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Carismas da Renovação Carismática Católica - RCC.pdf

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Carismas da Renovação Carismática Católica – RCC

Índice

Introdução...2

Dom da palavra de sabedoria...7

Dom da palavra de ciência...9

Dom da fé...12

Dom de curar doenças...15

Dom de Milagres...19

Dom da profecia... 24

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Línguas... 31 Interpretação de Línguas...36 Bibliografia... 38

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Introdução

Os dons do Espírito Santo são dádivas que Ele nos dá para nossa santificação pessoal e para o serviço aos irmãos. Os dons de santificação estão enumerados em Is 11,1-2 e são os seguintes: temor de Deus, fortaleza, piedade, ciência, entendimento e sabedoria. Esses dons são necessários para a nossa santificação. Devemos, pois, nos abrir a eles.

Os dons espirituais de serviço aos irmãos, chamados também carismas, são dons de Deus destinados à edificação da Igreja para o bem dos fiéis, São Tiago nos diz: “Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima; descem do Pai das luzes...”(Tg 1,17; cf. também I Cor 8,6), são infinitos, uma vez que o auxílio que podemos prestar-lhes são os mais variados. Entre tantas definições que já encontramos na teologia dos carismas, a definida pelo padre Robert DeGrandis, parece ser a mais clara: “Carisma é um dom do Espírito Santo que pode ser constatado em qualquer pessoa que ora ativamente com um grupo. Carisma é nossa abertura habitual ao Senhor”. Enquanto dos dons de santidade ou de santificação são para nossa edificação pessoal, ps carismas ou dons carismáticos do Espírito Santo, passam por nós, mas são direcionados para a edificação dos irmãos.

Na primeira carta aos Coríntios, São Paulo nos fala muitas vezes sobre os dons espirituais. “Não paro de agradecer a Deus por vós, pela graça de Deus que vos foi dada em Cristo Jesus. Por ele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em toda ciência, na medida em que o testemunho de Cristo se firmou em vós, de modo que não vos falta nenhum dom da graça durante a espera da revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Cor 1,4-7). “São vários os dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. As obras também são várias, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dado manifestar no Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a diversidade das línguas; a outro, o dom de interpretação. Mas é o único e mesmo Espírito que realiza isso tudo, distribuindo a cada um como quer” (I Cor 12,4-11). “Por isso Deus estabeleceu na Igreja, em primeiro lugar, uns como apóstolos; em segundo lugar, outros como profetas; em terceiro lugar, como doutores. Depois vêm os dons de realizar milagres, de curar, de assistir, de governar e de falar línguas” (I Cor 12,28).

São Paulo escreveu sobre escreveu sobre os dons espirituais também aos romanos (Rom 12, 7-8), aos efésios (Ef 4,11) e a Timóteo (2Tm 1,6).

São Pedro nos exorta: “Cada qual use o dom recebido a serviço dos outros, como bons administradores da multiforme graça de Deus” (I Ped 4,10).

Carismas no Magistério da Igreja

Diversos documentos do Concílio Vaticano II falam sobre os dons de serviço (carismas) na vida da Igreja:

Catecismo da Igreja Católica:

“A Igreja, Comunhão viva na fé dos apóstolos, que ela transmite, é o lugar do nosso conhecimento do Espírito Santo:

- nas Escrituras que ele inspirou;

- na Tradição, da qual os Padres da Igreja são as testemunhas sempre atuais; - no Magistério da Igreja, ao qual ele assiste;

- na Liturgia sacramental, através das suas palavras e dos seus símbolos, na qual o Espírito Santo nos coloca em Comunhão com Cristo;

- na oração, na qual Ele intercede por nós;

- nos carismas e nos ministérios, pelos quais a Igreja é edificada; - nos sinais de vida apostólica e missionária;

- no testemunho dos santos, no qual ele manifesta sua santidade e continua a obra da salvação” (CIC 688).

“O Espírito Santo é “o Princípio de toda ação vital e verdadeiramente salutar em cada uma das diversas partes do Corpo”. Ele opera de múltiplas maneiras a edificação do Corpo inteiro na caridade: pela Palavra de Deus, “que tem o poder de edificar”(At 20,32), pelo Batismo, através do qual forma o Corpo de Cristo; pelos sacramentos, que proporcionam crescimento e cura aos membros de Cristo; pela “graça concedida aos apóstolos, que ocupa o primeiro lugar entre os seus dons”; pelas virtudes, que fazem agir segundo o bem, e enfim pelas múltiplas graças especiais (chamadas de “carismas”), através das quais “torna os fiéis aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios, que contribuem para a renovação e maior incremento da Igreja” (CIC 798).

“Sejam extraordinários, sejam simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados que são à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo” (CIC 799).

“Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja. Pois são uma maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo, mas desde que se trate de dons que provenham

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verdadeiramente do Espírito Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos deste mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas” (CIC 800).

“È neste sentido que se faz sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa da reverência e da submissão aos Pastores da Igreja. “A eles em especial cabe não extinguir o Espírito, mas provar as coisas e ficar com o que é bom”, a fim de que todos os carismas cooperem, na sua diversidade e complementaridade, para o “bem comum”(I Cor 12,7)” (CIC 801).

“Os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios pastores no serviço da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, exercendo ministérios bem diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor quiser depositar neles” (CIC 910).

“A comunhão dos carismas. Na comunhão da Igreja, o Espírito Santo ‘distribui também entre os fiéis de todas as ordens as graças especiais” para a edificação da Igreja. Ora, “cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos’” (CIC 951).

“O Espírito Santo dá a algumas pessoas um carisma especial de cura, para manifestar a força da graça do ressuscitado. Mesmo as orações mais intensas não conseguem obter a cura de todas as doenças. Por isso, São Paulo deve aprender do Senhor que “basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que minha força manifesta todo o seu poder” (2 Cor 12,9), e que os sofrimento que temos de suportar podem ter como sentido “completar na minha carne o que falta à tribulações de Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja” (Gl 1,24)” (CIC 1508).

“A graça é antes de tudo e principalmente o dom do Espírito que nos justifica e nos santifica. Mas a graça compreende igualmente os dons que o Espírito nos concede para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do corpo de Cristo, a Igreja. São as graças sacramentais dons próprios dos diferentes sacramentos. São, além disso, as graças especiais, designadas também “carismas”, segundo a palavra grega empregada por São Paulo, e que significa favor, dom gratuito, benefício. Seja qual for o seu caráter, às vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas se ordenam à graça santificante e têm como meta o bem comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja” (CIC 2003).

Lúmen gentium: “O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo; dentro

deles ora e dá testemunho da adoção de filhos. A Igreja, que Ele conduz à verdade total e unifica na comunhão e no ministério, enriquece-a e guia com diversos dons hierárquicos e carismáticos e adorna com os seus frutos” (LG 4).

“É um mesmo Espírito que distribui os seus vários dons segundo a sua riqueza e as necessidades dos ministros para utilidade da Igreja. Entre estes dons, sobressai a graça dos apóstolos, a cuja autoridade o próprio Espírito submeteu mesmo os carismáticos” (LG 7).

Apostolicam actuositatem: “(...) à medida que se avança na idade, revela-se mais cada um e

assim pode descobrir melhor os talentos com que Deus enriqueceu os carismas que lhe foram dados pelo Espírito Santo para bem dos seus irmãos” (AA 30).

Ad gentes: “(...) mediante o Espírito Santo, que para utilidade comum reparte os carismas como

quer, inspira ao coração de cada um a vocação missionária, e ao mesmo tempo suscita na Igreja institutos que assumam, como tarefa própria, o dever de evangelizar, que pertence a toda a Igreja” (AG 23).

Presbyterorum ordinis: “Assim se exerce de muitos modos o ministério da Palavra, segundo as

diversas necessidades dos ouvintes e os carismas dos pregadores” (PO 4).

Pretendemos nesta apostila meditar sobre o dom de línguas, o dom de profecia, o dom de interpretação, o dom do discernimento dos espíritos, o dom da palavra de ciência, o dom da palavra de sabedoria, o dom de fé, o dom de cura e o dom de milagres. È preciso estar sempre de ouvidos bem abertos para escutar o Senhor na leitura da Revelação Divina escrita (Sagrada Escritura), na Revelação Divina transmitida oralmente (Sagrada Tradição), no Ensinamento da Igreja (Sagrado Magistério), na nossa oração pessoal, nos sinais dos tempos e acontecimentos de nossa vida, para sempre abrirmos à santificação pessoal e ao serviço aos irmãos.

