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Caça de animais silvestres na Rodovia Transamazônica

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Academic year: 2021

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Simpósio Internacional da IUFRO

Manejo Integrado de Florestas Úmidos Neotropicais por Indústrias e Comunidades

Caça de animais silvestres na Rodovia Transamazônica

Thierry Bonaudo! ,Yvonnick Le Pendu", Natalia Albuquerque'

Resumo

Apesar de a caça ser proibida, é praticada freqüentemente pelas populações rurais de baixa renda na Amazônia. Como base para planejamentos futuros de manejo de caça, conduziu-se um estudo de quatro meses visando analisar a caça de animais silvestres em Uruará, Pará, Brasil, uma pequena cidade na frente pioneira da rodovia Transamazônica. A atividade de caça foi estudada de abril a setembro de 2000, através de entrevistas semanais e acompanhamentos da caça (76 saídas de caça e entrevistas de 20 caçadores). Existem dois tipos principais de caça: o primeiro ocorre o ano todo, durante o dia, usando cachorros. O segundo, popularmente conhecido como "a espera", é praticado a noite, durante os meses menos chuvosos. Os caçadores caçam uma média de 3,6 vezes por mês durante os meses menos chuvosos e 0,5 vez por mês durante os meses chuvosos. As espécies mais caçadas são os caititus e queixadas (Tayassu tajacu e I pecari, 41 %), seguido de tatus (Oasypus novemcinctus, 17%), pacas (Agouti paca, 15%) e veados (Mazama americana eM. gouazoubira, 13%). Os dois gêneros que fornecem a maior porcentagem da carne de caça são os porcos do mato, com 40% do peso total da caça e,os veados, com 27%. Os territórios de caça que são cobertos pelo menos por 60% de floresta fornecem o dobro de carne que outras áreas mais desmatadas com a mesma duração do tempo de caça. Além disso, as espécies caçadas nessas áreas são maiores do que nas outras áreas mais desmatadas. Os caçadores das zonas mais desmatadas necessitam de um tempo maior de caça e apanham espécies menores e mais adaptadas à transformação do meio ambiente. O consumo médio anual de carne de caça foi estimado em 14,7 quilos por pessoa/ano. Comparando este estudo com o realizado na mesma região por Smith (1976), verifica-se que a atividade da caça e o consumo de carne de caça foram constantes durante os últimos 25 anos, apesar da ausência da anta (Tapirus terrestris) nas espécies caçadas em 2000. A agricultura migratória e a produção de gado vêm modificando o habitat dos animais silvestres. As mesmas são, sem dúvida, o fator principal de conversão de ecossistemas florestais, com conseqüências para a perda de biodiversidade e a diminuição do rendimento da caça em áreas de menor cobertura florestal.

Palavras-chaves: Caça; frente pioneira; Amazônia; fauna; desenvolvimento sustentável; produtos florestais não-ma -deireiros

Wildlife hunting along the Transamazonian

Highway

Abstract

Even though hunting is not allowed, low-income rural populations frequently hunt wild animais. In order to establish guidelines for planning the management of hunting in the Amazonia, a four-month study was conducted in Uruará -Pará, a small city located on the Trans-Amazon Highway. Hunting activities were studied from April to September 2000; weekly interviews to20 hunters and 76hunting expeditions served asinputs. Two main types of hunting occur: a diurnal hunting the year round with dogs, and a nocturnal hunting during the less rainy months. Hunters go on expedition an average of 3,6times a month during the lessrainy months, and 0.5 times a month the rest of the year. The most hunted species are caititus and queixadas (Tayassu tajacu and T.pecari, 41%), followed by tatus (Dasypus novemcinctus, 17%), pacas (Agouti paca, 15%)and deer (Mazama americana and M.gouazoubira, 13%).Two genera provide the biggest amount of meat: wild pigs, 40%and deerr, 27%.Dense forested areas double the quantity of meat in relation to light forested areas forthesame hunting period. Also, species hunted are bigger. Hunters in light forested areas need more time and catch

1CIRAD Département enseignement .TA30/B - Campus international de Baillarguet - 34398 Montpellier Cedex5- FRANCA - E-Mail: b_thierry@yahoo.com

2Departamento dePsicologia experimental -CentrodeFilosofia e Ciências Humanas - Universidade Federal doPará - 66 075900Belém .Pa

rá-BRASIL- E-Mail:yvl@cpgp.ufpa.br

(2)

Simpósio Internacional da IUFRO

Manejo Integrado de Florestas Úmidos Neotropicais por Indústrias e Comunidades

smaller animais. The average meat annual consumption was estimated in14,7kg/person/year. Comparing these results with those lrom Smith (1976), it is evident that hunting and meat consumption have been constant during the last 25

years, even though anta (Tapirus terrestris) is no longe r among thehunted species.

