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Análise Custo-Benefício de Medidas de Adaptação à Mudança do Clima na Bacia Hidrográfica dos Rios Piancó-Piranhas-Açu

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13 de dezembro de 2017

Análise Custo-Benefício de Medidas de

Adaptação à Mudança do Clima na Bacia

Hidrográfica dos Rios Piancó-Piranhas-Açu

Aditivo 2

– Apêndice de

Refinamento de Medidas

(2)

ESTUDO

Análise Custo-Benefício de Medidas de Adaptação à Mudança do Clima na Bacia

Hidrográfica dos Rios Piancó-Piranhas-Açu

APOIO

Agência Nacional de Águas

PROJETO

Apoio à Elaboração de Análise de Custo-benefício (ACB) de Medidas de Adaptação

em Bacia Hidrográfica e Avaliação de Uso de Instrumentos Econômicos na Gestão de

Recursos Hídricos

EQUIPE

Alexandre Gross, FGVces

Layla Nunes Lambiasi, FGVces

Daniel Tha, FGVces

Gustavo Velloso Breviglieri, FGVces

Guarany Osório, FGVces

Inaiê Takaes Santos, FGVces

Guilherme Borba Lefèvre, FGVces

Mario Prestes Monzoni Neto, FGVces

FOTOGRAFIA

Daniel Tha, FGVces

AGRADECIMENTO

Agradecemos ao corpo técnico da Agência Nacional de Águas pelas valiosas

contribuições durante a elaboração deste estudo, especialmente à equipe da

Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos e da Gerência Geral de

Estratégia.

AVISO

O conteúdo apresentado neste estudo é de responsabilidade da equipe do GVces e

não representa necessariamente a posição oficial da Agência Nacional de Águas

sobre o tema. Estudo elaborado em 2016/2017/2018. Publicado em março de 2018.

CITAR COMO

FGVces. Análise Custo-Benefício de Medidas de Adaptação à Mudança do Clima na

Bacia Hidrográfica dos Rios Piancó-Piranhas-Açu: Aditivo 2 – Apêndice de

Refinamento de Medidas. Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de

Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. São Paulo,

2016.

REALIZAÇÃO

(3)

Sumário

CONTEXTUALIZANDO ... 4

1 AÇUDES DE 3ª ORDEM NA PARAÍBA ... 5

1.1 PROPOSTA DO REFINAMENTO ... 5

1.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 7

2 PERDAS-TRÂNSITO ... 16

2.1 PROPOSTA DO REFINAMENTO ... 16

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 20

3 PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO (PISF) ... 28

3.1 PROPOSTA DO REFINAMENTO ... 29

3.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 32

3.3 NOTAS SOBRE O PISF ... 35

(4)

Contextualizando

Como parte de um processo de aprendizagem contínuo, a revisão e aprimoramento de premissas faz parte do próprio exercício de modelagem da realidade. É nessa perspectiva que, após a apresentação e discussão dos resultados do Relatório 1D, foi identificada a necessidade de refinamento das premissas assumidas em algumas das medidas consideradas para a ACB. O debate sob diferentes olhares revelou novas dimensões de compreensão, encaminhando para novos enunciados.

Dessa forma, dentre as 23 possíveis formas de adaptação consideradas na Análise Custo-Benefício realizada, quatro delas revelaram, após o estudo de de suas premissas, simulação e resultados, a oportunidade de refinamento. São elas:

 C. PISF - Diversos cenários de vazão (PISF-Cenários)

 D. PISF - Vazão garantida para usos prioritários (PISF prioritários)

 F. Ampliação da capacidade de reservação de água em açudes de terceira ordem na Paraíba (Açudes)

 I. Redução de perdas em trânsito via canalização de leitos de rios (Perdas-Trânsito)

Apresentam-se as propostas de refino, com as novas premissas consideradas, e a discussão dos resultados atualizados de cada uma dessas medidas. Observa-se que as duas pertinentes ao PISF são analisadas conjuntamente. É interessante observar que esta etapa do estudo tem caráter de continuação, ou seja, o refinamento representa o aperfeiçoamento do processo de concepção de premissas, o que não significa que os resultados e apreensões obtidos anteriormente devam ser completamente descartados.

(5)

1 Açudes de 3ª Ordem na Paraíba

A medida que propõem o aumento da reservação considerou a construção – em conjunto – de 16 novos açudes de médio porte na Paraíba. A medida se provou ineficiente em abater déficits na bacia, atingindo de maneira desigual e antagônica seus usuários. Enquanto o setor de transferências1 e de atividades industriais observaram reduções, os de abastecimento urbano, rural

de dessedentação animal, em contrapartida, sofreram aumentos.

Estes aumentos se deram de forma pontual na Bacia, mas de tal forma que, no total agregado, resultou em aumento da perda econômica, ou seja, benefício negativo. Dessa forma, não só a medida não é custo-benéfica, como apresenta RCB negativa. A conclusão é que a realocação dos recursos hídricos existentes, já em situação de fragilidade, por meio de novas estrutura de reservação acaba por retirar água de um usuário e alocar para outro, ao invés aumentar o acesso de todos. Questionou-se, no entanto, se dentre os 16 açudes simulados haveria um conjunto mais eficiente de estruturas que resultassem em benefícios positivos.

1.1 Proposta do refinamento

A partir da análise das vazões afluentes e defluentes, bem como do atendimento das demandas alocadas em cada um dos reservatórios, foram identificados que 3, dos 16 açudes inicialmente considerados, apresentaram comportamento favorável e maior potencial para implementação, sendo eles: Serra Grande, Cacimba Nova e Espinho Branco.

Novas premissas adotadas

O refino da medida contou com a simulação hidrológica e valoração econômica considerando a implementação apenas dos açudes Serra Grande, Cacimba Nova e Espinho Branco. A adição desses reservatórios na geografia hídrica da bacia provoca alterações na alocação das demandas hídricas de cada município, tal como descrito no apêndice F. Açudes do Produto 1-D.

Essa realocação das demandas, mediante o aporte dos três novos reservatórios identificados como de boa performance, é explicitada na tabela abaixo, mostrando o ajuste das proporções de uso em cada açude. Tal passagem visa compatibilizar da melhor forma possível a nova disponibilidade hídrica com as demandas existentes.

(6)

Tabela 1: Alocação das demandas de cada município nos açudes de terceira ordem

Municípios Novo Reservatório

Alocação nos novos reservatórios Demandas pontuais

(alocação com vistas à segurança

hídrica)

Demandas difusas (alocação pela fração do território na área

de influência direta do reservatório)

URB IND RUR IRRI ANI

Patos Espinho Branco 32% 32% 10% 10% 10%

Santa Teresinha Espinho Branco 35% 35% 10% 10% 10% São José do Bonfim Espinho Branco 35% 35% 10% 10% 10% São João do Rio do Peixe Cacimba Nova 30% 30% 12% 12% 12%

Aguiar Serra Grande 30% 30% 10% 10% 10%

São José de Piranhas Serra Grande 0% 0% 10% 10% 10% Serra Grande Serra Grande 35% 35% 10% 10% 10%

URB: abastecimento urbano; IND: indústria com captação própria; RUR: abastecimento da população rural; IRRI: irrigação; ANI: dessedentação animal.

Fonte: elaboração própria.

Importante destacar que há certo nível de arbítrio em relação à fração das demandas que passam a ser atendidas pelos novos reservatórios. Observa-se, no entanto, que o processo decisório para estabelecer tais premissas ocorreu a partir do refinamento dos resultados da primeira configuração de estruturas simulada, aquela com todos os 16 açudes. Outra importante consideração diz respeito à impossibilidade de se realocar as demandas de forma dinâmica no tempo. Ou seja, uma vez que se aloca certa demanda a um determinado reservatório, mantém-se esta mesma disposição ao longo dos 50 anos de simulação.

Racional de benefícios e custos

As demais premissas permanecem idênticas às da medida anterior de Açudes (Relatório 1-D), sendo o custo total da proposta de refinamento a soma dos custos individuais das três novas reservações, conforme apresentado na tabela abaixo.

