• Nenhum resultado encontrado

uma importante contribuição tecnológica para os deficientes visuais :: Brapci ::

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "uma importante contribuição tecnológica para os deficientes visuais :: Brapci ::"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

AUDIOLIVRO: UMA IMPORTANTE CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA PARA OS DEFICIENTES VISUAIS1

1 INTRODUÇÃO

1 Apresentado no VIII CINFORM.

Resumo

As tecnologias da informação têm proporcionado modificações históricas na sociedade, propiciando meios de comunicação, baseados em suportes inovadores e recursos informacionais. Este trabalho apresenta, através do estudo de caso desenvolvido na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, o audiolivro; um recurso informacional valioso para a formação educacional e o desenvolvimento do hábito de leitura e de pesquisa, para pessoas com necessidades especiais ou não. Reconhecendo-o como um instrumento de inclusão social para a comunidade de deficientes visuais, o audiolivro, permite autonomia, agilidade, interatividade e participação ativa destes com as novas tendências informacionais, questões importantes para o seu convívio social, proporcionadas pelas tecnologias da informação. Analisou-se o perfil dos leitores que não têm deficiência visual da referida biblioteca, para identificar seu conhecimento sobre as tendências tecnológicas, e lhes apresentar o audiolivro como um meio dinâmico de incentivo ao hábito de leitura.

Palavras-chave: Audiolivro. Deficiente visual. Tecnologia da informação.

Nelijane C. Menezes Bacharel em Biblioteconomia e

Documentação (UFBA). rubi2276@gmail.com

Sérgio Franklin Mestre em Ciência da Informação

pela UnB. Professor assistente da UFBA/ICI. sergiofr@ufba.br

AUDIOLIVRO: AN IMPORTANT TECHNOLOGICAL CONTRIBUTION TO THE VISUALLY IMPAIRED

Abstract

The information technology have caused historical changes in society, providing means of entertainment and communication never thought before, creating new media and informational resources. Therefore, this work presents the audiobook as a valuable information tool for the training and educational development and a way to strengthen reading for visually impaired people or people without any kind of disability. The audiobook is considered in this case study, carried on in the Public Library of Bahia State, as an instrument of social inclusion for the local visually impaired community, allowing autonomy, agility, interactivity and a active participation of them with new informational trends offered by information technology,considered important issues for their social interaction. At the same time it has been analysed the profile of the readers of this library that have no visual impairment, to identify their knowledge on the technological trends, and presents to them a dynamic way that encourages their habit of reading.

(2)

1 INTRODUÇÃO

As inovações tecnológicas provocaram alterações no modo de vida social, expandindo meios de comunicação, entretenimento, criando suportes e recursos informacionais, além de fornecer uma melhor condição de vida para pessoas de todas as classes sociais. Dentre os debates diários sobre a inclusão do cidadão na Sociedade da Informação e do conhecimento, as novas tecnologias se apresentam como um recurso que promove seu acesso, de forma qualitativa, na área do saber, abrangendo seus limites no campo científico, social, educacional e político. Vista por muitos estudiosos como uma questão inquietante que poderia ocasionar a extinção da comunicação impressa, abalando estruturalmente os meios informacionais, as novas tecnologias da informação provaram que podem favorecer a população e permitir uma nova etapa na contribuição social, através de seus meios eletrônicos: acessibilidade, compartilhamento, agilidade na busca de informação, dentre outros fatores, permitem entender que os recursos evoluíram, favoravelmente, desde o seu surgimento, e que o fim do papel é meramente uma questão utópica.

Diante do arsenal tecnológico disponibilizado na era informacional, as bibliotecas – espaços sócio-culturais gerenciadoras de informações que são – permitem avanços e qualificações na ciência informacional, contribuindo com a formação e o desenvolvimento intelectual de cidadãos, além de colaborar com a resolução de questões enfrentadas cotidianamente, como a formação e a recuperação de leitores. Neste período em que o livro e a leitura estão perdendo espaço no campo social, elas trabalham em conjunto sob o interesse de resgatar leitores, utilizando recursos atrativos – como as bases de dados e os multimeios.

