em 5 países (Austrália, Cingapura, Inglaterra, EUA e Canadá), além da audiência pública no Rio de Janeiro, Brasil.. 28.

(29) A apresentação das ofertas aconteceu, de fato, nos dias 19 e 20 de junho de 2001. Com o objetivo de atrair ainda mais empresas para o setor petrolífero brasileiro, inclusive com a oferta de oportunidades para empresas de diversos portes e perfis, o edital de oferta da Rodada 3 reduziu para 1,7 mil km² o tamanho médio dos blocos. Nesta rodada, o número de bacias e blocos ofertados excedeu os das rodadas anteriores. Foram ofertados, ao todo, 53 blocos (43 em mar e 10 em terra), divididos em 12 bacias sedimentares brasileiras, como se segue:  Bacia do Pará-Maranhão: 3 blocos em mar;  Bacia de Barreirinhas: 1 bloco em mar;  Bacia do Ceará: 2 blocos em mar;  Bacia Potiguar: 3 blocos em terra;  Bacia de Sergipe-Alagoas: 2 blocos em mar;  Bacia do Recôncavo: 3 blocos em terra;  Bacia de Camamu-Almada: 2 blocos em mar;  Bacia de Jequitinhonha: 1 bloco em mar;  Bacia do Espírito Santo: 7 blocos em mar e 2 em terra;  Bacia de Campos: 9 blocos em mar;  Bacia de Santos: 16 blocos em mar; e  Bacia do Paraná: 2 blocos em terra. As Bacias de Barreirinhas, Ceará e Jequitinhonha tiveram, pela primeira vez, blocos ofertados. Do total de 53 blocos ofertados, 34 foram concedidos (64%), sendo 7 onshore e 27 offshore. Em termos de área, dos quase 89 mil km² licitados, cerca de 49 mil km² foram arrematados, o que representa 54,1%. Os números de empresas habilitadas e de empresas que apresentaram ofertas praticamente se mantiveram constantes em relação à Rodada 2: 42 e 26, respectivamente (contra 44 e 27, um ano antes). Entretanto, o número de empresas que adquiriram o direito à exploração de pelo menos um bloco, mesmo que em consórcio, aumentou significativamente de 16 para 22. Isto significa dizer que apenas 4 das 26. 29.

(30) empresas ofertantes saíram sem nenhum bloco da rodada. O número de novos operadores após esta rodada foi de 8. A Rodada 3 também excedeu as suas duas predecessoras no quesito bônus de assinatura arrecadado. Ao total, foram R$ 595 milhões. O maior bônus pago a um bloco só ficou com a Bacia do Espírito Santo: a americana Phillips pagou, sozinha, mais de R$ 117 milhões pelos direitos à exploração do bloco BM-ES-11. Esse valor é mais de 30.000% acima do lance mínimo de R$ 300 mil exigido na época por esse bloco. Aliás, a gigante americana, terceira maior companhia de petróleo e segunda maior no setor de refino dos Estados Unidos, comandou a rodada de licitação. Após tentativas fracassadas em rodadas anteriores, quando fez ofertas mas não arrematou nenhum bloco, desta vez, por meio de uma agressiva estratégia mundial, a companhia superou as sete empresas internacionais que faziam na rodada a primeira incursão no país, e fez a maior oferta em cada um dos dois dias de leilão, arrematando, além do bloco BM-ES-11, o bloco BM-PAMA-3, na Bacia do Pará-Maranhão, por R$ 36 milhões. Com isso, os R$ 153 milhões investidos pela Phillips representaram mais de um quarto do total arrecado pela ANP nos dois dias de licitação (UNICAMP, 2001). Apesar disso tudo, coube à Petrobras, em associação com suas parceiras, o maior número de blocos exploratórios arrematados: 15, ao todo. Entretanto, como muito desses blocos possui baixo potencial petrolífero, e portanto menor valor, a Petrobras e suas parceiras foram responsáveis, no total, pelo pagamento de cerca de R$ 114 milhões em bônus de assinatura (apenas 19% do total), dos quais cerca de R$82 milhões correspondem à parte desembolsada pela Petrobras. Dos 15 blocos nos quais saiu vencedora, a Petrobras terá sócios em 8 deles, através de consórcios. Desses 8 blocos, apenas em 2 a estatal não será a responsável pela operação: no BM-ES-9, na Bacia do Espírito Santo, e no BM-C-14, na Bacia de Campos, ambos offshore. A operação desses blocos caberá, respectivamente, à americana ExxonMobil e à francesa Total. Os contratos de concessão resultantes desta rodada foram assinados em dois dias, dado o elevado número de blocos concedidos e, conseqüentemente, arrematados. As datas que fecharam a Rodada 3 foram 29 de agosto e 28 de setembro de 2001.. 30.

