Controlo de Sintomas
Dra Anabela Morais
Especialista Medicina Interna, Diretora do Serviço
de Medicina Paliativa do CHTMAD, Competência em Medicina Paliativa pela Ordem dos Médicos, mestrado em Cuidados Paliativos
Dra Carmen Pais
Especialista Medicina Interna, coordenadora da EIHSCP do CHTMAD, Pós-graduação em Cuidados Paliativos
21/10/2021
1. INTRODUÇÃO
2. CONTROLO DE SINTOMAS
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
2
1900: 46,0 anos 2005: 77,7 anos 2010 : 79,6 anos 2015 : 81,1 anos
Portugal
EUA : 79,3 anos
Alemanha : 81,0 anos Dinamarca : 80,6 anos
dados OMS, 2018 15º lugar ( Europa) 21º lugar (Mundial)
Curso Intensivo de Medicina Paliativa
• Aumento das comorbilidades
Aumento significativo de sintomas mal controlados
1Clark D. Between hope and acceptance: the medicalisation of dying. BMJ 2002; 329:184-185
Aumento significativo de sintomas mal controlados
1• A não aceitação da morte
• Progresso científico-tecnológico
Aumentando a desumanização na Medicina
1Clark D. Between hope and acceptance: the medicalisation of dying. BMJ 2002; 329:184-185
Tratar e CUIDAR com Competência e Amor de quem não pode ser curado
Clínicos
Família
Sociedade
Estado
• Saúde (1948,OMS) ..estado de completo bem-estar físico, mental e social
Socio- cultural Familiar
Físico – Emocional
• Melhorar a qualidade de vida
• Promoção da dignidade e autonomia do doente
• Conceção ativa da terapêutica
• Abordagem inter e multidisciplinar
• Resposta adequada às necessidades dos doentes
Barbosa A, Neto IG. Manual de Cuidados Paliativos. Faculdade de Medicina de Lisboa 2006
Princípios gerais
• Avaliar antes de tratar
• Prevenir efeitos secundários da terapêutica
• Adequar via de administração
• Estratégia gradual planificada
• Atuar em equipa
• Estabelecer planos com o doente e com a família
• Reavaliar regularmente e monitorizar
• Atenção aos detalhes
ESTAR DISPONÍVEL
• Avaliar antes de tratar
• Prevenir efeitos secundários da terapêutica
• Adequar via de administração
• Estratégia gradual planificada
• Atuar em equipa
• Estabelecer planos com o doente e com a família
• Reavaliar regularmente e monitorizar
• Atenção aos detalhes
ESTAR DISPONÍVEL
✓ Não-maleficiência
✓ Beneficiência
1. Desconhecimento da complexidade sintomática inerente
2. Dificuldade no estabelecimento de um prognóstico e mentalidade médica centrada no prognóstico.
3. Falta de formação médica nos princípios farmacológicos (e não farmacológicos)
Génese da não aplicação transversal da metodologia centrada no doente não-maligno
McCullogh PA et al. J Am Coll Cardiol 2002;39:60-69
Insuficiência Cardíaca
• 50% dos doentes apresentam dor não controlada, no último ano de vida
• 65% dos doentes apresentam dispneia não controlada, severa nos últimos 3 dias de vida
Kite S et al.Specialist palliative care and patients with noncancer diagnosis. Palliative Medicine 1999.
Goreet al. How well do we care for patients with COPD? A comparision of palliative care and quality of life in COPD and lung cancer. Thorax 2000;55:1000-1006
Hemodiálise
Média → 5,6 sintomas mal controlados
J Anita. Level of symptom relief and the need for palliative care in hemodialysis population. Journal of hospice and palliative nursing 2007;9(1):50-59
1. INTRODUÇÃO
2. CONTROLO DE SINTOMAS
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
18
Sensação subjetiva de falta de ar
◦ Como perguntar?
Prevalência
Doentes terminais
◦ 29 a 74%
Ferraz Gonçalves J. Controlo de Sintomas no Cancro Avançado. 2ª Edição. 2013
Etiologia Multifactorial Doença de Base
•
Neoplasia•
Asma / DPOC•
Hipertensão pulmonar•
Doença pulmonar intersticial•
Embolia Pulmonar•
Derrame pleural•
Pneumotórax•
Insuficiência Cardíaca•
Derrame pericárdicoDebilidade
• Anemia
• Astenia
• Atrofia muscular
• Caquexia
• Dificuldade na mobilização das secreções
• Obesidade
Terapêutica
Pneumectomia
Radioterapia
Quimioterapia
Ansiedade
Depressão
Causa: Identificação de causa reversível - Suscetível de tratamento dirigido
• Início / Caracterização / Quantificação
• Antecedentes pessoais
• Exame físico
• Exames complementares de diagnóstico - Se possibilidade de modificar a evolução
- Hemograma, Bacteriológico de expectoração, Rx Toráx, Ecocardiograma, TAC Torácica...
Avaliação
◦ EVA / Escala Numérica (0-10 = avaliação da dor) / Escalas Verbais
◦ St George Respiratory Questionnaire / Chronic Respiratory Questionnaire
◦ STAS ( Support Team Assessment Schedule)
10◦ Escala de Borg/ mMRC
Avaliação – Escalas
Explicação da causa/conforto;
Crise aguda – abertura de janela, ambiente mais fresco, uso de ventoinha;
Respiração diafragmática; encorajamento de fases expiratórias mais longas;
Aconselhamento nutricional (refeições curtas, fácil mastigação);
Treino de relaxamento;
Técnicas de conservação de energia;
Abordagem da depressão/ansiedade (se presente(s));
Encorajamento de interação social.
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
Positions to Reduce Shortness of Breath. http://my.clevelandclinic.org.
