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Projeto Oásis São Paulo

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Academic year: 2021

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Projeto Oásis

São Paulo

RESUMO EXECUTIVO

Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

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TÍTULO DO PROJETO

Projeto Oásis – Conservar a Natureza para proteger a vida

APRESENTAÇÃO

O Projeto Oásis visa a fortalecer a proteção de remanescentes de Floresta Atlântica e ecossistemas associados na Área de Proteção aos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, especificamente na bacia hidrográfica da represa de Guarapiranga, e nas Áreas de Proteção Ambiental municipais do Capivari-Monos e Bororé-Colônia, abrangendo uma região de aproximadamente 82 mil hectares. As ações deste projeto contribuem com a manutenção a longo prazo de um manancial estratégico para esta metrópole, que abastece quase 4 milhões de pessoas. É de conhecimento geral que São Paulo enfrenta um risco crescente de colapso do sistema de abastecimento de água, e a perda de um manancial como o da Guarapiranga terá custos econômicos e sociais altíssimos para toda a região metropolitana.

O objetivo geral do projeto é a constituição de um modelo integrado de conservação de áreas naturais particulares, associado à aplicação de princípios de manejo de áreas naturais que garantam o equilíbrio hidrológico destes mananciais. Em conseqüência, espera-se contribuir decisivamente para a produção de água de boa qualidade, acarretando menores custos de tratamento para potabilidade.

A linha mestra do projeto é o apoio técnico e financeiro à conservação de áreas naturais em propriedades particulares, destinado a proprietários que se comprometam a conservar estes remanescentes, por intermédio de contratos de “premiação por serviços ambientais”. Desta forma foi implantado um mecanismo inovador de pagamento por serviços ecossistêmicos, que contribui com a proteção dos mananciais da maior região metropolitana da América do Sul. Serviços ecossistêmicos podem ser definidos como os benefícios gerados pelo funcionamento dos ecossistemas naturais, tendo valor indireto e de difícil mensuração. Estes serviços, como a produção de água doce, produção de oxigênio, proteção do solo, regulação do clima, captação de carbono atmosférico, polinização, são insubstituíveis em escala mundial e fundamentais para a manutenção da vida no planeta.

As atividades principais deste projeto são: 1) a seleção de áreas a serem protegidas; 2) o diagnóstico e a valoração ambiental dos remanescentes naturais das propriedades; 3) o estabelecimento de contratos de “premiação por serviços ambientais” entre a Fundação Grupo Boticário e os proprietários; e, 4) o monitoramento ambiental das áreas protegidas.

A Fundação Grupo Boticário atua há mais de 4 anos na região, e já desenvolveu as bases conceituais deste projeto, tais como: a) Criação de um modelo de valoração ambiental de áreas naturais para fins de proteção de mananciais (Índice de Valoração de Mananciais – IVM); b) Levantamento fundiário e identificação de áreas prioritárias para criação de reservas particulares; c) Construção de parcerias com órgãos governamentais (SABESP, Secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo-SP, Conselho da APA Capivari-Monos, Subprefeitura de Parelheiros- Prefeitura de São Paulo-SP, Ministério Público Federal) e organizações não-governamentais. A região atualmente conta com cerca de 1.300 ha de terras protegidas por parques estaduais, municipais e Reservas Particulares do Patrimônio Natural, que totaliza menos de 1,5% da área abrangida pelo projeto.

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OBJETIVO GERAL

Proteção de mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, pela implementação de um modelo integrado de conservação de áreas naturais particulares, aplicando um mecanismo inovador de pagamento por serviços ambientais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Implantação de um novo mecanismo de conservação de terras privadas que estabeleça um sistema de pagamento por serviços ecossistêmicos;

2) Contribuição para a manutenção da qualidade de água nas propriedades apoiadas;

3) Contribuição direta para construção de políticas públicas relacionadas à proteção de mananciais;

4) Divulgação do projeto estimulando a replicação dos mecanismos implementados.

ÁREA DE ABRANGÊNCIA

O Projeto Oásis abrange porções dos municípios de São Paulo, Itapecerica da Serra, Embu, São Lourenço da Serra, Cotia e Juquitiba e a totalidade do município de Embu-Guaçu (anexo 1). A área de atuação do projeto é de aproximadamente 82 mil hectares.

