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Optimização de sistemas de ventilação natural em edifícios

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Academic year: 2021

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Vasco dos Santos

Zeferina

Optimiza¸

ao de sistemas de ventila¸

ao natural em

edif´ıcios

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Vasco dos Santos

Zeferina

Optimiza¸

ao de sistemas de ventila¸

ao natural em

edif´ıcios

Disserta¸c˜ao apresentada `a Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do grau de Mestre em Engenharia Mecˆanica, realizada sob orienta¸c˜ao cient´ıfica de Nelson Amadeu Dias Mar-tins, Professor Doutor Auxiliar do Departamento de Engenharia Mecˆanica da Universidade de Aveiro.

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Presidente Prof. Doutor Robertt Angelo Fontes Valente

Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro

Vogais Prof. Doutora Ana Margarida Lobo Louren¸co da Costa

IDAD - Instituto do Ambiente e Desenvolvimento, Universidade de Aveiro

Prof. Doutor Nelson Amadeu Dias Martins

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vontade de chegar mais longe. Muitas das conversa que mantivemos, permitiram-me analisar os impasses por outro prisma, fazendo-me ultra-passar os imbr´oglios no meu racioc´ınio e por isso deram-me alento.

Ao Professor Hugo Calisto, apesar de n˜ao ter um contributo directo neste trabalho, ao longo deste ano sempre se mostrou dispon´ıvel em ajudar-me. A sua maneira minuciosa de corrigir o meu trabalho, teve uma boa influˆencia na minha escrita.

N˜ao poderia deixar de agradecer aos meus amigos ”Jabardolas”, apesar de n˜ao serem uns entendidos em ventila¸c˜ao natural, mostraram-me ao longo dos ´ultimos anos que companheirismo, entreajuda, bom-humor e trabalho, podem co-existir num grupo.

`

A minha fam´ılia, em especial aos meus pais, por me disponibilizarem o que preciso, por terem consciˆencia do que necessito, por acreditarem em mim e por isso me darem a liberdade de seguir o meu caminho.

Aos amigos, por me incentivarem e transmitirem-me confian¸ca durante esta temporada de trabalho.

Quero tamb´em agradecer ao David, Ricardo, Sofia, Joana, M´ario e Soares por se terem disponibilizado em ler e rever a minha tese, dando assim um importante contributo para esta disserta¸c˜ao.

A ti Ana, por teres sido um exemplo de for¸ca, entrega e pela maneira convicta em como acreditas que ´e poss´ıvel. As conversas que mantivemos sobre a vida acad´emica, foram sempre um incentivo para chegar mais longe.

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Resumo Actualmente, devido a quest˜oes econ´omicas, ambientais e de sustentabili-dade, existe uma enorme press˜ao para que os consumos energ´eticos sejam reduzidos. O sector dos edif´ıcios ´e um dos maiores consumidores de ener-gia, sendo por isso necess´ario actuar neste campo, para reduzir o consumo global de energia. O Regulamento das Caracter´ısticas de Comportamento T´ermico dos Edif´ıcios (RCCTE) e o Regulamento dos Sistemas Energ´eticos de Climatiza¸c˜ao em Edif´ıcios (RSECE) surgiram desta necessidade, com o objectivo de melhorar o comportamento t´ermico e os consumos energ´eticos dos edif´ıcios. A ventila¸c˜ao natural apresenta-se neste quadro, como uma solu¸c˜ao vi´avel para reduzir o consumo energ´etico de edif´ıcios, contribuindo para a qualidade do ar interior.

Este estudo surge com o objectivo de analisar a viabilidade da aplica¸c˜ao e optimiza¸c˜ao de sistemas de ventila¸c˜ao natural. Com esse objectivo, foi es-tudado o efeito conjunto do clima local, das caracter´ısticas do edif´ıcio e sua orienta¸c˜ao. Assim, com recurso a software de simula¸c˜ao (DesginBuilder com base no EnergyPlus), foram estudados os efeitos na ventila¸c˜ao das diversas zonas de um edif´ıcio e o consequente impacto energ´etico desta ventila¸c˜ao.

Analisando normas e a legisla¸c˜ao nacional, foram integrados neste estudo os requisitos de qualidade de ar interior e conforto, definindo os caudais m´ınimos exigidos e estudando se os edif´ıcios simulados cumpriam estas exigˆencias.

O trabalho realizado ´e suportado por dois estudos complementares. O primeiro pretende estudar de forma qualitativa e preliminar, o efeito de parˆametros como as infiltra¸c˜oes, espa¸co interior dos edif´ıcios, ocupa¸c˜ao, temperatura interior, tamanho e posi¸c˜ao de entradas de ar, nos caudais de ventila¸c˜ao natural de um edif´ıcio. Este estudo pr´evio permitiu retirar algumas conclus˜oes, para que o estudo param´etrico incidisse apenas so-bre parˆametros considerados mais relevantes na ventila¸c˜ao natural de um edif´ıcio. Desta forma, foram apenas analisados parˆametros como o clima, orienta¸c˜ao, distˆancia ao solo e tipos de entradas de ar de um edif´ıcio. Os resultados deste estudo demonstram que o clima, em especial o vento e a distˆancia do espa¸co a ventilar ao solo, tˆem um efeito crucial sobre a ventila¸c˜ao natural de um edif´ıcio. A sobreventila¸c˜ao e a n˜ao recupera¸c˜ao de energia por parte de uma unidade de tratamento de ar (UTA), verificam-se bastante penalizadoras no impacto energ´etico de um sistema de ventila¸c˜ao natural, quando comparadas com um sistema de ventila¸c˜ao mecˆanica. As-sim, ´e percept´ıvel a necessidade do controlo das entradas de ar, na imple-menta¸c˜ao destes sistemas.

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Abstract Nowadays, due to economics, environmental and sustainability factors, there is great pressure on reducing energy consumption. The building sector is a major energy consumer, thereby it is mandatory to act in this sector in order to reduce overall energy consumption. In this sense were created the RCCTE and RSECE (portuguese regulations), with the aim of improving the thermal performance and energy consumption of buildings. Natural ventilation is presented in this scenario as a feasible solution to reduce the energy consumption of buildings, contributing to indoor air quality.

The purpose of this study is to analyse the feasibility of enforcing and optimisation of natural ventilation systems. It was studied the combined effect of local climate, the specifications of the building and its orientation. Moreover, using a software of dynamics simulation (DesginBuilder based on EnergyPlus), the effects of different parts of a building on ventilation and its energy impact.

Through the analysis of standards and portuguese legislation, the require-ments for indoor air quality and comfort have been integrated in this study, setting required minimum flows and studying if the simulated buildings meet these requirements.

The presented work is supported by two complementary studies. The first one present qualitative and preliminary study, highlighting the effect of some parameters such as infiltrations, indoor space of buildings, occupancy, room temperature, size and position of air intakes in the flow of natural ventila-tion. This preliminary study allowed retrieve of important conclusions, so that the parametric could focus on more relevant parameters on natural ventilation. Only parameters as climate, orientation, distance to the ground and types of air intakes of a building were analysed.

The results of this study demonstrate that the climate, especially wind and distance of the ventilated space to the ground, have a crucial effect on natural ventilation of a building. Mechanical ventilation presents better performance when compared with natural ventilation, as the latter increases the overall energy consumption due to overventilation and the non-energy recovery by an air treatment unit. Thus, it is clear the need for control of air intakes in ventilation systems.

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1 Introdu¸c˜ao 1 1.1 Enquadramento . . . 1 1.2 Objectivos . . . 2 1.3 Organiza¸c˜ao da tese . . . 2 1.4 Contributo da tese . . . 3 1.5 S´ıntese do cap´ıtulo . . . 3 2 Ventila¸c˜ao Natural 5 2.1 Introdu¸c˜ao . . . 5 2.2 Clima . . . 5 2.2.1 Clima urbano . . . 6

2.2.2 O vento no ambiente urbano . . . 7

2.3 Mecanismos da Ventila¸c˜ao Natural . . . 7

2.3.1 Efeito chamin´e . . . 8

2.3.2 Efeito do vento . . . 9

2.3.3 Ac¸c˜ao combinada do vento e do gradiente de temperaturas . . . 12

2.4 Sistemas de Ventila¸c˜ao Natural . . . 12

2.4.1 Ventila¸c˜ao Unilateral . . . 12

2.4.2 Ventila¸c˜ao Cruzada . . . 13

2.5 Modelos Preditivos . . . 14

2.5.1 Modelos emp´ıricos . . . 15

2.5.2 Modelos Nodais (Network Models ) . . . . 17

2.5.3 Modelos zonais multizona . . . 19

2.5.4 Modelos CFD . . . 20

2.6 S´ıntese do cap´ıtulo . . . 21

3 Qualidade do ar interior e carga energ´etica 23 3.1 Introdu¸c˜ao . . . 23

3.2 Ashrae 62-1999 . . . 24

3.2.1 Ambito . . . .ˆ 24 3.2.2 M´etodo da taxa de ventila¸c˜ao . . . 24

3.2.3 M´etodo da qualidade de ar interior . . . 25

3.3 NP-1037 . . . 27

3.3.1 Defini¸c˜oes . . . 27

3.3.2 Generalidades . . . 28

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3.4.1 Regulamento das Caracter´ısticas de Comportamento T´ermico dos Edif´ıcios 36 3.4.2 Regulamento dos Sistemas Energ´eticos de Climatiza¸c˜ao em Edif´ıcio . 38

