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Novos olhares sobre o direito ambiental na construção da cidadania

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA EVANDRO TEIXEIRA PAES

NOVOS OLHARES SOBRE O DIREITO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

Araranguá-SC 2020

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EVANDRO TEIXEIRA PAES

NOVOS OLHARES SOBRE O DIREITO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof.ª Nádila da Silva Hassan, Esp.

Araranguá 2020

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EVANDRO TEIXEIRA PAES

NOVOS OLHARES SOBRE O DIREITO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Araranguá, 10 de dezembro de 2020.

______________________________________________________ Professor e orientador Nádila da Silva Hassan, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Elisângela Dandolini, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Fátima Hassan Caldeira, Dra.

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A quem sempre me ajudou, minha família e amigos e em memória de minha mãe.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, por me guiar e proteger durante toda minha jornada acadêmica, aos meus pais, que contribuíram com paciência e confiança, em especial minha mãe que partiu ainda este ano e mesmo de cima sei que olha por mim e estará comigo em minhas vitórias. Aos meus colegas acadêmicos e amigos, que ficarão marcados em minha lembrança. Sou grato também a minha professora e orientadora Nádila da Silva Hassan, que aprovou minhas ideias, me ajudou e incentivou neste trabalho, assim como todos os docentes deste curso e os funcionários desta instituição que trabalharam e contribuíram para minha formação.

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“A questão é saber se podemos tudo aquilo que queremos e se queremos tudo aquilo que podemos” (Sírio Lopez Velasco).

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RESUMO

O presente trabalho, objetiva, principalmente, apresentar análise das estruturas do Direito Ambiental na construção da cidadania, e procura, especificamente compreender o conhecimento de cidadania ambiental, descrever as principais leis ambientais que regem o Estado na construção da cidadania e analisar os principais instrumentos para construção da cidadania na sociedade em relação a questão ambiental. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental, apoiada na doutrina e em legislação específica da área. Os resultados do estudo evidenciam o quanto a cidadania pode ser influenciada através do Direito Ambiental e pelas questões relativas à tutela do meio ambiente. Concluiu-se que as principais leis analisadas garantem autonomia ao cidadão. Assim, mediante os princípios que regem o Direito Ambiental, a Educação Ambiental, garantida pela Constituição Federal, juntamente com o princípio da participação, agregam muito para a construção de um indivíduo autônomo e participativo. E os instrumentos processuais, por sua vez, garantem a efetividade de suas ações em relação à questão ambiental no que diz respeito à construção da cidadania.

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ABSTRACT

The present project aims mainly to show an analysis of the structures of environment al law in the construction of citizenship, and looks, specifically, to understand the kno wledge of environmental citizenship, to d escribe the main environmental laws that rule the state in the construction of citizenship and to analyze the main instruments fo r the construction of society in relation to the environmental matters. This is a bibliographic and documentary research, supported by doctrine and specific legislation in the area. The results of the study show how much citizenship can be influenced through Environmental Law and issues related to the protection of the environment. It was concluded that the main laws analyzed guarantee citizens' autonomy. Thus, through the principles that govern Environmental Law, Environmental Education, guaranteed by the Federal Constitution, together with the principle of participation, add a lot to the construction of an autonomous and participatory individual. And the procedural instruments, in turn, guarantee the effectiveness of their actions in relation to the environmental issue with regard to the construction of citizenship.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 MEIO AMBIENTE E CIDADANIA AMBIENTAL ... 11

2.1 O MEIO AMBIENTE HOJE ... 11

2.2 CIDADANIA AMBIENTAL ... 14

3 DIREITO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA ... 20

3.1 O QUE É DIREITO AMBIENTAL ... 20

3.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ... 23

3.2.1 Princípio da dignidade da pessoa humana ... 24

3.2.2 Princípio do Desenvolvimento sustentável ... 25

3.2.3 Princípio da Precaução ... 26

3.2.4 Princípio da prevenção ... 27

3.2.5 Princípio do usuário-pagador ... 28

3.2.6 Princípio do poluidor-pagador ... 29

3.2.7 Princípio da Educação Ambiental... 31

3.2.8 Princípio da participação ... 33

3.3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA ... 35

3.3.1 Lei 6.938/1981. Política Nacional do Meio Ambiente ... 36

3.3.2 Lei 10.257/2001. Estatuto da Cidade ... 37

3.3.3 Lei 9.605/1998, Lei dos Crimes Ambientais ... 38

3.3.4 Lei 6.902/1981 - Área de Proteção Ambiental ... 39

3.3.5 Lei 9.795/1999.Política Nacional da Educação ambiental ... 40

3.4 INSTRUMENTOS PROCESSUAIS AO CIDADÃO PARA TUTELA AMBIENTAL ...41

3.4.1 Ação Popular ... 42

3.4.2 Ação Civil Pública ... 44

3.4.3 Mandado de Segurança ... 44

3.4.4 Mandado de Injunção ... 46

4 CONCLUSÃO ... 48

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1 INTRODUÇÃO

Em meio a época atual, o meio ambiente é um tema fundamental de discussão, que vem contando com grande interesse por parte da sociedade, afinal, estamos passando por problemas ambientais gravíssimos, como aquecimento global, efeito estufa, contaminação da água e do solo, queimadas, etc. Todos esses problemas geram um desequilíbrio global, e várias são as consequências para os seres humanos: poluição do ar, poluição sonora e visual, saneamento básico e riscos para a saúde.

O ambiente natural e seus recursos vêm sofrendo mudanças constantes com o decorrer do tempo. As mudanças naturais são comuns e totalmente previsíveis, como a manifestação dos agentes externos que levam o ambiente a ganhar forma e disponibilizam ao ser humano um ambiente favorável à vida.

O problema é quando algumas mudanças no planeta são ocasionadas pela interferência do homem de uma maneira irresponsável, que venha a prejudicar os recursos naturais e a sustentabilidade do planeta, modificando o que é uma mudança natural a favor da modernidade que se destaca cada vez mais acelerada e consumista, e de maneira pouco prevista se torna um desgaste não reparável futuramente.

Nesse sentido, indubitavelmente, é importante o papel do Direito Ambiental. Um direito que lance um olhar crítico e demostre caminhos acerca da questão ambiental que regule e atue na construção de um cidadão consciente de seus atos para com o ambiente em que vive.

Como o tema deste trabalho se delimita em: novos olhares sobre o Direito Ambiental na construção da cidadania, temos os seguintes questionamentos: como podemos considerar a construção de cidadania à luz do Direito Ambiental? Quais ferramentas do direito são base para a construção da cidadania ambiental?

Analisar novas teorias sobre a implantação do Direito Ambiental em benefício da construção da cidadania ambiental, é o objetivo geral desta pesquisa e, especificamente, compreender o conhecimento de cidadania ambiental, descrever as principias leis ambientais que regem o Estado na construção da cidadania e analisar os principais instrumentos para construção da cidadania na sociedade.

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Como se trata de uma pesquisa bibliográfica, para este estudo foram coletadas informações de diferentes autores e estudiosos, em livros, artigos, dissertações, monografias, e na legislação que trata o tema, nas quais os pontos principais para o desenvolvimento do estudo foram investigados e analisados, buscando comparar, discutir e expor maiores informações sobre o problema desta pesquisa.