1. Broncodilatadores ANTICOLINÉRGICO (brometo de ipratrópio)
• Antagonistas dos receptores muscarínicos (M1,M2,M3)
• ↑AMPc
• relaxamento do músculo liso
• Dose: 25 a 500 ug de 12/12 h - 4/4 h Início 15-30minutos Duração 6-8horas
> Xerostomia; > Retenção vesical, Pressão intra-ocular
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – Broncospasmo
1. Broncodilatadores β2 AGONISTA (salbutamol)
◦ ↑AMPc
◦ antagonismo funcional à broncoconstrição
◦ relaxamento do músculo liso
◦ ↓desgranulação dos mastócitos
◦ ↓permeabilidade capilar
◦ efeito ciliocinético
◦ Dose : 2.5mg( 0.5 ml) a 5 mg de 8/8 h –4/4 h Início 1 a 3minutos
Duração 4-6 horas
Tremor, Taquicardia, Hipocaliémia
2. Anti-inflamatórios
CORTICÓIDES (Dexametasona)
• Inúmeros receptores citoplasmáticos
• Resposta imuno-inflamatória
> Interferência no metabolismo do ácido araquidónico e na síntese de leucotrienos e prostaglandinas
> Prevenção da migração e activação as células inflamatórias por inibição das cioquinas
• Aumento da responsividade dos beta-receptores da musculatura lisa dos brônquios
• Dose : 8 a 16 mg/dia
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – Broncospasmo
3. Anti-inflamatórios ? Diuréticos?
XANTINAS ( Aminofilina)
– Inibidor não selectivo das fosfodiesterases – ↓inactivação do AMPc
– Diurético?, Inotrópico?, Anti-inflamatório?, ↑performance do músculo estriado – Efeito broncodilatador limitado (taquicardia frequente)
– Dose carga : 6mg/kg (ev) ; 225 mg de 12/12 h
– 2º linha
1. Sedativos Respiratórios
• Opióides
Naive: Morfina 2,5-5mg SC 4/4h
Restantes: Aumentar a dose 30 a 50%
• Benzodiazepinas
Midazolam 2,5mg EV 1/1h
Lorazepam 0.5-1 mg SL de 6/6h
• Álcool
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – Sensação de Falta de Ar 1. Sedativos Respiratórios
• Opióides
Naive: Morfina 2,5-5mg SC 4/4h
Restantes: Aumentar a dose 30 a 50%
• Benzodiazepinas
Midazolam 2,5mg EV 1/1h
Lorazepam 0.5-1 mg SL de 6/6h
• Álcool
Diminuem os estímulos periféricos que atingem o
SNC
Diminuem a sensibilidade
do centro respiratório
1. Sedativos Respiratórios
Secreções brônquicas muito abundantes N- acetilcisteína (600mg po qd)
Butilescopolamina (20mg sc/ev tid)
Propriedades
antisecretoras e
relaxante muscular
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Oxigenoterapia
– Melhorar dispneia e não parâmetros analíticos
– Preferir cânula nasal – heliox
– VNI
Transfusão de GV
– Se anemia sintomática
Toracocentese evacuadora Se derrame compressivo Paracentese evacuadora
– Se ascite de grande volume Pericardiocentese
– Se tamponamento cardíaco
• Neoplasia pulmão, mama, pâncreas, estômago e próstata
• RT para o centro do Toráx
• QT papel limitado
• Hormonoterapia (CA Próstata)
• Corticóide
ex.: dexametasona 8mg de 12/12h po/sc/ev
(se ausência de resposta, suspender ao fim de 3 dias)
• Sobrevida média 1 a 6 meses
Síndrome da Veia Cava Superior
• Corticóide
ex.: dexametasona
8mg de 12/12h po/sc/ev
• Radioterapia
• Stent
• Diuréticos - FUROSEMIDA - Sem diurético prévio:
Dose: 20-40mg ev. Dobro após 2 horas - Com diurético prévio
Dose:2 a 2,5x a dose habitual
• Vasodilatadores
Derrame Pleural
• Toracocentese - Se sintomático
• Pleurodese
- Se esperança média de vida > 1 mês
Roberts ME et al. Management of a malignant pleural effusion: BTS guideline 2010. Thorax 2010;65;32.
1. INTRODUÇÃO
2. CONTROLO DE SINTOMAS
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
40
Acto reflexo; pode ser voluntário
Expiração forçada contra a glote parcialmente fechada Mecanismo de defesa da árvore respiratória
Deletéria
◦ Se intensa / prolongada
◦ Desencadear broncospasmo / hemoptises/ dor
Incidência
29 a 83% em cuidados paliativos
Ferraz Gonçalves J. Controlo de Sintomas no Cancro Avançado. 2ª Edição. 2013
ETIOLOGIA
Processos inflamatórios
- Edema, Hiperemia, Úlceras Causas Mecânicas
-Corpos estranhos, Líquidos, Sólidos, Secreções, Estase, Secreções...