Tabela 2: Volume e custos de novos açudes de terceira ordem na Paraíba

# Açude Volume (m³) CAPEX (R$)

1 Cacimba Nova 4.587.000 R$ 7.247.460,00

2 Serra Grande 9.762.000 R$ 15.423.960,00

3 Espinho Branco 31.498.645 R$ 49.767.859,00

TOTAL 45.847.645 R$ 72.767.859,00

(7)

1.2 Resultados e discussões

Início da Operação 2025

RESUMO DOS RESULTADOS

CUSTO TOTAL (VPL)

(R$ Milhões) R$ 54,23

Máximo Mínimo

Benefício por setor (VPL) (R$ Milhões) Te-A Te-M BENEFÍCIO TOTAL (VPL) (R$ Milhões) R$ 13,62 R$ 4,29 RELAÇÃO CUSTO/BENEFÍCIO 3,98 12,66 Abatecimento Urbano Abastecimento Rural Transposições Dessedentação Animal Irrigação Industrial Aquicultura R$ 11,06 R$ 3,21 R$ 0,48 R$ 0,09 R$ 10,92 R$ 6,85 -R$ 14,56 -R$ 11,28 R$ 0,13 R$ 0,35 R$ 7,09 R$ 5,36 R$ 0,22 R$ 0,00 OBJETIVO

Aumentar a reservação de água nas regiões de cabeceira, de acordo com as potencialidades identificadas e possibilitando melhor distribuição dos recursos hídricos ao longo do território.

DESCRIÇÃO GERAL

Implantação dos açudes de Cacimba Nova (4.587.000 m3), no

município de São João do Rio do Peixe; Serra Grande (9.762.000 m3), na junção dos municípios de Aguiar, São José de Piranhas e

São José de Caianas; Espinho Branco (31.498.645 m3), na fronteira

dos municípios de Patos e São José do Bonfim. Com média capacidade de armazenamento, os açudes objetivam uma maior regularização intra-anual, contribuindo para o suprimento hídrico dos municípios onde estão localizados.

Municípios envolvidos na implementação

(8)

Análise de Sensibilidade

A medida original que simulou simultaneamente 16 açudes de porte médio, gerou benefícios negativos. Ou seja, enquanto alguns usuários em algumas localidades abatiam seus déficits hídricos, outros enfrentavam maiores déficits, fazendo com que a medida aumentasse a perda econômica total da bacia. A geração de benefícios econômicos negativos ocorre antes mesmo da contabilização do custo da medida, uma vez sequer faz sentido contabilizar custos para intervenções que se traduzem em perdas financeiras.

Já com o refino da medida - mediante simulação apenas dos três melhores reservatórios, Cacimba Nova, Serra Grande, Espinho Branco - houve geração positiva de benefícios, provando que o aporte de infraestrutura hídrica em locais estratégicos pode resultar em ganhos hidrológicos e econômicos. No cenário climático Árido, os novos açudes rendem um total de R$ 13,62 milhões (em valores presentes), enquanto que no cenário Moderado, R$ 4,26 milhões.

Embora os três novos açudes tenham aportado benefício à geografia hídrica da bacia, o custo de implantação destas infraestruturas é muito elevado. O custo total dos três açudes é de R$ 72,77 milhões (R$ 7,25 milhões para Cacimba Nova, R$ 15,42 milhões para Serra Grande e R$ 49,77 milhões para Espinho Branco), que em VPL representa um investimento de R$ 54 milhões. Os custos da medida, assim, não são plenamente cobertos pelos benefícios, resultando em um RCB superior a um, ou seja, não é custo-benéfica.

De fato, no cenário Árido, no qual foram gerados mais benefícios, a RCB de 3,98 mostra que os custos são praticamente 4 vezes superiores a tais benefícios. Já no cenário climático com pior retorno financeiro, tem-se uma RCB de 12,66.

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 C/ B Taxa de desconto Açudes Custo + 15% Custo - 15% Ta xa d e d esc o n to a d o ta d a

(9)

Caso o horizonte temporal de análise caísse de 50 para 20 anos, a medida continuaria a não ser recomendada e seus indicadores de custo-benefício seriam levemente piorados (4,86 para o Árido e 11,63 para o Moderado). Isso demonstra que a geração de benefícios é mais difusa no tempo quando em comparação ao custo certeiro do investimento em CAPEX necessário para a implantação das infraestruturas hídricas.

Outro indicador que corrobora a inviabilidade financeira de se implantar os três açudes é a insensibilidade à taxa de desconto adotada. Mesmo variando-se hipoteticamente a taxa de desconto para 0%, o cenário Árido ainda traria uma RCB de 2,58. No caso de uma possível superestimação dos custos em 20%, novamente a RCB deste cenário climático permaneceria em impraticáveis 2,19 (com taxa de desconto de 0%) ou em 3,39 (com a taxa de desconto adotada pelo estudo, de 5,64%). Essas características conferem à nova medida de Açudes a classificação de não recomendada.

Observa-se, no entanto, que a seleção dos reservatórios escolhidos para refinamento ainda pode ser repensada, uma vez que os resultados discutidos anteriormente dizem respeito aos valores agregados totais. Não obstante, quando observados mais de perto, o desempenho de cada um dos três açudes na região em que foram implementados pode diferir, como mostra a Erro! Fonte de r eferência não encontrada., que traz o recorte de um ano do déficit hídrico percentual. Esse recorte foi destacado pois mostra com nitidez a diferença de performance entre os reservatórios, que se repetiu, de maneira mais ou menos intensa, por todo o período.

Figura 1-1 - Desempenho individual dos açudes no território no ano de 2063.

Cacimba Nova

(10)

A figura acima mostra um potencial a ser estudado na região do açude de Espinho Branco, enquanto aponta para a necessidade em se repensar o açude de Serra Grande. Dessa forma, a grande conclusão é de que novas estruturas de reservação que venham a ser propostas para a bacia do PPA devem ser estrategicamente planejadas, incluindo, invariavelmente, a avaliação de disponibilidade hídrica e real capacidade de reservação.

Sobre em não se considerar a mudança do clima

Interessante notar que sob a hipótese de não haver mudanças do clima (ou seja, na replicação do padrão climático dos últimos 50 anos para os próximos 50), a RCB da medida seria de 1,6 (mais próxima de ser custo-benéfica). Ainda mais notável, essa RCB se torna positiva (menor do que 1) quando se considera uma taxa de desconto igual ou menor do que 3% ao ano.

Ou seja, um planejador público que negligencia as mudanças do clima pode vir a tomar a decisão de implantar as infraestruturas hídricas, impondo à sociedade prejuízos econômicos da ordem de R$ 40 a R$ 49 milhões (em VPL). Estes recursos poderiam ser revertidos para financiar medidas adaptativas que trazem benefícios líquidos e certos, como as demonstradas medidas no-regret.

(11)

RISCO FÍSICO

Gráfico 1 - Variação percentual decenal do déficit hídrico acumulado

causado pela medida em cada cenário

Gráfico 2 - Distribuição da variação

absoluta e relativa dos déficits hídricos

por setor usuário

-0,31% ​ ​ ​ -1,07% -0,25% ​ ​ -0,49% ​ ​ ​ -0,87% ​ -0,41% -0,47% ​ -0,97% ​ -0,56%

1

2

3

4

5

DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC) Moderado

Extremos Árido

0 2000

4000 medida (m³/s em 50 anos)Déficit antes e depois da

-1,7m³/s 0m³/s -3,9m³/s -0,2m³/s -1,3m³/s -1,1m³/s 0m³/s -2,6m³/s ​ ​ -0,4m³/s ​ -0,1m³/s ​ ​ -0,3m³/s -6,2m³/s ​ -4,2m³/s ​ -5,1m³/s Abast. Urbano Abast. Rural Transpo-sições Dessed.

Animal Irrigação Industrial Aquicultura

∆ DÉFICIT ABSOLUTO (m³/s)

-3,6% -0,2% -3,6% ​ ​ -1,1% 0,0%

-0,9% -0,8% -2,9% -0,4% -0,2% ​ -1,0%

(12)

Gráfico 3 – Características distributivas da variação absoluta do déficit hídrico por setor e UPH em cada

cenário climático

(13)

RISCO CLIMÁTICO TOTAL

Gráfico 4 – Variação percentual e benefício absoluto total de 50

anos por cenário climático

Gráfico 5 – Benefício absoluto e relativo por

setor usuário

R$ 199 mi

R$ 15 mi

R$ 22 mi

R$ 33 mi

+ 1.13 %

+ 0.1 %

+ 0.1 %

+ 0.1 %

Sem Mudança

do Clima (SMC)

Moderado

Extremos

Árido

0% 1% 2% 3% 4% 1 2 3 4 5 DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC) Moderado Extremos Árido

0% 1% 2% 3% 4% 1 2 3 4 5 DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC) Moderado Extremos Árido

0% 1% 2% 3% 4% 1 2 3 4 5 DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC)

Moderado

Extremos

Árido

0%

1%

2%

3%

4%

1

2

3

4

5

DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC)

Moderado

Extremos

Árido

R$ 19.1 mi R$ 0.1 mi R$ 28 mi ​ R$ 1.4 mi R$ 13 mi R$ 0 mi R$ 28.5 mi ​ ​ R$ -60.8 mi R$ 0.2 mi R$ 1.8 mi R$ 16.5 mi ​ R$ 2 mi R$ 44.2 mi R$ -44.3 mi ​ ​ ​ Abast. Urbano Abast. Rural Transpo-sições Dessed.