Dessa forma, os capítulos se organizam a partir do conhecimento de meio ambiente e cidadania ambiental, entendendo o meio ambiente na situação atual; as principais definições de meio ambiente; a crise ambiental do século XX, que desencadeou as primeiras reflexões sobre o problema ambiental; o conceito de cidadania; suas origens e sua relação com a questão ambiental, por fim, a questão que nos coloca diante do problema deste trabalho a utilização do Direito Ambiental na construção da cidadania, assim, temos o conceito de Direito Ambiental; seus princípios e legislações que mais atendem as especificidades do cidadão; e os principais instrumentos processuais que garantem ao cidadão a tutela do meio ambiente.

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2 MEIO AMBIENTE E CIDADANIA AMBIENTAL

No decorrer deste capítulo será abordado o conceito de meio ambiente e sua depauperação, o que trará consequências ao homem, segundo alguns autores. Conhecer-se-á também a estrutura da sociedade como produtora de ações que resultam na cultura humana e o seu ingresso nas questões tecnológicas, que foram questionadas sobre seu impacto no meio ambiente, desencadeando o formato da crise ambiental do século XX que despertou um novo olhar sobre essa problemática. Por fim, o conceito de cidadania e sua importância na construção de uma sociedade justa e igualitária que participa ativamente da construção de um sentimento de mudança e reflexão que é a cidadania ambiental.

2.1 O MEIO AMBIENTE HOJE

O meio ambiente, segundo Penteado (2001), refere-se a todos os aspectos naturais de um lugar, tais como ar, rochas, vegetação nativa e a fauna.

Porém, segunda a autora, esta afirmação trata-se de uma compreensão incompleta por alguns motivos, entre eles o fato de o homem de forma comumente ser excluído da fauna e diferenciado dos outros animais, por apresentar características peculiares como o poder de transformar a natureza, produzir objetos, criar ideias e significados para tudo isso, ou seja, o homem é capaz de produzir cultura.

Portanto, o ambiente em que vivemos tem a influência da cultura do homem, ou seja, tudo aquilo que o homem produz que vai de contraposição a natureza. Desta maneira, fica mais claro compreender as ações humanas que devem ser consideradas ecologicamente corretas, ou não, de maneira que venha ser útil a interferência ou não, pois os resultados da cultura humana têm grande abalo ao meio ambiente, e que de alguma forma ou outra resultará suas consequências de volta ao homem.

Como característica, do homem que produz cultura, temos:

A antropologia nasceu, afinal, perguntando-se sobre a transformação antrópica que diferentes sociedades produziram em seu ambiente, sobre a

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continuidade e diferença da espécie humana em relação aos demais seres vivos, e sobre o lugar da consciência na evolução social. (FOLADORI; TAKS, 2004, p. 323)

A visão antropológica do meio ambiente, como sugerem os autores, é uma ferramenta que deve ser compreendida, pois relevando tais conhecimentos pode-se vincular com mais êxito suas diretrizes por meio da relação que o homem exerceu com o meio ambiente no decorrer de sua história, trabalhando os caminhos da consciência, e como ela se faz importante em uma prática ambiental, por tudo que ela já criou ou destruiu na produção de cultura.

Com o crescimento acelerado da humanidade e suas dependências cada vez mais aguçadas sobre tecnologia, qualidade de vida, meios básicos de sobrevivência, Penteado (2001), esclarece que se criou uma sociedade cada vez mais produtiva, exigente e, ao mesmo tempo, destrutiva ao meio ambiente pelas modificações que a cultura humana acumulou com o passar do tempo. Em certo momento foi necessário questionar-se, devido à necessidade humana. Seria plausível sobrepor-se aos limites da sustentabilidade que o ambiente pode nos proporcionar.

Diante das expectativas deste trabalho, a primeira coisa a ser exposta com clareza é: em que meio ambiente nós vivemos atualmente? A autora, diz que as vésperas do século XXI as questões ambientais devem ser resolvidas de forma urgente, assegurando, assim, a vida do homem na Terra de maneira digna, saudável e produtiva, a autora se refere, ainda, que a leitura destas questões pela ciência, destaca o poder de devastação com as avarias e danificações causadas pelo homem.

“Na esteira desse pensamento, reconhecemos que o capital destrói, polui, agride e mercantiliza a vida, explora o meio ambiente e a atmosfera, ameaçando, assim, a sobrevivência do planeta”. (SANTOS, 2004, p. 23-24).

Essa abordagem se aplica às formas prejudiciais de convívio do ser humano com a natureza e suas relações irresponsáveis com a sustentabilidade do planeta e sua preservação, visando à produção e ao capital.

Diante desses aspectos, Bernardes e Ferreira (2003), ressaltam um dos principais problemas encontrados no meio ambiente hoje: a crise ambiental do

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século XX. Um dos mais importantes movimentos sociais dos últimos anos, no qual a política social e econômica sofreu grandes transformações de comportamento, a chamada “Revolução Ambiental”, teve início no final do século XIX, com mais força após a Segunda Guerra Mundial. Pela primeira vez, a visão de mundo foi mudada e a humanidade percebeu que os recursos naturais não são infinitos, e que o uso incorreto de tais recursos pode causar o fim de sua existência.

Com o início da consciência ambiental, a ciência e a tecnologia passaram a ser questionadas. “Questões como as mudanças climáticas e a redução da fertilidade humana exemplificam a crise e insustentabilidade desse modelo civilizatório que se expandiu por todo planeta”. (SORRENTINO, 2002, p. 17).

No trecho citado acima, o autor aponta as consequências da crise ambiental no cotidiano humano, principalmente em relação à saúde, pois a emissão de gases com elementos químicos agrava até mesmo a fertilidade humana e traz uma perspectiva negativa para a espécie, mesmo após todo questionamento previsto pela crise ambiental quase um século antes.

Bernardes e Ferreira (2003), afirmam que a crise ambiental do século XX trouxe uma nova maneira de pensar a preservação do meio ambiente, e a partir dela é que teve início então a tomada da consciência ambiental, trazendo novas formas de se viver ao lado desta crise que perpetua com voracidade os dias de hoje.

Aprofundando-se na questão do meio ambiente, Reigota (2001, p.14), nos diz que são várias as definições de meio ambiente, mas, no tocante à questão ambiental, sugere esta:

O lugar determinado ou percebido, onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído.

Assim, dentro da ideia do autor, o meio ambiente possui relações com o ser que o habita, interações que tomam o poder de manifestar o processo social. O processo social, assim como a cultura de determinada sociedade é uma modificação do meio ambiente em que ela vive, pois revelam ações de pensamento e de ação que interagem de acordo com as informações que o meio envia em troca.

