R
EDET
EMÁTICA EME
NGENHARIA DEM
ATERIAISUFOP – CETEC – UEMG
Dissertação de Mestrado
"Desenvolvimento de um
software
para levantamento de
características de reação ao fogo dos materiais de uso
comum: carga de incêndio"
Autora: Sandra Arlinda Santiago Maciel
Orientador: Prof. Antônio Maria Claret de Gouveia, DSc
Co-Orientador: Prof. Ronaldo Silva Trindade, MSc
1 INTRODU ¸C ˜AO 13
2 OBJETIVOS 14
2.1 OBJETIVO GERAL . . . 14
2.2 OBJETIVOS ESPEC´IFICOS . . . 15
3 JUSTIFICATIVA 15 4 REVIS ˜AO DA LITERATURA 17 4.1 FOGO . . . 17
4.1.1 Defini¸c˜ao de fogo . . . 18
4.1.2 Representa¸c˜ao gr´afica do fogo . . . 19
4.2 INCˆENDIO . . . 20
4.2.1 Causas de Incˆendio . . . 20
4.2.2 Fatores que influenciam o incˆendio . . . 21
4.2.3 Classifica¸c˜ao dos Incˆendios . . . 22
4.2.4 Fases de um incˆendio . . . 23
5 REA ¸C ˜AO AO FOGO 25 5.1 ASPECTOS LEGAIS E NORMALIZADORES . . . 26
5.1.3 Instru¸c˜oes T´ecnicas do Corpo de Bombeiros Militar de
minas Gerais – CBMMG sobre Carga de Incˆendio . . . 31
5.2 CARGA DE INCˆENDIO . . . 32
5.2.1 Carga de incˆendio espec´ıfica . . . 32
5.2.2 Procedimentos para determina¸c˜ao da carga de Incˆendio 33
5.2.3 Potencial Calor´ıfico dos materiais . . . 34
5.2.4 Medi¸c˜ao Direta da Carga de Incˆendio . . . 35
5.2.5 Incˆendio controlado pela Carga de Incˆendio . . . 41
5.2.6 Classifica¸c˜ao dos Incˆendios pela Carga de Incˆendio . . . 42
5.2.7 Classifica¸c˜ao do Risco quanto a Carga de Incˆendio . . . 43
6 CARACTER´ISTICAS DA CIDADE COLONIAL DE OURO
PRETO 44
7 INCˆENDIOS EM OURO PRETO 48
8 AN ´ALISE DE RISCO DE INCˆENDIO EM S´ITIOS HIST ´
O-RICOS 55
9 O LEVANTAMENTO NO BAIRRO ANT ˆONIO DIAS 63
10.1.1 Programa¸c˜ao estruturada (PE) . . . 66
10.1.2 Programa¸c˜ao modular ou procedural . . . 67
10.1.3 Programa¸c˜ao Orientada a Objetos (POO) . . . 67
11 PROGRAMA ¸C ˜AO ORIENTADA A OBJETOS(OO) 67 11.1 AN ´ALISE OO . . . 69
11.2 CONCEITOS . . . 70
11.2.1 Tipos B´asicos de Objetos . . . 71
12 LINGUAGEM DE PROGRAMA ¸C ˜AO 73 12.1 DELPHI . . . 74
13 METODOLOGIA 74 13.1 ETAPA 1 – LEVANTAMENTO DE DADOS . . . 75
13.2 ETAPA 2 – AN ´ALISE OO . . . 75
13.3 ETAPA 3 – MODELAGEM OO . . . 76
13.4 ETAPA 4 – PROGRAMA ¸C ˜AO OO . . . 76
13.5 ETAPA 5 – APLICA ¸C ˜AO . . . 84
14.1.2 Edifica¸c˜ao . . . 86
14.1.3 Pavimento . . . 87
14.1.4 Cˆomodo . . . 88
14.1.5 Objeto (real) . . . 89
14.1.6 Regras de neg´ocio . . . 89
14.1.7 Relat´orios . . . 89
14.2 PROGRAMA ¸C ˜AO . . . 90
14.3 APLICA ¸C ˜AO . . . 90
15 CONCLUS ˜AO 100 16 CONSIDERA ¸C ˜OES FINAIS 101 17 ANEXOS 106 17.1 ANEXO A . . . 106
17.2 Anexo B . . . 107
17.3 ANEXO C . . . 108
17.4 ANEXO D . . . 109
17.5 ANEXO E . . . 110
17.8 ANEXO H . . . 113
17.9 ANEXO I . . . 114
17.10ANEXO J . . . 115
17.11ANEXO K . . . 116
17.12ANEXO L . . . 117
17.13ANEXO M . . . 118
17.14ANEXO N . . . 119
17.15ANEXO O . . . 141
17.16ANEXO P . . . 153
17.17ANEXO Q . . . 160
17.18ANEXO R . . . 178
Lista de Figuras
1 Triˆangulo do Fogo . . . 20
2 Fases de um incˆendio . . . 24
3 Incˆendio no edif´ıcio Andraus . . . 28
4 Incˆendio no edif´ıcio Joelma . . . 28
5 Ouro Preto/MG . . . 46
6 Flagrante do incˆendio do F´orum em 1950 . . . 51
7 Pr´edio restaurado ap´os o incˆendio de 1967 . . . 51
8 Pr´edio restaurado ap´os o incˆendio de 1977 . . . 52
9 Incˆendio no pr´edio do Pil˜ao . . . 53
10 Incˆendio no Rep´ublica Estudantil Baviera . . . 54
11 Levantamento de dados . . . 59
12 Densidades de carga de incˆendio e fatores de risco . . . 61
13 Mapa do bairro Antˆonio Dias, com indica¸c˜ao das edifica¸c˜oes que compuseram o levantamento da carga de incˆendio . . . 64
14 Diagrama de classe Pavimento . . . 76
15 Diagrama de classe Geral . . . 85
16 Diagrama de classe Edifica¸c˜ao . . . 86
18 Diagrama de classe Cˆomodo . . . 88
19 Diagrama de classe Objeto . . . 89
20 Tela de abertura - apresenta¸c˜ao dosoftware CCI . . . 91
21 Tela que permite escolher uma edifica¸c˜ao j´a cadastrada . . . . 92
22 Tela para entrada de dados gerais da edifica¸c˜ao, nova ou
ante-riormente cadastrada - suas dimens˜oes, distˆancias com rela¸c˜ao
`as edifica¸c˜oes vizinhas e cadastro de pavimentos . . . 93
23 Tela para entrada das dimens˜oes por pavimento(s) o que
per-mite cadastro de pisos com diferentes dimens˜oes de p´e-direito . 94
24 Tela para entrada de(s) cˆomodo(s) - cadastro de nome e sua
especialidade de acordo com tabela de carga de incˆencio
espe-c´ıfica por ocupa¸c˜ao (anexo A) . . . 94
25 Tela para entrada de dados do(s) comodo(s) - dimen˜oes e
po-si¸c˜ao em rela¸c˜ao a um ponto da edifica¸c˜ao escolhido para ser
o inicial para que possa ser elaborada um croqui da edifica¸c˜ao 95
26 Tela para cadastro de objeto(s) real(is) . . . 95
27 Tela para entrada de dados do(s) objeto(s) real(is) - dimens˜oes,
material, massa espec´ıfica para determina¸c˜ao de seu volume e
de sua carga de incˆendio . . . 96
28 Tela para cadastro de dados no banco de dados de materiais
-nome e potencial calor´ıfico . . . 96
30 Tela para solicitar que seja gerado relat´orio da aplica¸c˜ao no
formato HTML . . . 97
31 Tela de ajuda ao usu´ario contendo t´opicos: de descri¸c˜ao do
software;a respeito da entrada de dados; orientando como
ge-rar relat´orios e com os principais conceitos sobre carga de
in-cˆendio . . . 98
32 Relat´orio HTML . . . 99
33 Exemplo de cargas de incˆendio espec´ıfica por ocupa¸c˜ao . . . . 106
34 Metodologia para medi¸c˜ao direta de carga de incˆendio . . . 107
35 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao ´unico
compartimento . . . 108
36 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
compartimentos parte 1 . . . 109
37 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
compartimentos parte 2 . . . 110
38 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
compartimentos parte 3 . . . 111
39 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
compartimentos parte 4 . . . 112
40 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
41 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
compartimentos parte 6 . . . 114
42 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
compartimentos partes 7 e 8 . . . 115
43 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
compartimentos parte 9 . . . 116
44 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
compartimentos parte 10 . . . 117
45 Exemplo de c´alculo de carga de incˆendio - edifica¸c˜ao v´arios
Lista de Tabelas
1 Componentes do fogo . . . 19
2 Classifica¸c˜ao das edifica¸c˜oes e ´areas de risco quanto `a carga
incˆendio . . . 31
3 Comparativo entre v´arios levantamentos para carga de
incˆen-dio espec´ıfica . . . 36
4 Valores de densidade de carga de incˆendio para escrit´orios . . 38
5 Cargas de incˆendio espec´ıficas publicadas - ocupa¸c˜oes
residen-ciais . . . 40
6 Compara¸c˜ao com valores apresentados pela Norma Brasileira . 41
7 Classifica¸c˜ao do Risco quanto a Carga de Incˆendio . . . 43
Resumo
A densidade de carga de incˆendio ´e um dos parˆametros essenciais
ao modelamento de incˆendio em uma edifica¸c˜ao. No Brasil, as
car-gas de incˆendio por ocupa¸c˜ao s˜ao definidas nos regulamentos p´ublicos
tendo como base medi¸c˜oes realizadas em pa´ıses estrangeiros de
costu-mes e climas diferentes. Medi¸c˜oes locais de carga de incˆendio foram
feitas pioneiramente em Belo Horizonte e em Ouro Preto a partir de
iniciativas do Laborat´orio de An´alise de Riscos em Incˆendio (LARin),
UFOP. O processo de medi¸c˜ao direta da carga de incˆendio ´e muito
trabalhoso, uma vez que compreende a pesagem de todos os
mate-riais combust´ıveis existentes em um ambiente e a sua caracteriza¸c˜ao
quanto ao poder calor´ıfico. Nesse trabalho, a constru¸c˜ao de um
soft-ware para otimizar o processo de determina¸c˜ao da carga de incˆendio
em edifica¸c˜oes brasileiras ´e descrito. O software C.C.I. (C´alculo da
Carga de Incˆendio), baseado em programa¸c˜ao orientada a objetos, ´e
desenvolvido com o emprego do editor de modelos Delphi 7.0 que ´e o
ambiente visual para a linguagemObject Pascale utiliza a metodologia
de cria¸c˜ao de classes. O banco de dados ´e alimentado com resultados
dos levantamentos diretos j´a realizados em Ouro Preto. Exemplos de
ABSTRACT
The density of fire load is one of the essential parameters for modeling
of fire in a building. In Brazil, the loads of fire by occupation are defined
in the regulations public based on measurements made in foreign countries,
customs and different climates. Measurements of local load of fire were made
pioneer in Belo Horizonte and in Ouro Preto from initiatives of the laboratory
analysis of risks in Fire (LARin), UFOP. The process of direct measurement
of the load of fire is too much work, once you understand the weighing of all
combustible materials in an existing environment and its characterization as
the calorific value. In this work, the construction of a software to optimize
the process of determining load of fire in Brazilian buildings is described.