Animal Irrigação Industrial Aquicultura

BENEFÍCIO ABSOLUTO (R$ mi) 4.12% 0.24% 3.64% -1.05% 0.09% 0.13% 0.00% ​ ​ ​ ​ 0.01% 0.01% 1.14% 0.97% 0.85% 2.88% -0.51% ​ ​ ​ BENEFÍCIO RELATIVO (%)

(14)

Gráfico 6 – Características distributivas do benefício por setor e UPH em cada cenário climático

(15)

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DOS CUSTOS E BENEFCÍCIOS

-15 -10 -5 0 5 10 15 2016 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 2055 2060 2065 R$ Milh õ es

Moderado Extremos Árido

BENEFÍCIO MÉDIO DE 5 ANOS

-40 -20 0 20 40 60 80 100 R$ Milões BENEFÍCIO ACUMULADO R$10.000.000 R$20.000.000 R$30.000.000 R$40.000.000 R$50.000.000 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 20 26 20 27 20 28 20 29 20 30 20 31 20 32 20 33 20 34 20 35 20 36 20 37 20 38 20 39 20 40 20 41 20 42 20 43 20 44 20 45 20 46 20 47 20 48 20 49 20 50 20 51 20 52 20 53 20 54 20 55 20 56 20 57 20 58 20 59 20 60 20 61 20 62 20 63 20 64 20 65 CAPEX OPEX CUSTOS

(16)

2 Perdas-Trânsito

As premissas originais (Relatório 1-D), quando da simulação da canalização dos leitos de rios, consideraram que todas as vazões transferidas entre os reservatórios situados nos percursos canalizados sofreriam perdas em trânsito de apenas 15%. Dado que em alguns momentos as vazões atingem valores elevados, em função das chuvas intensas características da região, assumir que tal índice de perdas possa ser alcançado para todo o curso do rio e em todos os momentos não corresponde às ações assumidas na prática. Por outro lado, a própria obra envolvida na consolidação desta medida tem caráter indeterminado, sendo seus custos de difícil estimação e seus efeitos pouco mensuráveis.

Apesar disso, os resultados mostram o custo hídrico e econômico das perdas que ocorrem em trânsito, indicando que a transferência de água entre reservatórios, por meio da perenização artificial dos leitos de rios, penaliza de maneira significativa a disponibilidade, já escassa, de água na bacia. Assim, ações que reduzam tais perdas devem ser priorizadas. Em função disso, faz-se pertinente o refinamento de tal alternativa, de forma a obter resultados mais palpáveis no âmbito do planejamento hídrico regional.

2.1 Proposta do refinamento

A implantação de adutoras, conectando cidades a reservatórios, é uma realidade na bacia que tende a aumentar. Com isso em vista, o refinamento propõe se reduza as perdas em trânsito via adutoras, estas com capacidade para transportar apenas as vazões necessárias para atendimento dos usos prioritários. Essa premissa decorre de que o abastecimento de tais usos deve ser garantido e, da mesma forma, o custo da infraestrutura é proporcional ao volume transportado. Por outro lado, em momentos de chuvas intensas, não é necessário evitar perdas em trânsito, dado que os volumes de água muitas vezes superam a capacidade de armazenamento dos reservatórios.

Esse refinamento ajusta, assim, o direcionamento de esforços técnicos e financeiros em relação às necessidades primeiras de abastecimento. Tendo como premissa que a transferência de água entre reservatórios, e desses para as cidades, se dará via adutoras, sabe-se que a água antes perdida por infiltração, e que podia chegar a 70% daquela liberada no leito do rio, poderá atender outros usos no próprio reservatório de origem, representando grande potencial sinérgico para a região.

(17)

Novas premissas adotadas

No Relatório 1-D foram simuladas três possíveis configurações de trechos a serem canalizados: somente os rios principais; rios principais e afluentes com maiores perdas; e rios principais e todos seus afluentes. Os resultados mostraram que os ganhos incrementais entre tais alternativas não são significativos. Ou seja, a principal parcela da perda, aquela que mais penaliza o abastecimento, ocorre entre os rios principais.

Assim, os trechos a receberem adutoras serão aqueles entre os reservatórios São Gonçalo, Coremas Mãe-d’água e Armando Ribeiro Gonçalves, que correspondem às estruturas localizadas nos cursos do Rio Piranhas e Piancó, os principais da bacia e que constituem o eixo perenizado. Por outro lado, no contexto de um potencial projeto, reduzir as perdas em trânsito significa construir adutoras entre os municípios e esses reservatórios, ou leitos de rios, que os abastecem.

Dessa forma, as novas premissas consideram que haverá adutoras no eixo principal dos rios da Bacia para atendimento do abastecimento urbano. Trata-se de demandas com pontos de captação específicos e pontuais, que podem beneficiar os demais usos a partir da sua garantia de atendimento com menores perdas.

Racional de benefícios e custos

Para a definição do porte das adutoras necessárias para atender o setor de abastecimento, foi realizada a somatória das demandas máximas em cada trecho principal. A extensão total é de 263 km, se iniciando no próprio rio Piranhas-Açu, a jusante do reservatório Engenheiro Ávidos, e seguindo até o final de seu curso na confluência com o Oceano Atlântico, percorrendo 252 km. Até a confluência com o Armando Ribeiro, tem-se vazão de 1 m3/s, subindo para 2 m3/s no trecho do litoral. O trecho complementar ao rio Piranhas-Açu é composto pelos últimos 11 km do rio Piancó, principal afluente do Piranhas em sua margem direita, com vazão de 1 m3/s. Este último trecho corresponde aquele à jusante do reservatório de Coremas – Mãe-D'água.

Das 44 sedes urbanas que dependem do eixo perenizado (na bacia e fora dela), apenas duas não contam com sistemas adutores ou não estão diretamente localizadas na calha do rio (ou muito próximas dela). São elas as cidades de Serra Negra do Norte/RN e Vista Serrana/PB. Para estas, considerou-se a construção de adutoras de, respectivamente, 19,0 e 13,5 quilômetros, distâncias estas que correspondem à linha reta de menor distância entre a calha do rio Piranhas e a sede municipal. As vazões máximas demandadas por estes municípios, que determinam o porte das adutoras, são de 0,03 e 0,02 m3/s, respectivamente.

(18)

O restante das sedes urbanas contempladas apresenta as seguintes adutoras ou captações, não requerendo, portanto, investimentos adicionais por parte da presente medida:

 Calha do rio Piancó: Pombal/PB

 Calha do rio Açu: Açu/RN; Alto do Rodrigues/RN e Carnaubais/RN

 Calha do rio Piranhas: São Domingos/PB; São Bento/PB; Jucurutu/RN; Paulista/PB

 SIN Guamaré-Macau: Macau/RN; Pendências/RN

 SIN Jerônimo Rosado: Mossoró/RN; Serra do Mel/RN

 SIN Médio Oeste: Patu/RN; Augusto Severo/RN; Almino Afonso/RN; Janduís/RN; Messias Targino/RN; Paraú/RN; Triunfo Potiguar/RN

 SIN Piranhas-Caicó: Caicó/RN; Jardim de Piranhas/RN; São Fernando/RN; Timbaúba dos Batistas/RN

 SIN São Bento: Brejo do Cruz/PB; Belém do Brejo do Cruz/PB

 SIN São Gonçalo: Sousa/PB; Marizópolis/PB

 SIN Serra de Santana: Lagoa Nova/RN; São Rafael/RN; Florânia/RN; São Vicente/RN; Bodó/RN; Tenente Laurentino Cruz/RN

 SIN Sertão Central Cabugi: Angicos/RN; Lajes/RN; Riachuelo/RN; Itajá/RN; Pedro Avelino/RN; Caiçara do Rio do Vento/RN; Fernando Pedroza/RN; Pedra Preta/RN; Jardim de Angicos/RN

A base de cálculo para o custo das adutoras é a Nota Técnica (NT) da Agência Nacional de Águas para proposição de sistema adutor a jusante dos reservatórios Coremas e Mãe D’Água, no Estado da Paraíba (ANA, 2016d). Tal documento sugere, inicialmente, três alternativas de sistemas adutores (com diferentes materiais, extensões e necessidades de estações elevatórias), contemplando adutoras de diferentes capacidades e materiais. Procura-se, portanto, a equivalência entre a vazão a ser atendida pelos diferentes trechos contemplados na presente medida e os custos (em R$/m) das possibilidades de adutoras cotadas na NT.