Agentes poluentes
-Fumos e gases tóxicos ou irritantes Factores térmicos
-Inalação de ar quente/frio
Causas Neuropsíquicas
• Infeções respiratórias
• Tuberculose pulmonar
• Rinorreia posterior
• Asma
• Refluxo gastroesofágico
• Bronquite crónica
• Neoplasias
• Insuficiência Cardíaca
• Fármacos: iECA
• Doença do interstício
• Corpo estranho
TERAPÊUTICA
• Causas reversíveis
• Medidas não farmacológicas
• Medidas farmacológicas
• Cinesioterapia
• Aspiração de secreções
Infeção: iniciar antibiótico
Compressão ou estenose da árvore brônquica: QT, RT, Stent, Dexametasona 8mg po/sc bid Derrame pleural: Toracocentese/ Pleurodese/ Posicionamento
Refluxo gastroesofágico: posicionar, IBP, Prócinetico Insuficiência Cardíaca: diuréticos
Inibidor da Enzima de Conversão da Angiotensina (iECA): retirar
Secreções: anticolinérgico (ex.: butilescopolamina 20mg tid)
Terapêutica – Medidas Não Farmacológicas
Explicar de forma simples as causas e mecanismo da tosse
Evitar causas externas (detergentes, humidificar o ar, odores, fumo, pó) Criar condições para uma boa drenagem de secreções - Ensinar técnicas Medidas posturais
Cinesiterapia
Explicar de forma simples as causas e mecanismo da tosse
Evitar causas externas (detergentes, humidificar o ar, odores, fumo, pó) Criar condições para uma boa drenagem de secreções - Ensinar técnicas Medidas posturais
Cinesiterapia
◦ Aspiração de secreções - Evitar
- Invasiva/Traumática
Antitússicos
Ação Central
Codeína Morfina Morfina (MST)
Paroxetina
8-30mg 5-20mg 10mg 20 mg
4/4 – 6/6h 4/4h 12/12h
24h
PO
Ação Periférica Levodropropizina 60mg 8/8h PO
Mucolíticos Acetilcisteína
Ambroxol
600mg 30-120mg
24/24h
8/8 – 12/12h PO
Expectorantes (Neb) Salbutamol
SF 0,5mL 4-4 – 6/6h
SOS Neb
Anestésicos Lidocaína 2%
Bupvacaína 0.25%
5 mL
5 ml 6/6h Neb
Outros Dexametasona
Butilescopolamina
4-8mg
10-20mg 24/24h SC
Terapêutica – Medidas Farmacológicas
Tosse seca irritativa
◦ Nebulização com SF
◦ Codeína 20 a 30mg po 4/4 ou 6/6h
◦ Broncodilatadores
◦ Paroxetina 20 mg po dia
Tosse com expectoração mucopurulenta
◦ Antibiótico
◦ Expectorante (Salbutamol)
◦ Mucolíticos ?
◦ Cinesioterapia
◦ Metoclopramida 10mg po/sc/ev tid
◦ IBP
Fístula esófago-traqueal
◦ Endoprótese
◦ Corticóides (dexametasona 8mg po/sc bid) Secreções
◦ Anticolinérgicos
- Butilescopolamina sc 20mg 8/8h
Invasão pulmonar/mediastino
◦ Corticoterapia
◦ Opióides
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
51
Emissão de sangue
proveniente do PULMÃO
Hemoptises vs Expectoração hemoptóica
≠ hemorragia nasofaringe
≠ hematemese
Hemoptises Maciças
◦ Risco de Vida
◦ ≥500mL/24h ou ≥100mL/h
Weinberg S. Etiology and evaluation of hemoptysis in adults. UpToDate 2015
ETIOLOGIA
• Infeção
• Carcinomas Broncogénicos (Espinocelular, Carcinoides)
• Neoplasias da Laringe , Neoplasias da Traqueia
• Metastases Pulmonares
• TEP
• Hemorragia alveolar idiopática
• Associada a envolvimento Hematológico
• EAP
• DPC
>> 40% doentes : sem causa identificada
• Manter a calma
• Dar explicação adequada ao doente e familiares
• Colocar o doente em posição confortável
•
Decúbito lateral para hemorragia•
Sentado• Utilizar toalhas coloridas (verde, azul marinho)
• Utilizar lençóis verdes
• Oxigenoterapia se melhorar sintomas
Freire E et al. Manual de Cuidados Paliativos. Hospital de Santo António. Março 2011
TERAPÊUTICA - Farmacológica
• Retirar HBPM, AINEs
• Antitússicos (acção central vs acção periférica)
• Adrenalina 0,5cc/5cc SF neb 4/4h
• Antifibrinolíticos:
Ácido aminocaproico (3g po 6/6h; 2,5g ev 6/6h)
Ácido tranexâmico (1-1,5 gr po 6/6h; 0.5 a 1 gr ev lenta)
• Corticóide (ex: dexametasona 4mg qd)
Freire E et al. Manual de Cuidados Paliativos. Hospital de Santo António. Março 2011
TERAPÊUTICA - Farmacológica
RT hemostática (taxas de resposta 83% a 90%)
SEDAÇÃO PALIATIVA Midazolam
1mg/1min ev até encerramento de pálpebras se hemoptises maciça / sufocação;
Seguido de perfusão de Midazolam + Morfina (mesma seringa) IM ou EV
Freire E et al. Manual de Cuidados Paliativos. Hospital de Santo António. Março 2011
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
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Náuseas
- Sensação de vómito iminente
- Ativação de limiar baixo do processo de vómito
Vómitos
- Expulsão forçada do conteúdo gástrico
Prevalência
◦ Náuseas: 50-60% neoplasia terminal
◦ Vómitos: 30% neoplasia terminal
◦ > sexo feminino
◦ idade < 65 anos
Ferraz Gonçalves J. Controlo de Sintomas no Cancro Avançado. 2ª Edição. 2013
NÁUSEAS E
VÓMITOS
CAUSAS PSICOLÓGICAS
Ansiedade Bulimia
….
DISFUNÇÃO DO SNA Sdr paraneoplásico
Radioterapia
…
OBSTIPAÇÃO
ALT METABÓLICAS Ins hepática Hipercalcemia Hipernatremia Hiponatremia
FÁRMACOS Opióides
AINEs
Antidepressivos
….