3.5 S´ıntese do cap´ıtulo . . . 41

4 Estudos Preliminares 43 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 43

4.2 Geometrias e condi¸c˜oes aplicadas na simula¸c˜ao dos edif´ıcios . . . 43

4.2.1 Escrit´orios . . . 44

4.2.2 Pavilh˜ao . . . 44

4.2.3 Condi¸c˜oes base consideradas na simula¸c˜ao dinˆamica dos modelos estu-dados . . . 45

4.3 Estudos pr´evios . . . 46

4.3.1 Varia¸c˜ao da ocupa¸c˜ao do edif´ıcio . . . 46

4.3.2 Varia¸c˜ao do set-point de temperatura . . . . 47

4.3.3 Varia¸c˜ao do tamanho e posicionamento de aberturas . . . 48

4.3.4 Varia¸c˜ao do espa¸co interno do edif´ıcio . . . 49

4.3.5 Varia¸c˜ao do n´umero e posicionamento das aberturas no edif´ıcio de es-crit´orios . . . 50

4.3.6 Varia¸c˜ao da orienta¸c˜ao do edif´ıcio em rela¸c˜ao `a incidˆencia do vento . . 52

4.3.7 Varia¸c˜ao da distˆancia do espa¸co a ventilar ao solo . . . 53

4.3.8 Varia¸c˜ao da localiza¸c˜ao do edif´ıcio . . . 53

4.3.9 Varia¸c˜ao no perfil de infiltra¸c˜oes do edif´ıcio . . . 54

4.4 Conclus˜oes . . . 55

4.5 S´ıntese do cap´ıtulo . . . 56

5 Estudo Param´etrico 57 5.1 Introdu¸c˜ao . . . 57 5.2 Modelos utilizados . . . 57 5.2.1 Rota¸c˜ao . . . 58 5.2.2 Localiza¸c˜ao . . . 58 5.2.3 Altura . . . 58 5.2.4 Aberturas . . . 59

5.2.5 Caracter´ısticas dos modelos . . . 59

5.3 Metodologia . . . 60

5.3.1 Impacto energ´etico . . . 61

5.4 Resultados . . . 64

5.4.1 Ficheiros clim´aticos . . . 64

5.4.2 Taxa de ventila¸c˜ao . . . 67

5.4.3 Aquecimento e Arrefecimento . . . 69

5.4.4 Impacto energ´etico . . . 70

5.4.5 Discuss˜ao de resultados . . . 74

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6.2 Trabalhos Futuros . . . 78

6.3 S´ıntese do cap´ıtulo . . . 79

A Resultados das simula¸c˜oes 81 A.1 Resultados dos estudos preliminares . . . 81

A.2 Dados climat´ericos . . . 83

A.3 Resultados do Estudo Param´etrico . . . 84

A.3.1 Taxas de Ventila¸c˜ao . . . 84

A.3.2 Temperatura interior . . . 92

A.3.3 Aquecimento e Arrefecimento . . . 93

A.3.4 Impacto Energ´etico . . . 96

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2.1 Constantes C1, C2 e C3 . . . 16

3.1 Concentra¸c˜oes m´aximas permitidas `a exposi¸c˜ao de seres humanos . . . 25

3.2 Limite de contaminantes de origem interior . . . 26

3.3 Taxas de ventila¸c˜ao requeridas para espa¸cos comerciais e institucionais . . . . 26

3.4 Taxas de ventila¸c˜ao requeridas para espa¸cos residenciais . . . 27

3.5 Caudais-tipo a extrair nos compartimentos de servi¸co . . . 31

3.6 Caudais-tipo a admitir nos compartimentos principais . . . 31

3.7 Classes de exposi¸c˜ao ao vento . . . 32

3.8 Classes de permeabilidade ao ar das janelas e das portas exteriores em fun¸c˜ao da sua exposi¸c˜ao . . . 33

3.9 Aberturas de admiss˜ao de ar instaladas nas fachadas dos edif´ıcios . . . 33

3.10 ´Areas ´uteis recomendadas para aberturas em paredes de fachadas em edif´ıcios da classe de exposi¸c˜ao Exp 1 . . . 34

3.11 ´Areas ´uteis das aberturas de passagens de ar dos compartimentos principais para os compartimentos de servi¸co . . . 34

3.12 ´Areas ´uteis das aberturas de evacua¸c˜ao de ar . . . 35

3.13 Valores m´ınimos recomendados para ´areas das sec¸c˜oes das condutas individuais lisas . . . 35

3.14 Aplica¸c˜ao dos regulamentos em fun¸c˜ao do tipo de edif´ıcio e dimens˜ao dos sis-temas de AVAC . . . 36

3.15 Valores convencionais de RP H (em h−1) para edif´ıcios de habita¸c˜ao . . . 38

3.16 Caudais m´ınimos de ar novo . . . 40

3.17 Concentra¸c˜oes m´aximas de referˆencia de poluentes no interior dos edif´ıcios existentes . . . 40

4.1 Caracter´ısticas das aberturas . . . 49

5.1 Caracter´ısticas dos modelos . . . 57

5.2 Cargas internas das v´arias zonas do modelo [W ] . . . 59

5.3 Escala de valores da taxa de ventila¸c˜ao . . . 61

5.4 Caudal de ar novo a assegurar em corredores e escrit´orios . . . 61

5.5 Valores e descri¸c˜ao das vari´aveis utilizadas nas equa¸c˜oes deste estudo . . . 63

A.1 Estudo da influˆencia da ocupa¸c˜ao em situa¸c˜ao de inverno . . . 81

A.2 Estudo da influˆencia da ocupa¸c˜ao em situa¸c˜ao de ver˜ao . . . 81

A.3 Estudo da influˆencia da temperatura interior em situa¸c˜ao de inverno . . . 81

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A.7 Estudo da influˆencia do n´umero e posi¸c˜ao das entradas de ar . . . 82

A.8 Estudo da influˆencia da orienta¸c˜ao de um edif´ıcio . . . 82

A.9 Estudo da influˆencia da distˆancia ao solo . . . 82

A.10 Estudo da influˆencia da localiza¸c˜ao de um edif´ıcio . . . 82

A.11 Estudo da influˆencia das infiltra¸c˜oes na ventila¸c˜ao natural de um edif´ıcio . . . 83

A.12 Resumo dos dados da temperatura dos diferentes climas . . . 83

A.13 Resumo dos dados da velocidade do vento dos diferentes climas . . . 83

A.14 Incidˆencia de vento em cada fachada do modelo . . . 83

A.15 Valores m´edios de taxa de ventila¸c˜ao por zona [RP H] . . . . 84

A.16 Frequˆencia em cada zona que requisito de ventila¸c˜ao n˜ao ´e atingido[%] . . . . 85

A.17 Distribui¸c˜ao do valor da taxa de ventila¸c˜ao global [RP H] . . . . 86

A.18 Distribui¸c˜ao do valor da taxa de ventila¸c˜ao na zona 1 [RP H] . . . . 87

A.19 Distribui¸c˜ao do valor da taxa de ventila¸c˜ao na zona 2 [RP H] . . . . 88

A.20 Distribui¸c˜ao do valor da taxa de ventila¸c˜ao na zona 3 [RP H] . . . . 89

A.21 Distribui¸c˜ao do valor da taxa de ventila¸c˜ao na zona 4 [RP H] . . . . 90

A.22 Distribui¸c˜ao do valor da taxa de ventila¸c˜ao na zona 5 [RP H] . . . . 91

A.23 Temperatura interior m´edia em cada zona [◦C] . . . . 92

A.24 Frequˆencia de funcionamento do sistema de aquecimento em cada zona . . . . 93

A.25 Frequˆencia de funcionamento do sistema de arrefecimento em cada zona . . . 94

A.26 Frequˆencia de funcionamento do sistema de arrefecimento sendo a Textsuperior a 20◦C ou a 25◦C . . . . 95

A.27 Energia Prim´aria poupada sem ventila¸c˜ao mecˆanica [tep] . . . . 96

A.28 Energia Prim´aria n˜ao recuperada numa UTA [tep] . . . 97

A.29 Energia Prim´aria poupada devido `a sobreventila¸c˜ao [tep] . . . 98

A.30 Energia prim´aria total poupada em cada zona [tep] . . . 99

A.31 Energia prim´aria total poupada n˜ao contabilizando consumo adicional de so-breventila¸c˜ao [tep] . . . 100

A.32 Taxa de ventila¸c˜ao m´edia global [RP H] . . . . 101

A.33 Frequˆencia m´edia que taxa de ventila¸c˜ao global requerida n˜ao ´e atingida . . . 101

A.34 Frequˆencia m´edia em que taxa de ventila¸c˜ao requerida na zona menos ventilada 101 A.35 Frequˆencia m´edia do sistema de aquecimento em funcionamento . . . 101

A.36 Frequˆencia m´edia do sistema de arrefecimento em funcionamento . . . 101

A.37 Energia prim´aria m´edia n˜ao consumida por um ventilador mecˆanico [tep] . . . 101

A.38 Energia prim´aria m´edia n˜ao recuperada devido `a inexistˆencia de UTA [tep] . 101 A.39 Consumo de energia prim´aria m´edia devido ao caudal de ar sobreventilado [tep] 102 A.40 Consumo de energia prim´aria m´edia total [tep] . . . . 102

A.41 Consumo de energia prim´aria m´edia total sem contabilizar consumo adicional de sobreventila¸c˜ao [tep] . . . . 102

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2.1 Fluxo de ar por ac¸c˜ao do gradiente de temperaturas (Efeito chamin´e) . . . . 8

2.2 Distribui¸c˜ao de press˜ao resultante da ac¸c˜ao do vento . . . 10

2.3 Ventila¸c˜ao unilateral . . . 13

2.4 Ventila¸c˜ao cruzada . . . 14

2.5 Modelo Multi-zona . . . 18

3.1 Exemplo de ventila¸c˜ao conjunta de fogo . . . 29

3.2 Impossibilidade de combina¸c˜ao de exaust˜ao mecˆanica com ventila¸c˜ao natural 30 4.1 Modelo de escrit´orios . . . 44

4.2 Modelo de Pavilh˜ao Gimnodesportivo . . . 44

4.3 Estudo da influˆencia da ocupa¸c˜ao em situa¸c˜ao de inverno [RP H] . . . . 46

4.4 Estudo da influˆencia da ocupa¸c˜ao em situa¸c˜ao de ver˜ao [RP H] . . . . 47

4.5 Estudo da influˆencia da temperatura interior em situa¸c˜ao de inverno [RP H] . 47 4.6 Estudo da influˆencia da temperatura interior em situa¸c˜ao de ver˜ao [RP H] . . 48

