CENTRO
sÓc|o-EcoNÓ|\/uco
PROGRAMA
DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
-MESTRADO
INDICADORES
DO
MERCADO
ACIONÁRIO
BRASILEIRO:
ANÁLISE
COMPARA
TIVA
ENTRE
PONDERAÇÃO
PELO VALOR
DE
MERCADO
E
PDNDERA çÃo
PELO
IND/cE
DE
1./Qu/DEZ
PAULO
JOSÉ
KÕRBES
Florianópolis -
SC
PAULO
JOSÉ
KÕRBES
INDICADORES
DO
MERCADO
ACIONÁRIO
BRASILEIRO:
ANÁLISE
COMPARA
TIVA
ENTRE
PONDERAÇÃO
PELO VALOR
DE
MERCADO
E
PONDERA ÇÃO
PELO
ÍNDICE
DE
LIQUIDEZ
Dissertaçao apresentada
ao Programa de
Pós
Graduação
em
Economia
da
UniversidadeFederal
de
Santa Catarina,como
requisitoparcial para
obtenção
do
títulode
Mestreem
Economia.
Área de
concentraçao:Economia
Industrial,Orientador: Prof. Dr.
Fernando Seabra
Florianópolis -
SC
Título:
INDICADORES
DO
MERCADO
ACIONÁRIO
BRASILEIRO:
ANÁLISE
COMPARA
TIVA
ENTRE
PONDERAÇÃO
PELO VALOR
DE
MERCADO
E
PONDERA ÇAO
PELO
ÍNDICE
DE
LIQUIDEZ
PAULO
JOSÉ
KÕRBES
Esta dissertação foi julgada
adequada
para a obtençãodo
títulode
Mestreem
Economia
-Área de
concentração:Economia
Industrial, e
aprovada
em
sua
formafinal pelo
Programa de Pós-Graduação
em
Economia
da
Universidade Federalde
Santa Catarina
\
7
à
Prof. Dr. Laércio
B
osa
PereiraCoordenado
do Curso
EXAMINADORES2
Prof.
Fernando
Seabra, Dr. -UFSC
Prof.
Em
ilio Araújode Menezes,
Dr. -UFSC
“A
sabedoria
universal indica ser
melhor para
a
reputação fracassar
junto
com
o
mercado
do que
vencer contra
ele”.ezlico eólfe fraéaäo aoó mena Faia.
Agradecimentos
Aos
professoresdo Departamento de
CiênciasEconômicas
edo Curso de
Pós-Graduação
em
Economia, da
Universidade Federalde
Santa Catarina.À
Coordenação
e equipedo
Nispe, Núcleode
Informação e Suporte à PesquisaEconômica/CNM/UFSC,
pela oportunidadede
crescimento pessoal e profissional.À
Economática, porsua
contribuição à difusãodo
conhecimento.Ao
Fernando
Seabra, pela orientação e dedicaçao.Ao
professorNewton
C. A.da
Costa Jr, pelo feed-back e apoio,mesmo
àdistância (circunstancialmente).
À
ElizabeteSimão
Flausino e Jurandir SellMacedo
Jr,com
apreço.Aos
meus
pais e familiares, pelo apoio e incentivo constante.À
Márcia,com
carinho.Lista
de
Figuras e Tabelas ... .. xixResumo
... _. xi Abstract ... ._ xii Capítulo 1-
Introdução
... .. 01Capítulo 2
-
Retorno
eRisco
de
Ativos Financeiros ... ..06
2.1
A
Hipótesede
Eficiênciados
Mercados
... ..06
2.2 Cálculo
das
Taxas de
Retorno ... ..07
2.3
Mensuração
do
Componente
Risco ... ..O8
2.4A
Fronteira Eficientede
Markowitz ... .. 102.5
O
Modelo de
Precificaçãode
Ativos(CAPM)
... .. 122.6
A
Carteirade
Mercado
... _. 18 Capítulo 3-
índicesde
Bolsas
de
Valores
... ..20
3.1
A
TeoriaDow
... ..20
3.2 indicadores
do Mercado
Acionário Brasileiro ... ._23
3.3 Metodologiade
Cálculodo
Ibovespa ... ._26
3.3.1 Apuração do índice ... ..29
3.3.2 Método de cálculo do /bovespa ... ..
30
3.4 Metodologia
de
Cálculodo
Nispe-200 ... ..33
3.4.1 Ajustes na Quantidade Teórica ... ..
33
3.4.2 Critérios de Seleção das
Ações
... .. ç34
3.4.3 Apuração do Índice Nispe-200 ... ..34
Capitulo4-
TESTES
EMPÍRICOS:
Análise comparativa entre Ponderação pelo valor de mercado versus índice de negociabilidade ... ..38
4.1
-
Ponderaçäo
pelo valorde
mercado
vsponderação
pelo índicede
liquidez ... ..38
4.2
-
Cálculodo
coeficiente beta (,8)dos
ativos... ... ..43
4.3
-
Estudode
Caso -
Aplicaçãodo
CAPM
... _.49
4.5
-
Testede
R
aízes Unitárias e Cointegraçäodas
Séries ... ..4.5.1 Testando a Hipótese da Raiz Unitáría ... ..
4.5.2 Estimando a
Equação
de Longo Prazo ... ..4.5.3.
Equação
de Curto Prazo ouMecanismo
de Correçãodo Erro
(ECM)
... ..4.5.4.
Uma
Digressäo Comparativa' o . caso dos í n ces diDow
Jones e
S&P500
... ..Capítulo 5
-
Conclusões
eRecomendações
... ..Bibliografia ... ..
Lista
de
Figuras eTabelas
Figuras:
Figura 2.1
-
Conjuntode
oportunidadesde
investimentoem
ativoscom
risco ... .. 14
Figura 2.2
-
Relação
entre a variânciado
retornode
uma
carteira e oFigura 2.3
-
Figura 2.4-
Figura 2.5-
Figura 3.1-
Figura 3.2-
Figura 4.1-
Figura 4.2-
Figura 4.3-
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
número
de
títulos nela contidos ... _. 16Relação
entre retornoesperado
e riscode
uma
carteiracontendo
ativoscom
risco e o ativo livrede
risco ... ._ 2122
42
43
45
46
Reta característica ... ._47
Carteiras
formadas
com
ativoscom
risco esem
risco ... _.Relação
entre retornoesperado
e betade
um
título individualDow
Jones
versusS&P5OO
-jan/1996
amar/2000
-
em
US$.._.Ibovespa
mensal
-jan/68 a dez/99-
em
US$
... ._Evolução
gráfica-
Ibovespa vs Nispe-200-
jan/96 a dez/99 .... ._Evolução
gráficados
índices Ibovespa, Nispe-200,Dow
Jones
eS&P5OO
-
jan/96 a dez/99 ... _.48
331
a 3.1
-
Cálculodo
indicede
negociabilidade e participação nomercado.