Observando está questão, Layrargues (2001, p.140), afirma: “[...] meio ambiente não é sinônimo de natureza, e a problemática socioambiental não é

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sinônimo de desequilíbrio ecológico, a Educação Ambiental não é sinônimo de Ensino de Ecologia. ’’

Ao expor essa ideia, o autor revela o mal entendimento entre ensinar a ecologia e as estruturas naturais do planeta com Educação Ambiental e que problemas socioambientais não são iguais a desequilíbrio ecológico, pois tal problema, se refere ao ser humano com certo comodismo em relação as consequências da má utilização da interação com o ambiente em que vive.

Tavares (2013), exemplifica de forma objetiva as características de cada meio ambiente, o ambiente natural que não foi alterado pelas pessoas e são as estruturas naturais do planeta. Quando os espaços naturais são ocupados e transformados através das culturas e atividades de agricultura, pecuária, silvicultura, atividades primárias, aquelas que produzem alimentos para as pessoas, chamamos de ambiente rural.

E o ambiente urbano classificamos como as cidades e periferias e seus entornos.

2.2 CIDADANIA AMBIENTAL

Nascida na sociedade greco-romana, cidadania possui suas raízes na participação de cultos, onde a cidade venerava seus deuses, e dessa participação se garantia seus direitos civis e políticos, como afirma Oliveira e Guimarães (2004, p. 81).

O autor ainda explica que cidadão era denominado aquele que possuía a prática e seguia a religião da cidade, e que estrangeiros eram aqueles que não eram protegidos por seus deuses e não poderiam nem mesmo invocá-los. Não havia plena distinção entre a cidadania e a religião.

Atualmente, nas palavras do autor: “Ser cidadão, na concepção atual, significa ser participe da vida política como decorrência direta e imediata do acesso efetivo aos direitos fundamentais, sejam eles de primeira, de segunda ou de terceira dimensão”. (OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2004, p. 86).

Assim, o autor evidencia seu conceito baseado na participação da política como requisito ao acesso aos direitos fundamentais, assim deve-se entender que a

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participação é fruto do acesso à informação, requisito que se dá através do acesso à vida pública, ou seja, o exercício da democracia pelo regimento das normas que em escala piramidal fornecem instrumentos aos cidadãos.

Assim como o conceito de meio ambiente, cidadania possui uma extensa forma de teorias. Marshal (1967) apud Andrighetto (2010, p. 76), aponta uma dessas, como sendo uma forma de direitos civis e políticos. “Os direitos civis são caracterizados principalmente pela ideia de humanismo, sob o direito individualista de ir, vir, gozar, dispor, direito de igualdade e liberdade”. (ANDRIGHETTO, 2010, p. 76). A autora deixa claro a posição do homem no século XXI como sendo foco das opiniões sobre cidadania, sobre a busca por direitos relacionados ao homem como centro das discussões.

Com a chegada do novo século, segundo a autora, pode-se perceber além dessa preocupação com a posição do homem em relação ao seu meio, a importância das relações entre sociedade civil e cidadania, sendo que a primeira desfruta das relações harmoniosas ou não, e do engajamento de grupos sociais que ligados ao Poder Público, impulsionam as políticas públicas para exercer a cidadania, sempre baseado nas obrigações com o Estado e com a coletividade e nos direitos de cada cidadão.

Ao falarmos de cidadania, de maneira mais limitada, Ferraresi (2009), coloca que existe diferença entre nacional e cidadão, sendo que nacionalidade é a ligação do território estatal decorrente do nascimento ou naturalização e cidadão está mais ligado ao regime político. O autor faz essa comparação ao explicar a legitimidade de uma ação popular a qual precisa do Título Eleitoral para comprovar cidadania e poder propor tal ação.

Nesse sentido, conforme o autor, dar-se a entender que a cidadania é apenas possuir direitos políticos e poder votar, mas seria incompleta essa afirmação no entender de Lopes Filho et al. (2018), coloca que, ser cidadão é estar em comprometimento e ter responsabilidade com o próximo, estar ciente que pertence a sociedade e confiar nos atos do governo.

O autor explica, baseado no filosofo Aristóteles, que o ser humano busca atingir seu papel social seguindo caminhos que o levem a felicidade. Nesta linha de

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pensamento, o Estado deve garantir meios para que todo cidadão atinja esse objetivo de maneira igualitária, sem favorecer somente alguns, afirma o autor.

Sobre o conceito de cidadania no Brasil, Souza Neto e Barbosa (2009), relembram a evolução constitucional, onde a Constituição Nacional de 1824, em seu artigo 6º definia quem eram os “cidadãos brasileiros”, já a Constituição de 1891, no título IV, Secção I dispunha “Das qualidades do Cidadão Brazileiro’’ (sic). Algumas mudanças já surgem na Constituição de 1930, com a distinção entre os conceitos de cidadania, nacionalidade e naturalidade e que promulgada em 1988, a Constituição atual, se caracteriza com o título de Constituição Cidadã, garantindo o cidadão nos assuntos do Estado de maneira efetiva através de uma série de instrumentos jurídicos e políticos.

Maneia, Carmo e Krohling (2014), conforme expõem em um conceito relativamente simples, e amparado pela Carta de Direitos da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1948, que por sua vez possui base na Carta de Direitos dos Estados Unidos (1776) e da Revolução Francesa (1798), identificando que, cidadão é ter direito e deveres, sendo assim, cidadania é o ato de exercê-los na sociedade.

Os autores, ainda revelam que a ideia de obter apenas “os direitos” em relação a cidadania, esquecendo os deveres, está baseado em que todos são iguais perante a lei sem qualquer discriminação, possuem autonomia sobre seus corpos, sua vida, possui direito a um trabalho e um salário digno, a educação, saúde, habitação, lazer, etc.

Contudo, isso leva a falsa sensação de desobrigação do cidadão com o meio ambiente, visto que o Estado deve garantir seus direitos, como o meio ambiente ecologicamente equilibrado, assim, mesmo que a Constituição Federal, em seu art. 225, estabeleça que a preservação do meio ambiente é dever do Estado, é também da coletividade como mostra em seu caput (BRASIL, CRFB, 2020).

Colocam ainda que, todo cidadão deve ser protagonista da luta de seus direitos, atuando na sociedade como merecedor desses, sem esquecer seus deveres, ou seja, ter direitos significa atuar, e não somente receber.

Em diferente abordagem, ao depararmos com o conceito a seguir, vemos a seguinte definição: “Cidadania, em definição livre é o conjunto das liberdades,

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direitos e deveres sociais, políticos, ambientais e econômicos. Exercer a cidadania é agir respeitando essas liberdades e esses direitos e cumprir seus deveres”. (TAVARES, 2013, p. 17).

O autor afirma que todo cidadão possui uma liberdade condicionada ao cumprimento de direitos e deveres dentro da sociedade, o respeito a essas liberdades nos coloca a uma situação de ética social, assim como nos diz o trecho a seguir:

“A ética é categoria que se constrói historicamente e possui uma função relevante no comportamento humano, capaz de fortalecer os vínculos neste momento tão decisivo, no que diz respeito ao futuro do Planeta”. (GRUBBA; PELLENZ; DE BASTIANI, 2017, p. 12).

