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AVALIAÇÃO DO CONTROLE AUTONÔMICO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA E DETERMINAÇÃO DO LIMIAR DE ANAEROBIOSE EM HOMENS SAUDÁVEIS E CORONARIOPATAS

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©Revista Brasileira de Fisioterapia

AVALIAÇÃO DO CONTROLE AUTONÔMICO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA E DETERMINAÇÃO DO LIMIAR DE ANAEROBIOSE EM

HOMENS SAUDÁVEIS E CORONARIOPATAS

Takahashi, A. C. M.,1 Novais, L. D.,1,2 Silva, E.,1,3 Sakabe, D. I.,1,4 Oliveira, L.,1 Milan, L. A.,5 Darezzo, F.6 e Catai, A. M.1

1Núcleo de Pesquisa em Exercício Físico, Dep. de Fisioterapia, UFSCar, São Carlos, SP, Brasil

2Dep. de Fisioterapia, Faculdades Federais Integradas de Diamantina (FAFEID), Diamantina, MG, Brasil

3Faculdade de Ciências da Saúde, FACIS – UNIMEP, Piracicaba, SP, Brasil

4Dep. de Ginecologia e Obstetrícia, FMRP – USP, Ribeirão Preto, SP, Brasil

5Dep. de Estatística, UFSCar, São Carlos, SP, Brasil

6Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, SP, Brasil

Correspondência para: Anielle Cristhine de Medeiros Takahashi, Núcleo de Pesquisa em Exercício Físico (NUPEF), Dep. de Fisioterapia, UFSCar, via Washington Luís, km 235, C.P. 676, CEP 13565-905, São Carlos, SP, Brasil

Recebido: 8/10/2004 – Aceito: 11/5/2005

RESUMO

Objetivo: (a) Avaliar a freqüência cardíaca (FC) e sua variabilidade (VFC) em repouso e durante teste de exercício físico dinâmico descontínuo tipo degrau (TEFDD-d) em homens saudáveis sedentários (SS) e infartados ativos (IA); (b) determinar e comparar o limiar de anaerobiose (LA) dos grupos estudados. Metodologia: Foram estudados 10 SS (52,5 anos) e 6 IA (59,2 anos) em repouso nas posições supino e sentado e em TEFDD-d realizado em cicloergômetro, iniciando na potência de 25 Watts (W) para os SS e em 15 W para os IA, com incrementos de 10 W, e após dois níveis de potência com decréscimo de 5 W e acréscimo de 5 W. A FC (bpm) e os intervalos R-R (iR-R) em ms foram captados batimento a batimento em repouso e em TEFDD-d. Foram calculados os índices RMSSD dos iR-R e a FC média das condições de repouso e do trecho estável de cada nível de potência. O LA foi determinado aplicando o modelo semiparamétrico aos dados de FC. Os testes estatísticos utilizados foram Wilcoxon, Mann Whitney e Friedmann, nível de significância p < 0,05. Resultados: Em repouso os valores de RMSSD dos iR-R e da FC não atingiram diferenças estatísticas significativas entre os grupos, já os SS apresentaram diferenças significativas nos valores de FC durante a mudança postural. No nível da potência do LA ambos os grupos não apresentaram reduções significativas da VFC em comparação com 25 W. Conclusão: Nossos resultados sugerem que a atividade física regular realizada pelos IA contribuiu para manter tanto a capacidade aeróbia como a modulação autonômica da FC similares a dos SS.

Palavras-chave: limiar de anaerobiose, freqüência cardíaca, variabilidade da freqüência cardíaca, doença coronariana, infarto do miocárdio, exercício físico.

ABSTRACT

Evaluation of autonomic heart rate control and determination of anaerobic threshold among healthy and coronary heart-diseased men

Objective: a) To evaluate heart rate (HR) and its variability (HRV) at rest and during step-type discontinuous dynamic physical exercise test (s-DDPET) among sedentary healthy men (SH) and active men with coronary heart disease (CHD); b) To determine and compare the anaerobic threshold (AT) for the two groups. Method: Ten SH (52.5 years) and six CHD (59.17 years) were studied at rest, in supine and sitting positions, and during s-DDPET performed on a cycle-ergometer. The initial s-DDPET workload was 25 watts (W) for SH and 15W for CHD, followed by 10W increments and a final two power levels with 5W decrease and 5W increase.

