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PODER JUDICIÁRIO SÃO PAULO

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Academic year: 2021

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PODER JUDICIÁRIO

SÃO PAULO

SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL Décima Câmara

APELAÇÃO SEM REVISÃO Nº 529.852-0/7 - SÃO BERNARDO DO CAMPO

Apelante: José Martins Fernandes

Apelado : Instituto Nacional do Seguro Social

ACIDENTE DO TRABALHO. HÉRNIA DE DISCO. Constatada pela perícia a moléstia e evidenciada sua ligação com as exigências do trabalho desempenhado pelo obreiro, cabível é a prestação acidentária.

Voto nº 3.748

Visto.

JOSÉ MARTINS FERNANDES ingressou com Ação de Prestações por Acidente do Trabalho contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, qualificação e caracteres das partes nos autos, alegando trabalhar na Ford do Brasil Ltda. desde 21/3/74 e, que, em razão das agressividades do trabalho “... realizando esforços físicos repetitivos com os membros superiores (...) tornou-se portador de hérnia de disco lombar em L5-S1 ...”(folha 1).

Formalizada a angularidade, o INSS contestou a ação. Houve encarte de laudo pelo Perito Judicial, que foi subscrito pelo Assistente Técnico do INSS, e criticado pelo Assistente Técnico do Apelante que juntou outro laudo. Em audiência, inviável a conciliação, foram travados os debates. Seguiu-se a entrega da prestação jurisdicional julgando improcedente a pretensão.

JOSÉ MARTINS FERNANDES recorreu. Persegue a reforma da decisão, deduzindo, em síntese:

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a natureza laboral da lesão lombar apresentada pelo Autor, em vista da evidência da agressividade das condições de trabalho, não se concordando com a opinião isolada do Médico Perito, defasado com as demais opiniões médicas ...” (Folha 113).

O INSS contrariou as razões sustentando o acerto da decisão. A PROMOTORIA DE JUSTIÇA e a PROCURADORIA DE JUSTIÇA inferiram pelo não provimento do recurso.

O julgamento foi suspenso para exame médico e vistoria no local de trabalho, com nomeação de Perita. O Apelado indicou Assistente Técnico. Eles apresentaram laudos distintos, aquela, inclusive, de vistoria. O Apelante concordou com o laudo da Perita Judicial. O Apelado (INSS) deixou transcorrer in albis o prazo para manifestação. A Procuradoria de Justiça opinou pelo não provimento do recurso.

É o relatório, adotado no mais o da r. sentença.

Há nos autos documento comprovando o diagnóstico de protrusão discal como doença profissional em 29 de julho de 1996, embora com a afirmação “sem seqüelas indenizáveis”, circunstância que autoriza o reconhecimento do nexo causal entre ela e o trabalho que foi exercido pelo segurado.

O documento expedido pelo Apelado (INSS), firmado por Carla Giovanna Braggion, Agente Administrativo, revela:

“Diagnóstico: Protusão1 discal L4-Ls e Ls-S1. Avaliado por (...) Médico Perito do INSS. Caracterizado como doença profissional em 29.7.96 ...” (folha 58).

O Segurado é portador de protrusões discais difusas em L3-L4, L4-L5 e L5-S1. Consignou a Perita, sobre o exame físico, que ele apresentou redução dos movimentos “... a nível lombar com

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manobra de Lasègue (+) à D ...”(folha 149). Na tomografia computadorizada foram constatadas protrusões discais com compressão do saco dural, “... que denota sofrimento a este nível ...” (folha 149). Concluiu a digna Perita:

“... há incapacidade para o exercício da função do Autor, entretanto não se trata de Autor inválido, podendo exercer outras funções do mesmo nível de complexidade” (folha 149).

“Protrusão discal”.

“Essa patologia é originária da expansão do anel fibroso discal além dos limites ósseos do corpo vertebral, o que pode chegar a comprimir elementos de raízes motoras ou sensitivas que emanam da medula, causando sintomas semelhantes à hérnia discal.

Nesses casos não é o núcleo pulposo, mas o próprio anel discal, o elemento compressivo. Não é ainda hérnia discal, mas um estado do disco que precede a eclosão herniária.

Essa expansão discal ocorre em razão de um achatamento do disco, devido à carga suportada pela coluna sobre os discos em processo degenerativo. A obesidade e a faixa etária são condições predisponentes, sendo os esforços físicos e posições antiergonômicas do segmento vertebral, como hábito laboral continuado, causas desencadeantes” (folhas 148/149).

Realizada a diligência, intimado, o INSS deixou transcorrer in albis o prazo para impugnar ou não os laudos médico e de vistoria. Esse comportamento, diante dos elementos constantes do processo, contribui para formação da convicção.