4.7 As diferentes disposi¸c˜oes das entradas de ar numa fachada do edif´ıcio . . . 48

4.8 Estudo da influˆencia da posi¸c˜ao das aberturas na fachada de um edif´ıcio [RP H] 49 4.9 Compara¸c˜ao entre modelo com espa¸co interior aberto e com divis˜oes . . . 50

4.10 Estudo da influˆencia do espa¸co interno de um edif´ıcio [RP H] . . . . 50

4.11 Modelo com entradas de ar mistas, uma superior e outra inferior . . . 51

4.12 Modelo com entradas de ar duplas, duas superiores e duas inferiores . . . 51

4.13 Modelo com entradas de ar inferiores . . . 51

4.14 Estudo da influˆencia do n´umero e posi¸c˜ao das entradas de ar [RP H] . . . . . 52

4.15 Estudo da influˆencia da orienta¸c˜ao de um edif´ıcio [RP H] . . . 52

4.16 Modelos a diferentes distˆancias do solo [0 m, 9 m, 15 m, 30 m, 45 m] . . . . . 53

4.17 Estudo da influˆencia da distˆancia ao solo [RP H] . . . . 53

4.18 Estudo da influˆencia da localiza¸c˜ao de um edif´ıcio na velocidade do vento [m/s] e da Renova¸c˜ao de ar por hora [RP H] . . . . 54

4.19 Estudo da influˆencia da localiza¸c˜ao de um edif´ıcio na temperatura interior e exterior [◦C] . . . . 54

4.20 Estudo da influˆencia das infiltra¸c˜oes na ventila¸c˜ao natural de um edif´ıcio [RP H] 55 5.1 Orienta¸c˜ao dos modelos a 0 e a 45 . . . 58

5.2 Compara¸c˜ao entre modelo a 3 e 21 metros do solo . . . 59

5.3 Resumo dos dados da temperatura dos diferentes climas . . . 65

5.4 Resumo dos dados da velocidade do vento dos diferentes climas . . . 65

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5.8 Frequˆencia m´edia que taxa de ventila¸c˜ao global requerida n˜ao ´e atingida . . 68 5.9 [Frequˆencia m´edia em que taxa de ventila¸c˜ao requerida na zona menos

ven-tilada]Frequˆencia m´edia em que taxa de ventila¸c˜ao requerida na zona menos ventilada* . . . 69 5.10 Frequˆencia m´edia do sistema de aquecimento em funcionamento . . . 70 5.11 Frequˆencia m´edia do sistema de arrefecimento em funcionamento . . . 70 5.12 Energia prim´aria m´edia n˜ao consumida por um ventilador mecˆanico [tep] . . . 71 5.13 Energia prim´aria m´edia n˜ao recuperada devido `a inexistˆencia de UTA [tep] . 71 5.14 Consumo de energia prim´aria m´edia devido ao caudal de ar sobreventilado [tep] 72 5.15 Consumo de energia prim´aria m´edia total [tep] . . . . 73 5.16 Consumo de energia prim´aria m´edia total sem contabilizar consumo adicional

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ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers AVAC Aquecimento, Ventila¸c˜ao e Ar Condicionado

CFD Computational Fluid Dynamics

COP Coefficient of Performance

INETI Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inova¸c˜ao IWEC International Weather for Energy Calculations

QAI Qualidade do Ar Interior

RCCTE Regulamento das Caracter´ısticas de Comportamento T´ermico dos Edif´ıcios RPH Renova¸c˜oes de ar Por Hora

RSECE Regulamento dos Sistemas Energ´eticos de Climatiza¸c˜ao em Edif´ıcios UFC Unidade Formadora de Col´onias

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∆Pvent.mec Perda de carga de ventilador mecˆanico P a

ηventilador Rendimento electrico do ventilador

ηcald. Rendimento da caldeira

ηperm. Rendimento de permutador de UTA

RP HN V Taxa de ventila¸c˜ao devido a ventila¸c˜ao natural RP H

ESob.Aq. Energia de sobreventila¸c˜ao em situa¸c˜ao de aquecimento tep

ESob.Arref. Energia de sobreventila¸c˜ao em situa¸c˜ao de arrefecimento tep

ESob.Arref.P oup. Energia de sobreventila¸c˜ao em situa¸c˜ao de arrefecimento natural tep

EV ent. Energia n˜ao consumida por um ventilador tep

ERec. Energia n˜ao recuperada por UTA em arrefecimento tep

ERec.Aq. energia n˜ao recuperada por UTA em aquecimento tep

Vzona Volume da zona m3

ρAr Massa vol´umica do ar `a temperatura interior kg/m3

cpAr capacidade calorifica especifica kJ/kg·◦C

Text Temperatura exteiror ◦C

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(24)
(25)

Introdu¸

ao

1.1

Enquadramento

Nos ´ultimos anos o consumo de energia tem aumentado, assim como se prevˆe que aumente no futuro, devido ao desenvolvimento socioecon´omico das sociedades, em especial dos pa´ıses emergentes. No entanto, existe uma forte press˜ao internacional, para que estes consumos sejam reduzidos, ou que pelo menos resultem do consumo de fontes energ´eticas menos nocivas para o ambiente. Os edif´ıcios enquadram-se nesta problem´atica, na medida em que s˜ao um dos grandes consumidores de energia existentes.

O Decreto - Lei n.° 80/2006, de 4 de Abril [1]: Regulamento das Caracter´ısticas de Com-portamento T´ermico dos Edif´ıcios consubstancia estas preocupa¸c˜oes, na medida em que prevˆe que seja respeitada a qualidade do ar no interior dos edif´ıcios e o conforto t´ermico dos ocu-pantes, sem um excessivo consumo energ´etico.

A necessidade de ventilar edif´ıcios est´a directamente relacionada com o conforto e sa´ude dos seus ocupantes. Uma ventila¸c˜ao ineficiente, influencia negativamente a qualidade do ar interior de um edif´ıcio devido `a concentra¸c˜ao de poluentes e leva `a degrada¸c˜ao dos n´ıveis de conforto dos ocupantes. A ventila¸c˜ao ´e a troca de ar viciado e polu´ıdo por ar fresco, relativamente limpo, normalmente proveniente do exterior. Esta troca ocorre por meios muito distintos, podendo acontecer acidentalmente atrav´es de frinchas existentes na envolvente do edif´ıcio, ou atrav´es de sistemas concebidos para esse efeito e ditos de ventila¸c˜ao.

No passado, os requisitos m´ınimos de ventila¸c˜ao eram atingidos apenas por meios natu-rais, nomeadamente as infiltra¸c˜oes, que permitiam a entrada de consider´aveis quantidades de ar novo. No entanto, as preocupa¸c˜oes energ´eticas levaram a que essas infiltra¸c˜oes fossem reduzidas, devido ao seu impacto nas cargas de aquecimento e arrefecimento. Esta melhoria na constru¸c˜ao dos edif´ıcios, levou a que estes edif´ıcios se tornassem cada vez mais estanques, levando a que os seus n´ıveis de ventila¸c˜ao sejam agora reduzidos, sem a utiliza¸c˜ao de outros m´etodos de ventila¸c˜ao.

A ventila¸c˜ao natural ´e uma op¸c˜ao de ventila¸c˜ao extremamente interessante, uma vez que permite a optimiza¸c˜ao da ventila¸c˜ao de um edif´ıcio, recorrendo a um recurso renov´avel, devendo ser sempre que poss´ıvel uma alternativa `a ventila¸c˜ao auxiliada por meios mecˆanicos, por ser mais atractiva a n´ıveis econ´omicos e ambientais.

A ventila¸c˜ao natural ´e fortemente dependente das condi¸c˜oes exteriores e de dif´ıcil controlo, sendo praticamente imposs´ıvel assegurar, durante todo o ano, os caudais de projecto. Durante o Ver˜ao, por exemplo, como o gradiente de temperaturas entre o interior e o exterior ´e pequeno

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e a velocidade do vento ´e reduzida, os caudais de ar circulados no edif´ıcio s˜ao reduzidos. Existem ainda situa¸c˜oes, em que ocorrem invers˜oes do fluxo de ar e at´e mesmo per´ıodos em que os caudais s˜ao exageradamente elevados. Assim, o seu projecto ´e de dif´ıcil dimensionamento quando comparado com um de ventila¸c˜ao mecˆanica e por isso um projecto eficaz de ventila¸c˜ao natural, dever´a ser idealizado desde a concep¸c˜ao do edif´ıcio. [2]

Para que os sistemas de ventila¸c˜ao natural sejam encarados como uma alternativa vi´avel `

a ventila¸c˜ao mecˆanica, ´e necess´ario consciencializar os intervenientes no processo, das poten-cialidades destes sistemas, fornecendo a informa¸c˜ao e ferramentas necess´arias `a sua correcta concep¸c˜ao e aplica¸c˜ao face `as exigˆencias e condicionantes do presente.

Ser´a ainda necess´ario que haja um reconhecimento global de todos os intervenientes, desde o construtor, ao projectista e acima de tudo ao utilizador final, de que a adop¸c˜ao de um sistema de ventila¸c˜ao natural, implicar´a sempre o sacrif´ıcio de um conforto total, devido `as limita¸c˜oes por ter por base for¸cas naturais. [3]

1.2

Objectivos

Esta disserta¸c˜ao de mestrado aparece com o objectivo de estudar a viabilidade de aplica¸c˜ao e tamb´em optimiza¸c˜ao, deste tipo de sistemas. Atrav´es da an´alise de dados clim´aticos do local (temperaturas caracter´ısticas e direc¸c˜ao e velocidade dos ventos dominantes) e do conheci-mento da estrutura do edif´ıcio, pretende-se optimizar caudais de insufla¸c˜ao e extrac¸c˜ao, assim como a pr´opria geometria/configura¸c˜ao dos sistemas de ventila¸c˜ao em estudo.