Sendo assim, devemos uma satisfação intrínseca ao próximo, ao mesmo tempo que exercemos nossos direitos civis, pois a utilização do meio ambiente é de uso comum a todos e sua fiscalização deve ultrapassar a responsabilidade das autoridades e atingir a coletividade, formando um “agir moral” e responsável, baseada no receio de desonra pública e no fortalecimento dos valores que nos unem como seres humanos.

De acordo com Pinsky (1999, p.19), de forma concreta, a cidadania pode ser definida como toda atitude que expresse consciência de pertinência e responsabilidade coletiva. Com isso o autor aponta fatores simples como atitudes do dia a dia, como não sujar as vias públicas com lixo, respeitar os pedestres, diminuir a poluição sonora, até fatores importantes, como o voto.

Pinsky (1999, p.19) nos fala:

Exigir direitos é parte da cidadania, mas respeitar os contratos sociais é sua contrapartida. Talvez por não fazermos a nossa parte ou não termos a consciência de pertencer a um coletivo é que somos tão condescendentes com irregularidades que acabam prejudicando todos.

Em relação ao que o autor fala, mostra que a individualidade em busca dos direitos deixa de lado as relações humanas, e a sensação de pertencimento a um grupo social, tornando distante a busca pela cidadania, pois a consciência coletiva é base para o exercício correto das relações na sociedade. Buscar direitos é prerrogativa de todo cidadão, tanto que a forma que buscamos esse direito, pode até mesmo beneficiar e garantir a proteção do meio ambiente.

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De acordo com Tavares (2013), pode até parecer estranho mais para exercer a cidadania o cidadão tem “o dever de exercer os seus direitos”, essa expressão forte indica que muitos cidadãos desconhecem a força que tem dentro da sociedade, sugerindo assim, que cada cidadão deve agir em comprometimento dos deveres e fazer respeitar, igualmente os seus direitos.

Dessa forma, todo cidadão deve exercer o, “direito”, de participar ativamente de conselhos, representar uma comunidade, uma associação em defesa do meio ambiente, da saúde e da educação, um exemplo disso é poder reclamar, denunciar atos, ações, programas, projetos, que não são colocados corretamente, em acordo com a lei e a legislação.

Ao falarmos de cidadania ambiental, segundo Tavares (2013), devemos considerar que a Constituição Federal de 1988, reserva a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e o dever de protegê-lo e preservá-lo para esta e futuras gerações. Portanto, a cidadania ambiental encontra base nesse contexto, com a criação de instrumentos jurídicos e sociais que garantam a sua efetividade.

Assim, o autor revela que para garantir o direito ao meio ambiente e cumprir o dever de defendê-lo, o cidadão deve utilizar-se de denúncias, reclamações, reivindicações, sugestões e elogios junto à comunidade.

Em relação a cidadania ambiental, todo cidadão tem direito: ao acesso à informação; à criação de associações e cooperativas, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; à reunião e às liberdades políticas e religiosas; e ao ambiente ecologicamente equilibrado, revela o autor.

O autor conclui também, todo cidadão tem o dever de: votar para escolher nossos governantes e nossos representantes nos poderes executivo e legislativo; cumprir as leis; defender e preservar o ambiente; proteger o patrimônio comunitário, o patrimônio público, social e cultural do país; e colaborar com as autoridades.

Utilizando seus direitos como um “dever de agir” em contexto com os seus deveres, o cidadão cria os caminhos necessários para o fortalecimento de uma cidadania ambiental, e utilizando a ética como ferramenta de fiscalização moral na sociedade, constrói-se a reflexão e o receio da taxação pública.

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A cidadania ambiental depende de vários fatores, sendo que, apenas votar e escolher seus governos não forma um cidadão completo, participação na vida pública é a chave da efetivação da preservação ambiental e a garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado e sustentável a futuras gerações.

Andrighetto (2010, p. 84), ao colocar o cidadão como consumidor, a autora expõe com cuidado a importância de distinguir um elo capitalista com as reais necessidades do cidadão. Por razões que incube as pessoas de necessidades além das práticas capitalista, mas com necessidades reais, conhecimento do mundo que os rodeia, experiências, adaptações e informações de convivência que adequam ao comportamento do cidadão a um rótulo de consumidor.

Para a autora o cidadão ecológico deveria ser “consumidor ecológico”, escolhendo de maneira correta os produtos que despertam a sua necessidade, sendo que a forma sustentável e em razão ao próximo, não deve ser negligenciada, dessa forma cabe uma conscientização que acerca sociedade, através da informação e da garantia da Educação Ambiental, a qual a autora considera crucial para a formação de indivíduos mais críticos e conscientes as causas ambientais.

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3 DIREITO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

No presente capítulo será abordado o conceito de Direito Ambiental, expondo a sua dimensão e grandeza jurídica já evidenciada na norma e suas relações que favorecem a construção da cidadania ambiental, através da análise dos principais princípios que regem o Direito Ambiental, bem como a legislação brasileira que mais comporta possibilidades do exercício da cidadania.

Assim, consequentemente, far-se-á a análise do caminho que estabelece aos cidadãos as possibilidades e garantias constitucionais que o elevam ao direito da tutela ambiental.

3.1 O QUE É DIREITO AMBIENTAL

Os modelos de evolução do Direito Ambiental, ficam melhor compreendidos nas palavras de Freitas (2005, p. 24):

O direito ambiental, apesar da evolução que o assunto vem experimentando nos últimos anos, não é totalmente aceito. Reluta-se em receber um ramo novo do Direito que se distingue de todos os demais. É que o Direito Ambiental, mesmo sendo autônomo, é dependente dos tradicionais ramos do Direito.

Assim o autor reafirma que não é possível seu estudo sem a relação direta de outras divisões do direito, como o direito constitucional, penal, administrativo e civil. Porém mais difícil ainda é compreende-lo como pedaços distintos dos ramos acima citado, pois seu progresso como ferramenta cidadã se dá pelo alto grau de importância pela qual o mundo vem passando em diferentes relações com o meio ambiente atual.

O autor revela que sua entrada no cenário mundial ganhou maior expressividade com a discussão sobre o tema na Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, em Estocolmo, Suécia em junho de 1972, onde o tema ganhou aporte mundial e uma visão acolhedora nas questões ambientais. Assim a relativa preocupação ganhou ações concretas e reformas nas constituições a partir da década de oitenta.

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Muitos estados, como diz o autor, não fizeram alterações nos seus textos constitucionais, porém, deram atenção especial ao tema ambiental. Assim, exemplificando, um dispositivo que dava atenção a proteção da saúde, poderia ser utilizado como ferramenta para proteção do meio ambiente. A análise dá-se pelo fato de que a saúde humana se conquista pelo meio ambiente saudável.

Dimensionar Direito Ambiental, equivale-se a grandeza de compará-lo ao conceito complexo do meio ambiente e de certa forma sujeito a sua grandeza, que segundo Antunes (2020, p. 1), em referência a Albert Einstein, como apontam, quando perguntado o que seria meio ambiente, a resposta foi “tudo que não seja eu”, nesse sentido, o Direito Ambiental se torna amplo demais e engloba toda atividade humana, sendo despropósito ao estudo em questão. Desta forma nota-se a complexidade em conceituar também todas as estruturas de estudo do Direito Ambiental, se baseados nessa teoria abordada.

