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A Saúde é Direito de Todos e Dever do Estado!

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A Saúde é Direito de Todos e Dever do Estado!

Fonte: https://gehosp.com.br/wp-content/uploads/2018/05/Sa%C3%BAde-Coletiva-1500x600.png

“O SUS inova a gestão pública ao trazer o controle social para as suas bases, com a constante pactuação de metas,

juntamente à população, representando um relevante ganho em política, democracia e participação social”.

(PESSOTO; RIBEIRO; GUIMARÃES, 2015; FREITAS; ARAÚJO, 2018)

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INTRODUÇÃO

A preocupação com a saúde da sociedade remonta desde a antiguidade, a necessidade de criar um conceito sanitário que abrangesse essas necessidades foi se desenhando ao longo dos anos. Atualmente entre os inúmeros termos que permeiam a saúde da sociedade como um todo podemos citar a saúde pública e a saúde coletiva como os termos mais recorrentes, a seguir especificaremos as suas diferenciais conceituais.

SAÚDE PÚBLICA:

A saúde pública consiste em um conjunto de ações e serviços de caráter sanitário que tenham como objetivo prevenir ou combater patologias ou quaisquer outros cenários que coloquem em risco a saúde da população. Como é dever do estado assegurar serviços e políticas voltadas para a promoção da saúde e bem-estar da população, o termo saúde pública é consideravelmente mais conhecido e utilizado que o termo saúde coletiva.

SAÚDE COLETIVA:

A saúde coletiva consiste em um movimento sanitário de caráter social que surgiu no SUS, esse movimento é composto da integração das ciências sociais com as políticas de saúde pública. A saúde coletiva identifica variáveis de cunho social, econômico e ambiental que possam acarretar no desenvolvimento de cenários de epidemia em determinada região, por meio de projeções feitas através da associação dos dados socioeconômicos com os dados epidemiológicos é possível elaborar uma eficiente política de prevenção de acordo com as características da região. Vale ressaltar que a saúde coletiva também possui aplicações dentro da iniciativa privada.

Toda a saúde pública é coletiva, mas nem toda saúde coletiva é pública, grosso modo podemos dizer que o planejamento da saúde pública e mais amplo que o da saúde coletiva, além de dispor de mais recursos do estado, ao passo que a saúde coletiva é planejada de acordo com as particularidades da região, tornando-a mais funcional em especial no aspecto preventivo.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A saúde no Brasil é direito de todos e dever do Estado. É o que está escrito na Constituição Federal de 1988.

Mais que um direito, saúde no Brasil é item de relevância pública, o que assegura a participação do Ministério Público na fiscalização do cumprimento das leis. E foi justamente para

garantir que esse direito constitucional fosse respeitado que o Sistema Único de Saúde, o SUS, foi criado – isto é, para proporcionar atendimento público e gratuito para toda a população.

O SUS é um sistema formado por várias instituições dos três níveis de governo (União, Estados e Municípios) e pelo setor privado, com o qual são feitos contratos e convênios para a realização de serviços e ações, como se fosse um mesmo corpo. Assim, quando um serviço privado – um hospital, por exemplo – é contratado pelo SUS, deve atuar como se fosse público.

A Constituição Federal de 1988 redefine o conceito de saúde, incorporando novas dimensões. Para que se tenha saúde é preciso ter acesso a um conjunto de fatores, como alimentação, moradia, emprego, lazer, educação, etc. Em seu artigo 196 cita que:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (CF, 1988, art. 196).

Com este artigo fica definida a universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde, que faz parte das ações definidas na Constituição como sendo de “relevância pública”, sendo atribuído ao poder público a sua regulamentação, a fiscalização e o controle das ações e dos serviços de saúde.

Conforme a Constituição Federal de 1988, as ações e serviços de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

 Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

 Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

 Participação da comunidade.

LEI Nº 8.080 DE 19 DE SETEMBRO DE 1990

A Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Essa lei regula em todo o território nacional as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente, eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado.

A Lei nº 8.080/90 instituiu o Sistema Único de Saúde, constituído pelo conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público. A iniciativa privada participa do Sistema Único de Saúde em caráter complementar. As ações e serviços públicos de saúde e os

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serviços privados contratados ou conveniados que integram o SUS é desenvolvido de acordo com as diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal vigente, obedecendo ainda princípios organizativos e doutrinários, tais como:

 Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;

 Integralidade de assistência;

 Equidade;

 Descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de governo;

 Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da união dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;

 Participação da comunidade;

 Regionalização e hierarquização.

O SUS é único, porque tem a mesma filosofia de atuação em todo o território nacional e é organizado de forma a obedecer à mesma lógica. Além disso, o SUS:

 É universal, porque deve atender a todos, sem distinção, de acordo com suas necessidades; e sem cobrar nada, sem levar em conta o poder aquisitivo ou se a pessoa contribui ou não com a Previdência Social.

 É integral, pois a saúde da pessoa não pode ser dividida, e deve ser tratada como um todo. Além disso, as ações de saúde devem estar voltadas ao mesmo tempo para o indivíduo e para a comunidade, para a prevenção e para o tratamento, sempre respeitando a dignidade humana.

 Garante equidade, pois deve oferecer os recursos de saúde de acordo com as necessidades de cada um, ou seja, dar mais para quem mais precisa.

 É descentralizado, pois quem está próximo dos cidadãos tem mais chance de acertar na solução dos problemas de saúde. Assim, todas as ações e serviços voltados para a população de um município devem ser municipais; as que atendem a vários municípios devem ser estaduais; e aquelas que são dirigidas a todo o território nacional devem ser federais. O SUS tem um gestor único em cada esfera de governo. A Secretaria Municipal de Saúde, por exemplo, tem que ser responsável por todos os serviços localizados na cidade.

 É regionalizado e hierarquizado: os serviços de saúde devem estar dispostos de maneira regionalizada, pois nem todos os municípios conseguem atender a todas as demandas e a todo tipo de problema de saúde. Os serviços devem se organizar regionalmente e também obedecer a uma hierarquia. As questões menos complexas devem ser atendidas nas unidades básicas de saúde, passando pelas unidades especializadas, pelo hospital geral até chegar ao hospital especializado.

 Prevê a participação do setor privado: as ações são feitas pelos serviços públicos e, de forma complementar, pelo setor privado, preferencialmente

pelo setor filantrópico e sem fins lucrativos, por meio de contrato administrativo ou convênio, sempre respeitando a natureza pública dos serviços.

 Deve ter racionalidade: o SUS deve se organizar para oferecer ações e serviços de acordo com as necessidades da população e com os problemas de saúde mais frequentes em cada região. Uma cidade não pode, por exemplo, manter um hospital e não dispor de unidades básicas de saúde.

 Deve ser eficaz e eficiente: deve prestar serviços de qualidade e apresentar soluções quando as pessoas o procuram ou quando há um problema de saúde coletiva. Deve ainda utilizar as técnicas mais adequadas, de acordo com a realidade local e a disponibilidade de recursos, eliminando o desperdício e fazendo com que os recursos públicos sejam aplicados da melhor maneira possível.