(19)

Adicionalmente, contemplam-se custos diversos de implantação (Projetos Básicos, Estruturas Elevatórias, Ramais e Adaptações) da ordem de 10% do investimento realizado em adutoras. Ainda, devido à incerteza acerca das características da obra, são adotadas estimativas de custos de Operação e Manutenção iguais às de adutoras (vide medida ETE-Irrig) de 1,5% a.a. do CAPEX inicial.

Dessa forma, o custo total de implantação e manutenção do sistema de adutoras proposto é de R$ 1,79 bilhão ao longo dos 50 anos simulados, sendo um investimento inicial de R$ 1,07 bilhão (distribuídos linearmente ao longo dos cinco primeiros anos de simulação) e custos de operação e manutenção da ordem de R$ 16 milhões por ano.

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2.2 Resultados e discussões

Início da Operação 2025

RESUMO DOS RESULTADOS

CUSTO TOTAL (VPL)

(R$ Milhões) R$ 1.109,90

Máximo Mínimo

Benefício por setor (VPL) (R$ Milhões) Te-A Te-M BENEFÍCIO TOTAL (VPL) (R$ Milhões) R$ 1.108.90 R$ 1.065.34 RELAÇÃO CUSTO/BENEFÍCIO 1,00 1,04 Abatecimento Urbano Abastecimento Rural Transposições Dessedentação Animal Irrigação Industrial Aquicultura -R$ 0.01 R$ 0.00 R$ 0.00 R$ 0.22 R$ 322.11 R$ 195.78 R$ 494.66 R$ 525.65 R$ 7.70 R$ 23.27 R$ 216.32 R$ 296.09 R$ 17.97 R$ 4.06 OBJETIVO

Evitar as perdas de água por infiltração, evaporação e desvio não autorizado ao longo dos trechos de rios entre reservatórios.

DESCRIÇÃO GERAL

Uma vez que os corpos d'água na região semiárida não são naturalmente perenes, suas características hidrogeológicas não favorecem a manutenção de um fluxo contínuo, implicando em perdas de até 80%. Além disso, ao longo de seus cursos, o uso não autorizado da água que escoa livremente também compromete o abastecimento de populações à jusante. Por meio de adutoras que interligam as cidades no eixo perenizado, focadas no abastecimento urbano, é possível reduzir tais perdas e garantir maior disponibilidade e distribuição de água na bacia.

Municípios envolvidos na implementação

(21)

Análise de Sensibilidade

A medida de implantação de adutoras ao longo do eixo perenizado, para garantir o abastecimento humano, reduz de forma expressiva os déficits projetados. O benefício econômico associado à redução das perdas em trânsito, que acaba por liberar mais água para atendimento de outras demandas (tais como irrigação e usos industriais), é bastante significativa para os cenários de mudanças climáticas (R$ 1,11 bi no “Árido”, R$ 1,08 bi no “Extremos” e R$ 1,07 bi no “Moderado”, todos em valor presente líquido).

Os custos, estimados de forma bastante conservadora dada a escassez de referências e obras similares, são também relevantes (R$ 1,11 bi), resultando em uma RCB neutra. De fato, no cenário “Áridos”, a RCB é exatamente 1,0, demonstrando igualdade entre os custos esperados e os benefícios gerados. Já nos cenários “Extremos” e “Moderado”, os custos são ligeiramente superiores aos benefícios (RCB de 1,03 e 1,04, respectivamente). A medida pode, portanto, ser classificada como de Baixo Arrependimento (low-regret).

Devido aos altos custos, bastante concentrados no início do período, a medida apresenta alta sensibilidade à taxa de desconto adotada. Caso considere-se uma redução de 5,64% (taxa adotada) para 5,0%, a medida passa a ter uma RCB positiva para todos os cenários climáticos (0,91, 0,94 e 0,96, respectivamente nos cenários “Árido”, “Extremos” e “Moderado”). O contrário também é verdadeiro, pois com um incremento relativamente pequeno na taxa de desconto para 7%, as RCB passam a ser da ordem de 1,22, ou seja, com larga superação dos custos por sobre os benefícios. Isso denota a geração de benefícios no longo prazo.

Para um horizonte de análise de 20 anos, as possibilidades de implementação ficam mais distantes, uma vez que nem em se considerando custos 15% menores, haveria benefícios líquidos positivos dado o massivo investimento de R$ 1,07 bilhão.

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 C/ B Taxa de desconto Perdas-Trânsito Custo + 15% Custo - 15% Ta xa d e d esc o n to a d o ta d a

(22)

Conclui-se que a medida gera benefícios consistentes para a bacia do PPA, contemplando uma vasta gama de usuários e garantindo a segurança hídrica para o abastecimento humano, além de liberar água para os demais usuários. Não obstante, torna-se chave estimar de forma mais precisa as intervenções civis para obter um custo mais preciso e, aí sim, reavaliar a viabilidade da obra. Dado o seu caráter inovador e geração de benefícios, novos estudos quanto aos custos de implantação são recomendados.

(23)

RISCO FÍSICO

Gráfico 1 - Variação percentual decenal do déficit hídrico acumulado

causado pela medida em cada cenário

Gráfico 2 - Distribuição da variação

absoluta e relativa dos déficits hídricos

por setor usuário

-26%

-20%

-25%

-19%

-20%

-15%

-28%

-14%

1

2

3

4

5

DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC) Moderado

Extremos Árido

0 2000

4000 medida (m³/s em 50 anos)Déficit antes e depois da

​ -0.1m³/s -107.7m³/s -21.2m³/s -201.9m³/s ​ -8.6m³/s 0m³/s ​ ​ ​ ​ -8m³/s ​ 0m³/s 0m³/s -207.4m³/s -32.3m³/s -198.6m³/s -6.5m³/s -24.7m³/s Abast. Urbano Abast. Rural Transpo-sições Dessed.

Animal Irrigação Industrial Aquicultura

∆ DÉFICIT ABSOLUTO (m³/s) 0.0% -1.5% -99.9% -55.9% -18.3% -7.6% -2.2% 0.0% 0.0% -96.4% -32.9% -9.5% -3.3% -5.0% ∆ DÉFICIT RELATIVO (%)

(24)

Gráfico 3 – Características distributivas da variação absoluta do déficit hídrico por setor e UPH em cada

cenário climático

(25)

RISCO CLIMÁTICO TOTAL

Gráfico 4 – Variação percentual e benefício absoluto total de 50

anos por cenário climático

Gráfico 5 – Benefício absoluto e relativo por

setor usuário

R$ 4080 mi

R$ 3735 mi

R$ 4486 mi

R$ 4485 mi

+ 23.26 %

+ 20 %

+ 16.3 %

+ 13.1 %

Sem Mudança

do Clima (SMC)

Moderado

Extremos

Árido

0% 1% 2% 3% 4% 1 2 3 4 5 DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC) Moderado Extremos Árido

0% 1% 2% 3% 4% 1 2 3 4 5 DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC) Moderado Extremos Árido

0% 1% 2% 3% 4% 1 2 3 4 5 DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC)

Moderado

Extremos

Árido

0%

1%

2%

3%

4%

1

2

3

4

5

DECÊNIOS

Sem Mudança do Clima (SMC)

Moderado

Extremos

Árido

R$ 0.8 mi R$ 769.4 mi R$ 2012.5 mi R$ 62.2 mi R$ 874.8 mi R$ 14.9 mi ​ ​ R$ 2162.1 mi ​ R$ 1111.7 mi ​ R$ -0.1 mi R$ 1481.6 mi ​ R$ 26.9 mi ​ R$ 34.5 mi Abast. Urbano Abast. Rural Transpo-sições Dessed.

