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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

Identificação

P R O C E S S O n º 0 0 2 1 2 5 2 - 7 9 . 2 0 1 6 . 5 . 0 4 . 0 7 7 2 ( R O )

R E C O R R E N T E : R O N A L D O D A S I L V A

R E C O R R I D O : C L A R I S S E M A R I A W E R N E R K N A P P

RELATOR: IRIS LIMA DE MORAES

EMENTA

. Caso em que o contexto probatório

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CONTATO EVENTUAL

não evidencia o contato permanente do autor com óleo diesel a caracterizar labor em condições insalubres. Sentença de improcedência mantida.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

ACORDAM os Magistrados integrantes da 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª

Região: por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO RECLAMANTE,

RONALDO DA SILVA. Intime-se.

Porto Alegre, 18 de dezembro de 2017 (segunda-feira).

RELATÓRIO

Contra a sentença que julgou os pedidos improcedentes (Id ce75139), o reclamante recorre. Busca a reforma do julgado em relação aos seguintes tópicos (Id 74b90f7): 1) adicional de insalubridade; 2) honorários advocatícios.

Com contrarrazões da reclamada (Id 8a00b27), os autos são encaminhados a este Tribunal para julgamento.

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É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE 1. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

A sentença, considerando que o reclamante não se expunha permanentemente aos agentes químicos considerados pela perícia técnica, deixou de acolher a conclusão do laudo pericial, aplicou, por analogia, Súmula 364, I, segunda parte, do TST e julgou improcedente o pedido de adicional de insalubridade em grau máximo.

O reclamante não se conforma. Transcreve a conclusão do laudo pericial que reconheceu a insalubridade em grau máximo de suas atividades. Sinala que a única testemunha ouvida em juízo foi muito generosa com a reclamada, ao reproduzir em juízo exatamente a tese de defesa de quem lhe propicia emprego. Diz que a prova a testemunhal colhida, expressando riqueza de detalhes, é absolutamente inverossímil, uma vez que a testemunha não laborava na mesma função e local de labor do recorrente. Busca a reforma do julgado, com a condenação da reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade no grau máximo, com reflexos legais postulados.

Examino.

O reclamante manteve contrato de trabalho com a ré no período de 01/12/2011 a 16/03/2016, na função de Vistoriador de Automóveis (CTPS, Id 33bcc99 - Pág. 1). Afirma, na inicial, que laborava em ambiente insalubre, em contato diariamente com graxa, óleo, gasolina, etanol e elevado nível de dióxido de carbono (CO2), sem os devidos equipamentos de proteção e sem perceber o adicional de insalubridade. Postula o pagamento de adicional de insalubridade em grau máximo, com reflexos nas horas extras, domingos e feriados trabalhados, RSRs, aviso prévio, 13ºs salários, férias; FGTS acrescido da multa de 40%, sobre todo o período contratual.

Realizada a perícia na sede da reclamada, empresa que atua no ramo de Registro e Vistoria de Veículos Automotores (CRVA em Lajeado/RS), na presença das partes, o autor disse que realizava a identificação dos veículos, ou seja, dos numerais dos motores, caixas de câmbio, chassis, diferenciais e carrocerias (caminhões e ônibus). Relatou que ficava na parte inferior do veículo e que havia contato com o óleo que passava no decalque do veículo. Por outro lado, o representante da reclamada relatou que não eram todos

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os veículos que necessitavam da limpeza do óleo para a realização do decalque. Afirmou que os veículos que poderiam ter mais sujidade eram os ônibus e caminhões e que, em média, eram realizados 1.300 atendimentos de veículos ao mês, de forma que, entres estes, em média 150 eram os veículos pesados. Em relação ao contato do reclamante com agentes químicos, a perita consignou o que segue (Id 72732ef -Pág. 7):

"Durante a inspeção pericial constatamos que durante suas atividades o Autor entrava em contato com óleos dos veículos. O processo pôde ser evidenciado durante a perícia. Os produtos que o Autor entrou em contato durante sua atividade de identificação dos numerais dos veículos são óleos lubrificantes do tipo básico de alcanos com elevado índice de viscosidade com aditivos específicos para o cuidado das características de desempenho.

Ainda avaliando a atividade, temos que o autor manteve contato cutâneo com o produto de modo permanente.

O produto acima se enquadra como óleo mineral e de acordo com o Anexo 13 da NR - 15 há atribuição de grau máximo de insalubridade pela exposição ao risco no manuseio do produto.

A ficha de EPI"s indica como proteção aos agentes químicos o creme de proteção de CA 10103 com entrega de 4 unidades do EPI ao autor, verificando o período de trabalho temos que a quantidade de fornecimento de creme foi insuficiente, tendo em vista o processo produtivo e as atividades do autor."

O laudo pericial concluiu que o reclamante desempenhou atividades insalubres em grau máximo por todo o período do contrato, com base na Lei 6.514/77 e no Anexo 13 da NR-15 do Ministério do Trabalho e Emprego (Id 72732ef).

Em impugnação ao laudo pericial, a reclamada alegou que o contato com tais agentes químicos ocorriam com baixíssima incidência, pois no CRVA são vistoriados, mensalmente, 1300 (mil e trezentos veículos), sendo que desse montante apenas 150 (cento e cinquenta) são veículos pesados, (ônibus e caminhões), o que representa 11,53%. Asseverou que as atividades são realizadas em rodízio, porque conta com 13 funcionários, os quais, igualmente, realizam vistorias nos veículos (Id bbce57e).