HR (bpm) and R-R intervals (R-Ri), in ms, were registered on a beat-to-beat basis, at rest and during s-DDPET. The RMSSD index of R-Ri and the mean HR were calculated for resting conditions and the stable interval of each power level. The AT was determined by applying the semi-parametric model to the HR data. Wilcoxon, Mann-Whitney and Friedman tests were used for statistical analysis,

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with the level of significance set at 5%. Results: At rest, there were no statistical differences in RMSSD and HR values between the groups. The SH group showed significant difference in HR values during the postural change. At the AT power level, neither group presented significant reduction in HRV, in comparison with 25W. Conclusion: our results suggest that regular physical activity performed by the CHD group contributed towards maintaining aerobic capacity and autonomic HR modulation resembling those of the SH group.

Key words: anaerobic threshold, heart rate, heart rate variability, coronary heart disease, myocardial infarction, physical exercise.

INTRODUÇÃO

O limiar de anaerobiose (LA) é um importante parâmetro para avaliar a capacidade física de um indivíduo, sendo que ele corresponde ao nível de potência, ou consumo de oxigênio (VO2) submáximo, ponto em que começa a haver desproporção entre o aumento de ácido láctico produzido pelo músculo e sua eliminação, ou seja, quando a demanda de oxigênio é maior que a oferta e o mecanismo aeróbio oxidativo passa a ser suplementado pelo mecanismo anaeróbio.1

A identificação do LA pode ser realizada por métodos invasivos, como dosagem da concentração de lactato1 e de bicarbonato plasmático,1 e/ou por métodos não invasivos, como o ventilatório, por ergoespirometria, no qual o LA é obtido por meio das variações nas curvas de ventilação e de produção de CO2, ou seja, um aumento não linear dessas variáveis em comparação ao aumento linear do consumo de oxigênio1,3,4 pela análise do comportamento da resposta da freqüência cardíaca (FC),2,5 pela variabilidade da freqüência cardíaca (VFC)5 e mais recentemente pela aplicação de modelos matemáticos no sentido de detectar mudanças de inclinação da produção de dióxido de carbono, FC e root mean square (RMS) do sinal eletromiográfico.4

Considerando que as técnicas que envolvem a FC e sua variabilidade são mais simples e menos onerosas4 em relação à utilização do equipamento de ergoespirometria, que tem alto custo e não está presente na maioria dos ambulatórios de atendimento à população,4 a utilização dessas novas metodologias trariam grandes benefícios à prática clínica de avaliação de indivíduos submetidos a programas de treinamento físico.4

O estudo do controle do sistema nervoso autônomo do coração, durante teste de exercício físico dinâmico, em degraus descontínuos com carga crescente, nos permite observar duas fases do padrão de comportamento da resposta da FC. Primeiro nota-se um período de latência de cerca de 0,5 segundo, nos seguintes 10 a 20 segundos há a retirada vagal atuante sobre o nódulo sinoatrial causando rápida elevação da FC. Após esse período, em níveis baixos de potência de esforço físico verifica-se uma redução da FC que corresponde ao período da retomada vagal, assim, a FC

pode se estabilizar até o final do trabalho muscular.2,5,6 Em níveis de potências moderadas a mais intensas é possível identificar a partir da análise da FC por modelos matemáticos e estatísticos uma inclinação positiva de sua resposta, o que tem sido atribuído a um predomínio da função simpática, caracterizando, indiretamente, o LA.2,5,6 Nas potências realizadas acima do LA é observado acréscimo da FC mais intenso à medida que o nível de atividade física aumenta.2,5 Por sua vez, a VFC é um termo utilizado para indicar as oscilações entre freqüências cardíacas instantâneas consecutivas, assim como no intervalo entre batimentos cardíacos, que são determinados pela modulação das atividades dos sistemas nervoso simpático e parassimpático no nó sinoatrial.7,8 Vários estudos têm mostrado que com o aumento da intensidade do exercício físico a VFC diminui progressivamente até o LA, em decorrência da diminuição da modulação vagal sobre o nó sinoatrial e do aumento da atividade simpática.5,7,9

