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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS (acervo civil) ficha 20: Hotel São João

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Academic year: 2021

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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS (acervo civil) ficha 20: Hotel São João

1. Município: Delfim Moreira

2. Distrito: Sede 3. Designação:

Hotel São João

4. Endereço:

Praça São João Bosco, 41 5. Propriedade:

Privada: Francisca Ribeiro Leandro

6. Responsável:

Francisca Ribeiro Leandro 7. Situação de ocupação:

Própria

8. Uso atual:

Residencial/ Pensão Familiar 9. Proteção legal existente:

Nenhuma

10. Proteção legal proposta: Inventário

Vista de esquina do hotel

FOTO: Mariana Rabelo, fev. 07 FOTO: Mariana Rabelo, fev. 07 Vista parcial do hotel

Vista parcial da fachada da Rua Marechal Deodoro

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11. Histórico:

A história de Delfim Moreira revela uma curiosa trajetória econômica a partir do século XX, época em que pequenos e grandes fazendeiros da região investiam intensamente na cultura de marmelo. Tal atividade contribuiu para o grande desenvolvimento local, observado a partir da década de 1920 com a instalação de várias fábricas nas redondezas: “Colombo”, “Cica”, “Mantiqueira”, “Fruticultores”, “Frutiminas”, entre outras. Desde então, o crescimento da produção de polpa de marmelo atraiu inúmeras pessoas às proximidades das indústrias, entre elas trabalhadores, comerciantes e empresários interessados em investir na economia delfinense. Um dos empreendedores que adquiriu fama na cidade foi o Sr. Laudelino Marcondes Ribeiro, proprietário de uma fábrica de tijolos na localidade e responsável pela construção de diferentes residências em Delfim Moreira nas décadas de 1930 e 1940. Neste último período, o famoso construtor ergueu um belo casarão de dois andares próximo à Igreja Matriz, na Praça São João Bosco, número 41, Centro.

Acredita-se que a obra teria sido encomendada pelo primeiro proprietário da edificação: Joaquim Gomes do Carmo, comerciante interessado somente em residir no local com sua família.

Entretanto, a ausência de uma

hospedaria na cidade, capaz de abrigar os inúmeros visitantes e trabalhadores das fábricas, fez com que Joaquim Gomes decidisse aumentar os fundos de sua residência para torná-la um hotel/pensão e assim explorar economicamente o crescimento populacional da região. Foi então que surgiu a primeira instalação hoteleira de Delfim Moreira, administrada por aquela família até 1951, ano em que João Catarino Ribeiro e Durvalina Ribeiro

assumiram a posse do imóvel e passaram a denominá-lo como “Hotel São João”. A partir deste período, o casarão foi adaptado para receber com mais conforto seus hóspedes, oferecendo, inclusive, um serviço de restaurante para os mesmos. Por ser o único estabelecimento do gênero na região, João Catarino recebeu, durante vários anos, o título de homem mais hospitaleiro da cidade até que, em 1986 o seu falecimento dividiu a propriedade entre 10 herdeiros, destacando-se a sua filha Francisca Ribeiro Leandro, atual administradora da pensão.

Ao longo dos anos a edificação foi bastante descaracterizada: sua fachada quase não revela características originais e a parte interna da casa foi constantemente modernizada a partir da década de 1980 (principalmente as áreas da cozinha, dos banheiros e do restaurante). Entre os dez quartos, as salas e a copa que compõem o hotel, é possível observar a remanescência de algumas janelas, portas, parte do assoalho e do forro relativas à época da construção do imóvel. Ainda assim, a situação da edificação revela a desvalorização de um passado lamentada por diversos moradores, os quais ainda guardam antigas fotografias do belo casarão construído por Laudelino Marcondes Ribeiro.

12. Análise de entorno:

O Hotel São João localiza-se na região precursora do desenvolvimento da cidade, que sucedeu as primeiras ocupações da segunda metade do século XVIII. Próxima à atual Matriz e à Praça Getúlio Vargas, a área é bem adensada, com edificações de volumetria variando entre um e dois pavimentos. O uso residencial é predominante e a maioria dos imóveis encontra-se

Fachadas de esquina do Hotel São João FOTO: Acervo Prefeitura Municipal, s/d

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alinhada frontalmente com os logradouros públicos. Lateralmente, existem pequenos recuos utilizados como acessos. Os fechamentos acontecem com o próprio corpo do edifício e em muros de alvenaria. No entorno imediato, uma pequena quadra abriga uma subestação da CEMIG. A ausência de grandes afastamentos inibe o adensamento e os imóveis em geral apresentam bom estado de conservação, não havendo nenhuma tendência evidente de substituição Toda a área dispõe de infra-estrutura básica como água tratada, rede de esgoto, energia elétrica e coleta de lixo.