18a 3.2
-
Cálculode
participação ajustada ... _. 18a 3.3
-
Montagem
da
carteira teóricado
Ibovespa ... ._ 51 a 3.4-
Cálculodo
índice Ibovespado
instante (t) para o instante (t+1)...52
a 3.5
-
Cálculodo
índicede
negociabilidade e participaçãono mercado. 54
a 3.6
-
Classificação pelo valorde
mercado
... ._55
a 3.7
-
Cálculodos pesos
relativosdos
ativos ... ._ 56a 3.8
-
Cálculode
participação ajustada ... ._56
a 3.9-
Cálculoda
quantidade teórica ... _.56
a 4.1-
Modelo
para simulaçãode
oscilaçãodos
ativos ... ._56
a 4.2
-
Ponderação
pelo índicede
negociabilidade ... ._56
a 4.3-
Ponderação
pelo valorde
mercado
... _.56
a 4.4
-
Oscilaçãoda
carteiraapontada
pela metodologiado
lbovespa....56
a 4.5
-
Oscilaçãoda
carteiraapontada
pela metodologiado
Nispe-200..56
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
Tabe
a 4.8Ia 4.9
-
Retornos anuais nominais ... ..a 4.10
-
Retornos anuaisdo
ativoY
edo
Ibovespa ... ..a 4.11
-
Retornos anuaisdo
ativoY
edo
Nispe-200 ... _. *a 4.12-
Testede
raiz unitária(ADF)
- series do Nispe-200 e Ibovespa ... .. Ia 4.13-
Estimação da
equação de
longo prazo - variável dependente: LN200a 4.14
-
Testede
raiz unitáriado
termo erro - séries Nispe-200 e Ibovespa..Ia
`
4.15
-
Estimação da
equação
de
curto prazo - var. dependente DLN2o0..a 4.16
-
Testede
raiz unitáriadas
sériesDow
Jones
eS&P5OO
... _. a 4.17-
ESÍÍmaÇäO da
Eq.de
|Ong0 praZ0 - variável dependente: S&P500....a 4.18
-
Testede
raiz unitáriado
termo erro - sériesDow
Jones e S&P500..RESUMO
O
Índiceda
Bolsade
Valoresde
São
Paulotem
sidoconsagrado
como
omais importante indicador
do
mercado
de ações
brasileiro. Divulgadodesde
janeiro
de
1968,tem
preservado intactasua
metodologiade
cálculo e critériosde
seleção
dos
ativos, oque
lhe confere credibilidade e confiança juntoaos
agentesdo mercado.
Mesmo
assim, frequentemente torna-se alvode
críticasem
funçãode sua
metodologia concentradora. Portanto, neste trabalho busca-se realizaruma
análise comparativa entre aponderação
pelo índicede
negociabilidade(Ibovespa) e a
ponderação
pelo valorde
mercado
(Nispe-200). Para tanto, faz-seuma
revisão metodológica acercados
procedimentos necessários para aconstrução
de ambos,
bem como
procede-se a aplicação práticade modelos
estatísticos utilizados para avaliar a relação risco/retorno
de
ativos, taiscomo
ocálculo
do
coeficiente beta edo
modelo
CAPM.
Adicionalmente, faz-se a análisede
cointegraçãodas
séries, objetivando avaliar a existênciade
tendênciascomuns
e estimarmodelos de
ajustamentode
curto prazo.No
que
se refereaos
resultados obtidos, fica evidenciado
que
aponderação
pelo valorde
mercado
mostra-se
mais
adequada
para apurar osmovimentos do mercado. Porém,
como
tradição e credibilidade
são elementos
essenciais para a constituiçãoda
representatividade, flexibilidade na rigidez metodológica indica ser a
melhor
ABSTRACT
The Sao
Paulo StockExchange
Index (Ibovespa)has
been
regardedas the
most
important indicator of the Brazilian stock market. Published sincejanuary 1968, it
has
maintained it'smethodology and
the asset selection criteriosovertime,
which
has
confered it market credibility.However,
ithas been
frequentlyargued that it's
methodology
yields concentration bias. Then, in this studywe
implement
a comparative analysisbetween
the Ibovespaand
the Nispe-200indexes, specially regarding their methodologies. In empirical terms,
we
evaluatethe assets risk/return relationship,
such
as the beta coefficientand
theCAPM
model. Further,
we
test the cointegration hypothesisand
estimate the long-runand
short-run equations.
The
results indicate that the market value weight ismore
adequate
tomeasure
market changes.However,
as traditionand
credibility arecrucial features to be a representative market index,
methodology
flexibilitywould
1.
INTRODUÇAO
A
trajetóriado
mercado
acionário brasileiro confunde-secom
ada
Bolsade
Valores
de
São
Paulo (Bovespa). Criada aindano
fim
do
Império (1890), resistiu aperíodos
de
intensa turbulência,que marcaram
a primeirametade
do
século (Crashda
Bolsade
Nova
York,em
1929, e conflitos bélicos).Testemunhou
oprocesso
de
transição
de
uma
economia
meramente
agro-exportadora parauma
economia
industrial promissora,
além de
registrar participação ativano
processode
reformulação
do
sistema financeiro nacional(década de
60).Devido
ànecessidade
de
informações a respeitodo
desempenho
do mercado,
e objetivandoprimordialmente estimular
e
difundir omercado
acionário juntoaos
investidores, aBovespa
passa
a divulgar, a partirde
janeirode
1968,um
índicede
acompanhamento
dos movimentos de seu
mercado
- o Ibovespa-
que
nasce
num
cenário
de
prosperidade e pujança. János anos
70,enquanto
o país vivia a euforiado
milagre econômico, aBovespa
apostouna
transparência e divulgaçãode
informações a respeito
do
mercado. Durante osanos
80, considerados adécada
perdida, o pais
buscava
resolverseus problemas
econômicos. iniciava-se a erados
planos
econômicos,
todos refletidos pela evolução gráficado
lbovespa.Superada
a fasede
instabilidade a partirda
estabilizaçãoeconômica
implantada
em
meados
da
década
de
90, aBovespa
desponta
como
expoente do
mercado
acionário brasileiro e consolidasua
posiçãode
liderança,chegando
ao
ano
2000 dominando
cercade
95%
das
transações bursáteis brasileiras. E,seguindo
atendência
observada no
cenário internacional, abresuas
portasaos demais
mercados,
tendocomo
meta
consolidarsua
posiçaode
referencial para omercado
acionário latino-americano.