(31) 3.5 Quarta Rodada Em 30 de outubro de 2001, a ANP lança a Quarta Rodada de Licitações de blocos exploratórios, com a apresentação e abertura das ofertas, bem como o anúncio das vencedoras, ocorrendo entre os dias 19 e 20 de junho de 2002. Consolidava-se assim a anuidade das Rodadas, que permaneceu até a Décima Rodada, em 2008. A Rodada 4 ocorreu num momento economicamente desfavorável, com a inflação interna além da meta fixada pelo Banco Central, o índice do risco país elevadíssimo (acima dos 2400 pontos), traduzindo a desconfiança do investidor estrangeiro, e a cotação cambial com o dólar batendo nos R$ 4,00. Recorde absoluto até hoje no número de bacias sedimentares licitadas, 18 ao todo, a Rodada 4 ofertou 54 blocos, com um tamanho médio de 2,7 mil km², mesmo patamar da Rodada 2. Entre as bacias licitadas, as novidades foram: Bacia de Parnaíba, Bacia de Pernambuco-Paraíba, Bacia de Pelotas, Bacia do Solimões, Bacia de São Luís e Bacia de São Francisco. Os 54 blocos oferecidos estavam assim divididos, totalizando 15 blocos em terra e 39 em mar:  Bacia do Amazonas: 1 bloco em terra;  Bacia da Foz do Amazonas: 2 blocos em mar;  Bacia do Solimões: 2 blocos em terra;  Bacia do Parnaíba: 1 bloco em terra;  Bacia de São Luís: 1 bloco em terra;  Bacia de São Francisco: 1 bloco em terra;  Bacia do Pará-Maranhão: 3 blocos em mar;  Bacia de Barreirinhas: 2 blocos em mar;  Bacia de Pernambuco-Paraíba: 1 bloco em mar;  Bacia Potiguar: 3 blocos em terra e 5 blocos em mar;  Bacia do Recôncavo: 4 blocos em terra;  Bacia de Sergipe-Alagoas: 2 blocos em mar;. 31.

