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Superior Tribunal de Justiça

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 56.460 - RS (2005/0189241-4)

RELATOR : MINISTRO JOSÉ DELGADO

AUTOR : UNIÃO

RÉU : L S DIVERSÕES ELETRÔNICAS LTDA E OUTROS

SUSCITANTE : L S DIVERSÕES ELETRÔNICAS LTDA E OUTROS

ADVOGADO : ELSO ELOI BODANESE E OUTROS

SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 2A VARA CÍVEL DE PASSO FUNDO - RS

SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA CÍVEL DE CARAZINHO - RS

SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA CÍVEL DE ERECHIM - RS

SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA 1A VARA DE PASSO FUNDO - SJ/RS

EMENTA

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. JOGOS ELETRÔNICOS. JUÍZOS ESTADUAL E FEDERAL. INTERESSE DA UNIÃO. ATRAÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL PARA JULGAR AS AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. CONFLITO CONHECIDO PARA DETERMINAR A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

1. Ocorrendo continência entre duas ações civis públicas propostas concomitantemente pelo

Ministério Público Estadual e pela União, com a finalidade de interdição permanente de empresas exploradoras de jogos de azar, deve ser determinada a reunião de ambas ações para evitar julgamentos conflitantes entre si.

2. "É da natureza do federalismo a supremacia da União sobre Estados-membros,

supremacia que se manifesta inclusive pela obrigatoriedade de respeito às competências da União sobre a dos Estados. Decorre do princípio federativo que a União não está sujeita à jurisdição de um Estado-membro, podendo o inverso ocorrer, se for o caso ." (CC 40334/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, DJU 28/04/2004)

3. "In casu ", há de se considerar, na espécie, a preponderação da Ação Civil Pública proposta na

Justiça Federal, gerando atração das propostas na Justiça Estadual. Embora seja fato que o que se discute nas ações civis públicas propostas na Justiça Estadual seja a ausência de alvará a ser expedido pela Prefeitura Municipal, também deve se considerar que para o exercício das atividades em questão há necessidade de dois atos que se completam: a) a autorização a ser concedida pela Caixa Econômica Federal; b) a concessão de alvará de funcionamento. O ato administrativo, portanto, é composto. Exige a atuação de duas autoridades: uma federal, outra estadual. Conseqüentemente, qualquer litígio existente sobre a questão atrai a competência da Justiça Federal para analisar o ato composto em sua integridade.

4. Conflito conhecido para determinar a competência da Justiça Federal para processar e julgar,

como bem entender, as ações noticiadas.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do conflito e declarar competente o Juízo Federal da 1a. Vara de Passo Fundo - SJ/RS, o suscitado, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. A Sra. Ministra Eliana Calmon e os Srs. Ministros Luiz Fux, João Otávio de Noronha, Teori Albino Zavascki, Castro Meira, Denise Arruda, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 28 de fevereiro de 2007 (Data do Julgamento) MINISTRO JOSÉ DELGADO - Relator

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Superior Tribunal de Justiça

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 56.460 - RS (2005/0189241-4)

RELATÓRIO

O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO (Relator): Cuidam os autos de conflito de

competência suscitado por LS Diversões Eletrônicas Ltda. e outros nos autos de ação civil pública intentada pela União em face do Juízo de Direito da 2ª Vara Cível de Passo Fundo/RS, Juízo de Direito da 1ª Vara Cível de Carazinho, Juízo de Direito da 1ª Vara Cível de Erechim/RS e Juízo Federal da 1ª Vara de Passo Fundo/ RS.

Argumenta a suscitante que é ré em litisconsórcio passivo, em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público na Justiça Estadual e em ação civil pública ajuizada pela União perante a Justiça Federal propostas com o fim de obstar a interdição permanente das empresas exploradoras de jogos de bingo, com o fim de assegurar os interesses difusos de todos os consumidores em face de um serviço público.

Solicitadas informações aos Juízos suscitados, houve manifestação do Juízo Federal de Passo Fundo/RS (fls. 221/231), o Juízo de Direito de Carazinho/RS (fls. 233/291) e o Juízo de Direito de Passo Fundo/RS (fl. 293).

Tendo sido encaminhado o conflito de competência ao TRF da 4ª Região, este prolatou acórdão assim ementado (fl. 305):

"CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA ENTRE JUÍZES ESTADUAIS E JUIZ FEDERAL. INTERESSE DA UNIÃO.

A competência para apreciar conflito de competência entre Juízes vinculados a tribunais diversos é do STJ.

Havendo interesse da União na lide a competência é da Justiça Federal, a teor do disposto no art. 109, inc. I, da CF/88."