JUSTIFICATIVA

A Floresta Atlântica está entre os cinco ecossistemas dotados de maior diversidade biológica do planeta, mas também é considerado um dos mais ameaçados. De uma área original de cerca de 1,5 milhões de km2, restam atualmente apenas 91 mil km2 (7% da

extensão original). Além de sua enorme biodiversidade, a Floresta Atlântica tem papel fundamental na conservação dos mananciais de água que abastecem metrópoles brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro. Porém, as áreas urbanas continuam avançando sobre os remanescentes naturais, principalmente através de ocupações irregulares. Em conseqüência dessas mudanças de uso do solo, os rios sofrem com erosão, assoreamento, poluição por esgotos, e outros fatores de degradação, o que se reflete na piora de qualidade dos cursos d’água e consequentemente das represas de abastecimento público alimentadas por estes.

A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) possui uma baixa disponibilidade hídrica natural e uma altíssima demanda de abastecimento de água. Existe uma forte dependência de abastecimento de água da represa de Guarapiranga (que recebe uma significativa contribuição hídrica da represa Billings), sendo que este reservatório abastece quase 4 milhões de pessoas, principalmente do município de São Paulo. Em 1976 foi instituída por lei a Área de Proteção aos Mananciais da RMSP, abrangendo, entre outras, as bacias de Guarapiranga e Billings. Visava-se com esta legislação regular o uso do solo nesta região de forma a manter os processos naturais que garantissem a produção de água potável, a custos razoáveis. A despeito disso, desde a década de 70 desenvolveu-se um processo de mudança de uso do solo desordenada e sem critérios, que não respeitou as diretrizes das leis de proteção aos mananciais da RMSP, principalmente por falta de políticas públicas de

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fiscalização ou de incentivo à conservação dos mananciais. Em suma, os mecanismos públicos atuais de proteção das áreas de mananciais não se mostraram efetivos, apesar de importantes medidas neste sentido terem sido recentemente implantadas pelo Poder Público (lei específica da Guarapiranga, programa de fiscalização integrada dos mananciais, criação de Áreas de Proteção Ambiental, etc).

Em contrapartida, existem exemplos bem sucedidos de proteção dos mananciais através da conservação das características naturais das bacias produtoras de água para abastecimento público. Um caso notável é o da cidade de Nova York: toda água fornecida aos seus 9 milhões de habitantes é proveniente das bacias hidrográficas de Catskills, Delaware e Croton, onde as florestas constituem 75% da cobertura do solo. No fim da década de 80, a Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) estabeleceu que a água de todas as cidades americanas deveria ser tratada por métodos químicos, a não ser que condições naturais garantissem a pureza da água estabelecida. Em 1997 foi estabelecido por esta agência, pelo governo do estado e pela prefeitura de Nova York o “Watershed Agreement” (Acordo de Bacias Hidrográficas). Este acordo tem como linhas mestras: a) o incentivo a práticas de manejo das propriedades em mananciais que favoreçam a diminuição da poluição dos corpos hídricos; b) a aquisição de terras pela prefeitura; e c) a criação de “conservation easements”, contratos nos quais os proprietários voluntariamente limitam o uso de certas áreas de suas propriedades de forma a conservar seus aspectos naturais, recebendo benefícios financeiros em troca deste compromisso. Os gastos previstos num horizonte de dez anos com a implantação desse acordo estão estimados em US$ 1 a 1,5 bilhão de dólares, enquanto que seriam necessários cerca de US$ 6 a 8 bilhões, mais US$ 350 milhões anuais de custos operacionais para a instalação de uma estação de tratamento de água para atender a população de Nova York.

Se as bacias dos rios que fornecem água às represas Guarapiranga e Billings continuarem perdendo sua cobertura vegetal original, estes mananciais correm o risco de se tornarem operacionalmente inviáveis devido aos severos graus de poluição decorrente e aos altos custos de tratamento, comprometendo o fornecimento de água limpa para milhões de habitantes de São Paulo e municípios vizinhos. Frente a esse quadro preocupante, é preciso incentivar e implementar a conservação de florestas e várzeas nestes mananciais com ações complementares às políticas públicas de proteção aos recursos hídricos. Em decorrência disso é que o Projeto Oásis se baseia no compromisso com proprietários da região em conservar estas áreas naturais em troca de apoio técnico e financeiro para o manejo voltado à conservação das mesmas. Dessa forma, pretende-se prestar uma contribuição significativa para garantir a continuidade do abastecimento de água potável da represa de Guarapiranga, o principal reservatório dentro da região metropolitana de São Paulo.