The software C.C.I. (Calculation of load Fire), based on the object-oriented
programming, is developed with the job of editor of models that Delphi 7.0 is
the visual environment for the language Object Pascal and uses the
metho-dology of creating classes. The database is fed with direct results of surveys
1
INTRODU ¸
C ˜
AO
O incˆendio pode ser descrito por meio de sua severidade, que ´e a medida
dos efeitos do incˆendio sobre as edifica¸c˜oes, os usu´arios e o meio ambiente.
A severidade pode ser associada `a m´axima temperatura desenvolvida em um
incˆendio.
A temperatura m´axima de um incˆendio se eleva com o aumento da carga
de incˆendio espec´ıfica, tamb´em chamada de densidade de carga de incˆendio,
e com o aumento do grau de ventila¸c˜ao. A dura¸c˜ao do incˆendio cresce com
o aumento da carga de incˆendio espec´ıfica e diminui com o aumento do grau
de ventila¸c˜ao (ASSIS,2001 apud ARA´UJO, 2004).
A dura¸c˜ao do incˆendio e sua severidade dependem da densidade da carga
de incˆendio, portanto, a pesquisa de tal densidade para os diversos usos
e ocupa¸c˜oes das edifica¸c˜oes ´e uma atividade importante na Engenharia de
Incˆendio.
De acordo com Claret(2004) a medi¸c˜ao da carga de incˆendio (Q) em MJ
´e feita mediante pesagem dos diferentes materiais combust´ıveis, cujo poder
calor´ıfico (Hc) deve ser conhecido. A densidade da carga de incˆendio, dada
em MJ/m2
, ´e o resultado da divis˜ao da carga de incˆendio total pela ´area de
piso do compartimento.
A carga de incˆendio pode ser fixa, isto ´e, incorporada `a pr´opria edifica¸c˜ao
ou do tipo m´ovel que ´e uma fun¸c˜ao direta e imediata de sua ocupa¸c˜ao. O
somat´orio das cargas de incˆendio fixa e m´ovel, denominado carga de
Normalmente a carga de incˆendio m´ovel ´e respons´avel pela maior parcela da
carga de incˆendio total das edifica¸c˜oes (ASSIS,2001apud ARA´UJO, 2004).
A t´ecnica de Programa¸c˜ao Orientada a Objetos permite criar
progra-mas componentizados, separando as partes do sistema por responsabilidade
e fazendo com que essas partes se comuniquem entre si por meio de
mensa-gens. Nas t´ecnicas de programa¸c˜ao tradicionais, geralmente n˜ao h´a separa¸c˜ao
entre propriedades e a¸c˜oes, causando dependˆencias enormes no sistema e
di-ficultando futuras manuten¸c˜oes no c´odigo do programa (CARMO, acesso em
17/09/2006 `as 22h).
Osoftwarebaseado em programa¸c˜ao orientada a objeto desenvolvido com
o emprego do editor de modelos Delphi 7.0 que, ´e o ambiente visual para a
linguagemObject Pascal e utiliza a Teoria da Classifica¸c˜ao. O banco de dados
´e alimentado com os resultados dos levantamentos diretos j´a realizados em
Ouro Preto.
2
OBJETIVOS
2.1
OBJETIVO GERAL
Desenvolver e aplicar um software (C.C.I. - C´alculo da Carga de
In-cˆendio), para determinar a carga de incˆendio, embasado na programa¸c˜ao
2.2
OBJETIVOS ESPEC´IFICOS
• Consolidar e avaliar os dados dispon´ıveis de levantamentos manuais
de carga de incˆendio, realizados no Bairro Antˆonio Dias, na cidade
hist´orica de Ouro Preto, Minas Gerais.
• Classificar e definir os objetos a serem aplicados na programa¸c˜ao
ori-entada a objetos.
• Definir a modelagem orientada a objetos das classes envolvidas no
pro-blema em quest˜ao.
• Desenvolver o software C.C.I. (C´alculo da Carga de Incˆendio) com a
programa¸c˜ao orientada a objetos para as classes modeladas.
• Aplicar o software C.C.I.
3
JUSTIFICATIVA
Conhecer as caracter´ısticas de rea¸c˜ao ao fogo dos materiais de uso comum
´e de suma importˆancia para atuar na preven¸c˜ao e combate ao incˆendio, de
modo especial das edifica¸c˜oes situadas em s´ıtios hist´oricos brasileiros devido
`as suas condi¸c˜oes desfavor´aveis no combate ao incˆendio.
Nessas cidades, as edifica¸c˜oes de maior interesse de preserva¸c˜ao
geral-mente s˜ao geminadas, constru´ıdas com materiais vulner´aveis ao fogo e
aglo-meradas em ruas estreitas. Igrejas e edif´ıcios p´ublicos de maior porte possuem
quais n˜ao se pode admitir que o fogo sequer comece, pois um combate eficaz
do incˆendio contribuiria na destrui¸c˜ao das obras de arte (ALVES, 2003).
Embasado no M´etodo Gretener de Avalia¸c˜ao de Risco de Incˆendio,
adap-tado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP/MG), sob a
coorde-na¸c˜ao do Prof. Antˆonio Maria Claret de Gouveia, aplicado `a cidade de Ouro
Preto, foi criada a Instru¸c˜ao T´ecnica –35 sobre Seguran¸ca contra Incˆendio
em Edifica¸c˜oes Hist´oricas, que contemplou a necessidade da determina¸c˜ao por
medi¸c˜ao direta da densidade da carga de incˆendio em uma edifica¸c˜ao, uma
vez que os valores estabelecidos na Instru¸c˜ao T´ecnica no.09, em seu Anexo A,
n˜ao condizem com a realidade das caracter´ısticas construtivas e de ocupa¸c˜ao
de tais edifica¸c˜oes.
Por meio de uma metodologia aplicada `a cidade de Ouro Preto para
avalia¸c˜ao do risco global de incˆendio em cidades tombadas e suas formas
de preven¸c˜ao, prote¸c˜ao e combate, durante o desenvolvimento dos
c´alcu-los, de modo especial os de cargas de incˆendio, verificou-se a necessidade de
desenvolvimento de uma ferramenta computacional capaz de conter um
ex-tenso banco de dados que auxiliasse nos c´alculo dos volumes do mobili´ario
(ARA´UJO, 2004).
Mediante a necessidade de se determinar o fator de risco quanto `a
densi-dade de carga de incˆendio por medi¸c˜ao direta foi desenvolvido um software
para levantamento de caracter´ısticas de rea¸c˜ao ao fogo dos materiais de uso
comum: carga de incˆendio.
Devido `a extens˜ao do banco de dados do software foi viabilizada a
compara¸c˜ao com valores normatizados pela norma prescritiva e emiss˜ao de
relat´orio para complementa¸c˜ao de laudos t´ecnicos. Al´em disso, poder´a
contri-buir com a otimiza¸c˜ao do trabalho de profissionais ligados `a ´area de atua¸c˜ao
da Engenharia de Incˆendio e estudos futuros sobre caracter´ısticas de rea¸c˜ao
ao fogo dos materiais de uso comum.
4
REVIS ˜
AO DA LITERATURA
4.1
FOGO
O fogo sempre se constituiu num elemento de grande significado para o
homem. Antes do modo de produzi-lo e control´a-lo ter sido descoberto, por
seu surgimento ocorrer apenas naturalmente, por exemplo, em
conseq¨uˆen-cia da erup¸c˜ao de vulc˜oes, o fogo provocava verdadeiro terror no homem.
Durante muitos s´eculos, sua ocorrˆencia era atribu´ıda aos deuses.
Mais adiante, o homem encontrou a utilidade para o fogo atrav´es da luz
que era produzida ao seu redor e calor que transmitia ao corpo, na coc¸c˜ao
dos alimentos e para afugentar animais ferozes. Ent˜ao, o controle do fogo
passou a ser tarefa muito importante, sendo motivo de disputa entre grupos
de selvagens.