Aliado à
performance da Bovespa,
o índicede ações
por ela divulgado,Ibovespa
-
definidocomo
um
índicede
lucratividadede
uma
carteirade ações
hipotética, cuja representação gráfica constitui instrumento utilizado pelos analistas
benchmarkl do
mercado
acionário brasileiro.Apesar
destaconsagração
ereconhecimento
como
omais
representativo indicadordo
mercado
acionáriobrasileiro, por
sua
metodologiade
cálculo inovadora-
que
adota aponderação da
carteira teórica pelo índice liquidez
em
bolsade seus
ativoscomponentes -
oIbovespa
também
abremargens
a críticas porseu
elevado graude
concentração. E,paralelamente a estas, introduz-se a discussão acerca
da
metodologiamais
apropriada para a construçãode
índicesde
ações: aponderação
pelo valorde
mercado
(va/ue weighted) versusponderaçao
pelo índicede
liquidezdos
ativos(liquidity weighted).
Devido
àsua
tradição e representatividade, correntespró-ponderação
pelaliquidez
afirmam
que
a discussao presentenos
critérios para aformaçao da
carteirateórica
do
Ibovespanão
questiona asua
metodologia,mas
o alto graude
concentração
do
mercado
em
um
número
reduzidode
ações. Assim,entendem que
a concentraçãodo
índice émeramente
uma
reproduçãoda
estruturaeconômica,
eque
a lógicada formaçao da
carteira teóricaatende
a regras técnicas e claras,ou
seja, inclusões e exclusões impessoais, determinadas pela negociabilidade indicada
pelo
mercado.
Desta forma, o índice presta-seapenas
a refletir fielmente ospregoes,
cumprindo na
íntegra o objetivo aque
se propoe.Por outro lado, exposta à luz
dos
quesitos teóricos, a metodologia e critériosde ponderaçao do
índice sugereque
sua
influência sobre ocomportamento dos
agentesdo
mercado
acaba transcendendo
amera
funçãode
refletir osmovimentos
deste.
Mais do
que
isto, aponderaçao
pelo índicede
liquidezdas açoes
revela-seinadequada não
apenas
por ponderar os ativosde
forma distinta à exigida pelaconcepção de
carteirade mercado,
introduzida pelamoderna
teoriade
finañças,mas também
poracabar exercendo
a funçaode
uma
espéciede mecanismo
realimentador
do
processode
concentraçãoz.l
O
termo benchmark é usado para referir-se a
um
padrão tomado como base para se avaliar a evolução de umacarteira de investimentos.
No
caso brasileiro, normalmente emprega-se o Ibovespa como benchmark paraavaliação das principais carteiras de investimentos.
2
As evidências empíricas de tal mecanismo podem ser observadas na prática pela crescente difusão de fundos de ações cuja
Com
base no
exposto,assume-se
a hipótesede
que
a rentabilidadeapontada
pelo Ibovespa,enquanto
carteira teórica representativada
carteirade
mercado,
e cujo objetivo principal consisteem
reproduzir osmovimentos ou
tendênciasdas
oscilaçõesmédias do
conjuntode ações negociadas na
Bolsade
Valoresde São
Paulo,acaba
sofrendo influênciademasiada
da
concentraçãodo
mercado, justamente por adotar a
ponderação
pelo índicede
liquidezdos
ativoscomponentes, e não
aponderação
pelo valorde mercado.
Outrossim, estametodologia
acaba
fortalecendo a dinâmicada
concentração, refletindocom
distorções os
movimentos do
mercado.A
partir destas premissas, decidiu-severificar esta hipótese, frente à
comparação
entre a série históricado
Ibovespa ede
um
índice alternativo, o Nispe-2003, cuja metodologiacontempla
aponderação
pelovalor
de
mercado
dos
ativoscomponentes
de sua
carteira teórica.Assim, o objetivo geral deste trabalho consiste
em
fazeruma
análisecomparativa entre as metodologias
de ponderação
pelo índicede
liquidez eponderação
pelo valorde mercado,
com
vistas a avaliar a eficiênciade
ambas
enquanto
representativasda
carteirade mercado.
Especificamente
busca-se, através deste trabalho, fazeruma
revisãometodológica
quanto
aos
critériosde
seleção eponderação da
carteira teóricados
índices Nispe-200 e Ibovespa. Adicionalmente, efetuar aplicações estatísticas
da
teoria
de
finanças sobre as séries históricasdos
índices,como
a aplicação eavaliação
do modelo
CAPM,
cálculodo
betados
ativos e regressão linear.Finalmente, avaliar a existência
de
tendênciascomuns
e estimarmodelos de
ajustamento
de
curto prazo entre os índices Ibovespa e Nispe-200,comparando-os
com
ocaso dos
índicesdo
mercado
bursátil norte-americano.3
O
Nispe-200 éum
índice depreços que mede o retorno de uma carteira teórica composta pelas 200 ações mais
negociadas na Bovespa. Desenvolvido pelo Núcleo de Informações e Suporte à Pesquisa Econômica -
NISPE/CNM/UFSC, vem sendo atualizado desde janeiro de 1996, e tem por finalidade básica servir como
indicador médio do comportamento do mercado, refletindo as tendências do mesmo sem sofrer a influência da concentração. Para maiores detalhes quanto à metodologia e critérios de cálculo do Nispe-200, Ver Körbes
A
construçãode
índicesde
bolsasde
valores, representativosda
carteirade
mercado
- oudas
alternativasde
investimentoem
ativoscom
risco disponíveisno
mercado
-
requer,segundo
aModerna
Teoriade
Finanças,que
osseus pesos
relativos na carteira teórica
sejam ponderados
pelosseus
respectivos valoresde
mercado.
Esta prática éadotada
pelos índices representativosdas
principais bolsasde
valoresdo
cenário internacional, dentre as quaispodemos
citar o Standard&
Poor's
500
(S&P500,
Bolsade
Nova
York), FinancialTimes
StockExchange
(FT-SE100
- Bolsade
Londres),Tokyo
Price Index (Topix-
Bolsade
Tóquio), eCompagnie
des Agents de
Change
(CAC24O
-
Bolsade
Paris).As
principaisexceções
ficam
por contados
índicesDow
Jones4 (Bolsade
Nova
York), edo
Ibovespa (Bolsa
de
Valoresde
São
Paulo).Para alcançar os objetivos propostos, este estudo divide-se
da
seguinteforma:
no
Capítulo 2 será realizadauma
breve revisão teórica acercados
principaisconceitos
que fundamentam
a teoriade
finanças, particularmenteno
que
concerne
a avaliação
dos
aspectos risco e retornode
carteirasou
portfoliosque contenham
ativos
com
risco.Serão
introduzidos os conceitosde
fronteira eficiente e seleçãoótima
de
carteiras,culminando
com
omodelo
proposto para a precificaçâode
ativoscom
risco. Esta revisão teóricafundamenta
a justificativa teóricados
objetivos destetrabalho.