(32)  Bacia do Jequitinhonha: 2 blocos em mar;  Bacia do Cumuruxatiba: 2 blocos em mar;  Bacia do Espírito Santo: 2 blocos em terra e 5 blocos em mar;  Bacia de Campos: 6 blocos em mar;  Bacia de Santos: 8 blocos em mar; e  Bacia de Pelotas: 1 bloco em mar. Dado o cenário econômico por ocasião da Rodada 4, é compreensível a “fuga” das empresas dos grandes investimentos. Foi o que aconteceu naquela rodada. Apenas 35 empresas manifestaram interesse em participar do processo licitatório, sendo que 29 foram habilitadas ao mesmo. Dessas, 17 apresentaram ofertas, das quais 14 saíram como vencedoras. Interessante e importante notar que a queda do número de empresas participantes ocorreu devido à cautela das empresas estrangeiras, já que o número de empresas brasileiras participantes se manteve. Ainda assim, como resultado da rodada, 5 novas empresas assumiram a operação de pelo menos um bloco exploratório. Dessas, 4 não possuíam na época qualquer atividade no Brasil. Ao todo, 21 blocos foram arrematados, o que representa menos de 40% do total ofertado. Em termos de área, esse percentual é ainda menor: 17,5% (25 mil km² de 140 mil km²). A divisão dos 21 blocos ficou assim: 10 blocos onshore e 11 offshore. A grande decepção com a Rodada 4 pode ser traduzida pela arrecadação total do bônus de assinatura: R$ 92 milhões, valor sensivelmente inferior ao obtido nas rodadas anteriores. Valor menor, inclusive, do que aqueles pagos por determinados blocos em rodadas anteriores. O maior bônus nessa rodada foi pago ao bloco BM-S-29, da Bacia de Santos: a Maersk desembolsou sozinha pouco mais de R$ 15 milhões. A Petrobras efetuou lances em 9 blocos, tendo sido a vencedora em 8 deles. Em todas essas concessões adquiridas na Rodada 4, a Petrobras entrou como operadora, mesmo tendo se associado em consórcio com outras empresas em destas ocasiões. O único bloco em que a Petrobras ofertou, mas não levou foi o bloco terrestre na Bacia do Espírito Santo BT-ES-14, em que sua oferta de R$631 mil foi pouco mais da metade da oferta vencedora de R$1,021 milhões da Partex. Os blocos adquiridos pela Petrobras estão divididos em 3 categorias: 3 são terrestres, 3 são marítimos em águas rasas e 2 marítimos em águas profundas e ultra32.

(33) profundas. Segundo comunicado da companhia à época das aquisições, as concessões nas Bacias do Solimões, Potiguar, Espírito Santo e Sergipe-Alagoas (3 terrestres e 3 marítimas em lâminas d’água rasas) visavam retardar o declínio da produção de petróleo nessas áreas em que a Petrobras possui robusta infra-estrutura instalada da época do monopólio. Em relação ao bloco de águas profundas e ultra-profundas da Bacia do Jequitinhonha, a companhia afirmou que se enquadrava na sua estratégia de se buscar a abertura de uma nova fronteira exploratória. Já o da Bacia de Campos, faz parte do foco da companhia na região, onde já possuía, à época da licitação, amplo portfólio de oportunidades, passando a atuar seletivamente naquelas águas. Após a aquisição desses 8 blocos da Rodada 4, a Petrobras atingiu o fantástico portfólio de 63 blocos exploratórios no país, após a abertura do mercado. Esses números nos levam a afirmar que, embora haja de fato, até então, a abertura do mercado de E&P no Brasil, os quase 50 anos de monopólio dessas atividades, levaram a Petrobras a uma liderança incontestável no cenário nacional, levantando algumas vertentes que a companhia ainda teria o monopólio dessas atividades. Senão de direito, pelo menos de fato (PETROBRAS, 2009). Ao todo, os consórcios em que a Petrobras esteve envolvida, inclusive nos que ela adquiriu o direito exclusivo sobre a exploração do bloco, desembolsaram na Rodada 4 em bônus de assinatura cerca de R$ 34 milhões (37% do total), sendo R$ 21,5 milhões a parte da estatal. A Rodada 4 foi finalizada em setembro de 2002, com a assinatura dos contratos de concessão celebrados no leilão.. 3.5 Quinta Rodada A Quinta Rodada de Licitações da ANP, anunciada em 5 de novembro de 2002, foi realizada efetivamente em agosto de 2003, com as apresentações das ofertas ocorrendo nos dias 19 e 20, no Rio de Janeiro. Os inúmeros contratos de concessões resultantes da Rodada 5 foram assinados até o final de novembro de 2003. A Rodada 5 foi marcada pela introdução de uma série de novidades entre elas. A mais significante tenha sido, talvez, a implementação do novo sistema de desenho e licitação de blocos exploratórios, onde as bacias sedimentares foram divididas em. 33.