Em relação à VFC, no infarto do miocárdio ela tem sido considerada um marcador para o risco de mortalidade, uma vez que sua alteração estaria relacionada a uma depressão da atividade vagal, que apresenta forte associação com a patogênese de arritmias ventriculares e morte súbita.10 A literatura refere que há grande diminuição da VFC após o evento agudo do miocárdio no 1o mês e, em seguida, temos gradual normalização, porém, não completa, ou seja, indivíduos infartados apresentam menor VFC em relação a pessoas da mesma idade que não sofreram tal evento.7,8,10 Considerando que a fisioterapia cardiovascular utiliza programas de treinamento físico como parte do protocolo de atendimento, a identificação do LA é importante para determinar prescrição mais adequada da atividade física,2 bem como para avaliar as adaptações da modulação autonômica da FC e da capacidade aeróbia decorrentes do treinamento físico. Sendo assim, os objetivos do presente trabalho foram: avaliar a FC e sua variabilidade durante o repouso nas posições supina e sentada e determinar o limiar de anaerobiose pelo comportamento da resposta da freqüência cardíaca, bem como analisar a VFC no momento do LA comparando 2 grupos de indivíduos: um com infarto antigo do miocárdio que realiza atividade física regular e outro de saudáveis sedentários.

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MATERIAIS E MÉTODOS Voluntários

Foram estudados 16 homens, sendo 10 saudáveis (SS) com idade mediana de 52,5 anos e 6 portadores de infarto antigo do miocárdio (IA) com idade mediana de 59,2 anos e não usuários de medicamentos beta bloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio. Os voluntários saudáveis realizavam atividade física esporadicamente, numa freqüência inferior a uma vez por semana, e por isso foram classificados como sedentários; os voluntários com infarto do miocárdio faziam parte de um programa de Fisioterapia Cardiovascular, realizando treinamento físico a aproximadamente um ano, com freqüência de 3 vezes por semana, com 1 hora de duração e intensidade de 70% a 75% da FC de pico atingida no teste de esforço de avaliação funcional, a qual correspondia ao nível do LA determinado por teste de esforço descontínuo do tipo degrau.2 Todos foram submetidos às seguintes avaliações:

anamnese, exame físico, eletrocardiograma em repouso, teste de esforço físico dinâmico máximo ou sintoma limitado com protocolo em degrau contínuo e exames laboratoriais (glicemia de jejum, colesterol total e frações, triglicérides, ácido úrico, creatinina e urina tipo 1). Os voluntários não eram diabéticos, etilistas ou fumantes. Todos foram orientados a não realizar esforços físicos extenuantes no dia anterior e no dia do teste, utilizar apenas os medicamentos e a dosagem indicados pelo médico e fazer uma refeição leve pelo menos 2 horas antes dos testes. Considerando as influências do ciclo circadiano nas respostas das variáveis estudadas, todos os experimentos foram realizados no período da manhã.

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição e os voluntários assinaram um termo de consen- timento livre e esclarecido de participação na pesquisa.

Protocolo Experimental

Protocolo I: Condição de repouso

Esse protocolo teve por objetivo avaliar a freqüência cardíaca e sua variabilidade nas condições de repouso supino e sentado.

Inicialmente, o voluntário permaneceu na postura supina para que fosse realizada tricotomia, limpeza e colocação de eletrodos. Em seguida, o eletrocardiograma (ECG), a FC e os intervalos entre duas ondas R do ECG (iR-R) eram coletados a partir da derivação MC5 (eletrodo vermelho: no manúbrio esternal, eletrodo amarelo: no 5o espaço intercostal na linha axilar anterior e eletrodo preto: no rebordo costal direito) nas posições supina e sentada (sendo que na última foi utilizada uma cadeira com encosto, estando os braços dos voluntários apoiados nos membros inferiores). O período de coleta da FC foi de 15 minutos em cada posição. Para a captação e o processamento dos sinais eletrocardiográficos foi utilizado um monitor cardíaco de 1 canal (TC –500, ECAFIX) acoplado a um conversor analógico digital Lab – PC + (National Instruments, Co), que constitui uma “interface” entre o monitor

cardíaco e o microcomputador Pentium III. A partir da

“interface”, o sinal analógico do ECG foi convertido em valores binários para o acesso no microcomputador, por meio de um programa de processamento dos sinais digitalizados.11