Estudaremos os nove dons carismáticos enumerados por São Paulo em I Cor 12,8-10; existem várias classificações dos dons carismáticos, segundo inúmeros autores; nota-se muita liberdade em classifica-los, segundo a abordagem que cada autor fez aos dons. Inicialmente, vejamos a “classificação” ou ordem feita pelo mesmo Apóstolo Paulo, na I Cor 12,8-10: “A um é dada pelo Espírito, uma palavra de SABEDORIA; a outro, uma palavra de CIÊNCIA; a outro, a graça de CURAR as doenças, no mesmo Espírito; a outro o dom de MILAGRES; a outro, a PROFECIA; a outro, o DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS; a outro, a variedade das LÍNGUAS; a outro, por fim, a INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS”.

Alguns autores classificam os carismas, usando as seguintes categorias:

1ª) Padre Haroldo J. Rahm

a- Manifestações de critério espiritual: 1. A linguagem da sabedoria 2. A linguagem da ciência

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b- Manifestações verbais: 1. O dom da profecia 2. O dom de línguas

3. O dom de interpretação de línguas. c- Manifestações pela ação:

1. A fé

2. O dom de curas

3. O poder de operar milagres.

2ª) S. Falvo

a- Primeiro Grupo: Os carismas da palavra: 1. O dom de línguas

2. O dom de interpretação 3. O dom da profecia.

b- Segundo Grupo: Os carismas das obras: 1. O dom de curas

2. O dom dos milagres 3. O dom da fé.

c- Terceiro Grupo: Os carismas da cognição: 1. O dom do discernimento dos espíritos 2. O dom da sabedoria

3. O dom da ciência.

3ª) W. Smet

a- Dons do Ensinamento:

1. Uma palavra de sabedoria 2. Uma palavra de ciência

b- Dons com valor de sinal ou testemunho: 1. A fé

2. O dom de curar doenças 3. O dom de fazer milagres. c- Dons de auto-revelação de Deus:

1. Profecia

2. Discernimento dos espíritos 3. Falar em diversas línguas 4. A interpretação de línguas.

4ª) Dick Iverson

a- Dons de Revelação:

1. Palavra de Sabedoria 2. Palavra de Conhecimento 3. Discernimento dos espíritos b- Dons de expressão vocal:

1. Línguas 2. Interpretação de Línguas 3. Profecia. c- Dons de Poder: 1. Fé 2. Dons de Curar 3. Milagres. 5ª) S.B.Clarck a- Dons de Ensino:

1. Dom da palavra de sabedoria 2. Dom da palavra de ciência. b- Dons sinais:

1. Dom da fé

2. Dom de curar doenças 3. Dom de Milagres. c- Dons de Revelação:

1. Dom da profecia

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3. Línguas

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6ª) Padre Robert DeGrandis

a- Dons de Palavras:

1. Línguas, interpretações e profecia. b- Dons de Poder:

2. Fé, cura e milagres c- Dons de Revelações:

3. Sabedoria, ciência e discernimento.

Por uma questão de praticidade, estudaremos a classificação dos dons carismáticos, segundo S.B.Clarck; esta, parece seguir mais harmoniosamente a seqüência de São Paulo na I Cor 12. Não sabemos se na mente de São Paulo, esta seqüência na nomeação dos carismas, tinha alguma importância, parece, contudo, que segue uma lógica, à qual queremos nos ater para o estudo dos novos dons carismáticos.

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DONS DO ENSINO

Dom da Palavra de Sabedoria

O dom da palavra de sabedoria é o carisma pelo qual Deus nos revela um segmento de sua sabedoria para que transmitamos a um irmão, a fim de que este seja levado a uma ação para ser curado ou liberto, ou para resolver um problema. Às vezes recebemos uma palavra de sabedoria dirigida a nós mesmos, outras vezes quando estamos em uma reunião de oração, de intercessão o Senhor nos concede uma palavra de sabedoria para os irmãos reunidos. É preciso deixar claro que a palavra de sabedoria, não é recitar um versículo bíblico simplesmente, até pode acontecer de relembrarmos um versículo, mas na sua essência não seria isso, e sim uma palavra inspirada por Deus, podendo até mesmo conter, em algum trecho, um versículo.

Veremos que a palavra de ciência revela a raiz de uma negatividade existente em nosso passado ou em nosso presente. A palavra de sabedoria revela como agir no futuro, como uma das formas que o Senhor nos dá para a nossa cura, libertação ou solução de problemas. O Senhor nos mostra como devemos proceder, como devemos agir, mas nos dá a liberdade de aceitar ou não essa graça Extraordinária proveniente da sua misericórdia. Se quisermos que a graça recebida pela palavra de sabedoria torne-se atuante em nós, precisamos proceder ou agir conforme o que nos foi revelado pelo Senhor.

A palavra de sabedoria, da mesma maneira que a palavra de ciência, vem repentinamente ao nosso pensamento por meio de uma palavra propriamente dita, por uma palavra que vemos escrita, por uma visualização de um animal, lugar, objeto, etc., pela visualização da cena, por uma sensação, emoção, lembrança ou sonho.

Da mesma maneira que ocorre com a palavra de ciência, ao recebermos uma palavra de sabedoria quando oramos com imposição de mãos para um irmão, precisamos dize-la. Se não o fizermos estaremos pecando por falta de fé e por omissão. A palavra de sabedoria dita ao irmão deve ficar em sigilo, não podendo ser comentada com outras pessoas. Ao testemunhar palavras de sabedoria que recebemos, devemos faze-lo de modo a não possibilitar a identificação do irmão a quem ela foi dirigida, como faremos nos testemunhos dados a seguir.

Uma senhora, ao rezar por um irmão, sentiu nele extrema angústia por um pecado cometido no passado. O Senhor deu-lhe então uma palavra de sabedoria: “Confissão urgente”. A senhora a transmitiu ao irmão. No dia seguinte, a esposa do irmão telefonou à senhora que orara pelo seu marido e disse que este tivera um enfarte durante a noite. O senhor deu a palavra de sabedoria, mas como o irmão nõa acreditou nela e não agiu com urgência, sofreu as conseqüências de sua incredulidade.

Outra senhora que freqüentava o Grupo de Oração estava preocupada porque verificava que o grupo não estava progredindo. Um dia em que orava pelo grupo pediu ao Senhor uma palavra de sabedoria. O Senhor lhe disse: “Acolher novas ovelhas”. Ela compreendeu que o carisma de seu grupo era o de atrair novas ovelhas para o Senhor e alimentá-las com leitinho até que pudessem buscar alimento inteiramente aos chamados “novos”, acolhendo-os, explicando-lhes o que é a Renovação Carismática Católica e o que são os dons do Espírito Santo, despertando neles o amor à leitura da Palavra e à freqüência aos sacramentos, etc. Seu trabalho produziu então muitos frutos para a vinha do Senhor.

Certo dia uma senhora, orando por um rapaz, recebeu em palavra de ciência o seguinte: “Atividade noturna”. Perguntou-lhe se ele trabalhava a noite. Ele disse que não. A senhora orou sobre a palavra de ciência e o Senhor lhe deu uma palavra de sabedoria: mudar de atividade noturna. Ao dize-lo ao irmão, o rapaz confirmou que realmente tinha atividade noturna que não era do agrado do Senhor.

Josué convocou a Siquém todas as tribos de Israel, em seu último adeus, e com uma palavra de sabedoria confirmou a fé de todo o povo no Senhor: “Porque, quanto a mim, eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Jos 24,15).

Quando Paulo e Silas foram presos e rezavam e cantavam hinos ao Senhor, a prisão foi sacudida por um terremoto que os libertou do cárcere. O carcereiro, vendo-os livre, ficou traumatizado que queria matar-se. Paulo e Silas o impediram de cometer o pecado do suicídio. O carcereiro perguntou-lhes: “Senhores, que devo fazer para me salvar?” Disseram-lhe uma palavra de Sabedoria: “Crê no Senhor Jesus e serão salvos tu e a tua família” (At. 16,25-31).