↑Pressão
intracraniana
Emetogénicos
1º Etapa Caracterização do episódio de náuseas e vómitos 2ª Etapa Relacionar o episódio com outros sintomas
3ª Etapa História clínica/Exame físico/Exame Complementares
4º Etapa Reavaliar
AVALIAÇÃO
1º Etapa Caracterização do episódio de náuseas e vómitos 2ª Etapa Relacionar o episódio com outros sintomas
3ª Etapa História clínica/Exame físico/Exame Complementares 4º Etapa Reavaliar
Boca Mucosite, Infecções
Abdómen Hepatomegalia, Sons intestinais anómalos, Distensão abdominal, Ascite
Pele e Mucosas Hidratação, icterícia
Exame neurológico Metástases cerebrais, labirintite, Edema da papila
2ª Etapa Relacionar o episódio com outros sintomas
3ª Etapa História clínica/Exame físico/Exame Complementares 4º Etapa Reavaliar
Analítica Insuficiência Renal e Hepática, Alt. hidroelectrolíticas
Radiografia Obstipação vs Oclusão intestinal
TAC CE Identificação de metástases cerebrais
TERAPÊUTICA - Não Farmacológica
• Evitar desencadeadores: odores, alimentos, calor.
• Evitar alimentos ricos em gorduras, muito doces, salgados ou condimentados.
• Alimentos frios são melhor tolerados (menos cheiro).
• Dieta fraccionada e em pequenas quantidades; alimentos com apresentação agradável.
• Higiene oral adequada; tratamento de mucosite e infeções víricas da orofaringe.
• Evitar posição supina.
• Hipnose
• Acupuntura
Identificação da Causa
Tratamento
dirigido
Terapêutica Farmacológica
SITUAÇÕES PARTICULARES
Pró-cinéticos
Tratamento úlcera péptida/gastrite
Glare P, Miller J, Nikolova T, Tickoo R; Treating nausea and vomiting in palliative care: a review; Clinical Interventions in Aging 2011:6 243–259
Drenagem
Laxantes/Enema
Corticóides
Tratamento específico se Oclusão Intestinal
Glare P, Miller J, Nikolova T, Tickoo R; Treating nausea and vomiting in palliative care: a review; Clinical Interventions in Aging 2011:6 243–259
CAUSAS GASTROINTESTINAIS
Farmacológica
SITUAÇÕES
PARTICULARES
Ex: Falência Renal
Anti-eméticos mais sedativos (levomepromazina,
cloropromazina)
CAUSAS METABÓLICAS
Correção da causa Haloperidol
Haloperidol
Glare P, Miller J, Nikolova T, Tickoo R; Treating nausea and vomiting in palliative care: a review; Clinical Interventions in Aging 2011:6 243–259
Se infeção:
Tratamento específico + Antieméticos Antagonistas da Histamina
CAUSAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Radioterapia Corticóides
Glare P, Miller J, Nikolova T, Tickoo R; Treating nausea and vomiting in palliative care: a review; Clinical Interventions in Aging 2011:6 243–259
SITUAÇÕES
PARTICULARES
Escopolamina Prometazina
Radioterapia Corticóides CAUSAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Glare P, Miller J, Nikolova T, Tickoo R; Treating nausea and vomiting in palliative care: a review; Clinical Interventions in Aging 2011:6 243–259
Terapêutica Farmacológica
SITUAÇÕES
PARTICULARES
Acção Dose Efeitos Secundários
Metoclopramida
Estômago e Intestino proximal
(pouco efeito a nível do cólon)
Recep. D
230-120mg dividas em 3ou 4 tomas/dia
PO, SC, IV
30min antes das refeições
Inquietação, sonolência, fadiga.
Sintomas extrapiramidais (idosos)
Reações distónicas (Mulheres;
Jovens)
Domperidona
Receptores dopaminérgicos periféricos10-30mg antes das refeições e ao deitar
30min antes das refeições Máx 120mg/dia
Menos efeitos extra- piramidais
Eritromicina Estimula Receptores Motilina no trato GI superior
Recp. HT3
250-500mg/dia PO, IV
Disfunção hepática
Prolongamento QT
Terapêutica Farmacológica – Antagonistas Dopaminérgicos
Acção Dose Outros Efeitos
Haloperidol
Antag. Dopaminérgico (D2) no CTZ
Potente e específico.
1,5-5mg 12/12 ou 8/8h PO 0,5-2mg 8/8h IV
(dose única à noite) PO, SC, IV
Antipsicótico - sedativo; hipoTA
+ Efeitos Extrapiramidais (D.
Parkinson)
Cloropromazina
Antag D2, Histamina (H1) Muscarínicos (ACH1)
10-25mg 4-6h/h
25-50mg 3-4h/h PO, IM, IV
Antipsicótico
Soluções intratáveis Menos sedativo que a levomepromazina
6,25-50mg id ou bid PO; Infusão SC
Antipsicótico
Analgesia
+HipoTA
Levomepromazina
Acção Dose Ondansetrom 5HT
34-8mg 1-3x/dia PO, SC, IV Palonossetrom Antagonistas mas específico 5HT
3Tempo Semivida ~40h (emese tardia) 0,25mg IV id
Granisetron 5HT3 1-9mg/dia, 1-3x/dia PO, SC, IV
TD - 3,1 mg/24 h
Tropisetron 5HT3 5mg id PO, SC, IV
PT PT
Glare P, Miller J, Nikolova T, Tickoo R; Treating nausea and vomiting in palliative care: a review; Clinical Interventions in Aging 2011:6 243–259 Ibrahim NAE (2015) Nausea and Vomiting in Cancer Patients: Topic Review. J Palliat Care Med 5: 203. doi: 10.4172/2165-7386.1000I203
Terapêutica Farmacológica – Outros Fármacos
Acção Dose Efeitos Secundários
Prometazina
Náusea de causa vestibular e central12,5-100mg/dia (dose única ou 4-6- 8/
PO, IM, SC)
Sedação (tolerância com o tempo) Reduz limiar convulsivo
Efeito anticolinérgico
Olanzapina
Afinidade receptoresdopaminérgicos (D1, D2, D4), 5HT2, 5HT3, α-adrenérgicos, H1, colinérgico M1-5.
