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Os contrastes socioeconômicos no uso e na representação social de dois Parques do Distrito Federal

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MILCA VIEIRA DE BARROS NETA

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e

Gestão Ambiental

OS CONTRASTES SOCIOECONÔMICOS NO USO E NA

REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE DOIS PARQUES DO DISTRITO

FEDERAL

Brasília - DF

2012

Autora: Milca Vieira de Barros Neta

(2)

OS CONTRASTES SOCIOECONÔMICOS NO USO E NA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE DOIS PARQUES DO DISTRITO FEDERAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientador: Prof. Edson Kenji Kondo, Ph.D.

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12,5 cm

7,5 cm

7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB 18/04/2013

B277c Barros Neta, Milca Vieira de.

Os contrastes socioeconômicos no uso e na representação social de dois Parques do Distrito Federal. / Milca Vieira de barros Neta – 2012.

94f; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2012. Orientação: Prof. Dr. Edson Kenji Kondo.

1. Parques urbanos – Distrito Federal (Brasil). 2. Administração pública. 3. Política ambiental. I. Kondo, Edson Kenji, oriente. II. Título.

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AGRADECIMENTO

Aos meus colegas e amigos de curso, por tudo de positivo que me aconselharam, em especial pela amizade e companheirismo.

Ao meu orientador pela paciência e confiança da minha capacidade de me submeter a barreiras e vitórias que me trouxeram aprendizados para uma vida toda.

Aos meus familiares, em especial minha vó, por representarem minha base, meu chão e minha vontade de lhes dar orgulho por ser quem sou.

Quando penso em agradecer me vêem nomes claros e diretos. Quando entendo que agradecer é para àqueles que, de alguma forma, me ajudaram a vencer mais esta etapa em minha vida. Quando vejo em um agradecimento razões para dizer a estas pessoas que, graças a elas, estou a um passo de concretizar mais um sonho. Por isto, exclusivamente, meu agradecimento vai para...

Aos meus pais e irmã, por estarem junto a mim incondicionalmente. Mais que isso, ao meu pai, por me proporcionar a condição para essa conquista. À minha mãe, por ser minha rainha e minha representação de mulher. À minha irmã, por me fazer pensar nos passos e direção que tomo, a cada dia.

E, sem dúvida, ao meu melhor amigo, hoje meu noivo, que é o único que me conhece em meu íntimo e em todas as escalas de ânimo e humor e, ainda assim, sempre permaneceu ao meu lado.

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RESUMO

NETA, Barros. Os contrastes socioeconômicos no uso e na representação social

de dois parques do distrito federal. 2012. 94 f. Dissertação de Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental - Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2012.

Este estudo foi motivado pela necessidade de compreender a realidade dos parques no Distrito Federal do ponto de vista dos moradores da sua vizinhança. O principal objetivo foi verificar se os contrastes socioeconômicos e educacionais poderiam influenciar no uso e na percepção da importância dos parques no DF. O método utilizado foi um estudo de campo com entrevistas estruturadas das pessoas circulando nas regiões próximas a dois parques de características similares, mas localizadas em áreas de condições socioeconômicas contrastantes: uma de renda alta e outra de renda baixa. Os dados coletados foram analisados estatisticamente, testando a hipótese nula de que as diferenças econômicas e educacionais dos moradores não afetavam o uso e a percepção do parque como um bem importante. Os resultados mostraram que apenas o nível de escolaridade influenciava a representação social dos parques para as pessoas entrevistadas. Nenhuma evidência foi encontrada para as diferenças de renda.

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ABSTRACT

This study was motivated by the need to understand the reality of the parks of the Federal District of Brazil from the viewpoint of those who live in the neighborhood. The main objective was to verify whether socioeconomic and educational differences affected the use and the perception of its parks. A field study was carried out interviewing people from public places surrounding two parks of similar characteristics but located in areas with contrasting socioeconomic conditions: high income and low income neighborhoods. The data obtained was statistically analyzed testing the null-hypotheses that income and education did not affect the use or the perception of the importance of the park. The results showed that only the educational level affected the social representation of the park for those interviewed. No evidence was found for income differences.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Imagem de satélite da localização do Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D'Água, localizado na Asa Norte, em Brasília, DF.

Figura 2: Imagem de satélite da localização do Parque São Sebastião, localizado em São Sebastião, DF.

Figura 3: Regiões de origem dos entrevistados na Asa Norte.

Figura 4: Regiões de origem dos entrevistados em São Sebastião.

Figura 5: Comparação entre o parque Parque Ecológico de Uso Múltiplo Olhos D’água e o Parque São Sebastião.

Figura 6: Comparação entre o parque Parque Ecológico de Uso Múltiplo Olhos D’água e o Parque São Sebastião.

Figura 7: Espelho d’água do Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água.

Figura 8: Parque São Sebastião. A - Teatro de arena. B – Oficina da natureza. C – Campo de futebol.

Figura 9: Pirâmide da hierarquia de Maslow.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Quantidade e locais onde os questionários foram aplicados na pesquisa para as duas Regiões Administrativas

Tabela 2: População dividida em grupos de idade – Brasília e São Sebastião.

Tabela 3: População segundo o nível de escolaridade – Brasília e São Sebastião. Tabela 4: Distribuição das Classes de Renda Domiciliar – Brasília e São Sebastião.

Tabela 5: Dados obtidos por RA e local de coleta, separados em uma amostra aleatória de grupos composto por adultos e estudantes na Asa Norte e em São Sebastião.

Tabela 6: Distribuição da faixa etária dos respondentes em cada local de coleta.

Tabela 7: Distribuição percentual de residentes por domicílio em cada local de coleta. Tabela 8: Distribuição percentual da renda familiar em cada local de coleta.

Tabela 9: Distribuição dos respondentes por grau de instrução em cada local de coleta.

Tabela 10: Atividades de lazer praticadas pelas pessoas entrevistadas em Brasília e em São Sebastião.

Tabela 11: Distribuição percentual dos moradores segundo proximidade aos Parques PSS e

PEUMOA

Tabela 12: Distribuição percentual da preferência dos entrevistados quanto à proximidade ao PEUMOA e PSS.

Tabela 13: Distribuição percentual do desejo de morar perto do PEUMOA e PSS.

Tabela 14: Porcentagem das razões pelas quais as pessoas entrevistadas na Asa Norte e em São Sebastião acham os parques PEUMOA e PSS importantes.

Tabela 15: Exemplos das respostas obtidas quando perguntado se o parque é importante.

Tabela 16: Porcentagens das razões pelas quais as pessoas entrevistadas em São Sebastião e na Asa Norte acham que, se os parques acabassem, faria diferença.

Tabela 17: Respostas obtidas com a pergunta “Se o parque acabasse, faria alguma diferença?”, com as pessoas entrevistadas na Asa Norte e em São Sebastião.

Tabela 18: Execução orçamentário-financeira do Programa “Cerrado: nosso meio ambiente de desenvolvimento sustentável”, por ação, para o ano de 2010.

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Tabela 20 – Resultado da regressão logística de Preservação da natureza com escolaridade (Anoeduca).

Tabela 21 – Resultado da regressão logística de Pqnatureza com presença na Asa Norte (AsaNorte).

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Frequência com que os entrevistados vão aos parques São Sebastião (PSS) e Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água (PEUMOA).

Gráfico 2: Atividades que os entrevistados praticam nos parques São Sebastião (PSS) e Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água (PEUMOA).

Gráfico 3: Porcentagem dos fatores que poderiam ser mudados ou melhorados no Parque São Sebastião e no Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água.

Gráfico 4: Porcentagem das pessoas que acreditam haver problemas ambientais nos parques do estudo, na Asa Norte e em São Sebastião.

Gráfico 5: Porcentagem das pessoas entrevistadas na Asa Norte e em São Sebastião que acham ou não os parques importantes.