Pretende-se assim efectuar um estudo dinˆamico deste tipo de sistemas com recurso a softwares de simula¸ao (Design Builder e EnergyPlus), com base nos dados clim´aticos das zonas em que se situam os edif´ıcios em estudo e na geometria dos mesmos. Estas simula¸c˜oes dever˜ao estudar entre outros, o efeito na ventila¸c˜ao natural de edif´ıcios, das condi¸c˜oes de temperatura, velocidade e direc¸c˜ao dos ventos dominantes, durante diferentes alturas do ano. Dever˜ao ser analisados como efeitos destes dados, em cada zona e globalmente, as taxas de ventila¸c˜ao atingidas, as necessidades de aquecimento e arrefecimento, assim como o impacto energ´etico dos sistemas de ventila¸c˜ao natural, quando comparados com sistemas de ventila¸c˜ao mecˆanica.

Com este estudo pretende-se ainda retirar conclus˜oes, que possam ser ´uteis a projectistas e peritos de sistemas de ventila¸c˜ao, respondendo assim a alguma falta de informa¸c˜ao/resultados sobre estes sistemas, dentro das limita¸c˜oes de um estudo com estas dimens˜oes.

1.3

Organiza¸

ao da tese

A presente disserta¸c˜ao est´a organizada em 6 cap´ıtulos, onde se pretende apresentar um estudo sobre o efeito da ventila¸c˜ao natural em edif´ıcios, atrav´es de simula¸c˜oes dinˆamicas destes. Neste primeiro cap´ıtulo faz-se o enquadramento e apresentam-se os objectivos deste trabalho, indicando de forma sum´aria as motiva¸c˜oes e contributo do mesmo.

No cap´ıtulo 2 s˜ao analisados os processos f´ısicos associados `a ventila¸c˜ao natural, a in-fluˆencia do clima neste tipo de ventila¸c˜ao, s˜ao ainda abordados os sistemas de ventila¸c˜ao natural e por fim s˜ao apresentados alguns modelos preditivos.

No cap´ıtulo 3 s˜ao apresentados normas e legisla¸c˜ao nacional sobre ventila¸c˜ao e qualidade do ar interior. S˜ao apresentados valores da taxa de ventila¸c˜ao m´ınima requirida para os

(27)

diferentes tipos de espa¸cos num edif´ıcio, assim como os limites de concentra¸c˜ao dos diversos poluentes, de modo a regular a qualidade do ar interior dentro de limites aceit´aveis.

No cap´ıtulo 4 s˜ao descritos os pressupostos, os objectivos, resultados e conclus˜oes retiradas dos diversos estudos preliminares, efectuados no ˆambito deste trabalho.

No cap´ıtulo 5 ´e apresentada a metodologia utilizada no estudo final deste trabalho, assim como s˜ao apresentados e discutidos os resultados deste estudo.

Por ´ultimo, no cap´ıtulo 6 apresentam-se as conclus˜oes gerais retiradas deste trabalho, assim como algumas perspectivas de trabalhos futuros.

1.4

Contributo da tese

Este trabalho pretende apresentar conclus˜oes sobre a influˆencia de diversos parˆametros, na ventila¸c˜ao natural de edif´ıcios recorrendo a ferramentas computacionais de simula¸c˜ao dinˆamica. Os parˆametros avaliados s˜ao o clima, o tipo de entradas de ar, a distˆancia das entradas de ar ao solo e a orienta¸c˜ao do edif´ıcio. As conclus˜oes aqui encontradas pretendem fornecer a projectistas e peritos, resultados concretos em que se possam basear na elabora¸c˜ao de projectos de ventila¸c˜ao natural.

O facto de este estudo ser efectuado usando um software comercial (DesignBuilder/E-nergyplus) amplamente utilizado no projecto de edif´ıcios, permite que este possa ser usado para retirar ila¸c˜oes para projectos futuros. Pretende-se ainda promover a desmistifica¸c˜ao e penetra¸c˜ao quer da utiliza¸c˜ao deste tipo de ferramentas de an´alise quer da op¸c˜ao de ventila¸c˜ao natural, de modo a que estes sistemas sejam encarados como uma alternativa fi´avel aos sistemas de ventila¸c˜ao mecˆanica.

1.5

S´ıntese do cap´ıtulo

Neste cap´ıtulo ´e efectuado o enquadramento deste trabalho, apresentando sumariamente as motiva¸c˜oes, os objectivos e contributo do mesmo. Deve ser por isso destacado, o principal objectivo desta tese, o estudo da viabilidade de aplica¸c˜ao e a optimiza¸c˜ao de um sistema de ventila¸c˜ao natural, com o recurso a simula¸c˜ao dinˆamica.

Faz-se ainda uma pequena descri¸c˜ao deste documento, apresentando-se os t´opicos de cada um dos cap´ıtulos que o comp˜oe.

(28)
(29)

Ventila¸

ao Natural

2.1

Introdu¸

ao

O projecto de ventila¸c˜ao natural de um edif´ıcio tem como condicionantes diversos factores, tais como o clima e o espa¸co envolvente, uma vez que a exposi¸c˜ao do edif´ıcio `as condi¸c˜oes climat´ericas pode estimular um maior ou menor n´ıvel de ventila¸c˜ao. As condi¸c˜oes da envol-vente s˜ao um factor importante num processo de ventila¸c˜ao natural e por isso ´e abordado neste cap´ıtulo, o impacto do vento e do clima urbano na ventila¸c˜ao natural de edif´ıcios.

A ventila¸c˜ao natural de edif´ıcios ´e provocado pela diferen¸ca de press˜ao entre o interior e exterior do espa¸co, devido `a ac¸c˜ao do vento, do gradiente de temperaturas ou da ac¸c˜ao conjunta de ambos. Estas duas for¸cas motrizes tˆem uma grande variabilidade e muitas vezes s˜ao imprevis´ıveis, o que torna a previs˜ao e controlo dos fluxos de ventila¸c˜ao num processo extremamente dif´ıcil e delicado. Neste cap´ıtulo s˜ao analisados os mecanismos da ventila¸c˜ao, nomeadamente o impacto que cada um destes processos f´ısicos pode ter no gradiente de press˜oes de uma abertura de ar, isoladamente ou conjuntamente.

A disposi¸c˜ao e a forma das aberturas na fachada de um edif´ıcio s˜ao elementos importantes na sua ventila¸c˜ao e por isso s˜ao tamb´em analisados neste cap´ıtulo sistemas de ventila¸c˜ao natural, como a ventila¸c˜ao unilateral e cruzada.

Os modelos preditivos s˜ao uma forma de dimensionar os sistemas de ventila¸c˜ao natural tendo em conta as condicionantes j´a referidas, fornecendo aos projectistas taxas de renova¸c˜ao de ar e caracter´ısticas do escoamento no espa¸co interior do edif´ıcio. Por essa raz˜ao, s˜ao analisados neste cap´ıtulo os diversos tipos de modelos preditivos, nomeadamente os seus pressupostos, condicionantes e a aplica¸c˜ao da metodologia dos mesmos.

2.2

Clima

Clima ´e definido pelas condi¸c˜oes m´edias atmosf´ericas (temperatura do ar, radia¸c˜ao solar, precipita¸c˜ao/humidade relativa e vento) durante um determinado per´ıodo de tempo. Por sua vez, a defini¸c˜ao destas condi¸c˜oes para um determinado instante ´e designada por tempo. A defini¸c˜ao de clima pode tomar diferentes escalas, podendo ser caracterizado `a escala global, regional, local e `a escala microclim´atica. Estas diferentes escalas distinguem-se pela amplitude do territ´orio que abrangem e, no caso da escala global, trata-se das condi¸c˜oes atmosf´ericas `a escala planet´aria. A escala regional refere-se a regi˜oes na ordem das centenas de quil´ometros, em que as principais condi¸c˜oes atmosf´ericas s˜ao semelhantes. A escala local abrange ´areas

(30)

na ordem dos 10 quil´ometros, caracterizadas pela mesma morfologia de terreno como, por exemplo, a proximidade ao mar, a montanhas ou a vales, que influenciam as condi¸c˜oes at-mosf´ericas como, por exemplo, o regime do vento. A escala microclim´atica abrange zonas na ordem das centenas de metros, que tˆem alguns aspectos particulares, podendo ser afectadas por parˆametros como: a topografia, estrutura do solo, grau de impermeabiliza¸c˜ao e formas urbanas. [3, 4]

2.2.1 Clima urbano

As formas urbanas modificam o clima das cidades, criando o que se designa por clima urbano, com caracter´ısticas diferentes `as zonas rurais que o rodeiam. O espa¸co criado pelo conjunto de edif´ıcios de uma zona urbana, desde a base at´e ao topo dos mesmos, ´e designado por canyon urbano, sendo que a massa de ar em torno deste espa¸co, afectada pelo mesmo, ´e designada por camada limite urbana. A varia¸c˜ao na altura dos edif´ıcios e na velocidade do vento altera o limite superior dos canyons urbanos de um ponto para o outro. [3]

O clima urbano ´e consideravelmente diferente do clima das zonas rurais que o rodeiam, visto as zonas urbanas serem geralmente mais quentes que as zonas rurais circundantes. Este efeito ´e designado como ilha de calor e as formas urbanas, as estruturas das cidades, os poluentes atmosf´ericos, o calor emitido pelos ve´ıculos e edif´ıcios s˜ao apontadas como as principais causas para este fen´omeno. [5]

As zonas rurais s˜ao caracterizadas pela existˆencia de grandes extens˜oes de vegeta¸c˜ao e ´

areas de cultivo, que tˆem a capacidade de absorver radia¸c˜ao solar nos processos de evapora-¸

c˜ao dos solos e transpira¸c˜ao das plantas (evapotranspira¸c˜ao). Este facto leva assim a uma diminui¸c˜ao da temperatura nas imedia¸c˜oes, libertando ao mesmo tempo vapor de ´agua, o que mant´em a superf´ıcie e o ar em contacto com o solo a temperaturas moderadas.