Deve promover a participação popular: o SUS é democrático, pois tem mecanismos para assegurar o direito de participação a todos os segmentos envolvidos – governos, prestadores de serviços, profissionais de saúde e, principalmente, os usuários dos serviços. Os principais instrumentos para exercer esse controle social são os Conselhos e as Conferências de Saúde, que devem respeitar o critério de composição paritária (participação igual entre os usuários e os demais), além de ter caráter deliberativo, isto é, ter poder de decisão.

LEI Nº 8.142 DE DEZEMBRO DE 1990

A Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.

O SUS conta em cada esfera de governo com seguintes instancias colegiadas:

a) A Conferência de Saúde;

b) O Conselho de Saúde.

A Lei nº 8.142/90 trata da alocação dos recursos do Fundo Nacional de Saúde, do repasse de forma automática para o município, Estado e Distrito Federal. Para o recebimento destes recursos, municípios, estado e Distrito Federal devem contar com:

a) Fundo de Saúde;

b) Conselho de Saúde;

c) Plano de Saúde;

d) Relatório de Gestão;

e) Contrapartida de Recursos para a Saúde no respectivo orçamento;

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f) Comissão de elaboração de Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS).

REDE DE ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da experiência acumulada por conjunto de atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, usuários, trabalhadores e gestores das três esferas de governo.

No Brasil, a Atenção Básica é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. Ela deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Por isso, é fundamental que ela se oriente pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social.

As Unidades Básicas de Saúde – instaladas perto de onde as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem – desempenham um papel central na garantia à população de acesso a uma atenção à saúde de qualidade. Dotar estas unidades da infraestrutura necessária a este atendimento é um desafio que o Brasil - único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes com um sistema de saúde público, universal, integral e gratuita – está enfrentando com os investimentos do Ministério da Saúde.

Essa missão faz parte da estratégia Saúde Mais Perto de Você, que enfrenta os entraves a expansão e ao desenvolvimento da Atenção Básica no País.

PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)

O Ministério da Saúde criou, em 1994, o Programa de Saúde da Família – PSF seu principal propósito é:

 Reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto da família e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros.

O QUE É?

O trabalho de equipe da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde.

CARACTERIZA-SE COMO:

 porta de entrada de um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde;

 por ter território definido, com uma população delimitada, sob a sua responsabilidade;

 por intervir sobre os fatores de risco aos qual a comunidade está exposta;

 por prestar assistência integral, permanente e de qualidade;

 por realizar atividades de educação e promoção da saúde, estabelece vínculos de compromisso e de corresponsabilidade com a população;

 estimula a organização das comunidades para exercer o controle social das ações e serviços de saúde;

 utiliza sistemas de informação para o monitoramento e a tomada de decisões;

 por atuar de forma inter setorial, por meio de parcerias estabelece diferentes segmentos sociais e institucionais, de forma a intervir em situações que transcendem a especificidade do setor saúde e que têm efeitos determinantes sobre as condições de vida e saúde dos indivíduos - famílias - comunidade.

POR QUE SAÚDE DA FAMÍLIA?

 A maioria dos problemas de saúde da população pode ser resolvida em unidades básicas de saúde;

 Substituir o modelo tradicional de assistência à saúde (cura de doenças e hospital);

 Racionalizar gastos com recursos tecnológicos;

 Aumentar a resolutividade;

 Garantir o acesso de todos;

 Humanizar o atendimento;

 Ampliar a compreensão do processo saúde x doença.

UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA (USF)

Posto Novo ou antigo Novo forma de trabalho Primeiro contato do usuário com o sistema Resolutivo Processos educativos Imagem de funil

Pode trabalhar com uma ou mais equipes População adstrita

EQUIPE DA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF)

Composta minimamente por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de 4 a 6 agentes Comunitários de Saúde

Residir no município 40 horas semanais

Assiste de 600 a 1000 famílias (limite máximo 4.500 pessoas) Cada Agente cobre de 20 a 150 famílias

O ACS deve residir na área de atuação.

ESTRATÉGIA

PROMOVER PROTEGER SAÚDE

RECUPERAR

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COMO FUNCIONA?

Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de cerca de 3 mil a 4 mil e 500 pessoas ou de mil famílias de uma determinada área, e estas passam a ter corresponsabilidade no cuidado à saúde.

ATRIBUIÇÕES DOS MEMBROS DAS EQUIPES

Médico: Atende a todos os integrantes de cada família, independente de sexo e idade, desenvolve com os demais integrantes da equipe, ações preventivas e de promoção da qualidade de vida da população.

Enfermeiro: Supervisiona o trabalho do ACS e Auxiliar de Enfermagem, realiza consultas nas Unidades Básicas de Saúde, bem como assiste às pessoas que necessitam de cuidados de enfermagem, no domicílio.

Auxiliar/Técnico de Enfermagem: Realiza procedimentos de enfermagem na Unidade Básica de Saúde, no domicílio e executa ações de orientação sanitária.

Agente Comunitário de Saúde (ACS): Faz a ligação entre as famílias e o serviço de saúde, visando cada domicílio pelo menos uma vez por mês; realiza o mapeamento de cada área, o cadastramento das famílias e estimula a comunidade para práticas que proporcionem melhores condições de saúde e de vida.

 Cada equipe é capacitada para: a realidade das famílias pelas quais são responsáveis, por meio de cadastramento e diagnóstico de suas características sociais, demográficas e epidemiológicas;

 Identificar os principais problemas de saúde e situações de risco as quais a população que ela atende está exposta;

 Elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para enfrentar os determinantes do processo saúde/doença;

 Prestar assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizando a demanda, organizada ou espontânea, na Unidade de Saúde da Família, na comunidade, no domicílio e no acompanhamento ao atendimento nos serviços de referência ambulatorial ou hospitalar;

 Desenvolver ações educativas e intersetoriais para enfrentar os problemas de saúde identificados.

O TRABALHO EM EQUIPE:

Um dos pressupostos mais importantes do Programa de Saúde da Família é promover o trabalho de equipe. Isso pressupõe um respeito profissional muito grande entre todos os membros da equipe;

ATENÇÃO DOMICILIAR:

A visita domiciliar é um elemento central no Programa de Saúde da Família. Não se trata de realizar as consultas no domicílio. Isso só acontece quando é estritamente necessário.

Mas é a visita domiciliar realizada cotidianamente pelo Agente Comunitário de Saúde que garante o vínculo e o acesso ao contexto familiar e social, que é repassado à equipe, fazendo com o encaminhamento de cada caso seja coerente com essa realidade.

A visita também tem por finalidade monitorar a situação de saúde das famílias, principalmente daquelas que enfrentam qualquer situação de risco e atender às pessoas doentes, que estão acamadas ou têm qualquer ordem de dificuldade para se locomover até a Unidade de Saúde da Família.

PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA – CICLO DE VIDA

SAÚDE DA CRIANÇA:

No Brasil, existem cerca de 16 milhões de crianças com idade inferior a 5 anos. Deste grupo, cerca de 23% das mortes acontecem por doenças infecciosas, respiratórias ou distúrbios nutricionais – o que pode ser explicado pela fragilidade neste período de aceleração do crescimento. Nesta fase, a criança também está mais sujeita aos riscos oferecidos pelo ambiente.

Com o objetivo de modificar esta situação, estratégias de impacto coletivo têm sido adotadas e vêm mostrando resultados satisfatórios. A criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC), em 1984, iniciou a reestruturação do atendimento às necessidades da saúde da criança com cinco principais focos de atenção:

crescimento e desenvolvimento, aleitamento materno, orientação nutricional, assistência às doenças diarreicas e Infecções Respiratórias Agudas (IRA’s) e imunização.

Utilizando essa abordagem, os serviços de saúde, em conjunto, atingiram alguns objetivos que tiveram influência positiva nas condições de saúde infantis: redução das taxas de mortalidade na infância, diminuição da mortalidade por doenças diarreicas e por Iras, diminuição da ocorrência de desnutrição na infância e controle das doenças imunepreveníveis, incluindo-se aí a erradicação da poliomielite.

Entretanto, ainda há muitos problemas e obstáculos a serem superados para que se mantenham as conquistas atingidas e minimizem-se outros agravantes à saúde da criança. Por exemplo, ainda temos altas taxas de mortalidade perinatal, alta prevalência de recém-nascidos de baixo peso, grandes diferenças entre as condições de saúde nos meios rural e urbano e alto índices de gravidez na adolescência.

Nas atividades desenvolvidas pelas equipes dos Programas Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, destaca-se a Atenção Integrada às Doenças

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Prevalentes na Infância (AIDPI) e a inserção dos enfoques da saúde da criança.

A Assistência Integrada de AIDIP é uma estratégia que visa integrar as ações de promoção de saúde da criança, por meio da assistência aos aspectos preventivos e curativos. É executada com uma abordagem por diagnóstico sindrômico, ou seja, realizado considerando os sinais e sintomas apresentados pela criança e/ou relatados por seus responsáveis. A principal característica da AIDPI é a

“focalização da atenção nas populações de maior risco e a revitalização do nível primário de atenção, tornando-o mais resolutivo e capaz de prestar atendimento de qualidade às patologias de maior prevalência na população infantil”.

Para utilizarem-se desta estratégia, os profissionais de saúde passam por treinamento específico, o que os torna capazes de avaliar rapidamente todos os sintomas da criança, sem excluir problemas importantes. Por exemplo, avaliar se a criança está gravemente doente ou não, se necessitará ser referida a um hospital com urgência ou se o tratamento pode ser feito no ambulatório ou domicílio.

O CARTÃO DA CRIANÇA COMO INSTRUMENTO DE VIGILÂNCIA À SUA SAÚDE:

Como auxílio ao acompanhamento às questões relacionadas à saúde da criança, os profissionais de saúde dispõem do Cartão da Criança, instrumento que permite visualizar vários aspectos ligados às ações preventivas.

Nele constam, desde que corretamente preenchido, informações sobre o crescimento e desenvolvimento da criança, seu estado vacinal, ocorrência de agravos e condições perinatais. Além disso, estão citados alguns dos passos do desenvolvimento esperados para a criança em determinada faixa etária, e os principais direitos das crianças e deveres dos responsáveis, contidos no Estatuto da Criança e do Adolescente.

O mais importante é que, de fácil utilização, permite tanto o preenchimento como a interpretação de seus dados por qualquer profissional de saúde, desde que orientado. É padronizado em todo o território nacional e pode ser utilizado no contexto da unidade de saúde (em qualquer nível de atenção) ou nas atividades desenvolvidas pelos profissionais nos mais variados espaços sociais. Em nenhuma hipótese este documento deve ficar retido pelos profissionais, pois sua guarda é responsabilidade dos pais ou responsáveis da criança.

De grande importância, o Cartão da Criança possibilita a identificação de distúrbios no crescimento ponderoestatural (ganho de peso e altura) através do método gráfico da “curva de crescimento”. Quando há alguma alteração na curva, pode- se detectar a ocorrência de distúrbios nutricionais como baixo peso para a idade, desnutrição calórico-protéica ou sobrepeso, o que contribui sobre- maneira para o planejamento e implementação de ações que visem controlar estes problemas.

O preenchimento do Cartão da Criança, no gráfico da curva de crescimento de acordo com a idade, segue as seguintes regras básicas:

 O primeiro peso a ser registrado deve ser o peso ao nascer;

 A pesagem periódica da criança deve ser realizada em uma balança adequada à sua idade;

 O peso da criança será registrado diretamente no gráfico através de um ponto (.), com a localização relacionada à idade da criança;

 Com as sucessivas pesagens, os pontos são ligados uns aos outros, formando o desenho da curva do crescimento.

A interpretação da curva é feita de acordo com a forma que adquire com o passar do tempo: se a curva está subindo - ASECENDENTE, significa que a criança está ganhando peso e crescendo adequadamente; se a curva não sobe nem desce - HORIZONTAL, o ganho de peso pode estar estacionado, requerendo a identificação de fatores relacionados a este fato e que intervenção deve ser feita junto à família; se a curva está descendo - DESCENDENTE, a criança pode estar caminhando para uma desnutrição ou sofrendo algum agravo que necessita abordagem imediata, encaminhamento e, às vezes, hospitalização.

Logo abaixo do gráfico de ganho de peso, nos campos onde devemos preencher a idade da criança quando realizamos a pesagem, há espaço para o registro da ocorrência de outras doenças no período antecedente ao atendimento na unidade de saúde ou em outros espaços sociais, como o domicílio, por exemplo. Assim, caso outros profissionais interessem-se por estas informações poderão obtê-las com facilidade. Podemos também identificar a situação vacinal da criança mediante avaliação do calendário vacinal.

SAÚDE DO ADOLESCENTE:

O Estado brasileiro não pode ignorar o espírito inovador e construtivo da juventude, nem tampouco a importância de sua contribuição para o desenvolvimento do país, o que exige, como uma toda a especial atenção e mobilização dos vários setores de políticas públicas e da sociedade civil para que os jovens tenham acesso a bens e serviços que promovam sua saúde e educação, melhorando, assim, a sua qualidade de vida.

A importância demográfica do grupo de adolescentes, indivíduos na faixa etária de 10 a 19 anos, e sua vulnerabilidade aos agravos de saúde, bem como às questões econômicas e sociais nas suas vertentes de educação, cultura, trabalho, justiça, esporte, lazer e outros determinam a necessidade de atenção mais específica e abrangente.

No entanto, os serviços que prestam assistência adequada às necessidades destes jovens são insuficientes, com acesso restrito, gerando uma demanda reprimida.