5-10mg/dia PO
Sonolência, xerostomia, aumento do apetite.
Menos efeitos extrapiramidais, não provoca prolongamento QT
Glare P, Miller J, Nikolova T, Tickoo R; Treating nausea and vomiting in palliative care: a review; Clinical Interventions in Aging 2011:6 243–259
Benzodiazepinas
• Ex: Lorazepam
• Efeito antiemético mínimo;
• Efeito sedativo, ansiolótico e amnésico potenciam os efeitos de outros antieméticos e previnem o desenvolvimento da náusea/emese antecipatória.
Antiácidos
• Adjuvantes no tratamento de náuseas e vómitos; sintomas dispépticos
Glare P, Miller J, Nikolova T, Tickoo R; Treating nausea and vomiting in palliative care: a review; Clinical Interventions in Aging 2011:6 243–259
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
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• Anorexia
Diminuição/Ausência de apetite
• Caquexia
Etimologia (grego)
• kakos (mau)
• hexis (estado)
– Estado hipermetabólico – Definição clássica:
• Perda ponderal > 5%
Doentes oncológicos
50 % Sind. Anorexia-Caquexia
“…. complex metabolic syndrome associated with underlying illness and characterized by loss of muscle with or without loss of
fat mass.
….prominent clinical feature (…) is weight loss in adults (corrected for fluid retention) or growth failure in children (excluding
endocrine disorders).
Anorexia, inflammation, insulin resistance, and increased muscle protein breakdown are frequently associated with cachexia.
Cachexia is distinct from starvation, age-related loss of muscle mass, primary depression, malabsorption, and hyperthyroidism, and is associated with increased morbidity .”
Evanx WJ et al. Cachexia: a new definition. Clin Nutr. 2008;27(6):793.
• Diminuição do apetite
• Perda de peso
• Perda de massa muscular e proteínas viscerais
• Astenia e adinamia
• Náuseas
Frequentemente associada:
• Neoplasias, SIDA, Insuficiência Cardíaca, DHC
• A associação Caquexia/Anorexia/Astenia é dos sintomas físicos mais importantes, geradores de sofrimento e stress patológico no doente e família.
• Astenia e anorexia são os sintomas mais valorizados por doentes em tratamento sintomático.
• Tem efeito negativo nas relações familiares e são causa de dependência de cuidados de saúde.
A. Inanição e má nutrição
Alteração da ingestão oral
• Estomatite, alteração do paladar; Xerostomia e desidratação
• Disfagia, odinofagia
• Obstipação; Oclusão intestinal, Disfunção autonómica
• Vómitos, Dor intensa; dispneia; depressão; Alterações cognitivas ou delirium
• Obstáculos sociais e financeiros
Alteração da absorção gastrointestinal
• Má absorção; Insuficiência pancreática exócrina; Diarreia crónica intensa
Perda significativa de proteínas
• Drenagem frequente de ascite ou líquido pleural; Síndrome nefrótico
CLASSIFICAÇÃO
B. Outros estados catabólicos
• Infecções agudas ou crónicas; ICC, DPC, IRC; DM mal controlada
• Hipertiroidismo
• Tratamento com citoquinas proinflamatórias
C. Perda de massa muscular
• Inactividade prolongada
•Deficiência de hormona do crescimento
AVALIAÇÃO
• Avaliação global do doente
• Avaliação do apetite
• Avaliação da ingestão calórica
• Avaliação do estado nutricional
• Testes antropométricos: Peso / IMC
• Espessura da prega cutânea (PC)
• Perímetro do braço (PB)
• Perímetro muscular do braço (PMB) – PMB= PB(cm) – 3,14xPC
Avaliação laboratorial:
albumina, PCR, transferrina
Diminui com a perda de peso aguda e crónica 26
Desnutrição leve 80-90%
Desnutrição moderada 70-80%
Desnutrição grave <70%
27
Prega Cutânea - Tricipital -
Parâmetros Antropométricos
A espessura da prega cutânea permite estimar a massa gorda/ reserva calórica do doente a longo prazo;
PC são menos influenciadas pelo edema do que o perímetro do braço
Identificar em qual percentil o resultado se encontra (Padrões de referência de Frisancho); Comparar o valor obtido ao percentil 50 dos padrões de Frisancho (adequação da PCB)
Desnutrição leve 80-90%
Desnutrição moderada 70-80%
Desnutrição grave <70%
Controlo de Sintomas
Anorexia e Caquexia
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
• Privilegiar a alimentação oral
• Eliminar restrições dietéticas
• Estabelecer um horário sem rigidez
• Proporcionar pequenas refeições (pratos pequenos)
• Comida fria ou temperatura ambiente (reduzir odores)
• Permitir bebidas alcoólicas
• Suplementos orais
• Gerir ambiente físico
• Presença de familiares
• Higiene oral
• Privilegiar a alimentação oral
• Eliminar restrições dietéticas
• Estabelecer um horário sem rigidez
• Proporcionar pequenas refeições (pratos pequenos)
• Comida fria ou temperatura ambiente (reduzir odores)
• Permitir bebidas alcoólicas
• Suplementos orais
• Gerir ambiente físico
• Presença de familiares
• Higiene oral
Não forçar alimentação
Comunicação adequada doente/família
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Metoclopramida
Antiemético central, Procinético Dose: 10 mg 4 id
Corticosteróides
Anti-inflamatório, Hormonal, Bem-estar psíquico Doses baixas: (Dexa 8 mg per os ao pequeno almoço (reduzir...))