(3)

2 O DEFICIENTE VISUAL E O SISTEMA BRAILLE, UM MÉTODO DE INCLUSÃO SOCIAL

Segundo o Instituto Benjamin Constant (2007):

Considera-se Pessoa Portadora de Deficiência (PPD) aquela que apresente, em caráter permanente, perdas ou reduções de sua estrutura, ou função anatômica, fisiológica, psicológica ou mental, que gerem incapacidade para certas atividades, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. A deficiência visual é a perda ou redução de capacidade visual em ambos os olhos em caráter definitivo, que não possa ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico. Existem também pessoas com visão subnormal, cujos limites variam com outros fatores, tais como: fusão, visão cromática, adaptação ao claro e escuro, sensibilidades a contrastes, etc.

As pessoas com deficiências visuais durante muito tempo, foram marginalizadas e excluídas social e digitalmente. Hoje, interagem com comunidades diversas de forma dinâmica e consistente, graças ao uso das tecnologias da informação e do conhecimento. Beneficiam-se de recursos informacionais, como a impressora Braille, o audiolivro, o livro falado, celulares, recursos que contribuem para seu desenvolvimento social e intelectual. Inclusão social, para um cidadão, significa estar incluído nas atividades socioeconômicas de seu país, ter desenvolvimento educacional, acesso às novas tecnologias da informação e do conhecimento, para uma ação participativa junto à sua comunidade. Neste sentido, citamos o trecho:

[...]Incluir um cidadão é muito mais que oferecer um espaço adaptado fisicamente à especificidade de sua limitação. É acreditar na força transformadora existente em cada ser humano e, mais ainda, é fazê-lo acreditar na existência dessa força. É olhar para uma criança na mais tenra idade e, independente de sua limitação, aceitar que ela é o ser cognoscente teorizado por Piaget, aquele não está alheio ao mundo e que busca a todo instante compreender os fatos que cercam sua existência e que ele pode e deve protagonizar, intervir, modificar sua vida, sua história [...] (JESUS, 2007, p. 3).

(4)

(2003, p. 1) enfatiza que: “ A discriminação, o desrespeito à diferença e a persistência de práticas segregativas e excludentes, refletem a falta de princípios éticos, morais e de cidadania. [...]”. Portanto, inclusão significa, além de respeito por essas pessoas, oferecer-lhes condições suscetíveis para o seu desenvolvimento informacional. Sassaki (1997 apud JESUS, 2007, p. 2) diz que inclusão para pessoas especiais é o processo bilateral, no qual a sociedade e a pessoa com necessidades especiais agem conjuntamente, buscando “equacionar problemas, decidir soluções e efetuar equiparação de oportunidades para todos”. Logo, permitir meios para executar a busca de igualdade, de forma positiva, é o método para contribuir com a participação destes indivíduos especiais no processo de aprendizagem, e não tratá-los como se incapacitados fossem para resolver seus próprios problemas perante a sociedade.

Foi o que demonstrou Louis Braille (1809-1852), patrono do sistema de escrita universal para deficientes visuais, que buscou o conhecimento de forma específica para amenizar suas dificuldades sociais, diante da sua diferença física. Desenvolveu um método de escrita por anagliptografia, ou seja, escrita através de pontos em relevo, que hoje leva seu nome: Sistema Braille, adotado e popularizado, oficialmente, em 1854, dois anos após sua morte. Desta forma, pode-se constatar que o Sistema Braille foi a primeira tecnologia completa de ensino, que surgiu para as pessoas portadoras de deficiências visuais, através deste jovem, que, como outros da sua idade, conseguiram decifrar o mundo à sua maneira, e apresentá-lo a pessoas como ele, permitindo-lhes uma melhor expectativa de vida, proporcionando educação e inclusão social. Ler, escrever, conhecer, interpretar, são atividades comuns para grande parcela da população mundial. Porém, amplo é o número de pessoas impossibilitadas de realizar este simples gesto físico de forma prática, como os deficientes visuais.