A pavimentação das vias se alterna entre blocos sextavados de concreto e paralelepípedos. As calçadas têm aproximadamente um metro e vinte centímetros de largura, sendo ocupadas apenas por postes de iluminação e placas de sinalização, sem a presença de árvores. O cobrimento desses caminhos é executado com cimento no estado rústico ou em placas.

As vias que ladeiam a hospedaria têm mão-dupla e uma delas comporta estacionamento paralelo em um dos lados. A circulação diária de automóveis e pedestres é considerável, devido principalmente à proximidade com o centro comercial da cidade e com os espaços de sociabilidade mais importantes.

13. Descrição:

A extensa edificação de dois pavimentos localiza-se em um lote de esquina, tendo duas fachadas alinhadas aos logradouros públicos. Uma das faces voltadas para dentro da quadra defronta-se com a edificação vizinha, mas existe uma área de respiro, com um afastamento menor que um metro. A outra face é recuada e o espaço remanescente é ocupado por uma cobertura independente para garagem. Não há área verde em nenhum dos recuos existentes, sendo que estes são totalmente impermeabilizados com pisos em cimento rústico. Os fechamentos ocorrem em muro de alvenaria.

As duas vias que servem a edificação sofrem aclives, de modo que a inclinação da Rua Marechal Deodoro é maior, o que causa uma gradativa redução de altura do primeiro pavimento até o seu total desaparecimento. Nos locais onde o pé-direito ainda é proveitoso, nota-se a existência de porão.

O casarão é majoritariamente estruturado por alvenarias de tijolos autoportantes, exceto pela existência de elementos estruturais de concreto no acréscimo da região voltada para a praça São João Bosco. A edificação apresenta-se muito descaracterizada, mas ainda restam elementos que denotam uma arquitetura de referência eclética, como as platibandas de repetidas porções escalonadas e os losangos decorativos que as demarcam.

As fachadas possuem tamanhos diferentes e suas aberturas são colocadas de maneira assimétrica. Na face voltada para a praça São João Bosco existem três portas, sendo a primeira destinada a um estabelecimento comercial, onde inclusive há uma placa com as inscrições do nome da loja. A segunda porta dá acesso ao interior da pensão e é protegida por um toldo. A terceira consiste na entrada de uma varanda lateral, que antecede um acesso alternativo à área interna da edificação. Este ambiente possui uma abertura vazada, com duas faixas inferiores de cobogó cerâmico.

Existem duas janelas localizadas entre a varanda e a porta principal, com esquadria metálica e vedação com basculantes de vidro. No pavimento superior são encontradas três janelas, sendo que a central tem dimensões maiores e está locada na direção da entrada mais importante. Ao lado desses vãos, encontram-se as aberturas superiores à varanda, constituídas por um óculo e uma janela idêntica às anteriores. As janelas do pavimento superior possuem vergas em arco abatido e são vedadas por venezianas metálicas, com sistema de correr e pintura na cor branca. Internamente as esquadrias contêm vidro.

Na fachada da Rua Marechal Deodoro, o pavimento superior é composto por cinco janelas de vergas retas, com fechamento em venezianas metálicas. Há também uma varanda incorporada ao edifício, com guarda-corpo em balaústres. Na parte inferior, encontram-se quatro pequenas seteiras, duas portas de madeira sem acabamento e duas aberturas

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distintas, de dimensões reduzidas e vedação em basculantes.

Os acabamentos externos diferem-se pelo tipo de reboco e pela cor. No primeiro pavimento, as paredes são chapiscadas com cimento na cor natural e no segundo, recebem pintura lisa na cor vermelho. Em relação ao coroamento da edificação, as superfícies mais próximas da esquina apresentam cobertura aparente, com beirais em cimalhas. As demais são encerradas em platibandas, de modo que uma delas equivale ao guarda-corpo de um terraço acrescido.