Gráfico 6: Porcentagem das pessoas entrevistadas na Asa Norte e em São Sebastião se, caso os parques acabassem, faria ou não alguma diferença.

Gráfico 7: Porcentagem das atividades ecologicamente corretas praticadas por pessoas entrevistadas em São Sebastião e na Asa Norte.

Gráfico 8: Projeção dos gastos para implementação do Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D'Água, Asa Norte, DF.

Gráfico 9: Projeção das despesas com Infraestrutura do Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D'Água com porcentagem de estrutura existente e investimento necessário.

Gráfico 101: Projeção das despesas de material permanente do Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D'Água com porcentagem de estrutura existente e investimento necessário.

Gráfico 11: Projeção dos gastos anuais para manutenção do Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D'Água, Asa Norte, DF.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...15

1.1 CAPÍTULO 1 - PARQUES URBANOS NO BRASIL E NO MUNDO...18

1.1.1 Bases históricas: Origens e uso...18

1.1.2 Conceitos, definições e características...20

1.1.3 Legislação...22

1.1.3.1 Política Ambiental do Distrito Federal – Lei nº 41/1989 (DISTRITO FEDERAL, 1989)...22

1.1.3.2 Parques Ecológicos e Parques de Uso Múltiplo - Lei Complementar nº 265/1999 (DISTRITO FEDERAL, 1999)...23

1.1.3.3 Programa Abrace um Parque – Decreto nº 29.164/2008 (DISTRITO FEDERAL, 2008)...24

1.1.3.4 Plano Diretor de Ordenamento Territorial – Lei Complementar nº 803/2009 (DISTRITO FEDERAL, 2009)...24

1.2 CAPÍTULO 2 – AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E O MEIO AMBIENTE...25

1.2.1 Origem e definições das representações sociais...25

1.2.2 A influência das representações sociais no meio ambiente...26

1.3 CAPÍTULO 3 - A TEORIA E A PRÁTICA...28

1.3.1 As controvérsias sociais...28

1.3.2 As controvérsias ambientais...29

1.4 CAPÍTULO 4 – PARQUES URBANOS DO DISTRITO FEDERAL...32

1.4.1 Situação dos parques há dez anos...32

1.4.2 Situação atual...34

2 METODOLOGIA...36

2.1 COLETA DE DADOS...36

2.2 SELEÇÃO DOS LOCAIS DE ESTUDO...37

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2.2.1.1 Brasília – Asa Norte...37

2.2.1.2 São Sebastião...38

2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS LOCAIS DE ESTUDO...38

2.3.1 População urbana...38

2.3.2 Grau de instrução...39

2.3.3 Migração...39

2.3.4 Trabalho e renda...41

2.4 OS PARQUES DESTE ESTUDO...42

2.4.1 Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água...42

2.4.2 Parque São Sebastião...43

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...44

3.1 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS...44

3.1.1 Estrutura, formação e composição populacional...44

3.1.1.1 Sexo e idade...44

3.1.1.2 Estados e regiões de origem...45

3.1.1.3 Estrutura familiar e renda...47

3.1.1.4 Nível de escolaridade...48

3.1.1.5 Dessemelhanças ou interesses desarmônicos?...49

3.1.1.6 Fatores culturais...54

3.2 USOS E REPRESENTAÇÕES DOS PARQUES...56

3.2.1 Frequência e atividades praticadas...56

3.3 MUDANÇAS E PROBLEMAS AMBIENTAIS...60

3.4 IMPORTÂNCIA DOS PARQUES PARA OS MORADORES DAS RA’S...63

3.4.1 Atitudes fora dos parques...71

3.5 O PAPEL DA GESTÃO PÚBLICA...73

3.6 ANÁLISE DOS DADOS...79

3.6.1 Testes Estatísticos...79

3.6.1.1 Parque como espaço de contato ou preservação da natureza...80

3.6.1.2 Parque como espaço de lazer...82

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...83

(15)

1 INTRODUÇÃO

O contraste socioeconômico e cultural é uma realidade presente nas grandes cidades brasileiras, gerando contrariedades em vários setores da sociedade. Está, muitas vezes, relacionado a problemas como a marginalidade, violência, invasões, crescimento populacional, déficits na saúde e na economia, condições de emprego e, principalmente, ao meio ambiente.

Atualmente com pouco mais de dois milhões e quatrocentos mil habitantes, o Distrito Federal (DF) continua a atrair emigrantes de todos os lugares do Brasil e apresenta um crescimento populacional de 2,2% ao ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2007). É também conhecido como uma região cercada por parques (possuindo mais de quarenta unidades espalhadas).

Este trabalho tem seu foco de estudo em parques urbanos localizados em duas regiões administrativas (RA’s) que apresentam alto contraste econômico: Brasília, RA-I, que possui a terceira maior renda do DF; São Sebastião, RA XIV, que possui renda quase cinco vezes inferior à RA-I. As duas regiões possuem um parque urbano com características muito similares.

A pesquisa tem como objetivo verificar se os contrastes socioeconômicos e culturais influenciam no uso e importância dos parques urbanos do Distrito Federal. Seus objetivos específicos são: 1) averiguar se a representação social do parque urbano está associada à renda e aos problemas sociais; 2) verificar se os contrastes socioeconômicos afetam a disponibilização de recursos destinados aos parques urbanos pelo governo local; 3) observar se o nível educacional está ligado à representação de parques urbanos. Diante dos problemas gerados pelos contrastes sociais ao meio ambiente, a hipótese apresentada é de que as diferenças econômicas e educacionais dos moradores se refletem no uso e na percepção do parque como um bem importante.

Os impactos ambientais urbanos são ocasionados por processos complexos e apresentam um duplo desafio: construir um objeto de investigação problematizando a realidade; interpretar os processos ecológicos e sociais diante da degradação do ambiente urbano (COELHO, 2006).

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ambientais, uma vez que cada realidade interfere diretamente no estilo de vida e na percepção da importância do meio ambiente.

É neste contexto que se faz útil trabalhar com as representações sociais, isto é, formas de estudo desses grupos da sociedade no qual é avaliada a sua percepção sobre diversos aspectos que, neste caso, enquadra o campo ambiental. Conhecer as representações sociais tem como objetivo prático construir uma realidade comum a um conjunto social (JODELET 1994).

O Distrito Federal pode ser chamado de “cidade-parque” (OLIVEIRA, 2004, p.10) devido aos seus parâmetros modernistas de urbanização, como a apresentação de muitas áreas verdes, incluindo os parques urbanos da região. No entanto, vários deles encontram-se abandonados, sem infraestrutura adequada e se tornando um convite à invasão (BRAGA; PIRES, 2002). Assim como nas grandes metrópoles, as cidades-satélites do DF apresentam uma elevada diferença de renda, que resultam diretamente em parques ecológicos com realidades distintas.

Diante do quadro apresentado, este estudo tem o intuito de complementar a visão da realidade dos parques no DF, tendo como base os fatores socioambientais da capital federal, buscar soluções para os seus problemas, e, consequentemente, propor mudanças.

Para tanto, esta dissertação divide-se em sete capítulos.

Os três primeiros referem-se a uma contextualização da pesquisa. No primeiro capítulo há considerações sobre a existência e utilização dos parques urbanos no Brasil e no mundo, apresentando seus diversos conceitos e sua composição em âmbito legal.

Um breve histórico sobre o surgimento de Brasília é traçado no segundo caítulo, resgatando o objetivo da cidade e o interesse de seus idealizadores. Em contrapartida, mostra-se a realidade atual da cidade quanto à sua urbanização e especulação imobiliária, bem como suas consequências para o meio ambiente.

No terceiro capítulo é apresentado o panorama das regiões em que os parques do estudo se inserem e o histórico da situação dos parques no DF.

A seção 2 trata da metodologia usada na pesquisa, detalhando os dados das áreas do estudo, onde também são colocados e analisados os principais dados estimativos.