3 O AUDIOLIVRO

(5)

através de downloads em sites específicos, com acesso pago ou gratuito.2 Também denominado audiobook, achou-se interessante adotar, neste trabalho, a terminologia Audiolivro, devido ao interesse, em preservar a nossa língua. Entretanto, adotando esta terminologia, não queremos dizer que seremos contra a utilização de outras terminologias adotadas anteriormente.

Conhecido no mercado nacional e internacional, o audiolivro, há anos, contribui com a educação inclusiva de pessoas com deficiências visuais, resgatando ou formando leitores, incentivando a leitura auditiva, o entretenimento e a cultura, para quem ouve e para quem se faz ouvir.

Na Alemanha, surgiu na década de 1990 e foi aceito no mercado editorial de forma admirável. Conquistou um alto índice de adeptos, de perfis variados, para esta modalidade de leitura, e, até nossos dias, é apresentado em bares e festivais de literaturas faladas, proporcionando aos admiradores da literatura, a possibilidade de desfrutar seus títulos preferidos, narrados por autores célebres, relembrando as rádio-novelas. Nos Estados Unidos, surgiu em meados da década de 1980, conquistando também uma grande parcela de adeptos.

4 AUDIOLIVRO NO BRASIL

No Brasil, o audiolivro surgiu durante a década de 1970. Entretanto, é utilizado, principalmente, por um público específico, os deficientes visuais. Sua distribuição gratuita é realizada por instituições de caráter filantrópico, que produzem livros em Braille, livros falados e audiolivros com gravações de livros didáticos, periódicos e romances em diversos suportes, oferecendo um atendimento especial a este público e seus familiares. Sites específicos também oferecem este tipo de material pela modalidade de vendas, abrangendo um público menor e diversificado – pessoas que não são portadoras de deficiências visuais e que não têm tempo para ler um livro durante suas atividades diárias.

O termo audiolivro ainda é pouco citado na produção científica brasileira. Na maioria dos casos, o termo mencionado refere-se ao livro falado, devido à diferenciação feita pela comunidade dos ledores e produtores. Para estas pessoas, o audiolivro diferencia-se do livro falado devido à transmissão de emoções facilitadas pelo recurso de multimídias apresentado; enquanto o livro falado apresenta apenas uma leitura branca – jargão utilizado pela

(6)

comunidade –, que significa uma leitura simples, objetiva, sem maiores expressões em sua narrativa, sob o interesse de representar o livro em tinta da forma mais fiel possível.

Sua aprovação no mercado educacional deve-se, à redução do abarrotamento das estantes nas bibliotecas, já que os livros sob a escrita Braille são divididos em várias partes. Como exemplo, citamos o dicionário escolar em Braille que contém 53 partes, enquanto o mesmo conteúdo em audiolivro é apresentado em apenas 1 CD-ROM; é um recurso dinâmico, de fácil acessibilidade.

Devemos salientar que, tanto os livros escritos em Braille, quanto o audiolivro, ou o livro falado, podem ser divididos em várias partes para compor o seu todo, seja no suporte analógico como K7 ou digital como CD e dependem de fatores, como: tempo de gravação, tamanho do material etc., porém, o formato MP3, tem grande vantagem sob eles. O período de tempo utilizado para a apresentação de livros diferencia-se de suporte para suporte. Estas informações foram obtidas durante coleta de dados na Biblioteca Pública do Estado da Bahia (BPEB), local onde foi realizado o estudo de caso para o presente trabalho.

5 CONVERGÊNCIA DOS SUPORTES

(7)

A ciência e tecnologia da computação introduziram, a partir da década de 1940, os computadores e com eles a informação digital, representada por arquivos constituídos por cadeias de símbolos binários (zero e um), formando uma unidade interpretável por um software ou programa. Surge um contraponto irreversível ao domínio da informação analógica. A rápida evolução tecnológica, que caracteriza a informática, permitiu que em poucas décadas a informação digital, ou o documento em suporte digital, ganhasse uma série de vantagens competitivas sobre a informação em meio analógico. A evolução teórica e prática de disciplinas como a multimídia, as redes de comunicação, o processamento digital de imagens, os modelos de bancos de dados, o reconhecimento de padrões, as técnicas de compactação e as arquiteturas de computadores, permitiu que se tornassem tecnologicamente disponíveis alternativas de recuperação e acesso, on-line e concorrente, com volumes de informações inimagináveis para o suporte analógico. E com custos cada vez mais exeqüíveis (ANDRADE, 2006, p. 2).