A disputa pela posse do fogo s´o terminou quando o homem aprendeu a
produzi-lo. Segundo Gomes(1998), como isso aconteceu n˜ao se sabe ao certo.
A verdade ´e que chegaram ao mesmo fim por dois caminhos diferentes: pelo
centelhamento, causado pelo choque, ou forte atrito entre pedras ou pela
introduzido num buraco de igual diˆametro estando este rodeado de folhas
secas e gravetos secos.
Enquanto o homem viveu nas cavernas, o risco de incˆendio n˜ao existiu.
No entanto, com a vivˆencia em comunidade, nas cabanas constru´ıdas com
galhos, troncos e folhas de ´arvores secas, a falha no controle do fogo fez
surgir o incˆendio. O primeiro agente extintor empregado foi a ´agua. Foram
utilizadas tamb´em a areia, a terra e mantas de animais e, com a evolu¸c˜ao no
combate ao fogo, tubos feitos com couro de animais.
A partir da comprova¸c˜ao de Antoine Lavoisier de que uma substˆancia,
um corpo submetido `a a¸c˜ao do fogo, sofre uma rea¸c˜ao qu´ımica que d´a origem
`a forma¸c˜ao de novos corpos, sem que tenha sido criado ou perdido outro
material, os pesquisadores voltaram suas aten¸c˜oes para os aspectos
f´ısico-qu´ımicos do fenˆomeno da queima ou combust˜ao. (GOMES, 1998).
De acordo com Seito et al(2008), o estudo do fogo como ciˆencia tem
pouco mais de vinte anos, com a cria¸c˜ao de uma associa¸c˜ao internacional que
reuniu cientistas dos maiores institutos e universidades do mundo.
4.1.1 Defini¸c˜ao de fogo
De acordo com a Instru¸c˜ao T´ecnica no.02 do CBMSP o fogo ´e um
fenˆo-meno f´ısico-qu´ımico onde se tem lugar uma rea¸c˜ao de oxida¸c˜ao com emiss˜ao
de calor e luz. No entanto, para realiza¸c˜ao desse fenˆomeno devem coexistir
Tabela 1: Componentes do fogo
Componente do fogo Conceito
Combust´ıvel Qualquer substˆancia capaz de produzir calor por
meio da rea¸c˜ao qu´ımica
Comburente
(oxigˆe-nio)
Substˆancia que alimenta a rea¸c˜ao qu´ımica
Calor Forma de energia que se transfere de um sistema
para o outro em virtude de uma diferen¸ca de
tem-peratura
Esses componentes do fogo constituem o que se denomina representa¸c˜ao
gr´afica do fogo.
4.1.2 Representa¸c˜ao gr´afica do fogo
A representa¸c˜ao gr´afica do fogo, figura 1, explica os meios de extin¸c˜ao do
fogo pela retirada do combust´ıvel, do comburente ou do calor por meio do
Triˆangulo do Fogo como apresentado na figura geom´etrica plana.
De acordo com a interpreta¸c˜ao desta figura geom´etrica plana, os trˆes
elementos que comp˜oem cada lado do triˆangulo - combust´ıvel, comburente e
Figura 1: Triˆangulo do Fogo
Fonte CLARET, 2006, p.11
4.2
INCˆ
ENDIO
O incˆendio pode ser definido como o fogo indesejado ou ainda como o
fogo sem controle. (CBMMG, 1990a) (IT no.
02 do CBMMG).
Al´em disso, define-se incˆendio segundo a NBR 13.860(1997) como o fogo
fora de control.
4.2.1 Causas de Incˆendio
De acordo com Gomes(1998), o incˆendio pode surgir por diversas raz˜oes,
• causas fortuitas – ponta de cigarro ou f´osforo incandescente, largada no
cesto ou lata de lixo; tomada el´etrica sobrecarregada; pano impregnado
com ´alcool, ´eter, gasolina, cera, querosene e outros inflam´aveis,
guar-dados sem o menor cuidado; fio el´etrico energizado, sem isolamento
ou desprotegido, em contato com papel, tecido ou qualquer material
combust´ıvel; equipamento el´etrico funcionando irregularmente,
apre-sentando alta temperatura e/ou centelhamento.
• causas acidentais – vazamento de l´ıquido inflam´avel em ´area de risco;
concentra¸c˜ao de g´as inflam´avel em ´area confinada; curto circuito em
aparelho el´etrico energizado ou em fia¸c˜ao n˜ao isolada adequadamente;
combust˜ao espontˆanea; eletricidade est´atica.
Ainda, de acordo com Ara´ujo(2004), as Instru¸c˜oes T´ecnicas apresentadas
pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, o incˆendio pode ter causas
naturais ou artificiais. As causas naturais s˜ao decorrentes de fenˆomenos da
natureza e se dividem em natureza f´ısico-qu´ımica, por exemplo vulc˜oes,
ter-remotos, raios, etc e de natureza biol´ogica tais como os incˆendios decorrentes
do aumento da temperatura devido `a fermenta¸c˜ao e `a a¸c˜ao degradativa das
bact´erias.
4.2.2 Fatores que influenciam o incˆendio
Segundo Seito et al(2008), dentre os v´arios fatores que concorrem para
in´ıcio e desenvolvimento de um incˆendio, pode-se citar:
• superf´ıcie espec´ıfica dos materiais combust´ıveis envolvidos,
• distribui¸c˜ao dos materiais combust´ıveis no local,
• quantidade de material combust´ıvel incorporado ou tempor´ario,
• caracter´ısticas de queima dos materiais envolvidos,
• local do in´ıcio do incˆendio no ambiente.
• condi¸c˜oes clim´aticas (temperatura e umidade relativa),
• aberturas de ventila¸c˜ao do ambiente,
• aberturas entre ambientes para a propaga¸c˜ao do incˆendio,
• projeto arquitetˆonico do ambiente e/ou edif´ıcio,
• medidas de preven¸c˜ao de incˆendio existentes,
• medidas de prote¸c˜ao contra incˆendio instaladas.
Dentre esses fatores, determinar˜ao o crescimento do incˆendio: o primeiro
item ignizado, as caracter´ısticas do comportamento ao fogo dos materiais na
proximidade do item ignizado e sua distribui¸c˜ao no ambiente.
4.2.3 Classifica¸c˜ao dos Incˆendios
Para a Preven¸c˜ao Contra Incˆendio, basicamente, pode-se classificar os
incˆendios pela natureza e pela quantidade dos materiais combust´ıveis1
exis-tentes nas ´areas a serem protegidas. (GOMES, 1998).
1
Para Gomes (2001)apud Ara´ujo(2004) , quanto `a natureza dos materiais
combust´ıveis, os incˆendios se classificam em:
• incˆendios da Classe A – fogo em s´olidos combust´ıveis mais comuns e de
f´acil combust˜ao, tais como papel, algod˜ao, madeira, tecidos e
simila-res. S˜ao aqueles cujo combust´ıvel queima em superf´ıcie e profundidade,
deixando res´ıduos s´olidos (cinza) ap´os a queima.
• incˆendios da Classe B – queimam apenas em superf´ıcie, como, por
exemplo, os l´ıquidos e gases inflam´aveis. Pode-se citar a gasolina, o
´alcool, querosene, acetileno, g´as liquefeito de petr´oleo – GLP.
• incˆendios da Classe C – ocorrem em aparelhos el´etricos energizados
como motores, circuladores de ar, televisores, r´adios e outros
simila-res. Estes incˆendios, ap´os ser retirado o agente energizador, podem ser
combatidos como outra classe de incˆendio, geralmente a classe “A”.
• incˆendios da Classe D – ocorrem em metais pirof´olicos
Quanto `a quantidade de materiais combust´ıveis , pode-se classificar o
incˆendio calculando-se a quantidade de calor encontrada por unidade de ´area
ocupada. A quantidade de calor que poder´a ser gerado por unidade de ´area ´e
a carga de incˆendio da edifica¸c˜ao e ser´a apresentada de forma mais detalhada
adiante.(CBMMG, 1990a)
4.2.4 Fases de um incˆendio
A evolu¸c˜ao do incˆendio ´e caracterizada por quatro fases, como pode ser
edifi-ca¸c˜ao.
Figura 2: Fases de um incˆendio
Fonte - ISO/TR3814:1989(E) Tests to measuring reaction to fire of
buildings materials – Their development and application apud Seito(2008)
A primeira fase da curva de evolu¸c˜ao do incˆendio celul´osico ´e
caracte-rizada pelo incˆendio incipiente que tem um crescimento lento, em geral de
dura¸c˜ao entre cinco a vinte minutos at´e a igni¸c˜ao. O sistema de detec¸c˜ao
dever´a operar nessa fase e o combate a incˆendio e conseq¨uente extin¸c˜ao ter´a
grande probabilidade de sucesso.
aqueci-mento do ambiente. Todo o ambiente ´e tomado por gases e vapores
combust´ı-veis desenvolvidos na pir´olise dos combust´ıcombust´ı-veis s´olidos quando a temperatura
do ambiente atinge em torno de 600oC. Havendo l´ıquidos combust´ıveis, eles
ir˜ao contribuir com seus vapores, ocorrer´a a inflama¸c˜ao generalizada (
flasho-ver) e o ambiente ser´a tomado por grandes labaredas. Caso o incˆendio seja
combatido antes dessa fase (por exemplo, por chuveiros autom´aticos) haver´a
grande probabilidade de sucesso na sua extin¸c˜ao.