Em contraponto, as ´areas urbanas possuem pouca vegeta¸c˜ao e est˜ao cobertas por ma-teriais artificiais, que tˆem capacidade de absorver grandes quantidades desta radia¸c˜ao. A radia¸c˜ao absorvida e armazenada nas estruturas dos edif´ıcios, devido `a forte in´ercia t´ermica dos materiais ´e, posteriormente, radiada ao ambiente de uma forma gradual. Este fen´omeno, torna a temperatura da superf´ıcie mais elevada que em zonas rurais, o que faz com que o fluxo radiativo nas zonas urbanas seja superior, havendo estudos que apontam para um acr´escimo de 20% ao meio-dia e 10% ao longo da noite. Deve-se ainda salientar que, como os sistemas de esgotos e de canaliza¸c˜ao evitam a circula¸c˜ao de ´agua em contacto com a atmosfera urbana, ´e impedido que o calor latente da evapora¸c˜ao da ´agua promova arrefecimento neste ambiente. [4]

O facto de a superf´ıcie terrestre estar cada vez mais urbanizada, da densidade populacional nas cidades seja crescente e os requisitos energ´eticos sejam mais elevados, leva a que o consumo de energia nestas zonas seja crescente, acentuando ainda mais o fen´omeno de ilha de calor das zonas urbanas. Deve-se ainda recordar que este efeito promove o uso da climatiza¸c˜ao em zonas urbanas, que por sua vez aumenta o consumo energ´etico.

Por ´ultimo, deve-se frisar que a polui¸c˜ao atmosf´erica das zonas urbanas cria uma camada que bloqueia a radia¸c˜ao nocturna da cidade para a atmosfera, criando assim um efeito estufa que promove o aumento do efeito ilha de calor.

(31)

2.2.2 O vento no ambiente urbano

A existˆencia de numerosos obst´aculos nas zonas urbanas aumenta significativamente a rugosidade do solo quando comparado `as zonas rurais, tendo como consequˆencia o aumento do efeito fric¸c˜ao no fluxo de ar.

Para ventos de moderado a forte e para uma altura de 20 metros acima do solo, observa-se uma redu¸c˜ao de 20% a 30% na velocidade m´edia do vento, quando nos deslocamos das zonas rurais para as zonas urbanas. Por outro lado, a intensidade da turbulˆencia na mesma situa¸c˜ao aumenta entre 50% a 100%. Com ventos fortes, a fric¸c˜ao causada pelas zonas urbanas cria rota¸c˜ao cicl´onica do fluxo de ar (at´e 10). [4]

Outro efeito da camada limite da zona urbana, no caso dos ventos moderados, ´e o de provocar um movimento ascendente do ar, que pode chegar `a velocidade de 1 m/s.

Os ventos fracos s˜ao entre 5% a 20% mais frequentes nas zonas urbanas do que nas zonas rurais. No entanto, para situa¸c˜oes em que a velocidade ´e inferior a um limite de 4 m/s, a velocidade do vento no centro da cidade ´e superior ao que se verifica na periferia. Este facto pode dever-se `a turbulˆencia gerada pelos numerosos obst´aculos e pelo estado relativa-mente inst´avel que caracteriza a camada limite das zonas urbanas, quando comparado com a atmosfera das zonas rurais.

Como j´a foi descrito anteriormente, `a medida que se desloca da periferia para o centro das zonas urbanas, a temperatura aumenta levando a que o ar convirja nesse sentido pelo efeito do gradiente de press˜oes, induzido pelo gradiente horizontal de temperaturas. Assim, a continuidade deste fluxo cria um fluxo ascendente de ar, que termina a uma determinada altura. Esta brisa do campo sopra geralmente ao princ´ıpio da manh˜a e final da tarde e pode atingir velocidades de 2 a 3 m/s.

2.3

Mecanismos da Ventila¸

ao Natural

A entrada de ar novo num edif´ıcio ´e causada pela diferen¸ca de press˜ao entre o interior e o exterior, o que provoca o escoamento nos pontos onde houver aberturas ou frinchas que permitam a passagem de fluxos de ar. Quando as aberturas s˜ao propositadamente colocadas na envolvente do edif´ıcio, como ´e o caso de janelas, grelhas de insufla¸c˜ao ou chamin´es, o processo designa-se por ventila¸c˜ao natural, mecˆanica ou h´ıbrida. Caso este processo se deva `

a existˆencia de frinchas ou fendas, o que resulta em fluxos incontrol´aveis e involunt´arios, o processo designa-se por infiltra¸c˜oes ou exfiltra¸c˜oes, consoante o sentido do fluxo de ar. [6] Estas frinchas podem estar associadas a pequenas aberturas nas paredes ou tectos, ou `a envolvente das aberturas de servi¸co, como ´e o caso das instala¸c˜oes do g´as, electricidade ou ´

agua. Algumas componentes dos edif´ıcios, como ´e o caso de portas e janelas, podem permitir pequenos escoamentos de ar atrav´es de frinchas.

Concretamente, no caso da ventila¸c˜ao natural, as diferen¸cas de press˜ao que provocam este processo s˜ao resultantes da ac¸c˜ao do vento e do gradiente de temperatura entre o interior e o exterior do espa¸co, ou da ac¸c˜ao conjunta de ambos. Visto estas duas for¸cas motrizes serem vari´aveis com o tempo e com a localiza¸c˜ao, torna-se extremamente dif´ıcil o controlo e previs˜ao do fluxo de ventila¸c˜ao. [2]

(32)

2.3.1 Efeito chamin´e

O fluxo de ar que ocorre devido ao gradiente t´ermico, conhecido por efeito chamin´e, ocorre por existir uma diferen¸ca de temperatura entre a zona considerada e o espa¸co envolvente. A altera¸c˜ao das propriedades f´ısicas do ar, inerente `a altera¸c˜ao da temperatura, leva ao deslocamento do ar quente para as zonas superiores, levando `a sua sa´ıda e `a entrada de ar mais frio a cotas inferiores. Existir´a um ponto em que a diferen¸ca de press˜ao entre os dois espa¸cos ´e nula, designado por n´ıvel de press˜ao neutra, como pode ser observado na figura 2.1, sendo a sua posi¸c˜ao influenciada pela diferen¸ca de temperaturas e pelo tamanho das aberturas. O fluxo de ar gerado ´e proporcional `a distˆancia vertical ao n´ıvel de press˜ao neutra e `a diferen¸ca entre a temperatura interior e exterior. O efeito chamin´e torna-se assim mais intenso em edif´ıcios altos, particularmente, em locais de passagem e com elevados p´es direitos como, por exemplo: caixas de escadas e elevadores.[2, 3]

Considerando a press˜ao est´atica ao n´ıvel do pavimento de determinada zona, p0, a press˜ao

que se verifica a determinada altura z, pz, em consequˆencia do gradiente de temperatura, ser´a

dada pela equa¸c˜ao de Bernoulli.

pz= p0 1 2ρv 2− ρgz [P a] (2.1) Em que: pz- press˜ao `a altura z [P a]

p0 - press˜ao da zona ao n´ıvel do pavimento [P a]

ρ - massa vol´umica do ar `a temperatura interior [kg/m3] v - velocidade do escoamento [m/s]

g - acelera¸ao grav´ıtica [m/s2]

Figura 2.1: Fluxo de ar por ac¸c˜ao do gradiente de temperaturas (Efeito chamin´e) [3] Considerando apenas a ac¸c˜ao do gradiente da temperatura, o termo correspondente `a componente cin´etica pode ser desprezado, visto o valor da velocidade ser muito reduzido.

(33)

Assumindo que o ar se comporta como um g´as perfeito, a massa vol´umica `a temperatura T pode ser calculada atrav´es da equa¸c˜ao (2.2), em que ρ0 e T0 representam a massa vol´umica e

temperatura de referˆencia do ar, 1,29 kg/m3 e 273,15 K, respectivamente. ρ = ρ0

T0 T

[

kg/m3] (2.2)

Quando existem duas zonas adjacentes e isot´ermicas, ligadas por uma abertura, caso de uma porta ou uma janela, a diferen¸ca de press˜ao verificada entre ambas `a altura z ser´a:

∆pz = p1,0− p2,0+ (ρ1− ρ2) gz [P a] (2.3)

onde p1,0 e p2,0 representam a press˜ao ao n´ıvel do pavimento para cada uma das zonas e ρ1 e ρ2 a massa vol´umica `a temperatura das mesmas.

Este modelo assume que a temperatura no interior dos espa¸cos se mant´em constante com a altura. Modelos mais complexos representam, em detalhe, a influˆencia da estratifica¸c˜ao e os efeitos da turbulˆencia, assumindo para o efeito: [2]

ˆ Escoamento permanente de um flu´ıdo inv´ıscido e incompress´ıvel;

ˆ Estratifica¸c˜ao linear da massa vol´umica em ambos os lados da abertura;

ˆ Efeitos da turbulˆencia representados por um perfil de diferen¸ca de press˜ao equivalente. A equa¸c˜ao de Bernoulli simplificada (2.1), combinada com a equa¸c˜ao dos gases perfeitos d´a origem `a equa¸c˜ao 2.4, que representa a diferen¸ca de press˜ao entre duas aberturas separadas por uma distˆancia vertical h, em que Tie Tes˜ao a temperatura interior e exterior, respectivamente.