Os fariseus procuravam uma maneira de surpreender Jesus nas suas próprias palavras, enviaram seus discípulos com os herodianos, e questionaram o Senhor, sobre se deviam ou não pagar impostos. “Jesus, percebendo a sua malícia, respondeu: “Por que me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda com que se paga o imposto!”Apresentaram-lhe um denário. Perguntou Jesus: “De quem é esta imagem e esta inscrição? – “De César”, responderam-lhe, Disse-lhes então Jesus (palavra de sabedoria): “Daí, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 15-22).

Jesus, no discurso sobre o pão da vida, disse: “Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos”. Os judeus se escandalizaram com essas palavras e se afastaram dEle. Jesus, então, perguntou aos Doze: “Quereis vós também retirar-vos?”. Simão Pedro disse uma palavra de sabedoria: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens palavras de vida eterna” (Joa 6,63-68).

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Nas bodas de Cana, Maria percebeu que iria faltar vinho e intercedeu junto a seu Filho para resolver aquele problema. Após a resposta de Jesus, ela disse uma palavra de sabedoria: “Fazei tudo o que Ele vos disser” ( Joa 2,1-5).

Abertura ao dom da palavra de sabedoria

Orar pedir o Batismo no Espírito Santo todo dia, crer que o Espírito Santo quer nos dar este dom. Pedi-lo em oração, com um coração humilde e aberto. Ficar em escuta às moções, inspirações e revelações do Espírito Santo.

Confiar na ação de Deus em sua vida e que você foi escolhido para servi-lo.

Ser dócil ao Espírito Santo e colocar suas inspirações em prática com fé e na certeza de que o Senhor é fiel ao que promete.

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Dom da palavra de ciência

O dom da palavra de ciência é o carisma pelo qual Deus nos revela um segmento de sua ciência, mostrando a raiz de uma negatividade que está causando um problema a um irmão ou a nós mesmos. Essa negatividade se refere a um fato ocorrido no passado ou que está acontecendo presentemente.

Deus tem toda a ciência, todo o conhecimento, sabe tudo sobre cada um de nós. Deus nos conhece desde toda eternidade. Diz o salmista: “Senhor, tu me examinas e conheces, sabes quando me sento ou quando me levanto. Tu penetras de longe os meus intentos, percebes se caminho ou se repouso, são rotinas aos teus olhos os meus passos. Nem me aflorou aos lábios a palavra e já sabes, Senhor, qual ela seja. Cercas-me pela frente e por detrás, pousas em minha fronte a tua mão” (Sl 138,1-5). De ciência total, Deus, porque nos ama, nos dá a palavra de ciência para que sejamos curados.

Podemos fazer uma comparação. Quando estamos doentes e vamos a um médico, este procura descobrir a raiz de nosso mal, ou seja, fazer um diagnóstico. Feito o diagnóstico, o médico prescreve o medicamento para a cura do mal descoberto.

Por exemplo, recentemente estava com muita dor na panturrilha, fui ao ortopedista o qual solicitou uma tomografia, feito o exame o médico chegou ao diagnóstico que eu estava com as vértebras L3 e L4 da coluna vertebral inflamadas e isso ocasionava dor na panturrilha da perna. Receitou um medicamento antiinflamatório e exercícios de alongamento. Com o tratamento recomendado pelo médico fui curado.

Analogamente, a palavra de ciência faz o diagnóstico, ou seja, identifica a raiz do mal. Identificada a negatividade, o Senhor dá meios para sermos curados através da seguintes terapias: dom da palavra de sabedoria, dom de sabedoria, dom do discernimento dos espíritos, dom de cura, dom do aconselhamento, que nos conduzem, conforme o caso, ao perdão, à recepção de um sacramento, especialmente o sacramento da reconciliação e da Eucaristia, para a solução do problema e nossa conseqüente cura.

O dom da palavra de ciência, dom carismático, não deve ser confundido com o dom de ciência, dom de santificação.

Por este dom o Espírito Santo nos dá uma palavra de ciência, como vimos, esta vem repentinamente ao nosso pensamento por meio de uma palavra propriamente dita, pela visualização de uma palavra escrita, pela visualização de um animal, objeto, lugar, acontecimento, situação, membros do corpo, órgãos, etc., pela visualização de uma cena, por um sensação, por uma emoção ou por um sonho.

Quando a palavra de ciência vem como uma palavra propriamente dita é como se pensássemos numa palavra, por exemplo: pai, mãe, cavalo, rosa, cadeira, etc. Quando vem como visualização de uma cena, vemos, por exemplo uma pessoa passeando pela praia, uma vaca correndo num campo, etc. Quando vem como sensação podemos, por exemplo, sentir dor no estômago, cabeça pesada, dor nas costas, etc. Quando vem como emoção podemos sentir, por exemplo, tristeza, angústia, alegria, etc. Quando vem através de um sonho, sentimos que esse tem significado especial, contudo, a maioria dos sonhos não tem significado algum.

Certa vez em um retiro, quando orávamos pela cura interior, dos participantes, o Senhor me dava uma visualização de uma menina pequena, com um irmão também pequeno, e alguém batendo nela com um vassoura, por algo que seu irmão tinha feito. O discernimento que o Senhor me dava era que uma senhora que estava naquele encontro, quando criança levou uma surra de vassoura do pai, por algo que seu irmão tinha feito, e naquele momento Deus estava dando a ela a graça de perdoar seu pai, ficando com seu coração sem aquele peso, que até então acompanhava-a. Proclamei esta cura da alma, com palavras de sabedoria, no final do retiro, no momento dos testemunhos, uma senhora por volta dos seus 50 anos, testemunhou que aquela cura fora para ela.

Por isso, ao recebermos a palavra de ciência precisamos crer nela, se não o fizermos, estaremos pecando por falta de fé e por omissão. Podemos ou omissão. Podemos ou não dize-la ao irmão, mas devemos sempre orar pela cura do mal revelado. A palavra de ciência recebida deve ficar no mais absoluto sigilo, não podendo, pois, ser revelada a outras pessoas, a não ser em linhas gerais, sem a possibilidade de se identificar o irmão.

Às vezes, conforme a palavra de ciência recebida, precisamos agir com cautela. Por exemplo: certa ocasião, uma pessoa rezando por um irmão recebeu como palavra de ciência a palavra “adultério”. Não disse ao irmão de maneira direta a palavra recebida. Cautelosamente perguntou-lhe como estava o seu relacionamento com a esposa. Este começou a chorar e confidenciou que havia cometido adultério anos atrás e que a sensação de culpa não o deixava desde então.

Pedro recebeu como palavra de ciência a revelação de que Ananias e Safira haviam mentido. Estes, por não se terem arrependido de seu pecado, não resistiram à tensão e morreram (At 5,1-11).

Pedro recebeu em outra ocasião, como palavra de ciência, a revelação de que não poderia julgar impuro o que Deus havia purificado. Curado desse sentimento foi à casa do centurião Cornélio, um pagão, portanto, considerado impuro pelos judeus (At 10,9-23).

Ananias recebeu do Senhor a palavra de ciência de que Paulo, perseguidor dos cristãos, havia sido escolhido por Ele para levar sua mensagem aos gentios. Perdoou Paulo e orou por ele (At 9,10-19).

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José, marido da Virgem Maria, recebeu em sonho, como palavra de ciência, a revelação de que Herodes procurava o menino Jesus para mata-lo. Imediatamente levou-o, com sua mãe, para o Egito, frustrando os planos malévolos de Herodes (Mt 2,13-15) O mesmo José que anteriormente em sonhos recebeu o anúncio do anjo, que Maria havia concebido pelo poder do Espírito Santo de Deus (Mat 1,18-25).

Quando Paulo estava em missão com Timóteo, teve uma visão (dom da palavra de ciência) de um macedônio rogando-lhe: passa na Macedônia, e vem em nosso auxílio. Assim que teve essa visão, procurou partir pararam a Macedônia, certos de que Deus os chamava a pregar-lhes o Evangelho (At 16, 1-10).