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trabalhos anteriores, bem como estudos que confirmem ou discordem dos resultados obtidos.

(18)

1.1 CAPÍTULO 1 - PARQUES URBANOS NO BRASIL E NO MUNDO

1.1.1 Bases históricas: Origens e uso

Kliass (1993) fez uma síntese dos processos que marcaram a criação dos primeiros parques urbanos em alguns países do mundo. A autora afirma que os primeiros parques surgiram no final do século XVIII, na Inglaterra, embora o pleno desenvolvimento dessas áreas só vireram a se estabelecer quase cem anos depois, ganhando forma na Europa.

Neste trabalho fica claro a forte influência do processo paisagístico europeu na construção do modelo de parque usado em vários países dos mundo até o início deste século, inclusive na América do Sul, citando como exemplos a Argentina, o Uruguai e o Brasil. As primeiras transformações efetivas só vieram despontar após a Primeira Guerra Mundial. Essas informações são mais bem explicadas no trabalho seguinte.

Um interessante estudo sobre a história dos parques urbanos no Brasil realizado por Macedo e Sakata (2002) conclui que a estrutura e as características dos parques modificaram-se com o tempo. No decorrer do século XX, suas funções também foram acrescidas: aspectos relacionados à prática de esportes e à conservação de recursos naturais são exemplos dessa modernização. No passado, os parques tinham por objetivo apenas o lazer contemplativo. De acordo com os autores, os parques urbanos originaram-se na Europa, surgindo através da urgência social em satisfazer a população emergente do século XIX. Segundo os mesmos autores, a criação dos parques brasileiros ocorreu de forma diferente. Primeiramente, as cidades no Brasil não possuíam o mesmo porte das européias em tamanho e população. No entanto, a partir do século XIX surgiu a necessidade de reestruturação e modernização dos parques já existentes com a chegada da família real portuguesa, em 1808.

O Rio de Janeiro – na época a capital do Brasil – foi palco da criação dos três primeiros parques públicos (MACEDO E SAKATA, 2002): o Passeio Público (oficialmente o parque mais antigo do Brasil, criado em 1783), o Jardim Botânico (concebido inicialmente como centro de pesquisa e instalado como parque público em 1808) e o Campo de Santana (projetado mais tarde, em 1873).

(19)

internacionais, sendo frequentados por barões, funcionários públicos, pequena classe média emergente e os europeus visitantes.

No Brasil do século XIX, o parque era palco de uma modernidade importada e, dessa forma, não tinha nenhum interesse em satisfazer as necessidades sociais das classes menos favorecidas (MACEDO e SAKATA, 2002). Estes últimos buscavam seu lazer em terreiros e várzeas, conforme documentado em crônicas da época. Construídos a partir de padrões anglo-franceses, os parques eram exatamente como os belos jardins modernos existentes em Paris – capital cultural e mundial da época – repletos de cenários cobertos por bosques e arvoredos, lagos, cascatas, esculturas de deuses e heróis, entre outros. O parque Campo de Santana ainda mantém essas características provinciais, diferente do Passeio Público, que foi reformado e já conta com um visual moderno.

No estudo de Macedo e Sakata (2002) é possível observar o processo de fortalecimento dos parques modernos. Conforme mencionado anteriormente, os parques são construídos em números restritos, concentrando-se em áreas centrais e bairros de elite. No entanto, em meados dos anos 1950 e 1960, essa realidade é obrigada a mudar diante da carência de espaços ao ar livre para o lazer das pessoas de baixa renda, principalmente em cidades que tiveram um rápido processo de urbanização. Dessa forma, o parque se torna um espaço de lazer ambicionado por todos. Com eles, os habitantes transformam suas cidades em um “movimento de

volta à natureza” (SILVA, 2003, p. 42-43), modificando-a de habitat natural para

habitat construído.

Macedo e Sakata (2002) relata ainda que foi a partir dos anos 1970 que os parques começaram a consolidar-se em espaços modernos. Dez anos mais tarde surgem as visões ecológicas, tendo como consequência a formação de órgãos públicos para fins “ambientais” ou denominados “verdes”, resultando na introdução no país do conceito de parque ecológico. Silva (2003) afirma que os modelos de urbanização voltaram-se para as belezas da cidade após a percepção da função dos espaços verdes urbanos, sua conservação e socialização.

(20)

uma evidente segregação na utilização dos parques por turistas e nativos. De modo geral, são parques que fazem jus aos demais parques europeus, cheios de monumentos e obras de artes, o que confere características culturais a esses espaços.

1.1.2 Conceitos, definições e características

Após analisar várias definições, Oliveira e Bitar (2009) informam que parque

urbano é uma área geograficamente delimitada, inserido em espaço urbanizado, destinado ao uso público, fruto da gestão e proteção adequada oriunda do poder público sob regime especial de administração. Eles fomentam um objetivo social: deve valorizar os interesses, necessidades e satisfações individuais de cada comunidade (OLIVEIRA, 2007).

Tessier (2010) afirma que os parques urbanos possuem funções diversas, como lazer, estudo e relaxamento. Além disso, sua vegetação pode servir como “sumidouro” de carbono, contra os poluentes atmosféricos. No entanto, é preciso admitir que são também ecossistemas bastante frágeis. Para o autor, a grande ameaça chama-se “desenvolvimento”, principalmente no que se refere ao processo de urbanização desenfreada, que pode alterar a composição ecossistêmica e os processos biogeoquímicos desses espaços verdes. Sua preservação e redução de impactos negativos só podem ocorrer com uma boa gestão. Para isso, é preciso transformar os parques urbanos em locais ecologicamente sustentáveis.

São muitas as razões que levam a sociedade a se preocupar com os parques, no entanto, eles não são vistos como prioridades no meio urbano e não apresentam uso preferencial pelos habitantes (SILVA, 2003).

Ao se referir à importância dos parques para a melhora do ar atmosférico, a ideia de Tessier (2010) é reforçada em estudo realizado por Lee et al. (2009). Segundo os autores, o calor antropogênico das áreas urbanas é intenso devido ao

aquecimento de edifícios e veículos, formando um processo chamado de ilha de

calor urbano (ICU). Com os parques urbanos é possível alcançar a melhora da ICU por meio do impedimento da incidência de radiação solar, favorecendo os edifícios estabelecidos ao redor dos parques.

(21)

de que os parques urbanos podem agir no processo de escoamento superficial da água, absorvem poluentes e, como resultados, modificam a temperatura do ar, controlam a velocidade dos ventos e a umidade relativa. Esse fato foi comprovado por Lee et al. (2009) em estudo feito em um parque urbano em Seul, capital da Coréia do Sul.

Os parques urbanos são espaços destinados ao convívio social, em maior ou menor grau (SOUZA, 2008). Essa escala tem grande influência nas desigualdades de valorização do parque e de uma gestão baseada em interesses da população com recursos advindos do Estado. O autor propõe de forma interessante esta colocação, pois demonstra claramente que os investimentos, oriundos do governo ou da população, podem influenciar fortemente em uma gestão de qualidade. Souza (2008) realizou um estudo com parques de Porto Alegre, buscando priorizar as inter-relações e interações entre a sociedade e o Estado nesses espaços públicos a fim de verificar os processos de transformação desses territórios. Nesse contexto, o autor chama de “multidimensional” o indivíduo e a sociedade. São as dimensões históricas, econômicas, políticas, culturais, etc., que vão determinar o comportamento desses indivíduos (SOUZA, 2008, p. 23).

Reforçando os aspectos sociais dos parques urbanos, segundo Shafer e Jacob (2006), a interação social que decorre de bons parques promove a construção de um capital social. Locais que possuem bons capitais sociais tendem a ser estáveis, onde as pessoas gostam de viver e trabalhar e, por consequência, se orgulham de estarem inseridos nesse contexto. No entanto, os autores afirmam que não é fácil chegar a bons capitais sociais. Apesar de os parques urbanos serem espaços promissores para se formá-lo, o primeiro passo é o acesso irrestrito a todos. E, claro, a estrutura e design complementam esse início: parques bonitos atraem pessoas e promovem a interação entre elas.