Na terceira fase ocorre a diminui¸c˜ao gradual da temperatura do ambiente
e das chamas, por exaurir o material combust´ıvel. E, na quarta fase, ocorre
a extin¸c˜ao do fogo. Nessa fase, o incˆendio ir´a diminuir de intensidade e de
severidade na propor¸c˜ao que vai se exaurindo os materiais combust´ıveis.
5
REA ¸
C ˜
AO AO FOGO
Os sistemas construtivos sofreram profundas modifica¸c˜oes trazidas pelo
desenvolvimento tecnol´ogico, como a incorpora¸c˜ao acentuada de materiais
combust´ıveis aos elementos construtivos, introduzindo riscos que
anterior-mente n˜ao existiam nas edifica¸c˜oes.
Segundo Seito(2008), a rea¸c˜ao 2
ao fogo dos materiais utilizados no
re-vestimento/acabamento de paredes e tetos e dos incorporados aos sistemas
construtivos deve ser considerada por meio da verifica¸c˜ao do maior ou menor
potencial que eles possuem para contribuir para o desenvolvimento do fogo,
quando submetidos a uma situa¸c˜ao de combust˜ao.
2
Ainda, de acordo com o mesmo autor, a rea¸c˜ao ao fogo dos materiais
contidos na edifica¸c˜ao, quer seja como mobili´arios (estofamentos, cortinas,
objetos de decora¸c˜ao, etc.), ou ent˜ao como agregados aos elementos
constru-tivos (revestimentos de paredes, tetos, pisos e fachadas), destaca-se como um
dos principais fatores respons´aveis pelo crescimento do fogo, pela propaga¸c˜ao
das chamas e pelo desenvolvimento de fuma¸ca e gases t´oxicos, contribuindo
para que o incˆendio atinja fases cr´ıticas e gere pˆanico e mortes. Portanto, o
desenvolvimento e a dura¸c˜ao de um incˆendio s˜ao diretamente influenciados
pela quantidade de combust´ıvel a queimar.
A vulnerabilidade de um ambiente perante o fogo ´e diretamente
influ-enciada pela carga de incˆendio, a soma das energias calor´ıficas poss´ıveis de
serem liberadas pela combust˜ao completa de todos os materiais combust´ıveis
em um espa¸co, inclusive os revestimentos das paredes, divis´orias, pisos e tetos
(CBMMG, 1990a).
5.1
ASPECTOS LEGAIS E NORMALIZADORES
As conseq¨uˆencias que os incˆendios causam `a sociedade s˜ao not´orias.
Ocor-rem perdas sociais, econˆomicas e humanas. (SEITO et al., 2008)
At´e o in´ıcio dos anos 70, pela ausˆencia de grandes incˆendios e com grande
n´umero de v´ıtimas, as quest˜oes relativas a incˆendios eram vistas como algo
que dizia mais respeito ao corpo de bombeiros. Os C´odigos de Obras dos
munic´ıpios continham, de forma esparsa, alguma regulamenta¸c˜ao sobre o
tema. A pouca regulamenta¸c˜ao que o corpo de bombeiros possu´ıa era advinda
combate a incˆendio, como provis˜ao de extintores e hidrantes, bem como a
sinaliza¸c˜ao desses equipamentos. (SEITO et al., 2008).
A Associa¸c˜ao Brasileira de Normas T´ecnicas (ABNT) tratava do tema
regulamentando mais os assuntos referentes `a produ¸c˜ao de extintores de
in-cˆendio.
At´e que, de acordo com Seitoet al(2008), se deu inicio uma seq¨uˆencia de
trag´edias:
• Gran Circo Norte-Americano, Niter´oi, Rio de Janeiro - o maior incˆendio
em perda de vidas, em nosso Pa´ıs, e de maior perda de vidas ocorridas
em um circo at´e nossos dias. Aconteceu em 17 de dezembro de 1961,
tendo como resultado 250 mortos e 400 feridos;
• Incˆendio na Ind´ustria Volkswagen do Brasil - na Ala 13 da montadora
de autom´oveis Volkswagen, em S˜ao Bernardo do Campo, ocorrido em
18 de dezembro de 1970, consumindo um dos pr´edios da produ¸c˜ao (Ala
13), com uma v´ıtima fatal e com perda total dessa edifica¸c˜ao;
• Incˆendio no edif´ıcio Andraus, (figura3)- O primeiro grande incˆendio em
pr´edios elevados ocorreu em 24 de fevereiro de 1972, no edif´ıcio
An-draus, na cidade de S˜ao Paulo. Tratava-se de um edif´ıcio comercial e
de servi¸cos, com 31 andares, estrutura em concreto armado e
acaba-mento em pele de vidro. Do incˆendio resultaram 352 v´ıtimas, sendo 16
mortos e 336 feridos;
• Incˆendio no edif´ıcio Joelma (figura 4) - Esse edif´ıcio situa-se na
Figura 3: Incˆendio no edif´ıcio Andraus
Fonte: SEITO et al,2008, pag.23
andares de estacionamentos e escrit´orios. Ocorrido em 1o
de fevereiro
de 1974, gerou cento e setenta e nove mortos e trezentos e vinte feridos.
Figura 4: Incˆendio no edif´ıcio Joelma
O que ocorreu a seguir parece um despertar, uma percep¸c˜ao de que os
grandes incˆendios com v´ıtimas, at´e ent˜ao distantes, passam a ser entendidos
como fatos reais e que exigem mudan¸cas. (SEITO et al., 2008).
Logo ap´os o incˆendio do edif´ıcio Andraus, o ent˜ao Minist´erio do Ex´ercito
produziu as Normas de Orienta¸c˜ao para a Organiza¸c˜ao das Pol´ıcias Militares
e dos Corpos de Bombeiros Militares, determinando que o corpo de
bombei-ros, inseridos nas Pol´ıcias Militares (PPMM), fossem organizados em
coman-dos e quadros de pessoal pr´oprios. Os comancoman-dos pr´oprios foram criacoman-dos em
todo o Brasil e, a partir da Constitui¸c˜ao Federal de 1988, essas organiza¸c˜oes
iniciaram o movimento de desvincula¸c˜ao das PPMM, afastando-se de uma
estrutura ligada ao Sistema de Persecu¸c˜ao Penal, do qual n˜ao fazem parte.
(SEITO et al., 2008).
As movimenta¸c˜oes imediatas como manifesta¸c˜oes, mudan¸cas nas
regula-menta¸c˜oes, capacita¸c˜ao t´ecnica contribu´ıram com o in´ıcio das
regulamenta-¸c˜oes que hoje norteiam os princ´ıpios da seguran¸ca contra incˆendio.
No entanto, apesar dos trabalhos j´a realizados na ´area, muito ainda deve
ser estudado, pesquisado, planejado e introduzido em nossas regulamenta¸c˜oes
para que possamos alcan¸car um n´ıvel aceit´avel de seguran¸ca contra incˆendio
para toda a popula¸c˜ao brasileira. (SEITO et al., 2008).
5.1.1 Legisla¸c˜ao Federal Brasileira sobre Incˆendio
A Norma Brasileira NBR 14.432 (2001) ”Exigˆencias de resistˆencia ao fogo
de elementos construtivos de edifica¸c˜oes”, v´alida para edifica¸c˜oes de qualquer
pe-los elementos construtivos, sejam eles estruturais ou de compartimenta¸c˜ao3 ,
para que, em situa¸c˜ao de incˆendio, seja evitado o colapso estrutural e sejam
atendidos requisitos de estanqueidade e isolamento por um tempo suficiente
para possibilitar: a fuga dos ocupantes da edifica¸c˜ao em condi¸c˜oes de
segu-ran¸ca; a seguran¸ca das opera¸c˜oes de combate ao incˆendio e a minimiza¸c˜ao de
danos a edifica¸c˜oes adjacentes e `a infra-estrutura p´ublica.
A Norma Regulamentadora 23 – NR 23, editada em 1978, obrigat´oria nos
locais em que haja rela¸c˜ao trabalhista regida pela Consolida¸c˜ao das Leis do
Trabalho, obriga que esses locais possuam: prote¸c˜ao contra incˆendio, sa´ıdas,
equipamentos para resposta a incˆendios e pessoas treinadas para uso desses
equipamentos.Em seu detalhamento, determina largura de sa´ıdas, portas,
escadas, etc., bem como sistemas de hidrantes, extintores e alarme, mais a
realiza¸c˜ao de exerc´ıcios de alerta (SEITO et al., 2008).
5.1.2 Legisla¸c˜ao do Estado de Minas Gerais sobre Carga de In-cˆendio
A legisla¸c˜ao do estado de Minas Gerais que cont´em o regulamento de
seguran¸ca contra incˆendio e pˆanico nas edifica¸c˜oes e ´areas de risco vigente
´e o Decreto no. 44270 de 31 de mar¸co de 2006. Este decreto regulamenta a
Lei no.
. 14.230, de 19 de dezembro de 2001, que disp˜oe sobre a preven¸c˜ao
contra incˆendio e pˆanico no Estado e d´a outras providˆencias. De acordo com
Cap´ıtulo X, artigo 23, as edifica¸c˜oes e ´areas de risco s˜ao classificadas quanto
3
ao risco:
• quanto ao n´ıvel de seguran¸ca,
• quanto `a seguran¸ca contra incˆendio,
• quanto ao pˆanico.
Para determina¸c˜ao de tais riscos, deve-se classificar as edifica¸c˜oes quanto
`a carga de incˆendio,de acordo com a tabela 2, a seguir.
