Decomposi¸c˜
ao P
T
LU
A denominada decomposi¸c˜ao PTL U ´e um processo que pode ser extremamente ´util no
c´alculo computacional, na resolu¸c˜ao de sistemas de equa¸c˜oes lineares.
Propriedade 1 Seja A uma matriz do tipo m × n. Ent˜ao existem matrizes P , L e U tais
que
A = PTL U
em que P ´e uma matriz de permuta¸c˜ao de ordem m, L ´e uma matriz quadrada triangular
inferior de ordem m com elementos diagonais iguais a um e U ´e uma matriz em escada de linhas do tipo m × n.
Nota importante: U ´e a matriz condensada obtida no processo de condensa¸c˜ao da ma-triz A.
Gra¸cas a esta decomposi¸c˜ao, o sistema AX = b pode ser resolvido nos seguintes passos:
AX = b ⇔ PTL UX = b ⇔ P PTL UX = P b ⇔ L UX |{z} Y = P b ↑ ↑ ↑ A = PTL U PT = P−1 P PT = P P−1= I m
1. Resolver o sistema (triangular) L Y = P b ; 2. Resolver o sistema (condensado) U X = Y ;
A vantagem fundamental deste processo reside no facto de a resolu¸c˜ao de um sistema de equa¸c˜oes lineares com uma matriz A dos coeficientes qualquer poder ser feita `a custa da resolu¸c˜ao de um sistema triangular e de um sistema condensado (no caso particular de A ser quadrada, ent˜ao o sistema U X = Y ´e tamb´em um sistema triangular).
Por outro lado, a decomposi¸c˜ao PTL U ´e particularmente ´util em processos em que temos
que resolver um elevado n´umero de sistemas de equa¸c˜oes lineares com a mesma matriz dos coeficientes e em que apenas o vector dos termos independentes muda. Neste caso, para cada novo sistema, apenas temos que resolver um sistema triangular e um sistema condensado, uma vez que a decomposi¸c˜ao PTL U ´e sempre a mesma.
Seguidamente, apresentamos algumas defini¸c˜oes e propriedades, assim como os passos ne-cess´arios `a obten¸c˜ao da decomposi¸c˜ao PTL U de uma matriz:
Defini¸c˜ao 1 Chama-se matriz elementar de ordem n a uma matriz, habitualmente
denotada por Eij(α), com i, j = 1, 2, ..., n, i 6= j e α ∈R, que se obt´em da matriz identidade
de ordem n substitu´ındo o zero na posi¸c˜ao (i, j) por α.
Exemplos:
1. Nas matrizes de ordem 3, podemos considerar as seguintes matrizes elementares:
E21(−3) = −3 1 01 0 0 0 0 1 E31(2) = 1 0 00 1 0 2 0 1
2. Nas matrizes de ordem 4, podemos considerar as seguintes matrizes elementares:
E31(5) = 1 0 0 0 0 1 0 0 5 0 1 0 0 0 0 1 E43(−1 2) = 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 −1 2 1
Propriedade 2 Seja A uma matriz do tipo m × n.
1. O produto Eij(α) A corresponde a efectuar a opera¸c˜ao elementar por linhas Li ←
Li+ α Lj;
2. O produto A Eij(α) corresponde a efectuar a opera¸c˜ao elementar por colunas Cj ←
Cj + α Ci;
3. Eij(α)−1 = Eij(−α) .
Defini¸c˜ao 2 Chama-se matriz de permuta¸c˜ao de ordem n a uma matriz, habitual-mente denotada por Pij, com i, j = 1, 2, ..., n, i 6= j, que se obt´em da matriz identidade de
ordem n por troca das suas linhas i e j.
Exemplos:
1. Nas matrizes de ordem 3, podemos considerar as seguintes matrizes de permuta¸c˜ao:
P13 = 0 0 10 1 0 1 0 0 P23= 1 0 00 0 1 0 1 0
2. Nas matrizes de ordem 4, podemos considerar as seguintes matrizes de permuta¸c˜ao: P13 = 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 P24= 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0
Propriedade 3 Seja A uma matriz do tipo m × n.
1. O produto PijA corresponde a efectuar a opera¸c˜ao elementar por linhas Li ↔ Lj;
2. O produto A Pij corresponde a efectuar a opera¸c˜ao elementar por colunas Ci ↔ Cj;
3. PT
ij = Pij (ou seja, a matriz Pij ´e sim´etrica) e Pij−1 = Pij.
Observa¸c˜ao: Por 3, tem-se portanto P−1
ij = PijT .
De acordo com as defini¸c˜oes e propriedades apresentadas anteriormente, constata-se facil-mente que o processo de condensa¸c˜ao, que transforma uma matriz numa matriz em escada de linhas, pode ser descrito `a custa de multiplica¸c˜oes por matrizes elementares e por ma-trizes de permuta¸c˜ao.
