Iheringia
Série Botânica
ISSN ON-LINE 2446-8231 Fundação Zoobotânica do Rio Grande do SulMuseu de Ciências Naturais
Check-list de Lauraceae Juss. para Mato Grosso do Sul, Brasil
Flávio Macedo Alves
1, Daniel Quedes Domingos
2, Priscila Passala Vaz
1,
Rosani do Carmo de Oliveira Arruda
1& Vinicius Castro Souza
31Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Botânica, CEP 79070-900. Campo Grande, MS,
Brasil. fl aurace@yahoo.com.br
2Universidade Federal de Lavras, Departamento de Biologia, Campus Universitário
CEP 35200-000. Lavras, MG, Brasil. quedesbiologo@gmail.com
3Universidade de São Paulo - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Herbário ESA, Av. Pádua Dias 11, Caixa Postal 9,
CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil. Recebido em 27.XI.2014
Aceito em 15.IX.2015
DOI 10.21826/2446-8231201873s231
RESUMO – Lauraceae é um importante táxon componente da estrutura fl orística de grande parte dos ecossistemas fl orestais do Brasil. Por essa razão, o presente trabalho apresenta o checklist desta família para o Mato Grosso do Sul, com o objetivo de contribuir para o conhecimento da fl ora do estado, ainda pouco estudada, bem como para distribuição geográfi ca de Lauraceae no Brasil. O trabalho foi baseado em análise de exsicatas de coleções botânicas nacionais e estrangeiras, além de inúmeras coletas no estado. Foram registradas 27 espécies subordinadas a 10 gêneros: Aiouea Aubl., Aniba Aubl., Cassytha L., Cinnamomum Schaeff ., Endlicheria Nees, Licaria Aubl., Mezilaurus Taub., Nectandra Rol. ex Rottb., Ocotea Aubl. e Persea Mill.
Palavras-chave: biodiversidade, Cerrado, Pantanal.
ABSTRACT–Checklist of the Lauraceae Juss. from Mato Grosso do Sul, Brazil. Lauraceae is an important component of the fl oristic structure of great part of Brazilian ecosystems. Therefore, this study present a checklist of Lauraceae in Mato Grosso do Sul, based on national and foreign herbaria and collecting in several areas at state. In this survey, 27 species belonging to 10 genera: Aiouea Aubl., Aniba Aubl., Cassytha L., Cinnamomum Schaeff ., Endlicheria Nees, Licaria Aubl., Mezilaurus Taub., Nectandra Rol. ex Rottb., Ocotea Aubl. and Persea Mill, were identifi ed.
Keywords: biodiversity, Cerrado, Pantanal.
INTRODUÇÃO
Lauraceae é uma família de árvores e arbustos, com
a exceção de Cassytha L., uma herbácea parasita. A
família possui distribuição predominantemente tropical,
especialmente diversifi cada no sudeste da Ásia e norte da
América do Sul, com poucos representantes em regiões
temperadas. A família é composta por aproximadamente
3000 espécies incluídas em 52 gêneros (Rohwer 1993a).
Nas Américas ocorrem cerca de 30 gêneros e 1000 espécies
de Lauraceae com grande diversidade na América do Sul
e América Central (Madriñán 2004). No Brasil a família
está representada por 23 gêneros e cerca de 420 espécies
(Barroso et. al. 2002, Quinet et al. 2010).
Lauraceae está entre as famílias que mais contribuem
para a riqueza da fl ora nos neotrópicos (Gentry 1988,
Kubitzki & Kurz 1984). Em termos fl orísticos e econômicos
destaca-se como uma das mais importantes famílias de
Angiospermas (Burger 1988, van der Werff 1991, Rohwer
et al. 1991, Baitello 2001, Caiafa & Martins 2007), sendo a
quarta maior família de plantas arbóreas do mundo (Beech
et al. 2017, no prelo). Lauraceae pode ser o principal
componente em altitudes intermediárias dos Andes (Gentry
1988) e em fl orestas do sudeste asiático (Whitmore &
Sidiyasa 1986) e a segunda principal família arbórea na
Floresta Ombrófi la Densa Atlântica no Brasil (Lima et al.