O laudo pericial firmado pela Perita encontra-se subsidiado por outro, de vistoria, e pelos demais elementos constantes dos autos. Supera com propriedade o parecer firmado pelo Assistente Técnico do Apelado, que concluiu “... Não faz jus ao Auxílio Acidente,

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tendo em vista não apresentar ao exame físico restrições para a movimentação normal ...”(folha 159).

A hérnia discal lombar tem característica própria. Um traumatismo agudo ou crônico dá origem à ruptura do anel e a conseqüente expulsão do núcleo pulposo de sua posição central, deslocando-se, em geral de forma lateral, onde comprime as raízes nervosas, surgindo a patologia dolorosa chamada "hérnia discal", ou "hérnia de disco" que, conforme a localização pode ser cervical, dorsal ou lombar. Mais da metade dos casos de hérnia discal lombar é conseqüência de um traumatismo agudo ou crônico da coluna lombar.

“Entende-se por hérnia discal a protrusão do núcleo pulposo, através de lesão do anel fibroso que o circunda.

Essa ruptura pode se dar sob ação de trauma único, como um esforço considerável, por exemplo, ou, por ação de traumas continuados, ainda que não intensos, incidentes em disco que se apresente com processo degenerativo, em razão de desidratação e conseqüente espoliação bioquímica.

O núcleo pulposo assim protruído, dependendo de sua localização, poderá comprimir raízes nervosas. Em geral, as protrusões são posteriores e, assim, as compressões podem ser causa de ciáticas e outros sintomas como a cervicobraquialgia se o comprometimento é a nível cervical, baixo.

Em se tratando de infortunística do trabalho, deve-se considerar as possibilidades causais entre as quais pode se encontrar:

a)- Uma ação traumática propriamente dita.

b)- Um ato laborativo de aspecto especial que se denomina esforço.

c)- Uma ação habitual, freqüentemente repetida, diretamente ligada ao trabalho.

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d)- Uma atividade profissional especial (...)

PROTRUSÃO DISCAL

Essa patologia é originária da expansão do anel fibroso discal além dos limites ósseos do carpo vertebral, o que pode chegar a comprimir elementos de raízes motoras ou sensitivas que emanam da medula, causando sintomas semelhantes a hérnia discal.

Nesses casos não é o núcleo pulposo, mas o próprio anel discal o elemento compressivo. Não é ainda hérnia discal, mas um estado do disco que precede a eclosão herniária.

Essa expansão discal ocorre em razão de um achatamento do disco, devido a carga suportada pela coluna sobre os discos em processo degenerativo. A obesidade e a faixa etária são condições predisponentes, sendo os esforços físicos e posições antiergonômicas do segmento vertebral, como hábito laboral continuado, causas desencadeantes 2”.

Constatada pela perícia a moléstia e evidenciada sua ligação com as exigências do trabalho desempenhado pelo obreiro, cabível é a prestação acidentária.

“Admissível a concessão de benefício conferido ao obreiro em face de ser portador de hérnia de disco adquirida na vigência do pacto laboratício 3”.

Em face ao exposto, dá-se provimento ao recurso, julga-se procedente o pedido e condena-se o INSS aos pagamentos de:

1- Auxílio acidente de 50% sobre o salário de benefício, a partir do dia seguinte ao da alta médica (29.7.96 - folhas 7 e 58).

2 - Irineu Antonio Pedrotti, “Doenças Profissionais ou do Trabalho”, Ed. Leud, 1998, págs 82 e 83.

3 - 2º TACivSP - Ap. s/ Rev. 503.361 - 1ª Câm. - Rel. Juiz MAGNO ARAÚJO - J. 15.12.97. No mesmo sentido: Ap. s/ Rev. 524.725 - 12ª Câm. - Rel. Juiz RIBEIRO DA SILVA - J. 20.8.98; Ap. s/ Rev.

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2- Abono anual.

3- Juros de mora, devidos desde a citação, contados englobadamente até essa data, sobre as prestações vencidas anteriormente e, depois incidindo de forma decrescente, mês a mês.

4- Despesas em reembolso.

5- Honorários de Advogado de 15% sobre as parcelas vencidas até a data da r. sentença de primeiro grau e mais doze vincendas.

6- A atualização se fará na seguinte forma: a partir de julho de 1996 incide o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna - artigo 8º da Medida Provisória nº 1.415/96) até o que for determinado pela legislação posterior.

Cada critério se aplicará ao período da sua vigência, sem que o mais recente implique inobservância do anterior. O total assim apurado será convertido em UFIR, nos termos do artigo 18, da Lei nº 8.870/94. Esse o critério de atualização que atenta à legislação de regência e à jurisprudência predominante.

IRINEU PEDROTTI Relator

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