No
Capítulo 3, serãodemonstrados detalhadamente
os procedimentospara a construção
dos
índices objetos deste trabalho (Ibovespa e Nispe-200),desde
os critérios para a seleção
dos
ativoscomponentes
de suas
respectivas carteirasteóricas, o
método
de apuração dos
mesmos, dando
ênfasena
metodologiade
ponderação: índice
de
negociabilidade (Ibovespa) versus valorde
mercado
(Nispe-200)
A
análise comparativa entre as séries históricasde
ambos5
,que compreende
o período
de
janeirode 1996
adezembro
de
1999, será efetuada no›Capitulo 4.Para
tanto, utilizar-se-á alternadamente o Nispe-200 e o Ibovespaem
testesempíricos, estudos
de casos
e aplicações práticasque
envolvem
desde
a4
A
metodologia de cálculo peculiar do Índice
Dow
Jones é explanada no terceiro capítulo deste trabalho. 5construção
de
um
modelo
próprio para enfatizar até? diferenças metodológicasde
ambos,
o cálculodos
betasmédios de
uma
amoš“t-(iqíádos
ativos.mais nëëbciados na
Bovespa,
além da
aplicação práticado
modeFoi'de@f$feöificaçäode
ativos(CAPM).
Adicionalmente, efetuar-se-á a análisede
cointegração, objetivando detectartendências
comuns
e estimarmodelos de
ajustamentode
curto prazo entre ascAPiTuLo
2
2.
RETORNO
E
RISCO
DE
ATIVOS
FINANCEIROS
A
moderna
teoriade
finanças, nosmoldes
em
que
éconhecida
atualmente,tem seu
pilaresfundamentados
na hipóteseda
eficiênciados mercados.
E,certamente,
um
dos marcos de seu
desenvolvimento foram as contribuiçõesde
Markowitz, a partir
das
quaisnovos
trabalhos foram desenvolvidos, suscitandodiversos estudos referentes à
adaptação de
teoriasmatemáticas
e estatísticas àavaliação
de
decisões financeirasem
condiçõesde
risco.No
presente capítulo, tendo porbase
principalmente livros textocomo
osde
Assaf
Neto (2000),Ross
(1995) e Sanvicente&
Mellagi Filho (1992),bem
como
artigos e textos pertinentes
ao
tema, far-se-áuma
revisão teórica acercados
fundamentos da
moderna
teoriade
finanças,buscando
fornecerao
leitoruma
idéiageral sobre a
mesma.
A
próximaseção
tratada
hipótesede
eficiênciados
mercados;
em
seguida,uma
abordagem
acercado
cálculode
taxasde
retorno emensuração
do
componente
risco; a quartaseção
discorre sobre a fronteiraeficiente,
enquanto
a seguinte enfatiza omodelo de
precificaçãode
ativos(CAPM);
finalmente, na última
seção
serãoapresentadas
as considerações finaisdo
capítulo.2.1
-
A
Hipótese
de
Eficiênciados Mercados
Um
dos
conceitos básicosda
Teoriade
Finanças consistena
hipóteseda
eficiência
dos mercados,
segundo
a qual os preçosdos
ativos financeirosfornecem
sinais suficientemente
adequados
para a alocaçãode
recursos.Conforme
ilustradoem
seu
artigo,Fama
(1970)descreve
omercado
como
um
ambiente no
qual asempresas
ou
unidades produtivastomam
decisões relativas àprodução
eempresas, sob
a prerrogativade
que
os preçosdos
ativosrefletem
instantaneamente todas as informações relevantes disponíveis.
Recentemente
otema tem
sido objetode
inúmeros estudosôque
objetivamcolocar
sob
análise a eficiênciados mercados,
a partirde
evidênciasapontadas
porhipóteses
como
ada
previsibilidadedos
preços, teoriado
caos, redes neurais, e atémesmo
anomalias de
calendários (por exemplo, efeitos janeiro e segunda-feira).Todas
estas iniciativas,embora
revelando indíciosde
eventuais ineficiências,obtidos através
de
técnicas sofisticadase
aliados à evoluçãoda
informática,têm
semostrado
incapazesde
rejeitar a hipótesede
mercados
eficientes,ou
seja, aquelesnos
quais os indivíduosagem
de
forma racional e cujas informações relevantesestao
constantemente
refletidasnos
preçosdos
ativos financeiros.Portanto,
embora
algumas
evidências empíricasapontem
para anomalias econtestem
a eficiênciados
mercados, estasnormalmente são assumidas
como
falha
de
especificaçãodo modelo de
avaliação. Por outro lado, a hipóteseda
eficiência
dos
mercados
éassumida na grande
maioriados modelos de
avaliaçãode
ativos, dentre os quaisdestacam-se
os realizados por ,Sharpe
(1964), Lintner(1965) e Black (1972);
Ross
(1976); Merton (1973); Rubinstein (1976);Lucas
(1978);
Breeden
(1979) e Cox, Ingersoll,Ross
(1985).7A 2.2
-
Cálculo
das Taxas de Retorno
No
contextodas
finanças, o retorno sobre ativos financeirosde
qualquernatureza consiste na relação entre
seu
fluxo monetário total e oseu
preço,de
modo
que
qualquer investimentoem
titulossomente
seja efetivado sehouver
aexpectativa, por parte
dos
agentes,de obterem
retornos futurosque
compensem
a6
Para uma síntese dos trabalhos empíricos que negam a eficiência dos mercados, bem como dos que a atestam, ver Bruni e Famá (1998).