Análogos da progesterona (Megestrol )
Proporciona sensação de bem estar/
Reduz fadiga
Dose Alvo: 480-800mg/dia; Iniciar:
160-200mg; Preferir solução oral
Efeitos adversos: TVP, Impotência,
Retenção hídrica
Canabinóides Andrógeneos Talidomida Mirtazapina
• Relato de casos
• Não recomendado por rotina
Loprinzi CL. Pharmacologic management of cancer anorexia/cachexia. UptoDate 2015
Olanzapina
Antagonistas serotoninérgicos Inibidores de TNF
Melatonina
TRATAMENTO
FARMACOLÓGICO
1. INTRODUÇÃO
2. CONTROLO DE SINTOMAS
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
94
• Espasmo clónico reflexo, intermitente do diafragma e músculos acessórios inspiratórios associados com o encerramento da glote
•
Avaliação diagnóstica
– Anamnese/Exame físico/Exames complementares de diagnóstico Crise de soluços aguda – até 48horas
Soluços persistentes – até 1 mês
Soluços intratáveis – mais de 1 mês
Etiologia
Causas Exemplos
Distensão gástrica Diminuição da motilidade gástrica
Irritação do nervo vago Tumores do pescoço, pulmão e mediastino, esofagites ou obstrução esofágica, refluxo, cirurgia torácica
Perturbação do SNC Tumor ou AVC
Irritação do nervo frénico Tumores do pescoço ou mediastino
Alterações metabólicas Uremia, hipocalcemia, hiponatremia, sépsis
Agentes farmacológicos Corticoides ev, barbitúricos, benzodiazepinas, progesterona Irritação diafragmática Infiltração maligna, inflamação ou infecção
Factores psicogénicos Stress e Ansiedade
Estimulação vagal ou faríngea
Desencadeia um reflexo de vómito que inibe os soluços
• Ingerir rapidamente 2 copos de licor
• Engolir pão seco
• Engolir gelo picado ou pimenta picada
• Susto
• Manobra de Valsalva
• Inserção de sonda naso-gástrico
• Massagem do palato mole Redução da distensão gástrica
• Antiácido
• Metoclopramida
• Sonda nasogástrica Elevação do pCO2
Inibe o reflexo ao nível do tronco cerebral
• Suster a respiração
• Respirar para dentro de um saco de papel
Barbosa A, Neto IG. Manual de Cuidados Paliativos. Faculdade de Medicina de Lisboa 2006
Mecanismo Terapêutico Procedimentos
Relaxante muscular
• Baclofeno 5mg po
• Nifedipina 10mg po/sL
• Midazolam 2mg sc
Supressão central
Bloqueio dopaminérgico ou potenciação GABA
Antagonistas dopaminérgicos:
• Metoclopramida po ou sc
• Haloperidol 5-10mg po, sc ou ev
• Cloropromazina 10-25mg po ou ev Agonista GABA:
• Baclofeno
• Valproato de sódio 200-500mg por
Barbosa A, Neto IG. Manual de Cuidados Paliativos. Faculdade de Medicina de Lisboa 2006
– Soluços devido a doença intracraniana
Carbamazepina 100 a 400mg po até 8/8h – Tratamento da distensão gástrica
Antiflatulento e/ou procinético
ex.: metoclopramida 10 a 20mg po, ev ou sc 6/6h – Secundário a doença do refluxo gastroesofágico
IBP, Procinético
– Secundário a irritação diafragmática
Cloropromazina 10-25mg po q6h,
baclofeno 5-20mg até de 6/6h,
nifedipina 10mg po até 8/8h,
haloperidol 2,5mg po, sc, im até de
8/8h
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
101
Um dos problemas mais frequentes em cuidados paliativos
Referido por 50% dos doentes admitidos em unidades
Dois ou mais critérios persistentes durante 3 meses, desde há pelo menos 1 ano:
• Esforço excessivo (>25% das dejecções)
• Fezes duras (>25% das dejecções)
• Sensação de defecação incompleta (>25% das dejecções)
• Sensação de obstrução ano-rectal (>25% das dejecções)
• Recurso a manobras manuais (>25% das dejecções)
• Frequência das dejecções < 3/semana
in http://www.romecriteria.org/criteria
Tumorais
Acção directa: obstrução intestinal por tumor ou compressão extrínseca; dano da medula espinal lombosagrada, da cauda quina ou do plexo pélvico, hipercalemia
Efeitos secundários: ingestão inadequada de alimentos; dieta com poucas fibras, desidratação:
fraqueza; inactividade; alterações cognitivas; depressão; dificuldade em se deslocar ao quarto de banho.
Fármacos
Opióides; fármacos com efeitos anticolinérgicos como escopolamina, fenotiazinas, antidepressivos tricíclicos, antiparkinsónicos, diuréticos, anticonvulsivantes, ferro, suplementos de cálcio, anti- ácidos especialmente contendo cálcio e alumínio; bloqueadores dos canais de cálcio;
simpaticomiméticos; anti-histamínicos: alcalóides vinca, AINEs
Doenças co-existentes
Diabetes, uremia, feocromocitoma, hipotiroidismo, insuficiência cardíaca, hipocalcemia, neuropatia
autonómica, hérnia, doença diverticular, fissura ou estenose anal, prolapso anterior da mucosa,
hemorroidas, colite.
AVALIAÇÃO
• Quando foi a última dejeção
• Qual a frequência
• Caraterísticas das fezes
• Caracterizar a defecação (esforço, dor, incompleta)
• Existe vontade mas não consegue/ Não existe vontade
• Há diarreia ou incontinência após a dejeção
• Existe privacidade
• O que representa para o doente a obstipação?
• Palpação abdominal; Toque retal...
• Rx abdominal; calcemia, f. tiroideia...