Diante destas novas tendências, as bibliotecas também adaptaram seus equipamentos para atender às reais necessidades dos seus usuários. Os recursos utilizados pelos deficientes visuais nas bibliotecas permitem a sua integração ao meio sócio-educativo, por disponibilizar equipamentos especializados para sua formação, diante dos acontecimentos mundiais. A pessoa com deficiência [...] vê, na tecnologia, uma possibilidade de mudança de vida, ou seja, trabalhando por meio dessa ferramenta pode desenvolver-se socialmente [...] (FREITAS NETO, 2006, p. 89).

No que tange aos usuários sem algum tipo de deficiência, as novas tecnologias proporcionaram uma nova modalidade de biblioteca: a Audioteca, conhecida também como fitoteca ou videoteca, criada nos anos 1970. Permite através de equipamentos de multimídia, por suportes variados, o acesso à leitura, de forma diferenciada, contribuindo com a formação ou resgate de leitores. Através do empréstimo de seus itens informacionais, o usuário pode ter acesso à informação em diversos locais, desde que possua um equipamento de multimídia, o que, nos dias atuais, não é difícil. Desta forma, podemos considerar a audioteca, como um setor de importante contribuição educacional interna ou externa a uma biblioteca. Citamos o Setor Braille, da BPEB, que oferece audiolivros e livros falados em material analógico e digital.

Segundo o site de informações on-line Wikipédia, considerado como enciclopédia livre:

Uma fita K7 (Fita Cassete) é um tipo de caixa plástica com uma fita em rolo alojada em seu interior, onde carretéis permitem um movimento circular facilitando seu manuseio e utilização. É um sistema analógico. O MP3

(8)

redução do tamanho do arquivo é de cerca de 90%. Um CD é a abreviação

de compact disc (disco compacto). promete maior capacidade, durabilidade

e clareza sonora, sem chiados, fazendo os discos de vinil (suporte analógico) serem considerados obsoletos e pode[ndo] armazenar qualquer tipo de conteúdo, desde dados genéricos, video e áudio, ou mesmo conteúdo misto. É atualmente o mais popular meio de armazenamento de dados digitais (WIKIPÉDIA, 2007).

A gravação do audiolivro realizada no formato MP3 permite compactar o arquivo, isto é, armazená-lo em um suporte ocupando um espaço 12 vezes menor em relação ao seu tamanho original, permitindo, com isso, compor em um único CD-ROM até 3 clássicos da literatura brasileira. Faz-se necessário demonstrar as diferenças existentes entre a capacidade de armazenamento dos suportes informacionais utilizados, para que seja possível entender como a evolução tecnológica pode contribuir com a formação cultural de novos leitores (Quadro 1):

Quadro 1: Diferença da capacidade de armazenamento dos suportes em relação ao livro em Braille

SUPORTE TEMPO MÉDIO DE

APRESENTAÇÃO OBRAS

LIVRO EM BRAILLE Situação relativa devido à praticidade do leitor diante da escrita Braille. Quincas Borbapartes sob a escrita Braille. , livro apresentado em 7

FITA K7

60 min. para cada lado, o equivalente ao tempo mínimo de apresentação de 120 min. por fita.

Dom Casmurro, livro apresentado em 8 fitas k7. O equivalente a média de 960 min. para apresentação.

CD-ROM

80 min. de apresentação definida pela capacidade do suporte.

Quincas Borba, livro apresentado em 9 CD-ROM, o que significa uma duração de 720 min.

MP3

Utiliza como suporte um CD-ROM de 80 min. Mediante a compactação do arquivo, a apresentação de 3 ou 4 livros pode ser realizada em um único suporte e seu período de apresentação será maior que 80 min. Permite fácil manuseio, mobilidade e ocupa menos espaço nas estantes.