7 Para uma análise mais detalhada destes modelos, ver Fama (1991).
T
Ê
postergação
do
consumo
presente. Estacompensação, ou
retorno adicional exigido,também
conhecida
porprêmio
pelo risco, consistenum
ganho
de
capitalque
justifica a exposição a maiores níveis
de
risco.O
cálculodas
taxasde
retornopode
ser efetuado
da
seguinte forma:RH,
=[Ê':1P;P¶*1oo
(2.1)Onde:
R,+z = Retornos
no
período t+1;P, = Preço
do
ativono
período inicial;P,+z = Preço
do
ativono
período final.Considerando-se
que,além do
ganho de
capital decorrenteda
oscilaçãodos
preços,
no
mercado
acionário o investidortambém
pode, eventualmente, auferirganhos
decorrentesde
pagamentos
de
dividendos por partedas
empresas
emissoras
dos
títulos, aequação
(1)pode
ser reescritada
seguinte forma:Rm
=
*100 (22)Onde:
Div,+¡ = Dividendos recebidos
no
período.Portanto,
ao
optar porum
investimentoem
títulosde
risco,ao
investidorcompete
avaliar ocomportamento de
dados
passados do
ativo,bem
como
indicadores
econômicos
e financeirosda empresa, da
indústria e atémesmo
da
conjuntura,
de
modo
a certificar-sede
que
exista forte expectativade
que
o preçofuturo (P,+¡) seja superior
ao
preço inicial (P,),gerando
oganho
de
capital esperado.2.3
- Mensuração do
Componente
Risco
Por
mais
detalhadaque
seja a avaliaçãodo
investimento,nada
garanteao
investidor
que
suas
expectativas se realizem,ou
seja, a análise seletivado
ativoretornos mais elevados.
Conforme noção
introduzida por Knight (1921),investimentos
em
setoresou
atividadesda economia
com
níveisde
riscomais
elevados
devem
exigir,em
contrapartida, retornosmais
elevados,de
formaque
possam
atrair os recursosde
que
necessitams.O
modo
mais
práticode mensurar
o riscoao
qual o investidor está exposto,ao
adquirir
um
título, consisteem
calcular a variância (az) e o desviopadrão (a) dos
retornos
de n
periodospassados do
mesmo,
normalmente
distribuídos.A
variânciapode
ser obtida atravésda
equação
abaixo,enquanto
o desviopadrão
ésua
raizquadrada: gil _T¢- N
ä=;¡:h-Â
um
Onde:
02 = Variância
dos
retornosdo
ativo;R,- =
Taxas
de
retornosdo
ativono
período iaté t;R
= Retornomédio do
ativono
período i até t;n =
número
de
observações.Uma
vez
que
os retornosdo
ativotenham
uma
distribuição normal,e
conhecendo
a variância e o desvio-padrãodo
mesmo
(este últimoapresentado na
mesma
unidadeda
variável), o investidorpode mensurar
o risco aque
estará seexpondo
ao
efetuar o investimento. lsto permiteque
minimize o graude
risco totalde seu
investimento atravésda
escolhade
ativosde
menor
nívelde
dispersãoda
distribuição normal
de sua
própriamédia
históricade
retornos.A
intuiçãodo
cálculoda
variânciade
um
titulo consisteem
refletir o graude
incerteza
do
investidor.Conforme Ross
(1995),quando
a distribuiçãoda
sériehistórica
dos
retornosdo
ativo apresentaruma
dispersão muito elevadaem
relaçãoà
sua
média, a expectativados
retornos futuros é muito incerta.Em
situaçãoanáloga,
quando
a distribuiçãodos
retornos apresentaruma
pequena
dispersão,pode
indicarum
elevado graude confiança nos
resultados esperados.8 Aqui vale lembrar que existe diferença entre as noções de risco e incerteza. Sob condições de risco, a cada evento possível
é assegurada uma probabilidade de ocorrência. Logo, admite-se que a distribuição da probabilidade é conhecida,
2.4
-
A
Fronteira
Eficientede Markowitz
A
noçao de
risco associada à variânciade cada
título individual foiconsenso
no
contextodas
finanças, até o surgimentodo
conceito básicoda
moderna
teoriado
portfolio, a partir
de
Markowitzg (1952). Estas indicamque
ogerenciamento
do
risco/retorno
de
uma
carteiradeve
estar voltado àsua composição
total, enão
individualmente a
cada
títulocomponente.
Markowitz
fundamenta sua
teoriacom
base no comportamento
racionaldos
investidores,
ou
seja, se existem dois ativoscom
osmesmos
níveisde
risco,mas
com
diferentes expectativasde
rentabilidade, eles preferem escolher ode
maiorrentabilidade;
da
mesma
forma, se existem dois ativoscom
amesma
expectativade
retorno,
mas com
diferentes níveisde
risco, preferem ode
menor
risco.Também
considera
que
os investidores estãode
acordoquanto
às distribuiçõesde
probabilidades
das
taxasde
retornodos
ativos.A
partir destas premissas, introduziu o conceitode
fronteira eficienteda
relação risco versus retorno.
Em
essência, classificoucomo
carteiras eficientesaquelas cuja rentabilidade
não
maispossa
ser incrementadasem
que
para tanto seaumente
sua
exposiçãoao
risco,ou
cuja exposiçãoao
risconão possa
serdiminuída
sem
que
se reduzasua
rentabilidade.A
Figura 2.1, abaixo, ilustra asituação descrita,
onde
a fronteira eficiente é a parte superior(em
negrito)do
conjunto:
Figura 2.1
Conjunto de Oportunidades de Investimento
em
Ativos com RiscoEfR)=ÍÍz›
(Retorno Esperado)
l
D
RiscoPor desenvolver
um
modelo que ficaria conhecido por Moderna Teoria de Carteiras, Harry Markowitzrecebeu 0 Prêmio Nobel de Economia, em 1990.
A
partirdo
conceitode
fronteira eficiente, Markowitz (1959)afirma que
adiversificação
da
carteira,com
o objetivoda redução de
risco, só é eficientequando
constatada correlação inferior à unidade entre os retornos
dos
títulos envolvidos.Neste caso, a carteira
como
um
todo apresentariamenor
variação-
econsequentemente
menor
risco -do que
qualquerum
dos
titulos individuais.Em
essência, constata
que
enquanto
a variânciade
um
ativo qualquer representa orisco associado
ao
mesmo,
numa
carteira,composta
pormais
de
um
ativo, asvariâncias individuais
de cada
um
podem
ser minimizadas-
a partirda
diversificação
ou
inclusãode novos
ativos-
de
modo
que
a variância globalda
carteira
passe
a ser representada porsua
covariância média.A
figura 2.2 ilustra oexposto:
Figura 2.2
Relação entre a variância do retorno de uma carteira e 0
número de títulos nela contidos*
Variância do Retorno da Carteira
A
Var-
___ Risco díversificável CovRisco nao diversificável
Número de
b
Títulos* Pressupõe-se que todos os títulos adicionados à carteira tenham a
mesma
variância,covariância e o
mesmo
peso.Conforme
a figura 2.2, observa-seque
na
medida
em
que aumenta
aquantidade
de
títulos na carteira, a variânciada
mesma
tende a se aproximarassintoticamente
do
pisomínimo
dado
pela covariância entre os retornosde cada
par
de
títulos,uma
evidênciado
efeitode
diversificação,ou
seja:Assim, o risco
não
sistemático, isto é, a parcelade
risco total inerente acada
ativo individual,
pode
ser eliminado a partirda
diversificação1°,uma
vez
que
érepresentado pela diferença entre a variância individual
do
ativo e a covariânciados
ativos
da
carteira.A
outra parcelacomponente do
risco totalda
carteira, o risco sistemáticoou
não
diversificável, relacionada a fatores estruturaisda economia
como
um
todo,ou
seja,
em
funçãodas
oscilaçõesdo
mercado
associadas a macroeventos, éexógena
e foge
ao
controledo
investidor.'