Keywords: Hunting, pioneer frontier, Amazon, fauna, sustainable development, non-timber forest products.

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(3)

Simpósio Internacional da IUFRO

Manejo Integrado de Florestas Úmidos Neotropicais por Indústrias e Comunidades

~Belém~ Pará Rodovia Transamazônica • Cidade de Uruará Travessão o 10 20 L..L....l-.L... quilômetro • Caçador

Figura 1: Localização dos caçadores estudados no Município de Uruará, Pará, Brasil.

espécie(s)

e o peso

dos animais

mortos. O

observador

participou

a 23 saídas para avaliar as

informações fornecidas

pelos caçadores.

Essas participações

permitiram

estabelecer confiança entre

o pesquisador e os

caçadores.

Na entrevista

,

avaliou-se a importância

da carne

de caça

na alimentação

.

A metodologia de Ayres et

aI.

(1991)

foi

adotada,

consistindo

perguntar

quais foram

os

tipos

de carne consumidos

no dia da

entrevista e

na véspera. O consumo

de carne

de caça foi

também avaliado

através ~o

peso

dos

animais

caçados do

número de

participantes a caça

e

do

número de

membros

na família.

Segundo

as

entrevistas, o

local da

captura

corresponde a uma área com um raio

de aproximadamente

cinco quilômetros

a partir da casa

do caçador

.

As

porcentagens

de cobertura florestal

de cada território

individual

de caça

foram estimadas

pela análise visual

das

imagens de satélites (SPOT

1999,

escala

1/75000).

Três tipos

de territórios foram

definidos em função da porcentagem

de cobertura florestal:

menos de

30%; de

30 a 60

%

;

mais de 60

%

de floresta.

Os

rendimentos da caça em

relação às

características

do meio foram comparados,

usando o teste

de comparação

múltipla

de

Kruskall-Wallis

(Scherrer 1984).

Finalmente

,

comparam-se

os

resultados

desta

pesquisa

com

o

único estudo realizado

em três

municípios

da

me

s

ma

região

por Smith

(1976

)

. As entr

e

vistas realizadas

durante

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compar

a

r

as

técnicas

de

caça

,

as

espécies

caçadas

,

a

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mensais

da atividade de caça

e o

consumo

de

carne

de

caça

.

Resultados

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",

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A

"

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consiste

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comer

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beber.

A

mesma

é

praticada à

noite

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durante os

meses

s

ecos

,

(4)

Simpósio Internacional da IUFRO

Manejo Integrado de Florestas Úmidos Neotropicais por Indústrias e Comunidades

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nimais deslocando-se sob as folha

s

secas. A segunda técnica

é

pratic

a

da

todo

o

ano

,

durante o dia e com cachorros

.

Os cachorros exploram grandes áreas procurando pela

caça

.

Freqüência

de saídas. Os

ca

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caçam 3

,

6

±

1,4

v

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,

5

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0

,

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o inverno.

As espécies caçadas.

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s

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(Tayassu tajacu) e os queixadas (Tayassu pecari) constituem

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%

do peso total do

s

animais caçados

.

A seguir vêm os tatus

(Dasypus novemcinctus) e as pacas (Agouti paca),

com 17, e 15

%,

respectivamente

,

das capturas.

Devid

o

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,

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l

as constituem somente 5% e 8% respectivamente

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o

r outro lado

,

o

s

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americana) apresentam 13%

d

as ca

pturas e constituem 27

%

do peso da caça.

Rendimentos

da

caça. Os rendimentos

da caça variam em f

u

nção da porcentagem

de cobertura

f

lor

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t

a

l d

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rea de captura (Tabela 1

)

. A porcentagem de sucesso (obtido quan

d

o o caçador mata

no m

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nimo um

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nimal durante a c

a

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foi bastante elevada nos três tipos de território

s

definido

s

na

metodolo

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i

a.