2012). No Brasil, Lauraceae representa uma das famílias
de maior destaque na composição fl orística de grande parte
dos ecossistemas fl orestais na Mata Atlântica e Amazônia
(Souza & Lorenzi 2008).
A família possui relevante importância econômica
destacando-se espécies como o abacate (Persea americana
Mill.), a canela (Cinnamomum zeylanicum Blume) e o
louro (Laurus nobilis L.) utilizadas em todo o mundo
na alimentação. Substâncias aromáticas são extraídas
de algumas espécies, como a canela-sassafrás (Ocotea
odorifera Rohwer) e o pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke).
A madeira das Lauraceae (Ocotea, Nectandra e Mezilaurus)
é amplamente explorada em diversas regiões para diferentes
fi nalidades devido a sua alta durabilidade e resistência
(Vicentini et al. 1999).
Lauraceae possui reputação de ser uma das famílias
de Angiospermas, na região neotropical, mais difíceis para
identifi cação e apresenta grande número de espécimes
citados sem identifi cação específi ca em estudos fl orísticos
(Caiafa & Martins 2007, Thomaz & Monteiro 1997). Além
do mais, espécies da família não podem ser identifi cadas
seguramente baseadas apenas em caracteres vegetativos
(Rohwer 1993a), uma vez que chaves de identificação e
estudos taxonômicos estão fundamentados em atributos
florais (van der Werff 1991).
No Brasil, destacam-se os trabalhos de taxonomia com
Lauraceae de Meissner (1866), Sampaio (1917), Barroso
(1949), Vattimo–Gil (1956a, b, 1957, 1958, 1959, 1966a, b,
1976, 1978a, b, 1979a, b, c, 1980a, b), Coe-Teixeira (1963,
1965, 1975, 1980), Pedralli (1984, 1986, 1987) e Baitello &
Coe-Teixeira (1987); mais recentemente, os de Vicentini et
al. (1999), Quinet & Andreata (2002), Baitello et al. (2003),
Assis et al. (2005), Quinet (2005), Kropf et al. (2006) e Moraes
(2005, 2006); e as listagens da Flora da Mata Atlântica de
Quinet (2009) e da Flora do Brasil por Quinet et al. (2010).
Para Mato Grosso do Sul foram realizados apenas a listagem
de Dubs (1998) e os estudos taxonômicos para o município
de Corumbá (Alves & Ishii 2007) e Nectandra Rol. ex Rottb.
para todo o estado (Alves & Sartori 2009).
Mato Grosso do Sul, apesar de reunir elementos
fitogeográficos heterogêneos que tornam sua vegetação
interessante para estudos florísticos e biogeográficos, incluindo
os biomas Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Chaco (Rizzini
1979), apresenta uma flora pouco conhecida (Pott et al. 2006),
sendo um dos estados brasileiros com menores índices de
coletas botânicas por quilômetro quadrado (Peixoto 2003,
Martinelli & Martins 2010). A intensa atividade agrícola, com a
abertura de novas fronteiras para o cultivo de grãos e pastagens,
tem levado a uma crescente degradação das florestas e campos
nativos, para os quais estratégias de reflorestamento serão
imprescindíveis. Por essa razão, lacunas no conhecimento
florístico podem comprometer a elaboração de estratégias
para conservação (Souza 2010).
Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo
apresentar um checklist de Lauraceae para o estado de
Mato Grosso do Sul contribuindo para o conhecimento
da flora do estado, bem como para o conhecimento da
distribuição geográfica da família no Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização do presente estudo foram examinadas
exsicatas pertencentes a herbários nacionais e estrangeiros
indexados (BHCB, CGMS, COR, CPAP, ESA, FUEL, HB,
HRCB, HUFU, IAC, INPA, JBRJ, MBM, NY, PAMG,
RB, SP, SPF, SPSF, UB, UEC, UFMT e UPCB) (siglas
segundo Holmgren et al. 1990) e quatro não indexados
(CEUL, DDMS, HISA e HSJRP). Coletas foram realizadas
em diferentes regiões do Mato Grosso do Sul, sendo os
espécimes herborizados e incorporados aos herbários
CGMS e COR. Os mapas foram confeccionados no
programa ArcMap, tendo o mapa de esforço de coleta sido
baseado no número de exsicatas de Lauraceae amostradas
no estado, proveniente dos herbários citados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em Mato Grosso do Sul foram encontradas 27 espécies
Rol. ex Rottb. e Ocotea Aubl., ambos com oito espécies
os gêneros mais ricos, seguidos de Endlicheria Nees e
Mezilaurus Taub. com duas espécies cada. Aiouea Aubl.,
Aniba Aubl., Cassytha L., Cinnamomum Schaeff., Licaria
Aubl. e Persea Mill. foram representados apenas por uma
espécie (Quadro 1).
Com relação às listagens de Lauraceae disponibilizadas
para Mato Grosso do Sul (Quadro 2), Dubs (1998) citou 20
espécies subordinadas a cinco gêneros, sendo Ocotea com
12 espécies e Nectandra com cinco, os mais representativos,
seguidos de Aiouea, Cassytha e Endlicheria com apenas
uma espécie cada. Na Lista de Espécies da Flora do Brasil,
Quinet et al. (2012) relataram sete gêneros e 30 espécies
de Lauraceae para Mato Grosso do Sul. De acordo com
os autores citados, os gêneros mais representativos foram
Ocotea com 12 espécies, Nectandra com sete e Mezilaurus
com quatro. No tocante à diversidade genérica, Nectandra
e Ocotea representaram cerca de 60% das Lauraceae de
Mato Grosso do Sul. Esse resultado também refletiu a
diversidade genérica da família no Brasil, pois, Ocotea
(155) e Nectandra (46) são, realmente, os gêneros mais
ricos (Quinet et al. 2012) e apresentam aproximadamente
50% da riqueza de Lauraceae, resultado confirmado em
outros estados no Brasil, assim como para o Rio de Janeiro
(Quinet 2005), Goiás e Tocantins (Moraes 2005) e São
Paulo (Baitello et al. 2003).
Na Lista de Espécies da Flora do Brasil, Quinet et al.
(2010) citaram a ocorrência de apenas uma espécie de
Endlicheria para Mato Grosso do Sul. No entanto, foram
encontradas no presente trabalho Endlicheria paniculata
(Spreng.) J.F. Macbr. e Endlicheria lhotzkyi (Nees) Mez.
Por outro lado, quatro espécies de Mezilaurus foram
mencionadas para o estado, entretanto, apenas as duas
características do cerrado brasileiro (Alves & Baitello
2008, van der Werff 1987, Alves 2011) foram confirmadas.
Aiouea e Aniba foram representados na Lista de Espécies
da Flora do Brasil (Quinet et al. 2010) por três e duas
espécies, respectivamente. Todavia, no presente trabalho,
apenas Aiouea trinervis Meisn. e Aniba heringeri Vatt.
foram ratificadas.
Aiouea trinervis, Cassytha filiformis L., Nectandra
cissiflora Nees, Nectandra gardneri Meisn., Nectandra
hihua (Ruiz & Pav.) Rohwer, Nectandra megapotamica
(Spreng.) Mez, Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez, Ocotea
densiflora (Meisn.) Mez, Ocotea diospyrifolia (Meisn.)
Mez, Ocotea lancifolia (Schott) Mez, Ocotea minarum
(Nees & Mart.) Mez e Ocotea velloziana Mez foram
mencionadas em todas as listagens de Lauraceae para
Mato Grosso do Sul (Quadro 2). Por outro lado, os gêneros
Cinnamomum, Licaria e Persea que não haviam sido
citados em levantamentos anteriores de Lauraceae para
o estado, foram confirmados no presente trabalho com
uma espécie cada (Quadro 2).