Jesus, sendo Deus, possuía toda a ciência. Muitas vezes Ele tirava dessa ciência total uma palavra para curar e salvar um irmão. Exemplos bem marcados são a conversa com os discípulos de Emaús, os quais, pela sua palavra, têm o coração curado (Lc 24,13-35) e a conversão da mulher samaritana, que, tendo seu pecado revelado, arrependeu-se e se converteu ao Senhor (Joa 4,41-42).

Além do que lemos nas Escrituras, a Igreja nos diz pela Dei Verbum: “Professa o Sagrado Sínodo que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana partindo das coisas criadas”, mas ensina que se deve atribuir à sua revelação o fato de “mesmo na presente condição do gênero humano poderem ser conhecidas por todos facilmente, com sólida certeza e sem mistura de nenhum erro aquelas coisas que em matéria divina não são por si inacessíveis à razão humana” (DV 6).

Abertura do dom da palavra de ciência

Estudar sobre o dom, orar ao Espírito Santo pedindo diariamente o Batismo. Crer que o Espírito Santo quer nos dar esse dom, ter fé, amor e confiança em Deus, o qual quer agir em nós.

Ter um amor constante e compassivo para com o próximo, desejando vê-lo curado da alma, do corpo e do espírito, vê-lo liberto e sem problemas.

Ficar, então, em escuta das inspirações divinas. Confiar nas revelações que o Senhor nos faz. Transmitir essas revelações ao irmão, com fé e simplicidade.

Agradecer ao Espírito Santo cada vez que recebemos uma palavra de ciência, sempre ser uma pessoa de louvor e adoração.

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DONS DOS SINAIS

Dom da Fé

O dom da fé é o carisma pelo qual Deus nos concede um poder extraordinário capaz de realizar obras que superam toda potencialidade humana.

O dom da fé não deve ser confundido com a virtude teologal da fé. Esta, chamada de “fé teologal”, é a virtude pela qual cremos nas verdades que foram reveladas.

A virtude da fé deve ser praticada constantemente por todos os batizados. Precisamos praticar a virtude da fé para a nossa salvação. São Paulo nos diz: “Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé” (Ef 2,8a).

A virtude da fé nos faz justos. “Que ninguém é justificado pela Lei perante Deus é evidente, porque o justo viverá pela fé” (Gl 3,11).

É pela virtude da fé que vivemos para Deus. “Na realidade, pela fé eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus” (Gl 2,19a).

Pela virtude da fé nos tornamos herdeiros da promessa. “Para que, longe de vos tornardes negligentes, sejais imitadores daqueles que pela fé e paciência se tornaram herdeiros da promessa” (Hb 6,12).

Pedro nos escreve: “ Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, àqueles que, pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, alcançaram por partilha uma fé tão preciosa como a nossa, graça e paz vos sejam dadas em abundância por um profundo conhecimento de Deus e de Jesus, Nosso Senhor!” (I Pd 1,1).

Enfim, é pela virtude teologal da fé que cremos em todas as verdades que nos foram reveladas e que estão consubstanciadas na oração do Credo, e é pelo dom da fé que realizamos obras que superam nossas potencialidades humanas, como Pedro que andou sobre as águas.

Além das Escrituras, a Igreja também nos fala sobre a fé. Lemos na Gaudium et spes: “Pelo dom do Espírito, o homem, na fé, chega a saborear o mistério divino” (GS 15). Na Dignitatis humanae: “Um dos principais ensinamentos da doutrina católica, contido na Palavra de Deus e constantemente pregado pelos Santos Padres, é aquele que diz que o homem deve responder voluntariamente a Deus com a fé e que, por isso, deve ser forçado a abraçar a fé contra a vontade. Com que o homem, redimido pelo Cristo Salvador e chamado para a adoração de Filho por Jesus Cristo, não pode aderir a Deus que se revela, a não ser que o Pai o atraia e assim preste a Deus o obséquio racional e livre da fé” (DH 10).

Na Dei Verbum: “Para que se preste esta fé, exigem-se a graça prévia e adjuvante de Deus e os auxílios internos do Espírito Santo, que move o coração e converte-o a Deus, abre os olhos da mente e dá a todos a suavidade de consentir a crer na verdade. A fim de tornar sempre mais profunda a compreensão da Revelação, o mesmo Espírito aperfeiçoa a fé por meio dos seus dons” (DV 5).

Podemos entender a Fé sob três aspectos ou considerações:

A Fé que crê, que acredita em Deus e suas verdades; fé salvadora; fé doutrinária.

A Fé que confia, chamada fé confiante na bondade de Deus que, por ser Pai nos ama; assim, pois, tudo irá bem.

A Fé que espera na ação de Deus; fé “expectante” (ou de “expectativa), que é a fé carismática, pela qual se sabe que Deus agirá de forma poderosa.

A seguir veremos nas citações bíblicas o carisma da fé, a fé expectante, aquela que acreditamos porque acreditamos, acreditamos antes de ver, fazemos tudo em nome do Senhor na expectativa de que tudo está acontecendo pelo poder de Deus. È a fé pela qual damos um pulo no escuro, com a certeza de que cairemos no colo de Deus. É a fé da conversão, da mudança de vida, da vida nova. Pois fé carismática sem conversão é como um fogo que não queima, como uma luz que não ilumina. Fé carismática ou expectante, é intrinsecamente ligada a conversão diária de nossa vida.

No livro do Gênese, lemos sobre o sacrifício de Isaac, Deus pede a Abraão que sacrifique seu Filho, seu único Filho, sobre o qual repousava a promessa de toda a sua descendência. Abraão, com fé carismática, leva o menino para ser sacrificado. Apronta o altar do sacrifício com a lenha, coloca Isaac sobre o altar e ergue a faca para sacrifica-lo. Um anjo do Senhor o impede de consumar o sacrifício (Ver Gen 22,1-9).

Na passagem do mar Vermelho vemos a fé carismática de Moisés que, obedecendo ao Senhor, fere com sua vara as águas do mar, que se abrem permitindo ao Povo de Deus atravessa-lo a pé enxuto e chegar à liberdade (Ver Ex 14,1-31).

Lemos no primeiro livro dos Reis que o profeta Elias foi posto em confronto com quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal, para que os israelitas se decidissem a seguir a Deus ou a Baal. Elias, pelo dom da fé carismática, propôs que os profetas de Baal e ele pusessem ao mesmo tempo um novilho sobre a lenha para sacrifica-lo. Depois, disse Elias, cada um de nós invocará o seu Deus para que este faça descer fogo do céu e incendeie a lenha para aceitar o sacrifício que lhe oferecemos. O verdadeiro Deus há de se manifestar. Os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal invocaram-no sem sucesso. Elias, então, mandou que jogasse água por três vezes sobre o seu novilho, para dificultar a ação do fogo. Orou a Deus com fé carismática e o

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Senhor fez descer do céu fogo que incendiou a lenha, secou a água e consumiu a vítima no altar. (Ver I Rs 18,20-10).

Disse o Senhor: “Se tiverdes fé (carismática) como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá” (Lc 17,6).

Jesus disse também: “Em verdade vos digo: se tiverdes fé (carismática) do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha:’Transporta-te daqui para lá’, e ela irá. E nada vos será impossível” (Mt 17, 20b).

Quando os apóstolos estavam na barca, durante a noite, e Jesus se aproximou deles andando sobre as águas, Pedro tomou a palavra e disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti!” Ele disse: “Vem!” Pedro saiu da barca e caminhou sobre as águas ao encontro de Jesus (Ver Mt 14,28-29). Pedro demonstra aqui sua abertura ao dom da fé carismática.

Após Pentecostes, os apóstolos realizam grandes milagres devido à sua fé carismática. Quando Pedro e João subiam ao templo para orar, deparam, na porta do templo, com um coxo que lhes pediu uma esmola. “Pedro, assim como João, fixou nele o olhar e lhe disse: ‘Olha para nós’. Ele ficou olhando atentamente para eles, na esperança de receber alguma coisa. Então Pedro disse: ‘Eu não tenho nem ouro nem prata. Mas o que tenho te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, põe-te a caminhar’. E, segurando-o pela mãsegurando-o direita, ajudsegurando-ou-segurando-o a se levantar. Instantaneamente segurando-os seus pés e tsegurando-ornsegurando-ozelsegurando-os ficaram firmes. Num salto ficou de pé, começou a andar e, em companhia deles, entrou no templo, caminhando, pulando de alegria e louvando a Deus” (Ver At 3,4-8). O milagre da cura do coxo ocorreu devido à fé carismática de Pedro e João.