Nesse sentido: “Direito Ambiental, é, portanto, a norma que, baseada no fato ambiental e no valor ético ambiental, estabelece os mecanismos normativos capazes de disciplinar as atividades humanas em relação ao meio ambiente”. (ANTUNES, 2020, p. 2).

O autor revela nesse trecho sobre os mecanismos normativos que estabelecem diretrizes e regulam a sociedade nas respectivas atividades humanas em relação ao meio ambiente e que a ética volta a formar a base na questão ambiental para estabelecimento dessas normas.

De acordo com Barbarulo (2013, p. 10),

É preciso dizer que o Direito Ambiental corresponde diretamente à proteção do meio ambiente, como anteriormente conceituado, e não pode ser visto sob o mesmo enfoque que os demais ramos tradicionais do Direito, visto que diz respeito à proteção de interesses pluri-individuais e supera as noções de interesse individual ou coletivo.

Nessa afirmação a autora se coloca a descrição de uma única função específica ao Direito Ambiental, em termos simples, a proteção do meio ambiente. Sua colocação deixa claro nesse trecho, que os interesses coletivos e individuais não se sobrepõem aos interesses pluri-individuais, ou seja, um direito juridicamente reconhecido onde uma parcela indeterminada de indivíduos beneficia-se desse direito, segunda a autora, como mostra a doutrina, são os interesses difusos.

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Rech, Marin e Augustin (2015, p. 12), explicam a importância de garantir os mecanismos para alcance dos propósitos nas demandas dos processos ambientais, pois a legislação ambiental deve garantir aquilo que já está efetivamente afirmado e reconhecido de forma abstrata, e é por isso, que se acredita ainda, em uma prestação judicial afetiva das demandas ambientais.

O autor enfatiza a importância da legislação ambiental no âmbito concreto, sem que percorram caminhos que desviem a sua efetiva execução.

Rech, Marin e Augustin (2015, p. 12), reafirmam:

Conquanto existente no ordenamento extensa e vasta legislação garantidora de proteção ambiental, essa legislação não se revela eficiente para a efetiva proteção do ambiente ecologicamente equilibrado. De um lado, a tensão existente entre os diferentes e antagônicos interesses de órgãos governamentais e dos setores produtivos; de outro, a natural discussão, que estabelece na aplicação das previsões legais acerca do trato da questão ambiental.

O trecho acima mostra a dificuldade e sobretudo a falta de preparo da coletividade e governamental no tocante a questão ambiental em suas variadas formas.

O setor produtivo e o interesse dos governos, dificultam o acesso e à plena realização das normas. Por outro lado, temos o empenho dos discursos ambientais que são base para a construção das normas e conscientização ambiental.

Sobre as Leis Ambientais Brasileira, Benjamin (1999) apud Matthes (2020, p. 21), mostra em uma abordagem bem elaborada, classificando as normas ambientais como mutáveis e em processo de constante evolução dentro de um processo histórico. Assim, a Legislação Ambiental Brasileira se divide em três períodos: Exploração desregrada, (período de 1500 a 1960) a qual predominou a conquista de novos territórios, sendo elas agrícolas, pecuárias ou minerarias. Nesse período, segundo o autor, a legislação se omitiu diante da concepção de propriedade privada deixando grandes lacunas na proteção do meio ambiente.

No segundo período chamado de: Exploração Fragmentária, (1960 a 1981) segundo o autor, houve uma preocupação com a utilização da grande oferta de recursos ambientais e não tanto com o meio ambiente, o controle legal de

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atividades exploratórias marcaram esse período, o utilitarismo e a fragmentação são bases desta teoria.

E na terceira fase, o autor coloca a: Exploração Holística (a partir de 1981), a qual encontramos os esforços atuais, o meio ambiente ganha proteção integral, como diz Benjamin (1999) apud Matthes (2020, p. 24), “como um sistema ecológico integrado”, mediante a utilização de instrumentos como, o licenciamento ambiental, o Estudo de Impacto Ambiental e o regime da responsabilidade civil objetiva”

Desta forma o autor complementa que desde o Período Imperial existem menções aos aspectos ambientais, porém nenhum com as características do meio ambiente como um direito humano, assim, o período holístico é o único que pode caracterizar-se como Direito Ambiental, antes disso apenas existiam regramentos nos âmbitos civil, penal e administrativos.

3.2 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

Segundo Antunes (2020, p. 40), os princípios do Direito Ambiental estabelecem poder de decisão somente em momentos em que se encontre inexistente a norma ou precedente judicial, visto que os princípios possuem divergências em sua aplicabilidade ao Direito Ambiental.

Em contraposição Beltrão (2014, p. 15), nos diz:

A função dos princípios no Direito evoluiu bastante, não se limitando mais a ser uma fonte secundaria, como normas subsidiarias, mera técnica para ser utilizada na colmatação de lacunas das normas jurídicas, originaria do Direito Civil. Os princípios foram publicizados, elevados ao status constitucional, passando a representar, no texto da Constituição Federal, as premissas de tudo o ordenamento jurídico.

O autor analisa a evolução dos princípios do Direito Ambiental, sua aplicabilidade, em seu ver, não se resume em utiliza-los em lacunas das normas, e sua representatividade no texto da Constituição Federal os tornam uma ferramenta concreta de uso no ordenamento jurídico.

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3.2.1 Princípio da dignidade da pessoa humana

De acordo com Antunes (2020, p.41), o homem é o centro das preocupações do Direito Ambiental, sua qualidade em torno da questão, garante viver em melhor harmonia na Terra com os outros elementos naturais e animais. Sendo assim, o homem encontra-se em posição superior conclui, pois possui capacidade de raciocínio e de transformação consciente dos elementos naturais.

Em desacordo com esse princípio, que até então sofre grandes críticas, pois coloca somente o homem como centro das preocupações na questão ambiental, sugere Sirvinskas (2009, p. 57), pois exclui outras formas de vida. Somente a visão antropocêntrica, pondo o homem como centro, está incompleta, e o cuidado com a visão biocêntrica merece destaque no meio ambiente ecologicamente equilibrado, refere-se o autor.

Silva (2017, p. 58), fala sobre a corrente ecocêntrica ou biocêntrica: ‘Considera o ser humano como mais um integrante do ecossistema, do todo, onde a fauna, a flora e a biodiversidade são merecedores de especial proteção e devem ter direitos semelhantes aos dos seres humanos’’.

O autor garante em sua fala além da explicação do conceito biocêntrico, a necessidade de especial proteção aos elementos que à incluem, porém, “especial proteção” pode sugerir apenas a inclusão desses elementos a teoria, ou efetivamente como deve ser feito, tutelar condições voltadas a inclusão da biodiversidade no princípio da dignidade da pessoa humana.