Podemos ent˜ao escrever, sem perda de generalidade,
Ei1j1(α1) Ei2j2(α2) Pk1l1Ei3j3(α3) . . . Pk2l2Eimjm(αm) . . . PktltEipjp(αp) A = U
Atendendo a que Ei1j1(α1)−1 = Ei1j1(−α1), temos que
Ei2j2(α2) Pk1l1Ei3j3(α3) . . . Pk2l2Eimjm(αm) . . . PktltEipjp(αp) A = Ei1j1(−α1) U e ent˜ao tamb´em
Pk1l1Ei3j3(α3) . . . Pk2l2Eimjm(αm) . . . PktltEipjp(αp) A = Ei2j2(−α2) Ei1j1(−α1) U Uma vez que P−1
k1l1 = Pk1l1,
Ei3j3(α3) . . . Pk2l2Eimjm(αm) . . . PktltEipjp(αp) A = Pk1l1Ei2j2(−α2) Ei1j1(−α1) U e assim sucessivamente.
Este processo termina com
Sendo A uma matriz do tipo m × n, ´e poss´ıvel mostrar que se podem multiplicar as sucessivas matrizes elementares pelas matrizes de permuta¸c˜ao, de forma a obter
A = P|ktlt . . . P{zk2l2Pk1l}1 PT Eipjp(−αp) . . . Ei2j2(−α2) Ei1j1(−α1) | {z } L U
em que PT (de ordem m) se escreve como produto de matrizes de permuta¸c˜ao e L (de
or-dem m) se escreve como produto de matrizes elementares da forma Eij(α), com i > j, que
s˜ao matrizes triangulares inferiores com elementos diagonais iguais a um e cujo produto ´e tamb´em uma matriz triangular inferior com elementos diagonais iguais a um.
Tem-se ent˜ao
A = PTL U
Nota importante: PT = I
m se n˜ao houve trocas (de linhas ou colunas) no processo de
condensa¸c˜ao da matriz A. Exemplos:
1. Determinar a decomposi¸c˜ao PTL U da matriz A =
1 1 03 3 1 0 2 1 3×3 . Procedamos `a condensa¸c˜ao desta matriz:
A = 1 1 03 3 1 0 2 1 −→ L2 ← L2 − 3 L1 1 1 00 0 1 0 2 1 −→ L2 ↔ L3 1 1 00 2 1 0 0 1 = U Podemos ent˜ao concluir que
P23E21(−3) A = U
Ent˜ao
P23E21(−3) A = U ⇔ E21(−3) A = P23U ⇔ A = E21(3) P23U
↑ ↑
Portanto A = E21(3) P23U = 1 0 03 1 0 0 0 1 P23U = 1 0 03 0 1 0 1 0 | {z } Primeiro trocar colunas (2 e 3) U = P23 1 0 00 1 0 3 0 1 | {z } Depois trocar linhas (2 e 3) U Temos ent˜ao A = PTL U com PT = P 23 = 1 0 00 0 1 0 1 0 3×3 e L = 1 0 00 1 0 3 0 1 3×3 . 2. Resolver o sistema x + y = −1 3 x +3 y + z = 0 2 y + z = 5 , usando a decomposi¸c˜ao PTL U da
matriz dos coeficientes do sistema.
forma matricial x + y = −1 3 x +3 y + z = 0 2 y + z = 5 ⇔ 1 1 03 3 1 0 2 1 | {z } A × xy z | {z } X = −10 5 | {z } b
Observa¸c˜ao: A matriz A dos coeficientes do sistema ´e a matriz do exemplo anterior; tem-se portanto A = 1 0 00 0 1 0 1 0 | {z } PT(=P23) × 1 0 00 1 0 3 0 1 | {z } L × 1 1 00 2 1 0 0 1 | {z } U
Ent˜ao 1. Resolver o sistema L Y = P b L Y = P b ⇔ 1 0 00 1 0 3 0 1 × yy12 y3 = P23× −10 5 ⇔ y1 = −1 y2 = 5 3 y1 + y3 = 0 ⇔ y1 = −1 y2 = 5 y3 = 3 , ou seja, Y = −15 3 2. Resolver o sistema U X = Y U X = Y ⇔ 1 1 00 2 1 0 0 1 × xy z = −15 3 ⇔ x + y = −1 2 y + z = 5 z = 3 ⇔ x = −2 y = 1 z = 3 , ou seja, X = −21 3
O sistema ´e portanto poss´ıvel determinado e tem como solu¸c˜ao X = −21
3 .
C´alculo de A−1 usando a decomposi¸c˜ao PTL U de A
n×n (regular):
A = PTL U = P−1L U ⇒ A−1 = (P−1L U )−1 = U−1L−1P
↑
PT = P−1
Caso particular: Se n˜ao houve trocas (de linhas ou colunas) no processo de condensa¸c˜ao,
PT = I
n e tem-se