Quando Pedro foi a Jope, lá morava uma discípula do Senhor, chamada Tabita, muito estimada pelas suas amigas pela bondade com que as tratava. Aconteceu que Tabita veio a falecer, provocando grande dor em suas amigas. Pedro, cheio de fé (carismática), pôs-se de joelhos e orou. Voltou-se em seguida para a falecida e disse: “Tabita, levanta-te”. Ela ressuscitou dos mortos e, por esse milagre, muitos creram no Senhor. (Ver At 9,34-43).

Quando Paulo e Barnabé foram a Listra encontraram um homem aleijado, coxo de nascença. “Ele ouviu Paulo falar. Este olhou bem firme para ele e percebeu que tinha a fé necessária para ser curado. Então disse-lhe com voz forte: ‘Levanta-te, fica bem de pé!’ Ele deu um salto e começou a caminhar” (At 14,9-10). Neste texto dos Atos vemos a fé carismática de Paulo e também a fé carismática do coxo, devido a fé ocorreu um milagre.

Quando Paulo estava na Macedônia, reuniram-se, no primeiro dia da semana, para repartir o pão. Em seguida Paulo começou a pregar e um jovem, Êutico, que estava sentado numa janela, adormeceu e caiu do prédio, vindo a falecer. Paulo desceu imediatamente e com grande fé orou sobre ele, que ressuscitou (Ver At 20,7-12). Vemos, neste trecho das Escrituras, mais um milagre de ressurreição devido à oração feita com fé carismática.

Abertura ao dom da fé.

Orar pedindo o dom para o Senhor, praticar com firmeza a virtude teologal da fé, ler muito sobre o assunto, ler muito a Bíblia.

Pedir o Batismo no Espírito Santo todo dia, pois é através dele que recebemos os carismas, inclusive o da fé.

As verdades reveladas, nas quais cremos pela virtude da fé, estão consubstanciada no Credo. Rezar, então, o Credo, meditando longa e profundamente sobre cada uma de suas partes.

Quem está firme na virtude da fé teologal, poderá ser aprimorado pela abertura ao dom da fé carismática.

È preciso a fé teologal para a abertura a todos os dons. È preciso ainda a fé carismática para orar ao Senhor e pedir-lhe que realize uma cura ou um milagre.

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Dom de Cura

O dom de cura é o carisma pelo qual ocorre uma cura como resposta de Deus à uma oração, quer seja individual ou coletiva. Nós oramos a Deus pedindo-lhe que cure o irmão ou que nos cure. Deus responde nossa oração operando a cura, manifestando dessa forma a graça da força do Cristo Vivo e Ressuscitado.

Há a cura física (do corpo), a cura interior (do psiquismo, emoção, etc.) e a cura espiritual (também chamada libertação, cura do espírito).

O homem é um ser formado de corpo, mente e espírito. Esses três aspectos de sua pessoa estão intimamente interligados. Quando uma das partes não está bem, as outras são diretamente afetadas.

Por exemplo, uma pessoa tem o seu corpo atacado pelo câncer, sua parte psíquica pode também ficar afetada, pois ela se preocupa com o futuro e, muitas vezes, sente-se como um peso para aqueles que dela tratam, achando que lhes está dando trabalho demais. Se não for forte na fé poderá começar a se ressentir contra Deus, que permitiu que ela fosse acometida daquele mal, ficando espiritualmente afetada.

Noutro caso, por exemplo, uma pessoa é despedida do emprego e se sente psicologicamente mal. Ao viver esse drama, sua pressão arterial poderá elevar-se, ou seja, seu corpo passa também a ser afetado. Poderá sentir-se rejeitada pelos irmãos e, também, rejeitada por Deus, ficando com problema espiritual.

Finalmente, por exemplo, uma pessoa infringe o sétimo mandamento da Lei de Deus – não furtar – e dá um desfalque. Fica, pois, em pecado, ou seja, afetada em sua parte espiritual. Sua parte psicológica é também afetada, pois sua consciência a acusa e ela sente remorso de seu ato, intranqüilidade e mesmo angústia. A angústia poderá levá-la a ter depressão ou até mesmo ocorrer uma somatização e ocasionar uma úlcera de estômago, atingindo seu físico.

Deus nos conhece melhor do que ninguém, Ele sabe onde está a raiz de todo o mal, como nos ama e pela fé que depositamos no seu poder, Ele, em sua misericórdia, quer nos curar e se alegra quando oramos uns pelos outros, pedindo a cura e demonstrando amor fraterno.

Deus é quem nos cura, por diversos meios: pelos médicos e pelos medicamentos, pelos Sacramentos, em especial nos Sacramentos da Eucaristia, Confissão e Unção dos Enfermos, através do perdão e em resposta às nossas orações.

Os médicos, os medicamentos são abençoados por Deus, lemos no Eclesiástico: “Presta ao médico a devida honra, porque dele precisas; foi o Senhor também quem o criou. È do Altíssimo, com efeito, que vem a cura; e ele recebe presentes do próprio rei. O Senhor faz sair da terra os medicamentos; não os rejeita o homem sensato. Pelos medicamentos se realiza a cura e a dor desaparece. Com eles, prepara o farmacêutico diversas misturas” (Eclo 38,1-2, 4,7-8).

Quem está doente deve orar para que o Senhor o encaminhe ao médico de sua escolha, a seguir, orar pelo médico, para que ele seja um bom instrumento nas mãos do Senhor. Quem está em tratamento médico e recebe uma oração de cura somente deve suspender o tratamento se o médico assim o mandar.

Deus nos cura pelos sacramentos, o sacramento da reconciliação ou confissão, nos cura espiritualmente e, conseqüentemente, cura todo nosso ser. O sacramento da Eucaristia nos cura, pois nele recebemos o próprio Jesus, o médico dos médicos, aquele que é o curador por excelência. Há ainda um sacramento específico para a cura, a unção dos enfermos, o próprio São Tiago nos diz: “Há entre vós quem sofra? Que reze! Está alguém de bom humor? Que entoe cânticos! Há entre vós algum enfermo? Que mande chamar os presbíteros da Igreja e estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o reerguerá. E, se tiver cometido pecados, ser-lhe-á concedido perdão” (Tg 5,13-15).

O Senhor nos cura através do perdão, pois a base da nossa vida espiritual é o viver reconciliados, o pedir e dar perdão. É muito importante para nós, sabermos disso e tomarmos a peito esta realidade, porque a gente às vezes é levado a considerar o viver reconciliados, o dar e pedir perdão, como uma das coisas da vida fraterna, talvez até mesmo um acidente da vida fraterna, entre outras coisas eu também preciso me reconciliar, mas não. Pedir e dar perdão é fundamental, é caminho de cura e crescimento.

O viver reconciliado, pedir e dar perdão é a base da nossa vida espiritual. Nós podemos cair no engano de dizer que somos muito eu, eu sou divertido, eu sou alegre, eu me relaciono com todo mundo, todo mundo gosta de mim, ou ainda que não preciso de ninguém. Dificilmente, quem pisou na bola comigo, acabou. Aquela pessoa no meu coração já fechou, não pisa duas vezes na bola não, é uma vez só. Eu continuo vivendo, eu continuo divertido, eu continuo me dando com todo mundo, mas eu já sequei no coração aqueles que me feriram. Pode ser que hoje eu sequei um, amanhã eu sequei outro e depois eu sequei outro. A coisa é assim, é como na ligação de lâmpadas, a ligação é em paralela, onde você liga o pólo positivo de uma lâmpada ao pólo de uma outra lâmpada e assim pra frente, de modo que a energia corre entre todas as lâmpadas a ligação paralela. É uma boa forma de fazer ligação de fuzil. Mas se uma das lâmpadas se queima, está rachada, apagam todas. Deus faz ligação em paralela, você tem a impressão de que se você está mal com uma pessoa do grupo, você continua comunitário de bem com todo mundo, na verdade não é. Você cortou a fraternidade na sua vida, então a gente corre grande risco de desentender, de ficar com mágoas no coração, adoecer. Enquanto que a verdade é esta: a base da nossa vida espiritual é viver reconciliado, pedir e dar perdão. Deus nos convida hoje ao perdão.