Tabela 2: Classifica¸c˜ao das edifica¸c˜oes e ´areas de risco quanto `a carga incˆendio
Risco Carga Incˆendio MJ/m2
Baixo At´e 300 MJ/m2
M´edio Acima de 300 at´e 1.200 MJ/m2
Alto Acima de 1.200 MJ/m2
Fonte: (MINASGERAIS, 2006), pag.30
5.1.3 Instru¸c˜oes T´ecnicas do Corpo de Bombeiros Militar de mi-nas Gerais – CBMMG sobre Carga de Incˆendio
O procedimento para a determina¸c˜ao da carga de incˆendio das edifica¸c˜oes
e ´areas de risco est´a estabelecido na IT no.09 do CBMMG. Para a
determina-¸c˜ao da carga de incˆendio espec´ıfica das edifica¸c˜oes deve-se utilizar uma tabela
que lista tais cargas por ocupa¸c˜ao , com exce¸c˜ao das edifica¸c˜oes destinadas a
dep´ositos, explosivos e ocupa¸c˜oes especiais que para as quais deve-se aplicar
No caso de edifica¸c˜oes hist´oricas, a IT no.35 do CBMMG, Seguran¸ca
con-tra incˆendio em Edifica¸c˜oes Hist´oricas, CBMMG (2005) determina no
subi-tem 6.3.1.1 que a densidade de carga de incˆendio deve ser determinada por
medi¸c˜ao direta de acordo com metodologia descrita na IT no.09 do CBMMG.
5.2
CARGA DE INCˆ
ENDIO
A carga de incˆendio em uma edifica¸c˜ao pode ser fixa ou m´ovel. (CBMMG,
1990a)
Carga de incˆendio fixa - ´e a proveniente da quantidade de energia
exis-tente e que pode ser liberada durante um incˆendio pelos materiais inerentes
`a constru¸c˜ao.
Carga de Incˆendio m´ovel - ´e a proveniente da quantidade de energia
exis-tente e que pode ser liberada durante um incˆendio pelos materiais
constituin-tes dos bens alojados em uma edifica¸c˜ao.
Carga de incˆendio total - ´e a obtida pelo somat´orio das cargas de incˆendio
fixa e m´ovel.
5.2.1 Carga de incˆendio espec´ıfica
- ´e o valor da carga de incˆendio dividido pela ´area de piso do espa¸co
considerado, expresso em megajoule (MJ) por metro quadrado (m2
5.2.2 Procedimentos para determina¸c˜ao da carga de Incˆendio
O procedimento para a determina¸c˜ao da carga de incˆendio das edifica¸c˜oes
e ´areas de risco est´a estabelecido na IT no.
09 do CBMMG .
Para a determina¸c˜ao da carga de incˆendio espec´ıfica das edifica¸c˜oes
deve-se aplicar a tabela que correlaciona cargas de incˆendio espec´ıficas por
ocu-pa¸c˜ao da referidas Instru¸c˜ao T´ecnica. (FIG. 33) Em edifica¸c˜oes destinadas
a dep´ositos, explosivos e ocupa¸c˜oes especiais aplica-se a metodologia para
levantamento da carga de incˆendio espec´ıfica de acordo com a metodologia
apresentada na Instru¸c˜ao T´ecnica no.09, do CBMMG. (FIG. 34)
O valor da carga de incˆendio espec´ıfica deve ser determinado pela
expres-s˜ao 1:
qf i =
P
MiHi
Ai (1)
Onde:
qf i- valor da carga de incˆendio espec´ıfica, em MJ/m2
,
Mi- massa total de cada componente i do material combust´ıvel, em kg.
Quando houver altera¸c˜ao de ocupa¸c˜ao, Mi dever´a ser reavaliado,
Hi- potencial calor´ıfico espec´ıfico de cada componente i do material
com-bust´ıvel, em MJ/kg,
Ai- ´area do piso do compartimento, em m2
.
O levantamento da carga de incˆendio espec´ıfica deve ser realizado em
m´odulos de no m´aximo 500m2
ser utilizados quando o espa¸co analisado possuir materiais combust´ıveis com
potenciais calor´ıficos semelhantes e uniformemente distribu´ıdos. A carga de
incˆendio espec´ıfica do piso analisado deve ser tomada como sendo o maior
entre a m´edia das cargas de incˆendio dos dois m´odulos de maior valor ou 85%
da carga de incˆendio do m´odulo de maior valor.
De acordo com a IT no.35 do CBMMG em edifica¸c˜oes hist´oricas a
densi-dade de carga de incˆendio deve ser determinada por medi¸c˜ao direta de acordo
com metodologia descrita na IT no.
09 do CBMMG.
5.2.3 Potencial Calor´ıfico dos materiais
O potencial calor´ıfico ´e tamb´em chamado de poder calor´ıfico. Segundo
Martin e Peris(1982)apud Seitoet al(2008) o poder calor´ıfico ´e a quantidade
de calor que o material libera por unidade de peso quando submetido a uma
combust˜ao completa.
Rosso(1975) apud Seito et al(2008) tamb´em assume esta defini¸c˜ao de
poder calor´ıfico, por´em alertando para a existˆencia do poder calor´ıfico
su-perior e inferior. O poder calor´ıfico susu-perior ´e aquele que ´e considerada a
quantidade de calor gerado pela ´agua que comp˜oe o material, por meio da
condensa¸c˜ao do vapor d’´agua desprendido durante o processo de combust˜ao.
Quando esse calor de condensa¸c˜ao n˜ao for admitido, temos o poder calor´ıfico
inferior.
Seito et al(2008) ressaltam ainda, que parte do calor liberado na
com-bust˜ao de um material ´e absorvida novamente pelo fogo e pelos materiais
fun¸c˜ao do poder calor´ıfico dos materiais combust´ıveis existentes no local.
5.2.4 Medi¸c˜ao Direta da Carga de Incˆendio
Os primeiros estudos de que se tem conhecimento para a determina¸c˜ao
es-tat´ıstica da carga de incˆendio em edif´ıcios de escrit´orios foram realizados por
Baldwin(1970), no Reino Unido, e Culver(1976), nos Estados Unidos.
Medi-ante coleta de dados realizadas em campo e medi¸c˜oes de massa e volume esses
trabalhos servem de exemplo aos pesquisadores que buscam averiguar valores
de carga de incˆendio a serem adotadas em projetos, segundo as ocupa¸c˜oes de
edif´ıcios. (ASSIS, 2001).
No per´ıodo de julho de 1992 a julho de 1993, Kumar e RAO(1995)
realizaram na cidade de Kanpur, ´India, outro levantamento das cargas de
in-cˆendio em oito edif´ıcios de escrit´orios p´ublicos com at´e quatro pavimentos. A
an´alise teve como suporte um levantamento da massa dos objetos,
servindo-se de rela¸c˜oes geom´etricas e de densidades dos materiais. Dos resultados,
conclus˜oes e compara¸c˜oes houve redu¸c˜ao dos valores de carga de incˆendio
obtidos por Culver(1976) nos Estados Unidos, por´em houve proximidade dos
resultados obtidos por Baldwin(1970), no Reino Unido, o que denota
influˆen-cia de evolu¸c˜oes industriais, de fatores culturais, do uso de inform´atica na
armazenagem de dados entre outros.
Em 1995, os mesmos autores, levantaram as cargas de incˆendio de trinta e
cinco residˆencias na cidade de Kanpur, ´India. Foi realizado um levantamento
das massas e densidades dos objetos para obten¸c˜ao das cargas de incˆendios,
cˆomodos das residˆencias, ao uso e ocupa¸c˜ao dos cˆomodos e `a altura das
residˆencias.
A primeira pesquisa cient´ıfica realizada no Brasil para determina¸c˜ao da
densidade da carga de incˆendio ou, simplesmente carga de incˆendio, para os
edif´ıcios de escrit´orios foi realizada por Assis(2001). Foi realizado o
levan-tamento sistem´atico dos 47.382m2
de ´area de escrit´orios na cidade de Belo
Horizonte/MG, totalizando oito edif´ıcios, sendo dois de dom´ınio p´ublico e os
demais privados. As quantidades dos materiais combust´ıveis fixos e m´oveis
foram levantadas considerando-se a geometria e distribui¸c˜ao no espa¸co. Com
base no poder calor´ıfico dos materiais pesquisados na literatura t´ecnica, foram
calculadas as cargas de incˆendio correspondente. Para o c´alculo da carga de
incˆendio foram utilizadas planilhas feitas no Excel, cujos resultados obtidos
est˜ao relacionados na Tabela 3.
Tabela 3: Comparativo entre v´arios levantamentos para carga de incˆendio
espec´ıfica Autor(es) BALDWIN (1970) CULVER (1979) KUMAR e RAO (1993) NBR 14.432 (2000) ASSIS e CLARET (2001) M´edia
(MJ/m2
)
372 960 348 700 901
Fonte: adaptado de ASSIS,2003
Assis(2001) comentou ainda, que o valor normativo parece ser resultado
anos.
No ano de 2003, Alves apresentou uma An´alise de Riscos de Incˆendios em
Edifica¸c˜oes em S´ıtios Hist´oricos e realizou dois estudos de caso. O primeiro
estudo foi realizado na Casa da Cˆamara e o segundo, na Casa da Baronesa,
ambas localizadas em Ouro Preto/MG. Para tanto, o fator de risco devido `a
carga de incˆendio, fator q, foi calculado. O fator q relativo `a carga m´ovel foi
determinado a partir da pesagem dos diferentes materiais de caracter´ıstica
m´ovel multiplicados ao poder calor´ıfico (Hc) correspondente.