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empregos, possibilitar o desenvolvimento das crianças e jovens e favorecer a saúde pública. Com isso, eles exigem um novo olhar para o seu potencial. Portanto, é reforçada a importância do capital social como oportunidade de construir e fortalecer laços, incluindo as divisões por raça ou classe, ajudando-os a trabalhar juntos em defesa da comunidade e dos valores do parque.

1.1.3 Legislação

1.1.3.1 Política Ambiental do Distrito Federal – Lei nº 41/1989 (DISTRITO FEDERAL,

1989)

Em seu artigo 3º, que define os objetivos e princípios, dois tópicos particularmente podem ligar-se aos parques urbanos. O primeiro refere-se à adoção de hábitos e práticas sociais que não prejudiquem ao meio ambiente, sejam elas por meio de costumes, posturas ou estímulo cultural. E o segundo vai mais além, determinando critérios na definição do uso e ocupação do espaço territorial e dos recursos hídricos, de modo a serem estabelecidos projetos, implantação e técnicas ecológicas, visando o manejo, a conservação e a preservação do meio ambiente. Para chegar a esses objetivos, são elaboradas diretrizes que permeiam o campo do controle, fiscalização, vigilância e proteção ambiental, passando pelo estímulo científico, no que compete à preservação ambiental, e tendo como base a educação ambiental.

Descrito no Art. 6º dessa política, é obrigação do Distrito Federal mobilizar todos os recursos necessários para cumprir as competências legais que estejam associadas ao meio ambiente. A população tem um papel fundamental, seja no planejamento ou no desenvolvimento de ações que visem os cuidados necessários para garantir uma boa qualidade ambiental. Dentre essas ações encontram-se os cuidados com a ocupação do solo – que devem considerar as limitações ecológicas e ambientais e criar e administrar unidades de conservação, bem como outras áreas protegidas, a partir de normas e sistema de monitoramento ambiental.

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1.1.3.2 Parques Ecológicos e Parques de Uso Múltiplo - Lei Complementar nº 265/1999 (DISTRITO FEDERAL, 1999)

Do Art. 2º ao 10º são estabelecidas as principais diferenças entre a classificação dos parques do Distrito Federal: Parques Ecológicos e Parques de Uso Múltiplo, constituindo unidades de uso sustentável.

De acordo com o documento, os Parques Ecológicos devem, obrigatoriamente, estar associados à preservação do meio ambiente, seja na forma de conservação ou proteção. Outro aspecto relevante é o de incentivo a pesquisas, estudos, monitoramento ambiental e no desenvolvimento de atividades de lazer, tendo como base a educação ambiental.

Já os Parques de Uso Múltiplo possuem seu foco na promoção do lazer e contato com a natureza. Deve situar-se dentro dos centros urbanos, facilitando o acesso da população. No entanto, trazem como objetivos a conservação e cuidado com o meio ambiente.

No DF ainda não existe um acordo sobre as nomenclaturas dos parques

(HOLMES, 2008), sendo que seus nomes utilizam os termos ecológicos, de uso

múltiplo ou apenas parques sem nenhuma especificação.

A gestão dos parques da região foi passada por vários órgãos no decorrer dos anos. Em 1999, por exemplo, a supervisão e a fiscalização dessas áreas eram de responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal (SEMATEC/DF) juntamente com as Administrações Regionais. Tempos depois a SEMATEC foi extinta, passando para a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal (SEMARH) a obrigação de, na época, gerir 58 parques urbanos.

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1.1.3.3 Programa Abrace um Parque – Decreto nº 29.164/2008 (DISTRITO FEDERAL, 2008b)

Com o intuito de implantar uma gestão que pudesse ser compartilhada entre todos os parques do Distrito Federal, esse Programa possui a função de incentivar a participação ativa de pessoas físicas e jurídicas no gerenciamento dos parques, conquistadas por meio do uso responsável da população em respeito às normas ambientais estabelecidas. É uma proposta do governo local para que as entidades da sociedade civil organizada, como associações de moradores, pessoas físicas e pessoas jurídicas, possam sugerir projetos administrativos, que avaliados por uma comissão do Instituto Brasília Ambiental (IBRAM) e aprovados, contarão com o apoio financeiro advindo do governo.

1.1.3.4 Plano Diretor de Ordenamento Territorial – Lei Complementar nº 803/2009 (DISTRITO FEDERAL, 2009)

De acordo com seus Art. 2º e 3º, o PDOT, como instrumento da política urbana no território do Distrito Federal, tem como finalidade assegurar o bem-estar de seus habitantes. Busca o uso ambiental de forma justa e ecologicamente equilibrada.

Seu objetivo geral, presente no Art. 8º, está associado à melhora da qualidade de vida da população. Essa melhora pode advir da diminuição das desigualdades, por meio de uma distribuição de áreas de forma equilibrada. A ocupação urbana deve ocorrer em áreas com infraestrutura implantada, bem como em áreas já consolidadas, sempre respeitando a capacidade socioeconômica e ambiental do território. O meio ambiente deve ser protegido, preservado e restaurado como patrimônio.

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1.2 CAPÍTULO 2 – AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E O MEIO AMBIENTE

1.2.1 Origem e definições das representações sociais

Conhecer as representações sociais é importante para construir uma realidade comum a um conjunto social (JODELET, 1994). Tudo teve início em 1961 com Serge Moscovici e seu estudo sobre a representação social da psicanálise, que

recebeu o título de Psychanalyse: son image et son public.

Nesta obra, Moscovici procura compreender de que forma a psicanálise, ao sair dos grupos fechados e especializados, consegue adquirir um novo significado para os grupos populares. Seu trabalho é motivado pela crítica aos pressupostos positivistas e funcionalistas das demais teorias, que não explicavam a realidade em outras dimensões, como é o caso da dimensão histórico-crítica (ALEXANDRE, 2004).

Serge Moscovici possui obras importantes para a história e as ciências sociais. Seus estudos acerca das relações entre grupos resgatam o conceito de representações coletivas proposto por Émile Durkheim e debatem sobre a relação entre linguagem e representação. Foi observado que o contexto sociocultural em que os indivíduos estão inseridos influencia diretamente em suas representações, justamente por estarem ligadas ao senso comum (OLIVEIRA, 2004). Portanto, o indivíduo constrói suas representações sociais de forma compartilhada (BÔAS, 2004).

Segundo o próprio criador da teoria, as representações sociais são “[...] uma modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos” (MOSCOVICI, 1978, p.26).

O conceito de representações sociais ainda hoje é bastante discutido. Pereira

de Sá (1996) apresenta o termo representações sociais como fenômenos e

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social, o que muitas vezes um incorpora-se no outro e, neste momento de conflito, se constitui as representações sociais. O terceiro ponto fala sobre a flexibilidade da teoria, tendo como objetivo modificar-se em função da diversidade dos problemas e dos fenômenos sociais a serem analisados. E, por fim, trata da explicação de que não existem bons ou maus métodos científicos, mas sim, a necessidade de discernimento para se assumir com plena responsabilidade o método mais esclarecedor para o momento e necessidade; e a certeza de que métodos, sejam experimentais ou não, não dão garantias para se chegar ao conhecimento.

As representações sociais se concebem no dia a dia das pessoas. Dentre seus objetivos está o de obter a interação entre os indivíduos, orientando e organizando suas condutas e comunicações sociais. Ou seja, são pensamentos expressos dos indivíduos na sua adaptação como grupo social (FILIPINI; TREVISOL, 2007). Finalmente, é por meio de representações sociais (MUNIZ, 2010) que se cria a possibilidade de reconhecer as ideias de um grupo de pessoas sobre determinado assunto, com o qual elas estão relacionadas e como suas ideias individuais podem influenciar na construção dessas representações.