Protocolo II: Teste de exercício físico dinâmico em degraus descontínuos (TEFDD-d).

Esse teste foi realizado com o objetivo de avaliar a contribuição dos componentes dos sistemas nervosos autônomo, simpático e parassimpático no incremento da freqüência cardíaca induzida pelo esforço físico, em uma ampla faixa de variação de potências aplicadas, para a detecção do LA.

Esse teste foi realizado num cicloergômetro de frenagem eletromagnética (Ergo 167 Cycle – Ergo Fit), com potência inicial de 25 W para os SS e de 15 W para os IA, durante 360 segundos. Após esse nível de potência, os incrementos foram de 10 W, até que fosse identificada a inclinação positiva da resposta da FC pelo modelo semiparamétrico. A partir dessa foram realizados mais dois estágios, um com acréscimo de 5 W e outro com decréscimo de 5 W. Foi intercalado um período variável de repouso entre um nível de esforço e outro, para que a FC retornasse a seus valores basais.

Os voluntários foram monitorizados na derivação MC5 durante cada degrau do protocolo II: 60 segundos pré-esforço, 360 segundos de exercício e 60 segundos no período de recuperação, utilizando o mesmo sistema de captação e processamento do ECG do protocolo I.

Análise dos Dados

Os dados de FC captados batimento a batimento foram processados para a obtenção do LA utilizando um modelo matemático e estatístico semiparamétrico a partir de uma rotina específica desenvolvida para esse fim, empregando- se o aplicativo estatístico “SPLUS” (versão 2000 Professional Release 1 for MS Windows, 1999, Copyright

© Statistical Sciences, Inc. Copyright Lucent Technologies).

Esse programa permite a identificação da potência em que a FC perde a estabilidade, o que tem sido atribuído ao predomínio da atuação simpática no nó sinoatrial, caracterizando indiretamente o LA. Para essa análise foi selecionado o trecho estável da série temporal de FC, no período entre 120 e 380 segundos de cada degrau.

A análise da VFC foi realizada por meio do índice temporal RMSSD dos intervalos R-R (iR-R), em ms. Foram analisados os períodos de repouso, 15 minutos supino e 15 minutos sentado, bem como os trechos estáveis no período de 120 e 380 segundos em cada nível de esforço.

O índice RMSSD corresponde à raiz quadrada da somatória do quadrado das diferenças entre os iR-R (ms) no registro, divididos pelo número de iR-R (ms) menos um.

A análise estatística de significância foi realizada a partir dos testes não paramétricos de Wilcoxon (para a comparação entre as posições supina e sentada), Friedmann (na

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comparação dos dados nas condições sentada, em 25 W e no LA) e Mann-Whitney (na comparação intergrupos). Foram considerados níveis de significância de p < 0,05.

RESULTADOS

As características antropométricas, a idade e os dados de FC e RMSSD em repouso e em TEFDD-d dos SS e dos IA estão expressos na Tabela 1.

Foi observado que os IA apresentavam idade mediana, em anos, significativamente maior do que os SS. Com base nos resultados do teste ergométrico clínico, os voluntários SS foram classificados como fracos e os IA como fracos e muito fracos segundo a classificação aeróbia da American Heart Association.

A Figura 1A apresenta os dados da FC, em batimentos por minuto (bpm), e a 1B, os valores do índice RMSSD dos i-RR (ms) na condição de repouso, nas posições supina e sentada, nas potências de 25 W e de LA dos indivíduos SS e IA. Observa-se na análise da FC intragrupos que somente o grupo SS apresentou diferença estatisticamente significativa, na transição da posição supina para a sentada. Comparando os valores de FC na condição sentada, em 25 W e no LA, observa-se que há aumento significativo dessa variável da condição de repouso sentado para o LA, em ambos os grupos.