Opostos embargos de declaração pela suscitante, estes foram não-conhecidos conforme decisão de fl. 322.

Enviados os autos a esta Corte de Justiça, foram inicialmente distribuídos à Ministra Eliana Calmon, a qual, em face de acórdão por mim proferido no REsp 760294/RS os encaminhou para que

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me pronunciasse sobre a minha possível prevenção.

Dei-me por prevento.

O Ministério Público Federal emitiu parecer no sentido de se conhecer do conflito e se determinar a competência da Justiça Federal para apreciar as ações propostas com com mesmo objeto e causa de pedir.

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Superior Tribunal de Justiça

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 56.460 - RS (2005/0189241-4) EMENTA

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. JOGOS ELETRÔNICOS. JUÍZOS ESTADUAL E FEDERAL. INTERESSE DA UNIÃO. ATRAÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL PARA JULGAR AS AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. CONFLITO CONHECIDO PARA DETERMINAR A COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

1. Ocorrendo continência entre duas ações civis públicas propostas concomitantemente

pelo Ministério Público Estadual e pela União, com a finalidade de interdição permanente de empresas exploradoras de jogos de azar, deve ser determinada a reunião de ambas ações para evitar julgamentos conflitantes entre si.

2. "É da natureza do federalismo a supremacia da União sobre Estados-membros,

supremacia que se manifesta inclusive pela obrigatoriedade de respeito às competências da União sobre a dos Estados. Decorre do princípio federativo que a União não está sujeita à jurisdição de um Estado-membro, podendo o inverso ocorrer, se for o caso ." (CC 40334/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, DJU 28/04/2004)

3. "In casu ", há de se considerar, na espécie, a preponderação da Ação Civil Pública

proposta na Justiça Federal, gerando atração das propostas na Justiça Estadual. Embora seja fato que o que se discute nas ações civis públicas propostas na Justiça Estadual seja a ausência de alvará a ser expedido pela Prefeitura Municipal, também deve se considerar que para o exercício das atividades em questão há necessidade de dois atos que se completam: a) a autorização a ser concedida pela Caixa Econômica Federal; b) a concessão de alvará de funcionamento. O ato administrativo, portanto, é composto. Exige a atuação de duas autoridades: uma federal, outra estadual. Conseqüentemente, qualquer litígio existente sobre a questão atrai a competência da Justiça Federal para analisar o ato composto em sua integridade.

4. Conflito conhecido para determinar a competência da Justiça Federal para processar

e julgar, como bem entender, as ações noticiadas.

VOTO

O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO (Relator): O relatório explicita que examina-se

conflito de competência envolvendo o juízo de Direito da 2ª Vara Cível de Passo Fundo/RS, o juízo de Direito da 1ª Vara Civil de Carazinho/RS, o juízo de Direito da 1ª Vara Cível de Erechim/RS e o juízo Federal da 1ª Vara de Passo Fundo.

O conflito é suscitado por LS Diversões Eletrônicas Ltda. que figura, como litisconsorte passivo, em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público da Justiça Estadual e em ação civil pública proposta pela União. As ações visam, embora propostas em juízos diferentes, a interdição permanente das empresas exploradoras de jogos de azar eletrônicos na região dos juízos em conflito.

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Público Federal, da lavra do Subprocurador Aurélio Virgílio Veiga Rios, nos termos seguintes (fls. 336/337):

"6. No mérito, conforme dispõe o artigo 109, inciso I da Constituição Federal, compete aos juízes federais processar e julgar "as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes", cabendo ao Juízo Federal averiguar a existência desse interesse, Súmula 150 do STJ.

7. Desta forma, sendo a União a autora de uma das ações em conflito, a Justiça Federal é competente para apreciar as demais ações propostas com mesmo objeto e causa de pedir.

8. Acerca desse assunto, a jurisprudência deste Egrégio STJ, já se pronunciou no mesmo sentido da presente argumentação:

CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL E JUSTIÇA ESTADUAL. AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. EXPLORAÇÃO DE BINGO. CONTINÊNCIA. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL DA JUSTIÇA FEDERAL.

1. Havendo continência entre duas ações civil públicas, movidas pelo Ministério Público, impõe-se a reunião de ambas, a fim de evitar julgamentos conflitantes, incompatíveis entre si.

2. A competência da Justiça Federal, prevista no art. 109, I, da Constituição, tem por base um critério subjetivo, levando em conta, não a natureza da relação jurídica litigiosa, e sim a identidade dos figurantes da relação processual. Presente, no processo, um dos entes ali relacionados, a competência será da Justiça Federal, a quem caberá decidir, se for o caso, a legitimidade para a causa.