1.2.2 A influência das representações sociais no meio ambiente

A identificação das representações sociais permite ao sujeito tomar consciência das suas ideias (SANTOS et al., 2008). Discutir conceitos populares tem como objetivo aproximar a educação da comunidade, possibilitando um diálogo entre senso comum e ciência (PINA et al., 2004). Com isso, amplia-se o conhecimento humano, discutindo de maneira sistêmica e democrática a questão ambiental.

A ciência das representações sociais são conceitos aprendidos e

internalizados nas pessoas. Encontrar soluções para os problemas ambientais está associado à compreensão das diferentes representações sociais. Para tal finalidade, é preciso conhecer de forma qualitativa a realidade do local onde se pretende atuar (REIGOTA, 2010).

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(28)

1.3 CAPÍTULO 3 - A TEORIA E A PRÁTICA

A intenção deste capítulo é confrontar o ideal da construção da capital federal do que existe em sua realidade atual. Pretende mostrar os contrastes que habitam a cidade que foi criada com a intenção de se diferenciar das demais, mas que reflete as contradições do mau desenvolvimento nacional (BURSZTYN; ARAÚJO, 1997).

1.3.1 As controvérsias sociais

Segundo Bursztyn e Araújo (1997, p.17), Brasília foi concebida baseada em uma utopia social, pois carregava a proposta de uma cidade igualitária. O sucesso de sua consolidação cegou as preocupações com todo o sistema econômico, como a falta de empregos, principalmente. Eram inúmeros os desempregados que desembarcavam no Distrito Federal atraídos pela imagem de existir trabalho para todos que ali chegassem. A expectativa de surgir, a partir de Brasília, um novo Brasil, eram enormes (SANT’ANA, 2006). Poucas cidades possuem em si um simbolismo tão evidente (ALMINO, 2007).

O mesmo se deu com o setor habitacional: muitas pessoas chegavam e emergia a necessidade de mais espaço para se constituir moradias. O grande problema enfrentado foi manter o pensamento de “berço de uma nova civilização”.

Segundo Holston (2009), é na necessidade de ser moderno que as inovações são exigidas, diante das dificuldades. Para o autor, Brasília tinha como pretensão ser diferente das outras cidades brasileiras e, por isso, trazia marcada em si a exclusão de características comuns ao restante do Brasil, como o desenvolvimento de periferias urbanas.

Todas essas exigências foram logo mudadas, pois até antes da inauguração, em 1960, já surgiam políticas públicas criando as cidades-satélites para as áreas empobrecidas (Holston, 2009). Estas, para Nunes (2003), concretizam a representação das grandes metrópoles: com periferização da população, segregação espacial, aumento da violência, entre outros problemas.

A separação entre Brasília e suas cidades-satélites é a distância clara entre

forças opostas, como inclusão-exclusão, riqueza-pobreza,

alfabetização-analfabetismo, entre outras, por ser o centro de poder da capital. Com isso, Brasília

gravou em seu espaço um nítido desenho socioeconômico” – característica pouco

(29)

Descrevendo a capital 50 anos após a sua construção é possível observar uma realidade distante da planejada. Os aspectos sociais vêm, aos poucos, perdendo destaque para os arquitetônicos, sendo que ambos faziam parte das prioridades no projeto de Brasília (ANDRADE, 2006). A divisão social é visível, quando somente a minoria detém o poder político e econômico.

Mesmo após tantos anos, a capital ainda é sinônimo de excelência e de

cidade ideal para muitos brasileiros. Andrade (2006) explica os motivos: pessoas que não moram em Brasília criam essa imagem de perfeição e colaboram diretamente com o crescimento de um pensamento baseado em ideais de soberania, ostentação e riqueza; pessoas que detêm o poder se aproveitam dessa simbologia para promover a imagem de uma sociedade homogênea, quando na realidade é totalmente heterogênea. O fato da cidade ter sido construída em um espaço sem tradição também colabora para essa visão de unidade. Porém cinco décadas de existência foram suficientes para absorver tradições culturais diversas, advindas de muitos lugares do país e do mundo (BARROSO, 2008).

Indubitavelmente os contrastes sociais fazem parte da capital federal (BURSZTYN; ARAÚJO, 1997), embora para as famílias que habitem as áreas nobres (Brasília, Lago Sul e Norte) ela ainda signifique a cidade dos sonhos. Já para aqueles que vivem em outras áreas do DF, em contato direto com a pobreza, esse ideal esteja bem longe de ser real.

1.3.2 As controvérsias ambientais

Foi com o crescimento das cidades-satélites que as diferenças sociais em Brasília atingiram um nível acima de qualquer outro núcleo urbano (ALMINO, 2007). Essa expansão reflete-se numa maior degradação ambiental dentro do Distrito Federal. Peluso (2003) considera que um dos problemas mais sérios da região está justamente na apropriação de terras públicas ou privadas, gerando a destruição do meio ambiente.

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Brasília é destaque no Brasil quando se fala da disponibilidade de terras para uso rural e áreas preservadas. Entretanto, a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) foi reduzindo esse patrimônio com a venda de terras por licitações a empresas e com diversos programas do governo (PAVIANI, 2009). Vulneráveis e suscetíveis, os espaços destinados para o uso rural e como áreas de preservação ambiental acabam por se tornar lugares ocupados por empreendimentos imobiliários (PENNA, 2003). Neste ínterim, vale destacar que a invasão de terras não é exclusividade dos pobres. Cabe ao Estado definir a destinação do solo, assim como qualquer área do Brasil (BARROSO, 2008). Entretanto, no DF, condomínios irregulares são construídos sem nenhum controle, independente da classe social.

Pode-se constatar que não é a pobreza que gera a expansão desordenada, mas o contrário. Caiado (2005) enfatiza que a pobreza se dá com a urbanização, principalmente nas grandes metrópoles, onde existe uma segregação socioespacial que culmina no principal fator gerador da exclusão social. Transcendendo a questão da renda, Paviani (2009) argumenta que todo esse processo só acontece porque não existem políticas públicas ambientais de médio e longo prazo que atendam de forma eficaz a demanda populacional, fator responsável pela ocupação em áreas irregulares ou ilegais.

É justamente neste cenário – o surgimento de novos assentamentos urbanos – que são produzidas as leis de proteção ambiental como tentativa de minimizar os impactos da urbanização indiscriminada (RAMOS, 2005). Diretamente afetado com a ocupação territorial, o meio ambiente se torna um fator primordial para a valorização destes imóveis.

Segundo Penna (2003), a transformação da natureza em bens econômicos torna seus elementos (ar, luz do sol e vegetação) verdadeiros produtos hierarquizados, que enfatizam ainda mais as desigualdades sociais. Esse fator, em específico, será bem evidenciado nesta pesquisa, uma vez que o surgimento dos parques se deu como forma primordial de frear o aumento da ocupação territorial. Por outro lado, morar próximo a um parque de determinadas regiões pode significar

garantia de tranquilidade e status.

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(32)

1.4 CAPÍTULO 4 – PARQUES URBANOS DO DISTRITO FEDERAL

1.4.1 Situação dos parques há dez anos

Com o objetivo de diagnosticar a situação dos parques criados e administrados no âmbito do DF, Ganem e Leal (2000) realizaram um trabalho entre os anos 1997 e 2000 por meio de estudo na Unidade de Desenvolvimento Urbano, Rural e Meio Ambiente (UDA) da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O material levantou uma série de informações quanto ao estado de conservação dos ecossistemas dos parques, sua infraestrutura e também a existência de atividades de educação e pesquisa nestes locais, bem como o nível de ocupação humana em seu interior.

Na época da pesquisa existiam 41 parques urbanos no Distrito Federal e, segundo as autoras, somente 12 unidades tinham sua área delimitada e definida, o que significa um fator de extrema gravidade, pois prejudica a avaliação dos ecossistemas abrangidos pelo parque.