Série Para gostar de ler, Coleção Sérgio Milliet. Contém 3 títulos em 1 único CD e sua duração é bastante relativa.

Fonte: Compilado pela autora.

Devemos salientar que esta apresentação refere-se, apenas, ao tempo de apresentação do livro em cada suporte, não considerando o tempo hábil em que o leitor terá condições para realizar sua leitura.

(9)

pessoas com deficiências visuais deve-se apenas às tecnologias. Entende-se que tudo começou com a escrita Braille.

Infelizmente, devido ao complexo tratamento necessário para a transcrição de textos em tinta para o sistema Braille, existe uma quantidade insuficiente deste material para a demanda solicitada, o que desampara o desenvolvimento cultural dos portadores desta deficiência. Além disso, existe, uma grande preocupação com o manuseio dos livros transcritos neste sistema, devido ao desgaste acelerado do material, a depender do fluxo de uso. Isto não quer dizer que as dificuldades existentes são motivos reais para que as pessoas com deficiência visual dêem maior ênfase aos recursos tecnológicos. É uma questão subjetiva, em que o deficiente deve escolher e entender o que melhor lhe convém como forma de aprendizado.

6 METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida sob um caráter exploratório, e, para a obtenção de dados, foram utilizados questionários. A amostra foi composta de 13 usuários deficientes visuais do Setor Braille da BPEB, 10 ledores e 8 pessoas que não freqüentam este setor, entre eles, docentes e discentes do curso de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal da Bahia, além de funcionários da BPEB, com o propósito de identificar qual o conhecimento destas pessoas sobre o audiolivro. Fez-se necessário elaborar três modelos de questionários e foram inseridas questões similares, em função dos diferentes perfis que constituíram a amostra, como: freqüência à BPEB, grau de escolaridade, idade, preferência sobre os recursos informacionais disponíveis e opinião sobre o audiolivro.

7COLETA E ANÁLISE DE DADOS

(10)

população da cidade em estudo engloba um público de origem diversificada. Os respondentes estão entre a faixa etária de 10 a 60 anos. Junto às pessoas com deficiência visual, encontramos um público freqüente ao Setor Braille (SB) da BPEB entre os 20 e 60 anos, que correspondem a 5 pessoas com faixa etária entre 21 e 30 anos, 7 entre 31 e 40 anos e 1 pessoa com idade entre 41 e 50 anos, observando maior incidência entre 31 e 40 anos. O SB é uma unidade importante para a formação acadêmica destas pessoas cegas, uma vez que alguns cursam universidades, além de servir para o contato social entre indivíduos com deficiências ou não. Também foi verificada a existência de estudantes de pré-vestibular e profissionais como músicos, massoterapeutas e professores de informática, que buscam atualidades para desenvolver melhor sua vida profissional.

Referindo-se aos voluntários (ledores) desta unidade, sua faixa etária se apresenta entre 10 e 70 anos, com maior ênfase entre as idades de 50 e 60 anos. Entre os colaboradores para a nossa pesquisa 6 estão entre a faixa etária de 50 e 60 anos e 3 entre 40 e 50 anos; é possível observar que são, em maioria, viúvos e aposentados que buscam preencher seu tempo com a solidariedade ao próximo. Fato interessante percebido durante a coleta de dados deste trabalho foi a participação de 2 crianças neste serviço voluntário da BPEB, onde uma delas colaborou com nossa pesquisa. Quanto ao público classificado como outros, trata-se dos funcionários, discentes e docentes que não freqüentam o Setor Braille desta biblioteca, onde 2 pessoas representam a faixa etária entre 20 e 30 anos, 3 estão entre 30 e 40 anos, 2 encontram-se entre 40 e 50 anos e 1 está com a idade entre os 50 e 60 anos. Neste grupo, a maior incidência encontra-se com pessoas entre 30 e 40 anos.

(11)

Gráfico 1: Grau de escolaridadedos pesquisados

Fonte: Questionário aplicado.

(12)

Gráfico 2:Freqüência à BPEB

Fonte: Questionário aplicado.