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Deus nos cura também como resposta às orações em que pedimos a cura de irmãos ou a nossa, mas Deus cura como quer, quando quer e como for melhor para nós. A cura é a resposta de Deus a nossa oração fervorosa na fé expectante. A cura é um sinal do amor de Deus por nós. Quando não ocorre a cura não é porque Deus não nos ama, mas porque quer nos dar algo melhor que a cura.

“Bem cedo, nos Evangelhos, determinadas pessoas se dirigem a Jesus chamando-o de ‘Senhor’. Este título exprime o respeito e a confiança dos que se achegam a Jesus e esperam dele ajuda e cura” (CIC 448).

“Desde o início da sua vida pública, Jesus escolhe homens em número de doze para estarem com Ele e para participarem da sua missão; dá-lhes participação na sua autoridade “e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar” (Lc 9,2). Permanecem eles para sempre associados ao Reino de Cristo, pois Jesus dirige a Igreja por intermédio deles” (CIC 551).

Nas Escrituras encontramos curas de cegos, na cura dos cegos de Jericó, Jesus tocou-lhes os olhos e eles passaram a ver perfeitamente (Mt 20,29-34). Na cura do cego de nascença, Jesus cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. Depois lhe disse: “Vai, lava-te na piscina de Siloé”. O cego foi, lavou-se e voltou enxergando (Joa 9,1-41). Na cura do cego de Betsaida Jesus pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. O cego olhou e respondeu: “Vejo homens como árvores que andam”. Jesus impôs as mãos nos olhos e ele começou então a ver claramente (Mc 8,22-26). Esta última cura foi gradual, diferentemente das duas anteriores, que foram instantâneas.

O Senhor cura seus filhos através da oração pela cura, quem vai orar pela cura de um irmão não sabe qual é a raiz do mal, se está no corpo, na mente ou no espírito, mas Deus sabe. Muitas vezes a cura ocorre diretamente como resposta ao pedido feito na oração. Outras vezes Deus dá a quem está orando uma palavra de ciência, para identificar a raiz do mal. A palavra de ciência vai revelar a raiz do mal físico, psicológico ou espiritual. O Senhor geralmente indica também caminhos para a cura através do dom de sabedoria, do dom da palavra de sabedoria, do dom do discernimento dos espíritos ou do dom do aconselhamento. Estes dons conduzem à cura, conforme o caso, pelo perdão, pela recepção dos sacramento da reconciliação, pela libertação, etc.

Uma pessoa com problema físico, ao receber a oração de cura, conforme a vontade do Senhor, e pela sua abertura de coração, poderá ou não ser curado fisicamente. Por exemplo, certa vez, uma irmã que tinha artrose e, conseqüentemente, andava com dificuldade, após ter recebido uma oração de cura continuou sofrendo da artrose como antes, mas deixou de se preocupar com o que lhe pudesse acontecer no futuro (tinha medo de piorar, a ponto de precisar de uma cadeira de rodas). Passou, pois, a aceitar a doença e foi curada interiormente. Como resposta a oração de cura, Deus também cura psicológica e espiritualmente.

Há muitos cristãos em boas condições físicas, mas que estão doentes psicológica ou espiritualmente. Jesus quer curá-los. “Jesus é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8). Portanto, assim como realizou inúmeras curas durante sua vida terrena, nos cura hoje e por todo o sempre. Tempo e espaço não significam nada para Ele. Ele pode nos curar hoje e agora, no momento que você está lendo este capítulo, pode nos curar de algo que nos aconteceu na nossa infância ou mesmo na nossa vida intra-uterina. Ele pode chegar ao nosso passado e curar aquilo que nos machucou, que nos magoou, que nos marcou. Cura-nos de lembranças dolorosas, de situações traumáticas que implicam hoje em alterações em nosso comportamento, em sonhos (pesadelos), entre outras anomalias.

Na oração de cura interior pede-se a Jesus que vá ao nosso passado e nos cure de toda mágoa e ilumine qualquer lembrança dolorosa. Não é somente voltar ao passado e recordar detalhes desagradáveis, não é somente ficar sabendo das causas de nossas machucaduras, mas é ter Jesus brilhando com sua luz divina em todos os cantos escuros nos quais Satanás esconde mágoas e lembranças dolorosas. É ter Jesus conosco durante situações difíceis e desagradáveis e nas horas em que fomos traumatizados.

Todos precisamos de algum tipo de cura, quer seja ela: física, emocional ou espiritual. O único lugar onde as pessoas não precisam mais ser curadas, é no cemitério.

Quem recebe uma oração de cura precisa, em primeiro lugar, assumir a cura, saber que está sendo curado, querer a cura, permitir que ela aconteça. Como dissemos atrás quando se trata de cura física é preciso que haja confirmação pelo médico.

Precisa, em seguida, dar os passos que o Senhor mandou que desse, senão, é como ir ao médico, receber a receita após o diagnóstico da doença e jogá-la fora no lixo. Na cura do cego de nascença Jesus mandou que ele fosse lavar os olhos na piscina de Siloé. Ele deu esse passo e foi curado. Imaginemos que ele não obedecesse a Jesus e não fosse lavar seus olhos na piscina, será que teria sido curado?

Todos os batizados podem abrir-se ao dom de cura, entretanto é preciso uma vida de oração, de sacramentos, de serviço a Igreja e aos irmãos, é preciso ter fé em Deus e sentir amor pelo irmão que está enfermo, quer seja no corpo, na alma ou no espírito. Há pessoas que são muito abertas a esse dom e o exercem constantemente, essas pessoas têm o ministério de cura.

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Orar pedindo o dom de cura ao Senhor, se colocar disponível. Ter fé para dar os primeiros passos e orar pelos irmãos. Sentir profundo amor pelos irmãos que estão necessitados de cura.

Ler diariamente a Bíblia, ler livros sobre o assunto, assistir palestras, participar de retiros sobre o tema.

Orar junto com pessoas que já estejam exercendo esse dom, participando da oração ou ficando em intercessão.

Confiar no Senhor e não pensar que fracassou se não constatar a cura imediata.

Abrir-se a dons auxiliares ao dom de cura, como os dons de palavra de ciência, palavra de sabedoria, discernimento de espíritos, aconselhamento.

Como orar pela cura?

Não orar sozinho nunca, mas como membro de um pequeno grupo, no mínimo de duas pessoas. “Eu vos repito: se dois dentre vós na terra se puserem de acordo para pedir seja qual for a coisa, esta lhes será concedida por meu Pai que está nos céus. Porque, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, eu estou lá entre eles” (Mt 18,19-20).

Preparar-se constantemente para a oração de cura, através da leitura diária da Palavra, meditações e orações pessoais. Jejuar pelo ministério de cura, Jesus aconselha: “Quanto a esta espécie de demônios, só se pode expulsar à força de oração e jejum” (ler Mateus capítulos 17 a 21). Estar em dia com os Sacramentos em especial a Confissão e comungar sempre o Corpo e o Sangue de Cristo, alimento para nossa vida espiritual. Rezar diariamente o terço, estar em comunhão com Maria nossa mãe e rainha.

Orar pela cura de preferência na Igreja, pois nela está o Santíssimo, ou seja, Jesus Eucarístico, e também porque está escrito: “Minha casa é a casa de oração” (Mt 21,13a).

Na oração de cura feita por duas ou mais pessoas, enquanto uma ora em voz alta, as demais ficam em intercessão em voz baixa em línguas e em escuta do Espírito Santo. A que está orando em voz alta, quando sentir que é da vontade do Senhor, cessa sua oração para que outro irmão ore alto e ela passa então a ficar em intercessão e assim sucessivamente. As orações feitas em voz alta devem ser audíveis, para que a pessoa que está recebendo a oração possa ouvir o que está sendo orado. A oração deve ser feita com tranqüilidade e ordem, sempre guiada pelo Espírito Santo. Quem recebe a oração não deve orar junto, principalmente em voz alta, mas ficar à escuta, prestando bastante atenção no que o Senhor lhe está dizendo através dos irmãos que estão orando.