(34) setores, que, por sua vez, estavam divididos em grades de tamanhos pré-definidos. Por exemplo, a Bacia Potiguar foi dividida em 4 setores: SPOT-T2, SPOT-T3, SPOT-T4 e SPOT-T5. Cada um desses setores era subdividido em blocos: por exemplo, o setor SPOT-T2, possuía, entre outros, os blocos POT-T-197 e POT-T-210, licitados separadamente e concedidos a empresas diferentes. Desta forma, os blocos licitados passaram a então ser chamados também de células. Tais blocos, de tamanhos médios muito inferiores aos das rodadas anteriores (o tamanho médio dos blocos caiu de uma média de 3 mil km² das rodadas anteriores, para apenas 179 km² na 5ª. Rodada), poderiam, e de fato foram, agrupados no momento da assinatura dos contratos de concessão. Isso se deu agrupando diversos blocos menores adjacentes uns aos outros em um único bloco só, maior, sob o mesmo e único contrato de concessão, desde que os direitos à exploração dessas áreas fossem adquiridos pela mesma empresa ou consórcio, tendo, neste caso, a mesma empresa como operadora. Isso aconteceu efetivamente nos blocos adquiridos pela Petrobras, que, em 84% dos blocos licitados, saiu como vencedora exclusiva. Segundo a ANP (2009b), a redução no tamanho médio dos blocos exploratórios teria como objetivo principal atrair mais empresas para o processo, em especial as pequenas e médias, incentivando novas empresas no setor (até mesmo atraindo empresas de outras áreas de atuação), elevando o número de participantes do mercado de E&P brasileiro. Para se ter uma idéia, empresas com patrimônio líquido superior a R$ 1 milhão já poderiam participar, desde que em consórcio, e não como operadora. Para ser operadora, a empresa deveria possuir patrimônio líquido, no mínimo, de R$ 3 milhões quando qualificada operacionalmente como Classe C, isto é, com operações restritas a blocos de terra, em bacias maduras. Já para operar os chamados blocos “A”, sem qualquer restrição, e “B”, restrito a blocos terrestres e marítimos de águas rasas, as empresa deveriam comprovar patrimônio líquido de R$ 20 milhões, no mínimo. A justificativa para o impacto era óbvia: quanto menor o tamanho do bloco, menor seria o pagamento da taxa de participação e do bônus de assinatura, e menores seriam os investimentos necessários para se explorar a área, isto é, menor seria o compromisso adquirido com o Programa Mínimo Exploratório (PEM). Desta forma, com o pagamento de US$ 7 mil como taxa de participação, quando a empresa recebe um pacote de dados e informações sobre a área, e lances ao bônus de assinatura a partir de R$ 10 mil, uma empresa pequena já poderia adquirir o direito à exploração de um. 34.

Referências

Documentos relacionados

[r]

Para além disto, e uma vez que o tratamento precoce da acne é fundamental, elaborei também panfletos para os profissionais de saúde sobre o aconselhamento farmacêutico na

Com a finalidade de descrever como criar jogos com qualidade que podem se tornar jogos educacionais atrativos, contribuímos no desenvolvimento de materiais educacionais, pois

Colhi e elaborei autonomamente a história clínica de uma das doentes internadas no serviço, o que constituiu uma atividade de importância ímpar na minha formação, uma vez

Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo realizar testes de tração mecânica e de trilhamento elétrico nos dois polímeros mais utilizados na impressão

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

em Práticas Alternativas, por área, segundo setor de atividades - setembro 2006 a março de 2007...91 T ABELA 33 - Recursos humanos de nível superior entrevistados que atuam em

pode se dar nos ensinos fundamental e médio sem que haja, concomitantemente ou talvez mesmo inicialmente, uma reformulação e uma alteração dos cursos de Letras, quanto aos seus