Para tentar superar esta situação e estabelecer a assistência adequada às necessidades dos jovens, é necessário conhecer seus problemas e suas especificidades evolutivas, discutindo estratégias que se constituam como um conjunto de ações, integradas e Inter setoriais, voltadas para o diagnóstico precoce, tratamento e recuperação e promoção à

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saúde, que lhes garantam uma assistência de forma integral, satisfatória e com resolubilidade.

EPIDEMIOLOGIA E OS PRINCIPAIS INDICADORES DA SAÚDE COLETIVA

EPIDEMIOLOGIA: do grego, Epedeméion (aquele que visita).

Epi (sobre).

Demós (povo).

Logos (palavra, discurso, estudo).

Etimologicamente “epidemiologia” significa: “Ciência do que ocorre com o povo” epidemiologia a palavra surge no título de um trabalho sobre a Peste na Espanha, na segunda metade do século XVI.

O QUE É EPIDEMIOLOGIA?

 Ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes do risco de doenças, agravos à saúde e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção e recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, na administração e na avaliação de sistemas, programas serviços e ações de saúde”

(Almeida Filho & Rouquayrol, 2002).

 Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou eventos relacionados à saúde em populações específicas e suas aplicações no controle de problemas de saúde (Dicionário de Epidemiologia - Last, 1988).

OBJETIVOS DA EPIDEMIOLOGIA:

 Descrever a magnitude, a tendência e a distribuição dos problemas de saúde em populações humanas.

 Descrever características dos casos, formas clínicas, modo de transmissão, grupos de maior risco, curso da doença etc., quando da ocorrência de um agravo desconhecido.

 Proporcionar dados essenciais para o planejamento, e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como estabelecer prioridades.

 Identificar fatores de risco e determinantes das enfermidades e outros agravos à saúde.

APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA:

Estudo da frequência (QUANTO).

 Estudo da distribuição dos óbitos segundo a cronologia (tempo – QUANDO?).

Estudo dos locais de ocorrência (espaço – ONDE?).

Estudo sobre a população atingida (pessoas – QUEM?).

FORMAS DE INTERVENÇÃO DA EPIDEMIOLOGIA:

 Identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos agravos à saúde;

 Entender a causação dos agravos à saúde;

 Definir os modos de transmissão;

 Definir e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde;

 Identificar e explicar os padrões de distribuição geográfica das doenças;

 Estabelecer os métodos e estratégias de controle dos agravos à saúde;

 Estabelecer medidas preventivas;

 Auxiliar o planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde; prover dados para a administração e avaliação de serviços de saúde.

APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA EM SAÚDE PÚBLICA:

As aplicações mais frequentes da epidemiologia em saúde pública são*:

Descrever o espectro clínico das doenças e sua história natural;

Identificar fatores de risco de uma doença e grupos de indivíduos que apresentam maior risco de serem atingidos por determinado agravo;

 Prever tendências;

 Avaliar o quanto os serviços de saúde respondem aos problemas e necessidades das populações;

Testar a eficácia, a efetividade das estratégias de intervenção, assim como a qualidade, acesso e disponibilidade dos serviços de saúde para controlar, prevenir e tratar os agravos de saúde na comunidade.

A saúde pública tem na epidemiologia o mais útil instrumento para o cumprimento de sua missão de proteger a saúde das populações.

INDICADORES:

São medidas utilizadas para descrever e analisar uma situação existente, avaliar o cumprimento de objetivos, metas e suas mudanças ao longo do tempo.

INDICADORES DE MORTALIDADE:

O risco ou probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de vir a morrer, em decorrência deuma

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doença, é calculado pela TAXA OU COEFICIENTE DEMORTALIDADE.

PRINCIPAIS INDICADORES DE MORTALIDADE:

 Mortalidade Geral.

 Mortalidade Materna.

 Mortalidade infantil.

 Taxa de Letalidade.

INDICADORES DE MORBIDADE:

 Coeficiente de incidência

 Coeficiente de prevalência

TAXA DE INCIDÊNCIA:

Incidência é o número de casos novos de uma doença em um dado local e período, relativo a uma população exposta.

COEFICIENTE DE PREVALÊNCIA:

Prevalência: representa o número de casos presentes (novos + antigos) em uma determinada comunidade num período de tempo especificado.

 Mortalidade e Morbidade são variáveis características de comunidades de seres vivos e se referem ao conjunto de indivíduos que morreram ou que adquiriram doenças num dado intervalo de tempo.

 Os termos mortalidade e morbidade estão frequentemente adjetivados para especificação de causas de doença ou morte, grupos etários, sexo, local e outras.

Mortalidade: Quantidade de seres que morreram em certa época, idade ou de determinada doença.

Morbidade: Quantidade de indivíduos acometidos por uma doença em uma dada população durante um determinado tempo.

CONCEITO DE SAÚDE - DOENÇA

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é “o bem-estar físico, mental e social e não somente a simples ausência de doença”. Para se estar com saúde é preciso estar bem não só fisicamente, mas também equilibrado emocionalmente e ter relações saudáveis com outros homens. Alguns autores acrescentam a esse conceito o bem-estar espiritual (relação com Deus).

PROCESSO SAÚDE – DOENÇA

A doença não é uma condição estática, é um processo que segue um curso mais ou menos natural. Saúde – pré-doença – doença crônica – invalidez – morte. Este processo desenvolve-

se como resultado de múltiplas causas que afetam a interação de (Maslow):

homem agente meio

CONCEITO DE SAÚDE PÚBLICA:

Saúde Pública “é a Ciência e a Arte de promover, proteger e recuperar a saúde física e mental, através de medidas de alcance e de motivação da população”

(Mascarenhas).

A Saúde Pública estabelece medidas sanitárias que possam ser aplicadas economicamente a grande número de pessoas, com resultados satisfatórios para uma alta porcentagem delas, por exemplo: vacinação.

Utiliza técnicas de Educação para a Saúde da Comunidade e age através do esforço organizado para:

 Saneamento do meio ambiente controle de infecções na comunidade

 Organização de serviços médicos e paramédico diagnóstico precoce

 Tratamento preventivo das doenças

 Aperfeiçoamento de medidas sociais convenientes para assegurar a cada membro da comunidade um nível de vida adequado à manutenção da saúde.

O principal objetivo da Saúde Pública atual é a Atenção primária à Saúde, ou seja, os vários aspectos da prevenção, baseada na Conferência de Alma – Alta (1978).

NÍVEIS DE PREVENÇÃO:

Período de pré-patogênese: realiza-se a prevenção primária através da promoção da saúde e proteção específica;

Período de patogênese: efetua-se a prevenção secundária por meio de diagnóstico e tratamento precoce e limitação da invalidez; a prevenção terciária realiza-se através da reabilitação.