O conhecimento e utilização do audiolivro são apresentados, no gráfico 3, de forma satisfatória; 69 % dos usuários pesquisados, que são as pessoas com deficiências visuais, conhecem e utilizam este recurso informacional de forma ativa e o consideram um recurso que dinamiza suas leituras. O docente, os discentes e funcionários da BPEB completam a pesquisa representando 31 % dos usuários, confirmando seu conhecimento sobre o audiolivro, mas informando que pouco o utilizam, devido à falta de maiores informações. Para alguns dos usuários questionados: “é um fato desconhecido existir romances ou livros didáticos em áudio”. Questão que fortalece o desenvolvimento deste trabalho sob a pretensão de apresentar o audiolivro como uma nova modalidade de leitura para aqueles que enxergam. Já os voluntários preferiram não responder à questão solicitada, representando 0% na pesquisa, pois acreditam não ser importante ouví-lo. Segundo um dos usuários: “o audiolivro deve ser utilizado pelos cegos”. Esta informação foi confirmada por todos os voluntários que responderam o questionário.

(13)

Gráfico 3: Conhecimento e utilização do audiolivro

!" "

"

Fonte: Questionário aplicado.

O gráfico 4 demonstra que, apesar do audiolivro contribuir com a formação educacional da pessoa com deficiência visual, o livro em Braille ainda é a melhor opção para os seus estudos, que nos leva a crer que a extinção dos livros impressos é um fato utópico e que a desbrailização também. Assim, confrontamos questões abordadas por estudiosos como Lancaster, que faz previsões sobre uma “sociedade sem papel”, onde a migração de informações em suporte impresso se realizaria cada vez mais rápido para os meios eletrônicos. No entanto, através deste trabalho, foi possível entender que as tecnologias da informação realmente têm contribuído para a geração de literaturas por meio de suportes como o livro eletrônico; todavia, a preferência por livros impressos é mais evidente; a leitura no formato tradicional, com o livro em papel, é, sem dúvida, preferido pela maioria dos leitores de todo o mundo incluindo os deficientes visuais.

Tantopara estes usuários, como para tantos outros: “o audiolivro ajuda a relaxar, e é muito importante para nosso aprendizado, entretanto, não existe prazer melhor que poder

imaginar com as palavras, que poder praticar a leitura”, diz um dos cegos. Do universo pesquisado, 11 deficientes visuais responderam que preferem utilizar o livro em Braille, apesar de gostar muito do audiolivro e do livro falado. Informam que: “para o alfabetizado, o livro em Braille é fundamental; só aprendemos a ler através do Braille, mas eu também

utilizo o audiolivro”. Outros dois responderam que preferem o audiolivro e dizem: “o audiolivro ajuda muito com o aprendizado de crianças e idosos que ainda não se adaptaram

com a cegueira”. Um destes deficientes possui, em seu acervo pessoal, uma coleção com mais de 8.000 livros em MP3 e em CD. Ele nos diz que: “não gosto de ler, tenho dificuldade com o Braille. O audiolivro é mais moderno, me ajuda a sonhar e eu gosto de ler com ele.”

(14)

desenvolvimento é fonte de pesquisa indispensável para o registro da história”. Outros 3 preferem o audiolivro e informaram que: “ é um recurso novo, e apesar de ser pouco utilizado, é interessante ouvir histórias. Me lembro de minha infância, quando minha mãe me

contava história e quando falam das rádionovelas que existiam. Acho que ele deve ser mais

divulgado.” Entre os voluntários, o resultado é evidente, já que o audiolivro não é utilizado por eles, como citado anteriormente.

Gráfico 4: Preferência por suporte informacional

# #

#

$ % & ' %

Fonte: Questionário aplicado.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As inovações tecnológicas e informacionais, como todas as novas tendências que surgiram no mundo, sofreram discriminações, devido às mudanças que ocasionaram. Mas, apesar dos preconceitos, elas proporcionaram uma melhor convivência social, sem distinção de raça, sexo, condição social, portador de necessidades especiais ou não. O suposto fim do papel não aconteceu, ocasionando uma situação inversa; a tecnologia consente escolher a melhor forma de utilização para cada necessidade humana à velocidade da luz, unindo povos e culturas.