No entanto, um aspecto positivo foi comprovado pelo estudo: praticamente todos os parques apresentavam cobertura vegetal nativa em parte ou em toda a sua extensão. Do total, 30 unidades continham manchas de vegetação nativa e foram classificados no grupo dos melhores parques conservados. A pesquisa descreveu essas áreas como potenciais parques ecológicos devido ao seu aspecto selvagem, contendo extensões cobertas com ecossistema natural sem grandes áreas degradadas, demonstrando a importância da conscientização da população para o cuidado deles.

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nos parques do DF (GANEM; LEAL, 2000), das 41 unidades, mais de 50% possuem córregos, lagoas ou nascentes que se encontram poluídos devido ao recebimento de esgoto.

As autoras afirmam encontrar características cênicas belíssimas nos parques do DF, fator que poderia favorecer o contato harmônico da população com a natureza. Eles podem ser considerados uma pequena amostra do passado da região, pois contêm as belezas naturais iguais ao período que antecede o processo de degradação, ocasionado pela crescente urbanização.

Os dados apresentados por Ganem e Leal (2000) são devidamente confirmados em trabalho realizado por Braga e Pires (2002), visto que ambos os estudos foram realizados no período de 1997 a 2000. Eles tinham como objetivo conhecer a representação social dos parques ecológicos diante da relação entre o meio ambiente e a sociedade do DF e seu entorno; para isso, fizeram sua análise em três parques da região. Dentre eles, dois são os mesmos deste trabalho (Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água e Parque São Sebastião) e o terceiro foi o Parque Ecológico Taguatinga Cortado.

Braga e Pires (2002) tiveram o intuito de encontrar elementos que contribuíssem para a gestão dos parques da capital federal, captando as singularidades e as diferenças nos três casos e comparando se as realidades socioeconômicas implicam no uso, na representação e em demandas sociais distintas.

Os autores consideram que os parques do Distrito Federal são verdadeiras ilhas dentro do espaço urbano, pois constituem o que restou da vegetação natural para manter uma ligação entre os habitantes e a natureza original; além de servir como escapatória para construções de habitação, deixando-as sem infraestrutura adequada.

A criação dos parques urbanos no DF teve seu auge em meados de 1994 e 1996. Justificava-se a necessidade de convívio com a natureza, sem considerar a solução de questões fundiárias – sendo essa uma das questões mais importantes antes do surgimento de parques ecológicos.

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Ainda sobre o estudo, em seu período de pesquisa contava o DF com mais de 40 parques e sua grande maioria encontrava-se depredada. Mesmo assim, mais parques estavam sendo aprovados sem uma previsão de recursos para instalação e manutenção. Muitos encontros foram criados para tratar deste assunto, com a finalidade de elaborar propostas que jamais foram colocadas em prática. Braga e Pires (2002) acreditam que a existência de vários partidos com ideais diferentes resultou na dificuldade de gerir os parques, visto que inúmeros foram os programas do governo incapazes de avançar na busca de soluções para os parques ecológicos. Os autores aplicaram mais de 500 questionários com o intuito de detalhar o perfil socioeconômico da população, suas representações sociais em relação aos parques e às formas de gerenciamento ambiental. Foi concluído que os parques urbanos são áreas com terreno promissor à promoção da Educação Ambiental, tendo como resultado a conscientização da população e a formação da cidadania.

Em relação ao DF, o perfil socioeconômico está diretamente ligado à visão de parque como área de preservação. Neste trabalho, Braga e Pires (2002) concluíram que quanto maior a renda e o nível de escolaridade, maior será a percepção da necessidade de preservar os parques. Em contrapartida, quanto menor a renda e o nível educacional, maior a visão de parque voltada exclusivamente ao lazer e diversão. Ou seja, as diferenças socioeconômicas podem influenciar na representação social dos parques.

Em relação à gestão ambiental do poder público, os autores colocam algumas sugestões para a melhoria dessa realidade. Dentre elas estão a construção de áreas de lazer, instalação de infraestrutura no interior dos parques, diminuição das invasões, garantia de segurança, manutenção e divulgação da existência do parque.

1.4.2 Situação atual

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O crescente número de parques no Distrito Federal se deve à preocupação com o aumento da população, principalmente nas cidades do entorno de Brasília (SOUTO, 2004). Os parques podem favorecer o clima local, minimizando a secura e a poeira que são características da região, além de constituir belas áreas de lazer, o que as tornam atraentes à população.

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2 METODOLOGIA

Foi adotada a pesquisa de campo como principal metodologia deste estudo. Esta pesquisa abordou as regiões administrativas de Brasília e São Sebastião, realizando um levantamento de dados junto à comunidade local, tanto dentro dos dois parques acima mencionados, como em áreas contíguas ao parque. Com a finalidade de testar a hipótese nula de que a renda e o nível educacional não afetam a representação social do parque, esses fatores foram controlados durante as entrevistas e nos testes estatísticos. A coleta de dados se deu por meio de um questionário estruturado, devidamente pré-testado. A análise utilizou-se de testes estatísticos simples, procurando por padrões com significância estatística mínima de 5% de confiabilidade. Abaixo descrevemos cada uma dessas etapas.

2.1 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita no período de setembro a novembro de 2011 com a aplicação de 381 questionários nas duas regiões administrativas (doravante referidas como RA): Brasília e São Sebastião. Como a comunidade usuária do Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água está localizada na Asa Norte, a aplicação dos questionários foi feita nessa área. O mesmo ocorreu no Parque de São Sebastião. As aplicações ocorreram em locais públicos e de grande movimentação, bem como em escolas próximas aos parques. A tabela 1 abaixo mostra a distribuição dos locais de levantamento dos dados.

Tabela 1: Quantidade e locais onde os questionários foram aplicados na pesquisa para as duas Regiões Administrativas

Escola próxima

ao parque Local público

Parque do

estudo Total

Asa Norte 75 101 30 206

São Sebastião 84 68 23 175

(37)

Paralelamente foram realizadas observações simples, passiva e não intrusiva, coletando os chamados “dados inobstrusivos” (Dias, 1994, p. 40).

Os dados foram então analisados com base na regressão logística e os resultados vistos à luz das teorias predominantes nesse campo. A relação entre as seguintes variáveis foram examinadas:

1) Renda x Representação social e uso do parque

2) Níveis educacionais x Representação social e uso do parque

2.2 SELEÇÃO DOS LOCAIS DE ESTUDO

Para este estudo, foram utilizados dois parques, cada qual em uma Região Administrativa (RA) do Distrito Federal. São elas: RA I, Brasília, e RA XIV, São Sebastião. Para a escolha dos parques foram considerados três aspectos: tamanhos aproximados, renda e ano de surgimento.

2.2.1 Os dois extremos deste estudo

Para compor um histórico acerca das localidades que agregam os parques deste estudo, utilizou-se para as duas RA’s – Brasília, à qual pertence a Asa Norte (Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água) e São Sebastião (Parque São Sebastião) – uma pesquisa realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal - CODEPLAN, publicada no ano de 2012 como Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios - PDAD, realizada entre os anos 2010 e 2012.

2.2.1.1 Brasília – Asa Norte

De acordo com a pesquisa, a RA I do Distrito Federal, Brasília, só foi criada quatro anos depois da inauguração da capital do país, em 1964, pela Lei nº 4.545 e ratificada pela Lei nº 49/89. Até o ano de 1994 faziam parte dessa RA o Plano Piloto (Asa Sul e Asa Norte), Setor Militar Urbano, Vila Planalto, Lago Sul e Lago Norte, sendo que os dois últimos se tornaram RA’s independentes a partir desse período.

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Sua área total é de pouco mais de 472 km2, correspondendo a 8,1% da área total do Distrito Federal. Sua população é estimada em torno de 214.529 habitantes (CODEPLAN, 2012), correspondendo a 10,4% da população do DF.