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,

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Tabela 1: Rendimentos da caça em função da porcentagem de cobertura florestal nas áreas individuais de captura

Cobertura florestal nas áreas de captura

Teste p

<30% Entre 30a 60% >60%

Saídas com sucesso (%) 71 57 68 Fisher Ali

(n=7) (n=38) (n=31) p>0,25

Capturas/saída (n) 0,7 1 0,9 Kruskall- 0,99

(n=7) (n=38) (n=31) Wallis

Duração média de 5hOO' 4h12' 3h04' -

-caça/captura (n=5) (n=36) (n=27)

Peso médio decaça/saída 12,3 11,4 19,4 Kruskall- 0,73

(kg) (n=7) (n=38) (n=31) Wallis

Peso médio de caça/hora de 3,4 3,6 7,2 Kruskall- 0,14

caça (kg) (n=7) (n=33) (n=27) Wallis

Tamanho

das capturas.

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e (me

n

os de

1

0

k

g co

mo

, os

t

a

tu

s

,

as p

a

cas, e as

cuti

as

Dasyprocta

sp)

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e

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gran

d

e po

r

te

.

No

s

terr

itór

ios

co

n

s

t

i

tu

í

d

os e

n

tre 30 e 60

%

d

e f

l

o

r

es

t

a

,

a m

e

t

a

d

e

d

as

captura

s é

d

e

médio po

r

te

(

entr

e

10

e

20 kg

,

cai

t

it

u

e vea

d

o f

ub

o

qu

e Ma

z

ama gouaroubirai

e a

l

g

uma

s

d

e g

rand

e

po

rt

e (

m

a

i

s

d

e 20 kg co

m

o os vea

d

os

m

a

t

ei

r

o

Mazama americana).

N

os

territóri

os

com mai

s

de

60

%

de f

l

o

r

es

t

a

,

os gr

a

nd

es a

nim

a

i

s co

n

s

ti

t

u

e

m m

a

i

s

d

a

m

e

t

a

d

e

d

as ca

ptur

as (

qu

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ixada

e vea

do

mateiro

)

.

Importância da

caça na alimentação.

O co

n

s

um

o

m

é

di

o a

nu

a

l d

e ca

rn

e

d

e caça fo

i b

ase

ad

o

no

s se

i

s

m

eses

de

es

tud

o

.

A f

r

e

ê

n

c

i

a

m

e

n

sa

l d

e saídas

durant

e a

qu

e

l

es 2

,

5 m

es

e

s fo

i i

g

u

a

l à

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r

e

qüên

c

ia

men

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l

m

é

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s

d

ur

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n

o

int

e

ir

o (est

im

a

d

a

s

a

p

a

rtir d

as e

ntr

evistas).

Se

por

acaso o

(5)

Simpósio Internacional da IUFRO

Manejo Integrado de Florestas Úmidos Neotropicais por Indústrias e Comunidades

100% 80%

â

60% '--' <J) ~ 40%

~

Õ.

U

20% 0%

<30

%

30-60

%

>60

%

P

orce

nt

agem

de f

lor

es

t

a

no

terr

it

ó

r

io

Tamanho das capturas:

=>

Pequeno (menos de 10 kg)

=>

Médio (peso de 10 a 20 kg)

=>

Grande (mais de 20kg)

Figura 2: Percentagem das espécies capturadas por classe de tamanho em função da porcentagem de cobertura florestal no território de caça

peso de carne por caça que foi es

tim

a

d

o d

ur

ante 2,

5

meses,

m

anter a média d

ur

ante o ano todo

,

o

c

o

nsumo

s

erá de 14

,

7 kg por pesso

a

/ano

.

Segundo as entrevistas efe

t

uadas durante o estudo de

2

000

,

a c

ar

ne de ca

ç

a é consumida em 18

,

5

%

das refeições enquanto que o p

e

ixe

é

consumid

o e

m

15

%

da

s

r

e

f

e

içõe

s.

Discussão

Nesta pesquisa ob

s

erva

-

se que a proporção de saídas com sucesso é a mesma nos três tipo

s

de

t

e

rritório

s,

assim como o número de captura

s

por saída

.

Mas quanto maior

é

o d

es

florest

a

m

e

nto

,

maior

é o

tempo n

e

ce

s

sári

o

para m

a

tar um animal e m

e

nores são os animais captur

a

do

s.

E

s

tas

es

p

é

ci

es são

ma

is

fr

e

e

nt

es,

porq

u

e s

ão mais adaptada

s

à transformação do meio ambi

e

nte e t

a

mb

é

m

o m

a

i

s

prol ífic

as (

Peres

,

2000)

.