PERÍODO DA PRÉ-PATOGÊNESE

PROMOÇÃO DA SAÚDE PROTEÇÃO ESPECÍFICA - Educação sanitária

- Bom padrão de nutrição, ajustado às fases de desenvolvimento da vida - Atenção ao

desenvolvimento da personalidade - Moradia adequada, recreação e condições agradáveis de trabalho - Aconselhamento matrimonial e educação

- Uso de imunizações específicas

- Atenção à higiene pessoal - Hábito de saneamento do ambiente

- Proteção contra riscos ocupacionais

- Proteção contra acidentes - Uso de alimentos

específicos

- Proteção contra substâncias carcinogênicas

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sexual - Genética

- Exames seletivos periódicos

PREVENÇÃO PRIMÁRIA

PERÍODO DE PATOGÊNESE DIAGNÓSTICO

PRECOCE E PRONTO ATENDIMENTO

LIMITAÇÃO DA

INVALIDEZ REABILITAÇÃO - Medidas

individuais e coletivas para a descoberta de casos

- Pesquisas de triagem - Exames seletivos Objetivos:

Curar e evitar o processo da doença - Evitar a propagação de doenças contagiosas - Evitar complicações e sequelas - Encurtar o período de invalidez

- Tratamento adequado para interromper o processo mórbido e evitar futuras

complicações e sequelas - Provisão de meios para limitar a invalidez e evitar a morte

- Prestação de serviços hospitalares e

comunitários para reeducação e

treinamento, a fim de possibilitar a utilização máxima das

capacidades restantes - Educação público e indústria, no sentido de que empregado reabilitado

- Colocação seletiva - Terapia ocupacional em hospitais

- Utilização de asilos

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA PREVENÇÃO TERCIÁRIA Sob o aspecto de duração, as doenças podem ser crônicas ou agudas. Crônicas são as doenças que se desenrolam em longo prazo; agudas são as de curta duração.

Usando-se dois critérios de classificação, quatro são as categorias fundamentais de doença (quadro um). Destas, as infecciosas agudas e as não-infecciosas crônicas incluem o maior número dentre as doenças conhecidas.

MODELO DA HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS

A principal consequência prática da Epidemiologia baseia-se no fato de que a produção do conhecimento epidemiológico “torna a prevenção possível mesmo quando a patogênese da doença ainda não é conhecida” (Acheson, 1979). Nesse sentido, a prevenção tem sido feita com base no modelo da história natural da doença, que parte de uma perspectiva processual dos fenômenos patológicos.

Denomina-se história “natural da doença” ao conjunto de processos interativos, “que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar,

passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte” (Leavell & Clark, 1976).

A história natural da doença, portanto, tem desenvolvido em duas vertentes sequenciadas: a vertente epidemiológica e a vertente patológica. Na primeira, o interesse é dirigido para as relações agente-sujeito - ambiente; na segunda, interessam as modificações que se passam no organismo vivo. Abrangem dois domínios interagentes, consecutivos e mutuamente exclusivos, que se completam: o meio-ambiente, onde atuam os agentes, e o meio interno, onde se desenvolve a doença.

AS DOENÇAS INFECCIOSAS:

De acordo com a Organização Panamericana da Saúde (OPS, 1983), à penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal, dá-se o nome de infecção. Infecção não é sinônimo de doença infecciosa. Uma vez estabelecida, poderá ou não, dependendo de fatores próprios do organismo parasitado, haver uma evolução para um estado mórbido manifesta, denominada doença infecciosa. A doença infecciosa é, pois, doença clinicamente manifesta do homem ou dos animais, resultante de uma infecção. Por infestação de pessoas ou animais entende-se o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou nas vestes. Objetos e locais infestados são os que albergam ou abrigam formas animais, especialmente artrópodes e roedores (OPS, 1983).

A designação doença contagiosa é reservada para as doenças infecciosas cujos agentes etiológicos atingem os sadios por meio do contato direto destes com os indivíduos infectados. Tome-se, por exemplo, o sarampo, transmitido por secreções oronasais, e as doenças venéreas, transmitidas pelo contato sexual (ex: gonorreia). Toda doença contagiosa é infecciosa. O inverso não é verdadeiro. Os esporos do Clostridium tetani, ao penetrarem no homem, se transformam em formas vegetativas que passam a multiplicar-se e a produzir uma potente exotoxina, responsável pelo quadro clínico. Não é contagiosa porque não se transmite diretamente do infectado para outras pessoas, mas é transmissível, pois os esporos dispersos no ambiente podem se transmitir a pessoas sadias por intermédio de ferimentos ou solução de continuidade da pele ou mucosas. Nesse ferimento, os esporos poderão encontrar condições ideais para sua multiplicação.

A expressão doença transmissível é termo técnico de uso generalizado e definido pela OPS: É qualquer doença causada por um agente infeccioso específico, ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão deste agente ou de seus produtos, de uma pessoa ou animal infectado, ou de um reservatório a um hospedeiro suscetível, direta ou indiretamente, por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente inanimado. Ou seja, doença cujo agente etiológico é (vivo e) transmissível. São doenças transmissíveis no sentido de que o organismo parasitante pode migrar do

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parasitado para o sadio, havendo ou não uma fase intermediária de desenvolvimento no ambiente. A maioria das doenças infecciosas ou transmissíveis associa-se à pobreza e ao subdesenvolvimento.

As doenças infecciosas podem assumir várias formas.

Uma doença manifesta é aquela que apresenta todas as características que lhe são típicas. Em contraposição, na infecção inaparente o indivíduo não apresenta sinais ou sintomas clínicos manifestos. Fala-se usualmente numa forma subclínica da doença. Este tipo de infecção tem uma importância bastante grande na Epidemiologia, dado o fato que as pessoas podem transmitir o agente aos suscetíveis com a mesma intensidade encontrada na doença manifesta, porém de uma forma encoberta. Na meningite meningocócica e na poliomielite, o número de infecções inaparente é muito superior ao da doença manifesta.

Uma doença sob forma latente representa um período de equilíbrio durante o qual não existem sinais clínicos manifestos da doença e o doente ainda não constitui fonte de contágio. A latência é de grande importância para a Saúde Pública porque se incluem nessa fase os fenômenos da incubação e da transmissibilidade. Período de incubação é o intervalo de tempo que decorre entre a exposição a um agente infeccioso e o aparecimento de sinais ou sintomas da doença respectiva. Período de transmissibilidade é o intervalo durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido, direta ou indiretamente, de um indivíduo infectado a outro, ou de um animal infectado ao homem, ou de um homem infectado a um animal, inclusive artrópode. São exemplos algumas fases da tuberculose ou da sífilis. Na forma abortiva, ocorre que nem todos os sinais clínicos da doença emergirão. A forma fulminante de doença é a que ocorre de forma excepcionalmente grave com um coeficiente de letalidade elevado. As septicemias são bons exemplos desta categoria.

Sob o ponto de vista de controle sanitário, as doenças infecciosas podem ser classificadas em doenças de isolamento e doenças quarentenáveis. Doenças de isolamento são aquelas que exigem a segregação das pessoas ou animais doentes durante o período de transmissibilidade da doença, em lugar e condições que evitem a transmissão direta ou indireta do agente infeccioso a indivíduos ou animais suscetíveis. Doenças quarentenáveis são aquelas que podem levar ao cerceamento da liberdade total ou parcial de movimentos de pessoas ou animais domésticos sãos que se tenham exposto ao contágio de uma doença transmissível, por um prazo que não deve ultrapassar o período máximo de incubação habitual da doença, de maneira a evitar seu contato com indivíduos que não se expuseram a tal contágio.