(15)

participação social. As pessoas com deficiências visuais demonstraram que são pessoas dinâmicas e “antenadas” às novas tendências tecnológicas e que atuam ativamente no meio em que vivem.

O audiolivro, infelizmente, ainda é pouco divulgado em nosso país entre as pessoas que não têm deficiência. Trata-se de um tema interessante a ser discutido no meio acadêmico, uma vez que se confirma sua colaboração para a formação educacional de indivíduos através da formação e resgate de leitores, assim como já contribui de forma significativa em outros países. Deste modo, propõe-se que todas as bibliotecas estaduais sigam o exemplo da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, que contém uma audioteca e uma biblioteca Braille em sua unidade para todo tipo de público, cumprindo sua função como gerenciadora e disseminadora da informação. Assim, concluímos o trabalho ressaltando que, ser portador de algum tipo de necessidade especial ou não, ser pobre, índio, negro etc. não deve ser uma barreira para a realização de sonhos, objetivos e busca para uma melhor qualidade de vida. Excluídos são aqueles que assim se sentem.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Nelson Spangler de. Gestão Eletrônica de Documentos: a convergência digital da informação. Jornal do GED on-line, São Paulo, ano 12, ed. 74, maio/jun. 2006. Seção Ponto de vista. Disponível em: < http://www.cenadem.com.br/jgonline/edicao

74/pontodevista.htm >. Acesso em: 09 Out. 2007.

FREITAS NETO, Albérico Salgueiro de. Do braille às tecnologias digitais de informação e comunicação: leituras e vivências de cidadãos-cegos, suas relações com a informação e com a construção de conhecimento. Salvador: [s.n.], 2006. 109 f.

INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT. Disponível em: < http://www.ibc.gov.br/Nucleus/index.php >. Acesso em 05 ago. 2007.

JESUS, Patrícia Silva de. Inclusão ponto a ponto: a inclusão social da pessoa com deficiência visual através da produção escrita. Paraíba: [s.n.], 2007.

MACHADO, A.; OHIRA, M. L. B. Comunidade dos deficientes visuais da grande Florianópolis e o setor Braille da Biblioteca Pública do Estado de SC. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina. Florianópolis, v. 1, n. 1, 1996.

MATOS, Simone Rocha. Educação, cidadania e exclusão à luz da educação especial: retrato da teoria e da vivência. Revista Benjamim Constant, Rio de Janeiro, dez. 2003. Seção nossos meios. Disponível em: < http://www.ibc.gov.br/Nucleus/i ndex.ph p?c at id =4 &itemid=46>. Acesso em: 5 ago. 2007.

Imagem

Gráfico 1: Grau de escolaridade dos pesquisados
Gráfico 2 : Freqüência à BPEB
Gráfico 4: Preferência por suporte informacional

Referências

Documentos relacionados

Além disso, o Scorecard SPIVA dos Estados Unidos demonstra que a maior parte dos fundos ativos large cap nesse país não conseguiram ganhar do S&amp;P 500 durante os períodos de

É o nome usado para descrever empresas que prestam serviços financeiros, tendo na tecnologia seu grande diferencial — muitas delas, inclusive, não têm agências para atender

thread corrente em estado de espera até que outra thread chame os métodos notify ou notifyAll liberando o

A implementação da pesquisa como prática de formação é difícil, mais pela concepção restrita dada à pesquisa pelas “comunidades científicas” do que pela

Há uma grande expectativa entre os cientistas de que, nesta próxima década, novos resultados de observações cosmológicas, aliados aos resultados dos grandes aceleradores como o

Sofia fala sobre Tatiana Calderon. Ela é um ídolo na Colômbia! Por que ela é famosa?. Instruções: Leia o texto em

Antes de mostrarmos a rela¸ c˜ ao entre regularidade de uma curva e existˆ encia de reparametriza¸c˜ oes por comprimento de arco dessa curva, notemos uma propriedade sim- ples

Em termos práticos, diferente do tripé ensino, pesquisa e extensão que serve de fundamento para a ideia de universidade no Brasil, a proposta é edificada no tripé