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Rev. Assoc. Med. Bras. vol.58 número2

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Academic year: 2018

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EDITORIAL

129

Rev Assoc Med Bras 2012; 58(2):129

Redação e literatura científica

Métodos – A receita do bolo

BRUNO CARAMELLI

Editor-chefe da Revista da Associação Médica Brasileira

©2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

A publicação é uma tarefa obrigatória da pesquisa cientíica. Descrevendo e explicando fenômenos ou con-irmando e desmentindo conceitos, é por meio dela que a ciência modiica o conhecimento humano, na maioria das vezes para melhor. Essa empreitada, entretanto, representa um pesadelo para muitos pesquisadores. Não é incomum descrever um cientista como um indivíduo com perso-nalidade antissocial, avesso à comunicação e ao diálogo. De fato, muitos cientistas são maus professores e maus redatores, o que poderia explicar por que existem tantos ghost-writers e professores que consideram um castigo dar uma aula. A publicação exige um esforço adicional, por meio de uma atividade completamente diferente daquela que a pesquisa exigiu até aqui. Publicar implica colocar-se no lugar do outro ou antecipar a interpretação do leitor, tarefa difícil para indivíduos que costumam ter problemas com a teoria da mente, a capacidade para compreender estados mentais dos outros.

Buscando tornar mais “leve” o exercício da redação de trabalhos cientíicos, a RAMB vem publicando Editorias contendo a visão dos editores sobre cada uma das partes de um manuscrito cientíico, classicamente estruturado no formato IMRAD (Introduction, Methods, Results And Discussion)1,2. Os Métodos ou Metodologia representam

a parte mais técnica e objetiva do texto, aquela que exige “menos teoria da mente” e, provavelmente, é a mais fá-cil para o cientista. Nem por isso a redação dos Métodos é menos importante. O editor e o revisor diicilmente iniciarão avaliação do artigo por aqui, mas, certamente, voltarão à metodologia para checar os procedimentos e esclarecer dúvidas relativas aos resultados. Por sua natu-reza mais técnica, é nesse item que aparecem os erros que comprometem toda a pesquisa e que servem de embasa-mento para justiicar a rejeição do artigo pelos revisores.

A seção Métodos geralmente se inicia com a descri-ção do tipo de delineamento do estudo. Pode conter su-bitens, o que costuma acontecer nos ensaios clínicos ou epidemiológicos, pois há necessidade de caracterizar a

população ou a casuística estudada. Devem ser descri-tos o universo de onde foi retirada a amostra do estudo, incluindo localização (cenário), época, nome da institui-ção, critérios de inclusão e de não inclusão, descrição de subdivisão ou distribuição da população em subgrupos e

os desfechos (outcome). Os vieses de seleção ou delinea-mentos inadequados que podem comprometer a avalia-ção do artigo são percebidos aqui pelos revisores. A des-crição detalhada de exames, testes, preparo de materiais é o passo seguinte. E é para esse item que o olhar crítico do revisor converge quando encontra valores diferentes dos habituais ou muito estranhos nos resultados.

Uma parte importante do item Métodos é o tratamen-to estatístico. O revisor deve encontrar justiicativas para a determinação do tamanho amostral, apresentação dos testes e do sotware utilizado para a análise. Uma dica importante é escrever de maneira clara e completa para evitar que o texto seja enviado pelos editores para um re-visor especializado em estatística. A maioria das revistas oferece essa opção no formulário preenchido pelos revi-sores. A experiência mostra que o revisor assinala essa opção quando tem dúvidas ou acredita que o tratamento estatístico pode ser incorreto. Outra informação precio-sa é analiprecio-sar como o tratamento estatístico é descrito em publicações anteriores na mesma revista. Todo cuidado é importante, pois, se seu artigo for enviado para análise por um revisor especializado, outras variáveis estarão en-volvidas, incluindo maior rigor na descrição e linguagem mais técnica, que nem sempre é dominada pelos autores.

Finalmente, é preciso dizer que uma pesquisa bem de-senhada e elaborada passa por um processo de validação interna e externa. O primeiro garante a coniabilidade e revela ao leitor que o processo de investigação foi elabo-rado de maneira correta, usando deinições e conceitos sólidos e ferramentas adequadas. O segundo, a validação externa, certiica a reprodutibilidade: a metodologia deve conter informações suicientes para que o experimento possa ser reproduzido atingindo-se resultados semelhan-tes. Em ambos os casos, é possível não fazer uma des-crição detalhada e recorrer a publicações anteriores dos mesmos autores por meio de citações, desde que essas tenham sido idênticas e possam garantir coniabilidade e reprodutibilidade.

REFERÊNCIAS

1. Caramelli B. he title: herald of scientiic communication. Rev Assoc Med Bras. 2011;57(4):359.

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