∆pz = ρ1· A · Cd·

2· g · h ·Ti− Te Ti+ Te

(2.4) Na ausˆencia de vento e sempre que Ti > Te, o ar entra no edif´ıcio pelas aberturas inferiores

saindo pelas superiores, ou o contr´ario se Ti < Te. Quando as aberturas tiverem a mesma

´

area, o caudal m´assico do ar, ˙m, ser´a:

˙ m = ρi· A · Cd· √ 2· g · h ·Ti− Te Ti+ Te (2.5) sendo Cdo coeficiente de descarga associado a cada abertura. [3]

2.3.2 Efeito do vento

O vento que atinge um edif´ıcio d´a origem a um escoamento `a volta deste, que gera na envolvente press˜oes est´aticas superiores ou inferiores `a press˜ao atmosf´erica, levando a uma desloca¸c˜ao do ar no sentido da press˜ao positiva para a press˜ao negativa. As press˜oes positivas ocorrem nas zonas da envolvente expostas directamente `a incidˆencia do vento (barlavento), enquanto que as de press˜ao negativa predominam nas zonas da envolvente do lado oposto ao da direc¸c˜ao do vento (sotavento). Na figura 2.2 ´e ilustrada a distribui¸c˜ao de press˜oes na envolvente de um edif´ıcio devido `a ac¸c˜ao do vento. [6]

(34)

Figura 2.2: Distribui¸c˜ao de press˜ao resultante da ac¸c˜ao do vento [6]

O gradiente de press˜ao ´e traduzido pela equa¸c˜ao 2.6, na qual Cp´e o coeficiente de press˜ao,

dependente da forma do edif´ıcio, da direc¸c˜ao do vento e das caracter´ısticas da envolvente, ρ ´e a massa vol´umica do ar (kg/m3) e Uv ´e a velocidade do vento (m/s), medida a uma altura

de referˆencia, que na generalidade dos casos corresponde `a altura do edif´ıcio. [7] ∆pvento=

1

2· Cp· ρ · U

2

v[Pa] (2.6)

Para a correcta determina¸c˜ao do campo de press˜oes de um edif´ıcio, a velocidade do vento ´e calculada em fun¸c˜ao dos dados meteorol´ogicos dispon´ıveis, visto estes se encontrarem facil-mente dispon´ıveis. O facto das esta¸c˜oes meteorol´ogicas se encontrarem distantes do local onde o edif´ıcio est´a implementado, obriga a uma correc¸c˜ao do parˆametro da velocidade do vento (Uv), que ´e medida na esta¸c˜ao meteorol´ogica a uma altura de referˆencia de 10 m acima

do n´ıvel do solo, tendo-se em conta diversos parˆametros, entre eles a orienta¸c˜ao do edif´ıcio, topografia, localiza¸c˜ao e rugosidade do terreno.

Deste modo, Uv n˜ao pode ser utilizada directamente na equa¸c˜ao 2.6, sendo ajustada

recorrendo-se `a lei de potˆencia dada pela equa¸c˜ao 2.7, onde Uloc e U10 s˜ao velocidades do

vento medidas a uma altura zloce z10, respectivamente, e α ´e um parˆametro relacionado com

a intensidade de turbulˆencia.

Uloc U10 = ( zloc z10 )α (2.7) O coeficiente de press˜ao (Cp), ´e um parˆametro emp´ırico que traduz as altera¸c˜oes do

(35)

induzidas pelo vento. S˜ao fortemente influenciados pela direc¸c˜ao do vento, orienta¸c˜ao do edif´ıcio, topografia e rugosidade do terreno. [2]

Como se pode constatar na equa¸c˜ao 2.6, o termo dominante no diferencial de press˜oes ´e a velocidade do vento, visto o gradiente variar com o quadrado da velocidade. No entanto, o coeficiente de press˜ao (Cp) tem uma forte influˆencia que n˜ao pode ser desprezada, devendo a

sua influˆencia ser estudada, sendo necess´ario determinar este parˆametro com precis˜ao. Determinar as caracter´ısticas de um edif´ıcio ´e poss´ıvel mediante estudos em t´uneis de vento com modelos `a escala reduzida, conseguindo medir o Cp para cada ponto da envolvente,

permitindo o c´alculo da press˜ao local (pv) em fun¸c˜ao da press˜ao dinˆamica do escoamento n˜ao

perturbado. pv= Cp· 1 2 · ρe· ¯U 2 ref (2.8) Com: Cp= pi− p∞ ρe·12U¯ref2 (2.9) em que:

- Cp : coeficiente de press˜ao no local i [-]

- pi : press˜ao est´atica local [P a]

- p : press˜ao est´atica de referˆencia, press˜ao atmosf´erica [P a]

- Uref : velocidade m´edia do vento n˜ao perturbada pelo edif´ıcio a uma altura de referˆencia,

normalmente referida `a cota da cobertura [m/s].

Estudos apontam que apenas ´e poss´ıvel obter coeficientes de press˜ao para velocidades superiores a 3-4 m/s. A obten¸c˜ao destes valores ´e dispendiosa, podendo-se ainda recorrer a modelos num´ericos tipo CFD, que s˜ao processos dif´ıceis e morosos, levando a que ambas as op¸c˜oes s´o se justifiquem em edif´ıcios muito especiais ou em investiga¸c˜ao.

Assim, para situa¸c˜oes correntes, estes coeficientes s˜ao retirados de bibliografia, ou seja, de valores parametrizados retirados de estudos experimentais j´a realizados.

No entanto, estes valores parametrizados apenas nos fornecem um valor ´unico do coefi-ciente de press˜ao para a superf´ıcie total de uma fachada (ou cobertura), mas para um estudo de ventila¸c˜ao ´e conveniente conhecer os valores para os locais exactos como, por exemplo, uma janela ou grelha de entrada de ar, etc. Assim, foram desenvolvidos v´arios modelos que permitem calcular o coeficiente de press˜ao para um local pr´e-definido da envolvente, para as diferentes direc¸c˜oes do vento, entre os quais o modelo Cpcalc+ e Cpgenerator.

O programa/modelo Cpcalc+ utiliza diversos parˆametros para o c´alculo do coeficiente, tais como a rugosidade do terreno, a densidade de constru¸c˜ao da ´area, altura relativa dos edif´ıcios, a propor¸c˜ao das dimens˜oes, a direc¸c˜ao do vento, assim como a inclina¸c˜ao dos telhados. No entanto, este modelo tem restri¸c˜oes `a sua aplica¸c˜ao, visto n˜ao poder ser aplicado quando:

ˆ O edif´ıcio est´a instalado em terreno com elevada rugosidade (n˜ao aplic´avel em centros urbanos) e/ou alta densidade de constru¸c˜ao;

ˆ Os edif´ıcios cont´ıguos tˆem padr˜ao disperso ou irregular;

(36)

ˆ O edif´ıcio tem forma irregular;

ˆ O edif´ıcio tem um r´acio entre o comprimento e a altura menor que 0,5 ou maior que 4. O modelo Cpgenerator tenta ultrapassar as limita¸c˜oes do modelo anterior, aplicando-se assim a toda a gama de rugosidades do terreno e n˜ao apresentando limita¸c˜oes relativamente `

as dimens˜oes do edif´ıcio nem dos da sua envolvente. Com este modelo, introduzindo de forma simples e acess´ıvel as dimens˜oes, orienta¸c˜ao do edif´ıcio e as obstru¸c˜oes vizinhas, calcula-se os coeficientes de press˜ao nas fachadas e coberturas de edif´ıcios de forma paralelepip´edica.

Estudos obtidos por t´unel de vento e simula¸c˜ao num´erica, demonstram que os coeficientes de press˜ao obtidos para objectos s´olidos (estudos mais correntes), s˜ao diferentes dos coefi-cientes obtidos para os mesmos objectos, mas providos de aberturas (objectos porosos). Mais especificamente, demonstram que os coeficientes de press˜ao s˜ao dependentes do tamanho e localiza¸c˜ao da abertura. [6]

2.3.3 Ac¸c˜ao combinada do vento e do gradiente de temperaturas

A for¸ca do vento e do gradiente t´ermico podem actuar em conjunto, aumentando o fluxo de ventila¸c˜ao ou actuando em sentidos opostos, reduzindo o fluxo. At´e este momento, apenas se analisou estes mecanismos separadamente, mas na maioria dos casos, a ac¸c˜ao destas for¸cas ´e simultˆanea. Partindo das equa¸c˜oes 2.3 e 2.6 obtemos a seguinte equa¸c˜ao:

∆pz= p1,0− p2,0+ (ρ1− ρ2)g· z +

ρ1· Cp· U12

2

ρ2· Cp· U22

2 [P a] (2.10) onde, U1 e U2 representam a velocidade do vento em cada um dos lados da abertura.

Pode--se ainda constatar que a efic´acia dos sistemas de ventila¸c˜ao natural depende da velocidade do vento, da diferen¸ca de temperatura, do tamanho e caracter´ısticas das aberturas e da sua orienta¸c˜ao relativamente `a direc¸c˜ao predominante do vento (Cp). [2, 3]

2.4

Sistemas de Ventila¸

ao Natural

2.4.1 Ventila¸c˜ao Unilateral

Os edif´ıcios com aberturas em apenas uma ´unica fachada s˜ao de ventila¸c˜ao dif´ıcil, mesmo quando o vento incide directamente sobre as mesmas. No caso da ventila¸c˜ao unilateral ´e aconselh´avel que se coloque mais do que uma abertura distanciadas umas das outras, de forma a que o escoamento dentro do edif´ıcio seja o mais longo e turbulento poss´ıvel, como ´e exemplificado na figura 2.3. Pode-se ainda recorrer a elementos arquitect´onicos, como ´e o caso das bandeiras de ventila¸c˜ao, para induzir press˜oes e depress˜oes mais elevadas nas aberturas, de forma a que a ventila¸c˜ao natural do edif´ıcio seja estimulada. [8]

O fluxo atrav´es de uma ´unica grande abertura numa das fachadas de um edif´ıcio, como por exemplo uma janela, ´e bi-direccional. O efeito chamin´e leva a que o ar mais fresco entre na parte inferior da abertura e o ar mais quente sai pela parte superior. A press˜ao, devido ao efeito do vento, tem uma componente m´edia e outra flutuante derivada da turbulˆencia do fluxo e numa abertura grande, estas componentes n˜ao s˜ao uniformes ao longo da mesma. O efeito de compressibilidade do ar do espa¸co interior ´e tamb´em um factor que torna todo este fen´omeno dif´ıcil de prever. Deve-se ainda salientar que estas aberturas devem ser colocadas na

(37)

fachada exposta aos ventos dominantes, de modo a maximizar o efeito do vento na ventila¸c˜ao natural do edif´ıcio. [9]

Para a ventila¸c˜ao unilateral a BRE Digest 399 [10], recomenda que a ´area de uma janela seja 1/20 da ´area da fachada, e que a profundidade do espa¸co seja no m´aximo 2,5 vezes a altura do mesmo.