AS DOENÇAS NÃO-INFECCIOSAS:

Doença não-infecciosa é aquela que, no estado atual do conhecimento epidemiológico, não se relaciona à invasão do organismo suscetível por outros seres parasitários. Grande parte das doenças não-infecciosas é crônica, restando um pequeno grupo de doenças não-infecciosas agudas para as quais a Epidemiologia tem dedicado pouca atenção. Nesta categoria enquadram-se os acidentes, envenenamentos,

mortes violentas e os períodos de exacerbação aguda das doenças crônicas.

Antes que a doença não-infecciosa se manifeste por meio de sintomas, ocorrem reações no nível celular. Quando se trata de doenças cujo aparecimento depende do contato do organismo com o mundo exterior, estas reações são causadas por agentes existentes no ambiente. A ação necessária para produzir as primeiras perturbações bioquímicas em nível celular pode ser resultante de um dos seguintes tipos de exposição:

a) Exposição aguda a fator de risco que se apresenta em alta concentração. Inclui-se nesta categoria, como um dos raros exemplos de doença crônica que se segue a uma única exposição, a leucemia, cuja ocorrência se dá após passado um prazo mais ou menos longo de uma única exposição à radiação ionizante de alta intensidade. Relembrem-se a esse respeito os casos de leucemia surgidos entre os sobreviventes das explosões atômicas de Hiroxima e Nagazaki.

b) Exposição reiterada e intermitente ao fator de risco durante algum tempo. São exemplos à exposição à fumaça de cigarros, associada ao câncer de pulmão; a exposição profissional ao raio X, associada a neoplasias.

c) Exposição a fatores de risco diversos que atuam sinergicamente. É clássica a ação sinérgica da exposição conjunta de cigarros e asbestos, associada ao câncer de pulmão, com um período de latência muito inferior àquele que seria necessário ao cigarro ou ao asbesto, isoladamente, para produzir o carcinoma.

Para as doenças infecciosas agudas, o período de incubação é medido em dias ou semanas e, no máximo, em meses, excepcionalmente em anos. Para as doenças não- infecciosas crônicas, o período equivalente, denominado período de latência, é bem mais longo. Decorrem vários anos até que se percebam os primeiros sintomas. A leucemia que se segue a uma explosão nuclear tem uma latência mediana de 6,8 anos; o câncer de pulmão atribuído à exposição aos asbestos tem um período de latência mediano de 36,5 anos. A demorada latência das doenças não infecciosas torna difícil relacionar efeitos clínicos constatados aos prováveis fatores de risco colocados sob suspeita.

Uma das características marcantes das doenças não- infecciosas é a sua baixa patogenicidade, em relação às doenças decorrentes de exposição a agentes infecciosos. Dos muitos expostos a fatores de risco, relativamente poucos apresentarão a doença. A incidência de leucemia não atingiu 100% mesmo entre os sobreviventes expostos ao epicentro da explosão atômica de Hiroxima. Isto se deve a fatores intrínsecos pessoais, fazendo com que os mesmos fatores etiológicos, aplicados em iguais concentrações, em período de tempo idêntico, produzam resultados diversos em pessoas diferentes.

Suscetibilidade aqui tem uma conotação diferente daquela assumida quando o termo é aplicado às doenças infecciosas. Naquelas, a suscetibilidade praticamente só apresenta dois valores: o indivíduo é suscetível ou não. No

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caso das doenças não-infecciosas a suscetibilidade é uma variável contínua. No discurso epidemiológico sobre doenças não-infecciosas, fala-se melhor em fatores no sentido plural, não apenas um, mas vários. Empregam-se também as expressões fatores etiológicos e fatores de risco, sendo esta segunda expressão mais utilizada. O termo risco é aí usado para indicar probabilidade.

Fatores de risco, sejam exógenos ou endógenos, são aqueles que podem ser controlados, pelo menos teoricamente, por intervenção clínica ou epidemiológica.

Sedentarismo, obesidade, fumo, hipertensão arterial, colesterol sérico, contraceptivos orais, que atuam associadamente, são alguns fatores de risco para doenças coronarianas. No câncer de pulmão, são fatores de risco, que agem independentemente, os hidrocarbonetos policíclicos encontrados nos alcatrões e a poeira de minérios de urânio em suspensão na atmosfera.

São muito importantes os fatores de risco, quer exógenos, quer endógenos (físicos, químicos, biológicos).

Porém mais importantes ainda são os fatores sócio- econômico-culturais, que desempenham papel fundamental, seja isoladamente ou em interação com aqueles fatores de risco, no processo de produção de doenças, denominado de

“história natural das doenças”.

VARIAÇÃO CÍCLICA E VARIAÇÃO SAZONAL

Na variação cíclica, um dado padrão de variação é repetido de intervalo a intervalo. De modo recorrente, alternam-se valores máximos e mínimos. Dentro desta perspectiva, ciclo é nome que se dá ao padrão que é reiterado de intervalo a intervalo. Ciclo semanal, mensal ou anual, refere-se ao fenômeno que requer uma semana, um mês ou um ano.

Em algumas distribuições cronológicas, observa-se que os níveis máximos e mínimos ocorrem sempre no mesmo período, seja do ano, do mês, da semana ou do dia. Nestas distribuições, a variação está caracterizada por certa sazonalidade. Denomina-se sazonalidade à propriedade segundo a qual o fenômeno considerado é periódico e repete- se sempre na mesma estação do ano. Por extensão do significado, o termo passou a abranger também os fenômenos que se repetem em certos meses do ano ou em dias esperados da semana ou em horas do dia, e assim por diante.

Geralmente, nesse tipo de estudo de sazonalidade, pode emergir, como hipótese a ser verificada, a contribuição causal de fatores ligados ao ambiente, caso sua variação seja também sazonal, sugerindo uma variação concomitante, ou correlação.

TENDÊNCIA SECULAR

A incidência de doenças, a mortalidade por causas, ou qualquer outro evento de importância epidemiológica, quando acompanhados por anos consecutivos, parecem mostrar certa tendência à estabilidade, à expansão ou ao decréscimo de intensidade, dependendo do fenômeno a ser considerado. Esta modificação sistemática na frequência de doenças ou de óbitos, num período suficientemente longo de anos, é denominada de tendência secular do evento no período considerado.

NÍVEIS ENDÊMICOS

O termo endemia refere-se à doença habitualmente presente entre os membros de um determinado grupo, em uma determinada área. Em contraste, o termo epidemia refere-se à ocorrência repentina, não-habitual, de um número grande de casos de uma doença específica, em uma área geográfica delimitada. Finalmente, pandemia denota igualmente uma elevação não-habitual da incidência de uma dada patologia ou agravo à saúde, referindo-se, no entanto, a área geográfica não limitada.