2.5
-
O
Modelo
de
Precificação
de
Ativos
Financeiros
(CAPM)
As
conclusõesde
Markowitz (1959),baseadas no modelo da
fronteiraeficiente, indicam o
modo
pelo qual os investidorescomparam
retornoesperado
erisco,
assim
como
a forma pela qualpodem
eliminar a parcelado
risco não-sistemático a partir
da
diversificação.Porém, não
descreve amaneira
pela qual oinvestidor
possa mensurar
a parcelado
risco sistemático,nem
tampouco
sua
influência sobre o risco total
da
carteira.Para tanto, surge
na
década
de 60
omodelo de
precificaçãode
ativosfinanceiros
(CAPM),
proposto inicialmente por Treynor (1961),Sharpe
(1964) eLintner (1965),
que
em
sua
versãomais
simplificada adicionoualgumas
hipótesesao modelo
descrito por Markowitz. Primeiro, ade
que
todos os ativossão
perfeitamente divisíveis; depois,
que
existeum
ativosem
riscono
mercado
àdisposição
dos
investidores; finalmente, os custosde
transaçãosão
desconsiderados.
Sob
estas condições, os investidorestêm
expectativashomogêneas
epodem
tomar emprestado
e emprestar àuma
taxa livrede
risco.1° Segundo Statman
(1987), uma carteira contendo aproximadamente 30 ativos é suficiente para se atingira
diversificação ótima. Ao que tudo indica, porém, este não é
um
consenso generalizado, e depende daspeculiaridades de cada mercado. Para o caso do brasileiro, Brito (1981) verificou que os ganhos de
diversificação são desprezíveis para carteiras com mais de 15 ativos, sendo que resultados satisfatórios podem ser obtidos com carteiras contendo apenas 8 ações.
A
fronteira eficiente (Figura 2.1),supõe
que
todas as carteirassejam
compostas
porcombinações de
ativoscom
risco.Ao
adicionarum
componente
livrede
risco,Sharpe pressupõe
que, alternativamente, o investidorpossa combinar
ativos
com
risco esem
risco (por exemplo,um
mix entreações de
empresas
etítulos
do
tesouro)na
composição de seu
portfolio.Por definição, a taxa
de
retornode
um
ativosem
risco (Rf) é constante,ou
seja, a variância e covariância
de
uma
carteiracomposta somente
por ativossem
risco é zero. Daí resulta
que
a taxade
retornoesperado
E[Rt] = Rf.Consequentemente,
Rf
assume
a condiçãode
interceptoda
linhade
mercado
de
capitais,
que
representa o conjunto eficientede
todos os ativos, tantocom
riscoquanto
sem
risco, à disposiçãodos
agentes para aformação de suas
respectivascarteiras
de
investimento.Desta forma, existindo
um
ativosem
risco à disposição, é necessárioque
aexpectativa
do
retornode
uma
carteirade
investimentosque
contemple
ativoscom
risco e o ativo livre
de
riscos seja ligeiramente superioraos
retornos obtidoscom
uma
carteiracomposta somente
por este último. Logo, a relação entre a taxaesperada
de
retorno e riscode
uma
carteiracomposta
porambos
tiposde
ativosdisponiveis
é
linear,conforme
ilustrado pela retaRfT
na figura 2.3,que
tangencia oconjunto
de
oportunidadesde
investimentosem
ativoscom
riscodenotado
peloponto
M
da
mesma
figura (fronteira eficiente). Evidentemente, as possibilidadesde
combinações
possíveis entre ativoscom
risco disponiveisno
conjuntode
oportunidades
com
o ativosem
risco,permitem
que
acomposição da
carteiraalcance qualquer ponto
no
conjunto,como
porexemplo
o pontoZ
da
figura abaixo.Entretanto, esta
não
seriauma
combinação
ótima, e estaria ferindo o princípiodas
Figura 2.3
Relação entre retorno esperado e risco de uma carteira
contendo ativos com risco e 0 ativo livre de risco
Em
= R ” Linha de Mercado T de Capitais Í ¡,.f›z t. . _› ...›.._. Rf@.
'9
Risco (cpDe
fato,assumindo-se
a hipótesedas
expectativashomogêneas
(todos osinvestidores
tem
asmesmas
expectativasquanto
a retornos, variâncias ecovariâncias), é razoável supor que,
havendo
a possibilidadede
captar e aplicar àtaxa livre
de
risco, a carteirade
ativoscom
risco possuída por qualquer investidorserá
sempre
o pontoM
(a tangência entre a taxa livrede
riscoe
o conjuntode
ativoscom
risco),que
oferece expectativade
retorno superior a qualquercombinação
da
fronteira eficiente,
ou
mesmo
do
conjuntode
alternativas, representado pelo pontoZ.
Já
no
âmbitodas
decisões individuais,denominado
peloseconomistas
como
princípio
da
separação, restaria acada
investidor decidirquanto
à melhorcombinação
entre ativoscom
risco e ativosem
risco,de acordo
com
seu
perfilou
aversao/propensao ao
próprio risco.A
figura 2.4 ilustra as curvasde
indiferençade
dois investidores,denotadas
por I1 e Iz.