Dando continuidade, e em sua visão antropocêntrica, Fiorilo (2018, p. 115), “em outras linhas, visa a demonstrar qual é o objeto de proteção do meio ambiente, quando tratamos dos direitos humanos, pois toda ativi-dade, legiferante ou política, sobre qualquer tema ou obra deve levar em conta a preservação da vida e, principalmente, da sua qualidade. ”

O autor dignifica a figura humana como sendo o centro da busca pelo meio em equilíbrio ecológico. Em razão da importância da vida e sua qualidade, a proteção ambiental se discute sobre os degraus mais baixos da sociedade a qual, obviamente se tornam mais prejudicadas se o olhar protetor da norma jurídica ambiental for omissa. O acolhimento do ser humano em especial os grupos menos

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favorecidos pela real efetivação da legislação ambiental é o que contempla esse princípio.

3.2.2 Princípio do Desenvolvimento sustentável

Conforme Sirvinskas (2009, p. 57-58), em seu conceito sobre o tema, aponta que o “Termo desenvolvimento sustentável surgiu no final da década de 1970 e tomou relevo no Relatório de Brundtland - documento da ONU - em meados de 1980. Foi definitivamente consagrado na ECO-92, transformando-se em princípio. ”

O autor refere-se ao princípio como a conciliação entre o crescimento da economia com qualidade de vida e a racionalização dos recursos naturais, para melhor qualidade de vida.

O foco desse princípio de acordo com Furlan e Fracalossi (2011, p. 90), é garantir um meio ambiente sustentável para as futuras gerações, em compatibilidade com a exploração econômica. Dessa forma garantir de maneira racional recursos que são utilizados hoje a gerações futuras.

Antunes (2020, p. 41), teoriza que o maior nível de proteção ambiental está ligado ao nível máximo de bem-estar social e a renda populacional, sendo inegável a separação entre o avanço econômico e a sustentabilidade, como apontam as principais declarações internacionais, diz o autor.

Silva (2017, p. 56), caracteriza três vertentes a qual formam base “ao princípio do desenvolvimento sustentável; crescimento econômico, preservação ambiental e equidade social”. O autor frisa que as três vertentes precisam de cumprimento mútuo, uma delas ausente, caracteriza-se ineficiente o desenvolvimento sustentável.

Os mais importantes documentos produzidos sobre meio ambiente têm enfatizado a necessidade de mais crescimento econômico, mas com formas, conteúdos e usos sociais completamente modificados, com uma orientação no sentido das pessoas, da distribuição equitativa de renda e de técnicas de produção adequadas à preservação dos recursos. (SILVA,2017, p.57).

Nesse sentido o crescimento econômico deve ser incentivado como uma prática que abrace as questões sociais e libertem, o que se refere o autor, como

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“duplo nó” (miséria e aniquilação do meio ambiente), compreendendo que se faz necessário à distribuição correta de renda ao mesmo tempo que se preza pela proteção ambiental adotando procedimentos adequados.

Sirvinskas (2009, p.58), traz uma abordagem diferente, apontando que segundo críticos, o modelo (desenvolvimento e preservação ambiental) já está superada, porém, o que deve estar em foco, deve ser a (sustentabilidade com tecnologia) para benefício ambiental, pois a tomada de decisão sobre questões ambientais deve ser fundamentada já de início no que diz respeito à decisões

econômicas.

3.2.3 Princípio da Precaução

As condições que elencam esse princípio se originam, na cautela e na prevenção de situações, que quando desamparados por pesquisas científicas ou estudos prévios, impõe postura submetida a rigorosa análise dos possíveis danos ambientais, como diz Machado (2003, p. 56), em trazer a conhecimento o Princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro de 1992.

...de modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza cientifica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

Precaução, segundo o autor, é “cautela ou ação antecipada” à frente ao perigo ou ameaça iminente, a precaução é uma gerência entre a espera por informações que impulsionem a melhor conduta, no contexto temporal, é o momento entre a premência rápida de ação e o momento das modificações de condutas causadas pelos conhecimentos científicos.

Para Antunes (2020, p. 41), este princípio encontra-se em legalidade somente quando não tendo norma que a substitua e em total conciliação com o estudo de impactos ambientais de determinada área ou atividade econômica. Não se sobrepondo aos princípios fundamentais constitucionais.

Sendo assim, este princípio aplica-se na postura conservadora em relação as permissões e atitudes de serem desenvolvidas, afins de atividades

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econômicas. Neste princípio não se deve crer na incerteza, a prudência é a base a ser adotada na falta de estudos de impactos ambientais já conhecidos.

Diante da falta de um consenso mais completo sobre o Princípio da Precaução, Antunes (2020, p.45), revela aquilo que:

Ante a inexistência de um consenso a respeito do conteúdo concreto do princípio da precaução, há tendência à adoção de uma definição negativa do princípio, ou definição do que ele não é: “Para evitar mal-entendidos e confusões, é útil refletir sobre o que o PP não é. O PP não é baseado em ‘risco zero’, mas pretende alcançar riscos ou riscos mais baixos ou mais aceitáveis. Não é baseado em ansiedade ou emoção, mas é uma regra de decisão racional, baseado na ética, que tem como objetivo usar o melhor dos ‘sistemas de ciências’ de processos complexos para tomar decisões mais sábias.

Sendo assim, podemos completar o significado que nas palavras do autor mostram que a precaução não é uma forma absoluta de diminuir possíveis riscos ambientais, e sim, de impor restrições baseado no bom senso, e na ética.

3.2.4 Princípio da prevenção

Apoiado na convicção causado por certa atividade, o princípio da prevenção segundo Silva (2017, p.65), traz a certeza do que deve ser feito para evitar a degradação ambiental causada por certa atividade. Conhecendo os impactos em um cenário específico é possível estruturar estratégias de prevenção eficientes para minimizar ou eliminar os riscos ao meio ambiente.

O autor revela que tal princípio é a grande base do estudo de impacto ambiental no tocante a Constituição Federal. Sendo assim, o inciso IV do parágrafo 1º do artigo 225 da Constituição de 1988 traz:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: [...]

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (BRASIL, CRFB, 2020).

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A Constituição é clara em prever a necessidade de estudos prévios de impacto ambiental na implantação de obra ou atividade, assim, o instrumento que garante sua efetivação é o princípio da prevenção.

Milaré (2000, p.102-103), sobre prevenção, aponta em seu estudo, que é uma característica típica do Direito Ambiental, afinal não podemos reparar uma extinção de espécie da fauna, nem florestas centenárias, ou descontaminar o lençol freático pela má utilização de agrotóxicos, em termos claros, não se pode suprir. Assim o autor termina “com efeito, muitos danos ambientais são compensáveis, mas, sob a ótica da ciência e da técnica, irreparáveis” (MILARÉ,2000, p. 103).

Machado (2003, p. 74) garante que a prevenção está em constante movimento, é adequado atualizar-se e fazendo constantes reavaliações, garantindo a efetiva formulação das políticas ambientais que regem as ações do empreendedorismo da administração pública, legislativa e judiciária.

3.2.5 Princípio do usuário-pagador

De forma clara e objetiva este princípio como diz, Thomé (2017, p.73), “O princípio do usuário-pagador estabelece que o usuário de recursos naturais deve pagar por sua utilização.” Sendo assim, o autor acrescenta, a característica que este princípio carrega nos moldes da racionalização, que é evitar desperdício e proporcionar o uso correto da área natural.