DEFINIÇÃO DE ENDEMIA:

É possível formular uma definição objetiva, funcional e operativa para endemia: “qualquer doença espacialmente localizada, temporalmente ilimitada, habitualmente presente entre os membros de uma população e cujo nível de incidência se situe sistematicamente dentro dos limites da faixa endêmica referente àquela população”.

DEFINIÇÃO DE EPIDEMIA:

Alterações impostas ou acidentalmente ocorridas em uma estrutura epidemiológica definida, datada e localizada, produzirão, como consequência, mudanças nas relações mantidas entre os fatores vinculados ao agente, ao meio e ao suscetível, tendo como resultado observável modificações nos níveis de incidência da doença considerada. Pequenas diferenças poderão ser atribuídas à simples flutuação de valores ou a variações sazonais. Por outro lado, as diferenças encontradas podem ser de tal maneira flagrante e permanente que, para explicá-las, tem-se que supor modificações sistêmicas profundas, como por exemplo, a exclusão de fatores de proteção ou, então, a introdução de novos fatores de risco para a doença.

É possível pensar em epidemia como aquele processo saúde-doença de massa que deve ser reconhecido como tal por especialistas ou órgãos técnicos, seguindo regras e preceitos cientificamente elaborados e precisamente convencionados. Nesse caso, epidemia é uma alteração, espacial e temporalmente delimitada, do estado de saúde- doença de uma população, caracterizada por uma elevação progressiva, inesperada e descontrolada dos coeficientes de

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incidência de determinada doença, ultrapassando e reiterando valores acima do limiar epidêmico estabelecido.

Esta definição pressupõe que o estado saúde - doença da população deve estar permanentemente sob vigilância e controle. Implica observação contínua, exercida por pessoal habilitado, coleta e registro de dados bioestátisticos, cálculo de coeficientes, adoção de um limiar epidêmico convencionado e acompanhamento permanente da incidência através de diagramas de controle.

A incidência de uma doença pode chegar a nível epidêmico por meio de um dos seguintes mecanismos:

a. Importação e incorporação de casos imigrados a populações formadas por grande número de suscetíveis, entre os quais a transmissão seja uma possibilidade real;

b. Contato acidental com agentes infecciosos, toxinas ou produtos químicos, estando sujeitos grupos de indivíduos ou populações nas quais a incidência da doença permanecia nula até então;

c. A doença, presente até então em caráter endêmico, controlada, assume caráter epidêmico, devido a modificações ocorridas na estrutura epidemiológica.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

A partir da primeira metade do século XX, com o desenvolvimento de métodos de combate – como vacinas – e o surgimento da noção de agente infeccioso, iniciou-se uma prática científica de controle de doenças dando-se maior importância ao indivíduo portador de microrganismos.

Anteriormente, acreditava-se que a doença consequência natural da interação agente infeccioso-hospedeiro; nesse contexto, as medidas de controle voltavam-se prioritariamente para essa interação, ou seja, objetivavam exterminar o agente infeccioso e isolar o hospedeiro, sem considerar qualquer outro fator que pudesse influenciar o processo.

A partir desse quadro, em que havia grave acometimento de grandes parcelas populacionais por doenças transmissíveis, criou-se a necessidade de analisar as manifestações dessas doenças – o que propiciou o surgimento e desenvolvimento da ciência epidemiologia, que possibilitou o estudo da distribuição dos determinantes da frequência das doenças, no homem. Tornou-se então, possível conhecer melhor as condições e fatores que favoreciam a ocorrência das moléstias – faixa etária (infância, velhice), sexo, lugares (meio urbano, proximidade com florestas), épocas do ano (estações, meses), ocupações (profissionais do sexo, operários da construção civil) e outras condições de interesse.

Como saber então que tipos de enfermidades transmissíveis estavam surgindo e quantos eram os casos?

Que doenças estariam sendo controladas como os procedimentos adotados?

As ações epidemiológicas direcionavam-se para o controle da transmissão do agente infeccioso, centradas no isolamento do hospedeiro e no extermínio do agente do

ambiente. Tais medidas melhoram a assistência à população, mas ainda relacionavam-se a uma visão restrita da epidemiologia.

Assim, tanto no Brasil como no mundo, a aplicação de medidas epidemiológicas viabiliza a redução do número de casos de doenças transmissíveis, chegando-se mesmo a eliminar algumas, como a poliomielite, e a erradicar outras, como a varíola – a partir do momento em que são controladas, perdem um pouco de sua importância anterior.

A partir da obtenção de um controle relativo sobre as doenças transmissíveis, ocorreram importantes mudanças sociais, geradas pelo processo de industrialização, êxodo rural e crescimento das cidades. Começara, então, a aumentar o número de casos de doenças não-transmissíveis e de indivíduos acometidos por agravos, fortemente influenciados por fatores externos relacionados a um estilo de vida pouco saudável, tais como dieta inadequada, excesso de trabalho, vida sedentária, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estresses, abusos de drogas violência urbana e no trânsito, dentre outros.

O aumento da ocorrência dessas disfunções e agravos passou a despertar a atenção das autoridades sanitárias pelo impacto promovido na população economicamente ativa (PEA). O alto índice de pessoas afastadas do trabalho por longos períodos, bem como a ocorrência de pedidos de aposentadoria precoce por invalidez parcial ou total e aumento do número de óbitos e ela relacionados fizeram com que os profissionais de saúde começassem a questionar se também não seria necessária a elaboração de medidas de prevenção e controle das doenças não-transmissíveis e agravos.

Como nessas situações não havia um agente etiológico (causador), iniciou-se a discussão e valorização dos determinantes sociais como potenciais causadores de doenças não-transmissíveis e agravos. O estilo de vida e as condições sociais, influenciando a existência desses acometimentos populacionais, levaram os profissionais de saúde a constatarem sua inter-relação com outros setores públicos - o que fez com que o planejamento das ações promoção de condições que favorecessem a prevenção e o controle dessas doenças passasse a ser elaborado em conjunto com os órgãos responsáveis pelo saneamento, transporte, segurança, trabalho, agricultura, habitação e educação.

Essa nova forma de encarar as doenças, a organização dos profissionais em torno da discussão acerca desses temas e a emergência de uma reforma do setor saúde influenciam diretamente a reformulação no conceito de epidemiologia – a qual não mais irá somente considerar a distribuição das frequências das doenças, mas também incorporará a importância dos determinantes sociais no processo de saúde-doença, redirecionando as ações relacionadas à prevenção e ao controle das doenças transmissíveis, bem como das doenças não-transmissíveis e agravos. A atuação isolada ou em conjunto de cada um desses determinantes pode gerar um estímulo responsável pela ocorrência das doenças.