Curvas de
indiferençarepresentam
as preferênciasde cada
investidorfrente à relação risco/retorno,
ou
seja,oferecem
maior nívelde
satisfaçãoquando
se
deslocam
paracima
e para a esquerda. Por outro lado,denotam
uma
crescenteaversão
ao
riscoquanto
mais inclinadas se apresentarem. Obsen/e-se,na
figura2.4,
que
o investidor I1 apresenta maior aversãoao
risco,ou
seja, exige maiorAssim, para
um
investidorcompletamente avesso ao
risco, é oferecida apossibilidade
de
investirsomente
em
ativossem
risco,denotada
por Rf. Por outrolado, a
um
investidor disposto a aplicarseus
recursos disponíveis totalmenteem
ativos
com
risco, a melhor alternativa oferecida é o pontoM
da
figura 2.4,conforme
conceito anteriormente
explanado de
fronteira eficiente. Já osegmento
formado
porRfM
representa todas ascombinações
possíveisde
investimentosem
ativossem
risco
e
ativoscom
risco, mais apropriada para o 'perfildo
investidor I1 .Para
esteúltimo,
uma
carteiracombinando
80%
dos
recursos disponíveisem
ativoscom
riscoe
os20%
restantesem
ativossem
risco, poderia ser representada pelo pontoA
de
RfM, por exemplo,
conforme
ilustrado na figura 2.4: Figura 2.4Carteiras formadas com ativos com risco e sem risco I
1¡ Curvas de indiferença II
2
"-..._ \
\
ER=Í
( ) P /I Linha de Mercado.s Í /I T . . ,I //_' _____ -' de Capitais /I
Z
-‹=-*:"ø /IM
,.-Ô
'fi _ . ""-74-7*-' ~ '" " ` Rf " i .~r`-i *D
Risco (opFinalmente, as carteiras
formadas
à direitade
M,denotadas
pelo pontoZ
do
segmento
MT,
consistemnas combinações formadas
pelo investidor Iz,menos
avesso ao
risco.São
possíveisde
ser obtidas se omesmo
conseguir captarrecursos
no
mercado
à taxa livrede
risco, e aplicaresses
fundos adicionaisem
ativos
com
risco contidosem
M.Conforme
ilustradona
figura 2.4,fica
explícitoque
na
reta RfT,também
denominada
linhade
mercado
de
capitais, situam-se todas as carteiras Ótimasformadas
a partirde
qualquercombinação de
ativoscom
risco e livresde
riscopossiveis,
sendo
que
M
representa a carteira mais indicadade
ser selecionada, porque
a carteirade
ativoscom
risco possuída por qualquer investidor,independente
do
seu
graude
aversãoou propensão ao
risco,sempre
será o pontoM
ilustradona
figura 2.5.
Em
essência, o pontoM
da
figura 2.5 consistenuma
carteira diversificadaque contém
todos os ativoscom
risco, na exata proporçãoem
que
estãodisponíveis
no mercado, ou
seja, a carteirade
mercado".
Note-se que,na
figura2.5, o intercepto vertical
da
linhade
mercado
de
títuloscorresponde
a Rf.Como
oretorno
esperado de
qualquer títulocom
beta igual a 1 éRm,
a inclinação,ou
coeficiente angular,
da
linha édada
porRm-Rf.
Desta forma,Sharpe
definiualgebricamente a seguinte relação entre retorno
esperado
e risco:E
= R,
+fi(§M-Rf)
(2.4)Esta
equação,
que
descreve
a linhade
mercado de
títulos, constitui oresultado básico
do
CAPM.
Note-se, ainda,que
o coeficiente beta (,8)mede
o riscosistemático
ou
de
mercado
do
ativo iem
relação à variável representativados
retornos
médios do
mercado
(jádeduzida
a taxa livrede
risco),podendo
ser obtidapela
equação:
/f. ‹2.5›
0
(RM)
Onde:
,Bi = Beta do ativo i;
C0v(R ,-,R M) = Covariância dos retornos do ativo
iem
relação aos da carteira de mercado;o'2(R M) = Variância dos retornos da carteira de mercado.
Figura 2.5
Relação entre retomo esperado e beta de
um
título individualE(Rz)=
Í
r- Linha de Mercado de Títulos
_.,
fB
Rm
_____ ____ 'F Rf '_:*››V`::l` 1 A 1P
Beta do título 1'Uma
exp1i__,____-___ __-___fi,_ ____ -_ __ ___._--_ -_ ----____- , __ "J", -- ---- de não poder haver ativo
Assim, o coeficiente beta (/3)
do
ativopassa
a ser utilizadocomo
indicadordo
risco sistemático
do
investimento,porque
consideraem
seu
cálculo as variaçõesdo
retorno
do
mercado que
trazem intrínseca a parcelado
risconao
eliminável atravésda
diversificação. Outravantagem
do
coeficiente beta éque pode
facilmente serestimado por regressao linear,
conforme
aequaçao
de
regressaoque
segue:R,~
-Rf=
a+fl
(Rm-Rf)+
IU,-,, (2.6)Onde:
R,
=
Retorno
do
ativo i ;Rf=
Taxa
de
jurosde
títulos livresde
risco (risk free);a
=
intercepto linearda
retade
regressão;fi=
coeficiente angular
da
retade
regressão;R,,,
=
Retorno
da
carteirade mercado;
;z,~=
termo
erroda
regressão,com
média
zero
e
variância 1.Na
prática, a carteirade
mercado
énormalmente
representada pelocomportamento de
índicesde
preçosde
ações. Assim,sendo
o beta amedida de
risco sistemático
ou de mercado, sua
interpretação intuitiva revela a sensibilidadede
respostade
um
ativoem
relação àmédia dos
retornosdo mercado, ou
seja, aintensidade
com
a qual a taxade
retornodo
ativo está associada a variaçõessistêmicas
ou
inerentes às forçasdo
mercado
(exógenas).Esta revisão acerca
dos fundamentos da
moderna
Teoriade
Finanças”, fez-se necessária por explicitar a importância
da
carteirade mercado, ou do
índicerepresentativo
da
mesma,
em
modelos
que
seproponham
a avaliar a relaçaorisco/retorno
de
ativos financeiros.12 . . . . .
Ressalte-se que o conceito de Moderna Teoria de Finanças, introduzido a partir do modelo de frontezra
eficiente de Markowitz, fundamenta-se no princípio de mercados eficientes, compostos por agentes racionais,
nos quais os preços refletem todas as informações relevantes, e inexistem oportunidades de ganhos excepcionais.
2.6
-
A
Carteirade
Mercado
A
respeitodas
conclusõesde
Markowitz acercada
carteirade mercado,
Ross
(1995, p. 222) afirma:
“Se todos
os
investidoresescolherem
amesma
carteirade
ativoscom
risco, será possível determinarde
que
carteira setrata.
O
senso
comum
nos
dizque
éuma
carteiracontendo
todos
os
títulos existentes,ponderada
pelo valorde mercado.
É
a carteira
de mercado.