Animal Irrigação Industrial Aquicultura BENEFÍCIO ABSOLUTO (R$ mi) 0.0% 1.5% 99.9% 45.7% 4.3% 8.5% 1.2% ​ ​ ​ ​ ​ ​ 0.0% 96.5% 23.4% 1.5% 5.0% 2.2% BENEFÍCIO RELATIVO (%)

(26)

Gráfico 6 – Características distributivas do benefício por setor e UPH em cada cenário climático

(27)

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DOS CUSTOS E BENEFCÍCIOS

0 20 40 60 80 100 120 140 160 2016 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 2055 2060 2065 R$ Milh õ es

Moderado Extremos Árido

BENEFÍCIO MÉDIO DE 5 ANOS

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 R$ Milões BENEFÍCIO ACUMULADO R$10.000.000 R$20.000.000 R$30.000.000 R$40.000.000 R$50.000.000 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 20 26 20 27 20 28 20 29 20 30 20 31 20 32 20 33 20 34 20 35 20 36 20 37 20 38 20 39 20 40 20 41 20 42 20 43 20 44 20 45 20 46 20 47 20 48 20 49 20 50 20 51 20 52 20 53 20 54 20 55 20 56 20 57 20 58 20 59 20 60 20 61 20 62 20 63 20 64 20 65 CAPEX OPEX CUSTOS

(28)

3 Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF)

O Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) é uma obra de grandes pretensões frente à questão hídrica do Nordeste. Projetado em dois eixos, Norte e Sul, o conjunto de reservatórios, canais, adutoras e estações elevatórias irá requerer significativo esforço de governança e integração operacional. Concebido para direcionar, em caráter contínuo, uma vazão de 26,4 m³/s para o agreste e sertão dos estados do nordeste setentrional, poderá fornecer até 127 m³/s nos momentos em que o reservatório de Sobradinho verter.

Dos 26,4 m³/s transpostos para o semiárido, 2,7 m³/s caracterizam a vazão firme a ser recebida pela bacia do Piancó-Piranhas-Açu, beneficiada a partir do eixo Norte. Destes, é suposto que 1 m³/s seja destinado a Paraíba, enquanto 1,7 m³/s devem ser garantidos de adentrar a divisa com o Rio Grande do Sul. Tal vazão firme e proporção de alocação foram consideradas como premissas para as simulações hidrológicas e valorações econômicas, estabelecidas como constantes na simulação.

Refletindo sobre as simulações anteriores

A medida que simulou diversos cenários de vazão advindos do PISF (medida C. PISF-Cenários) teve como premissa apenas o aumento gradual, em diferentes porcentagens possíveis, da vazão firme oferecida em caráter constante a partir da transposição do rio São Francisco, como apresentado na Tabela 3.1. Nesse sentido, além da vazão firme usada como base, cada novo aporte potencial considerou o fornecimento ininterrupto da água ao longo dos 50 anos modelados. Tal abordagem revelou a interessante relação entre demandas hídricas, disponibilidade de água, seu potencial desperdício e a geração de valor econômico quando de uma operação não otimizada.

Tabela 3.1: Alternativas testadas na medida C. [PISF-Cenários] Alternativas de Implementação

(dada a vazão mínima garantida pelo PISF de 2,7 m³/s, fornecida em caráter contínuo e repartida entre os estados da Paraíba e

do Rio Grande do Norte, cada cenário representou uma porcentagem de aumento

sobre esta vazão)

C.1 – Vazão bombeada 25% maior que a vazão firme C.2 – Vazão bombeada 50% maior que a vazão firme C.3 – Vazão bombeada 75% maior que a vazão firme C.4 – Vazão bombeada 100% maior que a vazão firme C.5 – Vazão bombeada 150% maior que a vazão firme C.6 – Vazão bombeada 200% maior que a vazão firme C.7 – Vazão bombeada 250% maior que a vazão firme C.8 – Vazão bombeada 500% maior que a vazão firme

Na realidade, entretanto, a água a ser bombeada pelo PISF deve em grande parte corresponder às necessidades, a cada instante, identificadas na bacia. A operação da transposição em caráter

(29)

contínuo, além da vazão firme já pré-estabelecida e respeitando a repartição entre os estados receptores, acarreta em desperdícios de água e de recursos financeiros, não sendo uma possibilidade sustentável ou desejável.

Outra questão identificada diz respeito às premissas acerca das perdas que ocorrem em trânsito. Em alguns trechos o nível de perdas esperado ultrapassa 70% da água que percorre o leito do rio. Considerando o percurso hídrico entre o reservatório Engenheiro Ávidos, entrada do PISF, e o Armando Ribeiro Gonçalves, fonte de água de grande parte dos municípios do Rio Grande do Sul, foi constatado que apenas 6% dos lançamentos que afluem no primeiro, atingem as reservas do segundo. Dessa forma, significativa parcela de água está sendo perdida por infiltração e evaporação, implicando em muito desperdício e resultando em uma alternativa pouco factível do ponto de vista da bacia doadora.

Em resumo, tal medida simula um aporte constante de água e também desconsidera as perdas em trânsito. Por outro lado, a medida que considerou o atendimento pelo PISF apenas dos usos prioritários (medida PISF-Prioritários), acertou em estabelecer o bombeamento como condicionado a necessidade, assumindo inclusive a entrada de água apenas na Paraíba e contabilizando, portanto, a perdas de trajeto. Apesar disso, não foi estabelecido um limite de vazão afluente, o que implicou na alocação hídrica a partir de uma fonte inesgotável de água, também pouco factível. As conclusões obtidas em base comparativa a partir desses dois conjuntos de simulações, no entanto, não podem ser desconsideradas na análise da ACB e são aqui devidamente reconfiguradas.

3.1 Proposta do refinamento

O refinamento conduzido pretendeu, além de obter valores finais mais aplicáveis, formar um arranjo

de situações que viabilizasse a análise aprofundada de aspectos operacionais do PISF, bem

como de seus virtuais benefícios. Se para as primeiras simulações convencionou-se adotar diversos cenários sob as mesmas premissas, nesta nova etapa buscou-se um número menor de cenários que, em contrapartida, representassem maiores possibilidades.

Todas as novas medidas consideram como pressuposto-chave a operação do PISF exclusivamente em caráter de necessidade, com exceção da vazão firme de 2,7 m³/s, assumida constante em todas as fases do projeto. Ou seja, não se adota vazões contínuas. Pressupõe-se, assim, que haverá ganhos de sinergia entre os reservatórios. Essa operação otimizada permitirá que as infraestruturas hídricas, agindo em conjunto, viabilizem uma alocação inteligente da água da transposição, permitindo seu acionamento pontual.

(30)

Nesse sentido, a parte mais relevante dos resultados será sua análise crítica. Dado que uma

das prerrogativas da transposição das águas do São Francisco é a versatilidade de seu funcionamento, o que muitas vezes implica em indefinições acerca de sua operação, o entendimento de tais particularidades tem grande potencial de contribuição.

Novas premissas adotadas

De acordo com o exposto, foram definidos 3 cenários de vazão, arranjados em 4 configurações possíveis. O primeiro advém de que a bacia de interesse pode receber um montante de até 16,3 m³/s, dadas as capacidades de transferência da infraestrutura construída e dos padrões de repartimento de água estabelecidos entre as regiões contempladas (eixo Norte e Sul). Já mediante a ocorrência de situações críticas, as vazões liberadas de forma emergencial podem equivaler a 54,53 m³/s, em função do reservatório que recebe a água de entrada da transposição, sendo este o segundo cenário possível.

O terceiro cenário de vazão simulado é de um aporte de 7,0 m³/s, e é assim definido como sendo aproximadamente metade da vazão máxima que se pode receber em caráter operacional usual, ou seja, uma vazão mais provável de ser mantida tanto pelas condições da bacia doadora como em função possíveis modificações no arranjo institucional.

As três vazões adotadas, dessa forma, representam limites para aporte de água transposta. Outra variável dos cenários adotados é os setores usuários contemplados por esse novo aporte hídrico, podendo ou ser direcionadas apenas para atendimento dos usos prioritários ou para todos os usos. Identificou-se ainda a relevância em simular uma alternativa que desconsiderasse as perdas de trajeto, de forma a identificar os impactos de tal condição, atualmente imperativa.