A carga de incˆendio espec´ıfica foi obtida pela raz˜ao entre a carga de
in-cˆendio pela ´area do piso. A carga de inin-cˆendio fixa foi considerada com base
no valor estimado tabelado para cada tipo de edifica¸c˜ao (FIG. 33). O valor
do fator de risco devido `a carga m´ovel e fixa foi determinado
utilizando-se tabelas de fator de risco, propostas pelo M´etodo de An´aliutilizando-se Global de
Risco. O M´etodo aplicado foi resultado das modifica¸c˜oes do m´etodo
ori-ginal de Gretener, feitas pela equipe t´ecnica do Laborat´orio de An´alise de
Risco em Incˆendio (LarIn) da Escola de Minas da UFOP, em projeto para
a UNESCO (Organiza¸c˜ao das Na¸c˜oes Unidas para a Educa¸c˜ao e a Cultura).
Alves(2003) concluiu que os estudos de caso mostraram a viabilidade pr´atica
de aplica¸c˜ao do m´etodo j´a que, os resultados indicaram um risco de incˆendio
fisicamente coerente com as vis´ıveis deficiˆencias de prote¸c˜ao existentes nos
im´oveis examinados.
Bwalyaet al, fez uma revis˜ao liter´aria com o objetivo de identificar o
es-tado da arte na ´area de projetos de incˆendio e identificar as que necessitassem
de futuras pesquisas. As cargas de incˆendio relatadas na literatura variavam
de 100 a 10.000MJ/m2
den-sidades de cargas determinadas de incˆendio foram tabeladas, deixando clara
a diferen¸ca entre os valores de densidades encontradas para edif´ıcios contendo
o mesmo tipo de ocupa¸c˜ao, o que remete `a necessidade de se fazer a medi¸c˜ao
direta para determina¸c˜ao da carga de incˆendio.
Tal incongruˆencia pode ser observada na tabela 4, que apresenta
valo-res de densidade de carga de incˆendio determinados por alguns autovalo-res em
escrit´orios.
Tabela 4: Valores de densidade de carga de incˆendio para escrit´orios
Autor(es) KARISSON e QUIN-TIERE (2000) USA apud (BWALYA; SULTAN; B´ ENI-CHOU, 2003) YII YII (2000) Nova Zelˆan-dia apud (BWALYA; SULTAN; B´ ENI-CHOU, 2003)
IT No.
09
CBMMG
IT No.
14
CBMSP
M´edia
(MJ/m2
)
709 950 700 700
Embasados nos dados provenientes da citada revis˜ao liter´aria, Bwalya
et al(2003) conclu´ıram que era vis´ıvel a grande varia¸c˜ao entre os valores
diferen¸cas nas localiza¸c˜oes geogr´aficas e na maneira subjetiva de quantifica¸c˜ao
da carga de incˆendio.
Bwalya et al(2004) realizaram um levantamento piloto de cargas de
in-cˆendio em casas no Canad´a. Question´arios contendo informa¸c˜oes pertinentes
ao levantamento foram enviados, via internet, e 74 deles foram preenchidos.
De acordo com resultados desses levantamentos constatou-se que as cargas
de incˆendio espec´ıficas apresentam grandes varia¸c˜oes em residˆencias, mesmo
em se tratando de mesma localiza¸c˜ao geogr´afica, como pode ser observado
Tabela 5: Cargas de incˆendio espec´ıficas publicadas - ocupa¸c˜oes residenciais
Carga de
incˆendio
espec´ıfica
(MJ/m2
)
Pa´ıs Referˆencias Observa¸c˜oes
450 Estados Unidos 8 Levantamentos em
200 residˆencias
500 Estados Unidos 8 Levantamentos em 70
residˆencias
400, 800,
1200
Nova Zelˆandia 9 Recomenda¸c˜oes do
C´odigo de
Constru-¸c˜oes da Nova Zelˆandia
600 Su´ı¸ca 11
-724 Nova Zelˆandia 12
-670 Jap˜ao 13 Levantamentos em
214 residˆencias
600,500 Canad´a - 74 residˆencia ora
le-vantadas
Fonte: BWALYA et al(2004)
Em 2004, Ara´ujo realizou um levantamento de carga de incˆendio na
ci-dade hist´orica de Ouro Preto/MG, em 43 edifica¸c˜oes, localizadas na Rua
S˜ao Jos´e. Um importante resultado desse levantamento foi a compara¸c˜ao
dos valores das cargas de incˆendio medidas nas diversas ocupa¸c˜oes com os
a necessidade da determina¸c˜ao da carga de incˆendio pelo procedimento da
medi¸c˜ao direta.
Tabela 6: Compara¸c˜ao com valores apresentados pela Norma Brasileira
Ocupa¸c˜ao Carga de Incˆendio (MJ/m2
)
NBR (1) ARA´UJO(2004) (2) Raz˜ao (2)/(1)
Museu 300 2599 9
Lojas de Vestu´ario 400 3930 10
Rep´ublicas Estudantis 300 1347 4
Lavanderia 300 1515 5
Livraria 2000 2129 1
Farm´acia 1000 6734 7
Fonte: ARA´UJO, 2004
5.2.5 Incˆendio controlado pela Carga de Incˆendio
De acordo com Seito et al(2008) , na terceira fase do incˆendio (FIG.2)
chamada incˆendio desenvolvido, as temperaturas do ambiente atingir˜ao
valo-res acima de 1.100o
C. Todos os materiais combust´ıveis do ambiente entrar˜ao
em combust˜ao e o incˆendio ir´a se propagar por meio das aberturas internas,
fachadas e coberturas da edifica¸c˜ao. A dura¸c˜ao desse est´agio est´a ligada `a
carga de incˆendio que passa dos 80% para 30% do valor inicial. As aberturas
de ventila¸c˜ao s˜ao suficientes para a queima livre dos materiais combust´ıveis,
portanto o crescimento e a dura¸c˜ao do incˆendio dependem somente das
5.2.6 Classifica¸c˜ao dos Incˆendios pela Carga de Incˆendio
A dinˆamica das cidades brasileiras que se modernizam para serem
compe-titivas, dentro dos mercados globais, aumenta a complexidade da produ¸c˜ao
e dos servi¸cos que, paralelamente `as exigˆencias da popula¸c˜ao urbana, tem
provocado o aumento dos riscos de incˆendios nas edifica¸c˜oes. Para atender
a popula¸c˜ao s˜ao implantados grandes dep´ositos de materiais combust´ıveis e
materiais perigosos, criando locais com enorme potencial de incˆendio.
O risco de incˆendio pode ser definido como a probabilidade de ocorrˆencia
de incˆendio em um determinado local. A seguran¸ca contra incˆendio pode ser
definida como a probabilidade da n˜ao ocorrˆencia (ARA´UJO, 2004).
Segundo Seitoet al(2008) , o risco de ocorrˆencia de um incˆendio ´e
deter-minado por fatores inerentes a cada edif´ıcio e a seguran¸ca desej´avel para um
edif´ıcio est´a diretamente relacionada `as categorias de risco e aos objetivos
da seguran¸ca contra incˆendio, bem como aos requisitos funcionais atendidos
pelo edif´ıcio em estudo.
Os fatores que contribuem para a defini¸c˜ao do risco de incˆendio s˜ao
basi-camente quatro: caracter´ısticas da popula¸c˜ao do edif´ıcio, tipo de ocupa¸c˜ao,
caracter´ısticas construtivas do edif´ıcio e localiza¸c˜ao do edif´ıcio.
Para Gomes (2001) apud (ARA´UJO, 2004), a classifica¸c˜ao dos incˆendios
pela carga de incˆendio ´e:
• Risco leve ou Risco 1 – fogo em pequena carga de incˆendio, cujo
desen-volvimento se faz com fraca libera¸c˜ao de calor. A carga de incˆendio ´e
de at´e 270.000 Kcal/m2
ou aproximadamente 1.130MJ/m2
• Risco m´edio ou Risco 2 – fogo em m´edia carga de incˆendio, cujo
desen-volvimento se faz com moderada libera¸c˜ao de calor. A carga de incˆendio
´e de at´e 270.000 a 540.000 Kcal/m2
ou aproximadamente 1.130 a 2.260
MJ/m2
;
• Risco Pesado ou Risco 3 - fogo em elevada carga de incˆendio, cujo
desenvolvimento se faz com elevada libera¸c˜ao de calor. A carga de
incˆendio ´e de at´e 540.000 a 1.080.000 Kcal/m2
ou aproximadamente
2.260 a 4.500 MJ/m2
.
5.2.7 Classifica¸c˜ao do Risco quanto a Carga de Incˆendio
De acordo com o Decreto no.44.270 de 31 de mar¸co de 2006 , que
regu-lamenta a seguran¸ca contra incˆendio e pˆanico nas edifica¸c˜oes e ´areas de risco
no Estado de Minas Gerais, o Risco se classifica quanto `a carga de incˆendio,
como apresentado na Tabela 7.
Tabela 7: Classifica¸c˜ao do Risco quanto a Carga de Incˆendio
Ocupa¸c˜ao Carga de Incˆendio (MJ/m2
)
Baixo At´e 300
M´edio Acima de 300 at´e 1200
Alto cima de 1200
Fonte: MINAS GERAIS, 2006
A avalia¸c˜ao dos materiais com rela¸c˜ao ao seu comportamento diante do
valia, pois envolve vari´aveis que est˜ao diretamente associadas aos fatores que
definem o risco de incˆendio. Por meio dessa avalia¸c˜ao, torna-se poss´ıvel atuar
de maneira preventiva durante o processo produtivo do edif´ıcio, reduzindo-se
os riscos causados pelo incˆendio (SEITO et al., 2008).