(...)Na prática,os economistas
usam
um
índiceamplo
de ações
como
representativoda
carteirade
mercado.”
Teoricamente, a carteira
de
mercado
deveria conter acombinação de
todosos ativos
com
riscos existentes,na
proporção correspondenteaos seus
respectivosvalores
de mercado.
Evidentemente, a aferição desta carteiranão
seria tarefadas
mais
simples, atémesmo
porque
muitos ativoscom
risco presentesno
mercado
apresentam
liquidez limitada,ou seus
preçosnão são conhecidos
por todos osagentes. Logo, pelo
menos
no
mercado
bursátil, parece-nos sensatoque
a carteirade
mercado
seja representada porum
índicede
preçosde
ações, cuja carteirateórica represente as oscilações
médias do
conjuntode
ações negociadas no
mesmo.
E,de
modo
geral, o contextodas finanças
e, particularmente, omercado
acionário
tem adotado
esta prática.O
mercado
acionário brasileironão
éexceção
à regra.A
Bolsade
Valoresde
São
Paulo-
Bovespa,
a maior bolsada América
Latina, divulga as oscilaçõesdos
papéis nela
negociados
atravésdo seu
índice, o Ibovespa,consagrado
como
mais
importante indicador
do
mercado
acionário brasileiro.A
respeito deste último,enquanto
representativoda
carteirade mercado,
Sanvicente&
Mellagi Filho (1992,p. 45) afirma:
)
no
ÍndiceBovespa
os
pesos
correspondem
à participaçãoIsso ocorre
porque
o Índice Bovespa,por
exemplo, éponderado
a partir
da
participaçãodas
diferentesações no volume
totalde
negócios, e
não
no
valor totalde
mercado
dos
ativos,como
oquer
a teoria. Até certo ponto,por causa
disso ouso de
um
índice teoricamente incorreto
nesses
modelos
provoca
um
viésou
erro devidoao que os
especialistasem
Econometria
denominam
“erroou
viésde
especificação” (...)”.Esta
afirmação
do
autor, particularmenteno
que
diz respeitoao
Ibovespa,induz à suspeita
de
que
omercado
acionário brasileiro tenhaadotado
um
índicede
ações
representativoda
carteirade
mercado, cuja metodologiade
cálculo estejaem
dissonância
com
os quesitos teóricos.Consequentemente, modelos
que
seproponham
a avaliar a relaçäo risco/retorno(CAPM,
cálculode
betasdos
ativos), eque adotem
o Ibovespacomo
parâmetro representativoda
carteirade mercado,
cAPiTui.o
3
3.
ÍNDICES
DE
BOLSAS
DE
VALORES
Os
indices divulgados pelas bolsasde
valoressão definidos
como
indicesde
lucratividade
de
carteirasde
ações, hipotéticas e supostas, pertencentesao
mercado.
Sua
representação gráfica constitui instrumento utilizado pelos analistaspara a avaliação
das
tendências futurasdos
negóciosem
bolsa.A
confiabilidadede
um
indice permiteque
se detecte, por trásde
uma
reversãode
tendência, aspectosou
fatos importantesque
estão para acontecer eque
jáforam
percebidos pelossensores
apurados do
mercado.Este capitulo trata
de
uma
revisão histórica sobre a origemda
práticado
acompanhamento
de
preçosde
ativoscom
base
em
números
indices.A
primeiraseção
aborda
a TeoriaDow,
e osdesdobramentos
que
originaram ointernacionalmente
consagrado
ÍndiceDow
Jones; aseção
seguinte enfoca omercado
acionário brasileiro e a trajetóriado seu mais
tradicional indicador, oIbovespa;
na
terceira seção,expõe-se sua
metodologiade
cálculo, critériosde
seleção e
ponderação de
ativos;na
últimaseção
deste capítulo éapresentada
a metodologiade
'cálculode
um
indice alternativo, o Nispe-200,que
tem
porbase
aponderação
pelo valorde mercado.
3.1
-
A
Teoria
Dow
A
principal funçãodos
indicesde
bolsasde
valores consiste, portanto,em
refletir as variações
médias do
conjuntodas ações do mercado.
Partindo desteprincipio,
em
1884, CharlesHenry
Dow
observou
que
partedas
flutuaçõesdas
cotações
de ações de
empresas
de
determinado setorsão
justificadas pelasCom
base
nesta premissa,Dow
selecionouonze ações
de empresas
negociadas na
Bolsade
Nova
York
(9empresas
ferroviárias e 2 industriais),somou
suas
cotaçõesde fechamento e
dividiu o total por onze. Através desta simplesmédia
aritmética estava criando o primeiro índicede
bolsade
valores, pois oresultado obtido refletia a
média do
mercado
acionáriode
Nova
York.A
divulgaçãodessa
pioneiramédia
de ações
deu-se atravésda
publicaçãodo
boletimde
notíciasfinanceiras
Customefs
Afternoon Letter.Com
o passardos
anos, omercado
americano
foi evoluindo e ofortalecimento
de
empresas
industriais jáameaçava
ahegemonia
das
companhias
ferroviárias,
fazendo
com
que
Dow
passasse
a publicartambém
um
índice para asempresas
industriais (atualmenteconhecido
porDow
Jones
IndustrialAverage
-
DJIA).
A
metodologiade
cálculo continuava amesma,
ou
seja, amédia
aritméticasimples
da
amostra,que
contavacom
12empresas, passando
para20
em
1916, eexpandindo-se
para30
empresas
em
1928.Esta
expansão no
número
da amostra
foi resultanteda preocupação
com
aconcentração excessiva
do
índiceem
apenas
algunspoucos
ativos, obrigando oseditores
do
Dow
Jones
Industria/Average
(DJIA) apreocuparem-se
em
escolher,para a
formação de sua
carteira teórica,empresas
de
alto valorde mercado, de boa
liquidez
em
bolsa,com
satisfatório históricode
distribuiçãode
dividendos, eque
sejam
notadamente
empresas
líderesem
seus
respectivos setores.Apesar da
rigidez destes critérios, oDow
Jones
apresenta-se vulnerável acríticas
no
que
tange à limitaçãode sua
amostra, tradicionalmente fixadaem
30
ações.
O
tamanho
relativamentepequeno
desta amostra, representantede
um
universo
de
milharesde
ações, justificava-seem
épocas
em
que
aoperacionalização
de
séries estatísticas era prejudicada pela inexistênciade
ferramental
adequado.
Com
o surgimentode
calculadoras manuais, eletrônicas e,mais
recentemente,com
oadvento dos
recursosda
informática, tal metodologiaaparenta ser frágil e ultrapassada.