3. É da natureza do federalismo a supremacia da União sobre Estados-membros, supremacia que se manifesta inclusive pela obrigatoriedade de respeito às competências da União sobre a dos Estados. Decorre do princípio federativo que a União não está sujeita à jurisdição de um Estado-membro, podendo o inverso ocorrer, se for o caso.

4. Em ação proposta pelo Ministério Público Federal, órgão da União, somente a Justiça Federal está constitucionalmente habilitada a proferir sentença que vincule tal órgão, ainda que seja sentença negando a sua legitimação ativa. E enquanto a União figurar no pólo passivo, ainda que seja do seu interesse ver-se excluída, a causa é da competência da Justiça Federal, a quem cabe, se for o caso, decidir a respeito do interesse da demandada (súmula 150/STJ).

5. Conflito conhecido e declarada a competência do Juízo Federal. (CC 40534/RJ; CONFLITO DE COMPETÊNCIA 2003/0185926-2 - Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI (1124) - S1 - PRIMEIRA SEÇÃO - 28/04/2004)

III

9. Ante o exposto, opina o Ministério Público Federal pelo conhecimento do conflito positivo de competência com o reconhecimento da competência do Juízo Federal da 1ª Vara de Passo Fundo - SJ/RS."

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O precedente invocado no parecer há de ser seguido, por refletir a vontade do legislador constituinte.

Deve-se considerar, na espécie, a preponderação da Ação Civil Pública proposta na Justiça Federal, gerando atração das propostas na Justiça Estadual

Na verdade, conforme está na petição inicial (fls. 28/29), no tocante à natureza do jogo de bingo deve-se considerar (fls. 28/29):

"a) fica sujeito a uma delegação (a CEF é a delegatária) e à fiscalização e autorização posterior (pela CEF) para efetivo funcionamento (por meio das entidades de cunho desportivo). Essa fiscalização praticada pela CEF e a autorização por ela dada a quem pretende explorar tal atividade revelam nítidas características do poder de polícia ao qual tal empresa pública restou investida:

b) pode ser considerada sim um ilícito caso algum dos requisitos necessários para seu efetivo funcionamento não tenha sido observado, quando estavam os bingos autorizados a funcionar;

c) é considerado um ilícito, uma vez que não há mais norma autorizadora do funcionamento da atividade das rés."

Diante desse panorama, evidencia-se a supremacia da competência da Justiça Federal para processar e julgar ações civis públicas onde está sendo discutida a legalidade ou não do exercício das atividades de bingo sem autorização da Caixa Econômica Federal.

É bem verdade que nas ações civis públicas propostas na Justiça Estadual o que se discute é a ausência de alvará a ser expedido pela Prefeitura Municipal.

Ocorre que, para o exercício das atividades em questão, há necessidade de dois atos que se completam: a) a autorização a ser concedida pela Caixa Econômica Federal; b) a concessão de alvará de funcionamento.

O ato administrativo, portanto, é composto. Exige a atuação de duas autoridades: uma federal, outra estadual. Conseqüentemente, qualquer litígio existente sobre a questão atrai a competência da Justiça Federal para analisar o ato composto em sua integridade.

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Superior Tribunal de Justiça

Isso posto, acolho o parecer do Ministério Público Federal determinando a competência da Justiça Federal para processar e julgar, como bem entender, as ações noticiadas.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA SEÇÃO Número Registro: 2005/0189241-4 CC 56460 / RS Números Origem: 200404010494217 200471040099566 2101405265 2101547579 910300135917 94319 EM MESA JULGADO: 28/02/2007 Relator

Exmo. Sr. Ministro JOSÉ DELGADO Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro FRANCISCO FALCÃO Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAIS FILHO Secretária

Bela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO

AUTOR : UNIÃO

RÉU : L S DIVERSÕES ELETRÔNICAS LTDA E OUTROS

SUSCITANTE : L S DIVERSÕES ELETRÔNICAS LTDA E OUTROS

ADVOGADO : ELSO ELOI BODANESE E OUTROS

SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 2A VARA CÍVEL DE PASSO FUNDO - RS

SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA CÍVEL DE CARAZINHO - RS

SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 1A VARA CÍVEL DE ERECHIM - RS

SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA 1A VARA DE PASSO FUNDO - SJ/RS

ASSUNTO: Ação Civil Pública - Administrativo

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Seção, por unanimidade, conheceu do conflito e declarou competente o Juízo Federal da 1a. Vara de Passo Fundo - SJ/RS, o suscitado, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."

A Sra. Ministra Eliana Calmon e os Srs. Ministros Luiz Fux, João Otávio de Noronha, Teori Albino Zavascki, Castro Meira, Denise Arruda, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 28 de fevereiro de 2007

Carolina Véras Secretária

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