2.2.1.2 São Sebastião

Segundo a pesquisa, São Sebastião pertencia até 1993 à Região Administrativa do Paranoá. Foi por meio da Lei nº467/93 que São Sebastião se tornou, a partir de 1994, a 14ª Região Administrativa do Distrito Federal, tendo surgido após o início das obras da construção de Brasília, com fazendas sendo desapropriadas e, nelas, instaladas olarias – local onde se fabricam tijolos – a partir de 1957.

Mais tarde essas terras foram arrendadas para atender à demanda da construção civil na época, sendo as olarias desativadas. A população que ali ficou desenvolveu um vilarejo conhecido como Agrovila São Sebastião, habitada inicialmente por comerciantes de areia, olaria e cerâmica. De acordo com a PDAD (CODEPLAN, 2012), com a chegada intensa de emigrantes que invadiram áreas públicas, muitos foram realocados nesse vilarejo.

A área urbana de São Sebastião é composta pela Agrovila, Setor Residencial Oeste, Vila Nova e Área Especial. A área rural é constituída pelo Núcleo Rural Recanto da Conquista e pelas Áreas Isoladas: Cava de Baixo, Cava de Cima, Papuda, Riacho Frio, Quilombo e Taboquinha.

Em 2011, São Sebastião apresentava uma população estimada em 71.779 habitantes (CODEPLAN, 2012).

2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS LOCAIS DE ESTUDO

2.3.1 População urbana

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Brasília, a população jovem de até 14 anos corresponde a quase metade (12,8%) se comparada a São Sebastião. Mas comparada com a faixa em idade economicamente ativa, Brasília se sobressai, com 65,4% de seus habitantes. Na tabela 2, é possível observar a porcentagem de habitantes nas duas RA’s, divididas em grupos de idade.

Tabela 2: População dividida em grupos de idade – Brasília e São Sebastião.

Grupos de idade RA I – Brasília RA XIV São Sebastião

% %

0 a 9 anos 17.563 8,2 11.573 16,1

10 a 14 anos 9.885 4,6 7.428 10,3

15 a 18 anos 10.048 4,7 6.675 9,3

19 a 24 anos 18.422 8,6 8.935 12,4

25 a 39 anos 54.858 25,6 17.010 23,7

40 a 59 anos 56.819 26,5 16.391 22,8

60 anos ou mais 46.934 21,9 3.768 5,2

Total 214.529 100 71.779 100

2.3.2 Grau de instrução

Os dados revelam graus de instrução completamente distintos (tabela 3). Como destaque, 38,9% da população em Brasília possui o ensino superior completo, correspondendo a quase 17 vezes maior que a população de São Sebastião (2,3%). Outro dado contrastante é quanto à pós-graduação, com 10,8% da população de Brasília possuindo especialização, mestrado ou doutorado, quando em São Sebastião esse número não passa de 0,1%. Em São Sebastião, 31,1% de sua população é formada por estudantes, sua maioria (86,9%) frequenta a rede pública de ensino. Já em Brasília, 26,4% da população são estudantes, a maior parte deste porcentual frequenta escolas particulares (17,7%) (CODEPLAN, 2012).

2.3.3 Migração

Para ambas, a taxa de imigrantes equivale a mais da metade da população (Brasília (BR) – 64,6% e São Sebastião (S.S) – 57,7%). Outro dado relevante é o percentual dos emigrantes das regiões Nordeste e Sudeste como as que possuem

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os maiores valores. Estes são respectivamente inversos entre Brasília (11,8% e 44%) e São Sebastião (61,6% e 25%).

Tabela 3: População segundo o nível de escolaridade – Brasília e São Sebastião.

Graus de instrução RA I – Brasília RA XIV São Sebastião

% %

Analfabeto 817 0,4 1.696 2,4

Sabe ler e escrever 449 0,2 1.319 1,8

Alfabetização de adultos 245 0,1 323 0,4

Maternal e pré-escola 6.862 3,2 2.718 3,8

Ensino fundamental

incompleto 20.505 9,6 30.519 42,7

Ensino fundamental

completo 5.147 2,4 4.441 6,2

Ensino médio incompleto 10.089 4,7 8.047 11,2

Ensino médio completo 33.781 15,7 13.888 19,3

Ensino superior incompleto 24.876 11,6 2.288 3,2

Ensino superior completo 83.492 38,9 1.669 2,3

Pós-Graduação 23.160 10,8 81 0,1

Menores de 6 anos fora da

escola 4.983 2,3 4.414 6,1

Outros 123 0,1 376 0,5

Total 214.529 100 71.779 100

O restante corresponde às demais regiões do país: Centro-Oeste (11,8% - BR, excluindo a porcentagem do DF, que é de 35,4% e 9,6% - S.S.), Norte (4,2% - BR e 2,7% - S.S.) e Sul (8,9% - BR e 1% - S.S.). Os demais valores percentuais correspondem aos emigrantes vindos do exterior (1,4% - BR e 0,1% - S.S.).

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2.3.4 Trabalho e renda

Dois dos mais importantes indicadores da situação socioeconômica referem-se a trabalho e renda. Em referem-se tratando de trabalho, as duas RA’s aprereferem-sentam taxas similares. Segundo os dados da CODEPLAN (2012), dentre as pessoas economicamente ativas, 45% e 43,4% em Brasília e São Sebastião respectivamente, possuem atividades remuneradas.

A maior parte dos trabalhadores de Brasília (32,6%) são funcionários públicos. Já em São Sebastião, as atividades profissionais mais atuantes estão voltadas para o comércio (25,8%), serviços domésticos (12,7%) e construção civil (11,8%), sendo que a grande parte (35,1%) trabalha na RA Brasília e o restante (33,9%) trabalha na própria cidade. Para o número de desempregados, as duas localidades também se apresentam próximas (3,7% - BR e 4,7% - S.S.).

Com relação à renda, a tabela 4 mostra o contraste entre as “realidades opostas” das duas RA’s. A maior parte das famílias que residem em Brasília (65,8%) usufruem de uma renda que varia entre 10 a 20 salários mínimos (SM) ou acima desse valor. Em São Sebastião, a maioria das famílias (43,7%) vive com uma renda de 2 a 5 SM, seguido de famílias (37,7%) que vivem com até 2 SM.

Em Brasília, a renda média familiar corresponde a 17,6 SM, e a renda per capita a 6,1 SM. Em São Sebastião, esses valores são, no mínimo, cinco vezes inferior, apresentando uma renda familiar de 3,4 SM e renda per capita de 0,9 SM.

Tabela 4: Distribuição das Classes de Renda Domiciliar – Brasília e São Sebastião.

Classes de renda familiar RA I Brasília RA XIV São Sebastião

Salários Mínimos (SM) % %

Até 1 SM 0,9 10

Entre 1 e 2 SM 1,7 27,7

Entre 2 e 5 SM 10,2 43,7

Entre 5 e 10 SM 21,5 14,3

Entre 10 e 20 SM 31,4 3,9

Acima de 20 SM 34,4 0,4

Total 100 100

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2.4 OS PARQUES DESTE ESTUDO

As informações contidas aqui foram retiradas do material disponível do Programa Abrace um Parque, desenvolvido pelo Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal – Brasília Ambiental (IBRAM), no ano de 2008 (DISTRITO FEDERAL, 2008b).

Os parques utilizados no presente estudo foram:

 Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água

 Parque São Sebastião

2.4.1 Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água

Criado pela Lei nº 556/1993 e Decreto nº 15.900/1994, o Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D’Água (PEUMOA) possui uma área de 22ha e está localizado na Região Administrativa de Brasília (Figura 1). Nasceu por conta da existência de nascentes que inviabilizavam a construção no local, o que acabou gerando pressões por parte da sociedade civil, que exerceram papel importante em sua consolidação. Entre seus inúmeros objetivos legais, encontram-se a preservação das nascentes, do córrego e da lagoa existentes; recuperação de suas áreas degradadas; favorecimento do surgimento de programas de educação ambiental, além de pesquisas sobre os ecossistemas locais; e provimento de lazer à população local sem prejuízo à conservação do meio ambiente (DISTRITO FEDERAL, 2008a).