São dois os telhados principais, dispostos de forma perpendicular entre si e compostos por quatro águas. Possuem engradamento de madeira e são vedados por telhas francesas. Ambos têm cumeeira paralela às vias que contornam a edificação.

Internamente, nota-se com precisão a existência de um extenso bloco, formado por um estreito corredor central, ao longo do qual se situam os quartos da pensão. Nessa área, o forro de madeira e o assoalho de mesmo material são originais. Uma sala antecede a passagem para os aposentos e, nesse ambiente, os revestimentos são constituídos por materiais contemporâneos, como forro de PVC e piso em laminado de madeira. No acesso ao andar térreo, realizado por uma escada, o acabamento de piso ocorre em cimento vermelho. Nesse pavimento encontra-se a entrada principal da edificação, que dá acesso a um salão de restaurante, onde as paredes são revestidas por azulejo e o forro em vigotas de madeira constitui-se no assoalho da parte superior.

14. Intervenções:

A edificação passou por várias intervenções descaracterizantes ao longo do tempo. A principal delas modificou completamente a composição formal das fachadas, onde dois dos telhados, que anteriormente possuíam coroamentos chanfrados, perderam suas altas e decoradas empenas com o novo fechamento da cobertura em quatro águas.

Em 1980 a edificação sofreu reformas de adequação nas áreas internas dos banheiros, da cozinha e do restaurante. Há aproximadamente vinte anos, um acréscimo foi edificado em dois pavimentos e um terraço, na face voltada para a Praça São João Bosco.

Em 2006, parte da cobertura teve seus elementos estruturais de madeira – corroídos por cupins - substituídos por vigas de concreto. O forro nesse local também foi alterado, sendo executado com vários barrotes de madeira eqüidistantes. Atualmente, no segundo pavimento, percebe-se a substituição de forros de madeira por PVC e de assoalhos tabuados por lâminas. 15. Estado de conservação:

Bom

Corredor interno da pensão FOTO: Mariana Rabelo, fev. 07

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16. Análise do estado de conservação:

A estrutura da edificação não se encontra comprometida, apresentando apenas patologias de ordem física: o escurecimento do chapisco na base das envoltórias, o desgaste natural de pinturas internas, as manchas de sujidade e bolores em paredes externas voltadas para dentro da quadra e internas, além do envelhecimento das telhas cerâmicas planas na porção da cobertura que não foi contemplada por reformas.

17. Fatores de degradação:

As patologias observadas estão relacionadas às intempéries incidentes sobre a edificação, que se tratam principalmente das chuvas e das altas diferenças de temperatura.

18. Medidas de Conservação:

Manutenção periódica dos aspectos físicos, estruturais e compositivos da edificação;

Contratação de um técnico especialista em caso de alterações estruturais e/ ou compositivas, assim como de ligações elétricas;

Instalação de sistema de combate e prevenção contra incêndios, mantendo-o sempre em perfeito funcionamento;

Aplicação de legislação urbana que impeça o adensamento;

Estudo da implantação de um uso não agressor - em caso de substituição -, que não necessite de grandes reformas ou descaracterizações estilístico-formais;

Aplicação de legislação que ordene a instalação de placas publicitárias; Manutenção da rua e da calçada.

19. Referências documentais:

 ENTREVISTAS:

LEANDRO, Francisca Ribeiro. Delfim Moreira, 06 de fevereiro de 2007. Entrevista concedida a Luciana Christina Cruz e Souza

 BIBLIOGRAFIA:

FRANÇA, Júnia Lessa. Manual para normalização de publicações técnico-científicas / Júnia Lessa França, Ana Cristina de Vasconcellos; colaboração: Maria Helena de Andrade Magalhães, Stella Maris Borges. - 7. ed. – Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004. 242 p.

FERREIRA, Jurandyr Pires (org.). Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1959.

NASCIMENTO, Guido Gilberto. Delfim Moreira – Achegas à sua formação histórica. Lorena, SP, 2002.

20. Informações complementares: - - -

21. Ficha técnica:

Levantamento: Mariana Rabelo (arquiteta), Luciana Souza (Historiadora), Luiz Antônio Magalhães Silva (Secretário de Turismo) – fevereiro de 2007.

Elaboração: Mariana Rabelo (arquiteta), Luciana Souza (Historiadora)

fevereiro e março de 2007.

Referências

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