De acordo com o autor, sendo os recursos naturais um bem da coletividade, é propriamente adequado, que haja uma compensação financeira para tal utilização, sendo importante lembrar que tal pagamento se restringe unicamente a uma permissão para utilização e não compensação financeira por uso indevido ou dano ocasionado, medida esta, que se confunde com o princípio do poluidor-pagador.

Esse princípio tem características que se assemelham ao do poluidor- pagador, porém para Milaré (2000, p.269-270), são diferentes e ao mesmo tempo se complementam diante da utilização dos recursos ambientais.

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Para o autor, desde que foi imposta as obrigações do poluidor, na Política Nacional do Meio Ambiente, pela Lei 6.938/1981, também se achou necessário que o usuário se contribui, caso sua utilização fosse para fins econômicos.

Dessa forma o autor revela, que são taxas e tarifas que os usuários de recursos naturais, pagam pelo seu uso, ou pelos serviços necessários, para garantir a qualidade do meio ambiente e não uma permissão, ou autorização para degradar os recursos naturais.

Por vez, “O poluidor que paga, é certo, não paga pelo direito de poluir: este “pagamento” representa muito mais uma sanção, tem caráter de punição e assemelha-se à obrigação de reparar o dano”. (MILARÉ,2000, p. 270).

Diante da colocação do autor, fica claro a diferença dos dois princípios, e a importância expressa pelo mesmo, de que a cerca da utilização de recursos do patrimônio ambiental, nacional, estadual e municipal, deixa claro o interesse social pelo tema, e a atividade que gera lucro em cima de tal usufruto, é mais que justo o pagamento, é necessário.

3.2.6 Princípio do poluidor-pagador

Tal princípio, Ramid e Ribeiro (1992, p. 4), fundamentado na Conferência do Rio /92, mostram em seu princípio13:

Os Estados devem desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros danos ambientais. Os Estados devem ainda cooperar de forma expedita e determinada para o desenvolvimento de normas de direito internacional ambiental relativas à responsabilidade e indenização por efeitos adversos de danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle.

Sendo assim, cabe ao Estado desenvolver legislação que onere o poluidor por sua irresponsabilidade e má conduta ao meio ambiente, independente da jurisdição do Estado e de seu poder de gerenciamento. A atuação deve ser em razão ao dano causado, quando falha a prevenção, e utiliza-se esse princípio como forma de disciplina ao cidadão que não pensa nas consequências, servindo de alerta, pois dos princípios, é o único que aplica a punição ao cidadão.

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Sirvinskas (2009, p. 62), revela que diante de ato de degradação ambiental o autor deve pagar pelo dano causado na forma mais ampla possível, lembrando que está à frente em nosso ordenamento, basta ser comprovado o dano realizado e sua autoria e nexo causal, independente de culpa ou não.

Mukai (2002, p. 38), revela que o mesmo princípio também chamado de princípio da responsabilização por alguns autores, traz embasado no art. 41 da Lei de Bases do Ambiente, como grande consequência a responsabilidade civil do poluidor, sempre que o mesmo produzir danos significativos ao meio ambiente.

Já o artigo14 da Lei 6.938/81. Inciso I, traz o seguinte texto:

Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios. (BRASIL, Lei nº 6.938, 2020).

O paragrafo1º da mesma lei, traz no seu texto: “Art.14 [...] § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros [...]” (BRASIL, Lei nº 6.938, 2020).

Assim, independentemente da existência de culpa, deve o poluidor reparar os danos causados pela má utilização dos recursos naturais, e em preocupação com meio ambiente, o princípio do poluidor-pagador, como diz Leite (2000, p.58), traz evidente resultado positivo, sendo que o mesmo garante maior precaução e prevenção, e seria óbvio que recursos naturais gratuitos trariam imensurável degradação ambiental.

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3.2.7 Princípio da Educação Ambiental

De relativa importância aos cidadãos, se tratando de esclarecer e envolve-los nas questões ambientais, Thomé (2017, p.80), nos fala que através do que está expresso na Constituição Federal em seu artigo 225 §1º, VI.

Vejamos o que diz a Constituição Federal:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...]

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL, CRFB, 2020).

A Constituição confia o poder da conscientização do cidadão a Educação Ambiental. Tamanha a importância dada a esse princípio que por vez, como diz o autor, também está infraconstitucionamente evidenciado na Política Nacional do Meio Ambiente pela Lei 6.938/81 artigo 2º, X, em que estabelece que a Educação Ambiental deve ser implantada em todos os níveis de ensino e principalmente na comunidade, que por sua mediação deverá resultar na participação ativa da coletividade, efeitos concretos de uma cidadania ambiental, onde tudo se origina pela conscientização ambiental que é o primeiro passo como vimos no caput da nossa constituição cidadã.

A educação sempre será uma forma de fiscalizar o Estado, que comumente pode ser omisso em relação a Educação Ambiental, que nesse caso pode ser previsto a prerrogativa ao cidadão em assumir a participação da sociedade na tutela ambiental, como citado no art.5º, inc, IV, da Lei 9.795/99 diz Thomé (2017, p. 81).

Milaré (2000, p. 226), explica que sob aspecto formal a Educação Ambiental se apresenta como o ensino nas escolas em todos os níveis de ensino. O processo de ensino-aprendizagem deve ser implantado de forma interdisciplinar como uma relação cooperativa entre as disciplinas e não como uma disciplina isolada refere-se o autor, embasado na Lei 9.795/99 art.10 §3º. “à Educação

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Ambiental não deve ser implantada como disciplina especifica no Currículo de Ensino” (BRASIL, Lei nº 9.795, 2020).

Segundo Branco (2003), para se trabalhar a Educação Ambiental nas escolas faz-se necessário a análise das condições: da escola, gestores, finalidades e metas do envolvimento com a construção do projeto pedagógico dos docentes, especialistas, comunidade e alunos, avaliação do caminho percorrido, e conscientização de todos para uma efetiva atuação, transformando o que está oculto, princípio básico do exercício pleno da cidadania.

De acordo com Penteado (2001), a educação voltada a informação e as práticas de vivenciação são dois recursos importantes do processo de ensino-aprendizagem voltados para o desenvolvimento da cidadania e consciência ambiental. Outro ponto importante levantado pela autora é que a escola é um local, dentre tantos outros, como o trabalho, a família, a igreja, etc., onde o corpo docente, discente e funcionários praticam sua cidadania, ou, de alguma forma vivenciam de acordo com seus direitos e deveres.

Com relação ao que Penteado (2001), revela no parágrafo anterior, trabalhando a Educação Ambiental na escola o aluno trabalha ao mesmo tempo a cidadania que é exercida desde o início do seu processo de ensino-aprendizagem, e através de vivências e informações relacionadas às questões metodológicas específicas, os alunos podem adquirir a autonomia necessária pra compreensão das questões ambientais que os envolvem, desencadeando assim indivíduos críticos e com opiniões voltadas à preservação ambiental.