Ainda de acordo com os mesmos autores, estamos assumindo riscos acima
do aceit´avel em nossas edifica¸c˜oes, sendo importante que utilizemos m´etodos
de avalia¸c˜ao de desempenho e an´alise de risco de maneira a maximizar os
resultados de Seguran¸ca contra Incˆendio (SCI) com os recursos investidos.
A an´alise de risco envolve:
• Modelagem matem´atica pelo uso de possibilidade de ocorrˆencia de
fa-tores em s´erie ou paralelo para a ocorrˆencia de incˆendio.
• An´alise de locais de riscos espec´ıficos.
• C´alculos de carga de incˆendio, velocidade de propaga¸c˜ao.
• C´alculo de perdas:humanas, materiais, operacionais, institucionais, etc.
• Probabilidade de deflagra¸c˜ao generalizada, ou seja, o incˆendio passar
de um edif´ıcio para outro alcan¸cando uma escala urbana.
6
CARACTER´ISTICAS DA CIDADE
CO-LONIAL DE OURO PRETO
As cidades mineiras, em sua maioria encravadas nas montanhas,
uma topografia desfavor´avel `a cria¸c˜ao de um s´ıtio urbano, apresentando uma
configura¸c˜ao linear, paralela `as curvas de n´ıvel. “Estas cidades, de acordo
com a hierarquia da organiza¸c˜ao administrativa colonial, se transformavam
de pequenos arraiais em vilas, com o aglomerado usual da Igreja Matriz, com
o Pelourinho nas proximidades. Desse modo apresentavam um conjunto
ur-bano espec´ıfico, com edif´ıcios oficiais – que constitu´ıam o centro dominante da
dinˆamica cultural – balizando a imagem urbana.” (BARBOSA;
TRAMON-TANO, acesso em 24/03/08 `as 18h).
Os arraiais e vilas que deram origem `as cidades do ciclo do ouro mineiro,
foram criados em curto espa¸co de tempo, refletindo uma l´ogica pr´opria na
apropria¸c˜ao do espa¸co urbano. Eles resultaram de uma cultura regional
pr´o-pria, diferentemente das povoa¸c˜oes litorˆaneas, que obedeceram inicialmente a
um tra¸cado militar defensivo, evidenciando n˜ao s´o o desenho mas um estilo de
vida que se aproximava dos da metr´opole. Na colˆonia, em que durante os
pri-meiros dois s´eculos de coloniza¸c˜ao predominavam os interesses senhoriais do
mundo rural, a constitui¸c˜ao dos n´ucleos urbanos, apoiados pela coroa, fez-se
num passo decisivo na cria¸c˜ao de uma rede urbana dinˆamica com um
pa-pel apreci´avel no processo de moderniza¸c˜ao (BARBOSA; TRAMONTANO,
acesso em 24/03/08 `as 18h).
Ouro Preto foi fundada em 1698 como resultado da aglomera¸c˜ao dos
arraiais de minera¸c˜ao nas encostas dos montes Ouro Preto e Itacurumim.
O tra¸cado urbano ´e irregular, as casas foram sendo constru´ıdas seguindo a
sinuosidade do terreno (Figura 5).
A cidade est´a localizada na Serra do Espinha¸co, na Zona Metal´urgica
Figura 5: Ouro Preto/MG
Fonte: BARBOSA; TRAMONTANO, acesso em 24/03/08 `as 18h
macroregi˜ao metal´urgica e Campo das Vertendes de Minas Gerais. O
muni-c´ıpio faz limites ao sul com Catas Altas da Noruega, Itaverava, Ouro Branco
e Congonhas; a oeste com Belo Vale e Moeda; a leste com Mariana; e ao
norte com Itabirito e Santa B´arbara. Seu territ´orio corresponde a uma ´area
de 1245 Km2
, tendo 11 distritos, al´em da sede.
A distribui¸c˜ao topogr´afica do munic´ıpio pode ser assim resumida:
• terreno plano: 5%
• ondulado: 40%
• montanhoso: 55%
sendo que em junho e julho pode chegar a 2oC. Possui altitude m´edia de
1.116m, tendo como ponto mais alto, com 1.722,o Pico do Itacolomi. O
clima ´e tropical de altitude, com pluviosidade m´edia de 2.018 mm/ano, com
chuvas concentradas no ver˜ao. Dentre os rios, tem-se as nascentes do rio
das Velhas, rio Piracibaca, rio Gualaxo do Norte, rio Gualaxo do Sul, rio
Mainart e ribeir˜ao Funil. Os minerais encontrados em Ouro Preto s˜ao o
ouro, a hematita, a dolomita, a turmalina, a pirita, a granada, a moscovita,
o top´azio e o top´azio imperial. O top´azio imperial ´e uma pedra s´o encontrada
em Ouro Preto, especialmente no distrito Rodrigo Silva.
Segundo resultado da contagem populacional , em 2007, a popula¸c˜ao
total do munic´ıpio de Ouro Preto corresponde a 67.048 habitantes (IBGE,
2007).
Por manter com tamanha integridade e coerˆencia a sua inteira imagem
setecentista, Ouro Preto, tendo se beneficiado em sua forma¸c˜ao e
desenvol-vimento no per´ıodo colonial do fato de ter sido um dos primeiros e mais
intensos n´ucleos de minera¸c˜ao do ouro e de ter sido o centro das decis˜oes
administrativas do territ´orio mineiro, e, al´em disso, por fatores de ordem
econˆomica, com a decadˆencia da minera¸c˜ao, constitui hoje, na opini˜ao dos
t´ecnicos da UNESCO, no exemplo de maior autenticidade ainda existente,
pelo conjunto e unidade e da civiliza¸c˜ao urbana aqui implantada pelos
colo-nizadores portugueses. A UNESCO ent˜ao em 1980, elevou a cidade de Ouro
Preto `a condi¸c˜ao de Patrimˆonio Cultural da Humanidade, para que se
es-tabelecesse uma maior importˆancia `as quest˜oes da preserva¸c˜ao. O conjunto
arquitetˆonico, de predominˆancia barroca, ´e constitu´ıdo de 45 monumentos
principais problemas desse n´ucleo s˜ao de adensamento, altera¸c˜oes dos
espa-¸cos internos, substitui¸c˜ao de materiais e dos sistemas de constru¸c˜ao originais,
al´em de um grande n´umero de obras irregulares (OLIVEIRA, 2003.).
Ouro Preto, que ´e uma das cidades mais emblem´aticas para a hist´oria e a
cultura brasileiras, foi o principal centro de minera¸c˜ao no s´eculo 18, palco da
Conjura¸c˜ao Mineira de 1789 e fonte de inspira¸c˜ao dos artistas modernistas
da Semana de 22, que a identificaram como um dos ber¸cos da identidade
nacional (OLIVEIRA, 2003.).
Na cidade encontram-se grandes cria¸c˜oes art´ısticas dos mestres
Aleijadi-nho e Ata´ıde, al´em de uma rica e antiga cultura imaterial, cujas manifesta¸c˜oes
art´ıstico-religiosas e musicais vˆem sendo transmitidas gera¸c˜ao a gera¸c˜ao ao
longo dos ´ultimos s´eculos.
7
INCˆ
ENDIOS EM OURO PRETO
Em que pese sempre parecer uma fatalidade, o incˆendio ´e um fenˆomeno
f´ısico cujo risco muitas vezes salta ao mais superficial olhar informado. No
caso de Ouro Preto, que pode ser considerado t´ıpico no Barroco Mineiro,
dois entre muitos parˆametros de risco s˜ao vis´ıveis: a densidade de carga de
incˆendio e o risco de ativa¸c˜ao (ALVES, 2003).
Ao longo do tempo, as mudan¸cas na edifica¸c˜ao e em seu uso aumentaram
certamente a carga combust´ıvel. Apesar de jamais ter sido medida, o
pro-cesso de mudan¸ca do mobili´ario e a adapta¸c˜ao de im´oveis residenciais para
s´o a quantidade de carga de incˆendio tem mudado: a velocidade com que
uma antiga mesa de madeira das casas comerciais da antiga Vila Rica
libe-raria calor ´e muito menor que as das mesas de pl´astico ou dos estofamentos
dos sof´as das salas de hoje. Esse fato traz um s´erio agravamento do risco
(ALVES, 2003).