• Controlo dos sintomas
• Estimular a atividade física
• Adequada ingestão de líquidos > 1,5-2L H2O
• Manter hábitos intestinais
Reflexo gastrocólico
• Dieta
• Antecipar o efeito obstipante da medicação
• Assegurar privacidade
TERAPÊUTICA
1. Laxantes osmóticos
– Lactulose 15-30 mL 1 a 3x/dia
» 20%: flatulência
– Macrogol 10g 1 a 3x/dia
– Hidróxido de magnésio 15 ml 1 a 3x/dia
2. Laxantes de contacto
– Picossulfato de sódio 5 a 30mg ao deitar – Bisacodilo 5 a 10mg ao deitar
– Senosido 12-48mg ao deitar
3. Microenema: Citrato de sódio 2 24/24h 4. Macroenema: Docusato de sódio + sorbitol
5. Metilnaltrexona (obstipação sec a opióide): ant. recpt. U - 0,15 mg/kg SC dias alternados
Manobras mecânicas: Se impactação fecal ao nível do recto
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
111
• Prevalência - 3 a 15% dos doentes em cuidados paliativos
• Caracterizada pela não progressão do conteúdo gastrointestinal através do tubo digestivo, por oclusão do seu lúmen ou por perda da sua normal propulsão.
• Parcial/ Completa
• Um ou mais níveis
frequentemente envolvido do que o cólon
(61% vs 33%)
Ripamonti C et al. Clinical-practice recomendation for the management of bowel obstruction. J Pain Symptom
Manage 1994;9:12-18
Intraluminal: tumor primário, metástases, fecalomas, invaginação
Intramural: infiltração tumoral, inflamação da parede intestinal
Extramural: tumor primário, carcinomatose peritoneal, fibrose pós RT, aderências, massas intra- abdominais compressivas
OBSTRUÇÃO MECÂNICA
- Infiltração dos plexos nervosos pelo tumor
- Neuropatia paraneoplásica; caquexia; alterações metabólicas - Iatrogenia (opióides)
- Isquemia intestinal
OBSTRUÇÃO FUNCIONAL
Duodeno
(obstrução alta)
Geralmente não produz dor
Ausência de distensão abdominal
Vómitos intensos e de grande volume com alimentos não digeridos
Intestino Delgado
Cólica abdominal central Distensão moderada
Vómitos moderados a intensos Sons intestinais hiperativos
Cólon
Cólica central ou abdominal baixa Grande distensão abdominal Vómitos tardios
Sons intestinais hiperativos
Cirurgia
(se indicação, a considerar) Idade Estado de nutrição/Estado global do doente Ascite
Massas abdominais palpáveis RT ou QT prévias
Obstrução ao nível do delgado Carcinomatose peritoneal
Pequeno grau de distensão abdominal Rigidez da parede abdominal
Pequenos níveis hidroaéreos
Desejo do doente
TERAPÊUTICA - - Obstrução Mecânica Cirurgia - fatores de mau prognóstico:
Tipos de Cirurgia
Tumor do ovário (sem resposta a QT) Presença de ascite
Carcinomatose peritoneal Oclusões múltiplas
Ressecção e anastomose
Descompressão (colostomia/ileostomia) Bypass
Lise de aderências
Stent metálico expansível (se indicação)
• Se risco cirúrgico elevado
• Obstrução do estômago distal, delgado proximal ou cólon
• Contraindicações: estenoses múltiplas ou carcinomatose peritoneal
• Colocação por endoscopia ou radiologia de
intervenção
TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA - Obstrução Mecânica
Via subcutânea/EV; Via oral
• Morfina 2,5-5,0 mg sc 4/4h
• Butilescopolamina 20 mg sc 6/6h até 200 mg Sc dia
• Octreotido 100 μg sc 8/8h ou perfusão 24h
• Dexametasona 8 mg sc 12/12 – 6/6h
• Haloperidol 2,5-5,0 mg sc 12-12 – 8/8/h ou Levomepromazina 50- 150 mg/dia
• Laxantes
• Procinéticos (metoclopramida)
Dieta
• O doente geralmente tem anorexia marcada.
• Ingestão de pequenas porções de líquidos e de dieta pobre em resíduos (se a náusea está controlada).
• O vómito pode surgir ocasionalmente, não sendo um problema para o doente.
TERAPÊUTICA
Sonda Nasogástrica em drenagem
... Para conforto (reduzir a náusea, evitar o vómito, reduzir a dor)
… Se o doente aceitar
… Se o doente tolerar
Pode manter alimentação per os com SNG em drenagem livre
Hidratação
• Ingestão de pequenas porções de líquidos frescos
• Ponderar fluidoterapia/hipodermoclíse
TERAPÊUTICA
Vontade de Regressar ao Domicílio
• Recomendações dietéticas e hidratação
• Medicado com infusão subcutânea contínua (ISC): Morfina,
Butilescopolamina, Haloperidol/levomepromazina….