Figura 2.3: Ventila¸c˜ao unilateral [11]

2.4.2 Ventila¸c˜ao Cruzada

A ventila¸c˜ao cruzada ocorre quando o ar entra num espa¸co ou edif´ıcio, numa fachada, por uma ou mais aberturas e sai por uma ou mais aberturas, numa outra fachada, preferencial-mente oposta `a de entrada, como ´e exemplificado na figura 2.4. As aberturas usadas neste tipo de ventila¸c˜ao podem ser de pequenas dimens˜oes (grelhas) ou de grandes dimens˜oes, como portas ou janelas. A ventila¸c˜ao cruzada ´e adequada para ventilar espa¸cos profundos, pois o fluxo de ar percorre todo o espa¸co, desde a abertura de entrada at´e ao lado oposto, onde sai. De modo a maximizar a ventila¸c˜ao, as aberturas devem ser colocadas a barlavento (entrada) e a sotavento (sa´ıda), para que a diferen¸ca de press˜ao entre as aberturas seja elevada. As parti¸c˜oes internas e obstru¸c˜oes no espa¸co afectam e dificultam o normal fluxo de ar, levando a que o efeito de penetra¸c˜ao no espa¸co seja diminu´ıda.

Para a ventila¸c˜ao cruzada, a BRE Digest 399 [10] recomenda que a m´axima profundidade de um espa¸co ventilado desta forma seja no m´aximo 5 vezes a altura do espa¸co, num espa¸co com poucas obstru¸c˜oes.

(38)

Figura 2.4: Ventila¸c˜ao cruzada [11]

2.5

Modelos Preditivos

O dimensionamento dos sistemas de ventila¸c˜ao natural apresenta-se como um grande desafio para arquitectos e peritos envolvidos nesses projectos. Ao contr´ario da ventila¸c˜ao mecˆanica, este processo baseia-se em for¸cas motrizes da natureza (vento e a diferen¸ca de temperaturas) que apresentam uma grande variabilidade. Desse modo, a ventila¸c˜ao natural ´e muito mais dif´ıcil de dimensionar (por exemplo o tamanho das aberturas) na avalia¸c˜ao do n´ıvel de conforto e no potencial de poupan¸ca de energia, do que a ventila¸c˜ao mecˆanica.

Os processos f´ısicos que est˜ao envolvidos na ventila¸c˜ao natural s˜ao muito complexos e a interpreta¸c˜ao da influˆencia destes na efic´acia da ventila¸c˜ao torna-se uma tarefa dif´ıcil. A mecˆanica de fluidos cl´assica descreve o fen´omeno sob condi¸c˜oes fronteira bem definidas, de maneira bastante satisfat´oria. A descri¸c˜ao do fen´omeno ´e feita resolvendo as equa¸c˜oes de Navier-Stokes, associadas a equa¸c˜oes que descrevem o efeito da turbulˆencia sob condi¸c˜oes espec´ıficas de fronteira e de estado inicial. No entanto, sabendo do car´acter imprevis´ıvel e inst´avel das caracter´ısticas do vento, torna-se quase imposs´ıvel conhecer as condi¸c˜oes de fronteira e iniciais.

´

E importante, n˜ao s´o em termos de conforto t´ermico mas tamb´em por raz˜oes energ´eticas, o conhecimento das caracter´ısticas do escoamento em cada espa¸co, das taxas de renova¸c˜ao de ar do edif´ıcio, bem como dos caudais de ar que atravessam as aberturas. ´E, portanto crucial, que quem estiver a projectar um edif´ıcio, conhe¸ca estes dados de modo a dimensionar as aberturas, calcular a transferˆencia de calor por convec¸c˜ao, prever os ´ındices de conforto, analisar a qualidade do ar interior atrav´es da dispers˜ao dos poluentes e calcular a eficiˆencia da ventila¸c˜ao.

De acordo com o tipo de informa¸c˜ao requerida, v´arios modelos e ferramentas podem ser usados. Os modelos variam de algoritmos emp´ıricos simples, para calcular a taxa de ventila¸c˜ao global, at´e t´ecnicas sofisticadas de mecˆanica de fluidos computacional que resolvem as equa¸c˜oes de Navier-Stokes. Genericamente, baseado no n´ıvel de complexidade do modelo, podem ser distinguidas quatro aproxima¸c˜oes diferentes para a descri¸c˜ao dos fluxos de ar para o caso da ventila¸c˜ao em edif´ıcios: [4]

ˆ Modelos emp´ıricos ˆ Modelos nodais

(39)

ˆ Modelos zonais ˆ Modelos CFD

Apresentar-se-´a de seguida alguns desses modelos para cada uma das abordagens referidas.

2.5.1 Modelos emp´ıricos

Os modelos emp´ıricos permitem calcular caudais de ventila¸c˜ao ou velocidade m´edia do ar numa zona, correlacionando entre si a velocidade do vento, diferen¸ca de temperatura e eventualmente termos ”flutuantes”. Estas ferramentas s˜ao pr´aticas, visto fornecerem uma primeira estimativa de caudais e velocidades envolvidas em escoamentos de ar, no entanto, devem ser sempre utilizadas dentro dos limites da sua aplicabilidade.

Estes modelos foram desenvolvidos a partir das equa¸c˜oes de conserva¸c˜ao de massa, energia e esp´ecie qu´ımica, sendo diversas vezes usados m´etodos experimentais e t´ecnicas de simula¸c˜ao computacional para o seu desenvolvimento, para obter determinados coeficientes, que por sua vez limitam a sua aplicabilidade.

Estes modelos podem tamb´em ser agrupados em dois grupos: [4] ˆ Modelos de previs˜ao de taxas de ventila¸c˜ao;

ˆ Modelos de previs˜ao de velocidade do ar dentro do edif´ıcio. Modelos de previs˜ao de taxas de ventila¸c˜ao

Os modelos desenvolvidos neste ˆambito s˜ao fundamentalmente aplicados a edif´ıcios com uma ´unica zona (monozona), que s˜ao utilizados numa primeira fase de dimensionamento, para obter uma previs˜ao da taxa de ventila¸c˜ao.

O modelo De Gidds e Phaff

Resultados experimentais tˆem mostrado que os efeitos de flutua¸c˜ao do escoamento do ar s˜ao respons´aveis pelo caudal de ar novo insuflado, no caso de ventila¸c˜ao com uma s´o fachada ou quando o vento ´e paralelo a aberturas em duas fachadas opostas. Fluxos de flutua¸c˜ao s˜ao atribu´ıdos `as caracter´ısticas de turbulˆencia do vento e/ou `a turbulˆencia induzida pelo pr´oprio edif´ıcio. A turbulˆencia do escoamento ao longo de uma abertura causa simultaneamente flutua¸c˜oes de press˜ao positivas e negativas no espa¸co interior. [6]

Com base em 33 medi¸c˜oes num edif´ıcio `a escala real, De Gids e Phaf estabeleceram que para uma abertura, uma situa¸c˜ao de ventila¸c˜ao unilateral, a taxa de ventila¸c˜ao ´e definida por:

qw = 1 2 · A ·C1+ ( C2· Uref2 ) + (C3· H · |∆Tin−ext|) (2.11)

onde Uref ´e a velocidade do vento numa esta¸c˜ao meteorol´ogica [m/s], ∆Tin−ext´e a diferen¸ca

de temperatura entre o interior e o exterior [◦C ou K], H ´e a altura da abertura, C3 ´e um

coeficiente adimensional dependente do vento, C2 ´e uma constante de fronteira e C1 ´e uma

constante de turbulˆencia. Comparando valores medidos e calculados, chegou-se aos seguintes valores para estes coeficientes de ajuste: C1=0,01, C2=0,0035 e C3=0,01.

Usando uma aproxima¸c˜ao idˆentica, Larsen derivou uma correla¸c˜ao mais complexa que tamb´em tem em conta a direc¸c˜ao do vento. A equa¸c˜ao foi estabelecida com base em diversos testes em t´unel de vento e 448 medi¸c˜oes em edif´ıcios `a escala real.

(40)

qw = A·C1· |Cp| · Uref2 + C2· H · |∆Tin−ext| + C3 ∆Cp· ∆Tin−ext U2 ref (2.12) Com, ∆Cp = 9, 1894· 10−9· φ3− 2, 626 · 10−6· φ2− 0, 0002354 · φ + 0, 113 (2.13)

em que φ ´e o ˆangulo de incidˆencia do vento (°). [12]

Tabela 2.1: Constantes C1, C2 e C3 [13]

Direc¸c˜ao Angulo de incidˆˆ encia [φ] C1 C2 C3

Sotavento 0-75; 285-360 0,0015 0,0009 -0,0005 Barlavento 105-255 0,0050 0,0009 0,0160

Paralelo 90-270 0,0010 0,0005 0,0111

M´etodo British Standard para ventila¸c˜ao cruzada

O m´etodo emp´ırico proposto no British Standard [14] ´e composto por um conjunto de equa¸c˜oes que permite calcular a taxa de ventila¸c˜ao para ventila¸c˜ao unilateral e cruzada, tendo em conta a ventila¸c˜ao inerente ao efeito do vento ou efeito da temperatura. No entanto, aqui apenas ser´a apresentado a formula¸c˜ao para o c´alculo no caso de ventila¸c˜ao cruzada.

A equa¸c˜ao que permite calcular o fluxo de ar impulsionado pelo efeito da temperatura ´e a seguinte: Qv = Cd· Ab· √ 2· ∆T · g · H TM (2.14) onde o coeficiente de descarga da abertura das janelas (Cd) ´e um valor entre 0,6 e 0,75, ∆T ´e a

diferen¸ca de temperatura entre o interior e exterior, g ´e a acelera¸c˜ao da gravidade (m/s2), H ´e a distˆancia vertical entre as duas aberturas (m), TM ´e a temperatura m´edia entre o interior

e exterior e Ab ´e a ´area total das aberturas. Esta ´area ´e calculada da seguinte forma:

1 A2b = 1 (∑mm=1Am)2 + 1 (∑nn=1An)2 (2.15) onde n e m s˜ao o n´umero de aberturas existente, no caso de n, acima do n´ıvel de press˜ao neutra, no caso de m, abaixo do n´ıvel de press˜ao neutra.