A maior parte das espécies de Lauraceae encontradas
em Mato Grosso do Sul apresenta ampla distribuição
no território brasileiro. Entre as espécies com ampla
Quadro 1. Espécies de Lauraceae no Mato Grosso do Sul. *Espécies citadas na lista de espécies ameaçadas da IUCN (IUCN 2001). **Espécie citada como ameaçada tanto na Lista de Espécies Ameaçadas da IUCN (IUCN 2001) quanto na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora Brasileira do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Categorias da IUCN (IUCN 2001): EN = Em Perigo; VU = Vulnerável; LR = Baixo Risco.
Espécies Voucher Formação Vegetacional
Aiouea trinervis Meisn. U.M. Rezende 181 (CGMS) Cerrado, Mata Ciliar e Floresta Estacional Semidecidual
Aniba heringeri Vatt. G.A. Damasceno-Júnior et al. 3025 (CGMS) Cerrado, Matas Ciliares Cassytha filiformis L. U.M. Rezende et al. 210 (CGMS) Cerrado e Pantanal
Cinnamomum triplinerve (Ruiz & Pav.)
Kosterm. W. Garcez 196 (CGMS) Floresta Estacional Semidecidual
Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. L.C. Rodrigues 92 (CGMS) Cerrado, Matas Ciliares e Floresta Estacional Semidecidual
E. lhotzkyi (Nees) Mez G. Frison s.n. (CGMS, ESA) Cerrado, Mata Ciliar
Licaria sp. F-49 (CGMS 15438) Floresta Estacional Semidecidual
Mezilaurus crassiramea (Meisn.) Taub.
ex Mez F. M. Alves 530 (CGMS, ESA, SPF) Cerrado
M. vanderwerffii F.M. Alves & J.B. Baitello F. M. Alves & W. Garcez 45 (CGMS, ESA) Cerrado e Floresta Estacional Semidecidual
Nectandra amazonum Nees G.A. Damasceno-Júnior 2304 (COR, SPF) Pantanal, Mata Ciliar
N. angustifolia (Schrad.) Nees V. J. Pott & A. Pott 4771 (CPAP) Mata Ciliar e Floresta Estacional Semidecidual
N. cissiflora Nees G. A. Damasceno-Júnior 1547 (CGMS) Cerrado, Mata Ciliar
N. cuspidata Nees C. A. Conceição 2008 (CGMS, RB) Cerrado, Mata Ciliar
N. gardneri Meisn. A. Pott & V. J. Pott 7770 (HMS) Cerrado, Mata Ciliar
N. hihua (Ruiz & Pav.) Rohwer C. A. Conceição 1578 (CGMS, COR, UB) Cerrado, Mata Ciliar e Floresta Estacional Semidecidual
N. megapotamica (Spreng.) Mez F.M. Alves 23 (CGMS) Cerrado, Mata Ciliar e Floresta Estacional Semidecidual
N. psammophila Nees* (EN) F.M. Alves et al. 51 (CGMS) Mata Ciliar e Floresta Estacional Semidecidual
Ocotea aciphylla (Nees) Mez* (LR) U. Rezende & F. Dias 1361 (CGMS) Floresta Estacional Semidecidual
O. catharinensis Mez** (VU) A. Pott 14768 (CGMS, ESA) Floresta Estacional Semidecidual
O. corymbosa (Meisn.) Mez C. A. Conceição 2030 (CGMS) Cerrado, Mata Ciliar
O. densiflora (Meisn.) Mez J.L.G. Salvador et al. 88 (CGMS) Cerrado, Mata Ciliar
O. diospyrifolia (Meisn.) Mez U. M. Resende et al. 489 (CGMS). Pantanal, Mata Ciliar
O. lancifolia (Schott) Mez U.M. Coelho & J.A.M. Coelho 1338 (CGMS) Cerrado, Matas Ciliar O. minarum (Nees & Mart.) Mez C. A. Conceição 2057 (CGMS) Cerrado
O. velloziana Mez A. Pott 4678 (CPAP) Cerrado
Persea willdenovii Kosterm.* (LR) M.L. Bueno 657 (CGMS) Floresta Estacional Semidecidual Quadro 2. Histórico de coletas e listagens de Lauraceae para Mato Grosso do Sul.