É importante reforçar que a vazão firme de 2,7 m³/s, bem como sua repartição entre os estados, foi mantida constante em todos os cenários, obtendo-se, dessa forma, a perfeita comparabilidade entre os resultados aqui revelados com os demais gerados e já apresentados no restante do estudo2. A

Tabela 3.2 traz o detalhamento de cada cenário simulado, onde se nota o estabelecimento de três

faixas de bombeamento máximo do PISF como mencionado, vazões estas que adentram a bacia do PPA pelo açude de Engenheiro Ávidos.

2 Esta é a razão pela qual o volume máximo de bombeamento resulta em 51,70 m3/s: trata-se do máximo que o projeto comporta (54,53

(31)

Tabela 3.2 – Cenários de vazão adotados para o refinamento do PISF. Vazão Máxima de entrada 54,5 m³/s 16,3 m³/s 7 m³/s Atendimento das demandas Usos prioritários Todos os usos Usos prioritários Todos os usos Usos prioritários Todos os usos As p e c to s f ís ic o s Com perdas de trajeto       Sem perdas de trajeto   - - - -

Racional de benefícios e custos

O refino das medidas sobre o PISF não altera as premissas de aferição de benefícios e de estimativa dos custos anteriormente utilizados. O objetivo continua sendo o de avaliar quanto a bacia do PPA demandaria do PISF em situações emergenciais, dentro dos três limites de retirada máxima estabelecidos (7; 16,3 e 54,5 m3/s). Importante ressaltar que:

 As simulações, claramente, consideram a possibilidade plena de atendimento das demandas por parte da transposição, ou seja, desconsiderando questões de

disponibilidade na própria bacia do rio São Francisco;

 O lançamento de água do PISF consegue abater as demandas (zerando os déficits) dentro de seu eixo de influência, qual seja, aquelas cidades ligadas aos reservatórios Engenheiro Ávidos, São Gonçalo, Armando Ribeiro Gonçalves e Bacias Difusas do Litoral (jusante de Armando Ribeiro);

 Tal como para as Medidas C e D (PISF-Cenários e PISF prioritários), este refino de medidas do PISF considera o custo do m3 aduzido pelo PISF excluindo os custos de construção e operação da obra de transposição em si, pois estes são, sob a ótica da bacia do PPA, exógenos. São considerados tão somente os custos de adução de água, em maior ou menor vazão, a partir do PISF e seus sistemas de adução e entrada até o açude Engenheiro Ávidos.

Adota-se como custo variável (OPEX) as tarifas de referência3 constantes da Nota Técnica Conjunta nº 2/2016/COSER/SRE/SAS da Agência Nacional de Águas (ANA, 2016c), que somam R$ 0,774 por m3. Essa “tarifa de referência” é aplicada anualmente para todos os cenários de vazão

(32)

estimados. Incluem-se na tarifa de referência os componentes referentes à disponibilidade de água (aqueles custos que ocorrem mesmo sem bombeamento de água, tais como os custos administrativos e de manutenção da estrutura do PISF) e referentes ao consumo de água do Projeto (aqueles que ocorrem quando há bombeamento de água, tais como consumo de energia elétrica e encargos tributários respectivos), ambos em R$/m³.

3.2 Resultados e discussões

Os resultados permitem tecer algumas conclusões sobre as diferentes premissas de utilização das águas do rio São Francisco. A primeira delas é em relação à geração de benefícios hídricos na bacia do PPA, sintetizados na tabela abaixo pela agregação dos déficits que abatem ao longo dos 50 anos simulados.

Tabela 3.3 – Benefícios hídricos: abatimento de déficits em 50 anos (% de redução no cenário de maior benefício).

Vazão Máxima de entrada 54,5 m³/s 16,3 m³/s 7 m³/s Atendimento das demandas Usos prioritários Todos os usos Usos prioritários Todos os usos Usos prioritários Todos os usos As p e c to s f ís ic o s Com perdas de trajeto -7,5% -53,4% -3,4% -10,3% -0,4% -6,0% Sem perdas de trajeto -7,5% -59,6% - - - -

Uma primeira observação indica, com clareza, que o uso das águas da transposição para o atendimento exclusivo dos usuários prioritários é menos eficiente do que se direcionada para todos os usuários. A segunda observação, também nítida e menos surpreendente, é de que quanto mais água se disponibiliza, maiores são as reduções de déficit hídrico. A tabela mostra os resultados sintetizados e não desmembrados pelos diferentes setores usuários. Nota-se, ainda, que por maior que seja o volume de água disponibilizado pelo PISF, os déficits da bacia do PPA como um todo se reduzem até o limite da representação dessa redução nos locais afetados pela medida, quais sejam, ao longo do eixo perenizado.

A redução de déficits apresentada condiz de forma quase linear com a quantidade de água que se disponibiliza para a bacia do PPA. A figura abaixo traz as curvas de permanência das vazões nos diversos formatos testados, onde a legenda UP condiz aos usos prioritários; TU a todos os usos.

(33)

Figura 3-1 – Curvas de permanência da vazão requerida do PISF (m3/s) pelo Grupo 1, no

cenário Árido.

Ao se observar a diferença das curvas de permanência de maior vazão (54,53 m3/s) em seu atendimento exclusivo aos usuários prioritários (UP_54) e sob a consideração de todos os usos (TU_54), nota-se que há significativa diferença de vazão. O volume demandado de água quando se considera o atendimento de todos os usos é cerca de 40% maior do que quando se atende apenas usos prioritários.

Quando se compara a curva de permanência das medidas que limitam o acesso às águas da transposição em 16,3 m3/s, nota-se uma linha reta justamente nesse limite. Estas são, inclusive, sobrepostas quando voltadas ao atendimento dos usos prioritários contra todos os usos, demonstrando que há demanda para maiores volumes de água. Confirma-se, pela observação, que a disponibilidade de volumes pequenos do PISF resulta em um alívio parcial às situações de estresse hídrico na bacia do PPA.

O mesmo comportamento pode ser observado na análise visual das curvas de permanência das medidas que limitam o aporte hídrico à 7 m3/s. Nesse caso, há nova sobreposição das curvas de permanência entre as simulações que atendem a todos os usos contra aquelas que limitam esse

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 0 10 20 30 40 50 Per m an ên ci a da v az ão Vazão requerida (m³/s)

UP_54 UP_16 UP_7 TU_54 TU_16 TU_7 UP_54_s/perda TU_54_s/perda

Limite Cenário 54,5m³/s Limite Cenário 16,3m³/s Limite Cenário 7m³/s

(34)

atendimento aos usuários prioritários. Tal sobreposição indica que esse volume de água é suficiente apenas para, no mínimo, somente aos usos prioritários.

A comparação mais interessante advém das curvas de permanência das medidas hipotéticas de disponibilidade das águas do PISF sem a ocorrência de perdas no trajeto. Trata-se de curvas de permanência muito distintas, que tem como demanda máxima apenas 3,37 m3/s e 8,62 m3/s, respectivamente sob a consideração de usos prioritários e todos os usos. Mesmo com a possibilidade de se bombear 54,53 m3/s, não há necessidade desse volume quando se combatem as perdas no trajeto.

Tabela 3.4 – Indicadores de utilização do PISF sob as diferentes premissas adotadas. Vazão máxima (m3/s) Permanência da vazão máxima Vazão média (m3/s) Meses com demanda (dentre 600 simulados) Volume demandado (hm3) Custo (R$ milhões) UP_54 c/perda 28,81 1% 10,95 57% 17.036 439.523 UP_16 c/perda 13,60 50% 7,41 57% 11.527 297.395 UP_7 c/perda 4,30 55% 2,40 57% 3.731 96.273 TU_54 c/perda 51,70 40% 28,64 61% 44.548 1.149.348 TU_16 c/perda 13,60 58% 8,11 61% 12.607 325.249 TU_7 c/perda 4,30 59% 2,59 61% 4.024 103.813 UP_54 s/perda 3,37 1% 0,69 57% 1.073 27.689 TU_54 s/perda 8,62 1% 2,88 61% 4.485 115.702

Os volumes entre as diferentes premissas de simulação se fazem anotar na tabela acima. A diferença entre as premissas de atendimento a todos os usos com e sem perdas (podendo fazer uso da vazão máxima do projeto), é bastante alta, sendo o volume demandado no primeiro caso é quase 10 vezes maior do que no segundo. A diferença é resultado direto da consideração das perdas em trânsito. Para fins de comparação, tem-se que esse volume desperdiçado no trajeto representa 17 reservatórios (cheios) equivalentes ao Armando Ribeiro Gonçalves.