Em relação aos valores de RMSSD dos iR-R, em ms, na mudança postural não houve diferença estatisticamente

significativa para ambos os grupos. Tanto para os SS quanto para os IA observamos na transição do repouso sentado para a potência de 25 W redução do índice RMSSD dos iR-R, porém sem alcançar significância estatística. Durante o exercício da carga de 25 W para o LA, não se observou redução significativa do índice RMSSD dos iR-R em ambos os grupos.

Na análise intergrupos, Tabela 1, não observamos diferenças significativas nos valores de FC e do índice RMSSD dos i-RR, tanto para as condições de repouso, supino e sentado como no exercício, na carga de 25 W e no LA.

O valor mediano de potência (W) no qual foi identificado o momento do LA foi de 37,5 W para ambos os grupos, com valores mínimos e máximos de 25 W e 55 W para os SS e de 25 W e 40 W para os IA.

DISCUSSÃO

A literatura refere que o nível de condicionamento físico e a presença de patologias podem influenciar a FC na condição de repouso.12 A VFC, por sua vez, apresenta importantes alterações em função da idade, sendo inclusive um marcador biológico do envelhecimento.13 Essa variável também sofre alterações com o nível de condicionamento físico14 e no infarto do miocárdio, no qual se encontra reduzida, sendo considerada parâmetro preditor de prognós- tico de morbimortalidade.7,8,10

SS IA

Idade (anos) 52,5 59,2*

Características antropométricas

Peso corporal (kg) 72,9 75,2

Altura (m) 1,69 1,68

Índice de massa corporal (kg/m2) 26,1 26,9 Variáveis estudadas em repouso e no TEFDD-d

FC (bpm) supino 71,1 66

FC (bpm) sentado 74,1 73,5

FC (bpm) 25 W 84,5 94

FC (bpm) LA 95 100,5

RMSSD dos i-RR (ms) supino 21,7 17,6 RMSSD dos i-RR (ms) sentado 21,7 16,1 RMSSD dos i-RR (ms) 25 W 9,8 6,5 RMSSD dos i-RR (ms) LA 8,1 6,9

*p < 0,05 – obtido a partir do teste de Mann-Whitney (análise intergrupos).

Tabela 1. Valores medianos de idade, características antropométricas, variáveis FC (bpm) e índice RMSSD dos i-RR (ms), no repouso (supino e sentado) e nas potências de 25 W e de LA do teste no esforço físico dinâmico em degraus descontínuos (TEFDD-d) dos grupos saudáveis sedentários (SS) e infartados ativos (IA).

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p < 0,05 p < 0,05

p > 0,05 p > 0,05 p > 0,05 p < 0,05

p < 0,05

p > 0,05 130

120 110 100 90 80 70 60 50 40

Freqüênciacardíaca(bpm)

Supino Sentado 25 W LA Supino Sentado 25 W LA

Saudáveis sedentários Infartados ativos

Máximo Mínimo 75%

25%

Mediana Outliers

p < 0,05 p < 0,05

p > 0,05 p > 0,05

p > 0,05 p > 0,05

p > 0,05 p > 0,05

Supino Sentado 25 W LA Supino Sentado 25 W LA

Saudáveis sedentários Infartados ativos 45

40 35 30 25 20 15 10 5 0

ÍndiceRMSSDdosintervalosR–R(ms)

Máximo Mínimo 75%

25%

Mediana Outliers B

A

Figura 1. Valores da freqüência cardíaca em batimentos por minutos (bpm) em A e valores dos índices RMSSD dos iR-R (ms) em B, dos grupos de saudáveis (SS) (n = 10) e infartados (IA) (n = 6), durante o repouso, nas posições supina e sentada, e nos trechos estáveis da resposta da FC batimento a batimento no período de 120 a 380 s, nas potências de 25 W e do nível do LA. Nível de significância p < 0,05.