Mais do que uma ação única, o projeto visa ser uma referência para iniciativas semelhantes em outras regiões brasileiras.

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ESTRATÉGIA DE AÇÃO

1) Definição de regiões prioritárias para o desenvolvimento do projeto

Para definir as localidades onde o projeto foi iniciado, a área total do projeto foi dividida em 28 sub-bacias, e estas foram agrupadas em 3 níveis de prioridade, de acordo com o seu grau de conservação e de contribuição para a produção hídrica, destacando os seguintes itens: a) fornecimento de água para Guarapiranga; b) maior produção hídrica e maior fragilidade ambiental; c) entorno de unidades de conservação de proteção integral; e, d) maiores índices de cobertura vegetal e menores índices de urbanização.

2) Divulgação do projeto

O Projeto Oásis foi lançado oficialmente em um evento realizado na FGV-SP em 03/10/2006, e vem sendo divulgado por meio de várias inserções em mídia impressa e eletrônica. Esta divulgação visa atingir dois públicos específicos:

a) Proprietários de áreas naturais na região de abrangência do projeto comprometidos efetivamente com a conservação destas e interessados em receber apoio financeiro e técnico para tal;

b) Tomadores de decisão tais como representantes de órgãos governamentais, organizações não-governamentais, empresas privadas, imprensa e outros, visando-se estimular estes atores a também se envolverem no projeto, por intermédio de parcerias técnicas, doação de recursos, e outras formas de participação.

3) Parcerias

Por ser um projeto inovador para a realidade brasileira e por envolver muitos atores, o Projeto Oásis baseia-se na construção de parcerias e alianças no sentido de legitimar a metodologia aplicada ao mesmo tempo em que mobiliza esforços para a conservação dos mananciais. Esse esforço de relacionamento é orientado em dois sentidos: cooperação técnica e captação de recursos.

Na questão de cooperação técnica, a idéia é agregar novos conhecimentos e perspectivas com vistas a fortalecer a metodologia. Ao mesmo tempo essa interação permite a difusão dos conceitos e o fomento de iniciativas semelhantes em diferentes regiões do país. Seguindo um plano específico de captação de recursos para o Projeto Oásis, vem sendo realizado um trabalho de prospecção de potenciais doadores, com vistas a garantir a destinação de recursos aos proprietários na forma de premiação por serviços ecossistêmicos, de acordo com as metas e prazos definidos.

4) Cadastramento de proprietários interessados

Os proprietários que entram em contato com a equipe do Projeto Oásis manifestando interesse em participar do projeto são cadastrados em um banco de dados, para fins de análise preliminar de enquadramento dos mesmos nas prerrogativas do projeto. São registradas neste banco as características gerais de suas propriedades, tais como área total, área conservada, localização, além dos dados pessoais dos interessados.

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5) Avaliação e classificação das propriedades candidatas à premiação

Os proprietários cadastrados são avaliados primeiramente quanto a: 1) localização na área de abrangência do projeto; 2) localização nas sub-bacias prioritárias; e, 3) existência de área mínima (2 ha) com características naturais na propriedade.

Atendidos os critérios básicos, são realizados levantamentos ambientais secundários com base em imagens de satélite, fotografias aéreas e bases cartográficas para registro de características como tamanho dos fragmentos vegetacionais, rede de drenagem, conectividade com outras áreas naturais, entre outras.

Paralelamente à avaliação secundária, é realizada a análise da documentação fundiária dessas áreas pelo escritório Losso, Tomasetti & Leonardo Sociedade de Advogados, que faz esse serviço voluntariamente.