Sobre a situação em exame, a testemunha ouvida aos autos declarou (Id 2a9f18c - Pág. 1):

"que trabalha na reclamada desde 2011 ou 2012; que foi colega do reclamante e o via ; que não exerce a mesma função que o reclamante; que

trabalhando são vistoriados em

torno de 100 a 120 veículos pesados por mês; que, durante o período contratual do , os quais também reclamante, sempre houve, além dele, mais 02 ou 03 vistoriadores

vistoriavam veículos pesados; que eventualmente os vistoriadores têm contato com óleo ; que

diesel quando fazem a limpeza do chassi para o decalque a limpeza leva de 01 a 02 que, dos 100 a 120 veículos pesados vistoriados, a limpeza é minutos, em média;

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; que, no total, veículos pesados são divididas entre os vistoriadores, em sistema de rodízio

considerando também os leves, são vistoriados em torno de 1.700 veículos por mês; que já realizou vistorias, mas não sabe precisar quantas".

(grifei)

No caso, a testemunha era colega do reclamante e relatou que o via trabalhando. Desse modo, diversamente do alegado pelo recorrente, as declarações da testemunha não são inverossímeis. Além disso, os próprios relatos do autor à perita convergem com o depoimento da testemunha no sentido que o contato cutâneo com óleos ocorria apenas quando tinha que fazer a limpeza do chassi dos veículos pesados para o decalque, o que, conforme prova testemunhal, leva de 01 a 02 minutos, em média. Além disso, os veículos pesados eram de 100 a 120 veículos e havia rodízio de funcionários para a realização da atividade.

Neste contexto, na linha do entendimento do julgador de origem, considero que o contato do autor com óleo diesel ocorreu de forma eventual, sem caracterizar insalubridade e ensejar o pagamento do respectivo adicional. Nesse sentido, acresço os fundamentos da sentença:

"(...)

De fato, o conjunto probatório evidencia que, ao contrário do entendimento externado pela expert, o reclamante não se expunha permanentemente aos agentes químicos considerados pela perícia técnica.

A testemunha Everton Grunewald, indicada pela reclamada, exercente da função de identificador veicular e documental, declarou: "que trabalha na reclamada desde 2011 ou 2012; que foi colega do reclamante e o via trabalhando; que não exerce a mesma função que o reclamante; que são vistoriados em torno de 100 a 120 veículos pesados por mês; que, durante o período contratual do reclamante, sempre houve, além dele, mais 02 ou 03 vistoriadores, os quais também vistoriavam veículos pesados; que eventualmente os vistoriadores têm contato com óleo diesel quando fazem a limpeza do chassi para o decalque; que a limpeza leva de 01 a 02 minutos, em média; que, dos 100 a 120 veículos pesados vistoriados, a limpeza é necessária apenas em número que varia de 01 a 05 a cada mês; que a limpeza, quando necessária, era feita pelo vistoriador responsável pela vistoria; que as vistorias nos veículos pesados são divididas entre os vistoriadores, em sistema de rodízio; que, no total, considerando também os leves, são vistoriados em torno de 1.700 veículos por mês; que já realizou vistorias, mas não sabe precisar quantas". Nesse contexto, e considerando-se que o depoimento transcrito comprova que a manipulação de óleo diesel não se dava de maneira habitual (mas apenas ocasionalmente, sem que houvesse sequer intermitência), entendo indevido o pagamento de adicional de insalubridade.

Embora não desconheça este Juízo que a avaliação de que trata o Anexo 13 da NR-15 da Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego é qualitativa, não se pode desconsiderar o período em que o trabalhador permanece exposto à nocividade do produto, na medida em que, por expressa definição legal, "Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de

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trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos", na forma do art. 189 da CLT.

No caso sub judice, portanto, é preciso observar que o contato cutâneo do reclamante com a substância acontecia, segundo depreendo dos elementos coligidos nos autos, única e exclusivamente quando ele, durante a vistoria, tinha de fazer a limpeza do chassi dos veículos pesados para o decalque, o que leva de 01 a 02 minutos, em média. A testemunha Everton Grunewald informou que, dos 100 a 120 veículos pesados vistoriados por mês, a limpeza é necessária apenas em número que varia de 01 a 05, impondo-se registrar, também, que as vistorias nos veículos pesados (em torno de 100 a 120 por mês) eram divididas, em sistema de rodízio, entre os vistoriadores (o reclamante e mais 02 ou 03 colegas).

Outrossim, resta aplicável à hipótese, por analogia, a posição já consagrada pelo TST na Súmula 364, I, segunda parte, do TST: "Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido".

Assim já decidiu, aliás, ao enfrentar essa questão, a 7ª Turma do TRT4, nos exatos termos do voto proferido, em 05/05/2016, pelo Desembargador Emílio Papaléo Zin, quando do julgamento de recurso ordinário interposto no processo nº 0001119-74.2012.5.04.0022 (ajuizado também por um vistoriador):"

Diante do exposto, nego provimento ao recurso.

2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

Considerando a manutenção da sentença de improcedência, resta prejudicada a análise dos honorários advocatícios.

I R I S

L I M A

D E

M O R A E S

Relator

VOTOS

PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:

DESEMBARGADORA IRIS LIMA DE MORAES (RELATORA) DESEMBARGADORA LAÍS HELENA JAEGER NICOTTI DESEMBARGADOR FABIANO HOLZ BESERRA

Referências

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