No presente trabalho não foram observadas diferenças significativas da FC entre os grupos na condição de repouso, nas posições supina e sentada. O índice RMSSD apresentou menores valores para os IA, não alcançando, porém, diferenças estatisticamente significativas quando comparado aos SS, sugerindo que o decréscimo da atividade parassimpática

atuante no nó sinusal que é esperado em coronariopatas foi amenizado pelo fato de eles realizarem atividade física regular.

Nosso estudo é concordante com outros trabalhos na literatura15,16 que avaliaram coronariopatas ativos e saudáveis sedentários em repouso, nas condições supino e sentado, e não encontraram diferenças significativas entre os grupos

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para os valores de FC15 e para o índice RMSSD.16 Ressaltamos também que no presente estudo, apesar de os SS terem idade significativamente inferior aos IA, isso não influenciou os resultados da VFC e FC, uma vez que não houve diferença estatística significativa entre os grupos. Isso pode ter ocorrido em função dos SS não praticarem nenhum tipo de atividade física, sendo que hoje o sedentarismo é considerado um importante fator de risco cardiovascular,17 ou ainda pela melhora da condição cardiovascular dos IA atribuída ao treinamento físico.18

Em relação à mudança postural, ocorrem variações na modulação vago-simpática, envolvendo a ativação das vias eferentes simpáticas e menor ativação da eferência parassim- pática para o coração. A mudança postural de supino para sentado ocasiona modificações das variáveis cardiovasculares em decorrência dos desvios hidrostáticos e das respostas reflexas adaptativas causadas pelo deslocamento de sangue das extremidades superiores para as inferiores, diminuição do volume sistólico, aumento da FC para manutenção do débito cardíaco e da pressão arterial sistêmica, ativação dos mecanoceptores arteriais e cardiopulmonares e integração de informações periféricas e centrais.19

Nossos resultados são concordantes com os dados expostos em relação ao grupo de saudáveis, que apresentaram maiores valores de FC na posição sentada em relação à supina, os IA, por sua vez, não apresentaram diferenças estatísticas na mudança de postura, sugerindo que a presença de patologia pode alterar a dinâmica circulatória, afetando a resposta da FC de repouso.15 Por outro lado, ao analisarmos o índice RMSSD dos iR-R em relação à mudança postural, este não mostrou diferença significativa entre os grupos.

Apesar de a literatura indicar que tanto o sedentarismo20 como o infarto do miocárdio podem provocar modificações no controle autonômico do coração,15,16 o efeito do último pode ter sido amenizado pelo efeito do treinamento aeróbio realizado pelo grupo IA, proporcionando condições similares para ambos os grupos.

Tem sido referido na literatura que a prescrição de treinamento físico baseada somente na resposta cronotrópica obtida por cálculos baseados na % da FC máxima prevista apresenta certas limitações, podendo na maioria das vezes superestimar a capacidade funcional dos indivíduos.9 Em decorrência desse fato, tem-se buscado programas de treinamento físico baseados no estresse metabólico causado pelo exercício físico dinâmico, como no momento do LA.

No entanto, para a identificação do LA ventilatório, os equipamentos utilizados em ergoespirometria são de alto custo, não estando disponíveis em várias clínicas e/ou labora- tórios. Nesse sentido, este trabalho buscou a determinação do LA de maneira mais acessível, utilizando protocolo submáximo e metodologia de análise não invasiva e de baixo custo: a resposta da FC, bem como a análise da VFC no momento do LA.

Em nosso trabalho os valores de potência e FC atingidos ao nível de LA para os SS foram 37,5 W e 95 bpm e para os IA, 37,5 W e 100 bpm. Assim, nossos valores de FC no LA são compatíveis com os obtidos por outros autores.

Pokan21 e Garcez,2 estudando infartados, obtiveram FC de 97 e 109 bmp, respectivamente, enquanto Sakabe,4 Catai3 e Wanjgarten,22 estudando homens de meia idade sedentários, obtiveram os valores respectivos de 95, 114 e 101 bpm.