Aprovada a documentação fundiária, é elaborada uma lista hierarquizada de propriedades candidatas à premiação, que classifica as mesmas com base na análise das respectivas características físicas e ecológicas, avaliadas secundariamente e in loco, definindo a linha de base de cada área para o contrato de premiação por serviços ecossistêmicos. Estas informações são processadas em um modelo de cálculo desenvolvido pela Fundação Grupo Boticário, chamado de Índice de Valoração de Mananciais - IVM. O resultado desta análise indica o grau de contribuição que a conservação das áreas naturais de cada propriedade pode gerar para a manutenção da qualidade ambiental da região de mananciais que é abrangida pelo projeto.

6) Elaboração dos contratos de “premiação de áreas naturais”

Para geração de um valor de referência para o apoio financeiro à conservação de cada área natural com base em dados de STROBEL et al., 2006, RANZINI, M., et al. 2004, SÃO PAULO, 2006, , SMA, 2007, CONSTANZA et al., 1997, e SMITH, M. et al., 2006 foi desenvolvida uma metodologia que define um valor de referência para o pagamento por hectare/ano. Esse valor foi referenciado nos serviços prestados pela área natural preservada em relação ao: i) armazenamento de água (R$99,00/ha/ano); ii) manutenção da qualidade da água (R$75,00/ha/ano); e, iii) controle de erosão (R$196,00/ha/ano), totalizando o valor de R$370,00/hectare/ano.

Após a geração desse valor de apoio financeiro à conservação de cada área natural, usa-se o resultado do IVM (0-1) como multiplicador de referência para pagamento. Com este valor se procederá um trabalho de negociação com o proprietário para definir: a) a modalidade de contrato (de acordo com a documentação do imóvel); e, b) as características do contrato (obrigações e especificidades). Foi desenvolvido um modelo de contrato específico para premiação pelos serviços ecossistêmicos das áreas naturais, adequado às peculiaridades deste projeto. Como referência, adotou-se uma duração de contrato de 5 anos com pagamentos semestrais mediante monitoramento.

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7) Registro legal dos contratos

O contrato é registrado no cartório de imóveis da comarca competente. Este registro garante a validade legal dos contratos, sendo que o descumprimento das obrigações contratuais por uma das partes acarretará as penalidades previstas em cada contrato.

8) Seleção das propriedades a serem premiadas

Após a verificação do montante de recursos disponíveis para premiação, é realizada a pré-seleção de um conjunto de propriedades, conforme sua classificação e adequação aos recursos existentes. Os recursos disponíveis custeiam todo o período de premiação (5 anos) do conjunto de propriedades indicadas.

A seleção final é realizada após consulta aos proprietários, confirmando-se o interesse do proprietário e o prévio aceite do mesmo às condições do projeto.

9) Orientação técnica aos proprietários das áreas apoiadas

Com base nas premissas do projeto, a Fundação Grupo Boticário transmite conceitos de manejo conservacionista para as propriedades participantes do projeto. Esta orientação técnica é realizada por meio de reuniões e visitas aos proprietários, e serve para reforçar os conceitos do projeto, esclarecer dúvidas dos proprietários e receber contribuições dos mesmos para a melhoria dos processos.

10) Monitoramento ambiental das áreas apoiadas

Para avaliar a efetividade de conservação das áreas naturais apoiadas, e a aplicação das técnicas de manejo transferidas aos proprietários, todas as áreas naturais são avaliadas semestralmente, a partir da vigência dos contratos. A linha de base gerada pela análise ambiental de cada área, que descreve as características ambientais encontradas no início do contrato, servirá de referência para a verificação da manutenção ou melhoria das condições de conservação das áreas naturais fomentadas.

11) Divulgação dos conceitos e das experiências do projeto

Todas as informações do Projeto Oásis relativas aos seus conceitos, objetivos, metodologia, resultados, e análises são disseminadas através da participação em eventos relacionados ao tema, e publicações, que terão caráter de divulgação, mas principalmente de referência para o desenvolvimento ou aperfeiçoamento de outras ações similares.

A utilização e eventual publicação deste material estão sujeitas à aprovação por escrito dos autores.

Responsáveis pelo Projeto:

André Rocha Ferreti, Carlos Krieck e Renato Atanazio E-mail: projetooasis@fundacaoboticario.org.br Telefone: (41) 3340-2646 e 3340-2648

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Referências

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