Dubs (1998) Lista de Espécies da Flora do Brasil
(Quinet et al. 2012)
Presente trabalho
Aiouea trinervis Meisn. Aiouea impressa (Meisn.) Kosterm. Aiouea trinervis Meisn. Cassytha filiformis L. A. piauhyensis (Meisn.) Mez Aniba heringeri Vatt. Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. A. trinervis Meisn. Cassytha filiformis L. Nectandra cissiflora Nees Aniba canelilla (Kunth) Mez Cinnamomum triplinerve
(Ruiz & Pav.) Kosterm.
N. cuspidata Nees A. heringeri Vattimo-Gil Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. N. gardneri Meisn. Cassytha filiformis L. E. lhotzkyi (Nees) Mez
N. hihua (Ruiz & Pav.) Rohwer Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. Licaria sp. N. megapotamica (Spreng.) Mez Mezilaurus crassiramea (Meisn.)
Taub. ex Mez
Mezilaurus crassiramea
(Meisn.) Taub. ex Mez
Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez M. itauba (Meisn.) Taub. ex Mez M. vanderwerffii F.M. Alves & J.B. Baitello O. daphnifolia (Meisn.) Mez M. lindaviana Schwacke & Mez Nectandra amazonum Nees
O. densiflora (Meisn.) Mez M. vanderwerffii F.M.Alves & Baitello N. angustifolia (Schrad.) Nees O. diospyrifolia (Meisn.) Mez Nectandra amazonum Nees N. cissiflora Nees
O. gracilis (Meisn.) Mez N. cissiflora Nees N. cuspidata Nees O. gracilipes Mez N. gardneri Meisn. N. gardneri Meisn.
O. lancifolia (Schott) Mez N. globosa (Aubl.) Mez N. hihua (Ruiz & Pav.) Rohwer O. minarum (Nees & Mart.) Mez N. hihua (Ruiz & Pav.) Rohwer N. megapotamica (Spreng.) Mez O. pauciflora (Meisn.) Mez N. lanceolata Nees N. psammophila Nees
O. spixiana (Nees) Mez N. megapotamica (Spreng.) Mez Ocotea aciphylla (Nees) Mez O. velloziana Mez Ocotea acutifolia (Nees) Mez O. catharinensis Mez O. variabilis (Nees) Mez O. cernua (Nees) Mez O. corymbosa (Meisn.) Mez
O. corymbosa (Meisn.) Mez O. densiflora (Meisn.) Mez O. densiflora (Meisn.) Mez O. diospyrifolia (Meisn.) Mez O. diospyrifolia (Meisn.) Mez O. lancifolia (Schott) Mez O. glaziovii Mez O. minarum (Nees & Mart.) Mez O. lancifolia (Schott) Mez O. velloziana (Meisn.) Mez O. minarum (Nees & Mart.) Mez Persea willdenovii Kosterm. O. obliqua Vicent.
O. spectabilis (Meisn.) Mez O. velloziana (Meisn.) Mez
Total: 20 espécies 30 espécies 26 espécies
Quadro 2. Continuação.
filiformis, Endlicheria paniculata, Mezilaurus
crassiramea (Meisn.) Taub. ex Mez, Ocotea corymbosa,
O. velloziana e Persea willdenovii Kosterm.* (LR).
Por outro lado, entre as espécies com distribuição
mais restrita, podem ser citadas Endlicheria lhotzkyi,
Mezilaurus vanderwerffii F.M. Alves & J.B. Baitello,
endêmicas da região centro-oeste do Brasil.