Em relação às razões de custo-benefício, nota-se pela tabela abaixo que nem todas as premissas resultam em valores positivos. A medida que aporta no máximo 7 m3/s exclusivamente para os usos prioritários sequer traz RCB, uma vez que não há geração de benefícios líquidos. As melhores RCB se encontram nas premissas de maior disponibilidade de vazão. O atendimento a todos os usos

(35)

(TU_54), mesmo considerando-se as perdas no trajeto, resulta em uma geração líquida de benefícios da ordem de R$ 1,89 a R$ 2,98 bilhões.

Tabela 3.5 – Resultados da análise custo-benefício sob as diferentes premissas adotadas. Razão Custo-Benefício Benefício Bruto (R$, mil, VPL) Benefício Líquido (R$, mil, VPL)

(mínimo) (máximo) (mínimo) (máximo) (mínimo) (máximo)

UP_54 c/perda 0,06 0,09 684 1.077 646 976 UP_16 c/perda 0,42 2,83 11 132 -43 76 UP_7 c/perda - - -163 -17 -186 -35 TU_54 c/perda 0,07 0,09 2.020 3.260 1.888 2.976 TU_16 c/perda 0,16 0,28 157 454 118 382 TU_7 c/perda 0,18 1,27 10 126 -3 103 UP_54 s/perda 0,00 0,01 684 1.077 681 1.070 TU_54 s/perda 0,00 0,00 3.033 5.630 3.020 5.603

Nota-se que as duas simulações que, de forma hipotética, retiram as perdas em trânsito, resultam nas melhores razões de custo-benefício. Esses resultados, no entanto, não podem ser tomados como representativos, uma vez que os custos para a redução de tais perdas de trajeto não foram contabilizados para a composição de tal relação custo-benefício. No entanto, destaca-se sua capacidade em gerar os maiores benefícios, que podem chegar de R$ 3 a R$ 5,6 bilhões.

3.3 Notas sobre o PISF

No presente estudo, a análise do PISF se deu mediante diversas simulações, acompanhadas de um conjunto de premissas, expostas a seguir:

Considera-se a entrada de vazão firme (fixa, em caráter contínuo), sem custo, de 2,7 m³/s, sob a suposição de que 1 m³/s seja destinado a Paraíba, enquanto 1,7 m³/s são garantidos de adentrar a divisa com o Rio Grande do Sul, desconsiderando-se assim, as perdas de trajeto entre os dois estados. Tal vazão foi adotada como constante tanto para as simulações hidrológicas quanto para as valorações econômicas. Respeita, adicionalmente, o acordo vigente de repartimento de água estabelecidos entre as regiões contempladas;

(36)

Considera-se como medida de adaptação à mudança do clima, diversos cenários de

entradas de vazão variável (em caráter de necessidade, não de forma contínua), com

custos associados, sempre a partir do Eixo Norte do Projeto, cuja água adentra a bacia do PPA pelo reservatório de Engenheiro Ávidos e se integra, a partir daí, à rede da bacia;

 Os custos de adução de água, em maior ou menor vazão, a partir do PISF e seus sistemas de adução e entrada até o açude Engenheiro Ávidos pelo valor de 0,774 R$/m³ aduzido. O valor atende ao aposto na Nota Técnica Conjunta nº 2/2016/COSER/SRE/SAS da Agência Nacional de Águas (ANA, 2016c);

 O custo de 0,774 R$/m³ embute dois componentes: i) referentes à disponibilidade de água (aqueles custos que ocorrem mesmo sem bombeamento de água, tais como os custos administrativos e de manutenção da estrutura do PISF); e ii) referentes ao consumo de água do Projeto (aqueles que ocorrem quando há bombeamento de água, tais como consumo de energia elétrica e encargos tributários respectivos);

 Desconsidera-se os custos de construção e operação da obra de transposição em si, pois estes são, sob a ótica da bacia do PPA, exógenos;

 Dadas as capacidades de transferência da infraestrutura construída, bem como dos padrões de repartimento de água estabelecidos entre as regiões contempladas, a bacia de interesse poderia receber um montante de até 16,3 m³/s;

 Em situações críticas, as vazões recebidas de forma emergencial podem, em função do reservatório que recebe a água de entrada da transposição, equivaler a 54,53 m³/s, assumindo a realocação acordada entre os estados receptores pelo Eixo Norte;

 Considerou-se a plena disponibilidade de atendimento a partir do rio São Francisco, desde que dentro dos limites máximos do Eixo Norte, responsável pela distribuição da água para os estados de interesse.

Nota-se que a entrada das vazões variáveis do PISF na bacia do PPA atende às demandas não supridas pela disponibilidade hídrica local, que a cada momento de simulação (mês) são identificadas na bacia. Isto pressupõe que há ganhos de sinergia entre os reservatórios, ou seja, a operação otimizada permite que as infraestruturas hídricas, agindo em conjunto, viabilizem uma alocação mais inteligente. Este aspecto pôde ser observado nas primeiras simulações realizadas, uma vez que foi identificado um ponto ótimo de vazão bombeada. A água que adentra a bacia não

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apenas supre a demanda de seus usuários, mas também enche os reservatórios quando pertinente, permitindo maior conectividade entre eles.

A contabilidade dos custos da água variável, que é – a cada medida adaptativa – demandada da transposição, é realizada por meio da transformação da vazão requerida mensalmente pelo sistema (m3/s) em volume de água. Este volume, então, é multiplicado pelo custo em reais do m3 unitário e somado, mês-a-mês, dentro dos doze meses-calendário para o cômputo do gasto anual.

Esse gasto difere não apenas entre as medidas adaptativas, pois cada uma delas parte de algum pressuposto distinto, mas também entre os cenários climáticos. Claramente, no cenário de clima “Árido” as demandas de vazões complementares do PISF são maiores e mais frequentes do que no cenário “Moderado”.

Nota-se que os custos totais das vazões variáveis do PISF são relativamente baixos quando comparados aos custos das demais medidas adaptativas de infraestrutura. Isso ocorre por uma combinação de dois fatores, abaixo detalhados.

O primeiro deles advém da distribuição dos custos ao longo dos cinquenta anos simulados.

A título de exemplo, tem-se a medida adaptativa que considera a possibilidade de bombeamento máximo do PISF (54,53 m3/s) para atendimento de todos os usuários (ou seja, sem prioridade) e ainda considerando as perdas no trajeto da água (o que faz com que a demanda do PISF seja maior para compensar as perdas que ocorrem em trânsito). A partir das simulações realizadas a partir de tais premissas, tem-se que a medida demanda – no cenário “Árido” – a vazão máxima durante 41% do tempo (245 meses). Não obstante, a vazão média demandada do PISF é de 28,64 m3/s, já que durante outros 39% do tempo a vazão requerida foi nula (233 meses).

Quanto aos custos dessa medida, novamente pelo cenário “Árido”, tem-se o montante de R$ 1,15 bilhão. Esse valor representa a somatória, mês a mês, das vazões requeridas do PISF ao longo dos cinquenta anos. Uma vez que o cenário “Árido” representa, para a bacia do PPA, um clima que cada vez detém menores produções hídricas próprias, o PISF é mais demandado com o passar dos anos e consequente agravamento das condições climáticas Nos primeiros 20 anos, a vazão média mensal requerida do PISF é de 17,96 m3/s; já nos últimos 20 anos, o valor sobe para 39,52 m3/s.

Uma vez que se distribui o custo total ao longo dos cinquenta anos e compila-se o valor presente líquido desse fluxo financeiro, tem-se que sob este mesmo cenário de clima os gastos com a medida resultam em R$ 283 milhões. Este é o valor que se espera desembolsar, em valores atuais, para a solução do PISF dada a taxa de desconto adotada pelo estudo (5,64%).

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Em comparação com outras medidas de infraestrutura, o custo de bombeamento do PISF acaba sendo relativamente diminuto. A obra de Oiticica e do eixo de integração do Seridó, por exemplo, custam R$ 355 milhões no 1º ano (ou seja, em valor presente líquido, já supera em 25% o custo do PISF exemplificado pela medida apenas descrita). Já as adutoras voltadas ao abastecimento prioritário e que percorrem o trajeto do eixo perenizado para evitar perdas em trânsito, somam R$ 1,07 bilhão de despesas em apenas 5 anos. Ao contabilizar o custo de operação desses sistemas adutores, tem-se um custo total, em VPL, de R$ 1,11 bilhão.