Sob aspecto não formal, classificada como a educação fora do ambiente escolar, também conhecida como educação permanente, Milaré (2000, p.226-227), tem olhar acolhedor a educação voltada a comunidade em geral para o despertar da conscientização ambiental e sua aplicabilidade ao cidadão em buscar soluções aos problemas ambientais que está inserido.

Sensibilizar a coletividade através das práticas educativas, é o foco do artigo 13 caput da Lei 9.795/1999, Política Nacional da Educação Ambiental, isso garante relevante atuação nas questões ambientais e qualidade ao meio ambiente, como previsto nessa lei, a educação não formal, a que está inserida na sociedade, apresenta suas necessidades de atenção:

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Art. 13 [...]

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente;

II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal;

III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais;

IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;

V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;

VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; VII - o ecoturismo. (BRASIL, Lei nº 9.795, 2020).

Vários são os estímulos sociais que o legislador fundamentou neste trecho da lei, para a sociedade em si, como a divulgação em massa dos programas ambientais, a contribuição escolar e universitária em desenvolver conteúdos para a comunidade, sensibilizar a sociedade para as unidades de conservação e a importância da consciência ambiental na agricultura e ecoturismo.

Milaré (2000, p.226), lembra que o processo educativo deve ser realizado em conjunto com a comunidade e não para a comunidade, sendo que dentro da estrutura do processo ensino-aprendizagem o sujeito que recebera as informações é a pessoa e não o objeto de ação, que é o meio ambiente.

Assim, o autor, coloca como o meio ambiente brevemente em segundo plano, e foca as ações no poder de educar a pessoa, para assim então, desenvolvermos o senso crítico nessas populações, agregando valores indispensáveis para a conscientização ambiental, e o resultado prático se estabelece em uma sociedade participativa e comprometida com os valores ambientais e sustentáveis.

3.2.8 Princípio da participação

Aqui encontramos um dos princípios mais importantes deste trabalho, onde as ações do cidadão são concretizadas de fato em relação a tutela ambiental.

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De acordo com Oliveira e Guimarães (2004, p.10), o princípio da participação garante ao cidadão autonomia nas tomadas de decisões relativas as questões ambientais, e para sua efetivação a participação do cidadão deve ocorrer em vários níveis de decisões que geralmente são tomadas por funcionários públicos ou comissões.

A sociedade civil e Organizações não Governamentais (ONGs), devem ter participação real nas questões ambientais diz o autor, tais procedimentos que são tomadas pela grande maioria de votos do governo, e a participação cidadã serve apenas para legitimar decisões sobre os temas.

A inversão se faz necessário como diz Oliveira e Guimarães (2004, p.107), “A participação deve ocorrer, também, nas instâncias recursais da administração. Tais instâncias funcionam como um meio de fazer com que o Poder Público reveja seus atos, sem que seja necessário ingressar nas lides judiciais”.

O autor demonstra a forma correta de se alcançar caminhos para a cidadania ambiental, tendo em vista que a participação garante a possibilidade de ganho de tempo, evitando caminhos longos e desnecessários no meio judicial, se o caso for consentido de apoio do Poder Público em favor dos cidadãos, será garantido a eficiência nas questões ambientais e nos atos do cidadão.

O princípio da participação não é uma forma de limitar o poder decisório da Administração, mas tão-somente uma forma de fazer com que ela tenha uma ampla visão das opiniões de todos os interessados, a fim de que possa tomar a decisão administrativa de forma mais consentânea à realidade dos envolvidos. (OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2004, p. 108).

O autor expressa corretamente a ideia de inclusão da sociedade nas decisões da administração, e não as substituir e nem as modificar a qualquer forma conveniente, apenas estar a par daquilo que é interesse de todos, e questões de competência devem ser evitadas.

Thomé (2017, p.77), deixa explicito que tal princípio encontra-se no caput do art. 225 da Constituição Federal, o dever de defender e preservar o meio ambiente pelo Poder Público e por toda coletividade, evidenciando o poder que a sociedade tem diante das questões ambientais, fazendo-se incluir dentro das decisões, dos debates e apossando-se das ferramentas que garantam essa prerrogativa.

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O autor, exemplifica algumas opções que estão diante do cidadão que busca a cidadania ambiental:

Primeiramente, destaca-se a participação nos processos de criação do direito ambiental, com a iniciativa popular nos procedimentos legislativos, discussões por meio de audiência pública e a atuação de representantes da sociedade civil em órgãos dotados de poderes normativos e deliberativos (conselhos e comitês) (THOMÉ, 2017, p. 77).

A sociedade por intermédio, dos legisladores e seus conselhos e comissões destinadas ao debate, devem integrar suas manifestações e críticas para o melhor funcionamento do seu direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, garantido pela Constituição, sendo que essa participação faz a cada cidadão detentor do meio ambiente, que é um bem coletivo, exercendo seu papel no desenvolvimento da cidadania.

Em segunda abordagem, o autor coloca a importância da participação nas decisões e formulações das políticas ambientais, em representação por intermédio de representantes da sociedade civil, através de órgãos colegiados competentes em suas diretrizes, e até mesmo em discussões sobre os estudos de impacto ambiental em audiências abertas ao público em geral, e plebiscitos, este que é garantido pela constituição a todo cidadão.

Finalmente o autor apresenta as possibilidades por intermédio do Poder Judiciário que acomoda possibilidades juntamente com o Ministério Público, de utilizar-se do inquérito civil público e a ação civil pública ambiental entre outras.

3.3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA

De acordo com Barsano, Barbosa e Ibrahin (2014, p. 13), sobre a legislação ambiental brasileira:

A legislação ambiental brasileira é considerada uma das mais bem elaboradas e completas do mundo, graças às leis, aos decretos, às resoluções e aos demais regulamentos que tratam do assunto. Existe um apanhado bastante completo de leis e outras normas que definem as obrigações, responsabilidades e atribuições tanto dos empregadores e empregados quanto do Poder Público, nas várias esferas: federal, estadual e municipal.

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Os autores, elevam a legislação ambiental brasileira, pela sua fartura de regulamentações espalhadas nos diversos dispositivos encontrados nas normas do direito brasileiro. De acordo com os autores, todo corpo jurídico disponível está voltado a proteção da flora, a fauna, das reservas minerais, do solo, do ar e da água subterrâneas e superficiais.

3.3.1 Lei 6.938/1981. Política Nacional do Meio Ambiente

A política ambiental implantada nos governos, segundo Barsano, Barbosa e Ibrahin (2014, p. 118), segue a linha de um modelo de representação, utilizado pelos governos e empresas para tomar decisões e ações em relação as questões ambientais e aos recursos naturais. O autor garante que no Brasil a Política Nacional do Meio Ambiente surgiu como base para consolidar discussões que a anos estavam sendo deixadas de lado, em um passado pouco explorado na dialética ambiental.

A Política Nacional do Meio Ambiente possui em seus princípios:

Art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;

VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

VIII - recuperação de áreas degradadas; (BRASIL, Lei nº 6.938, 2020).

Na continuidade da referida lei, temos os seguintes princípios:

Art. 2º [...]

IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. (BRASIL, Lei nº 6.938, 2020).

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