Deve haver imposição de mãos, com discernimento e respeito para que a pessoa que este recebendo oração não passe constrangimentos. Enfim devemos nos abandonar nas mãos do Senhor e deixar que Ele nos conduza como servos fiéis, aqueles que tem como recompensa de seu trabalho a alegria de poder servi-lo.

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Dom de milagres

Milagres são fenômenos sobrenaturais realizados por Deus, é a interferência de Deus em alguma situação, podendo ser uma cura física como o cego Bartimeu (Ler Mc 10,46-52); alteração dos fenômenos naturais, como foi a tempestade acalmada (Ler Mt 8,23-27); multiplicação de pães (Ler Mt 14, 13-21; Mc 6,30-44; Lc 9,10-17 e Jô 6,1-15); a ressurreição de um morto, como foi a de Lázaro (Ler Jo 11,1-44); etc. Deus realiza milagres para que os homens conheçam a sua glória.

“Jesus acompanha as palavras com numerosos ‘milagres, prodígios e sinais’ (At 2,22) que manifestam que o Reino está presente nele. Atestam que Jesus é o Messias anunciado” (CIC 547). “Os sinais operados por Jesus testemunham que o Pai o enviou. Convidam a crer nele. Aos que a Ele se dirigem com fé, concede o que pedem. Assim os milagres fortificam a fé naquele que realiza as obras de seu Pai: testemunham que ele é o Filho de Deus. Eles podem também ser ‘ocasião de escândalo’ (Mt 11,6). Não se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mágicos. Apesar dos seus milagres tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns; acusam-no até de agir por intermédio dos demônios” (CIC 548). “O advento do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás. ‘Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós’ (Mt 12,28)” (CIC 550).

“O milagre da multiplicação dos pães, quando o Senhor proferiu a benção, partiu e distribuiu os pães através dos seus discípulos para alimentar a multidão, prefigura a superabundância deste único pão da sua Eucaristia. O sinal da água transformada em vinho em Cana já anuncia a hora da glorificação de Jesus. Manifesta a realização da ceia das bodas no Reino do Pai, onde os fiéis beberão o vinho novo, transformado no Sangue de Cristo” (CIC 1335).

“O motivo de crer não é de fato as verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz da nossa razão natural. Cremos ‘por causa da autoridade de Deus mesmo que revela e que não pode nem enganar-se nem enganar-nos’. ‘Todavia, para que o obséquio da nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis que os auxílios interiores do Espírito Santo fossem acompanhados das provas exteriores da sua Revelação’. Por isso os milagres de Cristo e dos santos, as profecias, a propagação e a santidade da Igreja, sua fecundidade e estabilidade ‘constituem sinais certíssimos da Revelação, adaptados à inteligência de todos’, ‘movidos de credibilidade’ que mostram que o assentimento da fé não é ‘de modo algum um movimento cego do espírito’” (CIC 156).

‘Na humanidade de Cristo, portanto, tudo deve ser atribuído à sua pessoa divina como ao seu sujeito próprio. Não somente os milagres mas também os sofrimentos, e até a morte: ‘Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é verdadeiro Deus, Senhor da glória e Um da Santíssima Trindade’” (CIC 468).

“A Ressurreição de Jesus glorifica o nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o nome de Jesus que manifesta em plenitude o poder supremo do ‘nome acima de todo nome’. Os espíritos maus temem seu nome e é em nome dele que os discípulos de Jesus operam milagres, pois tudo o que pedem ao Pai em seu nome, o Pai lhes concede” (CIC 434).

Os milagres nas Escrituras são descritos como maravilhas: “Haviam (os israelitas) olvidado as suas obras, todas as maravilhas demonstradas” (Sl 77,11); “Lembrai as maravilhas que operou, seus feitos e as palavras de seus lábios” (Sl 104,5).

Já no Antigo Testamento encontramos milagres espetaculares: a abertura do mar Vermelho, efetuada através de Moisés (Ler Ex 14). O florescimento da vara de Aarão (Ler Nm 17). A passagem do Jordão a pé enxuto, feita por Josué (Ler Js 3). A destruição das Muralhas de Jericó (Ler Js 6). A derrubada das pilastras do templo filisteu por Sansão (Ler Jz 16). A vinda de trovoadas e chuvas, pedidas por Samuel (Ler I Sm 12). A multiplicação da farinha e do azeite, por Elias (Ler I Rs 17). A cura de Naamã, por Eliseu (Ler 2 Rs 5). Os três jovens na fornalha (Ler Dn 3). Daniel na cova dos leões (Ler Dn 6).

Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho ao mundo, Jesus Cristo, sendo Deus, durante sua vida terrena realizou inúmeros milagres, que podemos classificar em três categorias:

a) milagres relativos a natureza: acalmar tempestades (Mt 8,23-27), caminhar sobre as águas (Mt 14,22-36), transformar água em vinho (Jo 2,1-12), multiplicar pães (Lc 9,10-17), etc.

b) Milagres relativos à saúde: curar leprosos (Mt 8,1-14), cegos (Mc 10,46-52), mudos (Mc 7,31-37), paralíticos (Lc 5,17-26), coxos (Lc 7,22), etc.

c) Milagres relativos à vida: ressurreição da filha de Jairo (Mt 9,18-26), ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7,11-17), ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-44).

A Dei verbum nos diz: “Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado como homem para os homens, fala, portanto, as palavras de Deus e consuma a obra da salvação que o Pai lhe mandou realizar. Por isso, vê-lo é ver o Pai, com toda a sua presença e Manifestação de sua pessoa, com palavras e oras, sinais e milagres...” (DV 4).

Na Dignitatis humanae lemos: “...Cristo, nosso Mestre e Senhor, manso e humilde de coração, atraiu e convidou com muita paciência os seus discípulos. Apoiou e confirmou, sem dúvida, com milagres, a sua pregação, mas para despertar e confirmar a fé dos ouvintes, e não para exercer sobre eles qualquer coação” (DV 11).

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Durante muito tempo diversos cristãos julgavam que ocorreram milagres realizados por patriarcas, por profetas, e por Jesus Cristo no tempo da Igreja primitiva, quando apóstolos como Pedro e Paulo viviam. Admitiam ainda que santos canonizados pela Igreja tivessem feitos milagres. Mas as Escrituras são claras no afirmar que Deus realiza milagres através de quem Ele escolher; Jesus nos prometeu: “Eu vos afirmo e esta é a verdade: quem crê em mim fará as obras que eu faço. E fará até maiores, porque vou para o Pai” (Jo 14,12). E Jesus nos fá a certeza de que suas palavras são cumpridas: “O céu e a terra passarão, mas as minha palavras não passarão” (Mt 24,35).

O dom de milagres é o carisma pelo qual Deus realiza milagres como resposta à nossa oração, muitas pessoas abertas ao dom de cura têm obtido de Deus, pelas suas orações, curas milagrosas. Algumas pessoas chamam curas milagrosas, ou milagres, àquelas que ocorrem instantaneamente. Por exemplo, se uma pessoa com câncer é curada dessa doença instantaneamente, chamam milagre. Se ocorre a cura de uma dor de cabeça, dor na perna, ou outras enfermidades que a medicina poderia curar com medicamentos, então chamamos de cura.

Certamente existem milagres que nada têm a ver com cura milagrosa, como por exemplo, o Pe. DeGrandis relata um milagre ocorrido com uma jovem norte-americana, a qual percebeu que estava sendo perseguida por dois malfeitores e correu para o seu automóvel. Fechou as portas do carro que eles tentavam abrir pelo lado de fora, apavorada, deu partida duas vezes, sem que o motor de arranque funcionasse. Clamou por Jesus e na tentativa seguinte o carro pegou e ela conseguiu fugir dos seus assaltantes, contudo, ao chegar em casa, relatou o ocorrido a seu pai. Este estranhou que o carro não quisesse pegar, uma vez que, a bateria era nova. Foi verificar o carro e constatou que o cabo da bateria estava desligado. É bem provável que os assaltantes tinham-no desligado para que ela não lhes pudesse fugir, mas quando ela clamou por Jesus (orou), Ele realizou um milagre e o carro pegou sem bateria.

Podemos citar o Milagre Eucarístico de Lanciano, este prodigioso milagre deu-se por volta dos anos 700, na cidade italiana de Lanciano, na igreja do mosteiro de São Legoziano, onde viviam os monges da Ordem Basiliana (de São Basílio).