O primeiro de que se tem not´ıcia aconteceu em 1949, de acordo com
teste-munhas oculares, ou em 1950, segundo o boletim ”Isto ´e Inconfidˆencia”edi¸c˜ao
no
11, do Museu da Inconfidˆencia. O pr´edio incendiado ´e o mesmo que,
hoje, abriga o CAEM (Centro Acadˆemico da Escola de Minas). Conta-se
que naquele ano havia falta de a¸c´ucar no mercado, o que for¸cava grandes
altas no pre¸co do produto. E uma grande surpresa se revelou com o fogo
no pr´edio (Figura 6): seu por˜ao estaria abarrotado com sacos de a¸c´ucar de
um comerciante local. O a¸c´ucar estocado para especula¸c˜ao acabou servindo
como combust´ıvel para o incˆendio. No entanto, a repercuss˜ao do incˆendio foi
pouco al´em das divisas municipais. Ouro Preto vivia o per´ıodo do ostracismo
e a m´ıdia n˜ao tinha o poder que tem hoje. Mesmo tendo a cidade corrido o
perigo que agora se repetiu, parece que nenhuma providˆencia foi tomada para
dotar a cidade de mais seguran¸ca contra incˆendios. Foi preciso acontecer o
segundo, dezessete anos mais tarde, junho de 1967, quando se incendiou o
so-brado onde est´a instalada agˆencia da Caixa Econˆomica Federal, na Rua S˜ao
Jos´e (Figura 7). O t´erreo do sobrado era ocupado por uma padaria, e, nos
pavimentos superiores funcionava o Clube Social Aluminas, constitu´ıdo por
funcion´arios da ALUMINAS (Alum´ınio Minas Gerais), hoje Novelis Adytia
Birla. Tudo foi reduzido a cinzas. Depois desse, quando Ouro Preto voltava
instala¸c˜ao da guarni¸c˜ao do Corpo Bombeiros. Dez anos depois, 1977,
ou-tro grande incˆendio comoveu Ouro Preto, tamb´em na Rua S˜ao Jos´e. Desta
vez foi uma tradicional loja de tecidos. Como no incˆendio anterior, tudo foi
perdido. Felizmente, nesses sinistros n˜ao houveram v´ıtimas. (Dispon´ıvel em
Figura 6: Flagrante do incˆendio do F´orum em 1950
Fonte:www/ouropreto.com.br acessado em 24/02/2008 ´as 21h12minutos
Figura 7: Pr´edio restaurado ap´os o incˆendio de 1967
Fonte:www/ouropreto.com.br acessado em 24/02/2008 ´as 21h12minutos
Figura 8: Pr´edio restaurado ap´os o incˆendio de 1977
Fonte:www/ouropreto.com.br acessado em 24/02/2008 ´as 21h12minutos
Ouvidor, entrada para o bairro Antˆonio Dias, perdeu o contorno imponente
feito pelo casar˜ao setecentista, onde funcionaram por longos anos o hotel e
o restaurante Pil˜ao. De acordo com informa¸c˜oes de pessoas que trabalham
ou circulavam nas proximidades, eram cerca de 17 horas 30 minutos, quando
foram detectados os primeiros ind´ıcios do incˆendio. O fogo teria se iniciado
num cˆomodo dos fundos, talvez na cozinha, da joalheira ( Amsterdan Sauer).
A guarni¸c˜ao local do Corpo de Bombeiros foi acionada e o combate ao
sinis-tro se iniciou, mas a equipagem era toda obsoleta e, para agravar a situa¸c˜ao,
quando foi necess´ario um hidrante nas proximidades, este n˜ao funcionou. O
fogo se alastrou com facilidade devido `as condi¸c˜oes da constru¸c˜ao: paredes
de pau-a-pique, mandeirame antigo e ressequido, al´em do material de f´acil
combust˜ao nas v´arias lojas (Figura 9). A parte alta do pr´edio estava
farm´acia e um caf´e. Espalhada a not´ıcia, as vizinhas cidades de Mariana e
Itabirito enviaram socorro por meio dos Bombeiros Volunt´arios da mesma
forma reagiram empresas e empres´arios, que enviaram carros pipa. A essa
altura j´a se configurava perda total do pr´edio, mas havia que se impedir a
propaga¸c˜ao do fogo para os pr´edios vizinhos, o que levaria `a destrui¸c˜ao uma
grande parte do centro hist´orico, uma vez que os casar˜oes s˜ao geminados.
Somente depois das 21 horas o fogo foi controlado.
Figura 9: Incˆendio no pr´edio do Pil˜ao
Em mar¸co de 2007, o incˆendio da Rep´ublica Baviera, Figura 10,
infeliz-mente, ´e tragicamente t´ıpico. O Corpo de Bombeiros n˜ao chega a tempo, n˜ao
est´a bem equipado, n˜ao existem hidrantes pr´oximos e o que se tentou usar
n˜ao tinha ´agua. N˜ao havia prote¸c˜ao domiciliar. E se armazenava material
inflam´avel de maneira inadequada. Al´em do problema com a rede de
hidran-tes, o Corpo de Bombeiros teve dificuldade em acessar o local do incˆendio,
pois as ruas estreitas da cidade dificultaram as manobras do caminh˜ao.
Figura 10: Incˆendio no Rep´ublica Estudantil Baviera
8
AN ´
ALISE DE RISCO DE INCˆ
ENDIO EM
S´ITIOS HIST ´
ORICOS
Ap´os a ocorrˆencia do incˆendio na edifica¸c˜ao que abrigava o Hotel
Pi-l˜ao, em abril de 2003, houve grande mobiliza¸c˜ao por parte de governantes
e da sociedade em geral para que fosse implantado um estudo do risco de
incˆendio na cidade de Ouro Preto, bem como para aplica¸c˜ao de medidas
ca-pazes de diminu´ı-lo. Por isso, foi desenvolvido um programa de seguran¸ca
contra incˆendio, que contou com a participa¸c˜ao da Universidade Federal de
Ouro Preto, sob coordena¸c˜ao do Profo
Antˆonio Maria Claret de Gouvˆeia.
De acordo com Ara´ujo(2004) , para se avaliar o risco de incˆendio a que est´a
exposta uma edifica¸c˜ao ou um conjunto de edifica¸c˜oes, foi realizada a an´alise
global de risco, adaptando-se o M´etodo de Gretener (norma t´ecnica
SIA-81-Societ´e Suisse des Ingenieurs et Architectes – Method for fire safety
evalua-tion) para edifica¸c˜oes caracter´ısticas do barroco brasileiro.
Como bem enfatiza Claret (2006) , a id´eia central desse m´etodo ´e o
balanceamento de parˆametros de risco e medidas de seguran¸ca presentes na
edifica¸c˜ao. Os primeiros facilitam e os segundos dificultam o desenvolvimento
e a propaga¸c˜ao dos incˆendios. Essa filosofia de projeto de seguran¸ca contra
incˆendio foi desenvolvida para companhias de seguro pelo engenheiro su´ı¸co
Max Gretener, entre 1960 e 1965, tendo se universalizado em face da sua
simplicidade. Para viabilizar o balanceamento, foi necess´ario quantificar o
perigo de incˆendio e a seguran¸ca contra incˆendio na edifica¸c˜ao por meio da
atribui¸c˜ao de pesos que foram denominados, respectivamente, fatores de risco
edifica¸c˜ao foi denominada exposi¸c˜ao ao risco de incˆendio (E). Analogamente,
a medida da seguran¸ca foi denominada seguran¸ca contra incˆendio (S). H´a,
portanto, dois conceitos opostos que expressam a facilidade e a dificuldade de
desenvolvimento e propaga¸c˜ao de incˆendio em uma edifica¸c˜ao: a exposi¸c˜ao
ao risco de incˆendio, E, e a seguran¸ca contra incˆendio,S. Para quantific´a-los,
utiliza-se um sistema de pesos ou fatores de risco e de seguran¸ca,
respectiva-mente, cujo produto ser´a a sua medida. Ent˜ao, sendo fi, i = 1, p os fatores
de risco (isto ´e, os pesos que atribu´ımos a cada um dos parˆametros de risco
existentes na edifica¸c˜ao) e sj, j = 1, n os fatores de seguran¸ca (isto ´e, os
pesos que atribu´ımos a cada um dos fatores de seguran¸ca), as grandezas E
(equa¸c˜ao 2) e S (equa¸c˜ao 3) s˜ao assim definidas:
E = p
Y
1
fi (2)
S = n
Y
1
si (3)
Como vimos anteriormente, o conceito de risco de incˆendio envolve a
no¸c˜ao de probabilidade: maior risco de incˆendio significa maior probabilidade
de ocorrˆencia de um incˆendio severo na edifica¸c˜ao. Ora, a exposi¸c˜ao ao risco
de incˆendio ´e uma grandeza que n˜ao expressa a no¸c˜ao de probabilidade,
mas indica, a qualquer tempo, a id´eia de que um incˆendio ´e poss´ıvel em
um dado compartimento, ou seja, existe possibilidade de ocorrˆencia de um
incˆendio. Nesse ponto, salta aos olhos a id´eia de que a exposi¸c˜ao ao risco de
incˆendio ´e uma medida do potencial de incˆendio que pode ser ativado por
de incˆendio. Assim, o risco de incˆendio, representado por R, ´e definido pelo
produto da grandeza determin´ıstica E, que denota a exposi¸c˜ao ao risco de
incˆendio, pela grandeza probabil´ıstica A, que denota o risco de ativa¸c˜ao de
incˆendio. Isto ´e:
R =E.A (4)
Conhecendo o risco de incˆendio, R, e a seguran¸ca contra incˆendio, S,
ambas grandezas probabil´ısticas, como vimos na se¸c˜ao anterior, a raz˜ao da
segunda pela primeira fornece um coeficiente de seguran¸ca contra incˆendio,
denotado por γ , que mede o balanceamento entre medidas que dificultam o
incˆendio e medidas que o favorecem, ambas afetadas pelos respectivos fatores
de ativa¸c˜ao:
γ = S
R (5)
Ent˜ao, γ mede o eventual desequil´ıbrio entre risco de incˆendio e
segu-ran¸ca contra incˆendio. γ ≥ 1 indica uma situa¸c˜ao favor´avel `a seguran¸ca;
ao contr´ario, γ < 1 indica uma situa¸c˜ao desfavor´avel quanto `a seguran¸ca
contra incˆendio. N˜ao se pode falar quantitativamente em probabilidade de
ocorrˆencia de um incˆendio severo, mas ´e poss´ıvel falar-se em maior ou menor
risco de ocorrˆencia de um incˆendio severo, conforme o caso. Sabemos que, ao
elaborar um projeto de seguran¸ca contra incˆendio, desejamos obter o maior
coeficiente de seguran¸ca contra incˆendio com o menor investimento poss´ıvel.
Essa rela¸c˜ao de for¸cas no projeto deve ser disciplinada pela exigˆencia legal,