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2.4.2 Parque São Sebastião

Surgiu a partir do Decreto nº 15.898/1994. O Parque São Sebastião (PSS) abrange uma área de aproximadamente 18ha, pertencendo à Região Administrativa de São Sebastião (Figura 2). Foi criado a partir da necessidade de preservar e proteger sua enorme mata presente em área seca da cidade, inserida na APA do São Bartolomeu. Dentre os seus objetivos legais está o de conseguir, por meio da educação ambiental, que a comunidade se torne guardiã desse patrimônio (DISTRITO FEDERAL, 2008a).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Convém, inicialmente, falar da dificuldade encontrada para se obter informações acerca dos parques dentro do órgão responsável por sua gestão (IBRAM). Devido a questões burocráticas, houve grande perda de tempo preenchendo documentos e aguardando aprovações para se conseguir autorização para a pesquisa, apesar do Órgão mostrar-se totalmente solícito para o trabalho.

Foi proposto entrevistar, além dos usuários, os chamados agentes, que são

pessoas responsáveis pela administração dentro de cada parque. Essa ideia surgiu a fim de se conhecer o outro lado, ou seja, ouvir também seus administradores. No entanto, isso não foi possível. Embora não houvesse nenhum tipo de identificação entre os parques que possuem agentes – porque são poucos os parques dentro do DF que desfrutam desse auxílio em sua gestão – cada agente é específico para o parque, sendo possível identificar o autor do depoimento. Por conta disso, os agentes não quiseram responder, com receio de serem prejudicados dentro do trabalho. Ainda nos anos 1996 e 1997, quando Braga e Pires (2002) realizaram sua pesquisa, foi afirmado que o poder público não tinha condições de gerir os parques ecológicos e, devido a tanta burocracia, a comunidade também pouco se fazia presente para cobrar mudanças. Isso nos mostra que, mesmo passando mais de dez anos, essa realidade ainda se faz presente.

Diante disso, os resultados foram baseados predominantemente nos questionários aplicados.

3.1 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

3.1.1 Estrutura, formação e composição populacional

3.1.1.1 Sexo e idade

Foram aplicados 175 questionários em São Sebastião (S.S.) e 206 na Asa Norte (A.N.) (Tabela 5). Destes, a maioria foi respondido por pessoas do sexo feminino (66% em São Sebastião e 61,2% na Asa Norte). A faixa etária dos entrevistados variou de 11 a 65 anos em São Sebastião, e de 13 a 79 anos na Asa Norte.

(45)

segunda análise foi realizada por meio de uma amostra respondida por 159 estudantes entrevistados em uma escola de cada RA. As escolas foram escolhidas por acessibilidade e os questionários submetidos a turmas escolhidas aleatoriamente.

Tabela 5: Dados obtidos por RA e local de coleta, separados em uma amostra aleatória de grupos composto por adultos e estudantes na Asa Norte e em São Sebastião.

Coleta em local público Escolas Total

Asa Norte 131 75 206

São Sebastião 91 84 175

Total 222 159 381

Na tabela 6 são mostrados os dados da pesquisa em cada RA correspondente aos seus respectivos grupos de idade. Como é possível observar, a faixa de idade entre 10 a 18 anos não foi tão alta na Asa Norte, representando apenas 16% da população. Em São Sebastião, essa mesma faixa etária corresponde a 46,2% dos entrevistados, equivalendo a quase metade da sua população. A Asa Norte apresentou maiores números para o grupo acima de 25 anos, sendo que pessoas entre 40 e 59 anos correspondem a 43,5% da população. Esses dados demonstram claramente que São Sebastião apresenta uma população mais jovem quando comparada à Asa Norte.

3.1.1.2 Estados e regiões de origem

Com a exceção de apenas um questionário aplicado em São Sebastião, que se tratava de uma pessoa que estava de passagem e declarou raramente frequentar o local, todos os demais entrevistados residem na RA. Em relação aos entrevistados na Asa Norte, 92,2% residem na cidade, 3,4% são moradores da Asa Sul, 1,4% do Lago Norte, 1% no Guará e em Sobradinho e 0,5% no Sudoeste e no Gama.

(46)

trabalho de Braga e Pires (2002), em que os autores afirmam ser 42% dos entrevistados de São Sebastião originários da zona rural. Na Asa Norte, 100% dos entrevistados vieram de áreas urbanas.

Tabela 6: Distribuição da faixa etária dos respondentes em cada local de coleta.

Grupos de idade Asa Norte São Sebastião

0 a 6 anos 0 0

7 a 9 anos 0 0

10 a 14 anos 4 20

15 a 18 anos 17 22

19 a 24 anos 9 6

25 a 39 anos 28 30

40 a 59 anos 57 10

60 anos ou mais 11 2

Não responderam 5 1

Total 131 91

Entre os entrevistados de ambas as RA’s é possível observar uma diferença significativa ao se comparar sua origem em relação às regiões do Brasil (Figura 3 e Figura 4), desconsiderando a Região Centro-Oeste, que foi citado pela maioria.

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3.1.1.3 Estrutura familiar e renda

A pesquisa aponta a média de quatro pessoas por domicílios em São Sebastião (75,5%). Na Asa Norte observa-se de duas até quatro pessoas por residência (75,2%). Na tabela 7 é possível verificar essas diferenças.

Figura 3: Regiões de origem dos entrevistados na Asa Norte.

Figura 4: Regiões de origem dos entrevistados em São Sebastião.

Ao agregar esse aspecto à questão da renda familiar, a diferença se mostra ainda mais evidente (Tabela 8). Em São Sebastião, quase metade das famílias dos entrevistados (45,7%) vivem com uma renda mensal de R$546,00 até R$1.635,00 e, a segunda maior taxa (20,6%), com até R$545,00. Nos entrevistados da Asa Norte, a maioria das famílias (71,4%) possui uma renda acima de R$8.175,00. Entre os moradores de São Sebastião, esse aspecto não chega a atingir 1% da sua população.

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15 salários mínimos. Na segunda, as famílias são constituídas por, no mínimo, quatro pessoas e possuem renda de até três salários mínimos.

Tabela 7: Distribuição percentual de residentes por domicílio em cada local de coleta. Quantidade de pessoas por domicílio (%)

MS 2 3 4 5 >5 NR

Asa Norte 9,2 19,4 15,5 40,3 10,7 4,9 0

São Sebastião 1,1 6,3 16 33,7 25,2 16,6 1,1

Tabela 8: Distribuição percentual da renda familiar em cada local de coleta. Renda familiar (%)

Até

R$545,00

R$545,00 a R$1.635,00

R$1.635,00 à R$2.725,00

R$2.725,00 à R$8.175,00

Acima de R$8.175,00

Não responderam

Asa Norte 0 0 2,4 22,8 71,4 3,4

São

Sebastião 20,6 45,7 14,8 4 0,6 14,3

3.1.1.4 Nível de escolaridade

Em São Sebastião, foi observado (Tabela 9) que 46,1% dos entrevistados possuem o Ensino Fundamental Incompleto. Na Asa Norte, 40,5% da população possui o Ensino Superior Completo, índice bem diferente do obtido para São Sebastião, em que apenas 1,1% da população possui curso superior. Tratando-se de Pós-Graduação, a diferença também é grande. Enquanto apenas 6,6% em São Sebastião possui curso de especialização, na Asa Norte esse número sobe para 11,7% dos entrevistados com Mestrado, 5,4% com Doutorado e 1,5% com cursos de especialização. Para Braga e Pires (2002), o nível educacional pode influenciar fortemente o baixo desempenho socioecômico.

Referências

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