Entre os monges, havia um que se fazia notar mais por sua cultura mundana do que pelo conhecimento das coisas de Deus. Sua fé parecia vacilante, e ele era perseguido todos os dias pela dúvida de que a hóstia consagrada fosse verdadeiro Corpo de Cristo e o vinho Seu verdadeiro Sangue. Mas a Graça Divina nunca o abandonou, fazendo-o orar continuamente para que esse insidioso espinho saísse do seu coração.

Foi quando, certa manhã, celebrando a Santa Missa, mais do que nunca atormentado pela sua dúvida, após proferir as palavras da Consagração ele viu a hóstia converter-se em Carne viva e o vinho em Sangue vivo. Sentiu-se confuso e dominado pelo temor diante de tão espantoso milagre, permanecendo longo tempo transportado a um êxtase verdadeiramente sobrenatural. Até que, em meio a transbordante alegria, o rosto banhado em lágrimas, voltou-se para as pessoas presentes e disse:

"Ó bem-aventuradas testemunhas diante de quem, para confundir a minha incredulidade, o Santo Deus quis desvendar-se neste Santíssimo Sacramento e tornar-se visível aos vossos olhos. Vinde, irmãos, e admirai o nosso Deus que se aproximou de nós. Eis aqui a Carne e o Sangue do nosso Cristo muito amado!"

A estas palavras os fiéis se precipitaram para o altar e começaram também a chorar e a pedir misericórdia. Logo a notícia se espalhou por toda a pequena cidade, transformando o monge num novo Tomé.

A Hóstia-Carne apresentava, como ainda hoje se pode observar, uma coloração ligeiramente escura, tornado-se rósea se iluminada pelo lado oposto, e tinha uma aparência fibrosa; o Sangue era de cor terrosa (entre amarelo e o ocre), coagulado em cinco fragmentos de formas e tamanhos diferentes.

Serenada a emoção de que todo o povo foi tomado, e dadas aos Céus as graças devidas, as relíquias foram agasalhadas num tabernáculo de marfim, construído a mando das pessoas mais credenciadas do lugarejo.

A partir de 1713, até hoje, a Carne passou a ser conservada numa custódia de prata, e o Sangue, num cálice de cristal.

Os Frades Menores Conventuais guardam o Milagre desde 1252, por vontade de Landulfo, bispo da vila de Chieti. Os monges da Ordem de São Basílio guardaram o Milagre até 1176 e os Beneditinos até 1252.

Em 1258 os Franciscanos construíram o santuário atual, que foi transformado em 1700 de romântico-gótico em barroco. Desde 1902 as relíquias estão custodiadas no segundo tabernáculo do altar monumental, erigido pelo povo de Lanciano no centro do presbitério.

Aos reconhecimentos eclesiásticos do Milagre, a partir de 1574, veio juntar-se o pronunciamento da Ciência moderna através de minuciosas e rigorosas provas de laboratório.

Foi em 18 de novembro de 1970 que os Frades Menores Conventuais decidiram, devidamente autorizados, confiar a dois médicos de renome profissional e idoneidade moral a análise científica das relíquias. Para tanto, convidaram o Dr. Odoardo Linoli, Chefe de Serviço dos Hospitais Reunidos de Arezzo e livre docente de Anatomia e Histologia Patológica e de Química e Microscopia Clínica, para, assessorado pelo

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Prof. Ruggero Bertelli, Prof. emérito de Anatomia Humana Normal na Universidade de Siena, proceder aos exames.

Após alguns meses de trabalho, exatamente a 4 de março de 1971, os pesquisadores publicaram um relatório contendo o resultado das análises:

 A Carne é verdadeira carne.  O Sangue é verdadeiro sangue.

 A Carne é do tecido muscular do coração (contém, em seção, o miocárdio, endocárdio, o nervo vago e, no considerável espessor do miocárdio, o ventrículo cardíaco esquerdo).  A Carne e o Sangue são do mesmo tipo sangüíneo (AB) e pertencem à espécie humana.  No Sangue foram encontrados, além das proteínas normais, os seguintes minerais: cloreto,

fósforo, magnésio, potássio, sódio e cálcio. As proteínas observadas no Sangue encontram-se normalmente fracionadas em percentagem a respeito da situação encontram-seroproteínica do sangue vivo normal. Ou, seja, é sangue de uma pessoa VIVA.

 A conservação da Carne e do Sangue, deixados em estado natural por doze séculos e expostos à ação de agentes físicos, atmosféricos e biológicos constitui um fenômeno extraordinário.

E antes mesmo de redigirem o documento sobre o resultado das pesquisas, realizadas em Arezzo, os doutores Linoli e Bertelli enviaram aos Frades um telegrama nos seguintes termos: "E o Verbo se fez Carne!". “E o impressionante é que é a Carne do Coração. Não a carne de qualquer parte do Corpo adorável de Jesus, mas a do músculo que propulsiona o Sangue – e portanto a vida – ao corpo inteiro; do músculo que é também o símbolo mais manifesto e o mais eloqüente do amor do Salvador por nós.

A Eucaristia é, na verdade, o dom por excelência do Coração de Jesus. "Meu Coração é tão apaixonado de amor pelos homens", disse um dia o Cristo em Parayle-Monial, revelando seu Sagrado Coração a Santa Margarida Maria. Uma paixão que o conduziu à cruz, que torna hoje presente sobre nossos altares, em nossos sacrários e até em nossos corações.

Em todo o caso, guardemos isto: na Eucaristia eu recebo o Cristo todo inteiro. É verdadeiramente que se dá e que eu como.

Tanto na hóstia como no vinho, está Jesus Cristo vivo e inteiro (corpo, sangue, alma e divindade). A comunhão eucarística existe nas duas espécies, na espécie do pão e na espécie do vinho, só que o vinho não é somente o sangue de Jesus, mas sim o próprio Jesus. E da mesma forma a hóstia não é somente carne, mas sim o próprio Jesus. O que aconteceu em Lanciano, acontece em todas as igrejas do mundo e em qualquer missa, a única diferença é que lá em Lanciano além de transubstanciar a substância (pão e vinho), transubstanciou-se também a aparência”. “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia" (Jo 6,54).

Parece-nos que Deus quer nos mostrar que na menor partícula da hóstia consagrada ou na menor gota do vinho consagrado, está presente o Cristo Total.

No Santuário de Nossa Senhor de Lourdes ocorrem milagres de cura com muita freqüência, há naquele local uma equipe permanente de médicos que examinam cuidadosamente todas as curas ocorridas e atestam aquelas que são consideradas milagrosas. A Igreja é muito prudente na aceitação de um milagre, agindo de acordo com o discernimento que lhe é dado pelo Espírito Santo.

Podemos citar ainda como milagres as imagens de nossa Senhora que têm chorado, em diversos lugares do mundo, lágrimas verdadeiras ou lágrimas de sangue. O Pe. Juan J. Szantyr nos conta que, ao receber a notícia que diversos rosários de Medjugorje estavam ficando milagrosamente dourados, imaginou que fosse obra do inimigo para distrair os fiéis da oração. Ao rezar sobre esse milagre, leu no livro de Sabedoria: “E por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens. Porque Deus, que os provou, achou-os dignos de si. Ele os provou como ouro na fornalha e os acolheu como holocausto” (Sb 3,5-6). Meditou então que nosso ser de ouro traz manchas do pecado original. É preciso que haja uma purificação pelo sofrimento para nos tornarmos ouro puro. Essa era a mensagem da transformação dos rosários. Logo a seguir, o seu rosário, de uso pessoal, ficou milagrosamente dourado. (Jesus vive e é o Senhor, 160,23).

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Abertura ao dom de milagres.

Orar pedindo o dom de milagres ao Senhor, se colocar disponível. Ter fé para dar os primeiros passos e orar pelos irmãos.

Ler diariamente a Bíblia, ler livros sobre o assunto, assistir palestras, participar de retiros sobre o tema.

Ter intensa vida de jejum, oração, confissão e eucaristia.

Confiar no Senhor e não pensar que fracassou se não constatar o milagre.

Abrir-se a dons auxiliares ao dom de milagre, como de cura, palavra de ciência, palavra de sabedoria, discernimento de espíritos, fé carismática.

Referências

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