Para calcular a taxa de ventila¸c˜ao causada pelo vento na ventila¸c˜ao cruzada, deve-se usar a seguinte equa¸c˜ao:

Qv = Cd· AW · Ualt.edif.·

|CP,1− CP,2| (2.16)

onde Aw pode ser calculada pela mesma equa¸c˜ao usada para calcular Ab, tendo em aten¸c˜ao

que agora as aberturas de coeficiente n s˜ao aquelas que tiverem os mais altos coeficientes de press˜ao e m os restantes. A velocidade `a altura do edif´ıcio, deve ser calculada atrav´es da equa¸c˜ao 2.7, tendo em conta a medi¸c˜ao de referˆencia.

(41)

U (z = BH) ∆T < 0, 26·Ab Aw · H ∆Cp (2.17) seja satisfeita, apenas o efeito temperatura ´e considerado, calculando-se assim a taxa de ven-tila¸c˜ao pela equa¸c˜ao 2.14, caso esta n˜ao seja satisfeita, apenas o efeito do vento ´e considerado e assim calcula-se a taxa de ventila¸c˜ao pela equa¸c˜ao 2.16. [13]

Modelos de previs˜ao de velocidade do ar dentro do edif´ıcio

O n´umero de modelos de previs˜ao de velocidade do ar dentro do edif´ıcio ´e bastante inferior aos desenvolvidos para a previs˜ao de taxas de ventila¸c˜ao. Existindo assim poucos exemplos que possam ser referidos, sendo um destes o modelo desenvolvido por Carilho da Gra¸ca [15], usando scalling analysis, correla¸c˜oes experimentais e an´alise CFD, que atrav´es de um conjunto de equa¸c˜oes, permite fazer uma aproxima¸c˜ao `a velocidade do ar interior em espa¸cos com ventila¸c˜ao cruzada e sem parti¸c˜oes internas, apenas sabendo a taxa de ventila¸c˜ao.

A velocidade m´axima dentro de um espa¸co em frente `as aberturas ´e calculada por: vmax=

qin

Ainlet· Cd

(2.18) este modelo calcula a velocidade do ar em duas regi˜oes do espa¸co, a regi˜ao do jacto principal e a regi˜ao de recircula¸c˜ao.

vjet= 1, 56· vmax· Cd·Ainlet Across para1/3 < CL< 11 (2.19) vrec= vjet· CRJ·Droom A0,5inletCRJ = { 0, 191para1/3 < CL< 4 0, 104para4 < CL< 11 (2.20) Com: CL= 2· Lroom Wroom− Winlet (2.21) Este modelo foi implementado no EnergyPlus, como uma componente opcional. [12]

2.5.2 Modelos Nodais (Network Models )

Os modelos nodais s˜ao principalmente usados para prever as taxas de renova¸c˜ao de ar e a distribui¸c˜ao do fluxo de ar em edif´ıcios. Estes podem ser usados para o c´alculo da eficiˆencia da ventila¸c˜ao, o consumo de energia e no transporte de poluentes. Estes modelos solucionam as equa¸c˜oes de conserva¸c˜ao de massa, energia e esp´ecie qu´ımica, em cada zona, assumindo que o ar ´e quiescente em cada zona, negligenciando assim a componente do movimento (momentum effect). Estes modelos assumem ainda que a temperatura do ar e a concentra¸c˜ao das esp´ecies qu´ımicas ´e uniforme em cada uma das zonas, podendo causar erros significativos em algumas situa¸c˜oes. [16]

Os modelos emp´ıricos s˜ao baseados em f´ormulas simplificadas e tˆem de ser aplicados dentro dos seus limites de validade, que se tornam restritos em casos de ´ındole pr´atica. As assun¸c˜oes em que s˜ao baseados levam a que s´o se possa estimar valores para os caudais globais de edif´ıcios que possam ser simulados por apenas uma zona. No entanto este tipo de simula¸c˜oes

(42)

em situa¸c˜oes reais tem pouco significado, visto as interac¸c˜oes entre as diferentes zonas terem um impacto elevado. Nestas circunstˆancias ´e importante utilizar uma an´alise multinodal. [4] Estes modelos s˜ao constitu´ıdos por diversos n´os, exemplificado na figura 2.5, estando cada um destes associado a uma zona, com temperatura e press˜ao uniformes. A liga¸c˜ao entre cada uma destas zonas, representa os fluxos de ar de entrada e sa´ıda entre cada uma destas zonas, quer sejam interiores ou exteriores, atrav´es das aberturas existentes (portas, janelas, grelhas e frinchas).

Figura 2.5: Modelo Multi-zona [6]

Um edif´ıcio com N zonas ´e representado por uma malha com N n´os de press˜ao. A press˜ao est´atica dos n´os exteriores ´e conhecida, enquanto a press˜ao dos n´os interiores ´e obtida atrav´es do princ´ıpio de conserva¸c˜ao de massa aplicado a cada n´o.

A aplica¸c˜ao do balan¸co m´assico a uma zona i, com n liga¸c˜oes resultar´a na equa¸c˜ao seguinte:

n

j=1

ρi· Qij = 0 (2.22)

sendo a massa vol´umica do ar na direc¸c˜ao do escoamento, Qij ´e o caudal vol´umico da zona

i para a zona j expresso em m3/s e definido pela equa¸c˜ao da potˆencia, que representa as caracter´ısticas do caudal de ar atrav´es das aberturas.

Qij = K (∆p)n (2.23)

Nesta equa¸c˜ao, K representa o coeficiente do escoamento, que se relaciona com a di-mens˜ao da abertura e o expoente n caracteriza o tipo de escoamento, podendo variar entre 0,5 (escoamento turbulento) e 1 (escoamento laminar). [2]

A aplica¸c˜ao do princ´ıpio de conserva¸c˜ao de massa em cada n´o interior, gera um sistema de equa¸c˜oes n˜ao lineares cuja solu¸c˜ao conduz aos valores de n´os interiores. Este sistema de equa¸c˜oes ´e resolvido atrav´es de m´etodos num´ericos, geralmente o m´etodo iterativo de Newton-Raphson, no entanto existem ferramentas computacionais que permitem o c´alculo do sistema, dando origem aos valores pretendidos de forma simples e r´apida. Estes m´etodos necessitam como dados de entrada (entre outros): [6, 17]

(43)

- A temperatura interior de cada zona;

- As ´areas, cotas e os coeficientes C e n relativos `a permeabilidade das pequenas aberturas; - As dimens˜oes, largura, altura e cota de todas as grandes aberturas;

- O coeficiente de descarga, Cd, de todas as grandes aberturas;

- Os coeficientes de press˜ao nas grandes aberturas exteriores;

- As dimens˜oes (comprimento, largura e altura) e cota do pavimento de todas as zonas. Por sua vez, os dados de sa´ıda s˜ao:

- As diferen¸cas de press˜ao em cada abertura e/ou press˜oes internas; - Os caudais em cada abertura (nos dois sentidos);

- As renova¸c˜oes hor´arias (RP H = caudal/volume) em todas as zonas e no edif´ıcio. Os modelos nodais n˜ao permitem calcular a velocidade do vento em espa¸cos interiores, que ´e um parˆametro determinante para o conforto t´ermico.

Estes modelos n˜ao conseguem representar a ventila¸c˜ao natural unilateral, visto esta ser essencialmente influenciada pelo efeito do vento, que os modelos nodais negligenciam. Para tomar este efeito em considera¸c˜ao, Dascalaki [18] propˆos uma correc¸c˜ao a um factor emp´ırico, implementado no modelo nodal COM IS, um dos mais usados, que modifica o valor do coe-ficiente de descarga atrav´es da equa¸c˜ao 2.24

Cd= 0.08· [ g· H3· |Tin− Tout| vw· D2· (Tin+ Tout) /2 ] (2.24) Um estudo levado a cabo nesse projecto, constata que quando a diferen¸ca de temperaturas entre o interior e exterior ´e pequena e assim o efeito dominante ´e o vento, os modelos com e sem correc¸c˜ao apresentam evidentes diferen¸cas, visto que os que n˜ao tem correc¸c˜ao subestimam a taxa de ventila¸c˜ao, enquanto que os modelos corrigidos sobrestimam os modelos emp´ıricos. [12]

2.5.3 Modelos zonais multizona

Os modelos zonais s˜ao uma aproxima¸c˜ao interm´edia entre os modelos CFD e os mo-delos nodais. Nestes momo-delos os espa¸cos s˜ao divididos em v´arias subzonas homog´eneas e macrosc´opicas, que s˜ao usualmente paralelip´ıpedos rectangulares em que os princ´ıpios de conserva¸c˜ao de massa e energia s˜ao aplicados.

O princ´ıpio de conserva¸c˜ao do momento n˜ao ´e directamente solucionado nestes modelos, de maneira a reduzir os custos ou recursos computacionais em rela¸c˜ao ao CFD. Para isso s˜ao usadas correla¸c˜oes que permitem relacionar a press˜ao com o fluxo de massa. No entanto, devem ser usadas correla¸c˜oes diferentes para diferentes zonas como, por exemplo, zonas cor-rentes onde as for¸cas de impuls˜ao s˜ao fracas (momentum forces) em contraponto com zonas de condu¸c˜ao de fluxo (driving flow zones), como as regi˜oes de jacto e de plumas t´ermicas. Assim sendo, o usu´ario dos modelos zonais deve especificar os padr˜oes de fluxo de ar associado a cada sub-zona. Como consequˆencia o tempo de prepara¸c˜ao deste modelos aumenta, levando a que possa ser maior que o tempo de simula¸c˜ao CFD.

Estes factos podem explicar o porquˆe de nenhum programa comercial ou software ser baseado neste tipo de modelos, havendo apenas algumas componentes de softwares comerciais que os utilizem. [12]

Referências

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