A ocorrência das espécies de Lauraceae de Mato
Grosso do Sul reflete o mosaico de vegetação do estado,
com espécies características dos domínios fitogeográficos
da Amazônia (Nectandra amazonum Nees), Cerrado
(Mezilaurus crassiramea, Endlicheria lhotzkyi (Nees)
Mez), Mata Atlântica (Nectandra psammophila Nees*
(EN), Ocotea aciphylla (Nees) Mez* (LR), Ocotea
catharinensis Mez** (VU) e P. willdenovii) e das florestas
meridionais (N. megapotamica). Essa padrão de distribuição
pode estar associado principalmente à influência florística
ou distribuição limítrofe desses domínios fitogeográficos
aqui encontrados. No estado, as espécies de Lauraceae são
encontradas com frequência nas matas ciliares e na floresta
estacional semidecidual (Quadro 1). Ocotea aciphylla, O.
catharinensis e O. puberula constituem citações novas
para Mato Grosso do Sul.
Em Mato Grosso do Sul foram encontradas quatro
espécies de Lauraceae ameaçadas de extinção em
diferentes níveis, segundo os critérios da International
Union for Conservation of Nature and Natural Resources
(IUCN 2001) (Quadro 1). Dentre tais espécies, Ocotea
catharinensis deve representar a maior preocupação,
pois é citada como “Vulnerável” (VU) tanto na Lista
de Espécies Ameaçadas da IUCN (IUCN 2001), quanto
na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Flora
Brasileira do Ministério do Meio Ambiente (MMA 2012).
A madeira dessa Lauraceae apresenta excelente qualidade
e tradicionalmente tem sido utilizada em marcenaria,
construção civil e naval, para produção de vigas, tacos,
mobiliário em geral, assoalhos, painéis, compensados e
moirões (Carvalho 1994). Óleos essenciais produzidos
em sua casca apresentam, dentre outros componentes, o
linalol, utilizado em perfumaria na fabricação de cosméticos
(Carvalho 1994). Segundo Baitello et al. (2003) a madeira
de Ocotea catharinensis pode substituir a “imbuia” (O.
porosa (Nees) Barroso) na confecção de móveis. Nectandra
psammophila possui ampla distribuição na região sudeste
do Brasil, porém, devido à rápida destruição das florestas
de restingas pela exploração imobiliária (Baitello et al.
2003, Kropf et al. 2006, Rohwer 1993b) corre alto risco de
extinção, estando na lista de espécies ameaçadas da IUCN
na categoria “Em Perigo” (EN) (IUCN 2001). Em Mato
Grosso do Sul, a espécie é encontrada em uma área restrita
em um assentamento rural no município de Corumbá, área
degradada devido à exploração florestal. Ocotea aciphylla
e Persea willdenovii foram citadas com menor risco pela
IUCN (IUCN 2001).
Lauraceae é encontrada em praticamente todas as
regiões de Mato Grosso do Sul, no entanto, ocorrem grandes
lacunas de conhecimento nas regiões noroeste, sudoeste
e nordeste (Fig. 1) do estado em função de sua ampla
extensão territorial. Com relação à densidade amostral, a
família foi mais intensamente coletada na região central,
Fig.1. Distribuição geográfica de Lauraceae em Mato Grosso do Sul.
no município de Campo Grande, no centro-oeste do estado
nos municípios de Aquidauana, Miranda e Bonito e na
porção oeste, no município de Corumbá, um dos maiores
do estado. As regiões norte, sudoeste, leste e sul ainda
apresentam baixos índices de coletas de Lauraceae (Fig. 2).
Este fato, possivelmente, está ligado à presença de
importantes instituições locais, tais como a Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul e da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o que propicia uma
maior disponibilidade de recursos humanos e materiais
imprescindíveis aos estudos florísticos e taxonômicos.
Coletas intensivas nas regiões sul e sudeste, além de matas
ciliares de todo o Mato Grosso do Sul, poderão aumentar
consideravelmente o número de gêneros e espécies de
Fig. 2. Localização e densidade de coletas botânicas de Lauraceae em Mato Grosso do Sul.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos curadores dos herbários por
disponibilizarem as informações contidas nas coleções para
a realização do trabalho. Os autores agradecem ao também
a FUNDECT (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do
Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso
do Sul) pelo apoio a pesquisa.
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