A comparação dos resul

t

ados ob

tid

os nes

t

e traba

lh

o com o realizado na mesma reg

i

ão

p

or Smith

(

1976) indica que as técnicas

d

e caça

,

as variações mensais

d

a atividade de caça e o consumo de

ca

rn

e

d

e

ca

ç

a não evoluíram

.

As esp

é

cies mais caçadas são as mesmas nos dois estudos. No

e

ntanto

,

e

m 2000 n

ã

o foram capturadas antas

(

Tapiru

s

t

e

rr

es

tri

s),

e

nquanto que

,

em 1976

,

a espécie con

s

tituía

1

8,

5

%

do p

e

so d

e

c

a

rne d

e

ca

ça

. A anta é a primeira espéc

i

e

que de

s

aparec

e

qua

n

do o meio ambiente

es

tá modificado p

e

la

s

atividades humanas (Fragoso 1991

)

. As variações qualitativas

nas c

a

pturas

e

m 2000 indicam os efeitos da modif

i

cação do meio sob a diversidade da grande fauna encontrada

.

A caça p

o

d

e

ampliar o fenôm

e

no

.

A

faun

a re

present

a

um r

ec

ur

s

o alim

e

ntar

important

e

no muni

c

ípio

.

Em 2000

,

a carne d

e

c

a

r

e

pr

ese

nt

o

u 20

,

5

%

da raçã

o

prot

é

ica m

í

nim

a

r

e

com

e

nd

a

da

pel

a

F

A

O

(

3

8,

4

g

de proteína p

o

r dia

,

Li

zo

t 1977

),

apr

o

xim

a

ndo-

se

dos m

es

mos

va

lor

es e

nc

o

ntrado

s e

m outro

s es

tudo

s (

D

e

Vo

s

1977

,

Pr

es

cott-All

e

n e Pr

es

cott-All

e

n 198

2).

O consum

o

de carn

e

d

e

ca

ça e

m

2

000

a

proxim

a

-

s

e do con

s

umo

d

e

197

6 (

llkg)

,

m

as é

m

e

nor que

o

valor m

é

dio na Am

é

rica d

o s

ul (21

,

4 kg, Oj

as

ti 199

3). U

m

es

tudo n

as

popul

ações

rurai

s

da Áfri

ca

t

e

m obtido um

va

lor simil

a

r

(1

5

,8

k

g,

Chard

o

nn

e

t

1

99

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).

D

ev

ido

à

import

â

n

c

i

a a

lim

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n

ta

r da carn

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de c

aça e à

s

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n

s

ibilidad

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d

as

p

o

pul

ações

de

a

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o

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cações

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c

o

l

óg

ica

s.

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s

a-

se

d

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inir um m

a

n

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j

o s

u

s

t

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nt

áve

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os recursos

n

a

tur

a

i

s

n

a

r

eg

i

ão

. Para qu

e se

po

ssa co

n

s

er

va

r

a

f

a

un

a e

m

se

u h

á

bita

t,

é

n

ecessá

ri

o v

alori

(6)

-Simpósio Internacional da IUFRO

Manejo Integrado de Florestas Úmidos Neotropicais por Indústrias e Cemunidades

Devi

d

o à im

p

o

rt

â

nci

a a

lim

e

nt

a

r da c

a

rn

e

d

e caç

a

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n

s

ibilidad

e

d

as

popul

a

çõe

s

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anim

a

is

s

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ves

tr

es

às

modi

ficações

das

co

ndi

ções ec

ol

óg

ica

s,

preci

sa

-se definir um manejo

s

u

s

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v

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e

cur

s

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n

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ã

o

.

P

a

r

a

que

se

po

ssa

cons

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rvar

a

faun

a

em seu hábitat, é necessário v

a

lorizá-I

a

pe

r

a

nt

e a

popul

ão lo

c

al

.

É possível

,

por exemplo

,

instal

a

r um manejo

c

omunitário da caça

,

iniciar

a c

ri

ação

de

a

nim

a

i

s s

il

v

estre

s

,

c

ontrolar o comércio de fauna e desen

v

olver o turismo ecológico

.

A

ti

n

g

i

r esses o

bj

e

ti

vos

implic

a

em um melhor conhecim

e

nto

d

a

ecolo

g

ia do meio ambiente d

as

fre

nt

es

pi

o

neira

s

e d

a

r

e

alid

a

d

e

socio

e

conômica

local

.

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