Em relação à potência no LA, nossos valores se encontram abaixo do relatado pela literatura, tanto para SS como para IA. No estudo de Pokan,21 com coronariopatas foi utilizado protocolo degrau contínuo obtendo valores de 50 ± 15 W, enquanto Novais,15 utilizando protocolo do tipo rampa, obteve valores de 63 W. Para os dados de homens de meia idade sedentários, utilizando protocolo do tipo rampa, Sakabe4 obteve valores de 66,5 W, enquanto Wanjgarten22 e Catai3 encontraram valores de 50 ± 16 W e 77 W, respectivamente. Essas discordâncias podem ser explicadas pelos diferentes protocolos utilizados e pelo emprego da ergoespirometria para a detecção do LA.3,4,15,21,22

Por outro lado, protocolo tipo degraus descontínuos semelhante ao nosso foi utilizado no trabalho de Garcez,2 que estudou coronariopatas treinados em potências abaixo e acima do LA, cujos dados de FC foram processados por meio de modelos auto-regressivos integrando médias móveis (ARIMA), sendo que o LA foi determinado com valor mediano de potência de 75 W. Já Marães,5 estudando homens saudáveis na faixa etária de 43 ± 3,5 anos, obteve valores de 60 W aplicando o modelo ARIMA e 55 W com a aplicação do modelo semiparamétrico. É importante ressaltar que os coronariopatas estudados por Garcez2 realizavam a atividade física programada há cerca de 2,5 a 3 anos e os do presente estudo, há apenas 1 ano, e que os homens saudáveis estudados por Marães5 eram fisicamente ativos e apresentavam idade inferior aos estudados neste trabalho.

Em relação à utilização da variabilidade da freqüência cardíaca, por meio da análise dos índices RMSSD dos iR- R, com homens de meia-idade ativos,5 que também utilizou protocolo descontínuo e análise do índice RMSSD, ocorreu redução estatisticamente significativa da VFC na potência do LA em relação à menor potência aplicada. Este estudo atribui menor participação do sistema nervoso parassimpático e predominância do simpático no controle da FC em intensidades acima do LA.

Em contrapartida, em nosso estudo, durante o exercício não houve redução significativa do RMSSD dos iR-R na potência de 25 W em relação à correspondente ao LA em ambos os grupos. Essa resposta poderia ser explicada pelo fato de que tanto os coronariopatas quanto os sedentários partem de baixos valores basais de VFC, não sendo possível detectar uma redução no momento do LA. Os coronariopatas, em decorrência de sua patologia,7,8,10 e os saudáveis, em razão de sua condição sedentária, apresentam valores inferiores

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de índice RMSSD (21,694 ms) em relação aos de referência da literatura para a mesma faixa etária, que é de 27 ± 12 ms.8,23 Nossos achados estão de acordo com Takahashi et al.,24 que ao estudarem coronariopatas, utilizando protocolo tipo rampa, também não conseguiram observar redução significativa do índice RMSSD com os incrementos de potência em relação à potência de aquecimento.

Esta investigação apresenta limitações no que diz respeito ao número de infartados estudados, uma vez que o critério de exclusão para a participação na pesquisa foi o uso de medicamentos betabloqueadores e bloqueadores de canais de cálcio, pois causam alterações na FC e VFC, que foram as variáveis analisadas. Além disso, esses medicamentos têm sido utilizados como terapia de escolha em grande parte dos casos de infarto do miocárdio, o que contribuiu para limitar o número de pacientes triados.

Considerando que a presença de infarto do miocárdio contribua para diminuição do controle autonômico da FC18 e da capacidade física e funcional em relação aos saudáveis, no presente estudo observamos que a realização de fisioterapia cardiovascular proporcionou aos infartados condições similares às dos saudáveis sedentários. Dessa maneira, ressalta- se a importância da instituição de programas de fisioterapia cardiovascular com prescrição individualizada quanto à intensidade, freqüência e duração para indivíduos portadores de infarto do miocárdio e, para tanto, sugere-se o uso de metodologia de baixo custo, como a utilizada neste trabalho, uma vez que ela se mostrou efetiva para avaliar a capacidade funcional por meio da detecção do limiar de anaerobiose.

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Referências

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