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
127
• Medo ou sentimento desagradável de desamparo
• Problema prevalente
Se intensa e perturbadora → Sintomas Físicos e Psicológicos
Sintomas Autonómicos
• Taquicardia, Hiperventilação, Náuseas, Vómitos, Instabilidade,
Vertigem, Cefaleia, Tensão muscular, Calafrios,
Hipersudorese
Sintomas Piscológicos
• Pensamentos
negativos distorcidos e recorrentes,
Medos,
Generalização, Catastrofismo, Culpabilização, Despersonalização
Alterações do comportamento
• Isolamento,
indecisão,
irritabilidade,
agitação
psicomotora,
verborreia, má
adesão ao
tratamento,
preocupação
Sintomas Físicos e Psicológicos
• Intermitentes e com agravamento por períodos
• Persistentes ao longo do dia
• Ataques de pânico
Em Cuidados Paliativos
• Preocupações sobre o modo da morte e o processo de morrer
• Incertezas sobre o tratamento e a sobrevivência/futuro
• Medos de:
- Dor ou outros sintomas incontroláveis - Tratamentos mutilantes
- Efeitos secundários dos tratamentos - Isolamento ou abandono
- Perda do controlo
- Sobrecarga para cuidadores
• Psicoterapia individual
• Intervenções comportamentais: respiração diafragmática, relaxamento e massagem
• “Musicoterapia”, “Arteterapia”
• Diminuir o isolamento e reforçar a capacidade para lidar com a situação
• Permitir: comunicação eficaz, educação do doente, envolvimento da família, instituições e comunidade como
sistemas de suporte
TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA
• Benzodiazepinas podem ser a base do tratamento
• Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) podem ser usados nas ansiedade generalizada/perturbação de pânico
• β-bloqueador se manifestações somáticas
Midazolam 10 - 60mg PO, EV, SC Acção curta
Alprazolam Lorazepam
0,25 - 2,0mg 3 - 4xdia 0,5 - 2,0mg 3 - 4xdia
PO, SL PO, SL Acção longa
Diazepam Clonazepam
5 - 10mg 2 - 4xdia 0,5 - 2,0mg 2 - 4xdia
PO, IV, R PO, SC, IM ANTI-HISTAMÍNICOS
Hidroxizina 25 - 50mg cada 4 - 6h PO, EV, SC OUTROS
Buspirona Haloperidol
Levomepromazina Cloropromazina
5 - 20mg 3xdia 0,5 – 5 mg 3x dia 12,5 -25 mg 2-3xdia 10 -25 mg 3-4 x dia
PO/SC/EV
PO/SC/EV
PO/SC/EV
PO/EV
TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA - ISRS
Podem ser usados nas ansiedade generalizada/perturbação de pânico
Nome genérico Dose inicial Dose manutenção
Escitalopram 5mg 10-20mg/dia oral
Paroxetina 10mg 20-40mg/dia oral
Sertralina 25mg 50-150mg/dia oral
1. INTRODUÇÃO
2. CONTROLO DE SINTOMAS
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
4. CONCLUSÃO 5. A LER…
136
“Sentimento patológico de tristeza que se caracteriza por desânimo, perda de interesse e do prazer em realizar o que anteriormente se fazia.”
Cuidados paliativos a definição é difícil
≠ sensibilidade e especificidade
• Prevalência variável → +/- 15%
Autores N.º doentes
Local Método S. depressivos Perturbação da
adaptação Derrogatis, JAMA,
1983
215
Vários DSM-III 6% 32,1%
Razavi, Br J Psychiatry, 1990
128
Vários DSM-III 7,8% 51,6%
Prieto, JCO, 2002 220
Hematologia DSM-IV 13,2% 22,7%
Kissane, J Psychiatry, 2004
503
303 precoces
200 avançados DSM-IV 11,9% precoces
8% avançados
24,8% precoces
23% avançados
FACTORES
Medicamentosos
Psiquiátricos Psicossociais
Espirituais
SINTOMAS
• Humor depressivo persistente com variações diurnas.
• Perda acentuada do interesse ou incapacidade para sentir prazer em todas as atividades.
• Perda ou ganho significativo de peso.
• Insónia ou Hipersónia.
• Fadiga/Perda de energia.
• Desejo expresso de morte/ideias suicidas/pedido de eutanásia.
• Sentimento de culpa ou desvalorização.
• Diminuição da capacidade de se concentrar e de pensar.
• Falta de esperança/desespero com pensamentos recorrentes
de morte.
DIAGNÓSTICO (formas)
Perturbação do humor devido a estado físico/induzido por
substâncias Perturbação depressiva major
Desmoralização Perturbação da
adaptação Humor depressivo
e/ou ansioso
Perturbação Distimica
“Personalidade depressiva”
“Depressão minor”
“Depressão major sub-
sindromática
– Psicoterapia
– Técnicas cognitivo-comportamentais
TERAPÊUTICA
FARMACOLÓGICA
https://medicinapaliativa.pt/itools/upload/document/blog/190219222702.pdf
SINTOMAS RESPIRATÓRIOS: DISPNEIA; TOSSE; HEMOPTISES SINTOMAS GASTROINTESTINAIS: NÁUSEAS / VÓMITOS;
ANOREXIA / CAQUEXIA; SOLUÇOS;
OBSTIPAÇÃO; OCLUSÃO INTESTINAL SINTOMAS NEUROPSÍQUICOS: ANSIEDADE; DEPRESSÃO
DELIRIUM / CONFUSÃO 3. SEDAÇÃO PALIATIVA
3. CONCLUSÃO 4. A LER…
147
Delirium
Origem etimológica (latim)
de → afastado de lira → trilho
“Estar fora do trilho”
A. Perturbação da consciência (isto é, redução da clareza da consciência em relação ao ambiente), com redução da capacidade de direcionar, focalizar, manter ou deslocar a atenção.
B. Uma alteração na cognição (tal como défice de memória, desorientação, perturbação da linguagem) ou desenvolvimento de uma perturbação da percepção que não é melhor explicada por uma demência preexistente, estabelecida ou em evolução.
C. A perturbação desenvolve-se ao longo de um curto período de tempo (em geral de horas a dias), com tendência a flutuações no decorrer do dia.
D. Há evidência na história, exame físico ou dados laboratoriais de que a perturbação é causada pela
consequência fisiológica direta de uma condição médica geral, substância intoxicante, uso de
medicação ou mais de uma causa.
• Alteração de comportamento mais comum
Situação Frequência delirium
Doente hospitalizado por causa médica 10-30%
Doentes idosos hospitalizados 10-40%
Doentes oncológicos hospitalizados 25%
Doentes com SIDA hospitalizados 30-40%
Doentes em cuidados paliativos (hospitais e domicílio)
30%
Doentes em unidades de cuidados paliativos agudos 42%
Doentes em fase terminal 80%
Brown TM, Boyle M. Delirium. BMJ.2002 Sept; vol.235