A partir daí, o Brasil passa a apresentar duas realidades de saúde que determinam seu perfil

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epidemiológico: por um lado, o baixo investido nas ações de prevenção e controle das doenças transmissíveis permitiu que estas voltassem a se manifestar, mesmo onde parecia já estarem eliminadas; por outro, a cada dia aumenta o número de pessoas afetadas por doenças não-transmissíveis e agravos – o que faz com que o fenômeno da confluência de riscos, que expõe a população a várias possibilidades de adoecimento.

Dessa forma, para os setores de política pública e serviços de saúde que desenvolvem ações considerando o perfil epidemiológico da população assistida, surgem dois desafios:

 Voltar a intensificar ou até mesmo criar novas ações de vigilância epidemiológica que atinjam as doenças transmissíveis; e

 Voltar a atenção da vigilância epidemiológica para as doenças não-transmissíveis (câncer, diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e outras) e agravos (mortes no trânsito, acidentes de trabalho, violência), cuja ocorrência aumenta diariamente, principalmente nas grandes cidades.

E quanto aos profissionais de saúde envolvidos nesse processo de redirecionamento das práticas assistenciais?

Cada vez mais lhes será requisitado que o desenvolvimento de suas atividades junto à população assistida volte-se à identificação de grupos suscetíveis, expostos a sofrer alterações nas suas condições de saúde.

Dessa maneira, realça-se a importância de se estar atento aos determinantes que atuam favorecimento o surgimento de doenças transmissíveis, não-transmissíveis e agravos. Somente mediante a intervenção sobre os mesmos poderemos contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, modificando seu perfil epidemiológico.

Por que estar atento às doenças e aos agravos? Que instrumentos possuem para mantê-los sob vigilância?

Quando estamos supostamente saudáveis, não temos o hábito de procurar assistência objetivando prevenir alterações no organismo. É bem mais frequente buscarmos atendimento apenas quando da existência de algum sintoma ou sinal preocupante. E essa demanda serve como parâmetro aos serviços de saúde para a avaliação do perfil epidemiológico da população, procurando, assim, manter uma vigilância constante.

Portanto, vigiar as doenças e agravos é importante para conhecermos o seu modo de manifestação, que indivíduos têm maior facilidade para contraí-las, qual a faixa etária mais atingida, em que épocas do ano ocorrem com mais frequência, que localidades apresentam maior número de casos de determinada doença e sobre quais determinantes faz-se necessário intervir para atender às necessidades de saúde da população.

A vigilância Epidemiológica (VE) é um serviço que reúne um conjunto de ações que permite acompanhar a evolução das doenças na população. Funciona como um

“termômetro”, um indicador de que ações devem ser priorizadas no planejamento da assistência à saúde. Se, por exemplo, for detectado o aparecimento de muitos casos de

sífilis congênita em uma maternidade localizada na área X, tal fato indica ser necessário que os gestores realizem maiores investimentos em assistência pré-natal naquela área, visando controlar incidência de casos.

Entretanto, para que a vigilância epidemiologia possa propor ações de prevenção e controle a partir do estudo do comportamento das doenças e agravos à população, é importante seguir algumas etapas:

 Coleta de dados

 Processamento dos dados

 Análise de dados

 Recomendação das medidas de controle e prevenção

 Promoção das ações de controle e prevenção Avaliação da eficácia das medidas

 Divulgação das informações

A notificação é essencial para o efetivo conhecimento da realidade vivida pela população assistida, bem como para a adoção de medidas de intervenção pertinentes, sendo importante o seu registro e divulgação. Apesar desse fato, muitos profissionais desprezam a importância dessa prática na determinação das condições sanitárias populacionais, provocando, assim uma subnotificação – quando o número de registros de ocorrência de casos de doenças é menor do que o realmente ocorrido -, o que impede o poder público atuar no atendimento às reais necessidades da população.

MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO EM VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

A investigação epidemiológica – processo que permite acompanhar a ocorrência de uma doença ou agravo nos indivíduos, operacionalizados mediante um inquérito epidemiológico, ou seja, pelo preenchimento de ficha de investigação que reúne as informações sobre as condições relacionadas ao adoecimento do indivíduo, com vista a implementar o máximo de medidas necessárias para garantir a prevenção e o controle.

Nessa ficha, o profissional de saúde, relata a conduta adotada em relação ao indivíduo acometido ou a seus comunicantes - em muitas localidades, é comum o auxiliar de enfermagem também ajudar nesta investigação. A investigação epidemiológica deve ocorrer sempre que for notificado um caso suspeito de alguma doença. Significa que mesmo que o diagnóstico não seja confirmado deve-se realizar a investigação e executar as medidas de controle e prevenção da transmissão, recomendadas pelos serviços de epidemiologia e padronizadas pelo nível central (Ministério da Saúde).

A busca de casos e visitas domiciliar é quando os serviços locais de epidemiologia, ao receberem notificações de doenças de clientes atendidos, procuram localizá-los por meio de aerograma, telefonema ou visitas ao domicílio para realizar a investigação epidemiológica;

O apoio a procedimentos diagnósticos é quando da definição de suspeita ou confirmação de uma doença, a coleta de material biológico, realização de testes específicos e

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interpretação de seus resultados são procedimentos frequentemente desenvolvidos pelo auxiliar de enfermagem.

Por sua vez, as medidas de precaução em relação à transmissão de doenças podem incluir:

Vacinação de bloqueio é a intensificação da administração de uma vacina, visando a impedir a transmissão de uma doença de um indivíduo doente para aqueles que com ele convivem em espaço restrito, como no trabalho, escola, creche ou quartéis. Essa medida é usualmente utilizada quando há o acometimento por uma doença de transmissão fácil e contra a qual se dispõe de vacina, como a coqueluche ou sarampo. A febre amarela, por exemplo, teve vacinação de bloqueio para evitar que novos casos atingissem outras regiões do país;

Intensificação de vacina – é uma estratégia utilizada para aumentar o número de pessoas protegidas contra uma doença. Para tanto, podem ser modificados os critérios normalmente utilizados para a aplicação da vacina, aumentando-se o número de doses ou a faixa da população- alvo;

Indicação de restrição de circulação – o objeto não é isolar o cliente, mas sim garantir que outras pessoas de seu convívio não corram o mesmo risco de contrair a doença por ainda não estarem protegidas.

Quimioprofilaxia – algumas vezes, o uso de vacinas para prevenir a transmissão de determinada doença não está disponível ou recomendado – casos em que são utilizados medicamentos para diminuir o risco de transmissão. A adoção desta conduta é chamada quimioprofilaxia, geralmente adotada para os comunicantes de casos suspeitos ou confirmados de meningite meningocócica ou causada por hemófilos, tuberculose ou leptospirose, e ainda frente à exposição acidental envolvendo objetos perfurocortantes potencialmente combinados com material biológico

REFERÊNCIA

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SANTOS, T. R. O SUS na vida dos brasileiros: assistência, acessibilidade e equidade no cotidiano de usuários da Atenção Primária à Saúde. Disponível em:

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Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde do trabalhador e da trabalhadora / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à

Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Cadernos de Atenção Básica, n. 41 – Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

Referências

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