É justamente na contabilidade dos custos de implantação que reside o segundo fator: a premissa

de não ratear os custos de construção do PISF para a bacia do PPA. Uma vez que a obra de

implantação do PISF supera em propósito o território da bacia do PPA, adotou-se a premissa de que estes custos não são arcados pela própria bacia quando da utilização das águas do rio São Francisco. Dessa forma, os custos das medidas de adaptação que consideram o uso das águas do PISF pressupõem a construção da infraestrutura hídrica (nota-se que tanto a disponibilidade da infraestrutura quanto o valor de operação do bombeamento estão devidamente considerados no valor unitário do m3).

Para fins de comparação de ordens de grandeza, realiza-se a seguir um exercício numérico sobre o rateio dos custos de implantação do PISF. Grosso modo, pode-se supor que o PISF terá um custo total de R$ 10 bilhões4. A divisão entre os eixos Norte e Leste do projeto contam com as seguintes

características: vazão máxima de 99 m³/s para o Norte (77,95%) e 28 m³/s para o Leste; vazão firme (regime contínuo) de 16,4 m³/s para o Norte (62,12%) e 10,0 m³/s para o Leste; 260 km de extensão para o Norte (54,51%) e 217 km de extensão para o Leste. Assumindo que os custos são uma função de igual peso entre volume de água (máximo e firme) e extensão, o Eixo Norte representa 64,86% do PISF, o que representa, por sua vez, um investimento de R$ 6,49 bilhões.

Da vazão firme de 16,4 m³/s, projetada para o Eixo Norte, tem-se um mínimo garantido para a bacia do Piancó-Piranhas-Açu de 2,7 m³/s, que representa 10,23% do total do Projeto e 16,46% do Eixo Norte. Considerando-se, de forma simplista, que o Eixo Norte custou R$ 6,49 bilhões, 16,46% desse valor representa R$ 1,07 bilhão para a bacia do PPA. Tem-se, no cálculo aproximado de rateio do valor de implantação do PISF, um montante equivalente à implantação de adutoras no eixo principal da bacia (Medida Adaptativa de Perdas Trânsito).

4 O orçamento no início de 2017 apontava para R$ 9,6 bilhões. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2017/01/projeto-de-integracao-do-rio-sao-francisco-vai-beneficiar-12-milhoes-de-pessoas

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Tomando-se novamente a medida adaptativa que considera todos os usos e a disponibilidade de vazão máxima do PISF, no cenário Árido, tem-se sob as premissas normais uma razão de custo-benefício de 0,09, ou seja, uma medida extremamente custo-benéfica, pois gera custo-benefícios de R$ 3,27 bilhões contra custos de R$ 283 milhões (ambos valores em VPL). Pode-se, para fins de exemplo, realizar esta análise sob a consideração de valor rateado do custo de implantação do PISF: a razão de custo-benefício passaria a ser de 0,38, uma vez que os mesmos benefícios estariam sendo contrastados com um custo de R$ 1,24 bilhão.

Sob uma perspectiva de análise de projetos, os custos já incorridos para a construção do PISF podem ser considerados como irrecuperáveis5, e somente os custos futuros devem ser levados em

consideração por gestores e analistas. Isto é, no caso do PISF, dever-se-ia considerar apenas os custos (e os benefícios) associados ao bombeamento da(s) próxima(s) unidade(s) de água oriundas do Projeto para a bacia do PPA.

Efeito da premissa de entrada firme do PISF na ACB

A premissa de que o PISF fornece água de forma ininterrupta na medida de 1 m³/s na Paraíba e outros 1,7 m³/s na divisa com o Rio Grande do Sul foi utilizada não apenas na estimativa do risco climático (Produto 1-C) que a bacia do PPA está sujeita, mas também na estimativa de todas as demais medidas adaptativas que compuseram o Produto 1-D e demais medidas apresentadas neste apêndice (Açudes de 3ª Ordem na Paraíba e Perdas-Rio), de forma constante e ao longo dos 50 anos de simulação.

Desconsiderou-se, dessa forma, as perdas de trajeto entre a entrada do PISF e a divisa dos estados, sejam elas por evaporação, infiltração, retiradas permitidas e não permitidas – ou a somatória de todos estes. Sabe-se que a premissa descola da realidade atual da bacia, e sua adoção seguiu as justificativas pertinentes à fase de conclusão da obra e da expectativa de cumprimento da vazão firme de 2,7 m3/s nos pontos estabelecidos.

Uma vez que a adoção dessa premissa se manteve constante tanto na estimativa do risco climático como na simulação das medidas adaptativas, não foram geradas distorções quanto à avaliação comparativa das diversas possibilidades levantadas e avaliadas pela metodologia de avaliação de custo-benefício.

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Entretempo, para fins de análise da situação da bacia do PPA para os próximos 50 anos sem a entrada de vazão firme do PISF, cabe excetuar a premissa adotada para compor resultados comparativos sobre a importância da utilização das águas da transposição. A Tabela 3.6 apresenta os déficits acumulados em 50 anos com e sem a premissa de entrada firme da vazão de 2,7 m3/s.

Tabela 3.6 – Déficits totais (m3) em 50 anos com e sem a premissa da vazão firme do PISF

Cenário Ab.

Urbano Ab.

Rural Irrigação

Dess.

Animal Industrial Aquicultura Transferências Total

Sem Mudança do Clima C/PISF 47 7 963 31 85 366 95 1.594 S/PISF 168 25 1.119 34 93 388 220 2.046 Var. % 259% 236% 16% 8% 10% 6% 131% 28% Árido C/PISF 216 40 2.087 98 196 498 215 3.350 S/PISF 495 74 2.133 102 204 505 399 3.911 Var. % 129% 87% 2% 4% 4% 1% 85% 17% Extremos C/PISF 135 25 1.716 70 152 451 162 2.712 S/PISF 336 52 1.795 72 159 462 336 3.212 Var. % 148% 105% 5% 4% 5% 2% 107% 18% Moderado C/PISF 48 9 1.104 38 94 391 108 1.791 S/PISF 188 29 1.223 40 101 392 241 2.213 Var. % 294% 207% 11% 5% 7% 0% 124% 24%

Obs.: não se considera o aporte de nenhuma medida adaptativa. Fonte: elaboração própria.

A maior influência da premissa de vazão firme do PISF se dá nos usos prioritários (abastecimento urbano, rural e transferência). Uma vez que estes usos são primeiramente beneficiados pela entrada firme de 2,7 m3/s, são justamente os que mais apresentam variações nos déficits caso essa entrada fosse suprimida. Enquanto o abastecimento urbano sofreria um déficit acumulado em 50 anos 148% superior sem o PISF firme, no cenário Árido, o total através dos sete setores usuários seria de 18%.

A Tabela 3.7 (abaixo) traz as mesmas informações que a anterior, mas em valores monetários que representam as perdas econômicas decorrentes dos déficits hídricos identificados. Nota-se que a influência relativa é bastante similar, com cerca de 20% de influência da premissa de vazão firme do PISF. Tem-se que, acaso o compromisso de fornecer 2,7 m3/s do PISF de forma constante à bacia do PPA não seja observado, o risco climático auferido pelo presente estudo aumenta em uma quinta parte – montante que representa, no cenário climático de menor perda (“Moderado”), R$ 0,9 bilhão (em valor presente líquido). Já para o caso do cenário “Extremos”, tem-se a adição de R$ 1,34 bilhão ao risco climático.

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Tabela 3.7 – Risco climático (R$ MM, VPL) com e sem a premissa da vazão firme do PISF Cenário Ab. Urbano Ab. Rural Irrigação Dess.

Animal Industrial Aquicultura Transferências Total

Sem Mudança do Clima C/PISF 89 10 310 894 2.107 285 157 3.852 S/PISF 341 34 364 918 2.350 295 366 4.668 Var. % 283% 241% 18% 3% 12% 4% 133% 21% Árido C/PISF 403 42 460 1.796 4.324 417 370 7.812 S/PISF 976 91 490 1.864 4.596 417 729 9.163 Var. % 142% 115% 6% 4% 6% 0% 97% 17% Extremos C/PISF 294 30 489 1.577 3.775 426 302 6.892 S/PISF 765 72 507 1.638 4.171 430 649 8.231 Var. % 160% 136% 4% 4% 10% 1% 115% 19% Moderado C/PISF 100 12 356 1.018 2.454 332 196 4.468 S/PISF 417 40 417 1.060 2.674 332 432 5.372 Var. % 317% 239% 17% 4% 9% 0% 120% 20%

Referências

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